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climatologia

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CLIMATOLOGIA GERAL

E DO BRASIL

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2

ClimatologiaGeral e do Brasil

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Pedro Daltro Gusmão da Silva

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3

SumárioSumárioSumárioSumárioSumário

07○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

ASPECTOS CONCEITUAIS DA CLIMATOLOGIA

CARACTERÍSTICAS DA ATMOSFERA

Aspectos conceituais e metodológicos da climatologia

A climatologia como instrumento de investigação do meio físico

A atmosfera e o clima ao longo do tempo geológico

O sistema climático: componentes e interações

09○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

11○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

15○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Estrutura e composição da atmosfera e seus fatores

Os movimentos orbitais da Terra e suas implicações sobre oclima

Radiação solar e o balanço energético da Terra

Interação oceano-atmosfera e suas implicações em escalaglobal

16○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

19○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

CLIMATOLOGIA DINÂMICA E OS AMBIENTES INTERTROPICAIS

Circulação geral da atmosfera e suas diferentes escalas

Massas de ar: características e propriedades

Características e tipologia de frentes e outros sistemasprodutores de tempo

Clima e meio-ambiente das paisagens intertropicais

28

31○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

34○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

38○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

21○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

24○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

A INVESTIGAÇÃO GEOGRÁFICA NO PASSADO E NA CONTEMPORANEIDADE

A COMPREENSÃO DO ESPAÇO E A SISTEMATIZAÇÃO DA CIÊNCIAGEOGRÁFICA

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 07

15○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 28

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4

ClimatologiaGeral e do Brasil

O CLIMA E SUAS APLICAÇÕES

Circulação atmosférica no Brasil

Eventos climáticos extremos e recorrentes

El ñino oscilação sul e suas conseqüências

Mudanças climáticas em curso

Atividade Orientada

Referências Bibliográficas

42○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

44○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

45○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

46○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

48○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

52○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 42

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5

Antes de começarO ser humano, ao longo de sua trajetória sobre a Terra, desenvolveu

inúmeras capacidades adaptativas, passando do domínio das técnicas ao daciência e da informação. Desenvolver tomou um sentido diverso, masliteralmente significa: “envolver para fora”, ou seja, comandar os ciclos eprocessos da natureza. Hoje percebemos que não é possível caminharinfinitamente “para fora”, necessitamos de referências capazes de nos fazerpensar, pensar para dentro, envolvermo-nos com as questões concretas quefazem evoluir esta bela, complexa e única Terra. Envolver significa tambémentender como este conjunto de formas, processos e relações funcionam. Enfim,construir um conhecimento que não veja uma sociedade X natureza (leia-secontra), nem uma natureza e sociedade (leia-se separadas), mas sim umasociedade/natureza indissociável e dinâmica.

Para tanto, a climatologia nos convida a um passeio pelo conhecimentode algumas de suas noções essenciais. Assim, veremos aspectos sobre o tênueenvoltório que sustenta a vida na Terra, que é a atmosfera. Como os fenômenosdo tempo e clima podem afetar indistintamente tudo e a todos, em maior oumenor grau. Entender como funcionam estes mecanismos, é de fundamentalimportância para a humanidade, afinal “não foi o homem quem teceu a trama davida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a sipróprio fará1”.

No rastro de entender um pouco esta trama, elaboramos este material,onde pretendemos mostrar um pouco deste conhecimento e sua importânciapara o cotidiano das pessoas e para o mundo atual. Mas lembre-se também deconsultar o AVA, pois ele é fundamental e complementa as informações destematerial.

O bloco temático 1 discute a estrutura e funcionamento da atmosfera etem como objetivo introduzir o aluno no universo conceitual da disciplina, bemcomo instrumentalizá-lo, a compreender como funciona a atmosfera.

O bloco temático 2 irá aprofundar as relações entre o clima e aorganização espacial discutindo a estreita ligação entre clima e ambiente,buscando capacitar o estudante a compreender a origem, características edinâmica dos fenômenos atmosféricos e sua influência direta sobre a sociedade.

A partir de agora, você entrará neste universo do conhecimento, maslembre-se de que você é o fim e o começo de tudo. Seu empenho é fundamental.

Prof. Marco Antonio Tomasoni

Mensagem do Chefe Seattle ao presidente americano Franklin Pierce, em 1854, quando o governo americano manifestou interesse em adquiriro território da sua tribo.

Apresentação da Disciplina

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ClimatologiaGeral e do Brasil

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Satélite artificial

ASPECTOS CONCEITUAIS DA CLIMATOLOGIA

Aspectos conceituais e metodológicos da climatologia

Desde a sistematização do conhecimento geográfico, ocorrida na segunda metadedo século XIX, que a geografia física caracterizou-se por uma abordagem do meio físico,baseada na observação e descrição. Assim, os elementos do clima, da Geomorfologia eda vegetação, eram detalhadamente descritos e associados às atividades exercidas pelohomem.

A particularidade da ciência geográfica é, sem dúvida, a análise e a identificaçãodos processos de organização do espaço geográfico. Este, por sua vez, corresponde auma intrincada rede de compartimentos que podemos chamar de sistemas ambientais e,no controle destes, encontramos o clima como principal agente impulsionador da dinâmicada superfície da terra.

A climatologia apresentava-se, desde o início do século atémeados da década de 40, como uma ciência descritiva queapresentava o clima por valores médios de fatores como atemperatura e a precipitação. Nas últimas décadas, a climatologiaemerge com uma conjugação de outras ciências (Geofísica,Astronomia) e, mais modernamente, com o advento de novastécnicas, tais como balões e satélites artificiais.

Pode-se dizer que a climatologia passou de uma atitude descritivaa uma compreensão mais global dos padrões gerais do clima.

O conhecimento dos elementos e fatores climáticos é objeto de interesse dahumanidade há muito tempo. Conhecer os padrões climáticos locais e regionais é pontode partida para qualquer intervenção humana. De uma necessidade de sobrevivência auma necessidade para o planejamento, a climatologia desenvolveu-se intensamente.

A COMPREENSÃO DO ESPAÇO E ASISTEMATIZAÇÃO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA

Figura 1

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ClimatologiaGeral e do Brasil

O desenvolvimento da Climatologia propiciou a esta área da geografiauma evolução ímpar e hoje esta ciência encontra-se na pesquisa sobre:monitoramento de enchentes; controle de processos de desertificação eerosão acelerada; freqüência e magnitude das precipitações; influência davegetação sobre clima e das taxas de CO2 na atmosfera; chuvas ácidas. Nonível de instituições internacionais existem o programa de pesquisa daatmosfera global -GARP- e projeto – CLIMAP, que produzem e disseminamdados relativos aos fenômenos climatológicos.

A escala como mediadora dos estudos ambientais

A necessidade de investigação de um fenômeno qualquer, especialmente aquelesrelativos às ciências da Terra, requer a definição clara de limites espaciais e temporais doobjeto de estudo. Assim, o problema de escala, especialmente em Climatologia é, antes detudo, um problema de definição de objeto de investigação, pois o estudo das variáveisenvolvidas em um problema qualquer será definido a partir destes limites espaço/temporais.

Em 1965, Jean Tricart estabeleceu uma escala espaço/temporal dos fatosgeomorfológicos para melhor evidenciar as relações entre estas grandezas, que variavamentre a escala global e a escala do milímetro. Por exemplo: a formação da Cordilheira dosAndes ao deslocamento de partículas de solo em uma vertente.

Na Climatologia, a depender do objetivo do estudo, pode haver as seguintes divisões(AYOADE, 1986):

Tais objetivos ainda sãoenquadrados numa perspectiva espacial,onde a escala de abordagem serádiferenciada.

Em termos de escalas espaciais,temos:

Todo e qualquer fenômeno tem tanto uma temporalidade,bem como dimensão espacial. Por exemplo: a evolução deuma cadeia montanhosa é muito diferente da formação deum ciclone, etc.

DIVISÕES DA CLIMATOLOGIA

Regional - Descrição de áreas selecionadas. Por exemplo: condições climáticas do semi-árido brasileiro.

Sinótica - Estudo do tempo e clima de uma área em relação à circulação geral. Por exemplo: asprevisões do tempo com deslocamento de frentes frias, ou ciclones.

Dinâmica - Enfatiza problemas relativos a circulação geral.

Física - Ênfase aos processos físicos da atmosfera, ao balanço energético e hídrico. Porexemplo: estudo das mudanças das camadas da atmosfera

Aplicada - Com enfoque na agroclimatologia (p.ex.) ou questões de cunho pragmático. Porexemplo: os relacionados à adaptação de culturas como trigo, soja, etc

Histórica - Analisa o comportamento do clima através dos tempos, normalmente feita porregistros indiretos. Por exemplo: geleiras ou anéis de crescimento de árvores.

Macroclimatologia - Estuda os fenômenos emescala global (Por exemplo: ventos alísios, ascélulas de circulação geral, zonas climáticas, etc).

Mesoclimatologia - Escalas entre 10 a 100 Km delargura (Por exemplo: as alterações do clima urbano dasmetrópoles ou áreas agrícolas, etc).

Microclimatologia - Escalas inferiores a 100m. (Porexemplo: o impacto ambiental de um desmatamento ou doenchimento de uma barragem, etc).

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[[[[[ ]]]]]Agora é hora de

TRABALHAR

11111.....Não esqueça de consultar o AVA, pois lá

estão as informações complementares.

2.2.2.2.2.Em um mecanismo de busca (google,

altavista, cadê, yahoo) faça um levantamento sobre sites

que contenham informações sobre geografia física e

climatologia, compare-as e envie sua opinião.

3.3.3.3.3.Comece a montar um glossário com os

termos que você teve alguma dificuldade ou considera

importantes para a compreensão do tema.

A climatologia como instrumento de investigação do meiofísico

O sistema climático tem cinco componentes básicos:

Estes componentes do ambiente natural interagem em complexas relaçõesproduzindo o clima.

A climatologia, conforme Nimer (1989), está interessada em fenômenos climáticospersistentes, e não em fenômenos individualizados, como um anticlone específico. Portanto,o que importa é uma feição da circulação atmosférica recorrente.

Segundo alguns autores como Griffiths apud Gregory (1994), uma classificação globaldo clima deve ser baseada nos parâmetros fundamentais de balanço energético e do balançohídrico.

Das principais propostas utilizadas no propósito da classificação climática, temosos seguintes autores:

○ Anticiclones caracterizam-se por ser áreas de altapressão, portanto são geradoras de ventos aexemplo das áreas desérticas.

• Köppen: relações entre vegetação e clima usando médias detemperatura e precipitação.

• Thornthwaite: baseia-se em relações entre “eficiência detemperatura” e “eficiência de precipitação”.

• Gaussen

○ Parte da superfície do planeta formada de gelo.

ATMOSFERA OCEANOS CRIOSFERA BIOSFERA GEOSFERA

A relação entre a Geografia eClimatologia se opera até onde elaexplica o meio físico e a influênciadeste sobre as atividades humanas.

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ClimatologiaGeral e do Brasil

Modernamente a investigação climatológica adentra por diferentesescalas e ganha um aspecto bastante interdisciplinar, principalmente no campoda climatologia urbana, pois interesses de diversos profissionais convergemsobre o tema.

Assim, Taelsler 1986 apud Monteiro (1990) afirma:

A questão das novas técnicas

Um importante aspecto desenvolvido no campo da Climatologia é, sem dúvida, autilização de modernas técnicas de previsão através da construção de modelos. Estes sedesenvolveram a partir dos modernos satélites meteorológicos e dos avanços na informáticae sistemas geográficos de informação.

A importância da modelização é imprescindível aos estudosdo clima global. A exemplo dos trabalhos apresentados pelo PainelIntergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), que trabalhaefetivamente com uma série de probabilidades a cerca do aquecimentoglobal. Seus cientistas, apesar de uma série de divergências, nãosubestimam as retroalimentações do sistema climático, que só podemser estudadas com auxílio de supercomputadores.

A importância dos satélites

Uma das grandes dificuldades existentes não só no campo da climatologia, bem comoem outras áreas da Geografia Física, sempre foi a dificuldade de se obter dados em quantidadee qualidade suficientes para análises seguras.

A dispersa e inconstante rede de coleta de dados climatológicos propiciou odesenvolvimento no campo das aproximações estatísticas de previsão do comportamento climático.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Compreende um conjunto deoperações e procedimentos,real izados por poderososcomputadores capazes depredizer condições climáticasatuais e futuras.

