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OPINIÃO Porque cala a imprensa catarinense , I I I I Jornal laboratório do Curso de Jornalismo da UFSC Ano 13 - 7 - Maio /96 I' I; II AL Como educar seu filho? Dazaranha: a ascenção de uma banda mané da ilha iJí� Dr. Minatti, o picareta do sexo virtual Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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OPINIÃOPorque cala a imprensa catarinense

, IIII

Jornal laboratório do Curso de Jornalismo da UFSCAno 13 - nº 7 - Maio /96

I'I;

II

AL

Como educar seu filho?

Dazaranha: a

ascenção de uma

banda mané da ilha

iJí�Dr. Minatti, o picareta

do sexo virtual

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

ZEROJornal Laboratório doCurso da Jornalismo da UFSCAnD 13 - 11.7- maiol 96

Arte: Romeu Martins

censurar até mesmo entrevistacoletiva. A bancada estadual doPPB convocou uma no dia 18de abril, para anunciar queprotocolara uma ação popularpedindo a suspensão de toda a

propaganda do governo do Es­

tado, por considerá-la de con­

teúdo "marcantemente políti­co-partidário e de promoçãopessoal do governador Paulo

. Afonso Vieira" (PMDB). Dois

jornais limitaram-se a dara notícia em notinhas es­

condidas no pé de página.A ação - bem fundamenta­da, inclusive com levanta­mento estatístico sobre os

anúncios institucionais pu­blicados pelas secretariasde Estado - envolvia, alémdo próprio governador, osecretário de Comunica­

ção, Paulo Arenhart, o se­

cretário-adjunto, RogerBittencourt, e o assessor espe­cial do governador, Paulo Pris­co Paraíso. Além das agênciasde propaganda escolhidas e os

membros que compuseram a

comissão de licitação.A linguagem do governo

não é de mão única. Bastariaconfrontar o teor das manche­tes dos jornais com o montan­

te de verbas pagas mês a mês

pelo governo. Desde o PlanoCollor os custos das empresassubiram e os anunciantes pri­vados escassearam. O dinheiro

público passou a sustentar os

veículos de comunicação. Daí opoder que os 23 milhões tem.

Se há pouco dinheiro, os jor­nais tornam-se oposição. Se o

dízimo está em dia, o melhor

lugar do mundo é aqui, e ago­ra. A estratégia é antiga.Chateaubriand fez fortuna com

ela. Trata-se de um jogo contí­nuo de poder em que cada par­ticipante usa todas as armas quetem e o equilíbrio só é obtidoatravés de chantagens mútuas.

Quem perde sempre é o cida­dão.

Estes são alguns dos mo­

tivos, senador Kleinübing, por­que este artigo jamais poderiaser publicado em qualquer jor­nal catarinense. No seu tempotambém era assim, lembra?

O

suspenso. O jornal quis sabero motivo do corte da verba -

de cerca de R$ 20 mil. A respos­ta foi direta: o jornal publicaraos artigos do cineasta batendono secretário, por que cargasd'água continuaria recebendodinheiro do governo?

Mesmo sendo propriedadedo ex-deputado Moacir Tho­mazzi - historicamente um po­lítico alinhado com a Arena,

o Executivo

interfere diretamenteno que épublicadopelos jornais quecirculam no estado.

---------------------------- maio /1996

PDS e PPB - o jornal cedeu. Ti­veram que sair, diante do ali­nhamento do jornal, o editor­chefe da sucursal de Flori­

anópolis, Marcelo Possamai, e

o editor de política Adauri Bar­bosa. Possamai foi assessor de

comunicação do governadorVilson Kleinubing. A verba foi,enfim, garantida.

Outro fato: o colunistaLuiz Antônio Soares, do jornalA Notícia, publicou na íntegrauma carta enviada pelo secre­

tário-adjunto de Comunicação,Roger Bittencourt. A carta acu­

sava Soares de estar fazendo

oposição sistemática ao gover­no Paulo Afonso. Dizia adiante

que não conhecia a formaçãodo jornalista e que jamais ha­via recebido um telefonemadele. Soares respondeu que não

precisa ir ao Palácio ou telefo­nar para ter notícias do que se

passa no governo.A carta era a resposta do se­

cretário ao que Luiz AntônioSoares havia escrito dias antes.

O colunista - salvaguardado no

limbo que os colunistas ocu­

pam na imprensa catarinense -

aconselhou que seria melhor

para o governador deixar de se

iludir pelos "abobados que o

cercam".A verba de propaganda é

tão poderosa que consegue

Porque cala a imprensacatarinenseColaboração: Lãciene

Gimenez Branco, ProfHenrique Finco, SérgioSeverino

Capa: Foto: Elmar MeurerEstúdio Zoom ModelsArte: Joice Sabatke

Edição: Joice Sabatke,Christina Va/adão, G/adinstonSilvestrini, Marcelo Santos,Renê Müller, Elmar Meurer,Daniela de Paula Queiroz,Barbara Pettres, LauraTuyama, Paulo Henrique de

Sousa, Alessandro Bonassoli

Editoração Eletrónica:G/adinston Silvestrini, JoiceSabatke, Christina Va/adãc,Laura Tuyama

Infografia: G/adinstonSilvestrini

Laboratório Fotográfico:Barbara Pettres, LauraTuyeme, Elmar Meurer,Marina Moros

Montagem: ChristinaVa/adão,G/adinstonSilvestrini, Sérgio Severino

Planejamento Gráfico:Joice Sabatke, ChristinaVa/adão

Supervisão: Prof CarlosLocatelli

Redação: Curso de Jornalismo

(UFSC - CCE), Trindade,Florianópolis/SC - CEP 38040 -

900

e-mail: [email protected]

Telefones: (048) 231-9490 e

231-9215

Telex e Fax: (048) 234-4069

Fotolitos e Impressão: JornalA Notícia

Tiragem: 5 mil exemplaresDistribuição Gratuita

Circl!!�ção Dirigida� �

,� : ..... : .

O senador Vilson Kleinü­

bing (PFL) desafiou a

imprensa ca tarinense a

praticar o "jornalismo inves­

tigativo", em uma entrevistacoletiva, no último diâ 22 deabril. Estava visivelmente irrita­do com a ausência de notíciascontra o governo do Estado nos

jornais e nas TVs de SantaCatarina. Irônico, disse estar

desconfiado que Goebbels - o

mentor da propaganda na­

zista - esteja por perto.Certamente, não é nenhu-ma comparação entre os

responsáveis pela área de

comunicação do governo e

o nazista. Mas como publi-car, senador, se os jornaisestão censurando até entre­vista coletiva?

No episódio ca ta r i­

nense, o Goebbles citado

por Kleinübing pode ser

traduzido por alguns milhões.Mais precisamente, R$ 23 mi­lhões - verba empenhada paraa propaganda do governo. Éarmado com este- arsenal queo Executivo tenta interferir di­retamente no que.. é publicadopelos jornais que circulam no

estado. Às vezes chega a deter­minar o que pode ou não ser

publicado. Matérias sobre a

paranaense Inepar e a Paulista

Seguros, empresas que financi­aram a campanha db governa­dor Paulo Afonso e que agoraestariam sendo beneficiadascom generosas verbas governa­mentais, teriam sido censura­

das em pelo menos dois jor­nais, segundo relato dos auto­

res que, obviamente, não se

identificam para não perder oemprego.

Mas a materialização da in­terferência ocorreu quando da

publicação, pelo jornal A Notí­cia, de três artigos do cineasta

Eduardo Paredes criticando o

comportamento do secretáriode Comunicação PauloArenhart. Um episódio lamen­tável que resultou em retaliaçãocomercial e demissão de jorna­listas. Dois dias depois da pu­blicação do terceiro artigo, o

jornal foi avisado de que o

anúncio de página inteirá deum caderno de cultura estava

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

maio/1996--------------------------------------------------------------------------

�.... céus", Brasil .

O� uiáloqos aiirmam que está acontecendo um direçãoà

Catanduva. Na rnes- : rnarnerüe, ,10 tocante ao

CC" maestrada,oempresárioJoão . aparecimento de objetos vo-fenômeno que eles chamam de onda. ZERO da Matta, 48 anos, garante ter : adores em quase todo o es-

confere o que os cibernautas tern a dizer sobre o feito o contato mais próximo : paço aéreo brasileiro é

t: com o OVNI, que descreve . apenas um pequenaassun O .

como sendo um aparelho : ponto do que re-por Romeu Martinsoval, emitindo luzaes colori- a Imen tedas e comuma "traseira pare- acontece.

cida com a do antigo Simca Ocorreu um

Chambord' . Toda essa agita- caso em Vargi­ção chamou a atenção do pre- nha-MG de um .

sidente da Sociedade de Estu- aparecimento dedos Extraterrestre, Socex, o uma estranha cri­

ufólogo grego Eustáquio atura o que fez queAndréa Patounas. a população ficasse

Eustáquio, entrevistado no alarmada, então foiúltimo ZERO, não só acredita quase impossível a im­na veracidade do caso ,como : prensa esconder talfato.dá o endereço e a missão dos : Daí apopulação começou aOVNIs de Joaçaba: "Os seres : falarsobre osaparecimentossão oriundos de Arcturus, na : de OVNIs que estavam ocor­

constelação perto de Sirius, e : rendo - até então quase nin­sua tarefa é ancorar uma nova : guém falava por medo ou

energia propícia para as mu- : mesmopor não ter que pas­se noticiava um danças a nível vibracional, e : sarpor humilhações - a im­

para encorajar ações para : prensa.pressionadapelogo­transmutação de valores espi- oerno.foi "obrigada"a escla­rituais". recer tais fatos, o que a le-

Mas o assunto é polêmí- vou a transmitir aquelas tãoco, e nem todos têm tama- tolas explicações, dizendonha convicção, por isso na que eram apenas imagensestréia da seção Fórum desfocadas de algum pontoInternet, o ZERO lançou a de luz. Todos nós querendoseguinte questão na rede saber umpouco e tendo quedas redes: '� verdade está ouvir tolices I!!mesmo lá fora?" €) Everson Luis Taco

Pesquisador ufológico e

tradutor da revista UFO. . .,.""

g952�iqm.uniCdfTlp.brexiste desde a épocada 2'"grandeguerra(1945), masgrandescompanhias "abafa­ram" o seu lança­mento. A tecnologiasó é mostradaparaa humanidade de­

pendendo dos inte­resses de quem a de­senvolveu.Juliano Noal Palma

reproduções! ZERO Universidade Federal deSanta Maria - RS

[email protected]êmico de Engenharia Mecâni­ca

Desdeo início do

ano, já foram rela­tados avistamentos

na maioria dos estados, doRio Grande do Sul à Bahia,passando por Minas Gerais e

até mesmo SantaCatarina.Al-

guns casos ficaram célebres,como o de Varginha- MG,onde fala-se até de um extra­

terrestre capturadopelo Cor-

Desenho de OVNI avistado em Joaçab_a

A partir do mo­

menta em que foivisto algo que voa e

não foi identifica­do, evidentementetrata-se de um

OVNI. Agora, nami­nha opinião, afir-

o marque dentro des­te OVNI existem se­

res de outrosplane­tas épuraprecipita­çâo. A maioria dosaoistamentos não

passa 'de má iruerpretaçâodosfenôrrumos atronômicosbanais, engodos e, oque estámuito emmoda: uma ótima

forma de se divulgar umadeterminada região dopaís.Eduardo GaivãoBelo Horizonte - [email protected] eletrecista - Analista -

Astrônomo amador

po de Bombeiros local.Em Santa Catarina, duran­

te todo o mês de março, o in­teresse pelo assunto ficou porconta das aparições em cida­des do Oeste, principalmenteJoaçaba, onde centenas de pes­soas chegaram a fazer vigíliastodas as noites. Sintonizadasnas rádios locais, uma verda­deira multidão ia ora para às

proximidades do ae­roporto Santa

Terezinha, ora doPresídioRegional, aspartes mais altas dacidade, cada vez que

avistamento.Várias pessoas

fotografaram e filma­ram .o fenômeno.Um cinegrafista daTV Barriga Verde

chegou a acompa­nhar um objeto lu­minoso por um tre­

cho de 20 quilôme­tros da BR-282, em

gal e deixa cair pedaços. AAMPEU e o CIPFANI

inoestigam e en­

contram uma

placa com ins­

crições. Asduas teste­

munhassâo poucoconfiá­veis e a

placaé de

liga co-

mum de cobre.

Belo HorisonteÉfilmado um OVNI com

formato de morcego. Todosos objetos com formato debat-sinal são aberrações delentes geradaspor câmerascomzoom 12x. Este, empar­ticular era Vênus, com 100%de certeza .

VarginhaSuposto ET au IT vista

dentro da cidade. Captura­do pela PM/Exército. Nãodispomos de mais informa­ções... por enquanto!Aloysio CarvalhoBelo Horizonte - MG

Meu irmão afirma ter

presenciado estranhas luzesnosúltimos dois diasno céu

aqui dePelotas. As luzes sãode cor uerrnelbotalaran­jado, e aparecem por voltade 20hs., sempre na mesmadireção. Seu movimento va­ria, incluindo movimentos o

verticais.Nãopossoafirmar nada

mais, apenas estou relatan­dopara registrar ofato.André "Andy" CarusoPelotas - [email protected]

ApalavraOVNI édesigna­da para objetos voadoresnão- identificados, nâoquerdizer que estes "objetos" se­jam de outrosplanetas ega­láxias. Será que a NASA e a

humanidadejá nãopossuemdúvida que tais discos voa­

dores que andam assustan­

do as pessoas por aí não fo­ram desenvolvidos pelos ci­entistas terrestres, os quaisandam fazendo experimen­tospara testá-los? ... Segredosmilitares são ainda os maisbemguardados... Não esque­çam que a telefonia celular

O que tem ocorrido ulti-

Envio a posiçãoda pesquisa emMi­nasGerais sobre ca­sas recentesdivulga­dospela ]1.;ConselheiroLafaiete

Luz Misteriosaem Lagoa. Filmadopela IV atrai multidões,gera comércio. O CIPFANI in­

vestiga e descobre tratar-seo

de um reflexo de doispostesde luzde sódio distantes.Ma­tériapublicada noEstadodeMinas - 04/04/96Januária

OVNI desce sobre mata-

[email protected]

Todos asistiram a repor­tagem do Fantástico (21/04/96) sobre aoistamentos no

céu da Paraíba, numa cida­depróxima aJoão Pessoa.

As autoridades não se

pronunciaram ?

Ninguém avisou a Aero­náutica ?

Novamente ficamos sem

respostas...Emigdio H.EngelmannSanta Cruz do Sul - RSProfessor da [email protected] çada edição do Zero sãoselecionados diferentestemas para discussão.

Se \( )(!'L' quepa ri ici pa r d()

Fórum Internet Zen).c�crL'\ a pa LI

conl((/ ('Ce.lI fsc. hr

ZER•

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

Antecipações de Receita Or­

çamentária, somaram R$1<;5 milhões. Estas opera­ções são, basicamente, em­préstimos que o govemo doestado toma em bancos pú­blicos ou privados dandocomo garantia a sua receitafutura. Um estado com as

contas em dia também nãose sujeitaria às condições im­postas pela Caixa Econômi­ca Federal para um.ernprés­timo de R$ 90 milhões (verbox).

DOIS MAIS DOIS - Poroutro lado, estranha ver o

desempenho de Santa Cata­rina em arrecadação. A mé­dia mensal da receita líqui­da passou de R$ 76 bilhõesem 94 para R$ 136 bilhõesem 95. O estado conseguiuo melhor resultado na arre­

cadação do ICMS desde1986. O total arrecadado

chegou a R$ 1,75 bilhão,14,23% a mais que em 94.Isso representa o terceiromaior crescimento real doICMS entre os estados da fe­

deração, atrás apenas de São. Paulo e Rio de Janeiro. Jun­te-se a isso os R$ 100 mi­lhões obtidos com a vendade ações da Celesc peloInvesc, Santa Catarina Parti­

cipações e InvestimentosS.A.

A diferença nas contas

apresentadas pope esclare­cer o que realmente foi a

transição pacífica do gover­no Konder Reis para PauloAfonso. O deputado CarlitaMerss, do PT, diz que tudo

fonte Secretaria de Estado da Fazenda

n referente a primeira parcela do empréstimo de R$ 90 milhOes

------------------------------------- maio /1996

não passou de uma estra­

tégia para garantir a maio­ria na Assembléia Legis­lativa. O interesse do PMDBseria manter as aparênciasdas contas do governoKleinubing/Konder Reis,muito mais abaladas que o

divulgado, garantindo as­

sim os sete votos do PFL.Vale lembrar que o partidode Jorge Bornhausen não

garantiu apenas a aprova­ção dos projetos do gover­no no Leg is lat ivo. Tevetambém apoio fundamen­tal na própria eleição paragovernador, com o fim daUnião por Santa Catarina

O

Comissão Parlamentarde Inquérito vai

tnvestiqar as contas do90verno Paulo Afonso

por GladinstonSilvestrlnl

/

os .deputados e�tadu­ars que compoem a

CPI das contas do

govemo Paulo Afonso têmaté o dia 30 de junho paradescobrir o que aconteceu

com o caixa de Santa Ca­tarina nos últimos treze me­ses. Principalmente quandona mudança do governoKonder Reis para Q atual,propagou-se a idéia de queo estado estava com as finan­

ças equilibradas, criando o

que se chamou de "transiçãopacífica". Hoje, no entanto a

situação é outra. Sobra mêsno fim do orçamento.

