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belsimonato.wordpress.com HISTÓRIA Profª Isabel Cristina Simonato 1 Filme A MISSÃO Título do filme: A MISSÃO (The Mission, ING 1986) Direção: Roland Joffé Elenco: Robert de Niro, Jeremy Irons, Lian Neeson, 121 min., Flashstar - Resumo No século XVIII, na América do Sul, um violento mercador de escravos indígenas, arrependido pelo assassinato de seu irmão, realiza uma auto penitência e acaba se convertendo em um missionário jesuíta em um dos aldeamentos que constituíam os Sete Povos das Missões , região da América do Sul reivindicada por portugueses e espanhóis, local que foi palco das "Guerras Guaraníticas”. O filme foi premiado com a Palma de Ouro em Cannes e Oscar de fotografia. - Contexto Histórico

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belsimonato.wordpress.com HISTÓRIA

Profª Isabel Cristina Simonato

1

Filme A MISSÃO

Título do filme: A MISSÃO (The Mission, ING 1986)Direção: Roland JofféElenco: Robert de Niro, Jeremy Irons, Lian Neeson, 121 min., Flashstar

- ResumoNo século XVIII, na América do Sul, um violento mercador de escravos indígenas, arrependido pelo

assassinato de seu irmão, realiza uma auto penitência e acaba se convertendo em um missionário jesuíta em um dos aldeamentos que constituíam os Sete Povos das Missões, região da América do Sul reivindicada por portugueses e espanhóis, local que foi palco das "Guerras Guaraníticas”. O filme foi premiado com a Palma de Ouro em Cannes e Oscar de fotografia.

- Contexto HistóricoAo longo dos séculos XVI e XVII várias missões1 católicas foram criadas pelos jesuítas na América do Sul.

Surgida no século XVI, com a Contrarreforma Católica, a Companhia de Jesus tinha como missão, o trabalho de evangelização e catequese dos nativos do Novo Mundo (nome que os europeus usaram durante décadas para designar o que hoje denominamos América).

Embora tivessem como objetivo a difusão da fé e a conversão dos nativos, as missões acabaram como mais um instrumento do colonialismo, onde em troca do apoio político da Igreja, o Estado se responsabilizava pelo envio e manutenção dos missionários, pela construção de igrejas, além da proteção aos cristãos. Na análise de Darcy Ribeiro 1 Também denominados aldeamentos ou reduções jesuítas, eram as comunidades criadas pelos jesuítas para serem palco da catequese e conversão dos nativos americanos ao catolicismo.

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em sua obra "As Américas e a Civilização", as missões jesuíticas caracterizaram-se como "a tentativa mais bem sucedida da Igreja Católica para cristianizar e assegurar um refúgio às populações indígenas, ameaçadas de absorção ou escravização pelos diversos núcleos de descendentes de povoadores europeus, para organizá-las em novas bases, capazes de garantir sua subsistência e seu progresso".

Durante o século XVIII o movimento missionário enfrentou problemas na América do Sul, em áreas de disputa entre o colonialismo espanhol e português. No sul do Brasil, a população indígena dos Sete Povos das Missões, foi submetida pelo Tratado de Madrid (1750), um dos principais "tratados de limites" assinados por Portugal e Espanha para definir as áreas colonizadas.

Pelo Tratado de Madrid, ficava estabelecida a transferência dos nativos para a margem ocidental do rio Uruguai, o que representaria para os guaranis a destruição do trabalho de muitas gerações e a deportação de mais de 30 mil pessoas. A decisão foi tomada em comum acordo entre Portugal, Espanha e a própria Igreja Católica, que enviou emissários para impor a obediência aos nativos. Os jesuítas ficaram numa situação delicadíssima, pois se apoiassem os indígenas seriam considerados rebeldes e, se apoiassem a Igreja, perderiam a confiança dos nativos. Alguns permaneceram ao lado da coroa, mas outros, como o padre Lourenço Balda da missão de São Miguel, deram todo apoio aos nativos, organizando a resistência desses índios à ocupação de suas terras e à escravização. Dá-se o nome de "Guerras Guaraníticas" para esse verdadeiro massacre dos nativos e seus amigos jesuítas por soldados de Portugal e Espanha. Apesar da absurda inferioridade militar, a resistência indígena estendeu-se até 1767, graças às táticas desenvolvidas e as lideranças de Sépé Tirayu e Nicolau Languiru.