O avanço considerável da climatologia nos últimos anos deve-se, em parte, as crescentes demandas globais para compreender osefeitos das atividades humanas sobre a atmosfera.

“De um ponto de vista“De um ponto de vista“De um ponto de vista“De um ponto de vista“De um ponto de vistaclimatológicoclimatológicoclimatológicoclimatológicoclimatológico,,,,, o principal o principal o principal o principal o principal

interesse é estudar o impacto dainteresse é estudar o impacto dainteresse é estudar o impacto dainteresse é estudar o impacto dainteresse é estudar o impacto daárea urbana sobre a atmosfera...área urbana sobre a atmosfera...área urbana sobre a atmosfera...área urbana sobre a atmosfera...área urbana sobre a atmosfera...

no planejamento urbano...ono planejamento urbano...ono planejamento urbano...ono planejamento urbano...ono planejamento urbano...ointeresse é oposto, ou seja,interesse é oposto, ou seja,interesse é oposto, ou seja,interesse é oposto, ou seja,interesse é oposto, ou seja,

estudar os impactos da atmosferaestudar os impactos da atmosferaestudar os impactos da atmosferaestudar os impactos da atmosferaestudar os impactos da atmosferaurbana nos aspectos funcionais,urbana nos aspectos funcionais,urbana nos aspectos funcionais,urbana nos aspectos funcionais,urbana nos aspectos funcionais,econômicos e de segurança doeconômicos e de segurança doeconômicos e de segurança doeconômicos e de segurança doeconômicos e de segurança do

ambiente edificado...”.ambiente edificado...”.ambiente edificado...”.ambiente edificado...”.ambiente edificado...”.

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Imagem de satélite dacidade de Salvador, Bahia

Hoje, os satélites meteorológicos (meteosat,noaa, goes, etc) (veja no AVA links para INPE e

INMET), aliados às redes de informaçõesexistentes, permitem obter uma “radiografia”

quase que instantânea do planeta Terra,o que possibilita uma análise mais

precisa dos fenômenosclimáticos.

Segundo Barret apudAyoade (1991,p.9), a utilizaçãodos satélites possibilitará acriação de modelos do balançode radiação na parte mais alta daatmosfera como no topo das

nuvens; Classificar os climas em novasbases, a exemplo do saldo do balanço

energético e hídrico; estimar a precipitação emáreas desprovidas de rede adequada, entre outros

desenvolvimentos.

[[[[[ ]]]]]Agora é hora de

TRABALHAR

11111.....Em um mecanismo de busca (google,

altavista, cadê, yahoo) faça um levantamento dos sites

associados a redes de informação climatológica,

verificando a sua navegabilidade.

2.2.2.2.2.Discuta o papel das novas tecnologias no apoio à pesquisa climatológica e

como esta pode auxiliar no dia-a-dia, bem como nas atividades didáticas.

A atmosfera e o clima ao longo do tempo geológico

A Terra se formou há cerca de 4,6 bilhões de anos. A sua atmosfera era bem diferenteda atual, era constituída de remanescentes da nebulosa original da qual se condensou osistema solar. Há evidências de que nela predominavam o hidrogênio e o hélio e haviamuito pouca quantidade de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), amônia (NH4) e gasesnobres. Esta atmosfera deu lugar a uma nova, que não se sabe bem como ela se formou.Porém há um consenso quase total de que essa atmosfera foi produzida em conseqüênciado esfriamento e consolidação do planeta.

Quando a Terra iniciou sua consolidação a temperatura deve ter aumentadotremendamente e isto provocou mudanças tremendas na atmosfera terrestre.

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ClimatologiaGeral e do Brasil

Esta segunda atmosfera era muito diversa da que existe atualmente.Tinha uma composição diferente e a mistura dos gases formava uma atmosferasem a presença de oxigênio, ao contrário da atual. O oxigênio, se é queexistia em estado livre, era em uma quantidade mínima (traços) resultante dafotólise do vapor da água pela energia solar.

Em um determinado ponto do Arqueano, o qualdurou mais de 2,5 bilhões de anos, o esfriamento gradualda Terra chegou a uma temperatura que permitia a água

em forma líquida. O vapor de água atmosférico começou, em parte, ase condensar e a se acumular nas depressões da crosta sólida. Iniciou-se a formação de lagos e mares e criou-se o ciclo hidrológico quecontinua até hoje. A evaporação da água dos oceanos e a precipitaçãocomo chuva foi pouco a pouco promovendo o CO2, da atmosfera. A água que caía dissolviaas rochas, o CO2 reagia com cálcio para formar íons bicarbonato, que eram levados para ofundo dos mares como carbonato de cálcio (calcário). Desta forma, a maior parte do CO2,que existia nessa atmosfera primitiva hoje está preso na forma de calcário, e somente umaporção muito pequena ficou na atmosfera. Os sedimentos calcáriosmais antigos que se conhecem são do Arqueano, cerca de 3,2 a 3,9bilhões de anos.

Podemos resumir a evolução do ambiente na atmosfera, nomar e nos sedimentos marinhos entre 3 bilhões e 1,5 bilhões deanos atrás da seguinte forma:

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Na escala geológica do tempo,o Arqueano compreende olapso de tempo entre 4,5 bilhõesde anos até aproximadamente2 bilhões de anos antes dopresente (Ap).

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Materiais formados porcarbonato de cálcio (CaCO3)que apresentam grandecapacidade de dissolução.

EVOLUÇÃO DO AMBIENTE NA ATMOSFERA, NO MAR E NOS SEDIMENTOS MARINHOS

1°– (A) - Arqueano, desenvolvimento das primeiras bactérias anaeróbias no mar2° – (B) - Surgimento das bactérias fotossintéticas e das fixadoras de nitrogênio, que trouxeram umamudança química no ar e no mar3° – (C) - Desenvolvimento das cianobactérias no mar e início da acumulação de oxigênio que resultouna formação de espessas camadas de óxido de ferro (BIF)4° – (D) - Acumulação de oxigênio em quantidades apreciáveis no oceano e na atmosfera que deslocouas bactérias anaeróbias para o ambiente anóxico dos sedimentos marinhos5° – (E) - Desenvolvimento de outros organismos marinhos; a camada de ozônio da atmosfera estácompleta. Esquema retirado de Laboriau

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[[[[[ ]]]]]Agora é hora de

TRABALHAR

11111..... Procure na internet textos sobre a temática da aula.

2.2.2.2.2. Analise os diferentes pontos de vista sobre a temática e pesquise sobre a

Teoria de Gaia de J.E. Lovelock.

3.3.3.3.3. Em grupos de três ou quatro pessoas, discuta o texto de apoio e construa um

pequeno texto sobre o conteúdo estudado.

O sistema climático: componentes e suas interações

As ciências da Terra preocupam-se com a análise e explicação dos fenômenos dosdiferentes componentes do sistema natural terrestre. A organização espacial dos sereshumanos compõe um sistema complexo, este pode ser traduzido em um sistema ambientalfísico e um sócio-econômico, cujas peculiaridades e dinâmica só podem ser analisadassob uma perspectiva holística, onde interagem “sistemas dinâmicos, não-lineares, comcomportamento caótico” (CHRISTOFOLETTI1996, p.31).

A atmosfera primitiva não possuia ozônio ou oxigênio, então os raios ultravioletaspassava pela atmosfera, chegando à superfície da Terra. A vida primitiva só devia ser possívelbem abaixo da superfície da água, onde o ultravioleta não penetrava.

Os organismos fotossintetizadores surgiram há pelo menos 3,5 bilhões de anos atrás.Eram cianobactérias (também chamadas cianofíceas) do tipo que forma estromatólitos(cerca de 3,5 bilhões de anos) e tornaram-se mais freqüentes a partir de dois bilhões deanos atrás. Pela utilização da energia solar estes organismos, da mesma forma que osatuais, fabricavam seu alimento a partir da água e do CO2, e eliminavam o oxigênio.

Os cientistas supõem que a acumulação significativa de oxigênio começou a uns570 milhões de anos, outros acreditam que já havia significativa quantidade de oxigênio naatmosfera no último bilhão e meio de anos. Assim, a atmosfera redutora passou a oxidante,obrigando a novas adaptações, mas é somente a uns 140 milhões de anos que aparecemregistros fósseis de vida terrestre. Estas novas formas de vida também contribuíram para aformação gradual da nova atmosfera.

O homem vive no fundo de um oceano de ar, rodeado de um oceano de água.

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ClimatologiaGeral e do Brasil

Pode-se então afirmar que dinâmica superficial terrestre é “acionada” pelas forçasexternas, sendo a radiação solar transformada em calor, o principal elemento desteprocesso.

É importante compreender que a energia que chega à Terra pode se converter emvárias formas. A principal manifestação é sentida através do “calor”, mas ela pode converter-se em outras formas, isto é estudado pela Termodinâmica. Naverdade, quando falamos de calor, o que estamos percebendo é umfluxo de energia sendo transferido para diferentes sistemas. A energiatérmica pode ser transferida por condução, convecção e radiação.Na condução a transferência é realizada pelo contato físico entre doiscorpos com temperaturas diferentes até equilibrarem-se. A convecçãoocorre quando a transmissão de calor é realizada pelo fluir de um líquido ou gás através de

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Área da física que estuda osfenômenos relacionados asmudanças da energia.

Os geógrafos procuram estabelecer as relações espaciais em escalaglobal entre atmosfera, oceanos e massas continentais.

A circulação geral da atmosfera é um dos fatores fundamentais nadistribuição das zonas climáticas da Terra. Ela pode ser explicada em funçãoda geometria orbital, da posição, do tamanho doscontinentes, da relação entre terras e o oceano, modificando-se ao longo do tempo e do espaço.

Os componentes do sistema climático

O clima da Terra envolve um grande número de componentes. Ele é função deinterações complexas entre a atmosfera, águas (oceanis, rios, lagos, etc.), zonas glaciais(criosfera), o conjunto de seres vivos (biosfera) e também as rochas, sedimentos e solos(geosfera). Esta troca complexa de energia e matéria entre os sistemas pode ser expressano esquema de Tricart e Killian (1979), exposto abaixo:

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Refere-se as variações dosmovimentos da Terra.

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CARACTERÍSTICAS DA ATMOSFERA

Estrutura e composição da atmosfera e seus fatores

A atmosfera terrestre é composta de uma mistura de vários gases de característicasdiferentes (densidade, reatividade, etc), que se concentram em baixa atmosfera, onde cercade 97% dos gases estão até 30Km acima do nível do mar. O limite superior da atmosfera éaproximadamente a 10.000Km.

[[[[[ ]]]]]Agora é hora de

TRABALHAR

11111..... Procure na internet textos sobre a noção de

sistemas ambientais.

um meio conhecido. Isto pode ser explicado pela diferença de densidade tanto na águacomo nos gases, já a radiação é a transferência de calor através de ondas eletromagnéticasou partículas ondulatórias, este tipo de transmissão ocorre no aquecimento da terra aoreeradiar calor. Na figura abaixo podemos perceber a importância da energia solar criandomovimentos em vários sistemas da biosfera.

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ClimatologiaGeral e do Brasil

As camadas principais da atmosfera são asseguintes:

A Troposfera, que varia entre 8 e 16 km de alturaacima do nível médio do mar, ondeocorre os fenômenosmeteorológicos. Nela efetivamente a temperatura diminuicom o aumento da altitude. Na parte baixa da troposferaencontra-se a maior concentração de oxigênio (O2);

A Estratosfera, que chega até cerca de 50 km dealtitude, onde fica a camada de ozônio a uma altura de aproximadamente25 a 30 km, onde é absorvida a maior parte dos raios ultravioleta.

A Mesosfera atinge cerca de 80km, é considerada o topo daatmosfera para os meteorologistas;

A Ionosfera, onde a temperatura atinge cerca de 700°C, contémgases rarefeitos que estão ionizados, carregados de eletricidade. É aíonde acontece a aurora que pode ser vista nos pólos boreal e austral. Aionosfera chega a uma altura de aproximadamente 500 km e em algumasde suas camadas se dá à comunicação por rádio. Após vem aTermosfera, depois a Exosfera e, por fim, a Magnetosfera.