Ou a situação apresen­tada em janeiro de 95 nãoera tão boa, ou Paulo Afon­so quebrou o estado. É o quese conclui ao ver os núme­ros apresentados pelo secre­tário da Fazenda, OskarFalk.Adívida pública, em feverei­ro de 96, passava de R$ 2,5bilhões. O comprometimen­to mensal da receita para o

pagamento das dívidas su­

biu de R$ 22 milhões em ja­neiro para R$ 35 milhões emdezembro de 95. Já a folhade pagamento do funciona­lismo passou de 61% da re­

ceita estadual para 91,8%.Outros números des­

mentem a suposta saúde fi­nanceira. Só em 95 asARO's,

Vem pra caixa, vem

iJissecando O caixa do estado

o governo do estado não conseguiu fazer valero decreto 624/96, determinando o limite de 65% dareceita para a folha de pagamento e o corte nos salá­rios do servidores do estado. Mas, no meio da con­

fusão, fez aprovar o projeto que submetia o estadoao voto do Conselho Monetário Nacional para apro­var um empréstimo de R$ 90 milhões junto à CaixaEconômica Federal. Sobre as condições do emprés­timo, a melhor definição veio do senador Vilson

Kleinübing, do PFL: intervenção branca.Para ter autorizado o empréstimo, Santa Catarina

teve que assumir o compromisso de atingir as metaspropostas pelo CMN. São 23 pontos, presentes no

contrato, que interferem em quase toda a adminis­

tração estadual.Os servidores públicos estão entre os grandes

prejudicados pelas condições impostas. É exigido dogoverno do estado a implantação imediata de um

programa de demissões voluntárias. Mexe inclusivena legislação estadual, propondo a revogação de

quaisquer beneficios que não estejam previstos em

lei federal. A obrigação de conter a folha de paga­mento reaparece, só que desta vez prevê no máxi­mo 70% da receita em 96, 65% em 97 e 60% em 98.

A privatização de empresas catarinenses é outro

ponto de destaque no contrato. O governo deve ins­tituir um programa estadual de desestatização, en­carregada das empresas de administração indireta,como as fundações. Conforme o documento, até o

final de 96 devem estar prontos estudos sobre a

privatização da Celesc e da Casan. Não por acaso, as

duas empresas são as primeiras a ter suas ações ven­didas através do Invesc.

O prazo para pagamento do empréstimo vai atéo final de 98. A liberação do dinheiro foi feita em

duas parcelas de R$ 45 milhões, em fevereiro e mar­

ço (G.S.).

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

Febre aftosa causa perdas de até 24% no

peso dos animais atingidos

Elmar Meurer/ZERO

maio/1996------------------�--------------------------------------------------------

A carne que a Europa querEm cinco anos o estadocontrolou a febreaftosa. Agora querexportar carne paranovos mercados

por Michele Nadirde Oliveira

Até maio o governoestadual vacinoucontra a febre afto­

sa 2,5 milhões de bovinosem 250 mil propriedadesrurais catarinenses. Foi ape­nas a primeira etapa da cam­panha em Santa Catarina, oúnico estado brasileiro quehá quase cinco anos não re­

gistra casos da doença.Participam da campanha

260 médicos veterinários,160 auxiliares agropecuáriose dois mil vacinadores co­

munitários. Após a primeiraetapa de vacinação, será re­

alizado um levantamento

para avaliar o grau de imu­

nização do rebanho. Depen­dendo do resultado, o esta­

do pode ser declarado "Li­vre da Febre Aftosa com Va­

cinação", garantindo assim,a comercialização de produ­tos de origem animal noMercado Comum Europeu."O nosso objetivo é conse­

guir o reconhecimento co­

mo livres da doença sem va-

cinação. Mas isso exige umafiscalização sanitária muito

maior", diz o médico veteri­nário, dr. Luís Kerinus.

MELHOR PREÇO - Abusca do reconhecimentodo estado como "livre da fe­bre aftosa" (atualmente al­

guns países da União Euro­

péia já consideram-no imu­

ne) tem razões econômicas.É que muitos países, princi­palmente da Ásia e da União

Européia, deixam de impor­tar suínos, aves, enlatados e

até mesmo produtos como

soja emilho, se forem detec­tados casos da doença. Issojá aconteceu em 1991, ano'do último surto, quandoSanta Catarina foi descre­denciada do mercado expor­tador por três anos. Outra

vantagem é que se o quiloda came exportada hoje cus­ta um real, o valor pulariapara seis reais se o estadoestiver imune à febre aftosa.

A segunda etapa da cam­

panha começa em outubro,onde serão vacinados 0$ ani­mais com menos de doisanos de idade. A vacina pro­tege-a por seis meses. "Osanimais com mais de doisanos que já receberam cin­co aplicações, podem ser

vacinados de ano em ano",

diz Kerinus.Além do controle da afto­

sa, o governo vai realizaruma fiscalização intra e in­terestadual no comércio de

bovinos, aves e suínos. Paraisso, vão ser instaladas cin­

co barreiras sanitárias fIXaSna divisa com o Estado do

Paraná, nas cidades de Ga­

ruva, Mafra, Porto União e

Dioníso Cerqueira, além de

63 barreiras móveis no inte­

rior do estado.

AVES E SUÍNOS - Como caso da doença da vaca

louca na Inglaterra, SantaCatarina terá maior facilida­de de exportar aves e suínospara a Europa. "Quem vai sebeneficiar exportando bovi­nos são a Argentina e Uru­

guai", explica o assessor de

imprensa da Cidasc (Com­panhia Integrada de Desen­volvimento Agrícola de San­ta Catarina), José Erly Mar­tins.

No ano passado, foramproduzidas 720 mil tonela­das de frango, das quais 367mil foram exportadas. Amai­or parte foi para a ArábiaSaudita. Foram produzidastambém, 450 mil toneladasde suínos, sendo que 25 milforam para a Argentina e

Uruguai. O mercado bovino

no entanto é deficiente. A

produção anual é de 100 mil

toneladas, e para suprir omercado interno são com­

pradas mais 30 mil.

A DOENÇA - A aftosa é pro--

vacada por um vírus e ataca

bovinos, suínos e ovinos,causando febre alta, feridasna boca, entre os cascos e na

língua. Por isso os animais sealimentam mal, enfraque­cem, caminham com dificul­dade e babam muito. Rara­mente morrem, porém a

doença ataca o coração dimi­nuindo a capacidade de tra-

Orçamento participativo pode ser leipor Luciana Gimenez

A prefeitura de Floria­nópolis quer transformar o

projeto de Orçamento Par­

ticipativo em lei e para issoestá recolhendo assinaturasdos eleitores da capital embarracas espalhadas pela ci­dade desde o dia 20 de mar­

ço. Os postos de recolhi­mento do centro foram fe­chados no dia 25 de abril,mas a campanha continua.

Cinco mil e duzentos e

quarenta eleitores já assina­ram o Projeto de Iniciativa

Popular. Para enviar o proje­to à Câmara Municipal paravotação são necessárias pelomenos 10 mil assinaturas

(ou 5% do eleitorado da ca­

pital)."Só dessa forma as outras

administrações temo a obri­

gação de continuar o orça­mento participativo como éfeito hoje", disse Luiz Sa­

banay, coordenador do pro­jeto na prefeitura, salientan­do a importância dá trans­

formação do atual projetoPostos já recolheram mais de 5 milassinaturas_ São necessárias 10mil ao todo

Elmar Meurer/ZERO

em lei.No ano passado foram

executadas aproximadamen­te 120 obras, que são conclu­ídas em ciclos trimestrais du­rante todo o ano. SegundoSaba nay as obras servem

como estrutura para a execu­

ção de projetos municipaisde outras áreas, por exem­plo: asfaltam urna rua para fa­cilitar a passagem de uma li­nha de ônibus, constroemuma Casa que abrigará uma

creche ou um posto de saú­de, etc ...

ANO RUIM - Nenhumaobra escolhida pelo projetofoi iniciada ainda esse ano,

pois a Prefeitura está conclu­indo as obras provocadaspela enxurrada do início doano.já foram consumidos R$4,8 milhões nas 150 obras desolução dos prejuízos causa­

dos pelas chuvas.Com o Orçamento Par­

ticipativo (que vem sendo fei­to na capital desde 1992 e é

balho. A produção de leitebaixa 15%, o peso cai de 4 a

24% e o aborto em vacas

prenhas salta para 20%.Em 1964, o Rio Grande

do Sul desenvolveu os pri­meiro trabalhos de controleda febre aftosa. Em SantaCatarina a preocupação coma doença começou em 1968.Na época Mato Grosso e

Goiás eram os centros di­fusores e, como a fiscalizaçãoera deficitária, podia-se com­prar livremente gado daque­la região. Além disso muitosfazendeiros deixavam de va­

cinar o gado. O

feito em mais 55 cidades detodo o país) a cidade foi di­vidida em treze regiões (le­vando em consideração a si­

tuação geográfica e social)que realizam assembléiasonde comuriidade elege de­legados comunitários (cada10 presentes na assembléiaescolhem um delegado).

Os delegados eleitos pe­los moradores e mais os in­dicados por cada Associaçãode Bairro formam a Coor­denadoria Regional de Dele­gados que é responsávelpelo levantamento das obras

prioritárias em cada região.A coordenadoria Regional

de Delegados elege 39 con­

selheiros que discutem a si­

tuação financeira do municí­pio e a partir daí fazem um

levantamento das obras pri­oritárias e financeiramentepossíveis de serem executa­

das. A Prefeitura Municipaldestina 10% do orçamentoda capital para esse projeto.

O

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

fonte: Sebrae

------------------------------------------------------------------------------maio/1996

No olho da rua (1)A gerente da agência de em­

pregos Gelre Força de Trabalho,Lilia Azevedo, conta que o núme­ro de pessoas pedindo empregosubiu 20% nos últimos meses e

que dimininuiu o número de pes­soas que a empresa tem conse­

guido colocar no mercado de tra­balho. Muitos agenciados quetêm curso superior também nãoestão conseguindo emprego.

No olho da rua (2)Caiu em 21 mil o número de

postos de trabalho em SantaCatarina no ano passado. Em fe­vereiro deste ano mais 524 vagasforam fechadas. E dizem que o

melhor lugar do mundo é aqui,logo agora.

Besc busca eficiência

o Banco do Estado de SantaCatarina assinou convênio de R$3,5 milhões com a Fundação deEnsino da Engenharia em Santa

Catarina, para implantar uma

nova rede de comunicação no

banco. O Besc quer aumentar a

sua participação no mercado de30 para 50% em Santa Catarina.

Enquanto isso, o governo do es­

tado já pensa em colocá-lo na lis­ta da privatização. Depois da

Casan, o banco dos catarinensesserá o próximo a ter suas açõesvendidas pelo Invesc.

Farinha pouca ....

O presidente da Fiesc, Osval­do Douat, alerta que se as refor­mas constitucionais não vierem

logo, investimentos estrageirosirão para outros países do Mer­

cosul. Herrnanos, hermanos, ne­gócios à parte.

Eletrosul

AEletrosul teve um desempe­nho negativo de R$ 66 milhõesno ano passado. O presidenteCláudio Ávila da Silva atribui o

prejuízo à tarifa congelada e ao

pagamento de dívidas da empre­sa.

Os fazedores de empregos

IMPOSTOS ALTOS - A alta tri­

butação e os encargos sociais são os

principais problemas enfrentadospelos pequenos emicroempresáriosna opinião do presidente da

Fampesc (Federação das Associaçõesde Micro e Pequenas Empresas deSanta Catarina) Haroldo Neitzke. Eleacredita que é fundamental a regu­lamentação da lei que estabelece tra­tamentoGiferenciado para os peque­nos empresários, nas áreas trabalhis­ta, previdenciária e tributária. Ele dizque hoje, com tratamento igual paratodas as empresas, os tributos con­

somem 3,6% do faturamento bruto,o que é um gasto insustentável paraas pequenas empresas. Além disso,os encargos sociais representam um

Os números da microempresa na

economia brasileira

govemadorPauloAfonso Vieira isen­tou do imposto empresas com

faturamento inferior a 115 mil uni­dades fiscais de referência.

Neitzke compara o descaso do

governo federal através de suas po­líticas recessivas a "uma vaquinhamagra que não está sendo alimen­tada, mas na qual mamam 3 ou 4

pessoas; ela vai morrer de fome,deixando mais pessoas sem sus­

tento". Ele julga que a discussãoentre governo e empresários é a

única maneira de dar condições defuncionamento para esse setor daeconomia. "Só dessa forma a eco­

nomia pode voltar a crescer, geran­do empregos e melhorando os sa­

lários", disse.Os planos da Fampesc para

este ano incluem a implementaçãode câmaras de comércio, para queas pequenas empresas possamproduzir em conjunto, em maior

quantidade e a preços menores, a

fim de participar de licitações. Afundação espera também o a apoioda Frente Parlamentar na aprova­ção de linhas de financiamento fa­cilitadas, para treinamento e aper­feiçoamento tecnológico. O

Grandes responsáveis pelospostos de trabalho no Brasil,microempresários queremmudar a legislaçao e reduzira tributaçao

por Rogério Kiefer

Governo federal, sindicalistas,empresários e políticos dis­cutem atualmente, formas

de diminuir o desemprego. Mas o

debate tem deixado de lado um dosmaiores empregadores do país, quepode ter um papel fundamental narecuperação da economia e no cres­

cimento dos níveis de emprego: o

pequeno empresário. Segundo os

números do Sebrae (Serviço Brasi­leiro de Atendimento à Empresa), acontribuição dele não é pequena(verquadro). Noentanto, a situaçãodos pequenos e microempresáriosnão é tão boa como os números po­dem sugerir.

A comerciante Jurema dos San­tos representa bem os problemasdos pequenos em época de recessão.Trabalha das 6h da manhã às 10h.da noite no balcão de sua mercearia

cujo faturamento cobre apenas os

gastos. No ano passado demitiu a

única funcionária e desde então vemtocando sozinha o negócio. Ela con­ta que as vendas têm diminuídomuito nos últimos meses e que a si­

tuação piora quando ela precisa fa­zer um empréstimo, pois os jurosaltos dificultam o pagamento. De­sencantada com a situação ela jápensa em fechar o ponto. "Só nãofechei ainda porque minha filha tra­

balha fora e me ajuda. Estou espe­rando as coisas melhorarem", disse.

Conforme dados da Junta Co­mercial do Estado, 70% das peque­nas empresas não chegam a comple­tar o primeiro ano de vida. Entretan­to o consultor de empresas AdemirLuís Bento acredita que esse núme­ro é ainda maior porque muitas em­

presas fecham e não comunicam àJunta. Para ele, esse índice supera os

80%.

acréscimo de 96% sobre os salários.

O consultor Luis Bento apontaas altas taxas de juros, que diminu­em o consumo e aumentam a ina­

dimplência, e a falta de geren­ciamento como outras causas da

quebradeira. Ele acha que os peque­nos empresários consideram o gas­to em aperfeiçoamento desnecessá­rio e que por isso não se adaptamfacilmente a mudanças de mercado.A condição de pequeno gera outro

problema grave, que é a dificuldadeem conseguir crédito e linhas de fi­nanciamento. Por oferecerem pau··cas garantias, as pequenas empresassão obrigadas a aceitar juros maisaltos sobre seus empréstimos.

VAQUINHA MAGRA - Neitzkediz que falta vontade política parasolucionar os problemas e que porisso as associações de indústrias e decomércio se mobilizaram para um

esforço nacional conjunto. O proje­to para mudar a legislação do setor

já formou uma frente parlamentardeapoio, com 300 deputados. LuisBento aponta a isenção de ICMS

para pequenas empresas como uma

importante conquista estadual. OAcervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

maio/1996----------------------------------------------------------------------�----

Na fila, sem telefoneProcura por telefone celularé maior que a oferta. Só em

Santa Catarina, mais de 200

mil pessoas estão na lista de

esperapor Carolina Heinen

O fotógrafoAndré Sielski temo número 44.533 da listade espera de celular na

Telesc. Para ele a maiorvantagem datelefonia móvel será a possibilida­de de manter contado com o estú­dio quando está em uma sessão defotos externas. Sielski é possivel­mente um dos 80 mil inscritos quedevem receber a linha ainda este

ano. No ano que vem mais 100 millinhas devem ser entregues. Aindaassim a fila de espera tem 205.430assinantes em Santa Catarina. Só em

Florianópolis circulam atualmente16 mil celulares e 63 mil inscritosestão esperando. No Estado 74.348linhas já foram entregues.

Hoje existem 120 modelos de

aparelhos cujos preços variam de R$290,00 a R$ 1.440,00, dependendodo tamanho, peso, design e recur­

sos que possui. O preço da linha te­

lefônica é de R$ 334,00 e a mensali­dade custa R$ 31,99. Para conseguiruma linha de celular é preciso fazera pré-inscrição na Telesc. Ela tam­

bém pode ser feita pelo fone 1403.O inscrito recebe um número de

espera e é avisado por carta assim

que puder ter acesso à linha.