No final do século XVIII, os índios já tinham sido dispersados, escravizados, ou ainda estavam refugiados, na tentativa de restabelecer a vida tribal, que os caracterizava antes das missões.

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Localização dos Trinta Povos das Missões e áreas ocupadas por suas fazendas.

- Relatório do filme “A Missão”Dirigido por Roland Joffé e escrito por Robert Bolt, o filme A Missão é uma obra inglesa de 1986, baseada em

fatos reais, com personagens fictícios e reais, e trata da época da expulsão dos jesuítas do reino português devido à crise nas relações entre Coroa portuguesa e a Companhia de Jesus.

Irmão Gabriel (Jeremy Irons) é um padre jesuíta designado para a Missão de São Carlos logo depois da morte de um padre. Chega desarmado à região e, em meio dos índios guaranis, ele é aceito por aquele povo por conta da música que tira do seu oboé, e é levado até onde estes residem. Lá ele reinicia o trabalho de evangelização dos índios.

Rodrigo Mendonza (Robert De Niro) é um mercador de escravos que tem sua vida mudada completamente após cometer um crime passional: tirou a vida do próprio irmão, Felipe Mendonza (Aidan Quinn), por conta de uma mulher, Carlotta (Cherie Lunghi). Como se tratou de um duelo, ele permanece em liberdade. Todavia, movido pelo sentimento de auto punição, exila-se por conta própria em um mosteiro. Entretanto, ele aceita o convite do irmão Gabriel para retornar com ele à Missão de São Carlos – ou seja, a estar do lado daqueles “seres” que antes caçava. Com o passar do tempo, o convívio com os índios vai transformando Mendonza, a ponto de ele se tornar um jesuíta.

Os jesuítas são convocados a defender sua permanência numa corte, que seria analisada por Altamirano (Ray McAnally), funcionário da Coroa portuguesa. O território ocupado pelas missões está em vias de passar a pertencer aos espanhóis: que podem escravizar os índios, ao contrário dos portugueses.

Antes de dar seu parecer final, Altamirano decide visitar as missões para conhecer o trabalho dos jesuítas na América do Sul. Ele visita várias missões e, em meio a uma indecisão, irmão Gabriel o convida a conhecer a Missão de São Carlos.

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Todavia, o destino das missões já estava traçado antes da corte ser iniciada: os jesuítas deveriam retirar-se do território ou serem massacrados por um exército. Todas as tentativas de persuadir os índios de se retirarem das missões são malogradas, e na missão de São Carlos, Mendonza abdica de seu voto de obediência jesuítica para liderar uma resistência. Irmão Gabriel se opõe, e decide ficar na missão sem lutar.

No final, todos são dizimados: tanto o valente Mendonza – que recebe o primeiro tiro tentando salvar a vida de algumas crianças –, quanto o pacato irmão Gabriel, que é morto com o corpo de Cristo em suas mãos. E assim se faz a vontade dos homens, que se julgam serem os porta-vozes da vontade de Deus.

Enfim, muitos falam das missões jesuíticas apenas por seu caráter evangelizador, no seu papel na quebra da identidade indígena. Mas o que moveu a Coroa portuguesa a expulsar os jesuítas não foi a preocupação com os índios, é óbvio, e sim questões políticas. Após a descoberta do Novo Mundo, os habitantes do paraíso só podiam ter três destinos: ou perder seus costumes e crenças para uma nova cultura, em nome de Deus; ou serem escravizados como animais selvagens; ou serem dizimados pelos colonizadores.

Retirado de http://meuartigo.brasilescola.com/artes/a-missao.htm, em 16.06.2015.