Estrutura da atmosfera

Até os primeiros 80Km, a composição química da atmosfera é bastante uniforme. Oar seco e puro é composto de 78% de nitrogênio (N), 21% de oxigênio (O2) e 0,93% deargônio (Ar), 0,033% de dióxido de carbono (CO2), que é produzido basicamente pela açãode organismos vivos nos oceanos e continentes, sendo que pela fotossíntese, são absorvidoscerca de 3% do CO2 atmosférico. O restante é composto por uma mistura de gases comoóxido nitroso (Nox), metano(CH4), neônio(Ne), hélio(He), criptônio(Cn), xenônio(Xn),hidrogênio(H), clorofluorcarbonos, entre outros gases.

Para a climatologia, o que importa são os fenômenosque ocorrem na troposfera e na estratosfera.

CONSTITUINTE VOLUME (%)

Nitrogênio 78,08Oxigênio 20,95Argônio 0,93Dióxido de carbono* ca. 0,032Neônio 1,8 x 10-3

Hélio 5,24 x 104

Criptônio 1,0 x 10-4

Hidrogênio 5,0 x 10-5

Xenônio 8,0 x 10-6

Ozônio* ca. 1,0 x 10-6

Radônio* ca. 6,0 x 10-18

Vapor de água* ca. 0 a 3%

* variávelObs.: Além dos constituintes acima, encontram-se emquantidades variáveis: poeiras, pólen, rejeitos industriais,metano, dentre outros.

Fonte: Laboriau

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UMIDADE: É a quantidade de vapor d’água em suspensão na atmosfera. Pode seraferida como Relativa (%) e Absoluta (g/m3).

A umidade relativa (UR) do ar é um fator extremamente importante na aferição daqualidade ambiental. A informação a cerca da UR é importante, pois indica qual é o ponto

Elementos atmosféricos fundamentais

Varia em função da altitude e da temperatura, tendo até o limite da Troposfera umdeclínio muito rápido, devido a alta concentração de gases nesta faixa atmosférica, estandona seguinte razão: a cada 275m de altitude a pressão diminui 1/30, sendo que ao nível domar a pressão corresponde a 760mm /Hg (mercúrio) ou 1.032,2 mb (milibares). Assim, auma altitude de 1.500m a pressão é de aproximadamente 850mb.

A distribuição da massa atmosférica (quantidade total de gases), é muito desigual.Cerca de 75% da massa gasosa está contida nos 10 primeiros Km e o restante distribui-sede forma quase uniforme até a alta atmosfera, restando no topo da atmosfera apenas Hélio(He) e Hidrogênio (H), que são gases mais leves, voláteis.

A temperatura é, sem dúvida, um dos elementos climáticos de grande importânciana distribuição, adaptação, migração e crescimento dos organismos vivos.

O termômetro é o instrumento utilizado para sua aferição, podendo conter mercúrioou álcool, embora haja também o termógrafo. As escalas de temperatura são expressasem graus e podem ser Fahrenheit (°F) ou Celsius (°C), contudo para finalidades científicasutiliza-se à escala Kelvin(°K). A variação de temperatura com a altitude, chamada degradiente vertical adiabático seco, ocorre na razão de 1°C por 100m, embora possa havervariações menores ou maiores, isto depende da estabilidade ou instabilidade do ar.

PRESSÃO: simplificadamente podemos definí-la como forçaque o ar exercesobre qualquer corpo na superfície terrestre.

Quanto maior for a altitude menor será a pressão.

TEMPERATURA: Pode ser definida como quantidade de calor existentenuma substância, seja ela sólida, líquida ou gasosa.

DIFERENTES ESCALAS DE TEMPERATURA

Escala Ponto de congelamento Ponto de fusão

CELSIUS (°C) 0o 100o

FAHRENHEIT (°F) 32o 212o

KELVIN (°K) -273o 373o

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ClimatologiaGeral e do Brasil

Ainda como elementos importantes do clima temos a radiação, a circulaçãoatmosférica, a chuva, a nebulosidade, a evaporação. Estes afetam de forma direta o climada Terra.

Veja, por exemplo, as zonas climáticasbaseadas na trajetória aparente do solprojetada sobre a superfície do planeta.

A interação de todos esteselementos torna complexo oconhecimento do clima e faz com quea meteorologia tenha dificuldades deprevisão para períodos maiores quealguns dias.

Luz e temperatura

Luz e temperatura são fundamentalmente a manifestação da radiação solar e dobalanço energético da Terra. Algumas pessoas confundem luz e calor. A luz se refere à luzvisível aos nossos olhos, ou seja, à banda de comprimento de onda radiação entre 0,4 e 0,7mm. O calor está ligado à noção de temperatura e esta depende das características físicasda superfície onde a radiação incide ou de onde é irradiada.

A temperatura em que se verifica a condensação é chamada deponto de orvalho, sendo aferida pela diferença entre os valoresde um termômetro de bulbo seco e um de bulbo úmido.

Instrumentos para climatologia

Pluviômetro

Evaporímetrode Pichè

Termômetro

Termohigrógrafo

de saturação. Quando se diz que a UR é igual a 80% sabemos que umapequena queda na temperatura poderá indicar a possibilidade de precipitação.Caso haja uma elevação na temperatura o processo é inverso, ou seja,diminuição da UR, devido a dilatação dos gases e aumento da capacidadede absorção de vapor d’água pela atmosfera. Assim, a uma temperatura de30°C, o ar pode suportar até 30g/m3 (gramas por metro cúbico) de vapor d’águae a uma temperatura de 0°C, suporta apenas 5g/ m3.

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[[[[[ ]]]]]Agora é hora de

TRABALHAR11111..... Pesquise sobre os fatores que levam à

estabilidade e instabilidade do ar.

2.2.2.2.2. Pesquise sobre as diferentes camadas da

atmosfera, suas características e importância.

3.3.3.3.3. Pesquise sobre estações meteorológicas e os principais instrumentos utilizados.

Os movimentos orbitais da Terra e suas implicações sobre oclima

A Terra não esta parada no espaço, tampoucose articula em movimentos rigorosamente precisos.Assim, estabelecem-se diferenças marcantes: dia/noite, solstícios/equinócios (estações do ano) e avariação do eixo terrestre, só para citar algumasvariações orbitais.

Os principais movimentos orbitais sãodescritos a seguir:

Rotação

É o movimento ao redor de seu eixo e tem duração de 23 horas, 56 minutos e 4,09segundos, o que corresponde ao dia sideral.

O sentido da rotação da Terra é contrário ao movimento aparente do sol, ou dosdemais corpos celestes.

A velocidade deste movimento é de aproximadamente 1.670 Km/h no equador e a ½no paralelo de 60°. Por conseguinte, a força centrífuga tende a separar os objetos da superfície

A temperatura sobre a superfície da Terra tem uma faixa ampla,podendo chegar a cerca de 58°C (no deserto tropical) e pode baixaraté –87°C na Antártida. A faixa de variação é, portanto, da ordemde 145°C. A temperatura média global da superfície da Terra hojeestá em torno de 15°C.

Quando em climatologia aplicada se fala em temperatura, seja ela uma média diurnaou mensal, ou se refere à temperatura mínima ou máxima de uma região, está implícito quese refere à temperatura do ar, medida a 1,5 m da superfície do terreno, à sombra e com oar circulando livremente em volta do aparelho medidor. Outras temperaturas, como a dosolo, do mar, das diferentes camadas da atmosfera, têm que ser especificadas e ascondições em que foram tomadas devem ser padronizadas para que haja comparatividade.

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ClimatologiaGeral e do Brasil

terrestre, ou seja, ummesmo objeto pesadosob a linha equatorial “émais leve” do que quandopesado em latitudes mais

elevadas. E também tendea formar na zona equatorial

uma maior saliência, de 42 kmmaior que nos pólos.

Outra conseqüência do aumento da velocidade da rotação para o equador é o ligeirodesvio provocado nos objetos, isto pode ser melhor observado no sistema de circulaçãogeral da atmosfera.

Translação

Movimento da Terra em sua órbita ao redor do sol. O tempo necessário para completarsua órbita ao redor do sol é de 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 45 segundos. Este movimentoimplica nas variações estacionais.

A órbita da Terra em torno do sol é uma elipse de excentricidade muito pequena,sendo que a distância média Terra/Sol, é de aproximadamente 150 (149.600.000) milhõesde Km com um desvio de 2%. A diferença entre a maior e a menor distância é o Periéliocom 147 milhões de Km e o Afélio com 152 milhões de Km.

Como conseqüência deste movimento, temos os solstícios e os equinócios, quecaracterizam as diferentes posições de recebimento da energia solar, gerando as estaçõesdo ano. Solstícios 21/12 e 21/06 e Equinócios entre 20 a 21 de março e 22 ou 23 setembro.

Outros movimentos

- Oscilação do Eixo ou precessão do eixo, é a oscilação (cônica) entre as estrelaspoláris e vega, com duração aproximada de 25.800 anos.

TIPOS DE MOVIMENTOS ECARACTERÍSTICAS

Precessão axial (obliqüidade): Variação cíclicada inclinação do eixo terrestre (22,1o a 24,5o) comfreqüência de 41/54 mil anos, causando aumento oudiminuição da radiação solar recebida nos pólos.

Precessão orbital (excentricidade): Ciclos dealteração orbital (0,00% a 0,06%) com freqüênciasde 95/100/ 125 e 400 mil anos.

Precessão do equinócio: Ciclo de mudança dossolstícios e equinócios com freqüência de 19 e 23mil anos.

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As conseqüências destes movimentos são as mais diversas, uma vez que afetam aquantidade e qualidade da energia que chega a superfície terrestre. A teoria de Milankovitchaponta como causa das glaciações estes outros movimentos associados a fatores como:mudanças no relevo, ciclo solar, vulcanismo, etc., mas como é apontado por Laboriau (1994,p.267), esta é uma temática ainda aberta à pesquisa.

[[[[[ ]]]]]Agora é hora de

TRABALHAR

11111.....Pesquise na internet informações sobre os diversos movimentos da Terra e suas

conseqüências.

Radiação solar e o balanço energético da Terra

A órbita do planeta Terra percorre uma trajetória elíptica mais ou menos alongada,que se desvia menos de 2% do círculo, ao passo que para Plutão e Mercúrio, por exemplo,o desvio é de mais de 20%. A órbita da Terra, portanto, é quase circular e ligeiramenteexcêntrica em relação ao Sol.

No seu movimento de translação ao redor do Sol, o planeta mantém sempre o mesmoângulo de inclinação, que hoje é de 23,5°. Isto faz com que a distribuição da energia recebidaseja desigual nos dois hemisférios. Se este ângulo fosse perpendicular ao plano da órbitanão haveriam estações do ano e os pólos seriam muito mais frios, dentre outrasconseqüências.

O cálculo da quantidade de energia recebida pela Terra permite estimar não somentetemperatura, como também outros fenômenos climáticos atuais, pretéritos e futuros. Porexemplo, a diminuição de energia provoca um aumento de água sólida, diminuindo a água

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ClimatologiaGeral e do Brasil

Esquema das radiações eletromagnéticas que chegam ou saem da Terra. Oscomprimentos de onda das faixas do espectro podem se superpor, dependendo daorigem (atômico ou nuclear). Na figura, detalhe do espectro da luz vísivel e dasradiações ultravioleta (UV) e infravermelho (IR).

da chuva e a tendência será para um clima mais seco. Ao contrário, elevando-se a temperatura global, mais gelo se derrete e mais água entra na circulaçãoglobal, o que resulta na tendência para um clima mais úmido.

Insolação

Chama-se insolação a energia solar recebida em um determinado ponto dasuperfície terrestre. Assim, podemos medir a quantidade de energia recebida, p. ex.:coloquemos um volume de um centímetro cúbico de água, que equivale ao peso de umagrama sobre uma superfície de um centímetro quadrado. A energia solar suficiente paraelevar em um grau centígrado a temperatura dessa quantidade de água é a unidade para amedição. Esta varia em função da latitude (inclinação dos raios solares), da duração do diae, em parte, da altitude.

A maior parte da energia solar quechega à Terra é na forma de ondas-curtas.Cerca de 9% é na forma de ultravioleta,45% é luz visível e 46% é na forma deinfravermelho. A atmosfera deixa passar51% da energia recebida a qual éabsorvida pelos continentes e mares.