O portador de linha pode utili­zar o telefone dentro da área de co­

bertura - área em que chega o sinalda estação ou, em caso de viagempara o exterior pode comunicar a

Telesc e receber um segundo núme­ro para utilização nesse período des­de que o local tenha sistema de te­

lefonia celular,

O sistema deve ser todo digi­talizado a partir do ano que vem. Anova tecnologia vai evitar que qual­quer outro rádio capte as conversas

telefônicas. Dois testes já estão sen-

André Sielski é uma das BD mil pessoasque devem receber o telefone celular ainda este ano

Elmar Meurer/ZERO

do feitos em Bauru e Londrina.

PROBLEMA - O uso do aparelhoé proibido em armazéns com explo­sivos e, como qualquer outro apa­relho eletrônico, nos aviões por cau­sa das diferentes freqüências dosinstrumentos internos.

Quanto às denúncias recentes deinterferências em balanças, o enge­nheiro da Telesc, Anor Lemos Cou­

tinho, afirma que a faixa de opera­ção do celular é estável e portantonão interfere em outras faixas. OInmetro está pesquisando o assun­

to e deve divulgarainda este mês umlaudo sobre os motivos das interfe­rências detectadas em Minas Gerais.

Estudos acusam que ondas ele­

tromagnéticas podem causar câncer,mas nada foi comprovado ainda. Osengenheiros desacreditam que o

celularpossa causar problemas. Se­gundo Anor, os aparelhos, que sãofabricados nos Estados Unidos, nãoseriam liberados se causassem da­

nos, já que o país tem uma preocu­pação muito maior com a saúde deseus habitantes.

NO TRÂNSITO - O uso de celu-

Início nos EUAA idéia inicial de telefonia móvel surgiu nos Estados Unidos na década de

40 mas não funcionou. A AT&T desenvolveu o sistema com antenas de gran­de abrangência e potências elevadas no qual poucas ligações podiam ser

feitas ao mesmo tempo. Para operar, o telefone precisava de uma bateria

grande que se desgastava em poucas ligações, Na época uma piada ilustravaa situação, O dono do celular só poderia fazer duas ligações: uma para avisara mulher que chegaria tarde em casa e outra para a central para dizer queestava sem bateria.

Em 47 a Bel System dos Estados Unidos criou a concepção de celular:antenas não tão altas, menores potências e áreas menores de cobertura decada antena. Somente em 68 os Estados Unidos desenvolveram um sistema

com tecnologia adequada. Com os primeiros celulares, os telefonemas eramfeitos primeiramente por operadores que repassavam as ligações,

O celular chegou ao Brasil na década de 80, e em Santa Catarina em 93,No Brasil a única alteração foi a faixa de freqüência. O primeiro celular tinhao tamanho de uma maleta. Hoje, o menor cabe na palma da mão.

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lar no trânsito é considerado infra­

ção pelo fato de que ao atender te­

lefone, o motorista passa a dirigircom uma só mão. Desde o dia 16demaio de 1994, quando entrou emvigor a decisão 4/94 do Contran ba­seada no artigo 89 inciso XXI-b do

Código Nacional de Trânsito, o con­dutor que estiver com celular pode­rá receber multa que chega a R$49,72,

Segundo o sargento Valmir da

Silva, do Detran, além de não possi­bilitar uma reação rápida, o celularcausa a perda da visão periférica des­viando a atenção do motorista. A leidiz que, para atender uma chama­

da, o motorista deve procurar um

lugar seguro, podendo parar emárea proibida para estacionamento

por até cinco minutos,

Outra alternativa é o equipamen­to de viva voz que permite ao moto­rista dirigir com as duas mãos en­

quanto conversa. Mas o proprietá­rio da Celular Company, FranciscoAlves, que tem três lojas na capital evende uma média de 100 aparelhospor mês, conta que a cada 10 celu­lares vendidos, um sai com o vivavoz. Amesma proporção é confirma­da nas lojas Royal Celular e TeceI.

O

Francisco Alves Elmar Meurer/ZERO

vende cerca dl'100aparllhos Jlor 'mês... .J LJ?

BRECONOMIA

Salário mínimo

o aumento foi mínimo: 12%.O reajuste da previdência foi de

15%, enquanto a inflação do pe­ríodo foi de 21,14%, segundo a

FIPE. Já começam as ações na

justiça contra esse índice.

Dobrou

A dívida mobiliária interna (tí­tulos públicos - dinheiro que o

governo deve principalmente a

bancos), está alcançando a Dívi­da Externa. De março de 95 a

março de 96 ela dobrou, saltan­do para R$ 131,8 bilhões. Isso se

deve à política de juros altos pra­ticada pelo governo e também ao

socorro aos bancos. A Dívida Ex­terna do Brasil é de R$ 150 bi­lhões.

DesempregoSó na Grande São Paulo são

1,13 milhão de desempregados.O problema poderia ser aindamaior. Hoje há uma redução donúmero de jovens no mercado detrabalho. Dados do IPEA (Insti­tuto de Pesquisa Econômica Apli­cada) mostram que em 1995,31,07% dos brasileiros entre 15e 17 anos trabalhavam. Em 1990o índice era de 41,91%.

Pró-empregoÉ o nome do programa, lan­

çado no dia 29, através do qualo governo quer criar 3 milhõesde empregos, principalmente no

setor de obras públicas ina­cabadas. O Fundo de Amparo ao

Trabalhador deve liberar R$ 6bilhões para o programa. OutrosR$ 3 bilhões devem vir das em­

presas privadas beneficíadas como projeto.

Indústria produz menos

A última avaliação do IBGE (Ins­tituto Brasileiro de Geografia e Esta­

tística), feita em fevereiro, apontaredução de 6,4%. Os estados que ti­veram maior diminuição na ativida­de industrial foram Pernambuco(26,1%), Rio Grande do Sul (13,8%)e São Paulo (11,1%). Já Santa

Catarina, MinasGerais e Rio GrandedoSuI, cresceramentre 1,5%e2,1%.

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Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

a Via Expressaestá localizadanuma área dealto risco. Pas­tes com fios dealta tensão pas­sam por cimade todas as ca­

sas, se algumdeles tiverqual­quer problemaos barracos seri­am destruídos.Isso sem contarcórn o perigodos carros queperdem a dire­ção e caem den­tro da favela."Um barraco jáfoi quase tododestruí-do" dizMaristela da Sil­va. Por falta de

organização, osmoradores não

conseguem me­

lhorar seu nívelde vida. Não háuma associaçãode moradores

que leve os pro­blemas da co­

munidade à pre­feitura ou reivin­

diquem por so­

luções.

-,,------------------------------------- maio /1996

�,.rlltlfilJllflMoradores da Via Expressa,uma "as favelas mais

pobres da cidade, preparam­se para serem removidos.

por Beatriz Prates

Omotivo é a construção devias marginais na rodovia

(BR-282). Mesmo morandoem um lugar que não possui as mí­nimas condições de higiene e nãotem luz elétrica, muitos dos mora­dores ainda preferem continuar vi­vendo ali. Dorninicio Januário dos

Santos, mais conhecido como "Seu

Pinguim", é um deles. Seu Pinguimmora na favela há dez anos. Eleacredita que se tivessem luz e cole­ta de lixo, não haveria necessidadede mudança. Valdir Duarte , quechegou há três anos , tem a rnesi na

opinião.O maiormedo dos moradores é

de serem transferidos para lugaresdistantes e isolados. Há um tempoatrás, alguns deles foram removi­dos para oMorro do Viveiro. "Mui­ta gente vendeu as casas e voltou

pra cá. Lá não tinha posto de saú­de ou escolas perto de casa." dizValdir. Maristela da Silva, que morahá dois anos na favela, diz que não

quer sair dali. Mesmo com todas as

dificuldades, ela diz que pelo me­

nos tem escola, posto de saúde (dafavela Chico Mendes) e hospital(Hospital Florianópolis) próximos.

A remoção dos favelados vai serrealizada pela Secretária da Famí­lia do Estado em conjunto com a

Prefeitura. Eles ainda não sabem

quando e nem pra onde, serãotransferidas as 400 famílias que vi­vem na favela. João Maria Lopes, dofundo de habitação da prefeitura,acredita que a remoção não seráfeita de uma só vez. Segundo ele,alguns critérios como tempo demoradia entre outros, serão utili­zados para remoção das primeirasfamílias.

CORTINAS ROÍDAS-Durante ànoite a Via Expressa é praticamen­te invadida por ratos, nenhum bar­raco escapa. Na casa de Sarah de ]e­sus, que mora há dois anos na fa­

vela, os roedores atacaram até as

cortinas, Paredes, armário, roupas,potes de comida, tudo roído. Omesmo acontece na casa de Joa­nilde Duarte, "não dá nem pra ar­

rumar as roupas no armário. À noi­te eles chegam e bagunçam tudo".Seu Pinguim chega a rir quandoconta ahistória de uma de suas vi­

zinhas, que acordou gritando porele no meio da noite. Os ratos ti­

nham roído seus pés enquanto dor­mia. Outro problema que aflige os

moradores em relação aos ratos é a

POLITICAGEM

Esquecidospor toda a so­

ciedade, os fa­velados só sãolembrados em

época de elei­

ção. Valdir Du­arte conta quedurante a cam­

panhas mui­tos candidatos

passam a fre­

quentar a fave­la. "Eles ofere­cem dinheiro,alimentos, ma­terial de cons­

trução, empre­gos e até vol­tinhas de car­

ro" diz Élsio"Alemão", que

mora há dez anos na favela. Val­dir lembra de um emprego quelhe foi prometido por um depu­tado, pra quem ele conseguiu du­zentos votos."Eu estou esperandoaté hoje". Conversando com Ale­mão os dois chegam à conclusãode que o negócio é aceitar tudo

que os políticos oferecem. "De­

pois que eles conseguem se ele­

ger, se esquecem da gente" , com­

pleta o Alemão. €)

Os problemas com ratos e coleta de lixo poderiam ser

minimizados se fossem levados à prefeitura através de, uma associação de moradores

Beatriz Pratesl ZERO

Ieptospirose, A doença é transmiti­da pela urina do animal. Mesmotendo consciência do perigo, as cri­anças ainda andam descalças pelafavela.

Como não há coleta de lixo na

favela, o acúmulo é muito grande.A Comcap (órgão responsável pelacoleta de lixo da cidade) fez há trêsmeses uma limpeza geral no lixão,que fica em frente aos barracos.

Jucinei Medeiros da Comcap, dizque a coleta não é feita na favela

porque não existe um lugar ondeos favelados coloquem o lixo e queo caminhão não consegue entrar ládentro. Outra limpeza não tem

nem data para ser feita. Com o

acúmulo do lixo , além de ratos e

baratas, a favela fica com um chei­ro horrível. Dona Petronílha, quemora há seis anos na favela,diz quefica pior quando chove. "Mas piormesmo é quando a chuva passa, é

insuportável" diz seu Valdir.Além dos problemas com o lixo,

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

do estado e Paraná .. Essas pes­soas,mesmo tendo compradoo bilhete da passagem na ca­

pital, podem não conseguirsentar. Na hora da disputa dosbancos, vence o mais espertoe o menos cansado. O

Tortura rodoviáriaram na viagem, numa veloci­dade de 20 km na subida, cri­anças chorando e cheiro de

palheiro no ar.

PINGA-PINGA -"Vamos

darumpassinho pra trás", or­dena o cobrador EdsonQuei­roz, tentando arrumar lugarpara mais cinco passageirosque entram e não têm lugarpara sentar. Nenhum deles,com certeza, sabe do decreto952;93, que determina que sóem ônibus semi-urbane ou

em caso de acidente se podeviajar em pé. mas também,ninguém parece se importarcom a situação.

O "brasileiro cordial" fre­

qüenta esta linha pinga-pin­ga. Valdir Silva acha que "tábom assim". "Meio sofredor,mas vai", diz Silvio Ferreira e

mesmo com banco vago, Ma­ria da Luz não senta: "Vamosem pé, pois é pertinho". Emoito anos de casa e motorista

"nossa, nemsei, desde 54", oheróijosé Gio-po (salário R$600,00), faz as sete horas de

viagemVideira-Beltrão todosos di-as. Diz que não lembrade nenhuma reclamação e

que nunca foi desrespeitado

cando presença. Mas ao con­

trário do que se pensa não sãoinsetos que podem prejudicara vida do homem. �

Diferente das baratas que ear-

Apesar de Inconvenientes, as formigas reprodugiío

não causam graves danos porque apenas buscam alimento . -

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no exercício da função. Eledefende a empresa, que põemais um carro nos dias demovimento e a sabedoria daestrada o fez entender: "Pin­

ga-pinga é assimmesmo. Nãotem solução".

Quem não parece con­

tente são os mais "viajados" eas mulheres com crianças,que, aomenos que sejam per­guntadas, nunca vão recla-

o motorista José Gioppoacompanha a.rotina diária do pinga-pinga

mar. Cristina Frias, com um

nenê de seis meses no colo,foi a primeira a disputar umIugar na parada do ônibusem Caçador. "O nenê tá agi­tado. Coloquei remédio na

boca dele porque tava com

regam dentro de si agentesque podem causar doenças, asformigas na sua maioria sãoinofensivas e possuem seus ni­nhos longe dos lugares que in­vadem para buscar alimentos.

Segundo o biólogo e profes­sor da UFSC Benedito Cortez

Lopes, as formigas possuem o

hábito alimentar onívoro,como o homem, comem detudo. Casas e apartamentossão lugares excelentes para se

procuraralimentos, pois há ex­cedente.Seum pedaço de bolo está in­festado não adianta matar as

formiguinhas. Elas são operá­rias, que na maioria das vezesestão baseando alimento.Avida de um formigueiro giraem tomo da rainha, que nun­ca sai e está sempre pondoovos paramanter a populaçãode formigas. Se a rainha mor­

re, o formigueiro morre jun­to.

A solução para afastar essesbichos de casa, não está numa

dedetização completa. pois deacordocomo professorLopes,osvenenos fuzem oefeito con­trário. atacam os animais de-

maio/1996----------------------------------------------------------------------------

Os passageiros se espremempelo corredor nos 340 kilômetros de viagem

bolor e fiquei com medo denão conseguir sentar".

Em Caçador, o ônibustambém recebe os passageirosque vieram de Floria-nópolis,numa viagem de nove horas,

.

e que querem ir para o Oeste

Inofensivas invasoraspor Débora Sanches

Elas aparecem em toda a par­te, estão na sala, na cozinha,'no quarto, no banheiro. Pormais limpo que o lugar esteja,as formigas estão sempremar-

A rotina diária dosônibus intermunicipaisdesafia as leis do bomsenso e da seaurançano trânsito.

por Bárbara Pettres

,

A5h45minda manhãdo Sábado de Ale­uia, o Reunidas sal

da garagem para rodar 340quilômetros entre Videira e

FranciscoBeltrão, interior deSanta Catarina.

Na boléia do pinga-pin­ga, o motorista José Gioppovai pararquase 360vezes parapegar e largar passageiros.

A linha é intermediária,isto é, não tem passagem nu­

merada e "qualquer um po­de pegar o carro aqui e des­cer 2 mil metros depois", se­gundo o motorista. Resulta­do: fora os 45 passageirossentados, em média 23 pes­soas se acotovelam perma­nentemente no corredor nos

domingos e feriados. Normal­mente 130 pessoas fazem o

trajeto todo da linha, mas naSexta-Feira Santa anterior,400 passageiros se aventura-

sangue quente (o homem, ocachorro, o gato) e quase nãoafetam as formigas. "O modomais eficiente de afastar essesbichos é usando soluções ca­

seiras, como água ou vinagre,usar pasta de dente ou massa

corrida para tamparpequenosorifícios poronde as formigaspossam passar.

NINHOS_- O professor Lopesreforça que a dedeti-zação nes­se caso, só traz males para os

moradores da casa. "Muitas ve­zes a dedetização adianta poralguns dias, mas logo depoisas formigas voltam. Voltam

porque geralmente o ninhonunca es-ta'dentro da casa ou

apartamento e sim há muitosmetros do local onde elas cos­tumam coletar alimento",acrescenta Lopes."O incômodo que as formigasprovocam é puramente visu­al. As pessoas se incomodamvendo aquela fileira de bichi­nhos, mas elas não vão pularnos moradores da casa", dizLopes. Ele alerta ainda paraque as casas estejam semprelimpas, principalmente as de

madeira, onde, como o CUpl01,a formiga pode se alojar. "Po­rém as formigas não se alimen­tam demadeira, mas isso não

quer dizer que o ninho não

comprometa a estrutura deuma casa. É bom passar umverniz para evitar a invasão",completa.Muitas pessoas pensam queinsetos como formigas possamtransmitir doenças. "Em p0-tencial sim", diz Zulmi-raMiotelloCipriano, membro daComissão de Prevenção à In­

fecção Hospitalar do HospitalUniversitário. Mas nada foi

comprovado cientificamente.De acordo com Zulmira, ograndeagente causadorde in­fecções é o proprio homem,que carrega no corpo e princi­palmente nas mãos, muitasbactérias. "Insetos são animaismuito pequenos, é claro quepossuem.uma earga de fim­

gos e bactérias, mas é tão pe­quena que é praticamente im­possível um aformiga causar

infecção hospitalar ou trans­

mitir uma doença", afirmaZulmira. O

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

a impagável máxima politica:"Calma gente, nem tudo está

perdido!" E o debate trans­

correu até beirar às 23h.E já não era surpresa para

os presentes, que PaulinhoBornhausen tivesse saído

pela tangentemuito antes dotiroteio começar: "Será queo Paulinho Bornhausen vaiter peito prá vir aqui hoje"Era a pergunta que corria a

boca pequena por todo o

Campus, na manhã do dia26.

