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Agentes Transformadores do Relevo
O relevo terrestre, apesar de aparentemente estático, é dinâmico e está em constante
transformação. Tal dinâmica deve-se aos processos internos e externos que
contribuem para que essa dinâmica aconteça, são os agentes transformadores do
relevo.
Os agentes transformadores do relevo são classificados conforme a origem de suas
ações, aqueles que atuam abaixo dos solos são chamados de agentes endógenos
ou internos e aqueles que atuam sobre a superfície são chamados de agentes
exógenos ou externos.
Agentes Internos
Os agentes internos ou endógenos também são chamados de modeladores e
costumam ser subdivididos em três grupos: o tectonismo, os abalos sísmicos e
o vulcanismo.
Tectonismo: Também chamado de diastrofismo, é todo e qualquer movimento
realizado a partir de pressões advindas da região localizada sobre o magma da Terra.
Aqueles processos de duração longa (sob o ponto de vista do tempo geológico) são
chamados de epirogênese e aqueles de curta duração são chamados de orogênese.
Dentre as paisagens formadas pelo tectonismo, temos as montanhas, as cordilheiras,
os vulcões e todas as paisagens que, posteriormente, são novamente modificadas
pelos agentes externos de transformação do relevo.
Cordilheira do Himalaia – conjunto de cadeias montanhosas onde se encontram as
maiores altitudes do mundo
Abalos sísmicos: estão diretamente ligados à dinâmica tectônica. São gerados pelo
movimento agressivo das massas da crosta interior da Terra ou do manto terrestre,
resultante de abruptas acomodações das camadas rochosas. Podem ser resultantes
do choque entre duas placas que se encontram (movimentos convergentes), do
afastamento entre elas (movimentos divergentes) ou quando placas vizinhas
movimentam-se lateralmente, raspando uma na outra (movimentos transformantes).
Vulcanismo: são atividades de erupção do magma localizado no interior da Terra em
direção à superfície. Esse material quente e pastoso costuma encontrar brechas para
a sua ascensão nas zonas de encontro entre duas placas tectônicas, onde existem
falhas e fraturas que permitem a sua passagem.
Dos agentes endógenos de transformação do relevo, o vulcanismo é o que provoca
mudanças na superfície de forma mais rápida, através da ação do magma sobre os
solos, mas também atua de forma lenta, durante a formação dos próprios vulcões, o
que leva milhares de anos para acontecer.
Geralmente, os solos localizados em regiões vulcânicas, ou cuja origem remonta a
atividades vulcânicas em tempos pretéritos, costumam ser extremamente férteis, em
virtude da quantidade de minerais que são liberados durante as erupções.
Agentes externos
Os Agentes externos ou exógenos, também chamados de esculpidores, são
responsáveis pela erosão (desgaste) e sedimentação (deposição) do solo. Eles são
ocasionados pela ação de elementos que se encontram sobre a superfície, como os
ventos, as águas e os seres vivos.
O agente externo mais atuante sobre a transformação dos solos é a água, seja de
origem pluvial (chuvas), seja de origem fluvial (rios e lagos), ou até de origem nival
(derretimento do gelo). A ação das águas também pode ser dividida em fluvial,
marinha e glacial. A água provoca transformação e modelagem dos solos e contribui
para a formação de processos erosivos.
A erosão pluvial ocorre pela ação das águas da chuva, que contribuem para o
processo de lixiviação (lavagem da camada superficial) dos solos. Forma também
alguns “caminhos” ocasionados pela força das enxurradas. Quando mais profundos,
esses caminhos podem contribuir para a formação de ravinas (erosões mais
profundas) e voçorocas (quando a erosão é muito grande ou quando ela atinge o
lençol freático).
A erosão fluvial acontece pela ação dos cursos d’água sobre a superfície, modelando
a paisagem e transportando sedimentos. Podemos dizer que são os próprios rios que
constroem os seus cursos, pois ao longo dos anos, as correntes de água vão
desgastando o solo e formando os seus próprios caminhos, que vão se aprofundando
conforme a força dos cursos dos rios vai erodindo o solo.