O resto da radiação em ondas-curtas é absorvido pelo vapor de água,poeira e ozônio da atmosfera (cerca de16%) e pelas nuvens; ou então, é refletidade volta para o espaço em comprimentosde onda curtos (cerca de 30%). A radiaçãoabsorvida é convertida em energia deondas-longas, que aquece a Terra eeventualmente escapa para o espaço.

Parte do infravermelho irradiado pela superfície dos continentes e mares, bem como pelovapor de água e o CO2 do ar, podendo ficar retido na atmosfera em maior ou menor quantidade.Este fenômeno e chamado de efeito-estufa.

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Os estudos climáticos mostraram que as nuvens do céu agem como o vidro de umaestufa, tal como as construídas para o cultivo de diversas plantas e fazem com que atemperatura na parte baixa da atmosfera aumente em decorrência da mudança naconcentração destes gases. A situação contrária faz com que o calor escape para o espaço,o que causa um abaixamento da temperatura. É por isto que no inverno as noites estreladassão mais frias.

Albedo

As radiações atravessam a atmosfera e incidem sobre a superfície da Terra,onde parte delas é absorvida pelo solo e pela água e parte é refletida. É necessáriodistinguir bem entre radiação refletida e radiação irradiada.

Quando a radiação é refletida diretamente nãohá mudança do comprimento de onda. Assim, umaradiação solar de ondas-curtas é refletida comoradiação de ondas-curtas. Se a radiação é absorvidapela superfície da Terra e depois é irradiada, elavariará de acordo com as leis de degradação docomprimento de onda e sempre irradiará numcomprimento de onda maior que o recebido.

O albedo de um corpo negro (por exemplo: asfalto) é zero, ele não reflete e simabsorve toda radiação que recebe. Na Terra, o albedo é a relação entre a quantidade deradiação recebida em ondas-curtas e a refletida em ondas-curtas pela superfície e é expresso

Balanço energético da radiação global na Terra. A quantidade total de energia que entra é igualà que sai. Baseado Lockwood (1976) e Ingersoll (1983).

Albedo mede o poder refletor de umasuperfície, consistindo na fração de radiaçãoincidente que é refletida pela superfície.

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24

ClimatologiaGeral e do Brasil

Interação oceano-atmosfera e suas implicações em escalaglobal

A circulação geral da atmosfera é determinantena distribuição das zonas

climáticas da Terra. Ela éfunção da geometria orbital,da posição dos continentese da relação Terra / oceanoe modifica-se ao longo dotempo e do espaço. Tais modificações são devidoàs variações da posição da Terra ao longo de sua

órbita e também da tectônica das placas que,alteram a posição e a forma dos continentes e a

extensão dos oceanos.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

[[[[[ ]]]]]Agora é hora de

TRABALHAR

11111..... Pesquise na internet sobre como se

processa o efeito estufa e seus efeitos sobre oplaneta Terra. Busque argumentos para diferenciarefeito estufa de aquecimento global.

2.2.2.2.2. Discuta sobre a temática apresentada, dando ênfase ao espectro

eletromagnético e ao balanço de energia e as implicações das mudanças na composiçãoatmosférica.

3.3.3.3.3. De forma esquemática, coloque os resultados na sua página da Internet.

Consiste em um conjunto demovimentos mais ou menosconstantes do ar atmosférico.São movimentos horizontais everticais associados às diferentesfaixas de latitude do globo.

em porcentagem.Ele aumenta com a latitude e chega à cerca de 60% nalatitude de 70° nos dois hemisférios, devido às nuvens e ao gelo.

Valor, em porcentagem, do albedo de algumas superfícies, (corpo negro= zero).

ALBEDO DE ALGUMAS SUPERFÍCIES

Neve densa, limpa e seca 86-95Areia brilhante e fina 37Gelo do mar, cor leitosa 36Floresta decídua 17Floresta de pinheiros (na copa) 14Pradaria 12 -1 3Pântano 10 -14Solo negro e seco 14Solo negro e molhado 8

Fonte: Laboriau

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A circulação atmosférica e oceânica

A superfície total da Terra é de aproximadamente 510.00.000 Km2 , sendo que149.000.000 Km2 são de terras emersas, distribuídas de maneira bastante desigual entre ohemisfério norte e sul, o restante corresponde aos mares e oceanos.

Entre os oceanos e a atmosfera ocorrem constantes transferências de energia ematéria, a maioria dos sistemas de tempestades e dos movimentos das massas de ar, asquais, analogamente, formam as correntes marinhas; enfim, as condições climáticasplanetárias seriam impossíveis sem esta troca constante e dinâmica.

Então, o calor absorvido pela terra é quase totalmente reemitido de volta ao sistemaem forma de comprimentos de onda mais longos. Esta baixa capacidade de armazenamentoexplica o porquê, nas maiores latitudes, as oscilações do clima são tão rigorosas. Assim,temos que o balanço energético da terra é quase nulo, já nos oceanos e mares a absorçãode calor é diferente, o que propicia condições de um certo equilíbrio ao longo do ano.

Segundo Ayoade, a distribuição latitudinal da radiação líquida (R) mascara diferençasfundamentais em razão das condições ambientais diferenciadas, mas mesmo assim, épossível estabelecer o seguinte:

Características do movimento atmosférico

Os movimentos da Terra, associados a fatores como o desigual aquecimento eresfriamento da atmosfera, bem como a distribuição horizontal da pressão, geram diferençasque colocarão o ar em movimento. Este se comporta de maneira diferente na baixa e naalta troposfera; tais fatores são modificados ainda em função das massas oceânicas emassas continentais, das formas de relevo, das formações vegetais, pelos diferentes tiposde albedo, etc.

Variação horizontal da pressão: ao nível do mar a pressão média (normal) é algo emtorno dos 760mm/Hg ou 1013mb. Denomina-se de alta pressão quando os valores sãosuperiores a 1013mb, e de baixa pressão quando esta é inferior a 1013mb. Assim, sob asuperfície terrestre existem pontos onde a pressão atmosférica possui o mesmo valor. Estesvalores ligados por uma linha imaginária recebem o nome de isóbaras.

1) Os valores de R anual são mais elevados nas baixas latitudes e decrescema partir de 25°.2) Os valores de R são um pouco mais elevados no oceano que na atmosfera,devido às diferenças de absorção da radiação.3) O albedo deve ser levado em consideração ao analisarmos o balançolatitudinal, pois áreas úmidas, áridas ou glaciais, comportam-se de maneirabastante diferente.

A coluna de ar sustentada por um individuo, é maior ao nível domar e diminui a medida que elevamos a altitude.

Então, percebemos que a circulação atmosférica é um processodinâmico que depende de variados fatores e de diferentes escalas.

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ClimatologiaGeral e do Brasil

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Linha de separaçãotérmica entre a água friae quente.

As condições climáticas dependem de uma série de determinantes: 1) Latitude; 2)Altitude; 3) Maritimidade e/ou Continentalidade; 4) Rugosidade da superfície e 5) Fatoresbiogeográficos, apenas para citar os mais importantes.

No estudo da dinâmica dos fatores climáticos, observamos que tanto a temperaturacomo a pressão possuem padrões de comportamento que variam bastante ao longo doano. Desta forma, temos a oscilação dos cinturões de pressão, representados pelo mapade isóbaras e uma oscilação nas isotermas, que são explicados pela conjugação doscondicionantes acima descritos. A caracterização dos cinturões de pressão e das isotermasserá base do estudo detalhado das características desta dinâmica.

Circulação oceânica

Os oceanos cobrem mais de 2/3 da superfície da Terra, cerca de 363.000.000 Km2,ou seja, 70,8% da superfície terrestre e aproximadamente 97% da água da Terra comprofundidades médias variando entre 90m (mar do Norte) e 4.028m (Oceano Pacífico). Seupapel como agente de equilíbrio climático é indiscutível, uma vez que constituem “um depósitode grande quantidade de calor”, que devido às diferenças físicas com a terra, tem um papelmoderador das variações extremas da temperatura. Em relação às terras emersas, osoceanos apresentam o que chamamos de inércia térmica, ou seja, eles absorvem e perdemcalor de maneira mais lenta do que ocorre com a terra. Este fato é de extrema importânciaao analisarmos a dinâmica do clima.

Os oceanos e mares são responsáveis pelo armazenamento e distribuição de energiapor todo o planeta. Os oceanos, assim como a atmosfera, apresentam uma estrutura emcamadas que varia em temperatura e oxigênio dissolvido. Sãotrês as camadas: uma superficial, a termoclina e uma profunda.

As camadas oceânicas possuem características em função da variação do oxigênio,da temperatura, da salinidade.

CALCALCALCALCALOR = MAIOR = MAIOR = MAIOR = MAIOR = MAIOR DILAOR DILAOR DILAOR DILAOR DILATTTTTAÇÃO DO AR = AR MAIS LAÇÃO DO AR = AR MAIS LAÇÃO DO AR = AR MAIS LAÇÃO DO AR = AR MAIS LAÇÃO DO AR = AR MAIS LEEEEEVE = MENOR PRESSÃOVE = MENOR PRESSÃOVE = MENOR PRESSÃOVE = MENOR PRESSÃOVE = MENOR PRESSÃO

FRIO = CONTRAÇÃO DO AR = AR MAIS PESADO = MAIOR PRESSÃOFRIO = CONTRAÇÃO DO AR = AR MAIS PESADO = MAIOR PRESSÃOFRIO = CONTRAÇÃO DO AR = AR MAIS PESADO = MAIOR PRESSÃOFRIO = CONTRAÇÃO DO AR = AR MAIS PESADO = MAIOR PRESSÃOFRIO = CONTRAÇÃO DO AR = AR MAIS PESADO = MAIOR PRESSÃO

Estas características influenciam a velocidade e o sentido dodeslocamento das massas oceânicas e sua mistura, fazendo com queestas “viajem” milhares de quilômetros, transferindo energia (calor) poronde passam, não apenas para a massa de água circundante, comotambém para a atmosfera.

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As correntes oceânicas são vastos corpos de água independentes e comcarcteristicas próprias.

Um aspecto importante com relação à distribuição do calor pelos oceanos é quesempre a costa leste dos continentes, em uma mesma latitude, tenderá a ser mais quenteque a costa oeste. Isto ocorre em função do efeito de rotação da Terra que tende a impulsionaras correntes marinhas de leste para oeste, assim a energia térmica absorvida no centro doAtlântico, Pacífico ou Índico, é transferida para a borda oriental dos continentes.

Uma outra forma de interação atmosfera e oceano é através da transferência deenergia cinética (movimento) da baixa atmosfera para a superfície da água, provocandoelevações e ondas, embora este não seja o único mecanismo de formação das ondas.Esta forma de energia (cinética) pode ser aproveitada como uma fonte energética renovável,mas ainda há muito por pesquisar sobre o assunto.

As interações dos sistemas oceano-atmosfera e a “máquina do clima”

O contato entre atmosfera e o oceano é extremamente interessante e complexo. Amaior densidade e pressão atmosférica encontram-se no nível do mar, à medida que seascende na atmosfera, a composição e temperatura alteram-se gradativamente. O mesmoacontece com o oceano, sua camada mais ativa, ao menos biologicamente, é a superficial.Isto se explica pela quantidade de energia recebida através da atmosfera e que geramovimentos como as ondas e as correntes. Além de energia, ocorre a troca contínua dematéria (gases), especialmente o oxigênio e o dióxido de carbono.

Inversamente, o oceano devolve calor e vapor a baixa atmosfera, sendo de vitalimportância como mecanismo gerador dos movimentos atmosféricos.

Estes dois fluxos de energia (calor) e matéria (água e gases) entre os dois sistemasmostram que a análise isolada dos oceanos e da atmosfera cumpre-se mais a um valordidático.

[[[[[ ]]]]]Agora é hora de

TRABALHAR

11111..... Procure na Internet informações sobre correntes

marinhas e suas características, bem como as grandesmassas de ar.

2.2.2.2.2. Discuta com os colegas sobre as implicações

do aquecimento global na circulação geral da atmosfera e do oceano e produza um pequenotexto.

Curiosidade: No caso do CO2, os oceanos comportam-se como um imensoreservatório, contendo 50 vezes mais CO2 que a atmosfera, e 20 vezesmais que a biosfera. Quando falamos em aquecimento global, o aumentoda temperatura média do mar diminuiria a solubilidade do CO2 e aumentariaa pressão parcial deste nas águas superficiais, diminuindo a capacidadede absorção de CO2 pelos oceanos. Estima-se que ¼ das emissões deCO2 sejam absorvidas pelo oceano (LEGGET apud GREENPEACE 1992.p.21).

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ClimatologiaGeral e do Brasil

CLIMATOLOGIA DINÂMICA E OS AMBIENTESINTERTROPICAIS

Circulação geral da atmosfera e suas diferentes escalas

A circulação atmosférica é um processo dinâmico que depende de uma série devariáveis avaliadas em diferentes escalas.

Podemos estabelecer alguns princípios que governam o movimento atmosférico:

O que faz com que haja o movimento do ar é o desenvolvimento e manutenção dogradiente de pressão.

O chamado efeito coriólis é o efeito desviador provocado pelo movimento de rotaçãoda Terra de oeste para leste, provocando um desvio no movimento dos corpos.

Por exemplo: qualquer corpo deslocando-se do pólo norte em direção aoequador sofrerá um desvio para a sua direita e deslocando-se do equador emdireção ao pólo norte sofrerá um desvio para sua esquerda e vice-versa para ohemisfério sul.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Variação da pressãoatmosférica entre doispontos (por exemplo,entre uma área maisquente e outra mais friahaverá um movimento doar, sempre do mais friopara o mais quente).

1. A força do gradiente de pressão;2. A força de coriólis;3. A aceleração centrípeta e4. A força de fricção.

Força dePressão

Força dePressão Força de

Coriólis

ForçaCentrípeta

A INVESTIGAÇÃOGEOGRÁFICA NO PASSADO E

NA CONTEMPORANEIDADE

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O movimento na atmosfera não ésó horizontal, mas também vertical, aascendência ou subsidênciado ar se deve basicamente àsdiferenças de temperatura queexistem entre bolsões de ar. Se este formais quente que o ar circundante elesobe; se for mais frio, ele desce.

O movimento convergente oudivergente do ar ocorre pelas diferençasde pressão e temperatura do ar.Vejamos como isto ocorre, observandoa figura abaixo.

É necessário imaginar que a atmosfera não é um corpo homogêneo, não sóverticalmente mas também horizontalmente. Diferenças de temperatura entre água e a terra,entre um ambiente construído e umafloresta ou um banhado, fazem com queo ar acima deles adquira um pouco desuas características, fazendo assim comque haja diferenças de temperatura entrebolsões de ar e forçando o movimento entreas células de ar. O ar que está sobre umaimensa floresta ou um imenso deserto ousobre os pólos gelados, tenderá a adquirsuas características.

Imaginando a Terra e suaangulação em relação aos raios solarese, por sua vez, o desigual aquecimento,podemos dizer que existem Cinturões depressão planetários, estes são os seguintes:

É extremamente importante lembrarmos que estes cinturões de pressão sãooscilantes em função de diversos fatores.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○Movimento dedescida do ar.

1. Zona equatorial possui um cinturão em torno dos 1011 a 1008mb, cujonome é Vanguarda ou Convergência equatorial.

2. Tanto ao norte como ao sul formam-se cinturões de alta pressão próximosa 30o L N e S. Estes se chamam Cinturões subtropicais de alta pressão econtêm células de pressão, cujo valor varia até 1060mb.

3. A partir destas altas pressões, encontram-se zonas de baixas pressões ,denominadas de Zonas subantáritca e subártica, cujos valores oscilam até984mb, aproximadamente nas latitudes de 60o N e S.

4. Por fim, aparecem as áreas de altas pressões polares.

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30

ClimatologiaGeral e do Brasil

Ciclones e anticiclones: são zonasde baixas e altas pressõesrespectivamente, responsáveis peladinâmica horizontal e vertical da atmosfera.

· Ciclones: centro de baixa pressão,ou seja, zona de recepção.

· Anticiclones: centros de altapressão responsáveis pela dispersão deventos.

Ayoade (1986. p.84) define váriosfatores envolvidos na circulação geral;estes são advindos dos seguintesaspectos:

Ainda sobre a circulação geral, podemos definir as variaçõessazonais da circulação a exemplo das monções como um padrãofortemente global. A circulação de monção mais característica ocorreno leste e sudeste da Ásia, em função das características morfológicasdo continente e do oceano adjacente. As diferenças térmicas produzidasentre estas duas áreas fazem com que durante o solstício de verão nohemisfério sul haja um domínio do ar frio e seco subsidente do planaltotibetano e no solstício de verão do hemisfério norte, um domínio da massaquente e úmida proveniente do oceano Índico.

Veja mais sobre o tema em: (http://www.brasgreco.com/weather/climatologia.html)

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Caracteriza-se por ser umpadrão climático deocorrência principal na Ásia(especialmente o sudeste) ena costa leste africana. Nestetipo climático ocorrem chuvasde verão e seca no inverno,isto ocorre em função dodomínio de massas oracontinentais (fria e seca), oramarítimas (quente e úmida).

1. das diferenças nas propriedadestérmicas da superfície da Terra,particularmente entre continentes eoceanos;2. das variações na topografia terrestre;3. das transformações de energia deuma forma para outra dentro daatmosfera;4. das escalas de movimento diferentese de atuação recíproca.

Relação entre ventos e a pressão atmosférica

· Força de gradiente de pressão: indica o sentido do movimentode alta pressão para baixa pressão.

· Quanto maior a diferença de pressão entre dois pontos, maioré o gradiente e maior é à força do movimento.

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[[[[[ ]]]]]Agora é hora de

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Procure na Internet informações relativas aospadrões de circulação e de que maneira eles podem afetarsua região.

11111..... Veja em quais lugares do mundo ocorrem as

monções e pesquise sobre os seus efeitos.

2.2.2.2.2.Não esqueça de consultar o AVA.

Massas de ar: características e propriedades

Antes de falarmos sobre o tema propriamente dito, é importante frisar que ventosrepresentam a circulação do ar causada por diferença de pressão e temperaturaatmosféricas, em um dado momento e lugar. Os ventos redistribuem muito mais energiapela superfície do planeta que as correntes marinhas, os mares e a convecção do mantoterrestre.

A circulação global dos ventos é um fenômeno cuja manifestação depende de umasérie de fatores. Segundo Laboriau (1994), existem algumas circunstâncias diferentes queforçam a ascensão de uma massa de ar:

1. causas orográficas - a presença de terras altas força pelo menosparcialmente a subida do ar;

2. causas convectivas - um aquecimento diferencial sobre uma superfície(terra ou mar) o que promove a ascenção de uma massa de ar;

3. causas convergentes - quando duas massas de ar se encontram emângulo obtuso, o que resulta na elevação de uma massa de ar; isto se dágeralmente nos trópicos;

4. causas ciclônicas - uma frente que tem duas massas de ar comcaracterísticas físicas diferentes encontram-se em ângulo agudo; isto sedá geralmente nas zonas temperadas.

Vimos anteriormente que o ar que se encontra acima da superfície, líquida ou sólida,adquire as características desta área. Massas de ar podem ser inicialmente definidas comovastos bolsões de ar com características de temperatura e umidade semelhantes e que sedeslocam como uma entidade reconhecível. Uma massa de ar adquire as característicasda área de origem, pois ela troca energia (calor) e matéria (no caso, umidade), com esta.Assim, quando uma massa de ar permanece um certo tempo sobre uma área desértica, elaserá quente e seca, já sobre uma floresta equatorial , a massa tenderá a ser quente e úmida.

Uma classificação simples das massas de ar pode ser resumida no quadro a seguir:

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ClimatologiaGeral e do Brasil

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informações sobre tempo e clima, especialmente sobremassas de ar.

2.2.2.2.2. Pesquise na bibliografia sobre as

características específicas de cada massa de ar e a sua área de atuação, depreferência acompanhada de um mapa.

Embora haja várias tentativas de classificação das massas de ar, estassão mais complexas do que o apresentado. As áreas de origem devemapresentar condições propícias e, especialmente, serem fisicamentehomogêneas, além disto, devem permanecer um determinado tempo sobre aárea origem.

Além de áreas homogêneas fisicamente, condições da dinâmicaatmosférica também são importantes; especialmente circulações anticiclônicas,que favorecem uma uniformidade térmica. Segundo Trewartha apud Ayoade(1986), as áreas propícias a este desenvolvimento são: as planícies árticas daAmérica do Norte, Europa, e Ásia; os oceanos subtropcais e tropicais; o desertodo Saara e os interiores continentais da Ásia, Europa e América do Norte.

As massas de ar são muito importantes para o estudo do tempo e doclima, porque influenciam diretamente na área onde predominam. Suascaracterísticas meteorológicas dependem de aspectos térmicos e hídrícos e,conseqüentemente, de como eles estão distribuídos verticalmente. A taxa dequeda térmica determinará a estabilidade ou não da massa, já a quantidade deumidade indicará a capacidade potencial para produzir precipitação.

Fonte: Ayoade, p.100

GRUPOPRINCIPAL

Polar (P)(incluindoa ártica - A)

Tropical(T)(incluindo aequatorial E)

SUBGRUPO

Polar Marítimo (mP)Polar Continental (cP)

Tropical Marítima (mT)

Tropical Continental(cT)

REGIÃO DE ORIGEM

Oceanos, além dalatitude de 50°, emambos oshemisférios.1- Continentes emtorno do CirculoÁrtico.2- Antártica.

Oceanos dos trópicose subtrópicos.

Desertos de baixalatitude,particularmente oSaara e os desertosaustralianos.

PROPRIEDADESORIGINAIS

Fria, úmida einstável.Fria, seca emuito estável.

Quente e úmida;bastante estável naporção leste dooceano e maisinstável na porçãooeste.

Quente, muito secae bastante estável.

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Características e tipologia das frentes e outros sistemasprodutores de tempo

Frente é uma zona de transição entre duas massas de ar de características epropriedades diferentes. Geralmente, uma massa de ar é mais quente e úmida do que aoutra. Massas de ar estendem-se horizontalmente e verticalmente; conseqüentemente, aextensão ascendente de uma frente é chamada de superfície frontal ou zona frontal.

Acima do solo, a superfície frontal inclina-se em um ângulo baixo permitindo o armais fresco cobrir o ar mais frio. Idealmente, as massas de ar em ambos os lados da frentemover-se-iam na mesma direção e velocidade. Nesta condição, a frente agiria simplesmentecomo uma barreira que segue juntamente com as massas de ar e nenhuma massa poderiapenetrar. Mas geralmente, a distribuição de pressão através de uma frente permite umamassa de ar mover-se mais rápida do que a outra.

Quais são os tipos mais comuns de frentes e suas características.

Frente Fria

É uma zona aonde o ar frio substitui o ar quente. Em um mapa do tempo, a posiçãona superfície é representada por uma linha com triângulos ou “dentes” estendidos para o armais quente. Existem grandes diferenças de temperatura em qualquer lado da frente.Também existe uma troca de vento do sudeste adiante da frente fria para nordeste atrásdela. A troca de vento é causada por um cavado de pressão baixa.

Porque a frente fria é um cavado de pressão baixa, mudanças rápidas em pressãopodem ser significantes em localizar a posição da frente. A pressão mais baixa geralmenteocorre assim que a frente passa sobre uma estação meteorológica. Se você vai de encontroà frente de qualquer lado, a pressão atmosférica desce, e se você vem para fora da frente,a pressão atmosférica sobe.

A figura ao lado representaos padrões de nuvens eprecipitação típicas em uma vistalateral da frente fria. O ar frio edenso na frente força olevantamento do ar quente. Se o arquente levantado é úmido einstável, ele condensa em umasérie de nuvens cumulus ecumulonimbus (Cb). Ventos fortesnos níveis altos assopram oscristais de gelo formados perto dostopos das nuvens cumulonimbus

em nuvens cirrostratus (Cs) e cirrus (Ci). Estas nuvens geralmente aparecem bem adiantede uma frente aproximando-se. As nuvens cumulonimbus formam um bando estreito detrovoadas que produzem pancadas de chuvas fortes com rajadas de vento. O ar resfriarapidamente atrás da frente. Os ventos trocam de direção do sudeste para nordeste, apressão sobe, e a precipitação cessa. Assim que o ar resseca, o céu clareia com exceçãode algumas nuvens cumulus de tempo bom (cumulus humilis).

A borda principal da frente é íngreme por causa da fricção na superfície que retardao fluxo de ar perto da terra. A inclinação média de uma frente fria é somente 1:100. Isto querdizer que se você viajar a 100 quilômetros atrás da posição na superfície de uma frente fria,

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34

ClimatologiaGeral e do Brasil

a superfície frontal (a curva azul que separa o ar frio da frente fria do ar quente)estará a 1 quilômetro acima. A velocidade média de movimento de uma frentefria é de 35 km/h.

Frentes Quentes

É uma zona onde o ar quente substitui o ar frio. Em um mapa do tempo, a posição nasuperfície é representada por uma linha com semicírculos estendidos para o ar mais frio.Assim que o ar frio retrocede, a fricção com a terra reduz extremamente o avanço da posiçãona superfície da frente comparando com a sua posição no alto. Conseqüentemente, o limiteseparando estas massas de ar requer uma inclinação muito gradual. A inclinação média de

uma frente quente é somente 1:200. Istoquer dizer que se você viajar a 200quilômetros adiante da posição nasuperfície de uma frente quente, asuperfície frontal estará a 1 quilômetroacima.

A velocidade média demovimento de uma frente quente é de25 km/h, ou metade do que a frente fria.Durante o dia, quando a mistura ocorrenos dois lados da frente, o movimentodesta frente pode ser mais rápida.

Assim que o ar quente ascendesobre a cunha recuada de ar frio, ele se expande, se resfria e se condensa em nuvensfreqüentemente com precipitação. O primeiro sinal de uma típica frente quente emaproximação, é nuvens cirrus (Ci). Estas nuvens podem ser formadas a 1000 quilômetrosou mais adiante de uma frente quente. As nuvens cirrus então se graduam em nuvenscirrostratus (Cs) e altostratus (As). Perto de 300 quilômetros adiante da frente, nuvens stratus(St) e nimbostratus (Ns) aparecem e começa a precipitação (neve, chuva ou garoa).

A precipitação associada com uma frente quente antecede a posição na superfícieda frente. Ocasionalmente, estas nuvens crescem rapidamente para baixo e podem causarproblemas para pilotos de aviões pequenos que requerem boa visibilidade. Os pilotos podemexperimentar boa visibilidade em um minuto e nevoeiro frontal no próximo. Por causa dosmovimentos vagarosos e inclinações baixas, frentes quentes geralmente produzemprecipitações leves e moderadas sobre uma área vasta por um período longo.Ocasionalmente, frentes quentes são associadas com nuvens cumulunimbus e trovoadas,quando o ar quente levantado é instável e as temperaturas nos dois lados da frente contrastarepentinamente. Existindo estas condições, nuvens cirrus são geralmente seguidas de nuvenscirrucumulus (Cc). Uma frente quente associada com uma massa de ar seco pode passardespercebido na superfície.

Os padrões de tempo associados com frente frias descritas acimasão mais ou menos “típicas,” mas existem exceções. Porexemplo, se o ar levantado é seco e estável, somente nuvensesparsas formam-se com ausência de precipitação. Em tempoextremamente seco, podem ser observados somente umaumento de umidade com uma troca de ventos.

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35

Frente Oclusa

É um tipo complexo onde uma frente fria se encontra com uma frente quente. Em ummapa do tempo, a posição na superfície é representada por uma linha alternada comtriângulos e semicírculos estendidos em direção ao movimento.

Uma frente oclusa de tipo fria existe quando o ar atrás da frente avançado é maisfrio do que o ar deslocado. A figura abaixo representa esta situação. Ali, uma frente friadesloca uma frente quente. Freqüentemente com um tipo frio, o ar quente no alto e aprecipitação associada seguem a frente na superfície. O outro tipo de frente oclusa é umafrente oclusa de tipo quente, quando o ar atrás da frente avançado é mais quente do queo ar substituído. A situação deste tipo é o reverso da outra. O ar quente no alto e a precipitaçãofreqüentemente precedem a frente na superfície com um tipo quente.

Frente Estacionária

É uma frente onde o fluxo de ar em ambos os lados da frente não se dirige para amassa de ar fria ou para a massa de ar quente, mas é paralelo à linha da frente. Frentesestacionárias formam-se quando uma frente avançando retarda ou pára sobre uma região.Em um mapa do tempo, a posição na superfície é representada por uma linha com triângulosestendidos para o ar mais quente em um lado esemicírculos estendidos para o ar mais frio no outro.Uma mudança de temperatura e/ou uma troca dedireção de ventos são geralmente observados quandoatravessamos de um lado da frente para o outro.

Se ambas as massas de ar ao longo de umafrente estacionária são secas, pode existir céu clarosem precipitação. Quando o ar úmido e quente éempurrado para cima sobre o ar frio, nebulosidade,com precipitações leves, pode cobrir uma vastaárea. Ciclones que tramitam ao longo de uma frenteestacionária podem despejar grandes quantidades

Quando uma frente quente passa, as temperaturas e umidadeaumentam, a pressão atmosférica sobe, e os ventos trocam de direçãogradualmente no lado quente.

,

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36

ClimatologiaGeral e do Brasil

de precipitações fortes, resultando em enchentes significantes ao longo dafrente.

Freqüentemente as frentes estacionárias dissipam-se sobre a regiãoaonde elas param. Uma frente estacionária pode tornar-se uma frente fria ouuma frente quente dependendo que massa de ar avança.

Tornados

Tornados ocorrem normalmente em áreas continentais e em muitas partes do mundo,contudo os mais freqüentes e violentos ocorrem nos EUA, numa média de mais de 800anualmente. A maioria dos tornados ocorre nas Planícies Centrais do centro do Estado deTexas até Nebraska. Austrália vem em segundo lugar depois dos EUA. Tornados tambémocorrem na Inglaterra, Canadá, China, França, Alemanha, Holanda, Hungria, Índia, Itália,Japão, Rússia, e até em Bermudas e nas Ilhas de Fiji. Porém tornados não estão restritossomente nestes países citados. Em 13 de Fevereiro de 1999, um tornado causou danos emOsório, Rio Grande do Sul, no Brasil. Grandes árvores foram arrancadas e edifíciosdestruídos.

As planícies Centrais dos EUA são mais sujeitas aos tornados, porque a atmosferafavorece o desenvolvimento de trovoadas severas que produzem tornados. Ali, especialmentena primavera, ar úmido e quente na superfície é abaixo do ar mais frio e seco produzindouma atmosfera instável. Grandes trovoadas capazes de produzir tornados formam-se quandoexiste um forte cisalhamento vertical de vento e o ar na superfície são empurrados paracima.

Ciclones, furacões ou tufões

Ocorrem, normalmente, sobre o mar e são verdadeiros sistemas que podem alcançardezenas de km, sendo o mesmo fenômeno, apenas com designações diferentes em cadaparte do mundo. O furacão ou tornado é um vórtice extremamenteintenso de pequena extensão (< 500metros) que se desenvolveabaixo de uma nuvem tempestuosa. Os ciclones tropicais formamum centro quase circular com pressão central extremamente baixa,pode variar de 160 a 650km e a velocidade dos ventos chegar até200km/h. Eles sempre se originam em superfícies oceânicas.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

É uma espiral ascendente dear, normalmente associada auma baixíssima pressão nocentro.

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37

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11111..... Pesquise na bibliografia,

sobre as características específicasde cada massa de ar e a sua áreade atuação, de preferênciaacompanhada de um mapa.

Clima e meio-ambiente das paisagens intertropicais

A presente explanação tem como objetivo caracterizar o mosaico de ambientes dazona intertropical, mostrando aspectos relativos aos espaços macroecológicos e formularalguns conceitos básicos.

Por interações bioclimáticas devemos entender que existe uma íntima ligação entreos aspectos estruturais do ambiente, relativos às formações vegetais ou aos agrupamentosfaunísticos e àqueles ligados aos condicionantes climáticos.

Na caracterização ecológica dos ambientes intertropicais um primeiro aspecto quechama bastante atenção é a estrutura da vegetação, que está intimamente ligada à respostado conjunto florística ante a luz, calor, umidade e temperatura e sua distribuição global,ou seja seu condicionamento BIOCLIMÁTICO.

A descrição estrutural da vegetação emprega seis categorias:

Cabe lembrar a diferença entre FATORES e ELEMENTOS, os primeiros, segundoStrahler são: 1)Climáticos; 2)Geomorfológicos; 3)Edafológicos e 4)Bióticos ou sumariamentedescritos por Dansereau em: Latitude, distribuição dos continentes, relevo, depressõesbarométricas e correntes marinhas, já os elementos são: temperatura, precipitação e ventos.

A zona intertropical guarda uma diversidade fabulosa de ambientes, quecompreendem praticamente todos os grandes biócoros, que comportam uma grandesubdivisão a depender do tipo de classificação empregada. Se tomarmos alguns biomas,encontraremos as florestas equatoriais, tropicais, savanas e florestas claras, desertos,estepes de altitude, etc.

a) Forma biológica: árvores e arbustos, lianas(ciperáceas), ervas, epífitos, briófitos.

b) Tamanho e estratificação: “alto, médio e baixo” e sinúsias apresentadas.

c) Cobertura: expansão horizontal da cobertura (insignificante, descontinua, emfragmentos e contínua)

d) Função e periodicidade: Resposta ao ciclo climático. (caducifólios, perenifólios,semicaducifólios).

e) Forma e tamanho das folhas: grandes, pequenas, compostas, acicular,graminóide, etc)

f) Textura da folha: membranosas, coreáceas, peliculares e suculentas.

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ClimatologiaGeral e do Brasil

Condicionantes climáticos do meio tropical

Para Ayoade (1986, p. 9), o domínio tropical ou intertropical pode teras seguintes definições:

Com relação aos aspectos apresentados, o que chama a atenção na discussão dadinâmica intertropical é sem dúvida o grande aporte energético que esta recebe. Este aportedepende de fatores como a nebulosidade e albedo, sendo a nebulosidade equatorialproveniente dos sistemas convectivos e da elevada evapotranspiração.

O balanço térmico apresenta uma pequena variação anual e uma média diária maior.Sendo que a média anual é em torno dos 22o C, comportando temperaturas médias mensaisentre 18°C a 32°C, raramente excedendo estes limites.

A circulação geral, nesta região, é comandada pelos cinturões de altas pressõestropicais e o de baixa equatorial, embora sofra influências de outros sistemas. Assim, osventos alísios assumem grande importância nestas áreas.

Os ciclones tropicais são muito importantes e se formam em latitudes de 8 a 15o N eS. Em sua maioria são ventos de oeste trazendo fortes chuvas, atuam ao longo das: a)Antilhas; b) parte ocidental do Pacífico norte; c) Mar Arábico e Golfo de Bengala; d) costa doPacífico próximo ao México e América Central; e) Madagascar; f) Samoa, Fiji e norte daAustrália.

Outro sistema muito importante nesta dinâmica são as Monções, que ocorrem aolongo da Ásia / África e América do Norte, influenciando diretamente a estrutura e organizaçãodas paisagens nestas regiões.

Extensão e organização dos domínios tropicais

Para Ayoade (1986), o “domínio climático tropical” coincide, aproximadamente, coma região compreendida entre os trópicos de Câncer e Capricórnio, assim, passaremos autilizar a designação intertropical para referirmo-nos a região em análise.

a) áreas entre as latitudes de 30oS e 30oN;

b) área onde não há estação fria;

c) área do mundo onde a temperatura média anual é igual ou menor queamplitude diária;

d) área do mundo onde a temperatura média ao nível do mar nunca é inferior a18o;

e) parte do mundo onde as seqüências de tempo diferem distintamente das delatitudes médias, servindo de linha divisória entre as easterlines e westerlinesna média troposfera.

Devido a maior presença de florestas na região tropical, há uma grandeabsorção de calor, o que resulta num albedo muito baixo nessas áreas.

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Fazendo-se uma caracterização mais genérica, vamos considerar toda a zonaintertropical, dividida em:

Segundo Dansereau, há uma estreita relação entre os grandes domínios de vegetaçãoe o clima, sendo assim dividiu sua classificação bioclimática da seguinte forma:

1. Climas de Floresta: caracteriza-se pelas grandes precipitações, podendo terdistribuição muito desigual e umidade relativa alta.

São compostas da seguinte estrutura: árvores em formação densa apresentada claraestratificação de número variado.

O solo é protegido pela sombra dos estratos superiores. Na região tropical, divide-se nos seguintes tipos:

b) Floresta Tropical: Situa-se entre 10 o até 23,5o de latitude,ocorre nas regiões úmidas com diferença sensível no verão e inverno,podendo haver influência de período seco. A diferença de temperaturanão é muito marcante, mas influi diretamente na floração.

As folhas são perenes e mais curtas.

c) Floresta Esclerófita Úmida: de menor abrangência na zona tropical, apresenta árvores com folhascoreáceas e algumas espécies decíduas com muito poucas epífitas. Outro importante ecossistema tropical, defundamental importância para a manutenção da fauna marinha é o manguezal, formação continua ao longo de toda afaixa litorânea que normalmente é descrita como faixa de transição entre o mar e a floresta tropical (mata atlântica), queem outros países recebe nomes particulares.

Nestas áreas, onde há ausência de estações secas, a evapotranspiração real é muito elevada, o lençolfreático e permanente e espesso. A decomposição química é grande, devido à constância da umidade e temperatura.O húmus é rapidamente decomposto pela alta atividade dos microorganismos.

a) Floresta Pluvial: ocorrem em áreas de constante calore umidade, são formadas por árvores de tamanho variado havendouma imensa variedade de epífitas e lianas. O solo é bastantehumífero, pois o ciclo de nutrientes é muito superficial.

Devido aos fatores climáticos as folhas são grandes eperenes de textura fina e não coreáceas não apresentandomecanismos contra a evaporação.

Os estratos arbóreos são normalmente três: até 40m,entre 15-30m e 5-15m.

· Zona Equatorial: caracterizada pela elevada e regular distribuiçãoda temperatura e da precipitação, condições estas que permitemuma elevada diversidade de espécies; animais (mamíferos, répteis,etc) e vegetais (epífitas, lianas).

· Zona Tropical : Nesta zona começa a ocorrer uma diferenciaçãoestacional devido a latitude mais elevada. Já ocorrem variações dotropical úmido ao tropical seco. Embora haja pouca variação da luz,os ciclos já são mais definidos, aparecendo ambientes de Florestaspluviais e Savanas.

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ClimatologiaGeral e do Brasil

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11111..... Em grupos de até cinco,discuta sobre a questão dabiodiversidade atual e asmodificações impostas pelasociedade.

O CLIMA E SUAS APLICAÇÕES

Circulação atmosférica no Brasil

A climatologia dinâmica tem como base de estudo os aspectos relativos à circulaçãogeral das massas de ar.

No Brasil, as massas de ar que atuam direta e indiretamente sobre o território são:

2. Climas de Savanas: Clima de precipitações limitadas e distribuiçãodesigual, não sendo raro a inconstância do regime pluviométrico.

As árvores são de tamanho variado, principalmente baixas edisseminadas, formam zonas mais densas apenas nas margens dos rios.

Encontram-se numa posição intermediária entre a mata e a pradaria,sendo dos seguintes tipos, na região tropical:

a) Caatinga: (savanaespinhosa) Período seco grande, comárvores decíduas (caatinga = matabranca e suculentas e algumas degrande porte como a popular Barriguda.

b) Cerrado: Nome dado a “savana brasileira”, tendoamplo domínio na porção central do Brasil, possuindo um grandenúmero de tipos. A seca dura até seis (06) meses, as árvores sãoem sua maioria pequenas, podendo haver espécies de grandeporte, não sendo totalmente decíduas.

01) Massa Equatorial Atlântica (mEa)02) Massa Equatorial Continental (mEc)03) Massa Equatorial Pacífica (mEp)04) Massa Tropical Atlântica (mTa)05) Massa Tropical Continental (mTc)06) Massa Tropical Pacífica (mTp)07) Massa Polar Atlântica (mPa)08) Massa Polar Pacífica (mPp)

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A (mTa) tem sua origem na zona dos alísios de SE (anticiclone Atlântico sul).A (mEc) formada sobre o continente.Massa Antártica, sua fonte é a região polar.Nimer, caracteriza a circulação geral a partir dos meses de janeiro, julho, outubro e

abril.

Tipos climáticos característicos do Brasil

Segundo a classificação de Köppen, são quatro as ocorrências no território brasileiro:

Esta classificação se desdobra na seguinte tipologia: clima equatorial, clima tropicalsemi-úmido, clima tropical de altitude, clima tropical atlântico, clima semi-árido e clima sub-tropical.

Verão:-enfraquecimento do anticiclonesemifixo do Atlântico e daAntártida.

-baixa do Chaco e Depressão doalto Amazonas ficamaprofundadas.

-a Ea e aTa tangenciam o litoralleste do Brasil.-os alísios de NEdo anticiclone do Atlântico nortesão aspiradas para o interior docontinente.

Inverno:-não existe depressãocontinental, o anticiclone doAtlântico (com pressãomáxima.) avança sobre ocontinente.

-o anticiclone norte continuaa influenciar o litoral norte.

Primavera e Outono-com exceção da zonaequatorial nos oceanos e dacosta setentrional do Brasil, acirculação é muito semelhante.

-penetração dos ventos deleste.

-domínio do anticiclone doAtlântico sobre o continente euma posição setentrional dabaixa da Amazônia.

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ClimatologiaGeral e do Brasil

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11111..... Pesquise na Internet sobre as condições

climáticas do Brasil e as peculiaridades de cada região,montando uma base de dados com algumas cidadesbrasileiras.

2.2.2.2.2. Monte um mapa com os dados retirados das

paginas do INMET e/ou do INPE http://www.inmet.gov.br e http://www.cptec.inpe.br .

A circulação atmosférica no Nordeste do Brasil

A partir da circulação geral do Brasil, pode-se individualizar alguns aspectos da RegiãoNordeste. Paralelamente, ao longo da linha equatorial, ocorre uma linha divisória de massassetentrionais e meridionais. Esta zona de ascensão denomina-se de FIT (frente intertropical)e produz uma faixa de calmarias (doldrum) com aguaceiros e trovoadas.

Esta faixa varia com os solstícios e equinócios, no verão hemisfério Norte, estáaproximadamente a 10° de Latitude Norte, alcançando seu extremo em setembro, poisocorrem as mínimas na Antártida. No verão do hemisfério Sul ela está mais próxima aoequador, alcançando seu máximo em março quando ocorrem as mínimas no pólo norte.

O centro de ação do Atlântico responsável pelo bom tempo no H. Sul alcança máximapressão em julho e mínima em janeiro. Em função disto à estação chuvosa nordestinaocorrerá de janeiro a abril, quando a FIT avança para o Hemisfério Sul, ficando secos osmeses restantes sob domínio do centro de ação do Atlântico, representado pela mEa.

A estação chuvosa do interior do nordeste (inverno) está subordinada as oscilaçõesda FIT, que por sua vez depende da FPA (frente polar atlântica), que quando avança até olitoral sul, provocando chuvas nesta área.

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Eventos climáticos extremos e recorrentes

O clima é o resultado da interação complexa entre os sistemas ambientais acionadospela energia do sol. Ao contrário do que se pensa, a noção de equilíbrio climático não sepode aplicar de maneira aleatória. Tufões, furacões , secas, são fenômenos recorrentes eem parte previsíveis, mas também podem atingir magnitude imprevista.

O que de fato precisamos entender é que a Terra sempre conviveu com eles, mas aocupação humana concentrada e desordenada do espaço e intervenções em larga escalatransformaram eventos normais ou de baixa recorrência em catástrofes.

Enchentes urbanas acompanhadas de deslizamentos, desabamentos, etc, são cadavez mais numerosas e devastadoras.

Hoje, possuímos meios tecnológicos e científicos nunca antes imaginados, somoscapazes de conhecer instantaneamente as condições da atmosfera de um dado lugar, comotambém, de inferir aspectos de seu passado. É claro que isto não é suficiente, pois aindanão conseguimos evitar que milhares de vidas humanas se percam diante de catástrofescada vez maiores. Elas aumentaram de fato? Ou os seres humanos estão no seu caminho?

A magnitude e freqüência dos desastres naturais sem dúvida ampliaram-se e impõeuma séria reflexão e atitudes sobre os mesmos, mas será, que está no âmbito humanoestas correções? Ou será elas são eventos da própria evolução do planeta?

É certo que poderíamos indagar muito mais sobre isso, mas nos ateremos a algumasdestas questões. A década de 90 acumulou mais desastres ambientais de repercussãoeconômica e humana, que as quatro décadas anteriormente somadas. Este dados doWorldwatch Institute, ilustram o problema. Se olharmos para o Brasil e analisarmos osestragos provocados por secas, enchentes urbanas, deslizamentos e fenômenos associados,teremos também números catastróficos.

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11111..... Faça um levantamento

sobre as principais catástrofesambientais de origem climática,

El ñino, Oscilação sul e suas conseqüências

El Niño

A evolução dos episódios de El Niño (o menino) é considerado por alguns umaanomalia e por outros uma inversão normal do padrão climático global, uma vez que temrecorrência quase constante. Este tem se mostrado, nas duas últimas décadas, umarecorrência cada vez maior. Em 1998 apareceu com grande intensidade, sendo esteconsiderado o mais forte aquecimento do Pacífico Equatorial Central e Oriental dos últimos150 anos (desde o início das medidas de temperaturas da superfície do oceano).

O fenômeno El Niño é caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas superficiaisdo Pacífico Equatorial Oriental. O aquecimento e o subseqüente resfriamento num episódiotípico de El Niño duram de 12 a 18 meses. A evolução típica do fenômeno mostra que inicia

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ClimatologiaGeral e do Brasil

no começo do ano, atinge sua máxima intensidade durante dezembro daqueleano e janeiro do próximo e se enfraquece na metade do segundo ano.

O aumento dos fluxos de calor sensível e de vapor d’água da superfíciedo Oceano Pacífico Equatorial para a atmosfera, sobre as águas quentes,provoca mudanças na circulação atmosférica e na precipitação em escalaregional e global, que, por sua vez, provocam mudanças nas condiçõesmeteorológicas e climáticas em várias partes do mundo como mostra a figura.

No caso do Brasil, as regiões mais afetadas são o semi-árido doNordeste, norte e leste da Amazônia, sul do Brasil e vizinhanças pelas mudanças nacirculação atmosférica durante episódios de El Niño.

A Região Sul do Brasil é afetada por aumento de precipitação, particularmentedurante a primavera no primeiro ano e posteriormente o fim do outono e início do inverno nosegundo ano. O norte e o leste da Amazônia e o Nordeste do Brasil são afetados peladiminuição da precipitação, principalmente, no último, entre fevereiro e maio, quando setem a estação chuvosa do semi-árido. O Sudeste do Brasil apresenta temperaturas maisaltas, tornando o inverno mais ameno.

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Mudanças climáticas em curso

Segundo alguns cientistas, a temperatura média global da Terra é hoje de +15°C,mas a temperatura efetiva de radiação é hoje de –18°C. Portanto, o efeito-estufa atmosferacausa um aquecimento de cerca de 33°C.

Planetas com temperaturas muito frias, como Marte, se explicam pela ausência quasetotal vapor de água e CO2, na sua tênue atmosfera. A temperatura altíssima da superfícieVênus é devida principalmente à abundância de CO2 que, pelo efeito estufa, não deixaescapar a maior parte do calor para o espaço.

Então, não podemos confundir a temática do efeito estufa com aquecimento global,pois o segundo causa um agravamento do primeiro.

O dióxido de carbono (CO2) é um componente normal do ar e entra na atmosferapela respiração dos seres vivos (animais, plantas e microorganismos) e pelas emanaçõesde vulcões, gêisers, etc. Dados recentes mostram que as concentrações de dióxido decarbono na atmosfera estão aumentando na razão de 15 e 17 partes por milhão ao ano.

Quando o CO2 aumenta, a absorção de infravermelho aumenta e a temperatura arsobe, fazendo com que mais vapor de água seja retido. O resultado é um aumento de nuvensque também absorvem infravermelho e, por efeito estufa, aumentam mais a temperatura doar. Juntando a isto o efeito de outras substâncias e partículas em suspensão, resulta numa“bola-de-neve” que incrementará mais a temperatura média global. Os resultados se farãosentir principalmente na temperatura de verão e no equilíbrio entre a água líquida e a águaem forma de gelo.

Este aumento foi registrado desde 1958 em Mauna Loa e está sendo monitoradoagora em outros locais.

Outro gás da atmosfera que produz o efeito estufa é o metano. Uma molécula demetano (CH4) é 25 vezes mais eficiente do que uma molécula de CO2 na retenção de calor.O metano é um gás natural que chega à atmosfera por diferentes caminhos: sai nas erupçõesvulcânicas, é produzido normalmente por bactérias nos pântanos e nas plantações de brejo(por exemplo, arrozais), por ruminantes, nos seus aparelhos digestivos, e por insetos. Oscupins, tão comuns em pastos e savanas tropicais, produzem grande quantidade de metano,que pode ser facilmente medida.

Análises da atmosfera a partir de 1980 mostraram que o metano está aumentandoem cerca de 1,1% ao ano e, em 1990, chegou a 1800 p.p.m. Este fato sugere que o grandeaumento atual seria devido ao crescimento da população humana e ao aumento de suaatividade agropecuária, queima de biomassa, vazamentos nas tubulações de gás, etc.

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11111..... Veja no AVA detalhes

e imagens muito interessantessobre o tema.

Ver animações emhttp://www.inmet.gov.br e

http://www.cptec.inpe.br

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ClimatologiaGeral e do Brasil

Esquema da variação quaternária (segundo Goudie, 1977). Asequência de níveis marinhos pleistocênicos é mostrada na partesuperior, enquanto as curvas de nível do mar, compiladas por váriosautores para o Holoceno, são indicadas no gráfico inferior.

Os CFCs

Foi somente no início da década de 80 que se descobriu que os óxidosde nitrogênio e os clorofluorcarbonos (CFCs) também retêm o calor naatmosfera. Estes gases, junto como dióxido de carbono e o metano, são hojeconhecidos pela denominação de gases-estufa.

Os óxidos de nitrogênio (N02, NO3, N20) são produzidos normalmentepela ação microbiana no solo. Uma molécula de óxido nitroso é 250 vezes

mais eficiente que uma de dióxido de carbono para reter calor na troposfera e, portanto, umpequeno aumento deste gás produz um efeito estufa muito grande.

Finalmente, um poluente moderno, constituído por gases denominadosclorofluorcarbonos (CFCs), é o mais poderoso retentor do calor e um destruidor do ozônioestratosférico. Uma molécula de CFC-12 (há vários tipos que são numerados na indústria)tem a capacidade de reter 20.000vezes mais calor que uma de CO2 ;uma molécula de CFC-11 retém17.500 vezes mais. Felizmente aconcentração dos CFCs na atmosferaainda é baixa, porém estáaumentando a uma velocidade decerca de 5% ao ano.

Algumas das mudanças quehouveram no passado foramgradativas e oportunizarampossibilidades de adaptação aosseres vivos. Se a temperatura daTerra subir, as conseqüências serãomuito grandes na distribuição destes,na agricultura, florestas, centrosurbanos e no levantamento do nível domar.

Estudos realizados jámostraram os efeitos destasmudanças climáticas no passadocomo pode ser observado nas figurasao lado.

11111Faça um levantamento sobre os dados existentes

sobre mudanças climáticas globais.

22222 Discuta com os colegas os textos lidos e procure

fazer uma síntese desta discussão.

[[[[[ ]]]]]Agora é hora de

TRABALHAR

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AtividadeAtividadeAtividadeAtividadeAtividade

OrientadaOrientadaOrientadaOrientadaOrientada

Com o objetivo de desenvolver um estudo da Climatologia de uma maneira prática e lúdicaserão propostas tarefas em etapas distintas.

· Objeto: Construção de instrumentos de observação meteorológica e realização de experimentos sobreprocessos associados à dinâmica da atmosfera.

· Finalidade:

Compreender o papel de alguns elementos e fatores que caracterizam os tipos climáticos e entendera dinâmica da atmosfera, percebendo como para a climatologia a coleta de dados e a observaçãode fenômenos são fundamentais para a construção de modelos e conceitos.

Assimilar, enquanto professor crítico e reflexivo a importância de atividades práticas e lúdicas naconstrução do conhecimento geográfico.

· Metodologia: Aulas práticas com a construção de instrumentos de observação meteorológica eexperimentos. Essas atividades devem ser feitas em grupos que possuam entre 5 e 6 pessoas.

Importante: Essas atividades podem depois ser utilizadas na prática docente com os seus alunos,como um elemento concreto de compreensão dos fatores e elementos que constituem o clima.

Etapa Etapa Etapa Etapa Etapa 11111 ( Conhecendo a Pluviosidade )

Construindo um Pluviômetro:

Para medir a quantidade de chuva numa região, os meteorologistas usam aparelhosdenominados pluviômetros.

Vamos construir um pluviômetro.

Materiais:

-Um vasilhame (garrafa ou litro – pode-se usar as garrafas do tipo PET transparente,cortando-a no meio.

-Um funil;-Uma régua que marque os milímetros ( essa régua pode ser feita de papel e colada

na lateral do vasilhame )-Fita adesiva.

Procedimento:

Coloque o funil dentro do vasilhame para recolher a água da chuva.

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ClimatologiaGeral e do Brasil

Cole a fita adesiva na parte lateral do vasilhame e escreva nela (medindocom a régua), a escala graduada em milímetros, a partir da base.

A construção do pluviômetro deve ser encarada como uma forma decompreender como funciona o instrumento na coleta de dados meteorológicos,assim como servir de base para a realização de atividades práticas com oseducandos em sala de aula.

Comparem suas conclusões no fórum de discussão (AVA)

- Com a construção realizada utilize as observações feitas durante o processoe descreva:

Etapa Etapa Etapa Etapa Etapa 2 2 2 2 2 ( Conhecendo a Pressão Atmosférica )

A Terra é envolvida por uma camada de gases denominada ar atmosférico. Comoo ar tem peso, ele exerce uma pressão sobre a superfície terrestre, assim como sobretodos os corpos expostos ao ar.

Materiais:

• Uma lata de leite em pó vazia• fogareiro ( basta um para toda a sala, o qual pode ser providenciado pelo tutor )• água fria• fita adesiva ou outro material como cortiça que possa tampar o orifício da lata.• bandeja ou bacia para acondicionar a água.

· Quais os conhecimentos (conceituais, procedimentais e atitudinais),que os alunos podem adquirir a respeito da climatologia?

· Quais as séries (dos ensinos Fundamental e Médio) onde essa práticapode ser desenvolvida?

· Quais os conteúdos específicos de Geografia Física que podem serabordados e discutidos sobre essa prática?

· Descreva detalhadamente em forma de um texto o funcionamentoe a forma de utilização do pluviômetro.

· Explique também em forma de texto, as informações quanto acaracterização climática, que o pluviômetro pode apresentar.

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Procedimento:

Você pode comprovar o enorme valor da pressão atmosférica pegando uma lata deleite em pó (não pode ser de qualquer produto inflamável) vazia (isto é, cheia de ar) e retirandoo ar de dentro dela. Para retirar o ar faça um pequeno furo na parte superior da lata, aqueça-a num pequeno fogareiro (muito cuidado ao fazer isso).

Após alguns minutos de aquecimento uma grande parte do ar escapa pelo orifício.

Tampando cuidadosa e firmemente o orifício, o ar não pode mais retornar para dentroda lata.

Derrame água fria sobre a lata. Observe que a pressão interna diminui bastante,permitindo que a pressão atmosférica mostre toda sua capacidade, amassando toda alata.

Etapa Etapa Etapa Etapa Etapa 33333 ( Conhecendo a Evapotranspiração )

Parte da água que está na atmosfera em forma de vapor é proveniente de um processochamado de evapotranspiração das plantas, ou seja é a transpiração, que ocorreprincipalmente através da superfície das folhas.

Para compreender como isso ocorre, realize a seguinte experiência:

Materiais:

-Um vaso com uma plantinha;-Dois sacos plásticos grandes.

Procedimento:

Tome um vaso contendo uma plantinha e cubra-o com um saco plástico deixandolivre somente a plantinha.

Em seguida, com outro saco plástico você deve cobrir todo o conjunto.

· Perceba que com essaexperiência é possível visualizar que a pressão atmosférica é na verdade opeso da camada de ar que está sobre nós.

· Com base nessa experiência explique porque nas regiões mais elevadas(onde a pressão é menor), a temperatura tende a ser muito menor do que aonível do mar (onde a pressão é muito maior). Caracterize muito bem esseprocesso citando exemplos concretos, como por exemplo, o tipo de vidados moradores de regiões montanhosas comparado à vida daspessoas que vivem ao nível do mar.

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· Em espaços como a Amazônia o processo de evapotranspiração é muitoimportante.

· Demonstre essa importância e explique como o desmatamento podeafetar a dinâmica climática dessa vasta região natural do nosso planeta.Procure em jornais ou revistas informações sobre a recente estiagem que ocorreuna região e produza cartazes que chamem a atenção para o problema queo desmatamento acelerado pode trazer para a dinâmica climática. Em seguidaapresente suas conclusões para o grupo.

· Depois de realizar todos esses experimentos desenvolva uma tabela com osprincipais tipos climáticos do Brasil citando as suas respectivas característica.

Depois de algumas horas você verá que o saco plástico que envolve aplantinha está todo embaçado.

Isso acontece por causa do vapor de água eliminado pelas folhas quese condensa na superfície interna do saco plástico.

Essa eliminação de vapor de água pelas folhas chama-seevapotranspiração.

Elaboração : Professor Carlos Eduardo Oliveira Referências : www.eaprender.ig.com.br

PUVISIDADE MÉDIA(mm) ANUAL

TEMPERATURA MÉDIA (°C) ANUAL

ÁREA DE OCORRÊNCIATIPO CLIMÁTICO

EQUATORIAL

TROPICAL TÍPICO

TROPICALLITORÂNEO

TROPICAL DEALTITUDE

SEMI – ÁRIDO

SUBTROPICAL

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Bibliografia Básica

AYOAD, J. O. Introdução à Climatologia para os Trópicos. São Paulo:DIFEL, 1986 ou 1996.CONTI, J. B. Clima e Meio Ambiente, São Paulo: Editora Atual, 1998.NIMER, E. Climatologia do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2.ed., 1989.ROSS, J. Geografia do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2002.STRAHLER, A. Geografia Física, Barcelona: Ediciones Omega, 1996.DEMILLO, R. – Como funciona o clima - São Paulo: Quark Books, 1998.SALGADO-LABORIAU, M. L. História ecológica da Terra. São Paulo:Edgard blücher ltda, 1994.

Bibliografia Complementar

BLAIR, T.; FITC, T. Meteorologia, Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1975.DEMILLO, B. Como Funciona o Clima. São Paulo: Editora Quark Books,1998.ROSS, J. Geografia do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2002.VIANELLO, R.; ALVES, A. R. Meteorologia Básica e Aplicações. Viçosa:UFV, 1991.LEGGT, JEREMY. Aquecimento Global (relatório Greenpeace).Rio deJaneiro, Ed FGV, 1992.GOODY, R. M. & WALKER, J.C.G. Atmosferas planetárias. São Paulo:Ed.Edgard Blücher LTDA, 1972.LOVELOCK, J. As Eras de GAlA: Biografia da Nossa Terra Viva. Rio deJaneiro: Ed. Campus, 1991, p. 236.

Sites interessantes:

http://www.wiuma.org.brhttp://www.inmet.gov.brhttp://www.cptec.inpe.brhttp://www.srh.ba.govhttp://www.icb.fg.gglch.usp.brhttp://www.climerh.rct-sc.brhttp://www.brasgreco.com/weatherhttp://www.maurinto.pro.br/mapas/mun_clima.htm (imagens)http://www.labcaa.ufjf.br/teorico.htm (equipamentos)http://www.tamandare.g12.br/ciber/1_climatologia.htmhttp://br.weather.com/index.html (imagens brasil/mundo)http://www.brasgreco.com/weather/tornados/t_clima.htmlhttp://www.miniweb.com.br/Geografia/Geografia%20Fisica.html (textos)http://www.para30graus.pa.gov.br/glossario.htm (glossário)

ReferênciasReferênciasReferênciasReferênciasReferênciasBibliográficasBibliográficasBibliográficasBibliográficasBibliográficas

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ClimatologiaGeral e do Brasil

FTC - EaDFaculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância

Democratizando a Educação.www.ftc.br/ead

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