E o senhor, Deputado ... o

senhor não teve mesmo. O

A greve da UFSC----------------------------------------------------------------------------maio/1996

to.

Mas, o objetivo do De­

partamento dos Cursos Ex­tra-Curriculares é de não

parar. Só entrarão em grevese os prédios forem fechadosou no caso de falta de alu­

nos, pois a grande maioriasão graduandos da UFSC e,

se a greve continuar, os alu­nos do interior acabam vol­

tando para casa, como jáaconteceu em outros anos.

CREDIBILIDADE - Segun­do a Coordenadora desses

cursos, Marta Zanatta, a grevetraz falta de credibilidade aos

cursos, e os alunos alegamque pagaram, por isso queremaula. Disse ainda que existemalunos do "extra" que são pro­fessores da Universidade e es­

tão em greve, mas não admi­

tem que o curso que fazem

pare. Também argumenta queos professores do extra são namaioria mestrandos e douto­randos e não são pagos pelaUniversidade, mas sim pelasmensalidades dos alunos.

"Apesar de estarem utilizandoum prédio público, os cursosextra-curriculares tambémcontribuem com ele, poismuitos equipamentos já fo­ram conseguidos com essas

mensalidades, e isso tudo aca­

ba sendo tombado como pa­trimônio da Universidade".

Nos Departamentos de

Pós-Graduação reina amesma

posição: a de não adesão à

greve. O Chefe do Departa­mento de Pós-Graduação em

Língua Inglesa, José Roberto,diz que a justificativa paraisso, é que a situação dos alu­

nos não permite que eles pa­rem, pois a maioria tem bol­

sa de estudo que variam de

24 meses/ CNPq a 30 meses/CAPES. Se eles entrarem em

I greve,-não darão conta de

terminar o projeto no prazoestipulado e perderão a bal­

sa, além de diminuir o con­

, ceita do mestrando.�. .

Bolo parlamentarao Congresso Nacional, eracontragrande parte dos itensda LDB e no entanto disse

que votaria a favor. Pergun­tas e cobranças surgiam portodos os lados e deixaram o

deputado quase semfôlego.A sabatina girava em torno

de três assuntos principais:o Projeto de Lei n? 1.603 (re­ferente a cursos técnicos), aLDB (Lei de Diretrizes e Ba­ses da Educação) nacional ea PEC 233. Mas a vedete danoite acabou sendo mesmo

a LDB, projeto que,para o depu tado, de

início, não era motivode polêmica. Desse

modo, o ele caía em

contradições que nãoeram toleradas, sobretu­do quando se tratava do

projeto substitutivo

Darcy Ribeiro.

ABRINDO O JOGO -

Percebendo que haviase tornado vítima dobolo do filho preferidodeJorge Bornhausen, odeputado chegou a de­sabafar com frases do

tipo "Eu sei que vocês que­rem bater em alguém, eutambém quero ...

" O depu­tado não é a Mãe Diná, masfez revelações inéditas: "Naverdade, a Câmara ficou dis­cutindo durante 5 anos o

primeiro projetoda LDB, eas mesmo tempo, o Senadodiscutia outro, o do Darcy,sabiam disso ... E quem apro­vasse primeiro, tinha prefe­rência ... A Câmara aprovouo primeiro e o do Darcy foiarquivado. "Depois o sena­

do nomeou o senador Dar­

cy Ribeiro, por entenderque o senador tinha pres­tígio e tinha nome na edu­

cação ... O senador vai agoraressuscitar o seu projeto,com algumas medidas queinteressarn ao govemo ...

" E

no auge do descontenta­mento popular, que se de-

se�v�,.o�ep.u.ta??so,ltqu

Nesta ediçao dojornal Zero, e enquanto durar a greve na UFSC, os alunos da primeira fase do Curso

de)ornafismo estarao fazendo uma cobertura de todos os assuntos relacionados a ela, a Universidade,ás políticas educacionais do governo federal e aos projetos de lei que tramitam - tramam - no

Congresso sobre a Universidade. É nosso futuro - o futuro de nosso país - que está em jogo.Transiormamos este canto, de um pequenojornal laboratório, num local de debate.já que o espaçodado a estes assuntos - tundament.ais - é tao desprezível, considerando a imprensa dos grandesjornais, revistas, rádios e te/evisao. Modestamente, damos nossa coloboração. Greve nao é

poratizoçõo, necessariamente. É mobüu.ação.

brancas nuvens.Todas aquelas pessoas es­

tavam sedentas por respostassobre o futuro da educaçãobrasileira, a sugestão foi paraque se aproveitasse o progra­ma simultâneo: a sessão es­

pecial com os deputados fe­derais da Comissão de Edu­

cação da Câmara, na Sala dosConselhos - prédio da Rei­toria. Como a síndrome do

desaparecimento parlamen­tar já havia se alastrado, dosdeputados convidados para

Percebendo que havia se

tornado vítima do bolo dofilho preferido de JorgeBornhausen, o deputadoSeveriano Alves chegou a

desabafar com frases do tipo"Eu sei que vocês querembater em alguém, eutambém quero ...

"

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Fora do. movimento

r.Os cursos extracu rr i-

culares de línguas estrangei­ras, e a maioria dos cursos de

Pós-Graduação oferecidos

pela UFSC, não aderiram à

greve. Conforme a Associaçãodos professores da UFSC -

Apufsc eles também deveriam

parar pois, no caso dos extra­

curriculares, só custam tão ba­rato porque usam toda a infra­estrutura da Universidade. A

Apufsc alega. ainda, que elesnão parando, fica a conotaçãode que o ensino pago é mais

importante do que � gratui-Paulo Bornhausen fogeda raia num debate

para discutirseu projetode privcrlizaçao dasuniversidades

Quemnão esteve na

UFSC no último dia

26, perdeu o debatemais polêmico do

momento. E quem esteve,também perdeu. O deputadoPaulo Bomhausen foi convi­dado pela Associaçãodos Professores da UFSC- Apufsc para um deba-te a respeito de sua

emenda à Proposta deEmenda Constitucional- PEC-233. Aquela, quesugere a privatização doensino de 3° grau ... O

debate, marcado para às

19h. no auditório do

CFH, teria sido, no mí­nimo, esclarecedor. SeBomhausen tivesse com­

parecido.Resultado de quase

um mês de conversa, o

encontro foi marcado

após uma série de entraves:

o deputado pôde escolherdata e hora e ainda leu,comantecedência, as perguntasque the seriam feitas. Um diaantes do já divulgado deba­

te, a assessoria parlamentardePaulo Bornha-usen comu­nicou a Apufsc que por mo­tivos "alheios a sua vontade",ele não poderia comparecerao compro-misso.Diante da

argumentação de que uma

saída destas poderia prejudi­car o futuro do político

a sessão especial, apenas com­pareceu o deputado Se­veriano Alves, do PDT bai­

ano - presidente da Comis­são de Educação.

Com a cara de quem re­

cebeu flores, o Sr. ReitorDiomário de Queiroz rece­

beu às pessoas que entraramna sala e apresentou o con­

vidado, que acabou passan­do, no decorrer da noite,pela sabatina que estava des­tinada ao deputado PauloBornhausen.

catarinense, os assessores

prometeram um parecer po- CASO CONFUSO - Severiano

sitivo à pres ença de Paulo Alves se tornouo dono da

Bor-nhausen no encontro. noite. Especialista em emen­

Mas ... um parecer que não dar projetos alheios (autorveio, até a hora em que o de- de uma emenda na LDB e na

bate, marcado a sine die, já PEC 233), revelou-se um par­

havia reunido cerca de 100 lamentar de opiniões ricas

pessoas entre estudantes e. em contrastes. Dizia-se de

professb�s, que resolveram,. �posiçã.o e lamentav� a �não deixar aquilo passar em _

fama Injustamente atribuída: \: f' _

t. � �,LI _i_) .. � i .,; .... ',1: ... A L.; ,I. I I ,j � I, � , l -

Números da

paralisaçãoOs Centros com quase

nenhuma ou nenhuma ade­são são o Centro Tecnoló­

gico (CfC), devido ao gran­de número de pesquisas e

projetos financiados porempresas privadas, o Cen­

tro de Ciências da Saúde

(CCS) e o Centro de Ciên­cias Jurídicas (CCJ), porcontarem com um grandenúmero de professores forado regime de dedicação ex­clusiva -D.E.-à universida­de, que têm outras ativida­des profissionais fora de­la. ''As Assembléias vêm cres­

cendo", afirmou o presi­dente da Apufsc. o profes­sor Osni Jacó da Silva: "Naúltima havia 287 professo­res, o que é um? situaçãorepresentativa, pois os pro­fessores hoje estão -nais dis­tribuídos.

Já o presidente do Sin­dicato de Trabalhadores da

UFSC, SINTUFSC, RobertoAndrade, sente um clima de

desmobilização e falta deesclarecimento político dosfuncionários. De aproxima­damente 3100 funcionáriosativos, apenas 250 estão pa­ralisados, ou seja: menos de1Ó%. O

,. � .. � , ;. t• \

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

o estado das coisasExistem turmas sem

au/a par falta de

professores nos cursosda UFSC

AUniversidade Fe

d e ra l de Santa

Catarina tem difi­culdade para contratar

professores substitutos.Vários alunos começaramas aulas com atraso e al­

gumas disciplinas foramcanceladas. Praticamentetodos os onze centros quecompõem a Universidadesofreram com a diminui­

ção de vagas para a con­

tratação de substitutos, de­finida pelo governo.

A chefe do Departa­mento de Línguas e Lite­ra tu ra Estrangeira (LLV),Heloísa Moritz, informou

que os problemas encon­

trados pelo seu departa­mento já foram contorna­

dos. Não foi possível con­tratar o número de profes­sores necessário e, porisso, alguns professo resaumentaram a suas cargashorárias. "As cadeiras can­celadas não prejudicaramos alunos, pois eles foramencaixados em outras tur-

mas", disse Heloísa.Uma turma de Educa­

ção Física invadiu o pré­dio da Reitoria, conse­

guindo que contratassem

o professor de que neces­

sitavam. A contratação sófoi possível, segundo o

chefe do Departamento deTécnicas de Ensino, Dy­Iron do Valle Pereira Fi­

lho, porque a Secretáriade Ensino Superior, em

uma palestra, se compro­meteu a repor todas as

aposentadorias durante o

semestre.

SÓ NO GRITO - A tur­

ma da nona fase de Letras

Inglês - licenciatura, comcerca de treze alunos, nasua maioria formandos, sóconseguiu ter aula atravésde um mandato de segu­rança. A turma conversou

com vários professores na

Universidade, com o rei­

tor e a vice-reitora, nada

conseguindo resolver. A

única professora qualifica�da, que passou no proces­so de seleção simplifica­do, para ministrar a disci­

plina de Prática no Ensi­no de Inglês, já havia sido

professora substituta no

ano passado, e não pode-

Adesão parcialNo dia 7 os professores

da UFSC completaram tres

semanas de greve. Mesmoquerendo trazer novas con­

quistas e, principalrnente,impedir perda de outras -

que não só interessam a ser­

vidores e professores, mas a

todos os setores ligados àUniversidade - ainda é gran­de o número de docentes

que não aderiram ao movi­

mento.

Não são as punições aos

grevis tas, recomendadaspelo governo, que estão afas­tando a participação destes

professores. O reitor Antô­nioDiomário Queiroz decla­rou seu apoio ao movimen­

to, dizendo que não assumi­ria nenhuma retaliação con­tra os servidores e professo­res.

COMPROMISSOS - No Cen­tro Tecnológico (CTC), quetradicionalmente demora. aaderir a movimentos pare­distas, a baixa adesão é

explicada pelo fato de a mai­

oria dos cursos daquele cen­

tro ter suas atividades agre­gadas ao desenvolvimento depesquisas, feitas em conjun­to com empresas privadas,além de compromissos jun­to ao CNPq. Outra justificati­va, no caso dos cursos de En­

genharia Civil e Sanitária, éo de que a atenção deles estáconcentrada na reconstruçãodos laboratórios incendiadosem 14 de abril. Essa atitude

passiva também é observadano CSE, onde em alguns cur­sos, como no caso da Admi­

nistração, somente um pro­fessor está em greve.

TRÊS sAIÁRIos - Para [usti­ficar, alguns professores di­zem não acreditar no moti­vo pelo qual a greve estásendo feita, argumentandoser injusto um aumento sa­

larial de mesmas proporçõestanto para o servidorque ga­nha RS 400,00 quanto parao que ganha Râ 4000,00. 0\...­'tros lembram que omais Irn-

ria lecionar novamente.Foi aberto uma nova sele­

ção e a nova candidatanão foi aprovada. Segun­do a liminar dada pelojuiz, a Universidade deve­ria fazer com que o curso

funcione regularmente, e

assim a antiga professorafoi contratada.

Desde que o governocomeçou a ameaçar os

professores com novos

projetos de aposentado­ria, problemas relaciona­dos à contratação de pro­fessores substitutos têmocorrido. "Com isso, a

Universidade perde em

produção, pois professo­res no auge da sua produ­tividade acabam aposen­tando-se precocemente",disse Dylton do Valle Pe­reira Filho, . "Os profes­sores substitutos começama integrar-se a Universida­de após um ano, e é nes­

te período que eles se

afastam.", completa.O processo de seleção

de professores substitutosprocura pessoas qualifica­das, mas como não há ga­rantia de emprego e os sa­

lários são baixos, as pes­soas que entram acabamsendo menos preparadas

portante fi­narice ira­mente paraeles, no

momento,são os ser­

viços deconsultoria

prestadosatravés daUniversi­dade a ou­

tras empre­sas. Comisso che­

gam a ga­nhar até 3vezes mais

que seus

salários.

SEM COE­SÃO - Al-

Houve multa mobillzac;ãonas passeatas ao centro da cidade

Lúcio Flávlo/ZERO

que as que saem.

O cargo de professorsubstituto sempre existiu,só que com outros nomes.

Colaborador, auxiliar e

horista são alguns exem­

plos. Na lei 8745, que vi­

gora no momento, o pro­fessor substituto só pode

trabalhar durante um ano

na universidade e depoisnão pode ser recontratado.A antiga lei, que vigorou de

91 a 94, o professor pode­ria trabalhar durante quatroanos e, passando em novo

concurso, poderia ser nova­

mente contratado. O

A partlclpac;ão e a

moblllzac;ão aumentam a cada assembléia

�FSC

guns cur-

sos do ces, como Odonto­

logia e Medicina, alegam quese um número considerávelde professores parassem suas

atividades de extensão -,rela­cionadas à. formação de �eu� ,

alunos �. 'toda a comunidade'

sofreria. Seria difícil recome­

çar um tratamento dentário

interrompido, por exemplo.Estes casos demonstram

que émuito difícil u� gre­ve na 'UF�tt&�Yrâ�ime .e

coesa, devido não so à di-

versidade e às particularida­des de cada centro, departa­mento e curso, como tam­

bém pelos interesses e pon­tos de vista divergentes en­

cQQti:1tçJ.9S entre QS_ pr9pri_qsprofessores, O

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

Com a farda impecável e em posição de sentido, os alunosdo colégio militar cantavam o hino da escola. A rotina de

entrar em forma antes de ir para a sala de aula já diferencia o

colégio dos demais. É o único onde os alunos precisam ficar

de pé quando o professor entra na sala, enquanto um 'chefe de

turma' apresenta a classe, para só depois dar início à aula. A

disciplina e a hierarquia é a mesma usada pela Polícia Militar.

Aluno de sa série, por exemplo, deve prestar continência aos

da 6a série em diante, e naturalmente, aos militares. Os 462

alunos têm ainda disciplinas de ordem unida e quando trans­

gridem as normas são advertidos com o RD - recuperação dis­

ciplinar . Mas ao invés de suspensão o aluno terá que limparalguma parte do colégio, sejam os vidros, os banheiros ou o

jardim. "Ele é procurado pelos pais justamente por sua disci­

plina", justifica o diretor, Major Jorge Luiz Freitas Martins.Com dois filhos matriculados no colégio militar, o enge­

nheiro mecânico Arcanjo Lenzi acredita que o convívio com

regras é importante para a vida de um adolescente. "Quandomorei na Inglaterra observei muito respeito das pessoas com

colegas e professores", lembra Lenzi que também considera

bom o nível de ensino do colégio.A ex-aluna Adriana Souza da Silva conta que a melhor fase

de sua vida aconteceu no colégio. Certa que seguiria a carreira

militar, ela lembra que se orgulhava de usar a farda. "Comecei

lá. Quando terminei o 20 grau fui soldado e hoje estou quaseme formando no Curso de Formação de Oficiais". (S.V).

mento e o

capricho do

caderno

que é o mes­

mo para to­

das as dis­

ciplinasservem paradeterminar

se o aluno

deve ou não

passar de

ano. "Testes

são muitos

restritos, o

que eles

avaliam?" ,

analisa uma

das professoras da escola, Claudia Garibaldi. No Anabá, umúnico professor acompanha o aluno desde o jardim.