Os cursos d’água provocam o desgaste dos solos, formando os seus próprios cursos
A erosão fluvial é causada, também, quando a retirada da mata ciliar provoca danos
sobre as encostas dos rios, que ficam mais frágeis e cedem à pressão das águas.
A erosão marinha é aquela provocada pela ação das águas do mar sobre a
superfície, provocando o desgaste das formações rochosas litorâneas. Tal processo é
lento e gradual, contribuindo para a erosão das costas altas (abrasão marinha) e pela
deposição de sedimentos nas costas mais baixas. Contribui também para a
modelagem do relevo litorâneo, com as falésias, restingas, tômbolos e praias.
A erosão glacial é provocada pelo derretimento de geleiras localizadas em regiões
montanhosas e de elevadas altitudes, que formam cursos d’água que modelam a
superfície por onde passam. Outra forma de ação é o congelamento dos solos, que se
rompem com a “quebra” das geleiras.
Outro importante agente externo são os ventos, que atuam no relevo também em um
processo lento e gradual, esculpindo as formações rochosas e transportando os
sedimentos presentes no solo em forma de poeira. A ação dos ventos sobre o relevo é
também chamada de erosão eólica.
Exemplo de formação rochosa esculpida pela ação dos ventos
Além dos processos erosivos, há também o intemperismo, que é resultante da ação
de transformações físicas, químicas e biológicas sobre os solos. Esse processo
também é conhecido como meterorização e é responsável pela desintegração e
decomposição dos solos e das rochas.
Exemplo de intemperismo causado pela ação do clima
O intemperismo físico é causado pelas variações climáticas, que podem provocar a
desintegração das rochas, algo comum em regiões extremamente secas ou
desérticas. Já o intemperismo químico ocorre em função da ação das águas e da
umidade sobre a superfície, ocasionando a destruição da base original dos solos.
Tipos de rocha
A litosfera, a camada superficial e sólida da Terra, é composta por rochas, que, por sua vez, são formadas pela união natural entre os diferentes minerais. Assim, em razão do caráter dinâmico da superfície, através de processos como o tectonismo, o intemperismo, a erosão e muitos outros, existe uma infinidade de tipos de rochas.
Dessa forma, foram elaborados vários tipos de classificação das rochas. A forma mais conhecida concebe-as a partir de sua origem, isto é, a partir do processo que resultou na formação dos seus diferentes tipos.
Nessa divisão, existem três tipos principais: as rochas ígneas ou magmáticas, as rochas metamórficas e as rochas sedimentares.
1) Rochas ígneas ou magmáticas: são aquelas que se originam a partir da solidificação do magma ou da lava vulcânica. Elas costumam apresentar uma maior resistência e subtipos geologicamente recentes e de formações antigas. Elas dividem-se em dois tipos:1.1) Rochas ígneas extrusivas ou vulcânicas: são aquelas que surgem a partir do resfriamento do magma expelido em forma de lava por vulcões, formando a rocha na superfície e em áreas oceânicas. Como nesse processo a formação da rocha é rápida, ela apresenta características diferentes das rochas intrusivas. Um exemplo é o basalto.
Processo de constituição do basalto a partir da lava vulcânica1.2) Rochas ígneas intrusivas ou plutônicas: são aquelas que se formam no interior da Terra, geralmente nas zonas de encontro entre a astenosfera e a litosfera, em um processo constitutivo mais longo. Elas surgem na superfície somente através de afloramentos, que se formam graças ao movimento das placas tectônicas, como ocorre com a constituição das montanhas. Exemplo: gabro.
O gabro é um exemplo de rocha ígnea intrusiva2) Rochas metamórficas: são as rochas que surgem a partir de outros tipos de rochas previamente existentes (rochas-mãe) sem que essas se decomponham durante o processo, que é chamado de metamorfismo. Quando a rocha original é transportada para outro ponto da litosfera que apresenta temperatura e pressão diferentes do seu local de origem, ela altera as suas propriedades mineralógicas, transformando-se em rochas metamórficas. Exemplo: mármore.
