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EDITORA-COORDENADORA: SIMONE RIBEIRO / [email protected] SÁB SALVADOR 9/5/2015 SEG VIAJAR TER POP QUA VISUAIS QUI CENA/GASTRONOMIA SEX FIM DE SEMANA HOJE LETRAS DOM TELEVISÃO atarde.com.br/caderno2mais BELA COZINHA AMOR DE MÃE É O TEMA DA ATRAÇÃO DA GNT, QUANDO BELA (FOTO) RECEBE SUA AVÓ, DONA NAIR, E FILHA, FLOR 5 SHOW PRIMEIRO ENCONTRO D’O RAPPA COM SOJA SERÁ DIA 30, NO WET’N WILD 3 Divulgação LIVRO Nelson Maca lança Gramática da Ira, quinta, no Espaço da Barroquinha Fotos Raul Spinassé / Ag. A TARDE “Minha gramática da ira é tentar pensar onde a ira está e como usá-la para o bem” NELSON MACA, poeta e professor 2 O livro inaugura o selo Blackitude e sua produção é resultado do trabalho em equipe do coletivo GRAMÁTICA DA IRA / NELSON MACA “havia lama na rua e de quando em quando um corpo cadáver encalhado na vala o espetáculo que a história nos oferece restos e gestos do sim alimentos recicláveis bonecas sem pernas carros sem rodas arqueólogo das sobras a miséria o não pretinho maltrapilho com as manchas sujas da vida sem saber nem bem por que nas suturas das fraturas cresci” Trechodopoemaquedátítuloaolivro Nelson Maca sobre grafite do poeta Solano Trindade, uma de suas influências P P o o e e t t a a irado VERENA PARANHOS É como um poeta Exu que Nel- son Maca gosta de assinar. “Aquele que está no conflito, que traz a dúvida, que mexe no lugar certo. Eu sou muito mais encruzilhada do que reta”, as- sim o professor de literatura da Universidade Católica do Sal- vador explica a simbologia que sustenta sua marca poética. Nesta quinta-feira (dia 14), às 18 horas, ele lança no Espaço Cultural da Barroquinha seu primeiro livro, Gramática da Ira. As escolhas da data e do lugar dão ainda mais força à publicação do ativista cujo tra- balho repercute Brasil afora. O dia 14, conhecido como “o dia seguinte”, chama a aten- ção para a abolição da escra- vatura e a ausência de um pro- jeto de inserção do negro na sociedade. Já a irmandade responsável pela Igreja da Barroquinha, onde está instalado o centro cultural, está ligada à história de fundação do Terreiro Casa Branca. Gramática da Ira surge de- pois de 16 anos de caminhos cruzados à frente do coletivo Blackitude: Vozes Negras da Bahia, por meio do qual Maca lidera atividades como o Sarau Bemblack, encontro mensal movido por questões relacio- nadas à identidade negra. O livro traz 56 poemas es- critos entre 1999 e 2008 e mos- tra o Maca que insufla audiên- cias com uma poesia que grita a negros e brancos. “Eu sou um poeta de per- formance, mas o livro tor- nou-se necessário porque é a possibilidade das pessoas con- tinuarem em contato com o texto. A princípio, minha poesia se completa com a apresen- tação, mas coloquei no papel frases potentes, violentas e que gritam”, diz o paranaense ra- dicado na Bahia há 25 anos. Por esse posicionamento, muitos o acusam de violento e raivoso. “Ser chamado de um negro irado, raivoso, é um elo- gio. Pra mim, a pior coisa que tem é a doçura deprimente, a cordialidade, não lutar, não reagir, apanhar calado”. Toda essa provocação tem um sentido claro para ele. “Se eu falar um poema e ficar aquele silêncio constrangedor, as pes- soas abaixarem a cabeça, para mim funcionou muito mais do que aplausos e tapinhas nas cos- tas. É o conflito que leva para o progresso, para a superação. A ideia é mexer em alguns pro- blemas pra eles aparecerem e clamarem uma solução”. Maca, que no momento es- creve um livro com poemas de amor e tem outros “irados” prontos, sente que ainda não é hora de mostrar sua doçura. “Agora a Polícia Militar está ma- tando mais de dez. Agora o qui- lombo Rio dos Macacos con- tinua vivendo como se fosse a escravidão. Sabe aquela coisa de alguém ter que fazer o ser- viço sujo, mal pago? Eu faço com a minha literatura. Não tenho a função de agradar as pessoas”, diz o autor do manifesto Ma- nifestação da Literatura Diver- gente, que está sendo estudado em universidades. Gramática comum Sem pressa, conciliando múl- tiplas atividades, Maca foi cons- truindo o livro em torno do poe- ma título. A partir disso, ma- peou conflitos, conceitos e diá- logos que aparecem no livro. Os nove capítulos são aber- tos por uma citação de autores como Malcolm X, Stuart Hall, Carlos Moore, Eldrich Cleaver, Ossie Davis, Mãe Stella de Oxóssi, FLorestan Fernandes, Ralph Ellison e Carlos Ma- righella. Referências diretas e indiretas revelam ainda a in- tertextualidade com Lima Bar- reto, Luís Gama, Abdias do Nascimento. “São pessoas que em algum lugar, no tempo, no espaço, fi- zeram esse debate. O que eu estou falando não é a solução, nem o fim. É só mais uma voz dentro de várias vozes de pes- soas que guerrearam, com pa- lavras ou com ações, em função de uma transformação social”, afirma Nelson Maca, que foi membro do Conselho Estadual de Cultura (2013/2014). Gramática da Ira inaugura o selo Blackitude e sua produção é resultado do trabalho em equipe do coletivo. A expec- tativa é que, além de se pagar, o livro gire a roda de autores baianos que discutem a negri- tude. São mais caminhos para o Exu abrir. LANÇAMENTO DE GRAMÁTICA DA IRA / QUINTA-FEIRA, ÀS 18H/ ESPAÇO CULTURAL DA BARROQUINHA / R$ 30, O VOLUME / WWW.GRAMATICADAIRA.WORDPRESS.COM LEIA RESENHA DO LIVRO NA PÁGINA 2 o Incansável D om Q uixote direção Reynaldo Dutra atuação Maksin Oliveira 6 PRÊMIOS em festivais pelo BRASIL SELEÇÃO OFICIAL VIII Fest. Internacional de Teatro da REP. DOMINICANA SELEÇÃO OFICIAL V Fest. Internacional deTeatro Clássico Adaptado da ARGENTINA SELEÇÃO OFICIAL VII Fest. Internacional de Teatro Unipersonal del URUGUAY /quixotescos CAIXA Cultural Salvador 06/05/15 à 10/05/15 Quarta a Sábado 20h Domingo 19h Ingressos vendidos a preços populares. Bilheteria aberta a partir de 06 de Maio, para todos os espetáculos Estacionamento gratuito ao lado Rua Carlos Gomes, 57 – Centro Tel.: (71) 3421-4200 [email protected] www.caixacultural.gov.br Oficina de teatro gratuita Vagas limitadas Informações e inscrições ofi[email protected] Patrocínio Realização Baixe o Aplicativo CAIXA Cultural Siga a fanpage facebook.com/caixaculturalsalvador apresenta Não recomendável para menores de 12 anos 12

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EDITORA-COORDENADORA: SIMONE RIBEIRO / [email protected]

SÁBSALVADOR9/5/2015

SEG VIAJARTER POPQUA VISUAISQUI CENA/GASTRONOMIASEX FIM DE SEMANAHOJE LETRASDOM TELEVISÃO

atarde.com.br/caderno2mais

BELA COZINHA AMOR DEMÃE É O TEMA DA ATRAÇÃODA GNT, QUANDO BELA(FOTO) RECEBE SUA AVÓ,DONA NAIR, E FILHA, FLOR 5

SHOW PRIMEIRO ENCONTRO D’O RAPPACOM SOJA SERÁ DIA 30, NO WET’N WILD 3Divulgação

LIVRO Nelson Maca lançaGramática da Ira, quinta,no Espaço da Barroquinha

Fotos Raul Spinassé / Ag. A TARDE

“Minha gramáticada ira é tentarpensar onde a iraestá e como usá-lapara o bem”NELSON MACA, poeta e professor

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O livro inaugurao selo Blackitudee sua produçãoé resultado dotrabalho emequipe do coletivo

GRAMÁTICA DA IRA / NELSON MACA

“havia lama na ruae de quando emquando um corpocadáver encalhadona vala

o espetáculo que ahistória nos oferece

restos e gestos dosimalimentosrecicláveisbonecas sempernas carros semrodasarqueólogo dassobrasa misériao não

pretinhomaltrapilhocom as manchassujas da vidasem saber nem bempor quenas suturas dasfraturascresci”Trecho do poema que dá título ao livro

Nelson Maca sobregrafite do poetaSolano Trindade,uma de suasinfluências

PPPoooeeetttaaa iradoVERENA PARANHOS

É como um poeta Exu que Nel-son Maca gosta de assinar.“Aquele que está no conflito,que traz a dúvida, que mexe nolugar certo. Eu sou muito maisencruzilhada do que reta”, as-sim o professor de literatura daUniversidade Católica do Sal-vadorexplicaasimbologiaquesustenta sua marca poética.

Nesta quinta-feira (dia 14),às18horas,elelançanoEspaçoCultural da Barroquinha seuprimeiro livro, Gramática daIra. As escolhas da data e dolugar dão ainda mais força àpublicação do ativista cujo tra-balho repercute Brasil afora.

O dia 14, conhecido como “odia seguinte”, chama a aten-ção para a abolição da escra-vatura e a ausência de um pro-jeto de inserção do negro nasociedade.

Já a irmandade responsávelpela Igreja da Barroquinha,onde está instalado o centrocultural, está ligada à históriade fundação do Terreiro CasaBranca.

Gramática da Ira surge de-pois de 16 anos de caminhoscruzados à frente do coletivoBlackitude: Vozes Negras daBahia, por meio do qual Macalidera atividades como o SarauBemblack, encontro mensalmovido por questões relacio-nadas à identidade negra.

O livro traz 56 poemas es-critosentre1999e2008emos-tra o Maca que insufla audiên-cias com uma poesia que gritaa negros e brancos.

“Eu sou um poeta de per-

formance, mas o livro tor-nou-se necessário porque é apossibilidade das pessoas con-tinuarem em contato com otexto.Aprincípio,minhapoesiase completa com a apresen-tação, mas coloquei no papelfrasespotentes,violentasequegritam”, diz o paranaense ra-dicado na Bahia há 25 anos.

Por esse posicionamento,muitos o acusam de violento eraivoso. “Ser chamado de umnegro irado, raivoso, é um elo-gio. Pra mim, a pior coisa quetem é a doçura deprimente, acordialidade, não lutar, nãoreagir, apanhar calado”.

Todaessaprovocaçãotemum

sentido claro para ele. “Se eufalar um poema e ficar aquelesilêncio constrangedor, as pes-soas abaixarem a cabeça, paramim funcionou muito mais doqueaplausosetapinhasnascos-tas. É o conflito que leva para oprogresso, para a superação. Aideia é mexer em alguns pro-blemas pra eles aparecerem eclamarem uma solução”.

Maca, que no momento es-creve um livro com poemas deamor e tem outros “irados”prontos, sente que ainda não éhora de mostrar sua doçura.“Agora a Polícia Militar está ma-tando mais de dez. Agora o qui-lombo Rio dos Macacos con-

tinua vivendo como se fosse aescravidão. Sabe aquela coisade alguém ter que fazer o ser-viçosujo,malpago?Eufaçocoma minha literatura. Não tenho afunção de agradar as pessoas”,diz o autor do manifesto Ma-nifestação da Literatura Diver-gente, que está sendo estudadoem universidades.

Gramática comumSem pressa, conciliando múl-tiplasatividades,Macafoicons-truindoolivroemtornodopoe-ma título. A partir disso, ma-peou conflitos, conceitos e diá-logos que aparecem no livro.

Os nove capítulos são aber-

tos por uma citação de autorescomo Malcolm X, Stuart Hall,Carlos Moore, Eldrich Cleaver,Ossie Davis, Mãe Stella deOxóssi, FLorestan Fernandes,Ralph Ellison e Carlos Ma-righella. Referências diretas eindiretas revelam ainda a in-tertextualidade com Lima Bar-reto, Luís Gama, Abdias doNascimento.

“São pessoas que em algumlugar, no tempo, no espaço, fi-zeram esse debate. O que euestou falando não é a solução,nem o fim. É só mais uma vozdentro de várias vozes de pes-soas que guerrearam, com pa-lavras ou com ações, em função

de uma transformação social”,afirma Nelson Maca, que foimembro do Conselho Estadualde Cultura (2013/2014).

Gramática da Ira inaugura oselo Blackitude e sua produçãoé resultado do trabalho emequipe do coletivo. A expec-tativa é que, além de se pagar,o livro gire a roda de autoresbaianos que discutem a negri-tude. São mais caminhos parao Exu abrir.

LANÇAMENTO DE GRAMÁTICA DA IRA /

QUINTA-FEIRA, ÀS 18H/ ESPAÇO CULTURAL

DA BARROQUINHA / R$ 30, O VOLUME /

WWW.GRAMATICADAIRA.WORDPRESS.COM

LEIA RESENHA DO LIVRO NA PÁGINA 2

o IncansávelDomQuixote

direção Reynaldo DutraatuaçãoMaksin Oliveira

6 PRÊMIOSem festivais peloBRASIL

SELEÇÃOOFICIALVIII Fest. Internacional deTeatroda REP. DOMINICANA

SELEÇÃOOFICIALV Fest. Internacional deTeatroClássicoAdaptado daARGENTINA

SELEÇÃOOFICIALVII Fest. Internacional deTeatro

Unipersonal delURUGUAY

/quixotescos

CAIXA Cultural Salvador06/05/15 à 10/05/15Quarta a Sábado 20hDomingo 19h

Ingressos vendidos a preços populares. Bilheteria abertaa partir de 06 deMaio, para todos os espetáculosEstacionamento gratuito ao lado

Rua Carlos Gomes, 57 – Centro Tel.: (71) [email protected] www.caixacultural.gov.br

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