Claudia tem um de seus três filhos matriculado na esco­

la. Ela e o marido - que estudou em escola alternativa -

moram no Rio Tavares, sul da Ilha, de forma bem natura­

lista. Não comem carne, não têm televisão e sua casa fica

numa área onde predomina o verde. "Queremos nossos fi­

lhos com um mundo interior muito rico", diz.Já a mãe de Claudia, Mauriliana Garibaldi - uma italiana

que mora desde criança no Brasil - não se conforma com o

.

'

tipo de vida que a filha leva e não aprova o tipo de escola

As diferentesa formas de ensino encontram adeptosentre pais e professores. O ponto em comum é a busca de uma educação adequada

que seu neto estuda. "Nós temos que evoluir. Eles estão

vivendo no século passado, quando nasceu Rudolf Steiner"

comenta frustrada. Ela lembra que Claudia estudou no

tradicional colégio Galileu Galilei em São Paulo e que só

conheceu a antroposofia depois que se formou em Pe­

dagogia. "A boa escola não precisa ser muito rígida, mastambém não precisa ser lerda.Tomara que meus netos con­

sigam se estruturar mais tarde no mercado de trabalho, maseles vão ter que ser muito inteligentes para isso" ,diz ,pen­

sativa, Mauriliana Garibaldi.

,.

.,. , Assim como a mãe de

Claudia, a psicopedadoga clínica e terapeuta da fala Zelita

Chamone acredita que as escolas ideais ainda são as tradi­

cionais. E mais: diz que a volta da escola tradicional adapta­da a realidade é uma tendência. "Eu verifico na maioria das

crianças com problemas de aprendizagem o fracasso da

escola. A escola tradicional tem tido mais sucesso que a al­

ternativa", revela. Segundo Zelita, outra falha, não só da

Anabá, mas das escolas alternativas .em geral - em

Florianópolis há mais quatro - é a falta de avaliação."Éimportante para que o aluno se adapte no futuro para a

competitividade", comenta. Para a psicopedadoga, os colé­

gios Menino Jesus e Imaculada Conceição são exemplos de

escolas tradicionais ideais. "Já o Instituto Estadual de

'Educação não seria ideal. Mesmo que haja avaliação, não se

tem a cobrança e atenção adequada porque ele é muito

grande. Algumas escolas municipais têm se revelado como

boas escolas", avalia.Filhos de um advogado em São Paulo, o arquiteto

Marcos Frugoli e seu irmão Marcelo, que trabalha como

corretor de imóveis, sempre estudaram em colégio alter­

nativo e defendem a metodologia usada. "Na escola alter­

nativa eu tive coisas diferentes. Além disso, na escola

padrão as pessoas viram padrões e só aprendem a re­

produzir", argumenta Marcos, embora admita que sentiu

muita diferença quando entrou na universidade. "Não pre­

cisamos passar a vida toda voltados para a faculdade. Não

importa o que vamos ser e sim ser bom naquilo que esco­

lhermos e isso se aprende na vida. A escola alternativa

deixa isso claro", completa Marcelo, que tem uma filha

matriculada no Anabá.

A historiadora Maria Cristina Cintra também tem seus

filhos estudando na escola alternativa. Embora tenha estu­

dado em colégios tradicionais, acredita que a busca de

novos valores seja melhor para seu filho. "E isso a escola

que usa a filosofia Waldorf oferece", diz. Ela afirma ainda

que em escolas padrões eles mostram a vida de forma

fragmentada. "Agora, algumas pessoas acham que na vida

moderna é só computador e televisão. Não percebem qUt1 .

tem que ter uma essência" ,conclui. f) � �. ..

Na disciplina para o aprendizadovale prestar contin�ncia para os

colegas ou desenvolver habilidadesartísticas. Cada escolha reflete o

estilo de vida dos paispor Sandra Vieira

s 7 horas e 25 minutos, as crianças pegam as suas

flautas-doce e começam a tocar. Na sala ao lado,outras mexiam com argila e fios de lã. Era disci­

plina de artes aplicadas que, como a música, é

obrigatória no currículo da escola Anabá, um colégio alter­

nativo em Florianópolis. Alternativo devido a sua

metodologia de ensino, que não prevê avaliação, e embora

com discipinas do núcleo comum, como matemática e por­

tuguês, estimula e dá muito mais ênfase a matérias quevisam desenvolver a criatividade da criança. "A diferençabásica existente entre nós e os colégios tradicionais é o fato

de não nos preocupar­mos só com o intelec­

to dos alunos, mas

também com sua pre­

paração para a vida",argumenta a diretora

da escola, Beatriz

Steckel Carmolinga.A Anabá, que em

tupi-guarani significaAlma do Homem, ex­iste há 16 anos e tem

250 alunos. Ela é ex­

tensão da escola Ru­

dolf Steiner, em São

Paulo, que utiliza a

pedagogia antroposó­fica, também conheci­

da como PedagogiaWaldorf - uma técni­

ca, existente há mais

de sete décadas e

usada em 700 colégiosdistribuídos no mun­

do inteiro. Sua filoso-

fia é desenvolver a criança como um todo, ou seja, influen­ciando na formação da mente, do corpo e do espírito. Porisso, além de disciplinas com arte, eles ensinam a ali­

mentação ideal e têm no constante contato com a natureza

os ensinamentos da espiritualidade. "Embora nossa dou­

trina seja cristã, não voltamos nosso ensino para nenhuma

religião", especifica a diretora.

TRÊS ESTRFU"IHAS - Lá não é preciso usar unifor­

me. Porém batom de cores muito fortes é vetado. Não há

provas e os alunos não recebem.notas. Porém, o comporta-o l .i •

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

como é hoje a Microsoft,seu público é mais di­recionado.

No final de maio a ESSS

já vai estar com uma sede

própria, a versão 1.0 do'"Coi-Iib pronta e a versão

para Windows 95 em fasefinal. Suas expectativas parao futuro cada vez se tornammais concretas. Clóvis so­

nha alto e já traçou as me­

tas que deseja alcançar, Afamília dá apoio constante.Definitivamente ele é uma

pessoa que luta para alcan­

çar seus ideais.

----------------------------------------------------------------------------maio/1996

Aos vinte anos, o

estudante Clóvis

Maliska é exemplo de. .

que CDF nao

precisa ser nerdpor Fátima Pissarra

Quando ouvimos falarsobre algum gênio,logo pensamos em

uma pessoa pelo menos umpouco diferente do normal,usando os famosos óculos"fundo de garrafa", cabelosem pé, roupas malucas ...Mas como para toda regraexiste uma exceção, o alu­no Clovis Maliska Júnior éuma delas. Com apenas 20

anos, completados no dia 4de abrrl, Clovis finaliza a

versão 1.0 de seu própriosoftware, o Coi-lib, um pro­grama para visualização 3De interface gráfica; conheci­do e premiado como um

dos 5 melhores softwares

expostos na Fenasoft de 95,e já sendo usado por insti­

tuições de grande portecomo a Petrobrás, o CentroTecnológico Aeroespacialde São José dos Campos e a

Celesc.Aluno da 7! fase de En­

genhariaMecânica, na UFSC,

Clóvis decidiu seguir a car­

re ira de seu pai, Clovis

Maliska, professor e coorde­nador do Sinmec (Labora­tório de Simulação Numéri­ca emMecânica dos Fluídose Transferência de Calor -

UFSC). Foi dele que ga­nhou, aos 9 anos, seu pri­meiro computador, um PC

XT, da Itautec, um dos me­

lhores da época. Familiari­zou-se com os softwaresacompanhando o pai nostrabalhos feitos pelo Sin­meco E foi neste mesmo la­boratório que Clóvis obteveseu primeiro emprego, com

13 anos. A partir daí come­çou a desenvolver seus

softwares.

TEMPODE SOBRA- Suarotina diária era muito dife­rente da de seus colegas. Demanhã treinava quatro horasde tênis (exemplo seguidopela irmã, Karina Maliska,hoje a quarta melhor tenistado ranking nacional), estu­dava a tarde e trabalhava nos

computadores na parte danoite. Apesar de toda essa

carga, sempre arranjou tem­po para estudar para as pro­vas do Colégio deAplicação,onde estudou até o 22 cole­

gial e nunca reprovou de

Ogênioemtraje

\

Praticante de tênis e fã de cinema,Clóvis mostra que é possível ser gênio sem ser nerd

ano.

No 32 colegial decidiuparar de jogar tênis e se de­dicar somente aos estudose ao computador, é claro,

Arranjava tempo para o

lazer nos finais de semana,"Sempre gostei de sair, e

não abro mão de ir ao ci­

nema", acrescenta. Seumaior hobby é mergulhar,sonha em ter uma lancha e

sair mergulhando pelomundo.

"BILL GATES" - Qual­quer semelhança com Bill

Portunhol, never more!Ensino do espanholjá é

obrigatório, mas amaioria das escolas dese nao tem professoreshabilitadospor Omar Felipe Paludo

Alíngua espanhola passa aser obrigatória, por lei, noscolégios estaduais deSão Pau­lo, Rio de Janeiro e Rio Gran­de do Sul. Já em Santa Ca­

tarina, a falta de professores ha­bilitados faz com que apenasalgumas escolas ofereçam adis­

ciplinaemseu currículo. Coma implantação de Mercosul,muitas empresas estão dandocursos de espanhol aos seus

funcionários:Nos colégios de Santa

Catarina, o principal problemaé o salário. Para os professo­res de €Spanhol habilitados,que são poucos, é mais lucra­tivodaraulas particularese cur­sos em empresas e órgãos pú­blicos'do que lecionar em co­

l�os estaduais.

Coma faltade profissionaisna rede de ensino público deSanta Catarina, a disciplina delíngua espanhola está sendoministrada por professoressemhabilitação, semformaçãode nível superior na área. Em

alguns casos, professores comcurso superior em outras áre­as e até mesmo professoressemnenhuma formação supe­rior suprem as necessidadesdo ensino. Quem informa éo Presidente daAssociação de

Maria Augusta Carvalho

Gates talvez não seja meracoincidência, aos 18 anos

montou sua propria empre­sa, a ESSS, que hoje se en­

carrega de produzir soft­wares para a área de enge­nharia e alguns sob enco­

menda, atendendo empre­sas importantes como a

Petrobrás. Mas ele mesmo

não se compara aBill Gates,o bilionário dono da Mi­

crosoft. Clóvis quer sim ter

uma empresa conhecida

mundialmente, mas não

pretende construir um

mega empreendimento

Professores de Espanhol, Sér­gio Murilo Machado.

INTERESSE - O colégioEstadual Osmar Cunha, emCanasvieiras, substituiu no anopassado o inglês pelo espa­nhol em seu currículo. O di­retor da escola, Daniel Da­nielli, constata que além dos

alunos, na maioria carentes,conseguirem empregos nos

hotéis e bares mais facilmentedurante o verão, eles se inte­ressampelo espanhol, porqueas aulas são mais dinâmicas.

Ométodode ensinodo es­

panhol dá ênfase à conversa­

ção e não a tradução como

ocorre com o inglês. E a pr0-ximidade com os povos lati­nos estimula a curiosidade e anecessidade dos alunos em

conhecer a cultura desses po­vos. A fun de despertar o inte­resse do aluno, os professo-,res de espanhol utilizam bas­tante o vídeo-cassete e a tele­

visão, que colaborampara queos estudantes reforcem seu

aprendizado. "

Mas não é só nas escolas

que estão ensinando a línguaespanhola. Muitas empresasestão oferecendo cursos de es­

panhol a seus profissionais.Para capacitarseu quadro fun­cional de modo a facilitar as

negociações, tendo emvista o

Mercosul, algumas empresas jáimplantaram cursos internosintensivos de espanhol. Este éo caso daRBS e da Portobello,que estão capacitando seus

profissionais de comércio ex­

terioremarketing, a fimdeme­lhoraros contatos para expor­tação e divulgação de produ­tos.

A polícia militar tambémestá investindo em cursos deespanhol. Para que os polici­ais possamprestar iníormaçôesturísticas e desenvolver servi­

ços de utilidade pública, a PMde Santa Catarina está forman­do grupos de profissionaispara estudar a língua. A inten­

ção da PM é melhoracolher o

turista,principalmente na tem­porada de verão.

I t'l I I r '"t I lJ

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

maio/1996----------------------------------------------------------------------------

III

Io que você iaria se

soubesse que o seu

consultor sexual viaInternet é, na verdade, umestudante de química?

por Laura Tuyama

Quem assina a lista de dis­cussão Sexo da Unicamp,certamente já viu as men­

sagens do Dr. Minatti, consultorsexual. Ele atende há mais deuma ano na lista, não cobra nadae já chegou a receber os mais di­versos tiposde proble-mas. Sua car­re ira come­

çou no exte­

rior e a expe­riência na á­rea está se

tornando ca­

da vezmaior,talvez únicano mundo.O Dr. Minatti recebe e-mails dediversos países, relecionadoscom problemas de diversas cul­turas.

O que muita gente não sabeé que este doutor é apenas um

aluno do curso de doutorado e

sua formação nada tem a ver com

terapia sexual ou ginecologia.Edson Minatti, 23 anos, dedica

grande parte de seu tempo à quí­mica dos polímeros. Para con­

cluir seus estudos, está moran­

do atualmente nos EUA. O quenão impede demanter o seu ser­

viço de consultoria.Ele considera sua participa­

ção na lista como um hobby, masquem leva seus conselhos a sé­rio, pode pensar que a coisa nãoé bem assim. A linguagem sóbriacom que responde e um certo

embasamento pódem levar a crer

que se trata mesmo de um espe­cialista, o que o levou a receberuma centena de mensagens pordia.

No começo, quando as

pessoas perguntavam o que eletinha para ser consultor sexual,falava que tinha formaçãoteórica e prática na área.

BRINCADEIRA - Tudo come­

çou como uma brincadeira hádois anos quando passou a assi­nar várias listas de discussão nosEUA e Europa. Ele percebeu queas mensagens sobre sexo não tra­tavam de fato sobre o assunto.

Um dia recebeu uma mensagem

de uma americana que relatavaum problema com o namorado.Vendo ali a chance de fazer algu­ma brincadeira, ele respondeu a

mensagem, deu alguns conse­

lhos e assinou a carta como con­

sultor sexual.Amulher agradeceu a ajuda,

mas ao invés de responder emparticular, lançou seu agradeci­mento numa mensagem públicapara todos os assinantes da lis­ta. Alguns acreditaram na histó­ria e começaram a escrever paraele. Foi um dilema: ou ele man­

dava uma mensagem dizendo

para todo mundo que era men-

tira ou ele co­

meçava a le­var a sério

aquela histó­ria.

Então de­cidiu levar a

sério e cadavez que rece­

bia uma per­gunta estuda­va bastante

para responder com seriedade.

Quando o assunto era ligado à

ginecologia, ele pedia ajuda a um

amigo ginecologista. Se a per­gunta era relacionada a namoro,

pegava as revistas Nova e Cláu­dia que sua mulher assinava.

/

KNOW-HOW - Quando foi

o auge da carreira de consul­tor aconteceu depois que ele co­

meçou a fazer propaganda do

serviço. Nas respostas que envi­ava para as pessoas, Minatti in­cluía um pedi-do: se elas ti-vessem gosta­do do serviço,que agrade­cessem para a

lista. Assim to­

dos ficariamsabendo queo consultornão estava pa-ra brincadei-

era uma faceta que nao podiatransparecer" .

Hoje ele recebe, em média,cinco e-mails por dia, relaciona­dos à consulta sexual. Minatti

não se con­

sidera total­men r. e

desprepara­do para o

cargo queo­cupa na lis­ta.Nocursode gradua­ção, estu-

dou neuro-

"Quando O assunto é ligado à

ginecologia, peço ajuda a um

amigo ginecologista. Quando é

namoro, pego as revistas Novae Cláudia da minha mulheril

ra. A coisa funcionou tanto quese tomou uma pirâmide: passa­do algum tempo, ele começou a

receber de 70 a 100 e-mails pordia, pedindo conselhos sexuais.

O sucesso foi tão grande queaté aqueles que no início nãoacreditaram no consultor, passa­ram a procurá-lo e pediam des­

culpas por terem duvidado. As­sustado com a sucesso repenti­no, Minatti pediu para que as

pessoas parassem de agradecerna lista. Se continuasse com mui­ta publicidade, não teria mais

tempo para estudar e ia ficar odia inteiro respondendo aos seus

"pacientes" .

MANTENDO A IMAGEMEle recebia também e-mails de

químicaquímica ligada ao sistema nervo­so - e farmacologia. "Estudei bas­tante o corpo humano". Quan­do apareciã algum problema sé­

rio, dava sua opinião e pedia queas pessoas procurassem um es­

pecialista. Sempre guardou sigi­lo.

Depois que se consagroucomo consultor sexual no Bra­

sil, Minatti parou de mandar e­

mails para o exterior. Para ele, éperigoso que as pessoas de lá le­vem a sério. "Se descobrirem que.não tenho formação específicana área, posso muito bem ser

processado por exercício ilegalda profissão", afirma.

Mas ele garante que jamaismentiu para ninguém. "Nuncadisse que tinha formação teóri­ca". Ele acha que aqui no Brasilo seu serviço não é levado a sé­rio. "Se eu tivesse dito que era

ginecologista, tivesse graduaçãoem consultoria sexual, que nem

sei se existe, seria uma mentira

que mais tarde poderia ser con­

testada", diz. No começo, quan­do as pessoas perguntavam o queele tinha para ser consultor se-

xual, falava que tinha forma­ção teórica e prá tica

na área.