O mármore surge a partir do metamorfismo do calcário3) Rochas sedimentares: são rochas que se originam a partir do acúmulo de sedimentos, que são partículas de rochas. Uma rocha preexistente sofre com as ações dos agentes externos ou exógenos de transformação do relevo, desgastando-se e segmentando-se em inúmeras partículas (meteorização); em seguida, esse material (pó, argila, etc.) é transportado pela água e pelos ventos para outras áreas, onde se acumulam e, a uma certa pressão, unem-se e solidificam-se novamente (diagênese), formando novas rochas.Esse tipo de constituição rochosa, em certos casos, favorece a preservação de fósseis, que, por esse motivo, só podem ser encontrados em rochas sedimentares. Além disso, nas chamadas bacias sedimentares, é possível a existência de petróleo, recurso mineral muito importante para a sociedade contemporânea. Exemplo: calcário.
O calcário é uma rocha sedimentar *Conhecer os diferentes tipos de rocha é importante para a realização de práticas econômicas, que se beneficiam delas de várias formas. Além disso, tal compreensão possibilita o entendimento dos processos de formação da Terra, do relevo e seus ciclos de transformação.
Diferença entre rochas e minerais
Rochas e minerais são estruturas sólidas que compõem a litosfera terrestre. Diferenciar essas duas formas é extremamente importante para as Ciências da Terra.
Rochas e minerais: qual será a diferença?
É comum haver confusão por parte de muitas pessoas sobre a diferença entre rochas
e minerais. Muitos acreditam ser a mesma coisa, outros até sabem que são diferentes,
mas não conseguem definir o que torna um objeto distinto do outro. Por esse motivo, é
necessário conhecer os seus respectivos conceitos sob o ponto de vista das Ciências
da Terra.
Uma rocha – na literatura especializada nunca se utiliza o termo “pedra” –
corresponde a um agregado de minerais. Portanto, os minerais são apenas
composições que estruturam as rochas. Um exemplo é o granito, em que uma de suas
variações apresenta uma composição de quartzo, mica e feldspato.
Granito, uma rocha formada por vários minerais
Já os minerais são compostos químicos quase sempre inorgânicos e presentes na
forma sólida. Costumam ser homogêneos e subclassificados conforme suas diferentes
propriedades, tais como textura, dureza, opacidade, brilho, cor, entre outras. Existem
rochas que são formadas por um único tipo de mineral. Essas nada mais são do que
um mineral agrupado em grande quantidade, como é caso do quartzito, que é formado
apenas por quartzo.
Quartzito Rosa, uma rocha formada apenas por quartzo
As rochas são classificadas em três diferentes tipos, que variam conforme a sua
gênese: sedimentares, ígneas e metamórficas. As sedimentares formam-se a partir
da cimentação ou junção sob alta pressão de restos de rochas preexistentes
(sedimentos); as ígneas surgem a partir da solidificação do magma tanto na superfície
(extrusivas) quanto no interior da Terra (intrusivas); e as rochas metamórficas surgem
do metamorfismo de outras rochas anteriormente existentes, em que essas se
modificam sem antes se transformarem em magma ou sedimentos.
Relevo brasileiro
O relevo brasileiro possui grandes variações regionais, sendo constituído, principalmente, por planaltos, depressões e planícies.
Chapada Diamantina, localizada em uma região de planalto no Nordeste brasileiro
O relevo corresponde às diferentes formas da superfície terrestre, que se diferenciam
conforme a estrutura geológica em que se originaram e os agentes
de formação e transformação do relevo que influenciaram a sua composição e
evolução. Esses elementos definem as principais características do relevo de uma
determinada área e são fundamentais para a sua identificação e classificação.
O relevo brasileiro formou-se a partir de estruturas geológicas compostas,
principalmente, por formações sedimentares recentes e estruturas vulcânicas e
cristalinas de idade muito antiga. Seu processo de formação e transformação foi muito
influenciado pelos fatores exógenos, ou seja, pelos agentes formadores e
modeladores do relevo que atuam na superfície do planeta Terra.
Além disso, a sua formação não foi impactada pela grande movimentação tectônica
ocorrida no Período Terciário, entre 65 e 1,5 milhões de anos atrás, que foi
responsável pela formação de dobramentos modernos, como os Andes ou o Himalaia.
Em consequência de seu processo de formação, o relevo brasileiro caracteriza-se pelo
predomínio de áreas de médias e baixas altitudes, já que no Brasil não houve a
formação de dobramentos modernos e os escudos cristalinos mais elevados foram
desgastados pelos agentes modeladores do relevo.
