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BOLETIM Edição 02 Abril / Maio / Junho 2015

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BOLETIME d i ç ã o 0 2

A b r i l / M a i o / J u n h o 2 0 1 5

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Luiz Antonio CorrêaPresidente

Marlene GonzattoVice-Presidente

Aline Carolina RausisSecretária Executiva

Clarice Luiz Sant’AnnaSecretária Institucional

Rikeli Ferreira T. Hackbarthtesoureira

João BeauclairMayra Minohara

Rosa Elena Seabra Gaspar Conselho Fiscal

Bárbara M. H. RosaJoselma Gomes

Vanessa MachadoZilanda de Souza

Conselho de Ética

Cristiano PedrosoFabrício Bruno Cardoso

Rita M. T. RussoVera Lúcia de Siqueira Mietto

Conselho Técnico-Profissional

Boletim Informativo daSociedade Brasileira de

NeuropsicopedagogiaEdição 02 - Junho de 2015

ExpedienteCoordenação de Projetos

Carlos Alexandre S. RodriguesCRA/SC 6.00972

Diagramação e designer gráfico

Elton PedrosoRevisão e Supervisão Gráfica

Denilson Luis Uzinski

Geração de Conteúdos e Imagens

SBNPp e banco de imagens cedido

Secretária Administrativa

Patrícia CardosoColaboração

Luiz A.Corrêa, Marlene Gonzatto, Aline C. Rausis, Clarice L. Sant’Anna,

Rikeli F. T. Hackbarth, João Beau-

clair, Mayra Minohara, Rosa E. S. Gaspar, Joselma Gomes, Vanessa Machado, Zilanda de Souza, Cris-

tiano Pedroso, Fabrício B. Cardoso, Rita M.T. Russo,

Vera L. S. MiettoRevisão Final

Angelita FülleBárbara M. H. Rosa

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PALAVRA DO PRESIDENTE

A Neuropsicopedagogia, a partir do ano de 2008 atrai a atenção de diferentes campos profissionais no Brasil, desde a área educa-cional, das ciências médicas, psicologia e ou-tras áreas. As pesquisas nesta área aumen-taram consideravelmente e, compreender o funcionamento do cérebro e sua relação com a aprendizagem é algo que vem contribuindo muito para o avanço de trabalhos com crian-ças, jovens, adolescentes e até adultos.

Em viagens realizadas por todo o Brasil, participamos de Congressos e Seminários realizando palestras sobre a Neuropsicope-dagogia e aulas de Neuropsicofarmacologia e CID, percebemos o aumento significativo de profissionais preocupados em entender o cérebro da criança e do adolescente, assim como, sua relação com seus comportamen-tos e a aprendizagem. Constatamos o grande crescimento da neuropsicopedagogia e da sua importância para que o educador brasi-leiro possa de maneira científica e fundamen-tada, entender a criança e auxiliá-la em todos

os aspectos. Observamos como os profissio-nais da educação são fantasticamente criati-vos e comprometidos com o desenvolvimen-to da criança.

Com isso, convidamos mais uma vez to-dos os profissionais da educação e da saúde a fazerem parte da Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia – SBNPp acessando nosso site www.sbnpp.com.br. E por fim, re-comenda-se o Curso de Neuropsicopedago-gia e Educação Especial Inclusiva e Neuropsi-copedagogia Clínica do CENSUPEG, os quais possuem suas matrizes curriculares em con-sonância com as normas estabelecidas pela SBNPp.

Psicólogo, Pedagogo.Doutor em PsicologiaPresidente da SBNPpSociedade Brasileira deNeuropsicopedagogia

Prof. Dr. Luiz Antonio Corrêa

O Crescimento daNeuropsicopedagogia no Brasil

Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia | Junho de 2015 | 3

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Índice

ÍNDICE

4 | Boletim Informativo da SBNPp | ed.02 | Junho de 2015

EntrevistaNEUROPSICOPEDAGOGO NA ESCOLA - Entrevista com Presidente do Grupo Educacional CENSU-PEG sobre o Projeto Social em São Fidélis/RJpag.12

Informe Neuropsicopedagógico.Neuropsicopedagogia: tópicos para reflexãopag.6

PainelMembros da SBNPp Gestão 2014 - 2016pag.17

Palavra do PresidenteO Crescimento da Neuropsicopedagogia no Brasilpag.3

Evento

SBNPp Eventos 2014/2015pag.5

EventoI Seminário Nacional de NEUROPSICOPEDAGOGIApag.10

Artigo CientíficoNEUROPSICOPEDAGOGIA NA PRÁTICA: DISLExIApag.15

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Sociedade Brasileira deNeuropsicopedagogia – SBNPp

Eventos 2014/2015

EVENTO

A Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia - SBNPp foi instituída para representar tudo o que se re-fere a área de Neuropsicopedagogia, tanto nos aspectos da aprendizagem, de pesquisa científica como da atuação profissional. As diretrizes que nos regem estão dispostas no Código de Ética Técnico-Profissional, disponível no site www.sbnpp.com.br, no qual está elencado todas as demandas sobre a atuação profissional, dos aspectos legais, da conduta profissional e também da formação acadêmica. Importante salientar que temos uma caminhada e que estamos focados para que tão logo tenhamos re-presentação política para a validação, legitimação e reconhecimento como profissão. Para que tenhamos rápidos avanços com a legitimação profissional, precisamos de representatividade com um grupo de associados ligados a formação neuropsicopedagógica, de ações fundamentadas na cientificida-de da área que se dão através de grupos de pesquisas ou instituições conveniadas à Sociedade que promovem estas ações. Em breve, através destas frentes de trabalho teremos testes específicos para a utilização profissional dos Neuropsicopedagogos. A jornada terá cada vez mais força com o apoio de todos.

Registramos alguns dos movimentos que envolvem a SBNPp pelo Brasil:

EVENTO

Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia | Junho de 2015 | 5

Prof. Dr. Luiz Antonio Corrêa, Presidente da SBNPp, no Município de Joinville, Estado do Santa Catarina.

Prof. Dr. Luiz Antonio Corrêa, Presidente da SBNPp, no Município de Sapucaia do Sul, Estado do Rio Grande do Sul.

Prof. Dr. Luiz Antonio Corrêa, Presidente da SBNPp, no Município de Irecê, Estado do Bahia.

Prof. Dr. Luiz Antonio Corrêa, Presidente da SBNPp, no Município de Canela, Estado do Rio Grande do Sul.

Prof. Dr. Luiz Antonio Corrêa, Presidente da SBNPp, no Município de Ponta Grossa, Estado do Paraná.

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NEUROPSICOPEDAGOGIA: TóPICOS PARA REFLExãO

Prezados Neuropsicopedagogos, es-

crevo esta resenha como forma de diá-logo aberto sobre alguns elementos que constituem o espectro da nossa ciência e que devemos nos debruçar de forma car-tesiana para analisar, entender e aplicar, seja na produção de conhecimento na neuropsicopedagogia que surge como ciência nova que ainda se apresenta em estado incipiente, seja para melhor aten-der nosso alunado e/ou pacientes.

Penso em conduzir esta reflexão no binômio: a) visão/constituição da neurop-sicopedagogia. b) concepção das funções NEURO, objeto de estudo, seja na escola, ou na clínica, analisadas via comporta-mento e entendidas como constituintes do psiquismo humano na formação do EU, portanto, ligadas aos processos de construção do saber formal e informal.

Para iniciar nosso processo, muito me agrada uma concepção da Organização Mundial de Saúde, OMS (2003), no enten-dimento e análise do funcionamento do homo sapiens. Para esta entidade, toda estrutura corporal/biológica apresenta um funcionamento.

Tomemos como ilustração, um estô-mago que possui propriedades intrínse-cas e uma função específica. Uma perna que apresenta todas as possibilidades ar-ticulares estudadas na biomecânica pela cinemática, com rotações mediais e late-rais, angulações, e toda criação de força através do tônus que sustenta nosso bi-pedismo, seja dinâmico ou estático, bem conhecidas da cinética. São estruturas que atuam no ambiente, portanto, apre-sentam uma funcionalidade observável que damos uma denominação de função X (chamemos assim por hora).

Trazendo esta leitura para o campo da aprendizagem, observo que entender as estruturas e suas funções corporais, principalmente as que estão ligadas ao processo educacional, torna-se o nosso objeto de estudo, e é neste aspecto que o neuropsicopedagogo competente tem se debruçado arduamente para habili-tar, reabilitar e otimizar o desempenho humano, sendo, sobre este campo que gostaria de promover algumas reflexões.

Algumas questões que sempre des-pertaram meu interesse estão relaciona-das a formação de algoritmos para avaliar adequadamente estas funções e intervir, sabendo como aferir resultados da nossa intervenção. Trago para discussão, a vi-são do Professor Dr. Luiz Pasquali (2009), referente a psicometria, mais especifica-mente as teorias clássicas de testagens (TCT) e a teoria de resposta ao item (TRI), um conceito de magnitude para nós que é abordado com a denominação de traço latente, diretamente ligado ao conceito de funções corporais.

Caros neuropsicopedagogos, enten-der esta variável, a variável latente, é importante e também fruto de muita confusão. Quero, antes de avançar nes-te tópico, salientar o que o Professor Dr. Siqueira (2006), em um importante artigo sobre ciência, pseudociência e ciências ocultas retratou as dificuldades ainda atuais, mesmo após trabalhos como o do psicólogo Bertram Forer em 1948 de se produzir e distinguir o que é ciência. Pen-so que sem este entendimento, a atua-ção na neuropsicopedagogia e a com-preensão do que é variável latente ficaria vulnerável e deficitária.

Imagine a situação hipotética: Um grande sábio procura um cientista

RESENHA. (Art. 29 do Código de Ética Técnico-Profissional)

INFORME NEUROPSICOPEDAGóGICO

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e pergunta para ele: “Deus existe para a ciência?” Apesar das crenças e filosofias particulares deste cientista, qual seria a resposta mais adequada no ponto de vista científico na sua opinião? Muitas pessoas ficam inclinadas a responder: “Deus não existe para ciência”. Na verda-de, a resposta, ao meu ver mais fidedig-na deveria ser: “Para a ciência, não sei”. Lembre-se que uma resposta positiva/afirmativa ou negativa é o resultado de uma pesquisa.

Veja também a pesquisa do Dr. Forer, que corrobora com o conceito de ciência:

Tenho por concepção que nossa atua-ção, enquanto NEURO, se enquadra no construtor de ciência e, portanto, esta-mos delimitados nos estudos compor-tamentais a analisar somente o que po-demos observar e aferir, ou estaríamos no campo da filosofia. Esse é o perigo de interpretar na neurociência. As interpre-tações são permeadas de subjetividade e de imprecisões. Sendo assim, como se pode fazer ciência e analisar uma emo-ção secundaria, uma função executiva, a cognição, a volição e outras variáveis/funções? Diretamente não podemos, mas podemos buscar indícios de com-portamentos passíveis de mensurações e coleta empírica, que representem es-tas funções. Veja bem que eu disse re-presenta. Não estamos interpretando, estamos identificando comportamentos que representam funções corporais que estão, por sua vez, ligadas a estruturas biológicas específicas. Assim que a neu-rociência pesquisa, principalmente com métodos de eletroencefalograma fun-cional, ressonância magnética funcional, ou estimulação magnética transcraniana, que nos permitem articular de forma fi-dedigna a ação biopsicossocial.

Em Pasquali (2009), para fazer ciência temos caminhos específicos a trilhar e um dos critérios é estabelecer variáveis palpáveis, passíveis de mensuração, ob-servação e análise. Para ele, estas variá-veis tratando-se do comportamento hu-

Em 1948 o psicólogo Bertram R. Forer deu a cada um de seus alunos um teste de personalidade. Depois, ele disse que cada aluno receberia uma análise única e individual ba-seada nos resultados dos testes, e que eles deveriam avaliar a pre-cisão da análise em uma escala de 0 (muito ruim) a 5 (muito boa). Na verdade, todos os alunos receberam o mesmo texto:Você tem uma necessidade de ser querido e admirado por outros, e mesmo assim você faz críticas a si mesmo. Você possui certas fra-quezas de personalidade mas, no geral, consegue compensá-las. Você tem uma capacidade não utilizada que ainda não a tomou em seu fa-vor. Disciplinado e com auto-con-trole, você tende a se preocupar e ser inseguro por dentro. Às vezes tem dúvidas se tomou a decisão cer-ta ou se fez a coisa certa. Você pref-ere certas mudanças e variedade, e fica insatisfeito com restrições e limitações. Você tem orgulho por ser um pensador independente, e não aceita as opiniões dos outros sem uma comprovação satisfatória. Mas você descobriu que é melhor não ser tão franco ao falar de si para os outros. Você é extrovertido e sociável, mas há momentos em que você é introvertido e reservado. Por fim, algumas de suas aspirações tendem a fugir da realidade.Em média as avaliações receberam nota 4,26, mas somente depois de receber essas notas, Forer revelou que cada aluno tinha recebido o

mesmo texto, montado com fras-es de diversos horóscopos. Como pode ser observado no texto, algu-mas frases se aplicam igualmente a qualquer pessoa.Estudos posteriores indicam que as pessoas darão notas maiores se qualquer das seguintes for verda-deira:A pessoa acredita que a análise é individual e personalizada.A pessoa acredita na autoridade de quem a está avaliando.O avaliador dá ênfase aos traços positivos da personalidade.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Efeito_Forer; visitado em 07/05/2015)

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mano, só podem ser oriundas da atuação motora e da linguagem verbal.

No entanto, esta atuação motora ob-servada, assim como o ato verbal, pode se tratar de comportamentos ligados a diversas funções neurológicas passíveis de observação através de técnicas de imagem neuronal. Em caráter ilustrativo, imaginemos uma observação do desem-penho verbal em velocidade de execu-ção e precisão de um adulto realizando um teste verbal (stroop), que em realida-de trata-se de um teste de função execu-tiva/controle inibitório e modulações da atenção.

Chegamos em um ponto importante. O que é para Pasquali um comportamen-to físico (no exemplo acima o ato verbal), representa também uma variável latente, ou uma função neurológica. Esta leitura do Dr. Pasquali está embasada em um referencial denominado TRI (teoria de resposta ao item), que em síntese seria como tentar responder: “Este compor-tamento que observo, representa qual função neurológica e ativa quais áreas corticais e subcorticas?” É uma visão mui-to semelhante a da OMS (Organização Mundial de Saúde), que salienta que toda função corporal pode ser observada nas atividades e participações (no comporta-mento), e integradas a uma representa-ção de ativação estrutural de uma topo-logia específica do SNC e, moduladas via ambiente.

Quando o neuropsicopedagogo con-segue entender o que são as variáveis latentes também chamadas de funções neurológicas: cognição cristalizada, flui-da, cognição social/teoria da mente, con-trole inibitório, flexibilidade mental, pla-nejamento, psicomotricidade, emoções primárias e secundárias, volição, lingua-gem em repertório léxico, semântico e pragmático, lectoescrita, cálculo, senso-percepção, memória e atenção. Também consegue procurar os comportamentos físicos nas atividades e participações que formam estes traços latentes, ou que re-presentam estas funções. Somente os comportamentos observáveis são passi-veis de manipulação de forma científica.

Ao aprender esta técnica o profis-sional passa a descrever os comporta-mentos por funções. Por exemplo: uma criança não corre, ela tem desenvolvida o comportamento motor axial em bipe-dismo dinâmico. Uma criança não é tími-da, ela possui um padrão endofenótipo de hipermodulação do controle inibitório em atividades sociais. Nossa linguagem passa a ser mais técnica.

Vale neste ponto entender, principal-mente pelo jovem estudante da área, que estamos frente a uma ciência ro-busta e multivariada etiologicamente. Ou seja, por uma concepção metodológica em Sampieri (2006) estamos tratando de um estudo correlacional, que se em-presta de várias ciências: psicológicas, etológicas, pedagógicas, biomecânica e biológica para entender um fenômeno específico, o comportamento humano e seus processos de aprendizagem.

Estamos frente a um saber amplo que integra leituras cindidas até então: o sa-ber epidemiológico e a visão fenomeno-lógica, e o modelo biológico e sócio-his-tórico.

Desta forma, caros neuropsicopeda-gogos, caminho para o fechamento des-ta breve provocação ao pensamento e a dialética, com questões que devemos levar conosco: O que estamos fazendo, ciência ou pseudociência? Como men-suramos o nosso trabalho? Onde bus-camos referenciais e arcabouço teórico? Qual a nossa visão de homem?

O neuropsicopedagogo deve respon-der estas questões, e acredito que a for-mação do profissional, através do curso, pelo seu conteúdo programático, objeti-va munir o discente de ferramentas para tal empreitada, otimizando o manejo das características humanas ligadas a apren-dizagem, seja na habilitação, reabilitação ou desempenho funcional.

Uma das propostas da neuropsicope-dagogia, no curso de pós-graduação lato sensu do CENSUPEG é articular saberes da psicopedagogia na atuação referente aos processos de aprendizagem, com o funcionamento biológico e principal-mente os inerentes as ativações corti-

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cais e subcorticais durante o processo educacional. O neuropsicopedagogo é aquele que consegue entender as ques-tões psíquicas e pedagógicas ligadas ao comportamento de aprender e aplicar, correlacionando estes saberes com o funcionamento biológico. Trata-se real-mente de uma visão biopsicossocial da aprendizagem.

Em fechamento, com a pretensão de ter deixado apenas um texto para re-flexão, fica a frase de Newton “Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes”, ou seja: estudar, reciclar, construir. Seja bem-vindo a neuropsi-copedagogia, ou então, seja bem-vinda neuropsicopedagogia ao mundo, e va-mos dar continuidade e fazer amadure-cer!

Referencias: AFIFI, A. K., BERGMAN, R. A. Neuroanatomia Funcional. São Paulo:

Roca, 2008.ALCOCK, J. Comportamento Animal: Uma abordagem evolutiva.

9.ed – Porto Alegre; Artmed, 2011.AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e es-

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DANCEY, C.P.; REIDY, J. Estatística sem matemática para a psico-logia. 5.ed – Porto Alegre: Penso, 2013.

DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtor-nos mentais. 2.ed. Porto Alegre. Artmed, 2008.

DALGALARRONDO, P. Evolução do Cérebro: Sistema nervoso, psicologia e psicopatologia sob a perspectiva evolucionista. Porto alegre: Artmed, 2011.

DARWIN, C . A Expressão das emoções no homem e nos ani-mais. São Paulo: Cia das Letras, 2000.

DEHAENE, S. Os neurônios da leitura. Porto alegre: Penso, 2012.FONSECA, V. Psicomotricidade: filogênese, ontogênese e retro-

gênese. Rio de Janeiro: Wak, 2009.GIL R. Neuropsicologia. 4. ed. São Paulo: Santos, 2010. MACHADO, A. Neuroanatomia Funcional. São Paulo: Editora Athe-

neu, 2000.MALLOY-DINIZ et al. Avaliação neuropsicológica. Porto Alegre:

Artmed, 2010.NAESER, M. A. et al. Transcranial magnetic stimulation and

aphasia rehabilitation. Arch Phys Med Rehabil. 2012 Jan;93(1 Su-ppl):S26-34.

LENT, R. et al. Neurociência da Mente e do Comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

OMS. CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapaci-dade e Saúde. Organização Mundial de Saúde. 2003.

OMS. Classificação de Transtornos Mentais e de Comporta-mento da CID-10. Porto alegre: Artmed, 1993.

PASQUALI, L. Psicometria: Teoria dos testes na psicologia e na educação. 3.ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

SAMPIERI R.H.; COLLADO C.F.; LUCIO P.B. Metodologia de pesqui-sa. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2006.

SIQUEIRA, J. O. Ciência, pseudociência e ciências ocultas? São Paulo: FEA-USP, 2006.

SKINNER, B. F. Ciência e comportamento. São Paulo: Martins Edi-tora, 2003.

STAHL, S. M. Psicofarmacologia: Bases cientificas e aplicações praticas. Rio de Janeiro: Ganabara, 2010.

THOMPSON & THOMPSON. Genética Médica. Rio de Janeiro: Else-vier, 2008.

VYGOTSKY, L.S.; LURIA, A.R. Estudos sobre a historia dos compor-tamentos: Simius, homem primitivo e a criança. Porto Alegre: Ar-tes Médicas, 1996.

Prof. Msc. Cristiano Pedroso

Psicólogo.

Professor Mestre em Distúrbios

do Desenvolvimento.

Neuropsicólogo.

Membro do Conselho Técnico-

Profissional da SBNPp

Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia | Junho de 2015 | 9

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EVENTO

I Seminário Nacional de NEUROPSICOPEDAGOGIA

A Sociedade Brasileira de Neuropsicope-dagogia - SBNPp através da parceria com a Gerência Regional de Educação de Jaraguá do Sul/SC e o Centro Nacional de Ensino Superior, Pesquisa, Extensão, Graduação e Pós-Graduação (CENSUPEG) promoverão no dia 13 de agosto de 2015, o I Seminário Nacional de Neuropsicopedagogia na cida-de de Jaraguá do Sul/SC.

A programação do evento está definida e será composta por duas conferências e uma palestra que serão proferidas por pro-fissionais associados a SBNPp.

Segundo o Presidente da SBNPp e con-ferencista do evento, Prof. Dr. Luiz Antonio Côrrea, “o I Seminário Nacional de Neurop-sicopedagogia será de grande importância e relevância para todos os profissionais da área da educação e da saúde. Será um evento ímpar, onde consolidaremos cada vez mais a Neuropsicopedagogia como uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos da neurociência aplica-da à educação, com interfaces da psicologia e pedagogia que tem como objeto formal de estudo a relação entre o cérebro e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e escolar”.

A Neuropsicopedagogia se fortale-ce a cada dia que passa, tanto no âmbito educacional quanto na área da saúde. De acordo com o que preceitua o Código de Ética da Sociedade em seu art. 30, a for-mação clínica prevê a atuação em atendi-mentos neuropsicopedagógicos individua-lizados em setting adequado, tais como: consultório particular, espaço de atendi-mento, posto de saúde e terceiro setor. Os atendimentos em local escolar ou hospita-lar devem acontecer de forma individual e em local adequado.

Desta forma, destacamos o pionei-rismo na cidade de Jaraguá do Sul/SC, local em que iniciou a primeira turma do curso de Neuropsicopedagogia do Grupo Censu-

peg formada pela Consultora Educacional e Professora, Srª. Lilian Deretti Pacheco.

Durante o Seminário, os alunos e profes-sores desta primeira turma serão homena-geados. Na oportunidade, será registrado grande marco científico para a Neuropsi-copedagogia, pois contaremos com a pre-sença da autora do primeiro livro que será publicado na área, com a chancela da So-ciedade Brasileira de Neuropsicopedagogia, Profª. Drª. Rita Russo.

O Prof. Msc Fabrício Cardoso, coor-denador do Grupo de Pesquisas em Socie-dade, Saúde e Educação da Faculdade São Fidélis/RJ, palestrante do evento, aduziu sua percepção sobre o Seminário: “O evento permitirá que o público presente desenvol-va não somente uma visão mais abrangente e completa da Neuropsicopedagogia, mas também que se possa conhecer o interesse atual desta profissão e dos pesquisadores visando a difusão e o seu desenvolvimento. Isso é possível constatar através da diversi-dade presente nas atividades que irão com-por o referido evento, e principalmente, pela participação ativa e efetiva de todas as áreas de atuação e investigação neuropsi-copedagógicas”.

A divulgação do evento, na região de Jaraguá do Sul/SC inicia-se em 16 de junho de 2015 para os associados, e para os demais interessados em 16 de julho de 2015. Contamos com a presença de um grande público para juntos consolidarmos mais um efeito da trajetória da Neuropsico-pedagogia que amplia a atuação dos profis-sionais diante do universo de questões que circundam o funcionamento do cérebro hu-mano.

10 | Boletim Informativo da SBNPp | ed.02 | Junho de 2015

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Em detalhes: Lançamento do Primeiro Livro chancelado para SBNPp

Além da Neuropsicopedagogia receber no ano de 2015 o marco do primeiro evento na-cional promovido pela Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia – SBNPp, os profissio-nais que atuam na área ou estão na caminha-da de concluir seus estudos em cursos de Pós-Graduação Lato Sensu, como prevê o Código de Ética receberam um grande presente.

Em agosto, no I Seminário Nacional de Neuropsicopedagogia será lançado o pri-meiro livro com o título “Neuropsicopedagogia Clínica: introdução, teoria, conceito e prática” que será chancelado pela SBNPp. Membros da Comissão Técnica, assim como outros que compõe a sociedade, tiveram acesso à primei-ra versão do livro e concederam a chancela como sinônimo da legitimação dos princípios e conceitos científicos adequados ao Código de Ética, que prevê as diretrizes para o desenvol-vimento do trabalho do neuropsicopedagogo.

A Professora Rita Russo, autora do livro, é Psicóloga, Doutora pela USP em Le-tras, Mestrada em Comunicação Social pela UMESP. Pós-Graduada em Neuropsicologia – FMUSP, em Terapia Cognitiva – ITC SP, Violên-cia Doméstica e Sexual – USP, Psicopedagogia Clínica e Institucional – FEC/SCS e Neuropsico-pedagogia Clínica e Educação Especial Inclu-siva – CENSUPEG/SC. Em Gestão Educacional foi Diretora do Curso de Letras – FAENAC-SP; Coord. de Cursos de Graduação UMESP-SP; Coord. de Cursos de Pós-Graduação UMESP-SP; Coord. da Universidade Livre da 3ª Idade – UMESP/SP; Diretora e Proprietária de Esco-la de Educação Infantil; Coord. Pedagógica, Orientadora Educacional e Psicopedagoga Institucional em Escola de Ensino Médio. Nas áreas sociais: Coord. Técnica em ONG – Casa da Amizade de São Caetano do Sul – Equipe multidisciplinar. Atendimento: crianças e jo-vens; Coord. de Projetos Sociais nas áreas da Infância e Adolescência; Membro funda-dora do “Primeiros Passos” - Grupo de Apoio à Adoção; Coord. das Oficinas de Literatura Infanto-Juvenil e Brinquedoteca no terceiro setor; Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente – Município SCS-SP. Na área clínica, em consultório parti-cular atua como: psicóloga, neuropsicóloga,

psicopedagoga, neuropsicopedagoga. Realiza Supervisão em Neuropsicologia, Psicopedago-gia e Neuropsicopedagogia. É professora nos cursos de graduação e pós-graduação desde 1988. É membro do Conselho Técnico-Profis-sional da Sociedade Brasileira de Neuropsico-pedagogia - SBNPp.

Sobre a prática de estruturar este li-vro, ela relata “Foi uma experiência desafiado-ra e instigadora pelo fato de não termos muito material escrito sobre o tema. Buscamos na Neurociência e na Educação subsídios teó-ricos para este novo campo de atuação, que tem como objetivos a avaliação e intervenção de sujeitos com dificuldades escolares.”

A visão da autora em relação ao cam-po de atuação da Neuropsicopedagogia traz uma contribuição com grande fundamentação teórico-prática: “a grande maioria de crianças e adolescentes que chegam aos consultórios, clínicas e espaços de aprendizagem, vem com queixas de aprendizagem. A formação teóri-ca e prática do neuropsicopedagogo clínico possibilita a ele subsídios para avaliar e inter-vir, além de manter uma interlocução com os profissionais da saúde e educação envolvidos no caso visando a melhoria do sujeito. O ar-cabouço teórico também oportuniza a ele a possibilidade de um trabalho de prevenção, na medida em que pode ministrar palestras para professores e pais sobre assuntos relaciona-dos a aprendizagem, ao desenvolvimento, ma-turidade, técnicas de orientação de estudos, entre outros.”

As expectativas sobre o lançamen-to do livro são as melhores, a Profª. Drª. Rita Russo menciona que “este livro representa o início dos estudos sobre a Neuropsicopedago-gia Clínica. Entendo também, que as pesquisas em Neuropsicopedagogia já iniciadas em São Fidélis/RJ darão a visualização deste novo cam-po de conhecimento teórico/prático.”

A todos que possuem interesse em conhecer melhor a obra, poderão contatar a Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia através do site www.sbnpp.com.br e increver-se para participar do I Seminário Nacional de Neuropsicopedagogia e conferir “in loco” essa grande conquista dos profissionais da área.

Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia | Junho de 2015 | 11

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Entrevista com Presidente do Grupo Educacional CENSUPEG sobre o Projeto Social em São Fidélis/RJ

NEUROPSICOPEDAGOGO NA ESCOLA

Pergunta: Qual a abordagem do projeto?

SAA – “Quando chegamos a São Fidélis para as sondagens, reunimos nosso grupo gestor para pensar quais os projetos que poderiam fazer a diferença, levando a popu-lação fidelense o respeito que eles merecem ao nos acolher tão bem. E é assim que se dá sempre que chegamos a um novo território, sentimos a necessidade de deixar legados não apenas ofertando uma educação de qualidade, mas também apresentando res-ponsabilidade social. O projeto em questão é apenas um que contempla uma série de ações, este é fundamentado na formação educacional e preparo profissional dos edu-cadores para lidarem com as dificuldades de aprendizagem, com a educação especial (apresentada em deficiências físicas, síndro-mes ou transtornos), consequentemente voltado para a inclusão na educação. Vamos proporcionar gratuitamente a qualificação profissional através de uma pós-graduação, em nível de especialização para um grupo de docentes da rede de educação e em conse-quência disso o apoio na formação educa-cional dos estudantes do ensino básico da rede de educação. O curso é um dos mais vendidos pela instituição em todo o Brasil, a Neuropsicopedagogia e Educação Especial Inclusiva.

O projeto foi estruturado através de estu-dos baseados em Neurociências aplicadas à educação que entende que a dificuldade de aprendizagem e/ou de relacionamento in-terpessoal leva a criança ou o adolescente e

sua família a uma situação de desorientação diante de sua complexidade, gerando até mesmo vulnerabilidade social. O contexto sociocultural ou o sentimento daquele que apresenta qualquer dificuldade, não deve ser considerado nem menos e nem mais im-portante do que sua visão, sua audição, sua motricidade ou do que o desenvolvimento de sua linguagem.”

Pergunta: Por que devemos considerar o projeto algo importante para São Fidélis?

SAA - “Não só para São Fidélis, mas toda a região deverá em pouco tempo perceber a diferença que a proposta destas ações trarão à toda a sociedade, seja de maneira direta ou indireta. Se considerarmos que atinge não somente os alunos e os professo-res, mas toda a comunidade escolar, as famí-lias, os vizinhos, etc, sendo uma reação em cadeia a institucionalização de uma cultura educacional ampla que “inclui” de verdade e trata quem precisa com habilidades técnicas e desenvolvimento de valores. Já na aquisi-ção da FASFI pelo Grupo Educacional CEN-SUPEG nos comprometemos com as ações sociais que desenvolveríamos ao longo de nossa história nesta cidade, ou seja, São Fi-délis foi escolhida como pioneira devido a importância que a cidade representa para o nosso grupo educacional e reitero da im-portância de um projeto tão mobilizador que nos motiva a estendê-lo para nossas demais unidades pelo Brasil. Não há dúvidas que o projeto é também uma forma de reciclar a

Abaixo segue a íntegra da entrevista de um dos grandes visioná-rios e pioneiro na criação e formação de profissionais neuropsicope-dagogos através de cursos de pós-graduação lato sensu oferecidos e oportunizados pelo Grupo Educacional CENSUPEG e Faculdade São Fidélis.

Prof. Msc. Sandro Albino Albano (SAA), Diretor-Presidente do Gru-po Educacional CENSUPEG e Diretor Geral da Faculdade São Fidélis, fala sobre o projeto social: NEUROPSICOPEDAGOGO NA ESCOLA – SÃO FIDÉLIS COMO PIONEIRA EM NEUROPSICOPEDAGOGIA ESCOLAR NO PAÍS.

ENTREVISTA

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todos nós gestores da educação (seja como professores, orientadores educacionais, super-visores, inspetores ou diretores de escola), so-bre a importância da inclusão escolar com um olhar técnico-científico no entendimento das Neurociências na educação, ou seja a Neurop-sicopedagogia. Ao longo de sua decorrência ele movimentará boas mudanças com quebras de paradigmas e irá propor muitas reflexões.”

Pergunta: Como foi a organização do projeto e como irá funcionar na prática?

SAA – “Passamos por uma análise interna rigorosa na construção das diretrizes do pro-jeto. No ano passado tivemos um cronograma de ações que iniciou com a apresentação do projeto à prefeitura e diretamente na secreta-ria municipal de educação, após promovemos dois grandes eventos sendo contemplados com as palestras do Presidente da Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia - SBNPp, Prof. Dr. Luiz Antonio Corrêa, além da participa-ção das coordenações e direções da FASFI que apresentaram como seria o funcionamento. Após os eventos, houve o lançamento do edi-tal e foram abertas as inscrições e a posterior divulgação de selecionados. Nos dias 28 e 29 de março deste ano fiz questão de voltar a São Fidélis para então começarmos com as aulas do curso, senti necessidade de vir comemorar com a cidade este início que para nós já uma conquista. Convidamos de forma voluntária os docentes da área, que logo que entenderam os objetivos do projeto abraçaram esta causa e estarão participando e contribuindo para o desenvolvimento dos selecionados no projeto. Na prática, a pós-graduação oferecida gratui-tamente terá duração de 12 meses em aulas teóricas e 06 meses de práticas neuropsicope-dagógicas, que é o que validará o projeto sobre o âmbito de colocar em prática em todas as escolas atingindo uma média no total de 270 crianças e/ou adolescentes da rede de educa-ção. Se pensarmos que o projeto atingirá indi-retamente mais que o dobro de participantes, por si só é grandioso e fará a diferença para a cidade e região. Evidente que contamos com toda uma equipe de supervisão administrativa e pedagógica neste projeto, sendo que a Facul-dade São Fidélis é a responsável por conduzir todos os assuntos relacionados a ele e que é respaldado pela SBNPp.”

Pergunta: Para as crianças e adolescen-tes qual a transformação que o projeto pode-rá garantir em termos de aplicabilidade?

SAA – “Por meio da Neuropsicopedago-gia o aluno se sentirá melhor amparado na escola e nas vivências grupais de relações interpessoais. Sentiremos a transformação imediatamente toda a vez que um profes-sor participante do projeto na condição de alunos da pós-graduação promover reflexão em suas aulas no dia a dia com as crianças e ou/adolescentes. Mais ain-da, após os 12 meses de curso, teremos a aplicação da teoria na prática profissional, como se fosse um estágio com os atendi-mentos neuropsicopedagógicos obrigató-rios, proporcionando que cada professor desenvolva atividades relacionadas para estudos de casos, prevenção com ativida-des específicas dos Neuropsicopedago-gos e o direcionamento multidisciplinar para as intervenções quando necessárias. A produção dos seus TCCs (trabalho de conclusão de curso) que é em formato de artigos científicos serão enriquecidos ao fazerem as relações com os atendimentos. Podemos afirmar que a aplicabilidade do projeto visa identificar e ajudar no desen-volvimento de habilidades múltiplas, de uma forma que integra aspectos motores, cognitivos, afetivos e sensoriais. Os atendi-mentos poderão através da metodologia utilizada fazer a criança ou o adolescente sentir-se incluído ao meio que ele vive, ba-seando-se muito no afeto de quem pratica a ponto de contribuir para os avanços em vários aspectos da vida da criança, desde que esta experiência seja conduzida da maneira ética, construtiva e com os limi-tes profissionais, respeitando o campo de atuação de cada profissional. Não há o que contestar que os jovens de maneira geral adoram interação e atividades extras, des-de que seja divertido e, é este o propósito dos atendimentos e do acompanhamento nos relatórios das evoluções individuais e em grupo, podemos dizer que um dos propósitos além de melhor desempenho escolar é a construção da identidade cul-tural de um indivíduo que até então pode parecer desapercebido de suas potencia-lidades.”

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Pergunta: Depois que o projeto finalizar, qual a expectativa de que ele tenha atingido os objetivos iniciais?

SAA – “Ao realizarmos o acompanhamen-to do aluno que fará parte dos atendimentos neuropsicopedagógicos teremos o cuidado de observar e registrar de modo paralelo os seus aproveitamentos curriculares e de in-teração social. Este será um bom indicador para medirmos a assertividade do projeto. Ainda, entendemos que o projeto deve ser autossustentável a ponto de não encerrar, pois desde que pensamos o projeto nosso objetivo deve ser tratado com um anseio a médio prazo de criar novas configurações. Estes aspectos dependerão também de in-teresse público local, no investimento do desenvolvimento humano, a ponto de res-paldar a iniciativa de um projeto maior ain-da. É cedo ainda para anunciarmos novas ideias, precisamos vivenciar este projeto, mas podemos adiantar que temos um pla-no de ação que ao longo da decorrência do programa iremos apresentar às autoridades de educação e de assistência social da cida-de. Além disso, nosso projeto desperta uma motivação em criar um espaço neuropsico-pedagógico inédito na cidade e quem sabe para a região, é uma das nossas metas des-pertar o empreendedorismo em nossos alu-nos, provocá-los da importância de um pen-samento inovador. Seremos plantadores de sementes nos participantes e ao compreen-dermos que quando plantamos sabemos que passamos por etapas e estas devem ser respeitadas em sua ordem natural (prepa-rar o terreno, colocar a semente, germinar e por último é a colheita onde teremos o resultado que por sua vez é constante e deve retornar ao seu início para ser ter mais e mais resultados) estamos ainda na prepa-ração do terreno e colocando neste instante nossas sementes.”

Pergunta: Houveram dificuldades enfrenta-das para implementar o projeto na cidade?

SAA – “Como todo projeto de grande abrangência ele apresenta desafios, espe-cialmente quando está localizado em locais distantes de uma realidade costumeira. Ao

diagnosticar o perfil da cidade diante das po-líticas de formação continuada para a educa-ção especial e mais ainda sobre o aspecto in-clusão escolar percebemos que poderíamos enfrentar resistências, mas em linhas gerais foram menores diante das que estávamos preparados. Confesso que o projeto pode-ria ter despertado maior mobilização, de vá-rias partes, mas como já comentei estamos em um início e um processo de conquista, em que trabalhar com as questões sociais e de doação espontânea exige um trabalho in loco. Seremos muito felizes no saldo do pro-jeto, pois nosso grupo de apoio é muito for-te e competente e a cidade de modo geral é aberta a novidades que agregam. Para alguns somos ousados quando nos referimos que queremos transformar São Fidelis em polo nacional de educação, estamos trabalhando para isso, tornar a cidade referência e investir em projetos sociais faz parte desta constru-ção. O que podemos afirmar é que em ne-nhum momento desanimamos e sim só nos fortalecemos.”

Pergunta: E quais os prós que podem ser considerados na implantação do projeto?

SAA – “Gerir um projeto com esta magni-tude é trabalhar para ser referência nacio-nal, ter ao nosso lado o apoio da Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia - SBNPp e um grupo de docentes altamente prepa-rados com formações diversificadas, instru-mentalizar um grupo de pesquisas científicas que tem entre suas áreas de concentração a Neuropsicopedagogia e desenvolver a área de projetos sociais através de programas que sejam eficazes em suas abordagens como este. Bom, para onde olhamos percebemos um história sendo contada e sendo vivencia-da pela cidade que nos acolheu, São Fidélis, e poder levar para as demais regiões onde atuamos. Levantar a bandeira da FASFI e do Grupo Educacional CENSUPEG é nossa mis-são, diante disso posso dizer em nome de toda a equipe que é um privilégio acompa-nhar as evoluções e construir as trajetórias e este projeto é fruto de muito trabalho e cuidado com os fidelenses que poderão tirar proveito desta iniciativa.

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ARTIGO CIENTÍFICO

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NEUROPSICOPEDAGOGIA NA PRÁTICA: DISLExIA

Você conhece alguém com problemas de leitura e escrita ou que confunda letras como v/f, d/t, p/b? Prejuízo na fluência e na precisão do que se lê podem ser sinais de dislexia, uma disfunção

comum que atrapalha a aprendizagem e ainda é pouco conhecida pelos pais e educadores.

Anna Carolina Miguel Prof. Msc. Fabrício Bruno Cardoso

Ao contrário do que muitos pensam, a dislexia não é resultado de má alfabetiza-ção, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ou baixa inteligência. Trata-se de uma condição de origem ge-nética que pode ser hereditária, apresen-tando ainda alterações no padrão neuro-lógico.

Pesquisas revelam que a predispo-sição para dislexia está provavelmente impressa nos cromossomos (2, 3, 6, 15 e 18).

A chance do filho de um disléxico apre-sentar dislexia gira em torno de 40%. Em alguns estudos com gêmeos, as maiores taxas de diagnóstico estão entre os gê-meos idênticos (univitelinos), demons-trando a relevância do componente genético. Vários genes estão sendo estu-dados como possíveis responsáveis pela falha na migração de células nervosas durante o desenvolvimento do cérebro resultando na disfunção do processa-mento da leitura.

“Dislexia, antes de qualquer defini-ção, é um jeito de ser e de aprender; reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes genial, mas que aprende de maneira diferente”

... então o que é Dislexia?

Este distúrbio ou transtorno específ-ico da leitura manifesta-se na dificuldade em associar o símbolo gráfico (letras) ao som que representam (fonemas) sem uma organização mental de sequência

coerente por falha de integração entre os processamentos visual e auditivo.

Apesar de leitura lenta, silabada e penosa, o disléxico compreende muito bem o texto ouvido, fazendo com que se-jam taxados de “burros” ou preguiçosos. Desconsiderando a natureza destas di-ficuldades uma questão de prova pode não ser respondida porque não foi lida corretamente e não por desconhecimen-to do conteúdo, resultando em baixo desempenho e frustração. Nesta per-spectiva, o diagnóstico não representa final de um processo e sim a inauguração de possibilidades adequadas e justas de aprendizagem.

... Diagnosticando a Dislexia

Pelos múltiplos fatores apresenta-dos, a investigação deve ser feita por uma equipe multidisciplinar. Considera-se disléxica, quem apresente nível intelec-tual normal, tenha favorecimento famil-iar e escolar, não apresente transtornos psiquiátricos, nem déficits perceptivos de base e mesmo assim tenha defasagem de pelo menos dois anos após o início de seu processo de letramento na aquisição lecto-escrita. Atualmente valoriza-se a observação de sinais de risco para o tran-storno antes da escolarização, tais como: alterações na fala e manipulação dos fonemas (ex. rimar). As atuações: neu-ropsicológica, neuropsicopedagógica e fonoaudiológica, a partir de instrumentos específicos de avaliação, detectam défic-its nas áreas responsivas pela linguagem, leitura e escrita, permitindo diferenciar quadros de dificuldade escolar dos de-mais distúrbios de aprendizagem. Ao identificá-los, um acompanhamento mais efetivo e direcionado às particularidades de cada indivíduo é inaugurado.

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O prognóstico varia tal como seus sinto-mas e níveis de gravidade.

....As áreas cerebrais da Dislexia

A marca neural da dislexia é a sub-ativação dos sistemas neurais na parte posterior do cérebro com superativação de porções anteriores. Estruturas como os corpos geniculados medial e lateral são apontados pela ciência como principais responsáveis pela disfunção. Estudos rev-elam que intervenções específicas com treinamento fonológico, e intervenção neu-ropsicopedagógica resultam em evoluções positivas, inclusive com mudança do perfil de ativação cortical descrito. A identificação

precoce, o apoio familiar e suporte da escola favorecem o prognóstico e evita prejuízos acadêmicos e emocionais se-cundários

. ¹ Programa de Iniciação Científica em Neuropsi-

copedagogida - CENSUPEG² Centro de Estudos em Neurociências e Edu-

cação (Neuroeduc/UFRJ), Programa de Neurobio-logia do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho

(IBCCF/UFRJ),

SAIBA MAIS EM:Livro: Os Neurônios da Leitura, como a

Ciência Explica a Nossa Capacidade de LerAutor: Stanislas Dehaene, 2012 Penso

Editora.http://www.andislexia.org.br

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Membros da SBNPpGestão 2014-2016

Luiz Antonio CorrêaPresidente

Curitiba - PR

Aline Carolina Rausis Secretária Executiva

Joinville – SC

Rikeli Ferreira T. HackbarthTesoureira

Schroeder – SC

Mayra MinoharaConselho Fiscal

Imperatriz – MA

Marlene Gonzatto Vice-PresidenteVideira – SC

Clarice Luiz Sant’AnnaSecretária InstitucionalSanta Maria – RS

João BeauclairConselho FiscalCachoeiras de Macacu – RJ

Rosa Elena Seabra GasparConselho FiscalBotucatu – SP

Painel

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Joselma GomesConselho de Ética

Imperatriz – MA

Zilanda de SouzaConselho de Ética

Governador Valadares – MG

Fabrício Bruno CardosoConselho Técnico-Profissional

Rio de Janeiro – RJ

Vera Lúcia de Siqueira MiettoConselho Técnico-Profissional

Niterói – RJ

Vanessa MachadoConselho de ÉticaRio de Janeiro – RJ

Cristiano PedrosoConselho Técnico-ProfissionalSão Paulo – SP

Rita M. T. RussoConselho Técnico-ProfissionalSão Caetano do Sul – SP

Bárbara Madalena Heck da RosaConselho de ÉticaJoinville– SC

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