EoqueMinatti vaicom toda

esta experiência? "Não pretendolançar livro, cobrar consulta ou

montar consultório. Todo este

trabalho sempre foi um hobbypara mim e acho, sinceramente,que já ajudei muita gente". Ele

percebe que as pessoas confiamno seu trabalho, então se esfor­

ça aomáximo para dizer uma coi­sa séria. "Talvez continue só parame divertirüm pouco". O

Pergunta - Dr.mitoMinhas amigaque é orgasmoResposta - Todo

possuem como pametas principais: gaperpetuação da espécie,

:J"ltllll1IIIIII.�•••�_""sexuada.

criada a lista Sexo, da Unicamp, sacanagem, como de homensMinatti já se apresentou como perguntando o que fazer para terconsultor sexual. "Afinal, eu já ti- um caso com um consultor se­nha o know-how". No começo, xual. E mulheres que escreviam

algumas pessoas acreditaram e contos eróticos, relatando as fan­outras não. As que acreditaram tasias sexuais com o consultor.

começaram a mandar e-mails. E Ele nunca respondia a este tipoele pôs-se a respondê-los. "Eu já de provocação. "Às vezes me

estava ficando até profissional, dava vontade de responder maspois os problemas começaram a, eu já tinha construído a imagemse repetir", , , .'- de consultor sexual" diz. "Essa

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

,

esses avanço tecnológicos.No Brasil as energias alterna­

tivas sãoaindamuitopoucoapro­veitadas. Como barateamento decusto dos coletores solares (con­versão termo-solar), algumas re­

sidências estão começando a im­plantar o seu uso, como no Bair­ro Santa Mônica em Florianó­polis. Uma família que usa, ener­gia solar como energia�uxiliarnum aquecedor elétrico obtémo retomo do seu investimento

----------------------------------------------------------------------------maioj1996

Condenados à escuridãoA um passo do ano 2000 a

humanidade se vê novamenteas voltas com um velho

problema: a escassez deenergia.

por Andrea Marques

pesar de todo o avanço tec­

nológico, a demanda ener-

gética mundial (ou pelomenos 80% dela) continua dependen­te dos combustíveisfósseis. O grande pro-blema é que esses

combustíveis um diavão se esgotar. E alémdisso o seu uso libe­ra 30 bilhões de to­

neladas de C02, CO,S02, NOx (óxidos denitrogênio) por anona atmosfera. No Bra­sil a situação é umpouco diferente, masnãomenos problemá­tica. 95% da energiaelétrica do país é de­rivada da geração hi­dráulica. E de acordocom a Eletrobrás es­

sas reservas poderãose esgotar no ano

2000, em condiçõesregulares de cresci­mento econômico. Ea Energia Nuclear...Apontada como su

posta alternativa e­

nergética elamostrouter várias limitações,sobretudo do pontodevista ambiental. Os

países que investiramnesta área estão com'suas pesquisas para­das ou já as abando­naram.

ALTERNATIVAS -

A tendência mundialé a concentração de

esforços nas pesquisasde fontes alternativas de energia. "Ospaíses industrialmentemais desenvol­vidos procuram no binômio EnergiaSolar-Combustível Solar, juntamen­te com a Energia Eólica - gerada pe­los ventos - a alternativa para o pra­blemaenergético e ecológico do pró­ximo século", explica o Prof. Enio Pe­reiza do Laboratório de Energia So­lar da UFSC. O desenvolvimento ci­

entífico e tecnológico vêm diminu­indo o preço dos equipamentos deconversão de energia solar, aumen­tando a cornpetitividade dessa formade energia frente às energias conven­cionais. Países como os Estados Uni­

dos, Alemanha, Austrália, Japão e Is­

rael, com os seus investimentos no

setor, são os grandes responsáveis por

Placas de energia solar de casa no

bairro Santa Mônica. Na foto ao lado, moinhos de vento.

apontam soluçãoEmbora o uso de Energi­as Altemativas seja aindalimitado, no Brasil po-

_cleroser-usados 0$ seguin­tes i"eCUrsos:

pás são acionàdas pela movimenta­

çãodosventos. Os cataventos podemgerarenergiamecânica-direta.ou elê­

através de um gerador, servin-bpmbearágua,'

,

'lu-

-o; aciooarenge.acumuladores. O seu bomfunciona­mento depende da regularidade dosventos. Osventos fracos resultamem

pouca energia e os ventos fortes emdesperdício.

Biodigesto:res - É a extração de ga­ses inflamáveis de ex�yntos hu-

J£netgiaSow - São doisos tipos: Conversão Ter­rtw-Solar e Células Fa­

toyol-taicas. A primeiratem uso doméstico no

aquecimento de águaoperando com-urna tem­peratura inferiora 100°Ce seu custo é bem peque­

docomose­,

as células

em apenas dois anos. Algumas casas

no norte da ilha, Rio Vermelho, usama energia Eólica comouma alternativamais econômica nos dias de vento, as­sim como propriedades rurais do es­

tado de Santa Catarina que já fazem o

uso de biodigestores. Mas esses nú­meros, mesmo espalhados Brasil afo­ra, são quase que insignificantes pertodo real potencial de utilização dessas

energias. O laboratório de EnergiaSolarda UFSCatualmente pesquisa viasatélite a radiaçãosolarno território bra­sileiro, com o objetivo de fazer um le­vantamento do potencial solar e­

nergético no Brasil. Essas pesquisas sóestão sendo viáveis graças a um convê­nio do Brasil com o Ministério da Ci­ência e Tecnologia da Alemanha. O

ado nos transístoresaproveitamento da

en'

umprojetoviável, tan­to técnica como economicamente.O

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

maio/1996-------

Eles fazem de tudo para emagrecerPara ter a silhueta que a

natureza não lhes deu, osgordinhos fazem de tudo

para emagrecer.por Daniela Melo

Naeterna luta contra a ba­

lança, emagrecer sem sa­

crifícios e sem deixar decomer aquilo que mais gosta é osonho da maioria dos obesos. Ea solução para uma dieta eficaz,sem fórmulas milagrosas, podeser a reformulação alimentar, ouseja, um programa personalíza­do de reeducação dos hábitos

alimentares, que concilia estéti­ca e saúde.

Porém, essa é uma realidade

que os obesos preferem ignorar.Pressionados por um padrão de

sociedade, onde ser gordo é ser

feio, eles entram em conflito e

buscam uma fórmula mágica·para perder peso o mais rápidopossível. Então começam a ape­lar para medicamentos e dietas

"milagrosas". É o caso da dietarevolucionária do Dr. Aikins,que permite a ingestão de quais­quer quantidades de proteínas e

gorduras. Esta dieta é rica em

gorduras, como ácidos graxossaturados e colesterol. Há tam­

bém a dieta de Beverly Hills,pela qual nos primeiros 10 diaso paciente não come nada alémde frutas em ordem específica e

em dias específicos, o que do

ponto de vista nutricional é in­fundado. Entre outras, aindaexiste a dieta do leite e da ba­

nana, rica em proteínas e gor­duras, onde calorias não con­

tam.

Segundo Regina Lúcia Mar­tins Fagundes, professora titulardo Departamento de Nutriçãoda UFSC, esses tipos de dietassão incorretas, porque não apre­sentam o equílíbrío entre os ali­mentos responsáveis pela manu­tenção da saúde, apesar de faze­rem emagrecer rapidamente. "Aobesidade é um estado patoló­gico, no qual há um excesso detecido adiposo em relação àmassa corpórea magra. Ela refle­te um desequilíbrio a longo pra­zo entre a ingestão e o gastocalórico". Para Regina, o primei­ro passo para uma pessoa ema­

grecer é mudar o estilo de vida,e com isso a educação alímen­tar. Ela garante que a m�Jhor_�i-

eta de emagrecimento é a hipo­calórica, uma dieta equilibradaentre proteínas, glicídios e

lipídios, a fim de promover uma

perda de peso sem que ocorra a

desnutrição. Além disso, o tra­

tamento dioterápico da obesida­de deve ser individualizado le­vando-se em consideração, sexo,idade, avaliação, antropometria,atividade física, hábitos alimen­tares e condição sócio-econômi­ca.

SAÚDE EM DIA - Para se ter su­

cesso no regime é importanteperder peso e, principalmente,conseguir a manutenção do

peso ideal, para também ajudarna cura de problemas de saúde.

apresentação da receita médica."Não uso regularmente por cau­sa dos efeitos colaterais, mas

pelo menos eu controlo minhavontade de comer", conta Beto.Os anorexígenos - drogas utili­zadas no tratamento da obesida­de - são produzidos com anfeta­minas e têm alto poder viciante.Eles atuam no sistema nervoso

central, provocam euforia, au­mentam a elevação da pressãoarterial e levam muitos usuáriosà esquizofrenia.

TERAPIA INTENSIVA - De acor­do com o endocrinologista Sér­gio de Carvalho, existem obesos

que precisam desse tipo de dro­

ga para controlar o peso até que

gredo de um regime bem-suce­dido não é deixar de comer tudoo que gosta, mas sim comer pou­co durante várias vezes no de­correr do dia".

MUDANÇA DE HÁBITO - Aobesidade é uma doença contro­lável desencadeada por muitosfatores. Podem estar implicadosaí os hábitos alírnentares, se­

dentarismo, problemas emocio­nais e as razões genéticas. Os

gordinhos, escravos dos regi­mes, lutam contra um defeitometabólico de origem genética.

Certas pessoas perdem me­

nos calorias do que outras por­que podem não dispor de cer­

tas "fechaduras" capazes de abrir

A busca de um milagre através de inibidores de apetite pode levar ao vício.Formuladas com antetaminas, essas drogas "tuam diretamente no sistema nervoso central

Barbara Petres/ZERO

Mas parece ser impossível paraos obesos ansiosos esperarem al­

guns meses para se acostumar

com a reeducação alimentar.BetoWestphal, diretor de teatrodo Grupo Armação, não admite

que está gordo para ir ao médi­

co, então vai à farmácia. "Já fiztodos os tipos de dietas, mas nãoconsegui seguir nenhuma por­que não gosto de me submeteràs regras. O jeito foi procurar osinibidores de apetite". Ele en­

controu uma farmácia que ven­de remédios com tarja preta e

vermelha, como o Inibex, sem a,

o médico consiga mudar o com­

portamento alimentar do paci­ente. Carvalho define esse trata­

mento como Terapia Intensivada Obesidade. "Todas as dietas

que limitam qualquer alimentosão negativas, pois levam a pes­soa a ter mais ansiedade", ana­lisa. Ele acredita que a pessoaengorda devido a problemas deordem emocional ou não pornão ter prazer na vida. Por isso,é essencial tratar a mente e o

corpo, fazendo um plano ali­mentar que é preparado depen­dendo de cada indivíduo. "O se-

. ,

a "porta" das células de gordurapara dar passagem para a adre­

nalina, hormônio que participado processo de queima de calo­rias e eliminação da gordura. Aausência de tais fechaduras, cha­madas de receptores beta-S,impede a passagem da adre­nalina para o interior da célula,fazendo com que ela inche. A

questão é encontrar os genes de­feituosos que não produzem es­

ses receptores e desenvolver

drogas capazes de suprir essa

deficiência. €)

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

\ \

YJ.I.N"

------------------------------------- maio /1996

A evolução dodesemprego

relação entreadrniss6es x derniss6es

..JIr

Desemprego sobe no estadoNúmero de demissõesern Santa Catarina éo maior desde 91, o

período maisrecessivo do governoCollor

por Alex Cunha

Santa C.atarina fe­chou o ano de 95com o segundo

maior índice de desem­

prego dos últimos cincoanos. Foram 21.365 de­missões de acordo com

os números divulgadospelo Sine, Sistema Naci­onal de Emprego. Estesaldo só não foi superiorao registrado em 91-pe­nodo recessivo do gover­no de Fernando Collor,quando mais de 24 miltrabalhadores perderamseus empregos. Este ano,só a indústria têxtil jádemitiu quase três miltrabalhadores.

O setor industrial é o

que mais tem reduzido

postos de trabalho em

Santa Catarina. Dos maisde 21 mil trabalhadores

despedidos no ano pas­sado, 20.899 pertenciamao setor.

O técnico de análisede mercado d·e trabalhodo Sine, Osnildo Vieira

Filho, diz que esta elimi­

nação de vagas está sen­

do causada por três fato-:res em especial: a aber­tura do mercado brasilei­ro às empresas estrangei­ras, iniciada em 90; a au­tomação da produçãonas empresas e os jurosaltos do segundo trimes­tre do ano passado.

TEXTÊIs - Entre as in­

dústrias, o setor têxtil evestuarista foi o mais aba­lado. Em 95 o Brasil so­freu uma invasão de pro­dutos dos países asiáti­

cos, com preços mais bai­xos que os produtos na­

cionais, graças à reduçãoda taxa de importação.Com isso a indústriacatarinense perdeu o seumercado e os produtos,sem ter saída, começa­ram a encalhar. A soluçãofoi diminuir a produção,reduzindo também o

.

quadro de funcionários.Resultado: 7.178 traba­lhadores perderam seus

postos. Em 96, mais

2.979 vagas foram fecha­das no setor.

Além da queda no

número dos postos de

trabalho, Santa Catarinavêm registrando aumen­

to da população econo­

micamente ativa -pesso­as maiores de 14.anos,idade mínima para in­

gressar no mercado detrabalho. No ano passa­do o Sine emitiu 68.637novas carteiras de traba­

lho, 4,7%· a mais que 94.Para Vieira Filho este

dado indica que ou o de­

semprego no estado émaior do que o que se

tem registrado até agoraou a economia informalcatarinense está crescen­do. Os trabalhadores;sem contrato assinadoem carteira e a seguran­ça da CLT (Consolidaçãodas Leis do Trabalho), searriscam em qualqueroportunidade que surgir.

.

Um exemplo disso éMoisés Belizário dos San­tos. Carioca, 27 anos, eleveio morar em Floria­

nópolis em 92. Traba­lhou até maio do ano

passado num depósitode cimento. Depois, a

empresa passou por um

pequeno corte de despe­sas e de empregados e

ele foi demitido. Moisés

pegou amulher e o filhode 4 anos e voltou ao Riode Janeiro, para tentar

um emprego por lá.Nove meses de procura,sem resultados, voltou a

Florianópolis em feverei­ro. De lá prá cá, trabalhacomo catador de papelnas ruas do centro da ca­

pital.Aatividade the ocu­pa 10 horas por dia, e o

salário não ultrapassa os

R$ 160,00 mensais.Outro desempregado

que cedeu ao mercadode trabalho informal foiNilson da Silva, de 41anos. Padeiro há mais de

·2D, ele perdeu o empre­go há quatro meses. Des­de então vem fazendo bi­cos em padarias do mu­

nicípio de São José. Suarenda mensal hoje é R$

1991 -2,62%

..

.,

1993 1,87%

1994 2,68%

1995 -2,27%

o carioca Moisés Belizário trabalha Eduardo Burckhardtl ZERO

como catador de papel para sustentar a mulher e o filho

100,00, um quarto do

que recebia no empregoque perdeu. "Minhamu­lher e meu filho mais ve­

lho que estão sustentan­do a casa", desabafou ele.

Entre um trabalho e ou­

tro que surge, Nilson daSilva procura o balcão de

oportunidades de em­

prego do Sine. Nas qua­tro tentativas que fez elenão teve a sorte de en­

contrar uma padaria re­

quisitando serviços deconfeiteiro .

OPORfUNIDADES - Osbalcões de oportunida­des do Sine são um ter­

mômetro na avaliação dacrise enfrentada pelasempresas no estado. Noano passado, mais de 70mil pessoas se cadastra­ram no sistema em SantaCatarina e esperam porum emprego. Foi umcrescimento de 69,1%em relação ao ano ante­

rior.Mas o número da procu­ra não corresponde ao

número.

de con­

tratações. Alguns dos

inscritos são encaminha­

dos, porém poucos sãode fato contratados. Sóno ano passado, porexemplo, foram ofereci­das 33.678 vagas, mas

apenas 13.637 candida­tos cadastrados junto ao

Sine foram efetivados.Um índice que não che­

ga a 41%.De acordo com Vieira Fi­

lho, a principal causa danão contratação de can­

didatos enviados peloSine às empresas é a faltade qualificação profissio­nal dos cadastrados."Não existem dados exa­tos sobre isso, mas a ex­

periência comprova". Oproblema, aliás, é regis­trado em todo país. Se­

gundo dados da orr, Or­ganização Internacionaldo Trabalho, o trabalha­dor brasileiro tem um

grau de escolaridade, em.

média, de três anos e

meio, enquanto os paísesdesenvolvidos sustentamuma média de 10 anos.

Podendo, inclusive, che­gar a 11 ou 12 anos comoacontece nos Japão e

EUA, respectivamente.O

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

neUTE EsrA CAlÇÃOA banda mineira Pato Fu

passa por Florianópolispara divulgar seu 2º discoe concede uma entrevista

exclusiva ao ZEROPor Beatriz Prates e

Daniela Neves

Uai'só! De repente, uns

minerim, com nome dePato Fu, com jeitim assim,

amorzin, de falá entra no circuitonacional. Com três anos e meio de

vida, já estão terminando seu ter­

ceiro disco. Cê vê, que imbecil é a

vida!