Ao longo da evolução dos estudos geográficos sobre o território brasileiro, o relevo do
país apresentou diversas classificações, que levavam em consideração diferentes
fatores e a tecnologia disponível na época. A classificação mais antiga foi proposta
pelo autor Aroldo de Azevedo, em 1940, e dividiu o relevo brasileiro de acordo com o
seu perfil topográfico.
Nessa classificação, o país foi dividido em oito compartimentos do relevo:
quatro planaltos (áreas com altitudes superiores a 200 m), que ocupavam cerca de
59% do território brasileiro, e quatro planícies (áreas com altitudes de até 200 m), que
correspondiam a cerca de 41% do território nacional. Na década de 1970, Aziz Nacib
Ab'Saber publicou uma nova classificação do relevo, que possuía uma maior
aproximação com os pressupostos da Geomorfologia e dividia o relevo a partir da sua
formação e características. Para Ab'Saber, o país estava dividido em dez
compartimentos, sendo sete planaltos e três planícies.
A maioria das planícies brasileiras está localizada em áreas de grandes bacias
hidrográficas
Atualmente, a classificação do relevo mais aceita na Geografia é a proposta por
Jurandyr Ross, que se baseou nos estudos geomorfológicos do Brasil realizados até
aquele momento (1995), principalmente nas obras de Aziz Nacib Ab'Saber e no
projeto RadamBrasil, que realizou um levantamento e mapeamento sistemático dos
recursos naturais brasileiros com o auxílio de imagens aéreas. Essa classificação
utilizou como critérios o processo de formação das formas de relevo, o nível altimétrico
e a estrutura geológica do terreno. De acordo com essa classificação, o relevo
brasileiro pode ser dividido em 28 unidades, sendo elas áreas de:
Planaltos: Áreas de médias a altas altitudes, com superfícies irregulares e
predomínio de processos de erosão. De acordo com essa classificação, as áreas de
planalto no Brasil constituem onze unidades do relevo: Planalto da Amazônia
Oriental, Planalto da Amazônia Ocidental, Planalto e Chapadas da Bacia do
Parnaíba, Planalto e Chapadas da Bacia do Paraná, Planaltos Residuais Norte-
amazônicos, Planaltos Residuais Sul-amazônicos, Planaltos e Chapadas dos
Parecis, Planalto da Borborema, Planalto sul-rio-grandense, Planalto e Serras do
Atlântico Leste, Planaltos e Serras de Goiás-Minas, Serras Residuais do Alto
Paraguai.
Planícies: Superfícies, geralmente planas e de baixa altitude, formadas a partir do
acúmulo de sedimentos de origem marinha, lacustre ou fluvial. Segundo essa
classificação, o país possui seis áreas de planície: Planície do Rio Amazonas,
Planície do Rio Araguaia, Planície e Pantanal do Rio Guaporé, Planície e Pantanal
do Rio Paraguai ou Mato-grossense, Planície das Lagoas dos Patos- Mirim, Planícies
e Tabuleiros Litorâneos.
Depressões: Áreas formadas a partir de processos erosivos nas áreas de contato
entre as bacias sedimentares (material menos resistente) e os maciços cristalinos
(material mais resistentes). Nessa classificação, o Brasil possui onze unidades de
depressões: Depressões Marginal Norte-amazônica, Depressão Marginal Sul-
amazônica, Depressão do Araguaia, Depressão Cuiabana, Depressão do Alto do
Paraguai-Guaporé, Depressão do Miranda, Depressão Sertaneja e do Rio São
Francisco, Depressão do Tocantins, Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia
do Paraná e Depressão Periférica Sul-rio-grandense.
É importante ressaltar ainda que, de acordo com as três classificações apresentadas
neste texto, não existem montanhas ou cadeias de montanhas no território brasileiro.
Isso porque, como não houve a formação de dobramentos modernos no Brasil, os
picos mais elevados do território brasileiro (Pico da Neblina, Pico 31 de Março, Pico da
Bandeira etc.) não teriam se originado desse tipo de estrutura geológica, não podendo,
portanto, ser classificados como montanhas.