Fernanda,Jonhe Ricardo se jun­taram e logo gravaram seu primei­ro disco:"Rotomusic de Liquidifica-pum", pela gravadora indepen­dente Cogumelo (a mesma que lan­çou o Sepultura). No ano passadolevaram o prêmio de banda revela­

ção da MTY, com o segundo disco"Gol de Quem?". A banda tem uma

queda por nomes estranhos. O no­

vo disco sai até julho e vai se cha-

FICHA TÉCNICAFernanda Takai: violão e vocalJohn: programação, vocal,violão e guitarraRicardo Koctus: baixo e vocalXande Tamietli: baterista (háseis meses na banda)

mar"Tem,masacabou",com 14 faixassó deles. "Odisco tem

este nome

prá ajudar osvendedoresdas lojas"brinca John.

Vocês ficaramum tempo em

Minas e hojesão conheci-dos em todo o Brasil. O fato de a músicado Pato Fu entrar na MTV ajudou? Comofoi este boom para o circuito nacional?Ricardo: A M1V é o único meio de

divulgação que o Pato Fu, e outrasbandas novas, tem. Quase nenhumarádio toca Pato Fu ou música de ban­das novas. Rádio é um veículo com­

plicado, se você não é o perfil, nãoentra. Então a MTV é a única fonte

que nós, e todas as bandas novas,

Fenômeno lançado pela MTV,a banda mineira Pato Fu vai lançar seu 3° disco e ainda não toca nas rádios

Beatriz Pratesl ZERÕ

temos.

A MTV é realmente acessível a todos?Fernanda: Eles têm muitos de-

feitos. Mastêm o grandemérito que é

depender ex­clusivamentede termos téc­

nicos, da qua­lidade do seu

material, deum certo cri­vo deles, queé muito eclé­tico. Geral­mente quemmanda demo­

clip, pelo me­

nos uma vez

passa. E se

não passamais é porquenão teve res­

posta.Ricardo: AMTV evoluiumuito, reali­zou um even­

to como o

MTV MUSIC

AWARD, ondeganhamosumprêmio debanda revela­

ção e onde

quase todasas bandas no-

Ricardo Koctus é o baixistae também faz as vezes de vocal

Beatriz Pratesl ZERO

vas estavam representadas. Vocênunca ouve uma rádio falando quevai tocar a música destas bandas,porque acham que elas vão práfrente. Por issoa M1V é, sem dúvi­

da, o maior meio que as bandas no­vas tem. O rádio é modista.

Vocês são comparados com os Mutan­tes, chamados de "Novo Mutantes".Ricardo: Não concordo. Nós nãonos consideramos descendentes,herdeiros dos Mutantes.

A música deles não influiu na de vocês?Fernanda: Não é influência direta.Eu nem tenho disco dos Mutantes,nem da Rita Lee. Existem algumascoincidências na carreira, como ser­mos um vocal feminino e dois mas­culinos e fazermos música diferen­te 'Uma da outra. Mas não nos ins­

piramos neles. Amúsica que grava­mos deles (Qualquer Bobagem) foimais por causa da versão do Tom

Zé. Agora, esta comparação é nor­mal. A imprensa tem que compa­rara alguém para dar referência praquem está lendo. Felizmente OsMutantes é uma coisa boa.Ricardo: Acaba sendo um elogio.

Como é o processo de criação das mú­sicas? Votês escolhem temas e traba­lham neles?Ricardo: Eu nunca pensei em pre­parar o disco com um tema. Quan­do componho as músicas, cadauma é de um momento , algumacoisa engraçada que aconteceu, sãodesses flashes que aparecem.

O disco "Gol de Quem?" é supereclético. Junta Mutantes, Falcão,Beatles. Como foi montar este disco?Fernanda: Foi de gosto pessoal.Nós três somos bem diferentes, en­tão por isto tem esta diversidade. Odisco não tem coerência de temas,mas ele é coerente namedida emque

nos permitimos fazer coisas que que­remos. Não é só porque a banda cha­ma-se Pato Fu que temos que fazer,por exemplo, música heavy de qua­drinho japonês. Pegamos um poucode tudo que gostamos.

Que tipo de música o Pato Fu quer fazer?Fernanda: Aúnica coisa que sabemosé que o Pato Fu é uma banda de rock,dentro do que ele proporciona. Vocêpode fazer um rock calminho, umrock brega, urn rock heavy.

Vocês têm medo da comercialização?Fernanda: É algo inevitável. Temosum conceito forte de termos carreira

longa. Sabemos que se isto acontecer

(a comercialização) a carreira pode sermais breve. Por outro lado é um ca­

minho, também. Tem gente que fazsucesso.um ano e vive o resto da vidadisto.

Com os programas na TV, vocês achamque estão em super-exposição?Ricardo: De forma alguma. Fizemosum Faustão e um Programa da Xuxa.Quanto seria super-exposição? Nãosabemos medir isto. Mas desde o diaem que fui no Faustão, minha vidamudou. É um poder muito grandemostrar sua cara. Se for pensar queestou em super-exposição, vou ficar"neurado",Fernanda: Não queremos ser uma

banda cultivada por um grupo pe­queno. Todo mundo que émuito pu­rista, se isola. Uma pessoa que só

gosta de um tipo de música ou gru­po fechado, não interessa. Não so­

mos assim, ouvimos um pouco detudo. Então ternos que usar .estes

programas de TV prá dar um tiro de

canhão, e nestas pessoas feridas, terum público fiel, que acompanha a

gente mais. O

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

das grandes preferidas daaudiência Dazaranhesca.Gazú, emocionado, só con­seguia dizer "Massa, gale­ra". E no final do show,mostrando que as coisasnão mudaram tanto assim,repetiu o tradicional " Fa­

lou, pessoal. D'zaranha

agradece".E agora? O que resta

para os rapazes? Qual seráo futuro da banda. O queestá por vir Qual será o

próximo passo do Daza­ranha? Tudo isso é um se­

gredo guardado a sete cha­ves pelo empresário Zeca

Carneiro, que prefere não

revelar para não gorar. O

menininhas de umbigo defora. E, é claro, familias intei­ras levando os filhos. Afinal,estavam todos diante de umfenômeno.

Foi tudomuito rápido.De repente, Gazú (vocal),Adauto (baixo),JoséCaetano(bateria), Moriel (guitarra),Fernando (violino), Chico(Guitarra) eJerry(percussão),uma "cacalhada", segundoMoriel, se transformaram na

banda do coração de muita

gente em Florianópolis. Comtodos os méritos, diga-se de

passagem. É a primeira vez

que aparece no estado uma

galera mostrandoumsom di­

ferente, com novidades (co­mo as constantes interven­

ções de violino e percussão)e, ainda por cima, ligada comtudo o que .está rolando na

nova cena pop brasileira.E o Dazaranha apresen­

tou tudo isso para o públicoque lotou o CIC duas noites

consecutivas, acrescentandotoques de superprodução. Aequipe responsável pelo es­

petáculo tinha 36 pessoas.Dança tribal, mestres de ca­

poeira, naipe demetais e a in­clusão de mais dois percu­ssionistas foram adicionadosà tradicional apresentação da

SIJam bam vindoSbanda.Maso queroubou a

cena foi a

impagávelapariçãode Ubira­

tan, figurafolclóricado SacoGrande e

persona­gern-t itu­lo de umadassicas

mú­do

o público, que lotou o CIC duas noites seguidas, Srlvlo Pereira/ZERO

assistiu ao Dazaranha em shows produzidos por uma super equipe de 36 pessoassepteto.Ele apresentou o show com

uma desenvoltura de fazer in­

veja a Silvio Santos, fez discur­so e ainda voltou para o bis,numa dancinha ao som da

canção inspirada em sua pes-soa.

Abanda tocou todas asmúsicas de Seja Bem Vindo e

mais outras canções que - de­

pois de muito quebra-pauentre eles - ficaram fora do

disco, sempre com algumamexida nos arranjos. Vaga­bundo eEquilíbrio ganharamversões acústicas, enquanto a

instrumental Café Com Ci­

garro ficou quilométrica comos solos de cada um dosinstrumentistas. Também fo-

adI ROCKNa cola do Dazaranha,

outras dez bandas de Floria­

nópolis se uniram numa co­

operativa criada pela Com­

panhia da Cultura, que po­de muito bem ser chamadade "selo independente". Aidéia é a seguinte: os músi-

cos gravarão seus CDs, assu­mindo o cornprornisso devender 35 cópias de cadadisco lançado pelo projeto,além de fazerem dez showsna camaradagem pam a di­

vulgação dos lançamentos.Os primeiros a entrar em

o Primavera nos Dentes é a primeira Srlvlo Pereira/ZERO

das 10 bandas da Companhia da Cultura a gravar o seu CD

estúdio foram os rapazes doPrimavera nos Dentes. Abanda passou um mês em

São Paulo gravando as dozemúsicas de O Parto que, se­

gundo o percussio-nista joe,não poderia ter outro títu­lo. "Cara, são quase sete

anos de estrada", desabafa.Mas eles não têm do quereclamar. Até agora, o rela­cionamento com a Compa­nhia da Cultura anda as milmaravilhas e o trabalho fei­to na cidade grande foi prálá de satisfatório. "O estúdioonde gravamos em ótimo. Otécnico de som era um dosmais acessíveis que eu já vi",entusiasma-se.

O cabeça da companhia,Márcio Escariotes, apostanas novas bandas por esta­rem envolvidas num cenárionunca visto antes na Capi­tal. ''A coisa está mudando,o público está começando a

cobrar músicas próprias e

de qualidade", afirma. Pam

mm apresentadas as novas

"Barco Pesqueiro" e ''Anos

90", que recebeu como acrés­cimo um dispensável mini­poutpourri de hits doúltimoverão.

A platéia adorou. To­dos cantaram, dançaram, fu­maram (apesardos apelos dabanda) e levantaram as mão­zinhas na hom de "Shau Pais

Baptiston". Chegava a ser en­

graçado ver a garotada ento­ando a plenos pulmões o hit"Muralhas" com o refrão cha­ve-de-cadeia "somos unidos

pelo pó". Curiosamente, umadas músicas mais aplaudidasfoi "Darci", que não faz partedo disco, apesar de ser uma

ele, todo esse movimentovai atrair a atenção para a

produção musical do esta­

do, como aconteceu em ou­

tros lugares inusitados,como Curitiba e Recife. "Euconfio no potencial do pes­soal daqui, só falta um em­

purrãozinho pam a coisa ir

prá frente", teoriza.

PÉs NO cnso -Aexpec­tativa de todos os envolvi­dos é a melhor possível, masmacacos velhos como Grin­

go Starr, da banda Fur-nas,preferem deixar os pés no

chão. Ele diz que outras ex­

periências já foram testadascom resultados desastrosos.

"Já vi muita banda lançarCDpor aqui e acabar meses de­pois. Não existe um sistema

de divulgação independen­te e, no que depender dosmeios de comunicação cata­rinenses, não sai nem uma

notinha no jornal". (A.SO

Dazaranha chega ao

mercado com seu

primeiro CD - Seja Bem

Vindo - após três anos e

meio de estradopor André Seben e

Fábio Bianchini

A

OVéiO!O Boulevard

tá aqui". Foi assimque uma voz anôni­

ma saída da multidão que se

aglomerava em frente ao Cen­tro Integrado de Cultura de

Florianópolis, com a incon­fundível inflexão surfistica,definiu o que foramos showsdo Dazaranha nos dias 29 e

30 de maio, pam marcar o

lançamento de Seja Bem Vin­

do, disco de estreia da bandaque, de três anos pam cá, évista como a única de SantaCatarina capaz de obter pro­jeção nacional, sartâ fora e

aparecer no Faustão. Lá esta­va toda a fauna que freqüen­ta os shows dos sete rapazesdo Saco Grande. Lá estavam

as deliciosas menininhas de

umbigo de fora, os caras quevão atrás das deliciosas me­

nininhas de umbigo de forae as pistoleiras que vão atrásdos caras que vão atrás das

Aí estão as 10bandas do

ProjetoCompanhia daCultura

• WALAIÊ SUÊTO• FURNAS• OS UDIGRUDIS• TIJUQUERA• ÁRCADE• BRASIL PAPAYA• ANÉIS

DE SATURNO

• íNDICE• EKLIPSA

• PRIMAVERA

NOS DENTES

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

maio/1996------------------------ __

Etána hora de

nveritarrnos

m novo adjetivo na

língua portuguesa, meda­lhável. Por este nome se

define todo aquele que, nospor JurandirMatarazzo

próximos meses. vai ser

bajulado pela imprensa como "esperança demedalha" na próxima Olimpíada. Além de ocupa­rem centenas de páginas nos jornais e revistas,terão direito a aparecer na televisão cada vez que oFernando Vanucci disser "alo você".

Isso tudo até o início da Olimpíada, porque émais fácil sermedalhável que medalhista. Não

raro, os medalhistas permanecem esquecidos até

ganharem uma das competições. Aí sim, têmdireito a subir no pódio, receber a medalha e um

ramalhete de flores e não cantar o hino nacionalcom a desculpa de estar muito emocionado paraisso. De quebra, serão os futuros medalháveis,sejam os próximos Jogos Olímpicos em Pequim,Singapura, Brasília ou Biguaçu.

Uma boa alternativa para fugir da mesmice dosmedalháveis - e até dos medalhistas, já que estes

vão torrar a nossa paciência depois da Olimpíada -

é contar histórias sobre um outro tipo de persona­gem. Vamos falar dos imedalháveis. Surgiriam,com certeza, histórias como essas, no melhorestilo gente que faz:

''Arnaldo Fritz tem em comum com o nadadorFernando Scherer algo mais que os cabelos loiros.Ele lembra como, há dez anos, ambos disputaramaté a última braçada o primeiro lugar em uma

prova de natação na piscina de um dos clubes de

Florianópolis. HojeScherer é o Xuxa, que treinavárias horas por dia em busca de uma medalha

Olímpica. Arnaldo é Naldão, 35 quilos mais gordo,cujo principal exercício é andar por toda a cidadeem busca e emprego, desde que foi demitido doBanco Nacional."

Ou esta outra, ainda mais singela:"Desde criança, Josenilton Araújo queria ser

jogador de basquete. Aos 18 anos disputou seu

primeiro campeonato, ainda que numa equipesem expressão. Há quatro anos, a decepção: nãoestava na equipe que foi a Barcelona. Desta vez

tudo foi diferente. 'Não me decepcionei', diz ele.'Já sabia que não iria a Atlanta'.

A obra ícone do

jornalismo como arte

completa três décadas

inspirando novos

autores de romances­

reporiaqem.por Romeu Martins

ssados 12 anos deuamorte, o autor deA Sangue Frio rece­

beu uma homenagem no

dia 9 de janeiro: a criação doPrêmio Truman Capote deLiteratura e Crítica. Escrito­res e críticos literários con­

correrão a cada quatro anos

ao prêmio, fixado em US$100 mil.

É um reconhecimentoma is do que merecido a obrade um dos maiores escrito­

res americanos do século e

que, em vida, foi por muitasvezes negligenciado. Não à

toa, Capote declarou em cer­

ta ocasião que sua vida comoartista poderia "ser traçadacom a precisão de um diagra­ma hospitalar: os altos e bai­

xos, os ciclos bem definidos".

ROMANCE VERÍDICO -

O principal motivo para es­

sas oscilações foi a atitude,desde sua estréia com o ro­

mance Other Voices, OthersRooms, em 1948, de sempretrazer a público sua vida pes-

soaI. Como que para reafir­mar sua postura de escritordesmascarara hipocrisia e os

preconceitos enraizados no

AmericanWay ofLife. Capo­te deixou clara sua condiçãode homos-

sexual, al-coólatra e

viciado em

drogas, es­

candalizan­do a Améri­camoralistados anos

50 e 60.Inevitávelos pontosbaixos do

"diagramahospitalar"do escri­tor.

Mas ine­vitável tam­bém foi re­conhecer oseu talento.O pontomais alto

riomo assim Truman Capotedecidiu que iria dissecar to­dos os detalhes do caso parater um quadro completo."Sim, era o mesmo que jo­gar pôquer de cacife alto; fi-

.�. Truman CapoteA Sangue Frio

veio com a publicação do"romance verídico"A SangueFrio,há exatos 30 anos. Na

verdade sua primeira expe­riência com um livro não

ficcional foi 11 anos anteri­or. Em TheMuses areHeard,uma coletânea de artigos pu­blicados na revista The New

Yorker, Capote relatava o pri­meiro intercâmbio cultural

entre os EUA e

a então URSS -

uma excursão

de artistas ne-

gros america­

nos pela Rú­ssia. Porém o

projeto de A

Sangue Frio foimuito mais am­bicioso e repre­sentou uma a­

posta no queele considera-

''A aventura de uma geração" trata de um controvertido período histó­rico do país sem ficar preso em estereótipos, imprimindo à narrativa to­

dos os elementos que faltam à maioria dos livros de História: ritmo, agili­dade, coesão entre os acontecimentos e suas causas. Isso só é possívelpara alguém que participou ativamente daquela conjuntura. E Zuenir Ven­tura participou. Assim como hoje é uma das figuras mais importantes portrás do movimento Viva-Rio, o jornalista na época estava presente na mai­

oria dos fatos que fizeram de 1968 um ano marco. Fatos que reviveu, vinteanos depois, neste romance-reportagem, graças a um estilo que combinadiferentes formas narrativas - verbos no presente, uso da primeira pessoa,detalhismo -, variando de acordá com o clima dos acontecimentos.

1968 -O ANO QUE NÃO TERMINOU

ROTA 66 - A HISTÓRIA DA POLíCIA QUE MATAÉ o exemplo brasileiro mais bem acabado do queA Sangue-Frio repre­

senta. O alvo das invenstigações de Caco Barcellos é a Rota - Rondas Os­

tensivas Tobias Aguiar - unidade do 12 Batalhão da Polícia Militar de São

Paulo e considerada o orgulho da corporação. Também conhecida como a

polícia que mata. Criada em outubro de 1970 com a missão de combateras guerrilha da época, a Rota teve a sua história e a de seus integrantesdissecadas por cinco anos de trabalho efetivo do jornalista. O resultadofoi um Banco de Dados que reúne 4.179 vítimas, grande parte inocentes,da força policial, de tal forma documentadas que livraram o autor das

ameaças de morte e dos processos judiciais. Rota 66 trás luz também ao

privilégio dos PMs de serem julgados por Tribunais Militares em lugar daJustiça Civil, e as possibilidades de impunidade que isso permite. , cÓ;

�. .":"

va urn terreno

quase virgem: ojornalismo co­

mo arte.

O ponto de

partida para o

livro foi a chaci­na dos quatromembros deuma famílianuma regiãoisolada do esta­

do do Kansas,em 1959. Umcrime até então

obscuro, mes-

quei com os nervos em fran­

galhos durante seis anos,sem saber se eu tinha um li­vro ou não. Foram verõesinacabáveis e invernos de ra­char, mas não desisti da luta,jogando com as cartas de

que dispunha, da melhorforma possível. Aí, no fim, vique tinha um livro".

E que livro. De uma ma­

neira objetiva e com total ve­

rossimilhança, o autor des­creve cada pormenor. Pági­na por página somos apre­sentados à vida em uma ci­dade interiorana dos EUA, àcrueza do crime, à captura,ao julgamento e, por fim, àcondenação da dupla homi­cida. Tudo com imparcialida­de e equilíbrio, sem cair nasarmadilhas do drama de

emoções fáceis.Ao longo destas três dé­

cadas o livro inspirou inúme­ros escritores, inclusive au­

tores que, de início, critica­ram duramente a obra, comoNorman Mailer, par exem­plo. Na área do jornalismo,é urna referência obrigatóriaquando se fala no Novojor­nalismo, assim como leitu­ra indispensável para todos

aqueles quer acreditam quea profissão é algo mais quepreencher formulários res­

pondendo quem fez o quê,quando, onde, porque e

COulo.· ..

.O

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

maio / 1996

Rtas consagradas nãocheqam no Brasil porinteresses dosdistribuidoras arinaaspor Alexandre Winck

OScinemas a�enti­

no e uruguaia tam­

bém ainda não leva­ram um Oscar de melhor fil­me estrangeiro, mas emma­

téria de mercado de vídeoos "primos pobres" do, Bra­sil no Mercosul têm lá os

seus Maradonas e Copas de50 para esfregar na nossa

cara. Mesmo comum públi­co consumidor de cinemabem menor que o daqui, émuito mais fácil encontrarum filme em vídeo nesses

países.O mercado nacionalestá num atraso espetacular.

Para se teruma idéia, ci­neastas consagradíssimostipo Orson Welles ou Fran­

çois Truffaut não têm maisdo que três ou quatro filmeslançados em vídeo nestas

bandas. E não" se trata só dosclássicos antigos ou do fil­

me-norueguês-que-mostra­um-cara-falando-sozinho­por-quatro-horas. Fitas maisque comerciais, comoPsico­se, maior bilheteria de

Hitchcock, ou Tubarão,primeiro megasucesso de

Spielberg, também aindanão deram o ar da graça. En­

quanto isso, os vizinhos cur­tem as obras completas detodos os mestres.

A jogada nessa diferen­

ça de acervo tem a ver com

o sistema de distribuição

dos filmes para a AméricaLatina, centralizado no Mé­xico. De lá as principaismajors norte-americanasdecidem o que o pessoal"de baixo" assiste ou não.Isto é, o lançamentão queentope as prateleiras das

locadoras, que mistura os

grandes sucessos a qual­quer abacaxi que Holly­wood tenha pr-oduzsdonum prazo inferior 'a· seismeses. A diferença é quealguns países conseguemburlar esse esquema, en­

quanto no Brasil, com hon­rosas exceções, impera o

amém sem restrições. ''Achoque o problema é mesmo a

falta de vontade das distri­buidoras daqui", afirmaCarlos Eduardo Valente, só­cio da Raro Efeito, única 10-cadota de Florianópolis es­

pecializada em clássicos docinema.

Para fechar a goleada, omercado de venda direta defilmes em vídeo está muitomais adiantado por lá. En­contra-se filme para venderem diversas lojas, inclusivebancas de revistas, por umpreço menor que o de umCD no Brasil. Há lugaresem que se pode achar umafita por R$ 5,00. Aliás, empaíses como os EstadosUnidos, o sell-tbrú é regra,não exceção. Aqui, nem as

locadoras conseguem um

preço razoável para com­

prar as fitas para aluguel.Um lançamento pode cus­

tar até R$ 70,00.ACESSO - Se as distribui-

Para Simpr.Florianópolis tentarecuperar seu passadoatravés de um ArquivoHistórico

por Beatriz Prates

Criado há quatro meses, o

Arquivo Histórico continua

realizando campanha para do­ação de material. Qualquertipo de documento sobre o

passado da Ilha é de interesse

para o acervo.

Até agora foram arrecada­da; 400 livros e 45 caixas comdiversos documentos perten­centes ao Arquivo Público daCâmaraMunicipal, setordedo­cumentação da UniversidadeFederal de Santa Catarina, Ins­titutodePlanejamento eUrna-

nização de Florianópolis e Se­

cretaria de Urbanismo e Servi­

ço; Públicos.O documento mais antigo

é uma carta do imperador daProvíncia de Santa Catarina,de 1715. Amaioria desses do­curnentos não está num bomestado de conservação, princi­palmente os que vieram daUFSC. "Os livros estavam de­baixo d'água quando nós a;trouxemos para cá", diz a his­toriadora responsável pelo ar­

quivo, ]osete Sandrini.Ela é a única pessoa desta­

cada para destrincharas caixasde materiais já adquiridos, enão poupa reclamações: "Émuito difícil realizar todo este

trabalho sozinha, mas a prefei­tura não tem COfIlO contratar

doras brasi­leiras

.

aindanão demons­tram boa von­tade em viraro jogo, pelomenos entre

as locadorashá quem quei­ra facilitar as

coisas para a;cinéfilos. Va­lente adqui­riu uma sériede filmes atra­

vés da vendadiretana; mer­cados norte­

americano e

argentino e

está alugandoas fitas. Os tí­tulos inclu­em desde os

já citados Psi­cose e Tuba­rão até clássi­cos mais an­

tigos de

Hollywood,como O Cre­

púsculo dosDeuses, deBilly Wilder,ou obras-pri­mas européi­as tipo Fahre­nheit 451, deTruffaut.

O que embola o meio de

campo é que os filmes estãoou no original em inglês oucom legendas em espanhol.Quem achar que saber ler eescrever no idioma de Sha-.kespeare chega ou que espa­nhol é "muito parecido" com

•.

.

.��..

...

Os títulos que fUram o esquema de

distribuição: sem legendas ou dublados para o espanholreprodução

o português vai apanharumbocado. Além disso, muitasfitas argentinas têm uma

qualidade de imagem infe­rior à das brasileiras. "Mas

quem gosta de cinema em

geral encara tudo, desdeimagem de fita pirata até le­

genda em japonês. Eles que-

rem é ver os filmes", garanteValente. Infelizmente, algu­mas fitas da terra do tangonão têm como ser assistidas

aqui, por causa do sistema degravação. Muitos filmes lásão gravados através do PAL­

N, que não é usado nos

vídeos brasileiros. O

mais pessoal ", Sua esperançaé que depois de tudo organi­zado a comunidade possa re­

correr ao arquivo como fontede pequisa sobre a história dacidade.

A campanha de doação dematerial ainda não recebeunenhuma contribuição dopú­blico. O arquivo trabalha comfotos, documentos, vídeos e

qualquer outro tipo de mate­

rial que contenha informa­

ções sobre Florianópolis.Para colaborar com o Ar­

quivo Histórico de Floria­

nópolis, envie seu material

para a Rua.General Bitten­court, n0223, CEP88.020-100,Fone (048)2249200 r.268, aoscuidada; deMarileneRibeiro.

OA peça mais Importante doacervo é uma carta datada de 1715.

Beatriz Prates/ZERO

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

L L

maio/1996------------------------------------------------------------------------------

Poéf

Milton Petrella e seu

personaqem Xis andam

pelo Brasil a divulgaridéias sobre a cultura

da corrupção

méritodemonstra­

do em público éa criatividade, aliado

a uma dose de carisma e

sensibilidade, para criar per­sonagens de extrema identificaçãocom os brasileiros.

Sua forma de abordagem, uti­lizando recursos cênicos, é que é cu­

riosa, e justamente, um dos fatores

que atrai simpatia. Xis costuma in­vadir locais públicos fechados, comosalas de aula, espaços em universi­

dades, bancos, bares e restaurantes,

para mostrar seu trabalho. Utilizan­do uma fortemaquiagem branca norosto, lenço na cabeça e veste tam­

bém brancos, o figurino lembra o deum apóstolo de Cristo de represen­tações teatrais. Seu texto chega a ter

oito páginas e traz fortes críticas aospolíticos e à sociedade brasileira. O

rua, a

maioria vai

pensar que eu

sou pedinte, palha­ço, ou sombra de Tv. O

proprio teatro de rua não temuma tradição respeitada namaioria

do país", raciocina Petrella.

Assim, os locais preferidos porPetrella ainda são os que consideramais politizados, como as universi­dades. Mas ele também faz severas

criticas com relação à função que a

maioria dos estudantes brasileirosainda vê no ensino superior. ''Amai­oria dos alunos considera a univer­

sidade, ou exclusivamente como

uma forma de ascensão profissional,ou como um trampolim para suas

carreiras políticas, com as possibili­dades demilitância nosmovimentos

estudantis", analisa. Para ele, a uni­versidade só será valorizada quandoas classes política e estudantil per­ceberem que se trata de uma insti­

tuição educacional, de apreensão deconhecimento e cultura, e espaçopara o exercício da cidadania e dademocracia.

O grupoAssalto, que é veículo desuas 'performances, iniciou com a

companhia de teatroPaspatoo, cria-

culturadoassaltoe

da corrupção es­

tá presente na iden­tidade do povo brasilei­

ro e mantendo assim um cír-culo vicioso transmitido de gera­

ção em geração, ele acredita que a

saída é exatamente o exercício ple­no da democracia e da cidadania. EmSanta Catarina, Xis já passou por boaparte do estado. Além de Floria-

UFSCe a Udesc,

esteve tambémnas cicbdes e univer­

sidades de Itajaí, Join-ville, Tubarão, Orleans, Ara­

ranguá, Criciúma e Lages.A mensagem que esse talen­

toso cientista político costuma dei­xar para suas platéias é a de que os

problemas políticos em nosso paísestão extremamente arraigados na

cultura da corrupção, e que necessi­tam sersolucionados comouma pri­oridade urgente, com a indispensá­vel colaboração da classe estudantil."Saiam para as ruas, quando for pre­ciso. Não se deixem manipular", éum dos sábios conselhos reforçadosporXis. O

"Ontem pelos salões, os corações, esteve a mil, no meu Brasil.Era carnaval. Dança e fantasia. Era noite e dia, mas que folia. Era car­

naval. Rá-rá-rá. O povo esteve feliz. Teve o que sempre quis. Espera­ram o ano inteiro pro mês de fevereiro. O homem do turismo vinha da

Argentina ou do estrangeiro para gastar, e por na conta do homembrasileiro. Linda, linda, tão bela na passarela. Mulheres nuas tomavamas ruas. Era carnaval. E no seu palanque, o FHC sorria contente e o

professor com seu salário sambava. Tudo era tão belo, o Figueiredoera tão sério e naquele tempo todos me diziam: "Pior que tá não vaihcd'. Veio Tancredo. Velho bobo ingênuo. Prometia e ia mudar.Tancredo morreu, a cidade dizia: "Pior que tá não vai ficá/� Veio Sarney.De terno preto, era só mais um burguês. A cidade inconformada fala­va: Pior que tá não vai ficá. Mas com a chegada de Fernandinho, acoisa chegou a se deturpar. Fernandinho roubou tudo e saiu. Itamar

pôs-se a brilhar. Aí veio o real. Eles botaram fé no FHC. Olha pessoal,ficou tudo mais legal. Agora tudo vai melhorar, mas não é por causado real. É por que nós somos o grupo Assa/IDe acabamos de assaltarvocês com poesia e alegria."

susto inicial é inevitável. A maioriadas pessoas desconfia de suas inten­

ções,mas logo se encanta com o bornhumor dos textos (veja um deles no

quadro abaixo). Ao menor sinal dedesatenção, Xis encara e chama a

atenção de seus espectadores, coma preocupação de nunca agredi-los da também na USP. Na época, Petre­ou ridicularizá-los. Seus textos con- lla teve a idéia de criar performan­vidam as pessoas a serem solidárias ces, com vários personagens "assal­e participar de lutas políticas. tantes", que eram representados por

por Luís Carlos Fest. Milton Petrella teve a idéiade seus amigos. A maioria eram estu-

criar o personagemXis, em 1993, no dantes, que viviam sem grana e, com

Umassalto é uma forma de Recife,duranteumareuniãodaSBPC as apresentações, conseguiam di- .,.,

educação política. Quem (Sociedade Brasileira para o Progres- nheiro para poder continuar os es- 4...

não acredita nessa idéia, po- so da Ciência). Formado pela USp, tudos. Entre os amigos de Petrella, nópolis, onde se a- ,�V'derá se surpreenderao conhecerXis, uma das principais universidades que também já fizeram parte do gru- presentou em �fI.um dos personagens criados pelo brasileiras, Petrella já havia amadu- poAssalto, estão vários atores e atri- locais co- O�performático estudanteMilton Petre- recido suas idéias políticas, partici- res conhecidos, entre os quais, asglo- mo a ., ""_SlIa. Xis já viajou quase todo o Brasil, pando também do movimento anar- bais Alessandra Negrini e Lúcia a1füXVe por onde passa rouba gargalhadas co-punk em São Paulo. Também já Verissimo. O trabalho também faz .tA..V1�e palmas de suas platéias, semeando havia sido integrante da banda Ra- parte, como um dos temas prin- fü0'\�·a conscientização da cidadania. Du- tos do Porão, escrevendo e compon- cipais, de uma t.ese de DSrante os meses de março e abril, ele do músicas para o grupo até 1988. mestrado em Ciência .,4.�esteve em Florianópolis, e conquis- Com essas experiências, ele diz ter Política. Trabalhan- e"'='"tau centenas de admiradores que ti: .

vencido a timidez com o público, e do com a hipó- a.�veram o prazer de serem "assaltados" conseguiu mais coragem para se tese de �OVcom poesia e alegria. apresentar. "Hoje, quando vejo a ale- que a _t>1"fI.'YO "assaltante", no caso, não usa gria dos estudantes e professores ����ameaças ou arma de fogo. Nem de- commeu trabalho, isso me traz estí- \.�.e'"seja roubardinheiro e objetos de va- mula", comenta Petrella, queao e'\vlar. Seus objetivos são nobres. escol�eros loc�is para suas Â:,.\.fI.Petrella diz que não é ator, mas leva atuaçoes também reve- _,-"'"platéias ao delírio. 'Iambém não faz la sensatez. "Se eu

��(P'.

"política de palanques", mas dá um fizer perfor-banho de consciência em uma cen- man c e s ...d.tena de candidatos ou pessoas elei- n a �g;vrtas que jamais se preocupam com

problemas sociais. Xis é um dos ti-�fI.fi.P2°S

criadosPIorum edstubadante de �\.-(A�7 anos, pau istano o ir- ..i\�.

ro do Brooklin, forma-..\.�6do em Publicidade a'\..�V

e Propaganda. eo�

�eu ;riln- ,e�OY\.O�

��\\y

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

BfAG-ENS

A histórica Ilha de Anhatomirim foi ocenário da exposição Novos

Territórios - O Aspectos da ArteCatarinense Atual. Aqui temos a

imagem de uma das instalações doartista plástico Fernando Lindote.

Lúcio Lambranho, 23 anos, fotografadesde 1993.

SílVIO PEREIRA

Dia a dia a ciência nos oferece a pos­sibilidade viver por mais tempo. Numpaís que institui o desprezo aos seus

velhos, esta dádiva torna-se uma

praga

Beatriz Prates, 19 anos, produziu estafoto durante a 2ª Maratona

Fotográfica de Florianópolis.

F

LUClO LAMBRANHO

"Eu queria somente lembrar, quemilhares de crianças sem lar, sãofrutos do mal que floriu, num país

que repartiu ( pátria amada), este éo futuro do país". O trecho da música

Futuro do País, do Planet Hemp,acompanha a foto vencedora da 2ª

Maratona Fotográfica de Florianópolisno tema Direito à Moradia.

Sílvio da Costa Pereira, 30 anos,fotografa há quatro anos e já montou

a exposição Sons da Ilha

BEATRlZ PRATES

j

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina