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FUNDAMENTOS E DIDÁTICA

DA

LÍNGUA PORTUGUESA

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2

Fundamentose Didáticada Língua

Portuguesa

copyright © FTC EaD

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98.É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito,

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Diretor Geral ♦Diretor Acadêmico ♦

Diretor de Tecnologia ♦Diretor Administrativo e Financeiro ♦

Gerente Acadêmico ♦Gerente de Ensino ♦

Gerente de Suporte Tecnológico ♦Coord. de Softwares e Sistemas ♦

Coord. de Telecomunicações e Hardware ♦Coord. de Produção de Material Didático ♦

Waldeck OrnelasRoberto Frederico MerhyReinaldo de Oliveira BorbaAndré PortnoiRonaldo CostaJane FreireJean Carlo NeroneRomulo Augusto MerhyOsmane ChavesJoão Jacomel

Gervásio Meneses de OliveiraWilliam OliveiraSamuel SoaresGermano Tabacof

Pedro Daltro Gusmão da Silva

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3

SumárioSumárioSumárioSumárioSumário

07○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

ANÁLISE E REFLEXÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

LEITURA DA EXPRESSÃO LITERÁRIA

Língua Portuguesa: Retomada Histórica e Novas Perspectivas

Consciência e Mudança no Ensino de Língua Materna

Prática Pedagógica do Ensino de Língua Portuguesa

O Que, Por Que e Como Ensinamos e Aprendemos a Nossa Língua

Atividades Complementares

09○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

10○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

12○ ○ ○ ○

Texto Literário e Não-Literário: Especificidades

Panorama Literário: do Trovadorismo ao Romantismo

Panorama Literário: do Realismo ao Modernismo

Panorama Literário: Autores Contemporâneos

Atividades Complementares

19○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

21

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

LITERATURA INFANTO-JUVENIL: PRESSUPOSTOS

TEÓRICOS E PRÁTICOS

História da Literatura Infanto-Juvenil

A Classificação da Literatura Infanto-Juvenil

Literatura Infanto-Juvenil e Habilidades de Leitura

A Arte de Narrar

Atividades Complementares

41

46○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

50○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

52○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

28○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

33

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

LITERATURA E PRÁTICA EDUCATIVA NO

ENSINO FUNDAMENTAL

O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA

○ ○ ○ ○ ○ ○ 07

19○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 41

13○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 55

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 07

36

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 41

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Fundamentose Didáticada Língua

Portuguesa

Projeto de Trabalho: Dando Forma aos Conteúdos de LínguaPortuguesa

Avaliação em Língua Portuguesa no Ensino Fundamental

Atividades Complementares

Atividade Orientada

Glossário

Referências Bibliográficas

63○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

67○ ○ ○

69○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

75○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

80○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

81○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO EM LÍNGUA

PORTUGUESA NO ENSINO FUNDAMENTAL

Planejar é Preciso!

Projeto de Trabalho em Língua Portuguesa: Um Caminho a Seguir 61○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 58

○ ○ ○ ○ ○ 58

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Apresentação da Disciplina

Caro aluno !

Somos frutos de um mundo composto por linguagens. É a dança,o filme, a música, o olhar, as palavras, o silêncio, tudo misturado dandoforma à comunicação que se constrói através da interação indivíduo/linguagem/objeto/indivíduo. Mas, à medida que vamos explorando esseuniverso é que percebemo-nos sujeitos construtores de conhecimento, éque nos humanizamos, nos tornamos mais sensíveis diante doconhecimento produzido pelos indivíduos ao longo dos séculos.

É a relação Fala, Escrita e Leitura que nos possibilita o contatocom as ferramentas (conteúdos acadêmicos) necessárias para ocumprimento da função social da escola, que é o de tornar o educandoum cidadão funcionalmente letrado, um sujeito capaz de fazer uso dalinguagem escrita para sua necessidade individual, de crescercognitivamente e atender às várias demandas de uma sociedade queprestigia esse tipo de linguagem como um dos instrumentos decomunicação. A chamada norma padrão, ou língua falada culta, éconseqüência do letramento, motivo por que, indiretamente, é função daescola desenvolver no aluno o domínio da linguagem faladainstitucionalmente aceita.

É pretensão desse módulo de estudo, discutir a mudança sofridapelo ensino de língua materna em que a tríade - leitura, análise lingüísticae produção de textos - serve como tripé para sustentação da mesma,além de realizar estudo literário comparativo nas áreas de literatura infanto-juvenil e adulta. Estudaremos através de atividades práticas essasnuances da Língua Portuguesa e perceberemos que enxergar o ensinode língua numa outra perspectiva é um primeiro passo para construir osaber.

A tarefa que apresentamos não é das mais simples, mas quandoaprendemos a não tirar os olhos dos nossos objetivos, cada obstáculose transforma em impulso para a vitória. Acreditamos em vocês edeixamos como reflexão as palavras de Francis Bacon in Essays ofStudies:

Ler dá ao homem completude, falar lhe dá prontidão e escrever otorna preciso.

Sejam todos bem-vindos!

Profª Adriana dos ReisProfª Luciene S.S. CerqueiraProfª Virgínia Silva

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Fundamentose Didáticada Língua

Portuguesa

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O ENSINO DA LÍNGUA MATERNA

ANÁLISE E REFLEXÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Língua Portuguesa: Retomada Histórica e Novas Perspectivas

[...] nas circunstâncias atuais – que parecem ser de umdeliberado esvaziamento de todo esforço educacional autêntico – deve-se ter em mente que não estamos diante de uma discussão teórica,mas sim de uma questão prática, à qual é preciso responder tambémcom soluções práticas. Pode-se tratar a queda de uma telha como umproblema dinâmico, formulando hipóteses teóricas alternativas edebatendo a adequação destas últimas. É uma abordagem legítima,mas não é melhor do ponto de vista de quem está embaixo.

(RODOLFO ILARI, 2001)

Durante muito tempo, o acesso à escola foi privilégio de poucas pessoas. A justificativapara tanto é que o raciocínio da sociedade sempre esteve estruturado na base do poder.Por isso, as normas cultas sempre foram um forte instrumento desse poder e, assim, énecessário que uma grande massa de falantes seja analfabeta para não ter consciência dadominação, ou, pelo menos, ser incapaz de qualquer reação. Do século XVIII têm-se dadoscomprobatórios disso, tanto na escolarização no Brasil, como em Portugal.

No começo do século, alguns poucos tinham acesso à alfabetização em português,depois em latim, e ali aprendiam gramática, retórica e poética. Em 1759, na ReformaPombalina, impôs-se que no Brasil deveria ensinar língua portuguesa, e os professoresensinar com a mesma estrutura do ensino de latim. Em 1857, foi criado, no Rio de Janeiro,o colégio Pedro II, que foi padrão de ensino no país por décadas, onde o ensino da LínguaPortuguesa era dividido em retórica e poética, junto com literatura.

Em 1858, começou-se a ensinar mais a gramática normativa, até o fim do Império,quando voltamos ao ensino de retórica, poética e gramática. Em meados do século XIX, agramática ganha o nome de Língua Portuguesa.

Em 1871, foi criado por decreto-lei o cargo de “professor de português”, porque, atéentão, quem ensinava a disciplina eram os padres, preceptores, pensadores (advogados,engenheiros, etc.). Só que aí não havia escolas formadoras de profissionais. Até 1940continua o ensino de retórica, gramática e poética.

O dado interessante é que a função maior deste ensino era levar escrita, poética eretórica a quem já dominava a norma culta. Aqui nascem as gramáticas e as seletas (textosde literatura com altíssimo nível). Isto para os alunos que já mantinham contato íntimo com aliteratura.

Em 1950, começam as mudanças no ensino. Em 1960, triplica o número de alunosno Ensino Médio, duplica o número de alunos do primário, surgem às primeiras faculdadesde Filosofia, que formam professores. Começam a aparecer os manuais didáticos, comoos que temos hoje, e isso facilita a vida do professor, que encontra programas prontos,livros com aquilo que deve ser explanado para o aluno. Porém, os salários vão ficando cadavez mais baixos.

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Fundamentose Didáticada Língua

Portuguesa

DIANTE DESSE HISTÓRICO, E OBSERVANDO O QUADRO ATUAL DA VIDADOCENTE, REFLITA:

QUQUQUQUQUAL É O PAL É O PAL É O PAL É O PAL É O PAPEL DO PROFESSOR (EM ESPECIAL,OAPEL DO PROFESSOR (EM ESPECIAL,OAPEL DO PROFESSOR (EM ESPECIAL,OAPEL DO PROFESSOR (EM ESPECIAL,OAPEL DO PROFESSOR (EM ESPECIAL,O

DE LÍNGUDE LÍNGUDE LÍNGUDE LÍNGUDE LÍNGUA PORA PORA PORA PORA PORTUGUESA)?TUGUESA)?TUGUESA)?TUGUESA)?TUGUESA)?

Sabemos que o professor deve estar atualizado, envolvido nasdiscussões da Lingüística e analisando posturas como a da substituição do“certo” e do “errado”, por “adequado” e “inadequado”, ter uma atitude

epilingüística, ou seja, reflexiva, a respeito do uso da língua, em sua sala de aula, ao invésde ficar tentando ensinar metalinguagem a quem não conhece nem a língua que está sendodesestruturada na análise.

O professor deve perceber que a sociedade é um dos maiores fatores condicionantespara a variação das línguas, e que temos uma população imensa de diglossias convivendonormas cultas de um lado, normas vernáculas de outro lado e que o professor não conseguedar conta e o aluno menos ainda.

A língua é produto social que apresenta diferenças decorrentes de vários fatoresgeográficos e sócio-culturais. A língua escrita envolve o registro de um pensamento e acompreensão do pensamento registrado graficamente.

O domínio da língua portuguesa é muito mais do que simples domínio psicológico emecânico de técnicas de ler e escrever. É entender o que se lê e o que se escreve. Écomunicar-se oral e graficamente com espírito crítico e reflexivo, dominando o uso da línguaem situações concretas. Nosso objetivo é que aprenda a ler e escrever eficientemente,desenvolvendo ao mesmo tempo sua sensibilidade em relação ao mundo que o cerca.

Sabemos que ler e escrever não são atividades fáceis. Mas sabemos, também, quesão maravilhosas e que ninguém sobrevive de maneira digna, no mundo de hoje, se nãotiver um bom nível de leitura e de escrita.

O aprimoramento da linguagem vai lhe permitir aprimorar sua capacidade de interagircom as pessoas e com o mundo em que vive.

A finalidade do ensino de Língua Portuguesa não é somente lhe proporcionar odomínio do código lingüístico, mas é também, e principalmente, por meio deste domínio,criar condições favoráveis para que você – indivíduo e ser social, co-detentor e co-construtorda cultura – possa desenvolver ao máximo suas potencialidades; adquirir o hábito de buscarpor si só os meios de superar seus bloqueios e dificuldades; aprimorar a sua capacidadede reflexão individual e coletiva; desenvolver o senso de responsabilidade; aprimorar suacapacidade de interagir, de participar, de cooperar; avançar o máximo possível na construçãodo saber; tornar-se cada vez mais capaz de enfrentar, com o máximo de realização, o seudestino de homem e cidadão.

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Consciência e Mudança no Ensino da Língua Materna

Constata-se, com efeito, o crescente fracasso do ensino da língua portuguesa,particularmente no ensino de gramática, revelado pelo baixo desempenho dos estudantesem geral. Daí indagarmos os porquês do fracasso, já que realidades apontam que àgramática é atribuído o grau de importância muito alto pelos professores de EnsinoFundamental e Médio e nos programas do curso de Ensino Superior, que, revelam umapreocupação com a articulação entre as disciplinas do currículo e a escola, além de umavisão científica da língua.

É através das práticas escolares que a classe hegemônica se utiliza da escola paratransmitir suas ideologias. Essas práticas separadas – práticas escolares e práticasprodutivas – devido à divisão do trabalho, contribuem para a divisão do conhecimento demodo que o saber se apresenta dividido em teoria e prática.

Em geral, o fracasso escolar é explicado em termos de falta de base, habilidades,capacidades, mau desempenho, condição da família, colocando-se o sistema como árbitroneutro, sem uma parcela maior de responsabilidades sobre ele. A sociedade política formula,impõe e fiscaliza a legislação educacional, absorvendo e traduzindo para outra linguagem,a concepção de mundo da classe dominante, transformando-a em senso comum, que é aforma mais adequada de atuação das ideologias. Por isso, torna-se cada vez mais freqüentea atuação de “modelos gramaticais” a serem seguidos e reverenciados na mídia e emoutro veículo de acesso rápido com finalidades imediatistas.

Por mais difícil que seja ir de encontro a esta situação, não devemos fechar os olhosao fato de que a reprodução não é um processo totalizador. A eficácia plena não aconteceporque a reprodução se dá no conjunto de contradições inerentes à redução e atenuaçãode conflitos lingüísticos, de modo mecânico, confirmando antagonismos e empurrando parasua superação.

Os estudantes da atualidade passam por um processo dentro da evolução dassociedades modernas, com uma quantidade considerável de informações, em todos osdomínios, que exige, para ser assimilada, um poder de síntese considerável. Mas isto nãosignifica que ele deva abarcar simplesmente a massa de informações lançada sobre umreceptor relativamente passivo que pode constituir um elemento de desorientação e deenfraquecimento da compreensão. A escola ainda mantém essa postura, justamente pelafalta de compromisso com posturas e teorias, ela deveria ter, portanto, como objetivoprimordial não o fornecimento de informações, mas a organização de sua compreensão.Assim, o processo educacional deveria ser antes para formar, depois para informar.

E na Escola, como isso acontece?E na Escola, como isso acontece?E na Escola, como isso acontece?E na Escola, como isso acontece?E na Escola, como isso acontece?Em língua portuguesa, dos Ensinos Fundamental e Médio, por exemplo, o processo

caracteriza-se pelo predomínio da metalinguagem sobre o da linguagem (por exemplo, osalunos aprendem análise sintática para desmontar períodos e classificar orações e nãopara montar períodos bem articulados); pelo estudo das categorias lingüísticas semcompreensão de seu papel na produção de efeitos de sentidos (por exemplo, não seestudam os modos verbais para perceber os diferentes efeitos de sentido em frases comoespero uma resposta que me faz sentir melhor e espero uma resposta que me faça sentirmelhor); pela ausência de ensino sistemático dos mecanismos de produção e deinterpretação de textos (por exemplo, não sabe como achar adequadamente o tema de umtexto, não se estudam os mecanismos responsáveis pela coerência textual).

Infelizmente, as conclusões são duras. Depois de onze anos de ensino de português,o aluno não é capaz de produzir um texto adequadamente estruturado e tem dificuldade de

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Fundamentose Didáticada Língua

Portuguesa

compreender o que lê. Isso é muito grave, quando se pensa que o domínio dalíngua é uma das habilidades centrais na formação de qualquer profissional ede qualquer ser humano que se comunique. Ainda que domine bem a suavariedade de origem, aquela que é falada no seu convívio, a função da escolaé mostrar-lhe a outra variedade, que é a escrita, e esta é apenas uma vertenteda língua decorrente da falada, porém é a vertente que sugere prestígio social,pertencimento a uma elite cultural que ainda assim não se utiliza totalmente detodas as regras que regem o “o bem escrever” quando falam.

As atividades metalingüísticas parecem estar desvinculadas do processodiscursivo. A atividade metalingüística deve ser resultante da atividade produtora de texto,de forma que possibilite ao aluno do Ensino Fundamental a observação e o estabelecimentode regras que resulta da construção conjunta entre texto, aluno e professor. É necessárioressaltar que a questão aqui não é apenas o uso intensivo de conceitos gramaticais emdetrimento da utilização da linguagem na interação, para que disto abstraiam-se os conceitosgramaticais; não se quer abolir a análise lingüística do ensino de língua. O que é viável é amudança de postura em relação à produção textual, análise lingüística e à prática de leitura.

Se ensinar gramática foi sempre questão discutida, o debate entre um ensinoprescritivo, descritivo e, mais modernamente, produtivo, ainda é questão não resolvida.Apesar de diferenças entre metodologias estruturalistas pragmáticas, o problema comumainda é como encontrar uma forma de coordenar a sistematização explícita de noçõesgramaticais com seus objetivos fundamentais, a saber, respectivamente: aquisição de umacompetência lingüística, resultado de automatização de estruturas lingüísticas ou aquisiçãode competência comunicativa. A produtividade de uma reflexão gramatical, de uma tomadade consciência das regras de funcionamento da língua é inerente à sua utilização dinâmicana automatização da comunicação, própria da atividade lingüística, que é interativa.

Prática Pedagógica do Ensino de Língua Portuguesa

Se pudéssemos nos perguntar sobrequal é a nossa maior contribuiçãoprofissional como professores, em especial,pensando no ensino da Língua Materna,responderíamos o quê?

Ninguém ousaria duvidar que o ensino de língua portuguesa é muito importante paraa formação do aluno e para a sua vida escolar.

Mas é necessário questionar sobre até que ponto o ensino de língua portuguesacontribui de fato para a formação dos alunos como pessoas e como cidadãos, já que aescola tem se preocupado, na maioria das vezes, em garantir o conhecimento acerca dagramática normativa.

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É POSSÍVEL AFIRMAR QUE O ENSINO QUE TEMOSOFERECIDO A NOSSOS ALUNOS CONTRIBUI PARA QUE TENHAMMELHOR QUALIDADE DE VIDA COMO ALUNOS, COMO PESSOASE COMO CIDADÃOS?

Bem, como sabemos, o papel do professor é despertar o gosto do aluno pelosconteúdos que ensina, e isso não é diferente para quem trabalha com o ensino de línguamaterna. Sendo assim, é necessário que o educador considere:

• a interferência da relação pessoal do professor com aquilo que ensina na relaçãodos alunos com aquilo que aprendem;

• a importância de condições favoráveis para a aprendizagem;

• a importância da escola (e do professor) nas escolhas profissionais dos alunos.

Observando essas três premissas o educador conseguirá promover, com maiscompetência, a aprendizagem.

Sabemos bem que quando não há aprendizagem, não se pode afirmar que houveensino e, como a função de todo profissional que ensina é promover a aprendizagem,acreditamos que:

• O entendimento de como o conhecimento se dá é, hoje, muito diferente do que setinha na época em que estudaram os nossos professores, tanto do Ensino Fundamen-tal como da escola em que nos formamos também professores. Somos “fruto” deuma escola orientada por uma concepção de conhecimento que não coincide comaquilo que hoje se sabe a respeito dos processos de aprendizagem, o que nos faz,muitas vezes, duvidar até mesmo do que já foi provado cientificamente.

• Há erros de fato e erros que fazem parte do processo de aprendizagem, oschamados “erros construtivos”. Não é pedagógico tratá-los como se fossem a mesmacoisa, pois são muito diferentes.

• Nós, adultos, também cometemos erros construtivos quando nos esforçamos porcompreender coisas que são novas para nós. Quando dizemos, por exemplo, “Agoraa proposta é não corrigir mais os alunos” ou “Não podemos interferir nos textos dosalunos, pois isso tolhe a sua criatividade”, pode-se dizer que, de certa forma, estamoscometendo um erro construtivo: buscando entender a mudança de enfoque no nossopapel de professores, acabamos por “distorcer” o que é proposto, que não écoincidente com o entendimento de que não se deve mais corrigir os textos produzidospelos alunos nem interferir neles, mas, fazê-lo a partir de uma outra ótica.

Mesmo percebendo que ainda precisamos melhorar a qualidade do ensino de línguamaterna, conseguimos enxergar uma tomada de consciênciacoletiva tanto na escola básica quanto nos cursos de formação deprofessores. Os currículos estão sendo re-elaborados, a ênfase nagramática está perdendo espaço para a lingüística aplicada e agramática de uso da língua tem servido de base para o ensino doportuguês.

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Fundamentose Didáticada Língua

Portuguesa

Ainda há muito que ser feito para que o ensino de Língua Portuguesaabandone alguns ranços, tais como: a utilização de livros didáticos como únicosuporte de estruturação dos conteúdos curriculares da escola, a ênfase noestudo de gramática normativa, a banalização da literatura com exercíciosgramaticais; e passe a valorizar o trabalho com aleitura, a literatura, a oralidade, como componentesenriquecedores do domínio da língua materna. Paraisso, é necessário um trabalho pautado nos

Parâmetros Curriculares Nacionais, nos teóricos da lingüísticaaplicada e nos estudos acerca do letramento.É através de um processo de formação continuada aliado aprática de planejamento coletivo que o professor conseguiráinternalizar essa visão do ensino de língua e, promover a aquisiçãodo conhecimento como instrumento que garante o exercício dacidadania.

Ter de fato uma proposta de ensino de Língua Portuguesa seja ela para qualquersegmento da educação básica, faz-se necessário, pressupor uma discussão coletiva sobre‘quem vai ensinar o que, quando e de que maneira’, ou seja, uma reflexão acerca do trabalhodidático.

Esse deve ser o olhar sobre todos os conteúdos propostos no currículo da escola,mas para isso, é fundamental que a equipe de educadores defina, coletivamente, objetivose conteúdos específicos de cada série ou ano do ciclo.

Para fazer valer, por exemplo, a orientação de trabalho com a diversidade textual emtodas as séries, não se pode deixar de definir as prioridades do ensino em cada umadelas. O propósito de garantir a diversidade textual na sala de aula não pode ter comoconseqüência – a subestimação do papel do professor: só o contato com os textos nãogarante as aprendizagens necessárias, pois, nesse sentido, não há nada que tenha efeitomais profícuo do que uma intervenção pedagógica eficaz. E isso só é possível com umplanejamento cuidadoso e com uma seqüência didática adequada.

O Que, Por Que e Como Ensinamos e Aprendemos a Nossa Língua?

MasMasMasMasMas, como ela, como ela, como ela, como ela, como elaborborborborborar uma seqüência didática adequada?ar uma seqüência didática adequada?ar uma seqüência didática adequada?ar uma seqüência didática adequada?ar uma seqüência didática adequada?

A princípio, é preciso conhecer bem o educando: sua história de vida, o meio socialem que vive, seu histórico escolar, o que esse aluno já sabesobre o tema a ser trabalhado e o que ele ainda precisasaber sobre o mesmo. É o que muitos professorescostumam chamar de Sondagem.

A sondagem é um dos recursos de que o professordispõe para conhecer o nível cognitivo em que os alunos seencontram. É um momento em que também o aluno temoportunidade de refletir enquanto produz conhecimento a

respeito da língua materna, com a ajuda do professor.A sondagem pode ser uma atividade elaborada com inúmeros objetivos: perceber

se o aluno traz, no início do ano letivo, os pré-requisitos mínimos para a série em que seencontra, avançar de um conteúdo/tema para outro, de maneira seqüenciada e serve aindapara realizar uma avaliação geral da turma.

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Esse tipo de atividade pode tomar várias formas, desde uma produção textual,atividades de leitura ou até mesmo seqüências que estimulem o trabalho com a oralidade.O importante é que a sondagem não tome a forma de uma atividade desprovida de sentidos,que ela não seja mais uma ação sem reflexão, concentrada no início do ano letivo e sem

nenhuma função significativa.As pesquisas sobre ensino da língua materna têm-se voltado, a partir

da década de 80, para o estudo do processo ensino/aprendizagem em simesmo, ou seja, para a análise do cotidiano da sala de aula (diferentementede pesquisas anteriores, que se preocupavam com o produto).

O foco, sempre concentrado em “como ensinar o aluno”, desloca-separa o “como o aluno aprende” e, é a partir dessa reflexão que todas asáreas do conhecimento começam a se preocupar com questões antesignoradas: erro construtivo, interação, mediação etc.

Nesse sentido, a Lingüística Aplicada, área em que se concentram muitas dessaspesquisas, amplia seus interesses, contemplando como objetos de estudo a língua e suasvariações, seus registros, a interação professor/aluno, o discurso e seus interlocutores, asrelações entre modalidades da língua e seu estudo escolar, entre outros.

No que diz respeito às relações entre modalidades da língua e seu estudo escolar,observamos que embora falantes do português, os alunos da educação básica aindaapresentam dificuldades na compreensão de textos, principalmente formais, que circulamnas ruas, na mídia e nas escolas.

Somente através de um trabalho mais dialético, com a utilização de textos significativose atividades próximas da realidade do aluno teremos um ensino de língua que saberá oque, por que e como ensinar e aprender a nossa língua materna.

REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA NO BRASIL

O acesso à escolarização, durante muito tempo, foi privilégio de poucas pessoas.Apenas os mais ricos, os filhos das pessoas com alto poder aquisitivo tinham o direito deestudar.Em que época específica essa situação era realidade? Fale um pouco sobre esse períodohistórico.

AtividadesAtividadesAtividadesAtividadesAtividadesComplementaresComplementaresComplementaresComplementaresComplementares

11111.....

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Fundamentose Didáticada Língua

Portuguesa

O ensino da língua portuguesa na década de 40 tinha características bem específicas.Escreva uma síntese com tais características e trace um contraponto entre aquela época eos dias atuais.

2.2.2.2.2.

Agora, é a vez de pensar sobre o professor de língua materna. Esse profissionalapresentou posturas tradicionais e inovadoras no corpo do tempo. Tomando como base as leituras realizadas sobre o histórico do ensino da línguaportuguesa no conteúdo 1 deste bloco, construa um quadro comparativo e registrecaracterísticas tradicionais e inovadoras do professor de língua portuguesa.

3.3.3.3.3.

POSTURAS INOVADORASPOSTURAS TRADICIONAIS

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PRODUZINDO TEXTO REFLEXIVO...

Observe o seguinte questionamento:

O QUE, POR QUE E COMO ENSINAMOS E APRENDEMOSO QUE, POR QUE E COMO ENSINAMOS E APRENDEMOSO QUE, POR QUE E COMO ENSINAMOS E APRENDEMOSO QUE, POR QUE E COMO ENSINAMOS E APRENDEMOSO QUE, POR QUE E COMO ENSINAMOS E APRENDEMOS

A NOSSA LÍNGUA NOSSA LÍNGUA NOSSA LÍNGUA NOSSA LÍNGUA NOSSA LÍNGUA MAA MAA MAA MAA MATERNTERNTERNTERNTERNA?A?A?A?A?

Agora, reflita sobre tudo o que foi lido até então e produza um texto que busqueresponder a esta questão, argumentando seus pontos de vista sobre o ensino da nossaLíngua.

Exercitando a tríade metodológica do ensino de língua portuguesa

As Cores e as Palavras

Há palavras azuis:Céu, encontro, amigo,Beleza, sorriso, serenidade...

Há palavras brancas:comunhão, véu, vôo,pureza, solidão, paz...

Há palavras vermelhas:samba, sangue, guerra,Futebol, lábios, paixão...

Há palavras cinzentas:pesadelo, indiferença, nunca,finados, inverno, poluição...

Há palavras amarelas:girassol, luar, inteligência,poder, luz, sucesso...

Há palavras rosadas:vinho, vela, mocidade,namoro, noivado, jardim...

Há palavras verdes:mar, mata, esperança,novo, brotação, vida...

Há palavras multicoloridas:arco-íris, jardim, lápis,Festa, feriado, floricultura...

(O jogo das palavras mágicas. São Paulo: Paulinas, 1996).

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Fundamentose Didáticada Língua

Portuguesa

Produzindo...

Observe as “palavras coloridas” e indique a classe gramatical a queelas pertencem.

Em sua opinião, o uso desta classe gramatical contribui para dar um tom de verdadeà afirmação da existência de cores nas palavras?

11111.....

2.2.2.2.2.

Na oralidade, é comum as pessoas dizerem “tem” no lugar de “há”. Em sua opinião,esta troca altera o sentido do que é dito? Qual é o sentido real de cada verbo? O sentido doque é dito? Explique:

3.3.3.3.3.

Observe que, em todas as estrofes, cada palavra do segundo verso, respectivamente,nos dá uma idéia de correspondência com uma palavra do terceiro verso, veja:

Céu, encontro, amigo,

Idéia de

beleza, sorriso, serenidade...

Escolha uma estrofe e explique esta relação através de um pequeno parágrafo.

4.4.4.4.4.

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As palavras podem carregar muito mais significados que o dicionário lhes atribui...Daniela Mercury, por exemplo, diz em “O canto da cidade” que,

“A cor dessa cidade sou euO canto dessa cidade é meu”

Agora é a sua vez de brincar com as cores. Faça como Fernando Pessoa, seja umfingidor, faça de conta que é um poeta e escolha as cores com as quais pintará o seu poema.Em seguida, escreva um texto (pode ser em prosa ou em verso) sobre como você vê esente essas cores.

5.5.5.5.5.

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Portuguesa

ENSINO DE LINGUA PORTUGUESA E DOMINAÇÃO:POR QUE NÃO SE APRENDE PORTUGUÊS?

Ler é um complemento indispensável à vida de qualquer pessoa.Complementar o conhecimento através da leitura é algo que nos traz a chave daquilo quetodo educando busca: o conhecimento.

Como estudamos bastante sobre a história do ensino de língua materna, segue aindicação de alguns livros para que você possa complementar os seus estudos a partirda mesma.

O livro indicado, Ensino de Língua Portuguesa e Dominação: Por que não seAprende Português? - de Sergio Simka - trata-se de um livro que visa polemizar, abalaro dogmatismo, a romper a crença que muitos têm na dificuldade da língua portuguesa.Trata-se, de uma obra corajosa, na medida em que coloca não só a contradição da práticalingüística no seio do ensino de língua portuguesa, mas o viés ideológico constitutivodessa contradição.

SIMKA, Sergio. Ensino De Língua Portuguesa e Dominação: por que não se aprendeportuguês? Musa Editora: Curitiba, 2001.

Leirura Recomendada

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Filme RecomendadoESCOLA DA VIDA

O filme também é uma forma de ler e se manter informado. Através da leiturafílmica, sentimos emoção, aprendemos e nos transportamos até o mundo da ficção.

Esta sensação não é diferente com a Escola da Vida.Essa é uma história em que há um novo professor na cidade, e ele está

promovendo um verdadeiro pandemônio na Fallbrook Middle School. Ele é atraente,simpático e informal. Os alunos amam o sr. D (Ryan Reynolds, de Horror em Amityville).Os professores também o admiram... com exceção de Matt Warner (David Paymer, deEm Boa Companhia), o ansioso professor de biologia, que sonha em ganhar o prêmiode Professor do Ano. Seu pai, Stormin Norman (John Astin, de Os Espíritos), foi Professordo Ano durante 43 temporadas seguidas, e Matt está determinado a fazer deste o seuano. Mas com o sr. D (Michael D.Angelo) em cena, Warner vê sua chance escapar. Elenão consegue competir com quem até seu próprio filho admira. Mas há um segredo quepode mudar o jogo.

FICHA TÉCNICA

Título no Brasil: Escola da VidaTítulo Original: School of Life

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País de Origem: Canadá / EUAGênero: AventuraTempo de Duração: 90 minutosAno de Lançamento: 2005Site Oficial: http://abcfamily.go.com/schooloflife/index.htmlEstúdio/Distrib.: California Home VídeoDireção: William Dear

Texto Literário e Não-Literário: Especificidades

Sabemos que no mundo em que vivemos somos cercados por evidências dapresença das inúmeras formas de linguagem. Dessa maneira é que percebemos que alinguagem pictórica, a linguagem publicitária, a linguagem cinematográfica, a linguagemgestual, a linguagem literária, ou seja, aquelas que têm como expressão a palavra ou não,necessariamente, são, em alguma medida, a “tradução” do que pensamos, realizadas apartir de signos característicos para possibilitar a comunicação entre as pessoas.

No mundo contemporâneo, devido à valorização e à preferência pelacomunicabilidade imediata da informação – por isso, a atenção especial que a sociedadedá à imagem, por exemplo – sintomaticamente, não percebemos com maior nitidez umambiente que privilegie momentos para a leitura ou, até mesmo, para o estudo da expressãoliterária, com um enfoque mais aprofundado.

No entanto, pensar em literatura, bem como estudá-la, é investir no entendimento decomo se configuraram e estruturaram o pensamento e as emoções do homem durante osinúmeros momentos históricos que atravessou. Outrossim, constitui-se um aprendizadorentabilíssimo para “(...) aprender a ler textos, extrair-lhes o sentido mais profundo e perceberde que forma eles estão relacionados com o momento histórico em que foram criados, coma estrutura da sociedade e com a tradição cultural” , como afirmam os autores, WilliamCereja e Theresa Magalhães. A importância da manifestação literária foi observada tambémpor René Welleck e Austin Warren, no livro Teoria da Literatura:

A linguagem literária é o material da literatura, tal como a pedraou bronze o são da escultura, as tintas da pintura, os sons da música.Mas importa ter presente que a linguagem não é uma matéria meramenteinerte como a pedra, mas já em si própria uma criação do homem.

Neste estudo da expressão literária far-se-á necessário, então, um entendimentomais concreto do que é especificamente a linguagem literária (uma das formas de utilizaçãoda língua) e perceber como este texto literário se diferencia do não-literário, refletindo aspossibilidades de aplicação na sala de aula.

Primeiramente, definamos o que é o texto não-literário. O texto abaixo, seráextremamente significativo para delinearmos esta noção:

É recente a tomada de consciência sobre a importância daalfabetização inicial como a única solução real para o problema daalfabetização remediativa (de adolescentes e adultos).

Tradicionalmente, a alfabetização inicial é considerada em funçãoda relação entre o método utilizado e o estado de “maturidade” ou de“prontidão da criança”. Os dois pólos do processo de aprendizagem (quem

LEITURA DA EXPRESSÃO LITERÁRIA

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Portuguesa

ensina e quem aprende) têm sido caracterizados sem que se leveem conta o terceiro elemento da relação: a natureza do objeto deconhecimento envolvendo esta aprendizagem...

O fragmento, extraído do livro Reflexões sobre Alfabetização, de EmíliaFerreiro, com uma linguagem mais direta, objetiva, tem como maior “missão”transmitir este conteúdo específico: discutir questões relativas ao processo dealfabetização, para o seu público-alvo, constituído em sua maioria porprofessores e pesquisadores do assunto.

Normalmente, o texto não-literário, apoiado em contruções denotativas, tem comofunção evidenciar informações sobre uma determinada realidade, mostrar enfaticamenteuma notícia ou um conteúdo que precisa ser discutido e/ou tornar-se conhecido a umacomunidade. É assim, por exemplo, que o discurso jornalístico, em geral, funciona: a partirde temas constantes da realidade das pessoas, textos com contornos utilitários sãoconstruídos.

Já o texto literário vai em outra direção, possui outra funcionalidade. O exemplo, aseguir, da obra de Cecília Meireles, por si, revela especificidades deste tipo de linguagem:

O Mosquito Escreve

O mosquito pernilongotrança as pernas, faz um M,depois, treme, treme, treme,faz um O bastante oblongo,faz um S.

O mosquito sobe e desce.Com artes que ninguém vê,faz um Q,faz um U e faz um I.

Esse mosquitoesquisitocruza as patas, faz um T.E aí,se arredonda e faz outro O,mais bonito.

Oh!Já não é analfabeto,esse inseto,pois sabe escrever seu nome.

Mas depois vai procuraralguém que possa picar,pois escrever cansa,não é, criança?E ele está com muita fome.

No poema, pudemos entrever que uma linguagem mais próxima da linguagempessoal foi utilizada. Cecília Meireles procura sensibilizar o leitor (que aqui também, e

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principalmente é a criança); procura emocioná-lo e convidá-lo a, através da ludicidade, viajarcom o mosquito e o ensino das letras do alfabeto.

Assim é a linguagem literária, recheada de intencionalidade estética, plena deplurissignificações, pois sua funcionalidade evidencia-se a partir da conotação e volta-separa uma possível recriação do real, recriação de uma expressão do real, aquela que oescritor enxerga.

Cabe ressaltar que este tipo de linguagem não precisa ficar restrito ao texto escrito(embora estejamos tratando dele com maior profundidade). No dia-a-dia todo e qualquerfalante pode trazer em sua linguagem indícios, elementos do discurso literário. Dessamaneira, fica mais fácil entender a utilização das rimas, das metáforas, do lirismo, daexpressão estética, enfim, no cotidiano, uma vez que qualquer cidadão falante da línguaportuguesa pode adotar este tipo de expediente. No dia-a-dia das crianças, por exemplo,dentro ou fora da sala de aula, o trabalho com a ludicidade, evidenciada nos desenhos, nosjogos e brincadeiras infantis, a percepção que elas podem ter da realidade em que estãoinseridas, concorre para uma caracterização e utilização contumazes dos recursos estilísticosda literatura.

Panorama Literário: do Trovadorismo ao Romantismo

Durante muitos séculos, homens e mulheres escreveram em prosa e poesia opensamento de suas épocas. Foram poetas e escritores que, através de poesias, romances,crônicas, novelas, deixaram sua marca na história e atravessaram o tempo até os nossosdias.

“VALEU A PENA?TUDO VALE A PENA SE A ALMA NÃO É PEQUENA”. (FERNANDO PESSOA)

Esses escritos foram organizados no corpo do tempo pelo período histórico e peloestilo de época - período que marca um estilo, a moda de uma época, do ponto de vistaartístico, literário, sociológico, etc. – e, esses grandes autores parecem circular em nossosdias, através de seus textos, com o intuito de nos fazer lembrar sempre do que viveram emsuas gerações.

O esquema a seguir revela com precisão a organização das chamadas escolasliterárias que ainda serão detalhadas:

ESTILOS DE ÉPOCA NA LITERATURA

TROVADORISMO/HUMANISMOSéculos XII a XV:Idade Média, teocentrismo

ANTIGÜIDADE CLÁSSICAAutores greco-latinos:mitologia, paganismo.

RENASCIMENTO (CLASSICISMO)Século XVI: retorno aos preceitosclássicos, antropocentrismo

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BARROCOSéculo XVII: homem em conflito.

ARCADISMO (NEOCLASSICISMO)Século XVIII: homem em equilíbrio

ROMANTISMOPrimeira metade do século XIX: liberdade,sentimentalismo

REALISMO / NATURALISMO / PARNASIANISMOSegunda metade do século XIX: cientificismo, domínio da razão.

SIMBOLISMOFinal do século XIX, início do século XX: psicologismo.

MODERNISMOSéculo XX: Dadaísmo, Surrealismo, Concretismo, Cubismo, Futurismo, Purismo,Pluridimensionalidade, liberdade de criação.

PRODUÇÃO CONTEMPORÃNEASegunda metade do século XX: atomização da palavra, discurso descontínuo,denúncia do capitalismo desumano e das tiranias, existencialismo, experimentalismo,realismo fantástico, psicanálise, mescla de gêneros e estilos.

Qual é a importância do estudo da literatura geral paraQual é a importância do estudo da literatura geral paraQual é a importância do estudo da literatura geral paraQual é a importância do estudo da literatura geral paraQual é a importância do estudo da literatura geral para

a formação do educador do curso normal superior?a formação do educador do curso normal superior?a formação do educador do curso normal superior?a formação do educador do curso normal superior?a formação do educador do curso normal superior?

É imprescindível para o professor de língua materna, o conhecimento sobre as obrasliterárias que marcaram a nossa história. Dessa forma, ele poderá compreender com maiorpropriedade aspectos da Literatura Infanto-Juvenil (recorte da Literatura Geral) e daconstrução gramatical da Língua Portuguesa, afinal, a nossa gramática é fruto dos textosliterários desses poetas.

Na busca pela compreensão do que somos hoje, no conhecimento de nossas raízesculturais e lingüísticas, o estudo da literatura, principalmente no que tange à literaturabrasileira, é importantíssimo e indispensável. Desde as origens da literatura brasileira, queprimeiro esteve pautada nos moldes portugueses, até a contemporaneidade, um retrato dasociedade brasileira pode ser vislumbrado, em suas diversas nuances.

O TROVADORISMO

Em linhas gerais, o Trovadorismo, expressão da primeira época Medieval, teve napoesia um grande exponencial, pois entre os nobres e o povo alcançou visibilidade extrema,pelo fato de a escrita não ser tão disseminada naquele contexto histórico. Por conta disso éque surgiram as conhecidas cantigas, uma vez que os poemas eram cantados eacompanhados por danças e instrumentos musicais. Os que produziam as cantigas ficaram

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conhecidos como Trovadores; estas cantigas, escritas por eles, chegaram até às pessoasatravés dos Cancioneiros.

Tanto no gênero lírico, quanto no satírico foram produzidas as chamadas cantigas,que conforme suas características podem assumir vários tipos. Assim, no gênero líricoaparecem as cantigas de amigo e as cantigas de amor, enquanto no satírico evidenciam-seas cantigas de escárnio e as cantigas de maldizer. Os homens, normalmente, os nobresportugueses, eram os principais autores das cantigas.

As cantigas de amigo, contudo, estruturadas numa linguagem simples, evidenciavamum eu lírico feminino e, ambientados no espaço rural, demonstravam o lamento da donzela,cujo namorado foi para a guerra. Já as cantigas de amor, denotavam um eu lírico masculinoe expressavam a tentativa do aristocrata em fazer com que a mulher, objeto do amor cortês,recebesse seus sentimentos; eram ainda mais laboradas que as cantigas de amigo.

Leia, abaixo, a cantiga do Trovador Fernando Esguio, que viveuentre os séculos XIII e XIV e tente identificar sua natureza, a partir dascaracterísticas mostradas. Trata-se de uma cantiga de amor ou deamigo?

Vaiamos, irmã, vaiamos dormir(en) nas ribas do lago, u eu andar vi

a las aves meu amigo.

Vaiamos, irmã, vaiamos folgar(en) nas ribas do lago, u eu vi andar

a las aves meu amigo.

En nas ribas do lago, u eu andar vi,Seu arco na mãao as aves ferir,a las aves meu amigo.

En nas ribas do lago, u eu vi andarSeu arco na mãao as aves tirar,

a las aves meu amigo.

Seu arco na mãao as aves ferir,a las que cantavam leixa-las guarir,a las aves meu amigo.

Seu arco na mão as aves tirar,a las que cantavam non nas quer matar,a las aves meu amigo.

amigo: namorado.folgar: descansar, divertir-se.vaiamos: vamos.u: onde.tirar: atirardeixá-las guarir: deixava-as salvar-se.

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A partir da leitura, podemos fazer algumas inferências...

Trata-se de uma cantiga de amigo emque o eu lírico de quem fala é o de uma moçaque se dirige à irmã convidando-a para umdescanso à beira do lago, ambiente rural porexcelência. No entanto, no decorrer da leitura,vemos que o passeio termina se constituindonuma desculpa para um encontro da donzela

com seu namorado que caça, às margens do lago. Este eulírico feminino termina pondo em destaque a sensibilidadee bondade do ser amado, pois, segundo ele, apenas asaves que não cantam é que são abatidas.

As cantigas de escárnio e as cantigas de maldizer retratam momentos da sociedadeportuguesa da época; aspectos nos mais variados planos. Iam desde a crítica a membrosda sociedade como nobres, prostitutas, padres até os próprios trovadores. Enquanto nascantigas de maldizer a linguagem é mais dura, mais grosseira, mais “crua”, tendo a pessoa,motivo de objeto da cantiga, seu nome identificado e sua vida e atitudes criticados ezombados, na cantiga de escárnio este nome é preservado, na maioria das vezes e o tomé mais sutil, recheado de ironias, ambigüidades e trocadilhos.

Na segunda época medieval, marco da transição do mundo medieval para o moderno,vindo com o Renascimento, destaca-se uma literatura voltada para a visibilidade da prosahistoriográfica e do teatro; a poesia, “tema“ principal da primeira época, passa a ser tratadacom um novo ponto de vista. Não é mais tanto a música: a formalidade é que aparece. Sãoexemplos característicos a Poesia palaciana (que tem maior preparação que as cantigas);a Prosa historiográfica (crônicas portuguesas de cunho histórico, que tiveram como principalrepresentante Fernão Lopes) e o teatro (inicialmente ligado à Igreja, suas atividades, aBíblia e os santos e posteriormente, com o trabalho crítico e de cunho moralizante de GilVicente, autor de Auto da barca do inferno, um de seus textos mais conhecidos).

Você sabia ?que Gil Vicente é um dos autores mais importântes

desta época? Ele falou sobre a sociedade portuguesa comoninguém.

Foram alvo de suas críticas, diversas camadas egrupos daquela sociedade, pessoas inescrupulosas ecorruptas que dela faziam parte.

Gil Vicente influenciou muita gente com seus autos;pessoas como Padre José de Anchieta e maiscontemporâneamente, Ariano Suassuna (autor do famosoAuto da Compadecida) e João Cabral de Melo Neto (queescreveu Morte e Vida Severina).

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CLASSICISMO OU QUINHENTISMO

Características

O classicismo, expressão artística do Renascimento, teve como característicasprincipais as que acima foram listadas, originadas a partir de um contexto histórico detransformação da sociedade. O homem desta época, contrariamente ao medieval, esqueceas coisas do espírito e volta-se para o pensamento racional e realista para uma modificaçãodo mundo. A inspiração na tradição da cultura greco-latina e dos pensadores italianos é abase do que ficou conhecido como Era Clássica, a vigência, a partir do Classicismo, doBarraco e do Arcadismo.

A literatura Portuguesa, nesta Era, termina sendo projetada para o mundo, a partir dofamoso poema Os Lusíadas, de Luís de Camões. Nesta obra, Camões narra as conquistasportuguesas (tratava-se do momento mais proeminente do país: sua expansão marítima ecomercial). Estruturada em dez cantos, Os Lusíadas é uma das maiores obras da literatura.

As armas e os Barões assinaladosQue da Ocidental praia LusitanaPor mares nunca de antes navegadosPassaram ainda além da Taprobana,Em perigos e guerras esforçadosMais do que prometia a força humana,E entre gente remota edificaramNovo Reino, que tanto sublimaram;

E também as memórias gloriosasDaqueles Reis que foram dilatandoA Fé, o Império, e as terras viciosasDe África e de Ásia andaram devastando,E aqueles que por obras valerosasSe vão da lei da Morte libertando,Cantando espalharei por toda parte,Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

Acesse o site: http://www.instituto-camoes.pt/cvc/bvc/lusiadas/index.html

Neste poema, o poeta apresenta, dentre outras coisas a bravura, o heroísmo dosportugueses e suas conquistas; pede inspiração a seres fantásticos como as ninfas, asTágides; faz uma homenagem ao rei de Portugal, D. Sebastião, a quem dedica o eloqüentepoema.

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Saiba mais...

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Leia, agora, o texto de Walnice Nogueira Galvão.

A literatura brasileira evoluiu através de fases tão distintas que seu únicofator de unidade se atribui à continuidade do exercício da língua portuguesa.Pois aí reside sua origem: na literatura de expressão portuguesa, da qual começoucomo um prolongamento, levando vários séculos para adquirir um perfil próprio.

Considera-se como primeiro documento literário brasileiro a Carta dePero Vaz de Caminha, dando conta ao rei português da descoberta da novaterra, em 1500. Essa carta, de certo modo, definiu a linha dominante das letras

coloniais nos primeiros séculos, ao fazer a propaganda das riquezas naturais em florestas,abundância de águas, fauna, solo fértil, clima ameno bem diferente dos rigores dohemisfério norte, e índios amigáveis. Esse foi o tom, durante muito tempo, do que seescrevia para exaltar o espaço tropical recentemente anexado. Em meio a toda essalouvação um tanto formular e empertigada soaram, contudo, algumas vozes de fortesacentos, que dariam uma fisionomia mais vivaz ao barroco do segundo século.

Entretanto, é só no final do terceiro século que aparece o primeiro movimentoliterário propriamente dito, quando um grupo de poetas de Minas Gerais, em consonânciacom o cânone estético europeu de sua época – o arcadismo -, trata de adaptá-lo àsensibilidade local. Também eram partidários de um rompimento com a metrópole epassaram à história por sua participação na Inconfidência Mineira, em 1789.

A essa altura, as reivindicações de autoctonia e autonomia dos intelectuaistornavam-se abertamente nativistas, numa fase ainda anterior à consciência de pertencera uma nação. Eles passam a dar voz ao sentimento de serem filhos de outra terra que nãoa Europa, mesmo se sua expressão se veicula numa língua européia.

O romantismo vai atingir o ponto mais alto da realização e da teorização de umaliteratura agora em secessão com sua matriz portuguesa, e não é coincidência que taltendência se acentue na esteira da independência política efetivada em 1822. Os escritoresromânticos já estimam que é sua missão histórica construir uma literatura que sejanacional. E cogitam que vincar sua diferença dando vazão ao pitoresco pode implicaruma falácia, a de atender às exigências da alteridade européia. O indianismo, a maissaliente criação nativista, confrontou-se com esse risco.

Esse é o debate que ocupa a maior parte do século XIX, quando, após o grito doIpiranga, torna-se cadente a questão de definir os parâmetros de uma literatura quefosse esteticamente autônoma, a exemplo do País, que agora o era politicamente.

A questão em pauta não era das mais simples. Por um lado, havia o argumento deque os autóctones deveriam praticar uma arte que se concentrasse em assuntos locais,na natureza luxuriante dos trópicos e em personagens típicos que não existiam nametrópole, como bandeirantes, gaúchos, sertanejos, escravos negros, índios. É verdadeque isso precisava ser feito, e o foi. Por outro lado, insinuava-se a dúvida de que, ao agirassim, os escritores estariam produzindo exotismo para consumo externo.

A via que evitasse esses dois escolhos, ou seja, não seguir os padrões alienígenasnem se restringir à cor local, revelava-se extremamente complexa e iria depender deuma construção gradativa, que congregaria os esforços de mais de uma geração dehomens de letras.

É com a prosa realista que finalmente se atinge a maturidade de uma visão críticainterna, feita de dentro e dirigida àquilo que conferia à nação seu perfil peculiar, apóstrês séculos de desvio do ponto de partida em outro continente. Um tal perfil era aresultante específica de fatores heteróclitos, conflituosamente interagindo numasociedade colonial nos trópicos, agrícola, patriarcal, escravocrata e mestiça.

A superação do realismo é levada a termo pelo modernismo, no século XX.Exorcizados os fantasmas do século anterior através da aquisição daquela maturidade,

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os modernistas vão encarar de uma outra maneira as relações com a matriz. Ou seja,declaradamente afinando-se com a Europa e ao mesmo tempo em disjunção com ela.Assim, pregaram e praticaram uma arte que abalou iconoclasticamente as bases de umacademismo que se institucionalizara nas letras pátrias, representado, sobretudo pelosepígonos do naturalismo, do parnasianismo e do simbolismo. Puseram-se em dia com asvanguardas contemporâneas além-fronteiras. E lançaram uma plataforma inédita paralidar com o peculiar paradoxo que sempre inquietara os intelectuais nativos: como afirmarsua personalidade sem cair no pitoresco.

A realização de tal projeto cabe a toda a obra, em prosa e verso, do conjunto dosmodernistas. Mas encontrou sua particular explicitação no antropofagismo. Este propõeuma atitude não colonizada, onde a devoração sem culpa dos bens da civilização européiaande a par da rejeição de tudo aquilo que não atenda aos interesses do devorador ou queo ponha na posição subalterna do exibicionismo exótico.

O percurso estava cumprido e a literatura brasileira pronta para enfrentar outrasbatalhas. Como aquelas, entabuladas, mas ainda não resolvidas, decorrentes do adventoda indústria cultural e do impacto da influência norte-americana. E isso, após ter passadotanto tempo a definir-se como específica enquanto floração de entrechoques de culturas.

O texto é extramente importante e perpassa os vários momentos de nossa literatura.Primeiramente, a autora nos fala sobre a Carta de Pero Vaz de Caminha, nosso primeirocronista e um dos representantes da chamada literatura de informação ou de expansão,que teve ainda como expoentes Pero M. Gândavo, Gabriel Soares de Sousa e José deAnchieta (que se escrevia em Tupi Guarani com vistas à catequização dos índios).

Bento Teixeira é um dos nomes que ganha visibilidade logo a seguir. Sua obraProsopopéia é considerada a primeira obra literária legitimamente brasileira e é um marcodo chamado SEISCENTISMO OU BARROCO, cujo maior nome no Brasil foi Gregório deMatos, o conhecido “Boca do inferno”. Matos, soteropolitano de nascimento, tornou-secélebre com sua conhecida irreverência e foi o introdutor da poesia lírica e satírica no Brasil.Atacando todas as classes da sociedade baiana da época, não poupou, com sua línguaferina, o governador, o clero, os mulatos, só para citar alguns. Eis um trecho de um de seuspoemas satíricos mais famosos:

Que falta nesta cidade? ................VerdadeQue mais por sua desonra............ HonraFalta mais que se lhe ponha.......... Vergonha.

O demo a viver se esponha,por mais que a fama a exalta,numa cidade onde faltaVerdade, Honra, Vergonha.

Na prosa podemos destacar nitidamente o Padre Antonio Vieira, famoso por seussermões, conhecido pela oratória veemente. Apesar de sua religiosidade, nunca se prendeuapenas a ela, dedicando grande parte de seus esforços à defesa de causas políticas, comoa dos colonizados por Portugal.

Em seguida, Galvão discorre sobre o ARCADISMO. Este movimento terminou porrefletir a condição do intelectual brasileiro da época. Em variados momentos recebiainspiração da literatura e dos ideais iluministas europeus e, em outros tantos, voltava-se àscoisas da terra e se figurava como idealizador da vida no campo. Em Minas, esta tendênciadestacou-se sobremaneira. Nomes como Cláudio Manuel da Costa (poesia lírica), TomásAntônio Gonzaga (sátira), célebre por seus versos Marília de Dirceu:

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Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,fui honrado pastor da tua aldeia;vestia finas lãs e tinha semprea minha choça do preciso cheia.Tiraram-me o casal e o manso gado,nem tenho a que me encoste um só cajado.

Para ter que te dar, é que eu queriade mor rebanho ainda ser o dono;prezava teu semblante, os teus cabelosainda muito mais que um grande trono.Agora que te oferte já não vejo,além de um puro amor, de um são desejo.

São ainda expoentes Santa Rita Durão, que escreveu o épico Caramuru, Basílio daGama que escreveu O Uraguai, Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto.

O ROMANTISMO

Tem como marco a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves deMagalhães. Seus principais autores são nomes como: Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo,Casimiro de Abreu, Junqueira Freire, Fagundes Varela, Castro Alves, José de Alencar, ManuelAntônio de Almeida Joaquim Manuel de Macedo, Visconde de Taunay, Bernardo Guimarãese Franklin Távora. As características fundamentais do movimento residem na simplicidadeda linguagem, saudosismo, subjetivismo, sentimentalismo, ideal de natureza, nacionalismo,indianismo, religiosidade, byronismo e condoreirismo. Dentre tantos autores como os queforam citados, podemos destacar a presença da voz de Castro Alves que se configuroucomo o poeta marginal ao opor-se ao indianismo, expressão corrente do romantismo, edefender os escravo em poemas como Navio Negreiro e Vozes d'África.

Era um sonho dantesco!... o tombadilho ,Que das luzes avermelha o brilho,Em sangue a se banhar.Tinir de ferros...estalar de açoite...Legiões de homens negros como a noite,Horrendos a dançar... (In: Espumas Flutuantes. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, s.d.)

Panorama Literário: do Realismo ao Modernismo

REALISMO

Seguindo o rumo dos conhecidos romances urbanos (que, na maioria das vezes,tratavam das peculiaridades da vida da burguesia no século XIX), vários autores sedestacaram, dentre eles: Manuel Antonio de Almeida, autor de Memórias de um Sargentode Milícias, Joaquim Manuel de Macedo, que escreveu a famosa obra A Moreninha e aindaO Moço Loiro, As Vítimas-Algozes, As Mulheres de Mantilha, etc., José de Alencar, autor

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de Senhora, A Pata da Gazela, A Viuvinha, etc. O marco considerado desta época, porém,é a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Segundocríticos, Machado termina por levar o romance e conto realistas ao ápice do sucesso comMemórias Póstumas e outros de seus títulos, como, por exemplo: Quincas Borba, DomCasmurro, Memorial de Aires, Esaú e Jacó, só para citar alguns de seus sucessos maisretumbantes. Eis um fragmento de Memórias Póstumas:

Ao leitor

Que Sthendal confessasse haver escrito um de seus livros para cemleitores, coisa é que admira e consterna. O que não admira, nemprovavelmente consternará é se este outro livro não tiver os cem leitores deStendhal, nem cinqüenta, nem vinte e, quando muito, dez. Dez? Talvez cinco.Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adoteia forma livre de um Sterne, ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe metialgumas rabugens de pessimismo. Pode ser. Obra de finado. Escrevi-a coma pena de galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderásair desse conúbio. Acresce que a gente grave achará no livro umasaparências de puro romance, ao passo que a gente frívola não achará nele oseu romance usual; ei-lo aí fica privado da estima dos graves e do amor dosfrívolos, que são as duas colunas máximas da opinião.

Mas eu ainda espero angariar as simpatias da opinião, e o primeiroremédio é fugir a um prólogo explícito e longo. O melhor prólogo é o quecontém menos coisas, ou o que as diz de um jeito obscuro e truncado.Conseguintemente, evito contar o processo extraordinário que empreguei nascomposições destas Memórias, trabalhadas cá no outro mundo. Seria curioso,mas nimiamente extenso, e aliás desnecessário ao entendimento da obra. Aobra em si é mesma tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se nãote agradar, pago-te com um piparote, e adeus.

Brás Cubas

Como podemos observar, este excerto trata-se de uma introdução que o autor-defuntoou defunto-autor, Brás Cubas, escreve endereçando-a ao possível leitor de sua obra; sãosuas memórias que ele tenta explicar a este leitor iminente.

NATURALISMO

O naturalismo tem como características expressivas a observação da realidade sobuma ótica científica. Possui entre suas características o chamado Determinismo (os seresnão possuem o livre-arbítrio para gerir suas atitudes, que são controladas pelo destino); apreferência por temas da patologia social (segundo eles, os vícios, problemas oriundos dedoenças, dentre outros, podem interferir no caráter do homem); literatura engajada (existeuma intenção em, através dos escritos, operar uma reforma na sociedade). O marco donaturalismo brasileiro é a publicação de O Mulato, de Aluísio de Azevedo, mas nomes comoRaul Pompéia, escritor de O Ateneu, livro altamente peculiar por possuir contornos de váriasestéticas daquela época (possuía traços realistas, naturalistas, parnasianistas), também sedestacam. Aluísio de Azevedo igualmente se destacou pela criação do conhecido O Cortiço.Segue trecho de O Mulato, que trata da caracterização da cidade de São Luis, no Maranhão:

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Fundamentose Didáticada Língua

Portuguesa

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Era um dia abafadiço e aborrecido. A pobre cidade de São Luís doMaranhão parecia entorpecida pelo calor. Quase que se não podia sair àrua: as pedras escaldavam, as vidraças e os lampiões faiscavam ao solcomo enormes diamantes, as paredes tinham reverberações de pratapolida; as folhas das árvores nem se mexiam; as carroças d’águapassavam ruidosamente a todo o instante, abalando os prédios, e osaguadeiros, em mangas de camisa e pernas arregaçados, invadiam semcerimônia as casas para encher as banheiras e os potes. Em certos pontosnão se encontra vã viva alma na rua; tudo estava concentrado, adormecido;só os pretos faziam as compras para o jantar ou andavam no ganho.

PARNASIANISMO

Ao contrário dos dois movimentos estéticos anteriores, o Realismo e o Naturalismo,o Parnasianismo configurou-se como uma tentativa de busca aos temas da AntiguidadeClássica. Buscavam a perfeição formal, uma linguagem culta, rimas raras e tinhampreferência pela descrição. Não buscavam tratar de temas da realidade brasileira, osproblemas sociais e humanos, mas, antes, voltavam-se para si, para um trabalho esmeradocom a construção da arte, com a confecção do texto artístico e sua forma perfeita. Por contadisso, ficaram conhecidos como os defensores da “arte pela arte”. Olavo Bilac, RaimundoCorrea, Alberto de Oliveira e Vicente de Carvalho, foram os nomes mais representativosdesta corrente.

Profissão de fé

Invejo o ourives quando escrevo:Imito o amorCom que ele, em ouro, o alto-relevoFaz de uma flor.

Imito-o. E, pois nem de CarraraA pedra firo:O alvo cristal, a pedra rara,O ônix prefiro.

Por isso, corre, por servir-me,Sobre o papelA pena, como em prata firmeCorre o cinzel.

Neste excerto de Poesia, de Olavo Bilac (1957), o projeto estético do autor, bemcomo o da escola parnasianista, podem ser vislumbrados com alguma nitidez.

O SIMBOLISMO

O Simbolismo no Brasil é um movimento bastante tímido. Ele ocorre, principalmente,em províncias como Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e os textos dos seusautores apresentam imagens do frio presente nesses locais. Alphonsus de Guimarães produz

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seus textos nas cidades de Minas Gerais e se deixa influenciar pelo aspecto nebuloso dageografia dessa região. No Rio de Janeiro, de grandes sóis e clima tropical, o agrupamentosimbolista, mesmo com o reforço de Cruz e Sousa - que emigrara da antiga cidade doDesterro (hoje Florianópolis) -, acaba sufocado pela luz, pelo calor e pela onda parnasiana.

Os que acreditam nessa corrente literária sofrem discriminação, zombarias edesprezo. Boa parte dos críticos não os compreende e o público leitor mostra-se indiferentefrente a uma poética aristocrática, complicada, pretensiosa. Somente depois do triunfomodernista, alguns desses poetas são valorizados. Essa crítica acirrada acontece porqueos simbolistas transplantam uma cultura que pouco tem a ver com a nossa (com exceção deCruz e Souza, maior nome do Simbolismo).

Os textos que verdadeiramente inauguram o Simbolismo pertencem a Cruz e Souzaque, em 1893, lança duas obras renovadoras: Broquéis e Missal. A primeira compõe-se depoemas em versos e a segunda de poemas em prosa.

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SUGERIMOS A LEITURA DOS LIVROS DE MACHADODE ASSIS, UM DOS MAIORES NOMES DA NOSSALITERATURA, RECONHECIDO, TAMBÉM, FORA DO BRASIL.ALÉM DELE, INDICAMOS O CORTIÇO, DE ÁLVARO DEAZEVEDO, PARA QUEM GOSTA DA FICÇÃO NATURALISTA.DESSA FORMA, O LEITOR TERÁ A OPORTUNIDADE DE SEDIVERTIR COM OS GRACEJOS DE RITA BAIANA E COM OSINÚMEROS PERSONAGENS PRESENTES NESSE LIVRO.

O pré-modernismo foi a época representada na literatura por um entrecruzar de váriascorrentes estéticas. Por um lado, existiu a queda da proposta realista-naturalista-parnasiana,e de outro uma afirmação da poesia simbolista. Na mesma época, então, surge uma prosade ficção que, ligada à tradição realista, vai revelar criticamente as tensões da sociedadebrasileira. Mesmo tendo a sua importância, este movimento não pode ser considerado comoum movimento literário, mas sim um período de transição para o Modernismo.

Canto de Regresso à PátriaOswald de Andrade

Minha terra tem palmaresOnde gorjeia o marOs passarinhos daquiNão cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosasE quase que mais amoresMinha terra tem mais ouroMinha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosasEu quero tudo de láNão permita Deus que eu morra

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Fundamentose Didáticada Língua

Portuguesa

Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morraSem que volte pra São PauloSem que veja a Rua 15E o progresso de São Paulo

Oswald de Andrade (1890-1954) é um dos mais significativos autores modernistas da literatura brasileira. Participou da Semana de Arte Moderna, editou o jornal "O Homem do Povo" e ajudou a fundar "O Pirralho" e a "Revista Antropofágica". É de sua autoria o Manifesto Antropófago de 1928.

http://www.releituras.com/oandrade_menu.asp

Oswald de Andrade é um dos poetas mais importantes do modernismo. Em parceriacom outros artistas das mais variadas áreas, inauguram o movimento através da Semanade Arte Moderna.

É na realização da Semana de Arte Moderna e ainda sob os ecos das vaias e gritarias,que tem início a primeira fase modernista, que se estende de 1922 a 1930, caracterizadapela tentativa de definir e marcar posições. Constitui, portanto, um período rico em manifestosde um grupo em busca de definição.

Nessa década, a economia mundial caminha para um colapso, que se concretizariana quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. O Brasil vive os últimos anos dachamada República Velha, ou seja, o período de domínio político das oligarquias ligadasaos grandes proprietários rurais. Não por mera coincidência, a partir de 1922, com a revoltamilitar do Forte de Copacabana, o Brasil passa por um momento realmente revolucionário,que culminaria com a Revolução de 1930 e a ascensão de Getúlio Vargas.

Assim é que, de 1930 a 1945, o movimento modernista vive uma segunda fase,refletindo as transformações por que passou o país. Tem início uma outra etapa de sua vidarepublicana, levando os artistas nacionais a se posicionarem diante dessa nova realidade.

A terceira fase modernista só acontece no ano de 1945, um dos mais marcantes dahistória da humanidade. Nessa data, com as explosões atômicas nas cidades japonesasde Hiroshima e Nagasáki, terminava a Segunda Guerra Mundial e começava um período dereestruturação geográfica, política e econômica que dividiu o mundo em blocos capitalistas,sob a liderança dos Estados Unidos, e comunistas, guiados pela ex-União das RepúblicasSocialistas Soviéticas (URSS).

Ao mesmo tempo em que se procura o moderno, o original e o polêmico, onacionalismo se manifesta em suas múltiplas faces: volta às origens, pesquisa de fontesquinhentistas, busca de uma língua falada pelo povo nas ruas, paródias, numa tentativa derepensar a história e a literatura brasileiras, e valorização do índio verdadeiramente brasileiro.

Entre os principais nomes do Modernismo estão:

• Mário de Andrade;• Oswald de Andrade;• Manuel Bandeira;• Antônio de Alcântara Machado;• Cassiano Ricardo;• Plínio Salgado;• Carlos Drummond de Andrade;• Murilo Mendes;• Cecília Meireles;

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• Jorge de Lima;• Vinicius de Moraes;• João Cabral de Melo Neto;• Ledo Ivo, entre outros.

Panorama Literário: Autores Contemporâneos

Após a Segunda Grande Guerra Mundial, uma nova sociedade brasileira aparece,sendo caracterizada por mudanças significativas em vários de seus setores. Asmanifestações artísticas e culturais também seguem este caminho e a primeira expressãosignificativa que é evidenciada para traduzir esta nova seara na literatura é a chamada“geração de 45”, que vai em busca de uma renovação da expressão literária, como fezClarice Lispector, por exemplo. Além da escritora, que publicou o marco desta época, oconhecido Perto do Coração Selvagem, é imprescindível ressaltar a presença dos trabalhosmagníficos de Guimarães Rosa (autor de Grande Sertão: Veredas, para citar uma de suasobras) e João Cabral de Melo Neto (considerado o maior poeta desta geração).

Leia os seguintes fragmentos e reflita sobre a expressão literária de dois destesescritores. O primeiro, Guimarães Rosa; o segundo, João Cabral de Melo Neto:

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ESSES ESCRITORES SÃO VERDADEIROS PRESENTES. UM POEMADE AMOR DE VINÍCIUS, UM POEMA INFANTIL DE CECÍLIA OU, ATÉ MESMO,A POESIA MAIS SECA DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO SERVEM PARA

GERAR CONHECIMENTO E PARA HUMANIZAR AS PESSOAS.ENTÃO, O QUE ESTAMOS ESPERANDO PARA

ABRIR O LIVRO DE UM DELES?

TEXTO I

O senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não seja: que situado sertão épor os campos-gerais a fora a dentro, ele dizem, fim de rumo, terras altas, demais doUrucúia. Toleima. Para os de Corinto e do Curvelo, então, o aqui não é o dito sertão?Ah, que tem o maior! Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos;onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador; e ondecriminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade. O Urucúia vemdos montões oestes. Mas, hoje, que na beira dele, tudo dá – fazendões de fazendas,almargem de vargens de bom render, as vazantes; culturas que vão de mata em mata,madeiras de grossura, até ainda virgens dessas lá há. O gerais corre em volta. Essesgerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão oupães, é questão de opiniões...O sertão está em toda a parte.

(Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.)

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Fundamentose Didáticada Língua

Portuguesa

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TEXTO II

Catar feijão

Catar feijão se limita com escrever:joga-se os grãos na água do alguidare as palavras na folha de papel;e depois, joga-se fora o que boiar.

Certo, toda palavra boiará no papel,água congelada, por chumbo seu verbopois para catar esse feijão, soprar nele,e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

(MELO NETO, João Cabral de. Antologia Poética. Rio de Janeiro: JoséOlympio/Sabiá, 1973).

A partir dos anos 50, verificou-se uma tendência marcante na literatura: oaparecimento dos mais variados estilos, tendo a crônica e o conto surgido com umaexpressividade significativa, tanto que são considerados os gêneros literários mais lidosno Brasil.

Nesta época, não podemos deixar de mencionar a presença do Concretismo (quenão se ateve apenas a esta época e estendeu-se até os nossos dias). Segundo esta corrente,cujos criadores foram Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos, a poesiaprecisa ter uma relação com outras artes, por isso seu caráter altamente multimidiático, oque representou um avanço para aquele contexto. Hoje, pensamos em como isto é tãoconhecido e possibilitado pela tecnologia.

Compositores como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Arnaldo Antunes, também tiveramum apreço pela poesia concretista. Entretanto, não apenas o concretismo se destaca; apresença da poesia-práxis e sua base na emoção e fato externos à poesia, também sãocaracterísticos da cena contemporânea; e, em 57, a poesia social vem tratar dos problemasdo Brasil e repudia o concretismo.

Veja um exemplo de poema concretista a seguir:

mar azulmar azulmar azul marco azulmar azul marco azul barco azulmar azul marco azul barco azul arco azulmar azul marco azul barco azul arco azul ar azul

(GULLAR, Ferreira. mar azul. In Poemas Concretos/neoconcretos, 1956)

Podemos pôr em destaque, ainda, na década de 60, um dos movimentos culturaismais importantes, que se estendeu até o fim do século XX: o Tropicalismo. O golpe militarde 64 fez com que vários compositores, poetas e artistas ligados ao movimento, sofressema censura, perseguições e exílios. Uma década depois, o poeta social ainda tentava driblaro controle da censura. A poesia, considerada marginal, denunciava a situação de medo queo país ainda atravessava e mostrava a preocupação em expressar, do que em construiralguma coisa.

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Acompanhe agora um trecho da composição de Caetano Veloso intitulada Tropicália,se puder tente ouvi-la em casa. Neste texto, o cantor fala sobre o próprio movimento, oTropicalismo, e o momento histórico daquele contexto:

Tropicália

sobre a cabeça os aviõessob os meus pés os caminhõesaponta contra os chapadõesmeu nariz

eu organizo o movimentoeu oriento o carnavaleu inauguro o monumentono planalto centraldo país

viva a bossa sa saviva a palhoça ça ça ça ça(...)

(VELOSO, Caetano. Literatura Comentada. Org. Paulo Franchetti e Alcyr Pécora. São Paulo: Nova Cultural, 1987).

Aparece, também, na literatura contemporânea, com expressividade, a literaturainfanto-juvenil e a de mulheres, como Lygia Fagundes Telles (cronologicamente tambémligada à geração de 45) e Lygia Bojunga Nunes. As crônicas do cotidiano, tais quais as deRubem Braga e as de Fernando Sabino, e os contos de Rubem Fonseca são característicosdesta nossa literatura.

De 1956 até hoje, inúmeros autores trouxeram suas contribuições à nossa literatura.Alguns desses nomes podem ser observados a seguir: Augusto de Campos, Haroldo deCampos, Décio Pignatari, Ferreira Gullar, Mário Chamie, Torquato Neto, Lygia FagundesTelles, Osman Lins, Mário Quintana, Murilo Rubião, Fernando Sabino, Rubem Braga, DaltonTrevisan, Autran Dourado, Otto Lara Resende, Manoel de Barros, José J. Veiga, JoãoAntônio, Ricardo Ramos, Sérgio Porto, Antônio Callado, Adonias Filho, Rubem Fonseca,João Ubaldo Ribeiro, Luís Fernando Veríssimo, Ignácio de Loyola Brandão, Nélida Piñon,Lya Luft e Carlos Heitor Cony.

ACREDITAMOS QUE O ESTUDO DA LITERATURA GERALAPRESENTADO SERVIRÁ DE REFERENCIAL PARA O TRABALHOCOM A LÍNGUA PORTUGUESA EM SALA DE AULA. ALÉM DISSO,ATRAVÉS DESTA, SERÁ DESENCADEADA UMA REFLEXÃO EMTORNO DO APROFUNDAMENTO DO ESTUDO DA LITERATURAINFANTO-JUVENIL, INSTRUMENTO LÚDICO, QUE TORNA A AULADE LÍNGUA MATERNA MAIS RICA E PRAZEROSA.

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Fundamentose Didáticada Língua

Portuguesa

AtividadesAtividadesAtividadesAtividadesAtividadesComplementaresComplementaresComplementaresComplementaresComplementares

ESTUDO COMPARATIVO DE TEXTOS

TEXTO I

CANÇÃO DO EXÍLIOGonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o sabiá;As aves que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,Nossas vias mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,Que tais não encontro eu cá;Em cismar – sozinho – à noite –Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem Palmeiras,Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;Sem que desfrute os primoresQue não encontro por cá;Sem qu’inda aviste as palmeiras,Onde canta o Sabiá.

TEXTO II

AQUARELA DO BRASIL Ary Barroso (1939)

(traditional version)

Brasil, meu Brasil brasileiroMeu mulato inzoneiroVou cantar-te nos meus versosO Brasil, samba que dáBamboleio que faz gingáO Brasil do meu amorTerra de Nosso SenhorBrasil! Brasil!Prá mim... prá mim...

Ô, abre a cortina do passadoTira a mãe preta do serradoBota o rei congo no congadoBrasil! Brasil!Deixa cantar de novo o trovador

A merencória luz da luaToda a canção do meu amorQuero ver a “sá dona” caminhandoPelos salões arrastandoO seu vestido rendadoBrasil! Brasil!Prá mim... prá mim...

Brasil, terra boa e gostosaDa morena sestrosaDe olhar indiscretoO Brasil, verde que dáPara o mundo se admiráO Brasil do meu amorTerra de Nosso SenhorBrasil! Brasil!

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Prá mim... prá mim...

Ô, esse coqueiro que dá côcoÔi onde amarro a minha rêdeNas noites claras de luarBrasil! Brasil!Ô, ôi essas fontes murmurantesÔi onde eu mato a minha sedeE onde a lua vem brincáÔi, esse Brasil lindo e trigueiroÉ o meu Brasil brasileiroTerra de samba e pandeiroBrasil! Brasil!

Prá mim... prá mim...

2.2.2.2.2.Se você fosse Gonçalves Dias e tivesse a oportunidade de escrever, hoje, um textohomenageando o Brasil, você acha que ele escreveria da mesma forma? Por quê? O quevocê acha que ele tomaria como elementos de homenagem ao Brasil na atualidade?

3.3.3.3.3.Comente sobre a diferença entre a linguagem de Gonçalves Dias, no século XIX(Coimbra, julho de 1843), e a linguagem da música. Que semelhanças na forma de dizer,que diferenças, o que fora atualizado na língua do período até os nossos dias.

11111..... O texto I foi escrito no período do Romantismo, por Gonçalves Dias, e deixa evidenteo amor do poeta pelo nosso país. O texto II é uma canção escrita por Ari Barroso, no iníciodo século XX e declara este mesmo amor ressaltando outros pontos de nossa nação.Identifique alguns elementos que foram citados sobre o Brasil, no texto II, que não constamno texto I e que também podem ser vistos como marcas de enaltecimento para o Brasil.

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Portuguesa

A PEDRA DE DRUMMOND E A PRÁTICA DA SALA DE AULA

Leia o texto abaixo:

O MEIO DO CAMINHO

No meio do caminho tinha uma pedraTinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedraNo meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimentoNa vida de minhas retinas tão fatigadas.Nunca me esquecerei que no meio do caminhoTinha uma pedraTinha uma pedra no meio do caminhoNo meio do caminho tinha uma pedra.

(Carlos Drummond de Andrade)

Escreva um pequeno texto relatando as suas impressões sobre este poema deDrummond. Seu texto deve ser pautado na sua percepção pedagógica, explicando comoele poderia ser aproveitado em sala de aula no enriquecimento da aula ou como fontegeradora de projetos de produção textual.

11111.....

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ESTUDO COMPARATIVO: TEXTO E IMAGEM

ATENÇÃO!

Observe a imagem abaixo. É uma tela de Basquiat, gênio de origem humilde quesaiu de casa ainda adolescente para viver nas ruas de Manhattan, Nova Yorque. Seu sucessoinstantâneo deveu-se em parte ao auxílio de artistas como Andy Warhol, de quem se tornouamigo. Quando morreu, aos vinte e sete anos de idade, deixou um impressionante volumede obras artísticas. Sua grandeza reside na habilidade para integrar as culturas americanae africana, no amor pela cultura pop e em sua extraordinária linguagem visual.

Agora, leia a letra da música BIENAL de Zeca Baleiro, poeta contemporâneo quetem como característica maior o trabalho com a diversidade de ritmos e gêneros musicaisenvolvidos. Esse fato faz desse músico um dos cantores que sabem valorizar a terra ondevive. Suas canções vão do simples ao rock pesado, passando pelo samba, embolada,balada, baião, reggae, pagode, blues, etc. Baleiro não costuma dar rótulos ao tipo de músicaque toca. Para ele, o universo musical brasileiro é muito mais abrangente do que isso.

BienalZeca Baleiro

Composição: Zeca Baleiro / Zé Ramalho

Desmaterializando a obra de arte do fim do milênioFaço um quadro com moléculas de hidrogênioFios de pentelho de um velho armênioCuspe de mosca, pão dormido, asa de barata torta

Teu conceito parece, à primeira vista,Um barrococó figurativo neo-expressionistaCom pitadas de arte nouveau pós-surrealistaAo cabo da revalorização da natureza morta

Minha mãe certa vez disse-me um dia,Vendo minha obra exposta na galeria,"Meu filho, isso é mais estranho que o cu da giaE muito mais feio que um hipopótamo insone"

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Fundamentose Didáticada Língua

Portuguesa

Pra entender um trabalho tão modernoÉ preciso ler o segundo caderno,Calcular o produto bruto interno,Multiplicar pelo valor das contas de água, luz e telefone,Rodopiando na fúria do ciclone,Reinvento o céu e o inferno

Minha mãe não entendeu o subtexto Da arte desmaterializada no presente contexto

Reciclando o lixo lá do cestoChego a um resultado estético bacana

Com a graça de Deus e BasquiáNova York, me espere que eu vou jáPicharei com dendê de vatapáUma psicodélica baiana

Misturarei anáguas de viúvaCom tampinhas de pepsi e fanta uvaUm penico com água da última chuva,Ampolas de injeção de penicilina

Desmaterializando a matériaCom a arte pulsando na artériaBoto fogo no gelo da SibériaFaço até cair neve em TeresinaCom o clarão do raio da siribrinaDesintegro o poder da bactéria

Com o clarão do raio da siribrinaDesintegro o poder da bactéria

Agora, compare o texto literário da poesia de Zeca Baleiro com o texto visual daobra de Basquiat. O que há de comum entre eles? O que há de diferente?

É a sua vez de brincar de artista. Escolha a linguagem que preferir: poema, desenho,crônica, cordel, etc., abuse da criatividade e apresente a sua interpretação desse estudocomparado da foma mais criativa possível.

Leirura Recomendada“LITERATURA BRASILEIRA” - DAS ORIGENS AOS NOSSOS DIAS

“Literatura Brasileira" - das origens aos nossos dias, continua sendo um grandealiado tanto de professores quanto de alunos, que encontram nele um materialconsistente e completo, ricamente ilustrado, cujas grandes marcas são o trabalhocom a intertextualidade e os painéis de época, que trazem o contexto histórico-artísticode algumas das principais escolas literárias, além dos capítulos que já haviam sidoinseridos na última reedição.

NICOLA, Jose de. Literatura Brasileira (Das Origens Aos Nossos Dias). Editora Scipione: São Paulo, 2004.

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História da Literatura Infanto-Juvenil

LITERATURA INFANTO-JUVENIL: PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS

LITERATURA E PRÁTICA EDUCATIVA NO

ENSINO FUNDAMENTAL

Você já parou para pensar de onde veio a LiteraturaInfanto-Juvenil?

Quem foram os primeiros contadoresde histórias?

E o que veio primeiro: a história lida oua história contada?

Filme Recomendado

Wiliam Shakespeare

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBASUm grande clássico da literatura brasileira transformado em filme.Após ter morrido, em pleno ano de 1869, Brás Cubas (Reginaldo Faria) decide

por narrar sua história e revisitar os fatos mais importantes de sua vida, a fim de sedistrair na eternidade. A partir de então, ele relembra de amigos como Quincas Borba(Marcos Caruso), de sua displicente formação acadêmica em Portugal, dos amores desua vida e ainda do privilégio que teve de nunca ter precisado trabalhar em sua vida.

FICHA TÉCNICA

Título Original: Memórias PóstumasGênero: DramaTempo de Duração: 101 minutosAno de Lançamento (Brasil): 2001Site Oficial: www.memoriaspostumas.com.brEstúdio: Cinemate Material Cinematográfico / Cinematográfica Brasileira / IPACA/Lusa Filmes / PIC-TV / Secretaria de Estado da Cultura / SuperfilmesDistribuição: LumièreDireção: André KlotzelRoteiro: André Klotzel, baseado em livro de Machado de AssisProdução: André KlotzelMúsica: Mário MangaFotografia: Pedro FarkasDesenho de Produção: Marjorie GuellerDireção de Arte: Adrian CooperEdição: André Klotzel

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Fundamentose Didáticada Língua

Portuguesa

A célula máter da literatura infanto-juvenil pode ser encontrada naNovelística Popular Medieval que tem suas origens na Índia. Descobriram quedesde essa época a palavra impôs-se ao homem como algo mágico, comoum poder misterioso, que tanto poderia proteger, como ameaçar, construir oudestruir. São, também, de caráter mágico ou fantasioso, as narrativasconhecidas, hoje, como literatura primordial. Nelas foi descoberto o fundofabuloso das narrativas orientais, que surgiram séculos antes de Cristo edifundiram-se por todo o mundo, através da tradição oral.

A primeira obra realmente direcionada ao público infantil foi umacoletânea de cantigas infantis publicada por Mary Cooper em 1744. O seu exagerado títuloera: “Para todos os pequenos senhores e senhoritas, para ser cantado para eles por suasbabás até que possam cantar sozinhos”. Uma segunda coletânea era intitulada “Melodia daMamãe Gansa”, provavelmente do livreiro John Newbery - 1760, por isso ele é consideradoo precursor na descoberta e exploração do mercado de livros para crianças.

Com a ascensão da família burguesa, do novo "status" concedido à infância nasociedade e da reorganização da escola, aparece a Literatura Infanto-Juvenil que trazcaracterísticas próprias. Sua força surge, antes de tudo, por estar associada com aPedagogia, já que as histórias tinham o firme propósito de ensinar.

É a partir do século XVIII que a criança passa a ser considerada um ser diferente doadulto, com necessidades e características próprias, distanciando-se desta forma da vidados mais velhos e recebendo uma educação especial, que a preparasse para a vida adulta.

É importante distinguir a literatura propriamente infantil da ficção adaptada, esta últimaservindo-se de grandes produções da Literatura Geral. Essas obras sofrem uma releitura eacomodam-se a linguagem e maturidade das crianças, a fim de oferecer-lhes o conhecimentodas mesmas e, sem dúvida, alargar-lhes o horizonte cultural.

Obras como Dom Quixote, de Cervantes não se destinam intencionalmente àscrianças, assim como as lendas de que compõe as mitologias clássicas e pagãs. MonteiroLobato, para citar um exemplo, adaptou para a versão infantil, textos dessa densidade: "D.Quixote das Crianças", "Hans Staden", "Minotauro" e "Os Doze Trabalhos de Hércules”.

A literatura infantil tem o seu ponto de partida, sob o aspecto de consagração universal,na França do século XVII. E vamos encontrar essa consagração na obra fantasiosa dePerrault e na obra de caráter didático de Fénelon.

CHARLES PERRAULT (1628-1703), COLHENDO E ADAPTANDO ASLENDAS E NARRAÇÕES ORIUNDAS DA TRADIÇÃO E DO FOLCLORE,IMORTALIZOU-SE ATRAVÉS DE CONTOS MARAVILHOSOS COMO O DOGATO DE BOTAS E O DA GATA BORRALHEIRA, SENDO HOJECONSIDERADO AUTOR CLÁSSICO DO GÊNERO, AO LADO DE ANDERSENE DOS GRIMM. O PRIMEIRO LIVRO DE PERRAULT DATA DE 1697.

FÉNELON (1651-1715). SUAS QUALIDADES PEDAGÓGICAS FORAMAPLICADAS NA EDUCAÇÃO DO DUQUE DE BORGONHA, NETO DO REILUÍS XIV. EM "TELÊMACO" SUA OBRA MAIS FAMOSA, RELATA ASAVENTURAS DO FILHO DE ULISSES. NOTAMOS QUE O AUTOR,DISFARÇADO NA FIGURA DE MENTOR, SERVIA-SE PARA ENSINAR AODUQUE OS DEVERES DE UM PRÍNCIPE.

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Mas, há ainda inúmeros autores da literatura infanto-juvenil que merecem destaque,são eles:

• La Fontaine (1621-1695). O clássico moderno das fábulas. Adaptadas, elas constituem o encanto da garotada.

• Mme. D'Aulnoy, cujo nome real é Maria Catarina Jumel de Berneville. A condessa D'Aulnoy foi autora de contos de fadas muito populares, como "O Delfim", "A Ave Azul", "A Bela dos Cabelos de Ouro" etc. Faleceu em 1705.

No século XVIII, nós temos:

• Jonathan Swift (1667-1745), com suas "Viagens de Gúliver".

• Daniel Defoe (1660-1731), com o "Robinson Crusoe".

• Mme. Leprince de Beaumont (1711-1780), cuja obra denuncia preocupação educativa. Entre suas produções salientamos "A Fada das Ameixas", "A Bela e a Fera", "O Príncipe Encantado", "Loja dos Adolescentes", "O Manual da Juventude".

• Mme. de Genlis (1749-1830). Deixou-se influenciar por Rousseau. Assumindo atitude realista, procurou banir a fantasia, substituindo-a por assuntos de natureza informativa e científica.

• Berquin (1749-1791). Fiel discípulo de Rousseau e considerado por muitos o verdadeiro fundador da literatura infantil. Sua obra fundamenta-se na realidade e não na ficção imaginosa. "Literaturas Escolhidas", série de contos vários, constitui um de seus trabalhos mais apreciados.

No século XIX, destacamos:

HANS CHRISTIANO ANDERSEN (1805-1875). O ESCRITOR EPOETA DINAMARQUÊS É, SEM DÚVIDA, UM DOS MAIS SENSÍVEIS EDEDICADOS ESCRITORES DO GÊNERO. EM SEU ESTILO ESTÁSEMPRE PRESENTE A POESIA, QUE DENOTA SUAVE E CONTAGIANTETERNURA. É AUTOR DE 156 CONTOS MARAVILHOSOS, ENTRE OS QUAISFIGURAM "O PATINHO FEIO" (AUTOBIOGRÁFICO), "O CARACOL E AROSA", "O PINHEIRO", "O ROUXINOL", "A SEREIAZINHA", "O SOLDADINHODE CHUMBO", "A ROUPA NOVA DO IMPERADOR", "A PEQUENAVENDEDORA DE FÓSFOROS", "SAPATINHOS VERMELHOS" ETC.

IRMÃOS GRIMM, QUE SÃO LUÍS JACOB (1785-1863) E GUILHERMECARLOS (1786-1859). ALÉM DE FILÓLOGOS E LEXICÓGRAFOS, FORAMOS PIONEIROS DOS ESTUDOS FOLCLÓRICOS. OS CONTOS QUEESCREVERAM E OS CELEBRIZARAM, EMANAM DIRETAMENTE DASFONTES PRIMITIVAS E GENUÍNAS DA TRADIÇÃO E SABER POPULAR.PUBLICARAM "CONTOS POPULARES" E "LENDAS ALEMÃS".

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Portuguesa

Além de Andersen e dos Grimm, outros autores merecem destaque:

• Frances Hodon Burnet é o autor de "O Pequeno Lorde", conhecida obra de conteúdo romântico.

• Collodi, cujo verdadeiro nome é Carlos Lorenzini, imortalizou-se com seu boneco de pau, o "Pinocchio".

• Edmundo de Amicis deixou-nos o primoroso "Cuore".

• Charles Dickens pode ser aqui representado com seu "David Copperfield".

• Mattew J. Barrie, escritor escocês, criador de "Peter Pan", símbolo da infância eterna, corporificado no menino que não quis crescer.

• Condessa de Ségur, autora de obras bem conhecidas como "Memórias de um Burro", "Que Amor de Criança!", "As Férias", etc.

• Lewis Carrol, pai da célebre "Alice no País das Maravilhas", obra de crítica ao esnobismo de uma época, e impregnada daquilo que os ingleses chamam de "nonsense".

• Mark Twain, com seu "Tom Sawyer".

• Fenimore Cooper, com o "O Último dos Moicanos", "O Corsário Vermelho" etc.

• Lyman Frank Baum, imortalizado com seu "Mágico de Oz".

• Rudyard Kipling, que também nos deu excelentes fábulas com seus curiosos "Jungle Books" e aventuras atraentes como no "Kim".

• Selma Lagerlof, ganhadora do prêmio Nobel. É chamada a "rainha da fantasia sueca".

• Júlio Verne, autor de obras engenhosas e ao mesmo tempo instrutivas. Sua ficção- científica popularizou-se em trabalhos como "Vinte Mil Léguas Submarinas", "A Ilha Misteriosa", "Cinco Semanas em Balão", "A Volta ao Mundo em 80 Dias", "Os Filhos do Capitão Grant".

• Otávio feuillet, com o "Polichinelo".

• Maeterlink, admirável escritor belga, estilizador do famoso "Pássaro Azul".

• Tchekov, com os "Álbuns de Contos Russos".

• Alex Pusckin, grande escritor poeta romântico, com seus contos melancólicos e ternos, como: "O Pescador e o Peixinho", "A Princesa Morta e os Sete Cavalheiros”.

• Ivan Krylov escreveu fábulas, calcadas em Esopo e Fedro. É considerado o La Fontaine russo.

• Antoine Exupéry , criador de "O Pequeno Príncipe", verdadeira obra-prima de lirismo e sutileza crítica.

Esses são grandes nomes da literatura infanto-juvenil, homens e mulheres quecontribuíram para que as crianças tivessem a oportunidade de ampliar, transformar eenriquecer suas vidas. Dessa forma, é preciso atentar para o fato de que essa literatura nosfoi apresentada não só como veículo de manifestação de cultura, mas também de ideologiasde quem as escreveu.

Por iniciar o homem no mundo literário, a literatura infantil deve ser utilizada comoinstrumento para a sensibilização da consciência, para a expansão da capacidade e interessede analisar o mundo. Assim sendo, é fundamental perceber que a literatura deve serencarada, sempre, de modo global e complexo em sua ambigüidade e pluralidade.

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Reflita sobre estas questões:

Como vComo vComo vComo vComo você focê focê focê focê foi introi introi introi introi introduzido no moduzido no moduzido no moduzido no moduzido no mundo daundo daundo daundo daundo daLiteratura Infanto-Juvenil?Literatura Infanto-Juvenil?Literatura Infanto-Juvenil?Literatura Infanto-Juvenil?Literatura Infanto-Juvenil?

VVVVVocê costuma trocê costuma trocê costuma trocê costuma trocê costuma transmitir a paixão pela literansmitir a paixão pela literansmitir a paixão pela literansmitir a paixão pela literansmitir a paixão pela literaaaaaturturturturtura Infa Infa Infa Infa Infanto-Juvanto-Juvanto-Juvanto-Juvanto-Juvenilenilenilenilenilentre as crianças que estão próximas de você?entre as crianças que estão próximas de você?entre as crianças que estão próximas de você?entre as crianças que estão próximas de você?entre as crianças que estão próximas de você?

Leitura de texto literário é um direito ou um dever?Leitura de texto literário é um direito ou um dever?Leitura de texto literário é um direito ou um dever?Leitura de texto literário é um direito ou um dever?Leitura de texto literário é um direito ou um dever?

Daniel Pennac, em seu livro “Como um Romance”, da editora Rocco, discute umpouco essas questões e nos ajuda a perceber que o verbo ler, assim como o verbo amar,não aceita imperativo. É preciso incentivar a paixão pela Literatura Infanto-Juvenil desde amais tenra idade, mas é necessário, também, não criar uma aura de obrigação em tornodos clássicos para que o público infanto-juvenil não se afaste de textos tão importantespara o desenvolvimento do imaginário humano.

Para refletir...

Você sabia que os Direitos imprescritíveis do leitor são:

O direito de não ler.O direito de pular páginas.O direito de não terminar um livro.O direito de reler.O direito de ler qualquer coisa.O direito ao "bovarismo" (doença textualmente transmissível).O direito de ler em qualquer lugar.O direito de ler uma frase aqui e outra ali.O direito de ler em voz alta.O direito de calar.

(Extraído de "Como um Romance", de Daniel Pennac, editora Rocco).

Direitos do Leitor

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Portuguesa

A Classificação da Literatura Infanto-Juvenil

Antes de abrirmos a próxima discussão, vale a pena refletir:

Existe uma literatura para criança? Se existe, a criança nãopode ler um texto escrito para o adulto?

Os livros escritos para crianças podem ser lidos para elas emqualquer idade?

Podemos afirmar que existe uma Literatura Infanto-Juvenil outudo é apenas Literatura?

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Até bem pouco tempo, ainda no século XX, a literatura infanto-juvenil era consideradacomo um gênero secundário e vista pelo adulto como algo no mesmo nível que o brinquedoou como forma de entretenimento. A valorização da literatura infanto-juvenil, como formadorade consciência dentro da vida cultural das sociedades, passou a acontecer a bem poucotempo.

Sendo assim, é preciso pensar nessa arte e, investir na relação entre a interpretaçãodo texto literário e a realidade. Para isso, não há melhor sugestão do que obras infantis queabordem questões de nosso tempo e problemas universais, inerentes ao ser humano.

Para isso, é necessário organizar o trabalho com a literatura infanto-juvenil a partirde um repertório que pode ser classificado de acordo com vários critérios, dos quaissalientamos dois:

1. DE ACORDO COM A IDADE;2. DE ACORDO COM AS ESPÉCIES E GÊNEROS LITERÁRIOS.

DE ACORDO COM A IDADE

Fase Pré-Escolar ou Pré-Mágica:• Período maternal (dos 2 aos 4 anos )• Período Pré-Primário (dos 4 aos 6 anos)

O período maternal é a fase pré-mágica. Nesse período, o mundo da criança limita-se ao ambiente em que ela vive. Sua imaginação se acha ainda latente, e por isso, somenteos seres, as coisas e as pessoas com que convive, podem ocupar-lhe a atenção.

No período denominado pré-primário, que se inicia aos 4 anos, a criança entra nafase mágica e a fantasia aparece de forma criadora e atuante. Abrange os 3 períodos: o 1.ºaos 4 anos; o 2.º aos 5; e o 3.º aos 6 anos.

Neles já entram as narrações clássicas, como as estórias de Dona Baratinha, OsTrês Porquinhos, Chapeuzinho Vermelho etc.

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"INFANTILIZAR" AS CRIANÇAS NÃO POSSIBILITA A FORMAÇÃODE CIDADÃOS CAPAZES DE INTERFERIR NA ORGANIZAÇÃO DE UMASOCIEDADE MAIS CONSCIENTE E DEMOCRÁTICA.

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Fase Escolar:• 1.º Período (dos 7 aos 8 anos)• 2.º Período (dos 8 aos 9 anos)• 3.º Período (dos 9 aos 10 anos)

Na fase escolar a criança começa o aprendizado da leitura, que ocorre, geralmente,nas escolas primárias. O enredo gira em torno de histórias de animais, de aventuras e deencantamento, desperta o interesse pelos conflitos e lances culminantes que chamam asua atenção.

Fase preparatória (dos 10 aos 12 anos)

Idade JuvenilFase da adolescência (dos 13 aos 18 anos)

Nesta fase, o adolescente começa a demarcar os seus gostos. Ainda costumam seentreter com as histórias de aventura, mas são as relações de gênero que demarcam commaior propriedade os gostos literários nesse período da vida desses leitores.

CONFORME AS ESPÉCIES E GÊNEROS LITERÁRIOS

A literatura infantil comporta as mesmas espécies e gêneros da Literatura Geral,sendo assim, há modalidades em prosa (contos, novelas, romances, fábulas, apólogos,peças teatrais etc.) e em verso (narrativas ritmadas ou rimadas como os romances, asparlendas, e todas as composições que compõem o patrimônio da chamada "poesiainfantil").

Destacaremos algumas espécies, que informam particularmente características detextos infantis.

Contos de Encantamento - são narrações em que ocorrem fatos extraordináriosou inverossímeis, tais como as metamorfoses fantásticas, sortilégios estranhos, fórmulascabalísticas, talismãs invencíveis, etc. Enfim, é impossível, a mágica e o imprevistoacontecendo. Podemos exemplificar os contos de encantamento com: "Aladim e a LâmpadaMaravilhosa, "O Pássaro de Ouro", "A Bela Adormecida no Bosque", "A Gata Borralheira","O Pescador e o Gênio", etc. Numa dessas ficções basta uma senha ser proferida para quealgo incrível ocorra. É o caso do Ali Babá com o seu "Abra-te, Sésamo!", palavra-chave queremove o obstáculo que impede a entrada na caverna dos tesouros. Numa outra, é um sapoque depois de beijado por uma bela princesa se transforma num príncipe encantado em

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Portuguesa

como “A Princesa e a Bola de Ouro”. Naquela outra, uma linda donzela, ao serespetada na cabeça por um alfinete, vira uma pomba branca, e numa pombaque fala, como sucede na "Moura Torta".

Contos de Fadas - são também contos de encantamento, nos quaisas fadas ocupam lugar de destaque.

MASMASMASMASMAS, O QUE SÃO F, O QUE SÃO F, O QUE SÃO F, O QUE SÃO F, O QUE SÃO FADADADADADAS?AS?AS?AS?AS?

O TERMO REMONTA AO GREGO, COM A SIGNIFICAÇÃO DE "BRILHO","FULGOR", TENDO CHEGADO ATÉ NÓS PELO LATIM ATRAVÉSDE "FATUM", A QUE SE PRENDEM NA MESMA FAMÍLIAETIMOLÓGICA, OUTRAS PALAVRAS COMO: FADO, FATAL,FATALIDADE, FÁBULA, ETC. A PALAVRA "FADA" AINDA INTEGRAO LÉXICO EM EXPRESSÕES DE SENTIDO DELICADO ELAUDATÓRIO: TRABALHO DE FADA, MÃOS DE FADA, DEDOSDE FADA, ETC.

As fadas, conforme as lendas que as inspiram, dispõem de poderes mágicos. Depreferência, elas os utilizam para beneficiar um afilhado, ou seja, um indivíduo que, ao nascer,lhes é confiada a proteção. Podem atribuir-lhe dons admiráveis, como riqueza, beleza, fortuna,poder, etc. São responsáveis, assim, pelo desenrolar de um destino, e daí a origem donome latino "fatum", - destino.

Estórias Acumulativas - São narrações em que os episódios sucedem-seconsecutivamente encadeados, numa seqüência pela qual os casosanteriores se repetem face à representação de outro. Os casosacumulam-se, então, gradualmente até o desfecho, que afinalrefere-se ao próprio início da narrativa. O exemplo comum dessaespécie você pode encontrar na estória da formiguinha, cujo péficou preso na neve. São estórias que agradam, particularmente,a crianças novas, pois sua técnica baseada na repetição possibilitamaior facilidade ao acompanhamento do enredo.

Estórias de Aventuras - Narrações entremeadas de acidentes e episódiosempolgantes pelo qual passam personagens destacadas, centralizadas na figura de heróis,

caso seja mais de um. O assunto dessa espécie é bemvariável: ora se prende a lances épicos e dramáticos (comono caso de cavaleiros medievais de marinheiros e piratas, devaqueiros e bandoleiros, de espadachins, etc.), ora a casosenvolvendo enigmas e surpresas (como nas narrativas demistério e nos contos policiais), por vezes a fatos simplesmenteengraçados ou curiosos (como nas ficções de fundo cientistaou nas de conteúdo humorístico).

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Fábulas - Narrações que visam explicar a origemde certas particularidades de um ser ou coisa. Por exemplo,o porquê da rivalidade ou animosidade entre animais comoo cão e o gato, o motivo da existência do rabo nos macacos,a razão pela qual a goela da baleia é estreita, etc. Umafábula bastante conhecida é "A Festa no Céu", que nosinforma a causa do aspecto característico do couro do sapo,tão salpicado à maneira de remendos.

É importante conhecer a classificação da literatura infanto-juvenil, porém, éimprescindível pensar em como despertar nas crianças, jovens e adultos o gosto e avalorização por este tipo de texto.

Pensando dessa forma, a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro distribuiu um folhetoinformativo divulgando algumas maneiras de incentivar a leitura em casa. São dicas quepodem ser acrescidas por ações que você já desenvolve. Algumas se referem à leitura demodo geral, mas muitas podem ser adaptadas para despertar o gosto pela literatura infanto-juvenil.

COMO INCENTIVAR A LEITURA EM CASA

OS PAIS SÃO OS PRIMEIROS – E OS MAISIMPORTANTES – PROFESSORES DAS CRIANÇAS.POR ISSO, AQUI ESTÃO NOVE MANEIRAS DE VOCÊAJUDAR O SEU FILHO A SE TORNAR UM BOM LEITOR.

A.

B.

C.

Leia sempre. Ações significam mais do que palavras. Quando seus filhos o vêemlendo um jornal ou folheando um livro, vão querer seguir o seu exemplo;

Incentive o seu filho a ler todos os dias. Ler – como praticar esportes ou tocarpiano – pressupõe exercício. Pesquisas revelam que crianças que despendempelo menos 30 minutos do dia lendo por lazer – livros, jornais ou revistas –desenvolvem essa prática e tornam-se bons leitores na escola;

Incentive em seus filhos o hábito de freqüentar bibliotecas, livrarias e bancas dejornal. Enquanto estiver numa livraria ou numa banca de jornal, manuseie livros,jornais e revistas na presença deles;

Leia em voz alta para os seus filhos. Esse ato ajuda os filhos a se tornarem bonsleitores. Portanto:

• Comece a ler para os seus filhos desde pequenos. Nunca é cedo para começar a ler para ascrianças;

• Reserve um tempo do seu dia para ler alto – 10 (dez) minutos podem produzir um grande im-

D.

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Portuguesa

pacto. A hora de dormir é o momento propício para a leitura em voz alta. Algumastêm hábito de ler no café da manhã ou logo após o jantar;

• Não pare de ler para os seus filhos porque eles cresceram. Ambos se sentirãosatisfeitos de fazerem algo importante juntos e descobrirão novas oportunidadesde convívio;

• Leia os livros de que você realmente gosta. Seus filhos perceberão se estiveremtapeando;

continuando...

Literatura Infanto-Juvenil e Habilidades de Leitura

Quando pensamos em formação do sujeito-leitor são muitas as idéias, reflexões einquietações que afloram sobre o processo de ensino-aprendizagem da leitura literária noespaço escolar. Sabemos que livros e histórias auxiliam o educando em seu desenvolvimentocognitivo e afetivo, em especial, quando isso acontece através da exploração da linguagemenquanto representação simbólica nas várias oportunidades em que o leitor estabelecerelações entre texto lido e suas experiências particulares.

Além disso, percebemos o quanto é preciso discutir acerca das dificuldades que oeducando enfrenta ao ser introduzido no mundo da leitura e como, infelizmente, a escolatem desfavorecido o encontro de seus alunos com o texto literário, ao empregá-lo comopretexto para diferentes conteúdos curriculares e ao fazer uso de estratégias mecânicas deleitura. Embora muitos equívocos sejam cometidos, o que todo educador de fato deseja éque o sujeito leia, aprenda a ler e viva lendo.

Mas... como?

E.

F.

G.

H.

I.

Use o jornal para incentivar a leitura. Dê a seu filho uma lista de coisas para eleprocurar no jornal do dia. Algumas idéias:• O mapa do Brasil ou do Estado em que mora;

• A foto do atleta favorito dele;

• A temperatura da cidade onde se encontra um parente;

• Três palavras que começam por M;

• Um filme que esteja passando num cinema próximo de casa.

Oriente seus filhos nas pesquisas escolares. Não faça o trabalho para eles. Ensine-os a procurar em enciclopédias, livros e jornais informações de que necessitem;

Dê livros de presente. Depois, indique um lugar especial para que seus filhos osguardem e conservem, formando a biblioteca deles;

Faça da leitura um privilégio. Você pode dizer: “Como você me ajudou a lavar ocarro, estou com tempo para ler esta história”. Ou: “Você pode ficar acordadomais 15 (quinze) minutos esta noite, se for ler na cama”;

Ainda que você não seja um bom leitor, pode encorajar seus filhos a sê-lo. Peça aeles para lerem para você. Fale dos livros que leram. Peça a amigos ou parentespara ler alto para seus filhos.

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O QUE É NECESSÁRIO PO QUE É NECESSÁRIO PO QUE É NECESSÁRIO PO QUE É NECESSÁRIO PO QUE É NECESSÁRIO PARA A FORMAÇÃO DEARA A FORMAÇÃO DEARA A FORMAÇÃO DEARA A FORMAÇÃO DEARA A FORMAÇÃO DE

UM LEITOR PROFICIENTE? UM LEITOR PROFICIENTE? UM LEITOR PROFICIENTE? UM LEITOR PROFICIENTE? UM LEITOR PROFICIENTE?

Sem deixar de lado os aspectos afetivos e relacionais que envolvem o ato da leitura,como a parceria entre o imaginário do texto e o imaginário do leitor, cabe esboçar umaprática pedagógica a partir da compreensão do processo múltiplo que é a própria construçãodo ato de ler, tentando "ver o detalhe" de cada face, fase, etapa ou movimento que impulsionao leitor rumo à revelação do texto e seus muitos sentidos. Movimento que é mesmo umaação (aproximação, interpretação) e envolve um saber-fazer.

Sendo um saber, a leitura é algo possível de ensinar e aprender -- o que pode soarcomo óbvio, mas exige do professor atenção redobrada sobre seu processo. Seguindo oseixos norteadores dos PCN, em diversos momentos, podemos promover a Análise eReflexão sobre a Linguagem, ao trabalhar conteúdos de Língua Escrita - Leitura, o quepermite que a atividade ganhe um sentido mais amplo.

É importante que, através das situações vivenciadas em sala de aula, o educandosinta-se como alguém hábil em aprender a aprender, processualmente. De tal modo, asquestões direcionadas a ele devem primar:

• Pelo desafio possível de ser vencido;• Pela clareza;• Pela articulação que evidencie um caminho lógico e seguro para sua inteligência.

Mas, ouvimos, ainda, reclamações sobre a falta de motivação de nossos alunos emrelação ao desejo de aprender. Certamente, para que os educandos tenham interesse epassem a compreender melhor as propostas de que são parceiros, primeiramente têm odireito de saber o que se pretende, isto é, conhecer os objetivos para a realização de umaatividade. Com isso, talvez consigam sentir e pressentir que suas ações preencherão umanecessidade:

• Necessidade de saber;• Necessidade de realizar e realizar-se;• Necessidade de formar-se e se informar;• Necessidade de dar vazão ao próprio imaginário represado (diante de textos literários).

Para que essas necessidades sejam atingidas, é preciso perceber que ascompetências gerais (apresentadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais), como certosníveis de raciocínio lógico, inteligência e memória, são o que permitem e franqueiam osucesso que o educando sentirá durante o seu processo de formação como leitor. Assim,dosar atividades para atender a esse sujeito, pensar estrategicamente a aprendizagempara não estabelecer conteúdos e ações nos limites de um nível muito baixo ou alto demais,é tarefa do professor em sua atuação. Sobretudo porque as estratégias também sãoaprendidas pelos alunos, afinando e sintonizando sua leitura e compreensão do mundo.

LITERATURA É APRENDIZAGEM SOMENTE QUANDO NOSMOSTRA QUE HÁ O DIFERENTE, A VARIEDADE E NOVASPOSSIBILIDADES DE DESCOBERTA, DANDO-NOS, DE UM ALGUMJEITO, ALGO QUE JÁ ESPERÁVAMOS.

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Portuguesa

A Arte de Narrar

É hora de rememorar histórias:

1)Quando pequeno você costumava ouvir histórias? Quem as narrava?

2)Você ainda lembra da primeira história que lhe contaram? Qual foi?

3)Você acha que existe relação entre ouvir histórias e gostar de ler?

NARRAR HISTÓRIAS É COMO TECER. NÃO O FIO DA MEMÓRIA, MASO DA VIDA. ENQUANTO O TEMPO PASSA, MANTÊ-LO PARADO, NAIMERSÃO DAS MUITAS HISTÓRIAS QUE OUVIMOS, RETOMADAS FIO AFIO, GERAÇÃO A GERAÇÃO, COMO OS GALOS QUE JOÃO CABRAL (MELONETO, 1973) FEZ TECEREM A MANHÃ.

TECENDO A MANHÃ

Um galo sozinho não tece uma manhã:Ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que eleo lance a outro; de um outro galoque apanhe o grito de um galo antese o lance a outro; e de outros galosque com muitos outros galos se cruzemos fios de sol de seus gritos de galo,para que a manhã, desde uma teia tênue,se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,se erguendo tenda, onde entrem todos,se entretendo para todos, no toldo(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreoque, tecido, se eleva por si: luz balão.

João Cabral de Melo Neto

Nas narrativas populares são freqüentes os tecelões, as tecelãs, aqueles que tecem.Por exemplo: Rumpelstiltskin salva a filha do moleiro ao tecer palha e fazê-la virar ouro. Amoça salva da mentira que seu pai inventara - a de que esta transformava palha em ouro -casou-se com o rei e, por dívida, teria que dar seu primogênito ao homenzinho que a salvouda morte.

Embora tenhamos começado a discussão sobre a arte de narrar exaltando a figurado tecelão, da tecelã, são os camponeses e os marinheiros comerciantes que, com o seuofício de contar histórias, atravessam espaço e tempo e instaura as suas narrativas no

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imaginário dos nossos educandos. Do primeiro grupo – narradores verdadeiros - vieram oscontos de fadas, como forma de resistência aos desmandos dos senhores feudais (Barbosa,1991). Isto porque os contos de fadas davam bons conselhos, e isso funcionava como ajudanuma situação de emergência provocada pelo mito. Segundo Benjamin (1936), o conto defadas é uma das primeiras medidas que a humanidade tomou para se libertar do mito. Éuma forma de sobreviver à morte, pela narrativa: "e viveram felizes para sempre".

Ainda existem outros narradores, eficazes por seu distanciamento: as mulheres e osvelhos.

As mulheres, contadoras de histórias, fiandeiras, bordadeiras, doceiras, faziam desuas narrações ofício de transmitir ao outro as histórias oriundas de muitas gerações. Erammulheres de mãos cheias e pensamento livre para tecer os relatos da sua memória, comoa Cora Coralina, por exemplo, que com doçura e poesia teceu pedras e versos queemocionam gerações.

Das Pedras

Ajuntei todas as pedrasque vieram sobre mim.

Levantei uma escada muito altae no alto subi.

Teci um tapete floreadoe no sonho me perdi.

Uma estrada,um leito,

uma casa,um companheiro.

Tudo de pedra.

Entre pedrascresceu a minha poesia.

Minha vida...Quebrando pedrase plantando flores.

Entre pedras que me esmagavamLevantei a pedra rude

dos meus versos.

Já os velhos, que numa sociedade capitalista são tidos comoimprodutivos, fazem do preconceito que sofrem a liberdade de poderlembrar. Liberdade que, nas comunidades indígenas, serve comoelemento desencadeador do respeito. Para o velho, a memória é algodistinto da vida prática: é sonho, fuga, arte, lazer, contemplação. Este,por findar um ciclo de vida, busca na memória se tornar eterno, atravésdas muitas histórias deixadas de herança para as novas gerações.Contar, para o velho, é viver. Seu único sentido em nossa sociedade.

E os narradores homens: que espaço é reservado a eles nomundo do narrativo? Ao homem, o contar histórias só é permitido seeste for viajante, artesão ou velho. Ao homem jovem, sobra o espaço da produção material,

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Fundamentose Didáticada Língua

Portuguesa

do trabalho. A origem da narrativa está na experiência que passa de pessoapara pessoa. No mundo moderno, a experiência não é valorizada, por isso, anarrativa, de tradição oral, perde importância e, junto com ela, os contadoresde histórias. É o homem perdendo a capacidade de ouvir, de narrar, desde oadvento da sociedade burguesa e da difusão da imprensa até os dias de hoje.

O mundo pós-moderno carece, e muito, da oralidade, e, tem seintensificado, num movimento velado, em torno da ascensão dessa oralidadepela veia da Literatura Infanto-Juvenil. No caso do Brasil, a Literatura Infanto-Juvenil começou a ganhar força ainda na década de 60. Portadora de um

discurso que defendia as idéias das minorias se mostrou terreno livre de censura, portapara as críticas sociais, difíceis de serem feitas durante o governo militar. Ao falar das minoriassociais, a literatura infantil brasileira resgatou sua forma de expressão, a oralidade.

Um exemplo belíssimo da utilização da Literatura Infanto-Juvenil é a peça OsSaltimbancos de Chico Buarque que, retratava a união entre os ditos “mais fracos” paraenfrentarem com coragem os donos do poder:

Junte um bico com dez unhasQuatro patas, trinta dentes.E o valente dos valentes

Ainda vai te respeitar

Todos juntos somos fortesSomos flecha e somos arcoTodos nós no mesmo barco

Não há nada pra temer- Ao meu lado há um amigo

Que é preciso protegerTodos juntos somos fortes

Não há nada pra temer

Agora já sabemos, contar é estar em linha, é estar em trança, como Rapunzel: "trançade gente", senda de história. É saber passado, presente, futuro: num mundo em que o espaçodo masculino vem se restringindo, pois a mulher vem conquistando espaços que antes lheseram negados, o contar histórias, tantas vezes atribuído ao feminino (Dona Benta, Sherazade,Emília...), passa a ser também uma necessidade dos homens. Afinal, numa sociedade quebusca cada vez mais, no mercado de trabalho, trabalhadoras mulheres, os homens muitasvezes vêem-se responsáveis pela casa, pelos filhos, envolvendo-se com atividades queexigem a ação tranqüilizadora da narrativa. No mundo pós-moderno, a indefinição dos papéissexuais muda os papéis dos casais e dos casamentos: homens e mulheres em busca deseus gêneros. O que é ser homem e o que é ser mulher na sociedade atual?

O contar, sempre, é relacionado à esfera da paciência. Tinha paciência a mulher quetecia o fio, Penélope esperando Ulisses com seu manto interminável; tinha paciência omarítimo que viajava, Ulisses vivendo anos longe de sua Ítaca... E, nesta tecelagem que é acriação, importa o narrar, o contar. Ameaçado por um mundo de clones e robôs, em que ohomem pós-moderno resgata o ofício de narrar: desta vez, sua própria história emhomepages, em histórias ouvidas e recontadas de muitas formas.

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REMEMORANDO A HISTÓRIA DA LITERATURA INFANTO-JUVENIL

A história da literatura infanto-juvenil data de períodos longínquos. Mas, através dessaarte, crianças e adultos puderam sentir emoção, dor, raiva, medo, paixão e muitos outrossentimentos.

Retome as leituras feitas neste bloco e responda as questões que seguem:

AtividadesAtividadesAtividadesAtividadesAtividadesComplementaresComplementaresComplementaresComplementaresComplementares

Qual o título e o autor da obra que consagrou a literatura infantil? E Quando esse fatoocorreu?11111.....

Quais foram os principais autores e suas respectivas obras da literatura infanto-juvenil estudadas por você? Relacione-as:2.2.2.2.2.

OUVIR HISTÓRIA: UMA ARTE SEM IDADE

Desde os primórdios da humanidade, contar histórias é uma atividade privilegiadana transmissão de conhecimentos e valores humanos, além de incentivar a imaginação e acriatividade. Que tal compartilhar com a turma uma experiência inesquecível?

Escolha uma pessoa de sua família e peça que a mesma lhe conte uma história.Valorize a experiência, busque alguém mais velho, que já tenha ouvido e vivido muitasnarrativas. Depois disso, registre a história no espaço que segue e, se possível, conte paraos seus colegas o que você vivenciou nesse momento mágico.

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Portuguesa

UMA CARTA DE AMOR

TODAS AS CARTAS

Todas as cartas de amor sãoRidículas.

Não seriam cartas de amor se não fossemRidículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,Como as outras,

Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,Têm de serRidículas.

Mas, afinal,Só as criaturas que nunca escreveram

Cartas de amorÉ que sãoRidículas.

Quem me dera no tempo em que escreviaSem dar por issoCartas de amor

Ridículas.

A verdade é que hojeAs minhas memórias

Dessas cartas de amorÉ que sãoRidículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,Como os sentimentos esdrúxulos,

São naturalmenteRidículas.)

Álvaro de Campos, 21-10-1935

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Que tal voltar a ser criança?Que tal voltar a ser criança?Que tal voltar a ser criança?Que tal voltar a ser criança?Que tal voltar a ser criança?Dirija-se a uma biblioteca infantil ou a qualquer outro lugar onde

você possa ter acesso a um livro de literatura infanto-juvenil. Antes deescolher, folheie o livro, leia a orelha do mesmo e as suas imagens.Depois disso, faça a sua escolha de coração, leve para casa o livro

que mais chamou a sua atenção, aquele que, de alguma forma,dialogou com você.

Em seguida, provocado pelo poema do Fernando Pessoa, leia o livro como se fossecriança e, em seguida, redija uma carta contando a sua experiência com a literatura Infanto-Juvenil.

Não economize imaginação e sentimentos.

Aí vão algumas dicas:

• Fale sobre os personagens;• Registre emoções e expectativas a cada parte contada;• Deixe as suas impressões sobre o desfecho da história;• Não deixe de comentar as ilustrações, elas sempre nos marcam;

Leirura Recomendada

O QUE É QUALIDADE EM LITERATURA INFANTIL E JUVENIL

Você sabe escolher um livro de literatura? Será que identifica quando o mesmotem qualidade literária ou não?

Esse livro é uma boa dica para quem não quer errar na hora da escolha.Este livro nasceu do desejo de se refletir sobre a questão da qualidade em

literatura infantil e juvenil. Para tanto, nada melhor do que ouvir a voz de quem a produz.Foram reunidos, pela primeira vez em um mesmo livro, alguns dos mais conceituadosescritores brasileiros e portugueses que, através de artigos e depoimentos, apresentamsua visão sobre este assunto.

PAGEMASTER, O MESTRE DA FANTASIATyler (Culkin) é um garoto que sabe tudo sobre acidentes e, por causa disso, tem

medo de fazer qualquer coisa que possa colocá-lo em perigo ou que possa machucá-lo.

Oliveira, Ieda de. O que é Qualidade em Literatura Infantil e Juvenil. Editora DCL: São Paulo, 2005.

Filme Recomendado

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Fundamentose Didáticada Língua

Portuguesa

Certo dia, ao tentar fugir de uma tempestade, Tyler se abriga numabiblioteca. Mas, como num passe de mágica, o menino é transportadopara o mundo mágico dos livros. Lá, ele conhece três livros e, juntos, elesenfrentarão as maiores aventuras para fazer com que Tyler retorne parasua casa em segurança.

FICHA TÉCNICA

Local/Data: EUA - 1994Tempo de Duração: 80 minutosTipo: Animação/AventuraDireção: Maurice Hunt e Joe JohnstonCom: Macaulay Culkin, Christopher Lloyd, Ed Begley Jr. e outrosVozes de: Woopi Goldberg, Patrick Stewart e outros

Planejar sempre foi um instrumento imprescindível para as pessoas, esteja ela emqualquer setor da vida em sociedade: à frente do governo de um país, dirigindo uma grandeempresa, administrando um comércio, organizando uma casa ou comandando uma escola.

Através do planejamento é possível definir o que queremos a curto, médio e longoprazo; prever situações e obter recursos; organizar atividades; dividir tarefas; avaliar.

Nem sempre enxergamos que o planejamento está presente em nosso dia-a-dia.Quando vamos ao mercado planejamos para evitar exageros em relação às compras e,quando vamos ao aniversário de alguém, organizamos melhor a nossa ida para sabermoscomo iremos nos vestir, com quem vamos até o local, que presente iremos comprar.

Isso não significa que, através do planejamento, afastaremos os improvisos que fazemparte da vida e também são esperados.

MAS, E NA ESCOLA, COMO É O PLANEJAMENTO?MAS, E NA ESCOLA, COMO É O PLANEJAMENTO?MAS, E NA ESCOLA, COMO É O PLANEJAMENTO?MAS, E NA ESCOLA, COMO É O PLANEJAMENTO?MAS, E NA ESCOLA, COMO É O PLANEJAMENTO?

• Uma exigência burocrática de gestores e coordenadores pedagógicos;• Algo que existe para tomar tempo e ser engavetado;• Um documento sem funcionalidade, organizado sem nenhuma reflexão;• Um plano complexo, difícil de ser sistematizado na prática.

Muitas são as reclamações de professores em relação ao tempo que “perdem”elaborando um plano de trabalho. Na maioria das vezes, eles afirmam, nem chegam aconsultá-lo ao longo do ano.

Planejar é Preciso!

PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA

NO ENSINO FUNDAMENTAL

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A sala de aula acaba se tornando um grande espaço de improviso, onde o professor“resolve na hora” o que colocará em prática com os alunos. Outros professores assumem olivro didático como único instrumento a ser seguido e, com o argumento da praticidade,aplicam textos e exercícios sem refletirem sobre o que fazem e, sem levarem emconsideração o que o aluno sabe sobre o que está sendo trabalhado. Outros ainda copiamtodos os anos o mesmo planejamento, pois acreditam que este será engavetado antesmesmo da sua leitura e, há aqueles que maquiam os planejamentos dos anos anteriores,mas não atribuem nenhuma mudança significativa nessas alterações. Resultado, no final oplanejamento se torna um grande “faz de conta”.

COMO SERIA, ENTÃOCOMO SERIA, ENTÃOCOMO SERIA, ENTÃOCOMO SERIA, ENTÃOCOMO SERIA, ENTÃO, UM PL, UM PL, UM PL, UM PL, UM PLANEJANEJANEJANEJANEJAMENTAMENTAMENTAMENTAMENTO DE VERDO DE VERDO DE VERDO DE VERDO DE VERDADE?ADE?ADE?ADE?ADE?

Um planejamento consciente, pautado na ação, reflexão ação, leva em consideração:

• O tipo de aluno que a escola pretende formar;• As exigências colocadas pela realidade social;• Os resultados de pesquisas sobre aprendizagem;• As contribuições das áreas de conhecimento e da didática.

Para que isso aconteça, é preciso que o professor perceba que o planejamento éum instrumento de fato – um meio de organizar o trabalho e contribuir para o aprendizadodos alunos, como no exemplo que segue:

123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456781234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567812345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456781234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567812345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456781234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567812345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456781234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567812345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456781234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567812345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456781234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567812345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456781234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567812345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456781234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567812345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678

UM DOCUMENTO PREPARADO COM ESSA PERSPECTIVA NÃO TEMFUNÇÃO NO COTIDIANO, POIS NÃO ATENDE A UMA NECESSIDADE

PRÁTICA. E O QUE ACABA ACONTECENDO, ENTÃO?

VEJAMOS COMO ISTO ACONTECE COM FÁTIMA, UMA PROFESSORA DE 1ª SÉRIE

Fátima é professora há dezoito anos e, a cada ano, sente necessidadede aprimorar seu trabalho. Além disso, apesar de dar aula em duas classes,sempre achou tempo para ler materiais que considera significativos parasua prática e, com freqüência, participa de cursos de atualização.

A certa altura, achou que era preciso pensar em uma nova forma deplanejar o trabalho. Compartilhou sua insatisfação com seus colegas e, todosjuntos, resolveram que o plano daquele ano não seguiria o esquemaconvencional.

E o que fizeram de tão diferente? Na verdade, não mudou muita coisa,aparentemente; como qualquer plano, esse também incluía objetivos,conteúdos, procedimentos didáticos e avaliação. Mas Fátima não estava tãopreocupada com o conteúdo do plano, e sim com a maneira de elaborá-lo, deforma a torná-lo útil de fato para ela e seus colegas.

Na escola em que Fátima trabalhava, os professores tiveram dois diasde reunião, antes do início das aulas, para discutir os objetivos da escola epreparar as atividades dos primeiros quinze dias de aula.

Nessas duas semanas, os professores teriam a chance de conhecerseus alunos, identificar suas dificuldades e seu nível de conhecimento.

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Fundamentose Didáticada Língua

Portuguesa

Feito isso, haveria cinco dias de planejamento da série.Quando os professores se reuniram, após os primeiros quinze

dias de aula, a diretora resolveu organizar as reuniões deplanejamento por área (reivindicação feita no ano anterior),discutindo os objetivos de cada uma delas. Para ajudar nessadiscussão, levou os Parâmetros Curriculares Nacionais, do Ministérioda Educação. Depois disso, os professores se reuniram por ciclo e,considerando o diagnóstico feito em cada classe, traçaram osobjetivos da área para aquele ano, no ciclo e nas respectivas séries.

Definidos os objetivos, levantaram a próxima questão: comoproceder para atingi-los? No caso de Língua Portuguesa, Fátimacomentou a importância do trabalho com linguagem oral e linguagemescrita.

O grupo de professores resolveu, então, discutir o que cada umsabia a respeito. Enquanto isso, foram folheando os ParâmetrosCurriculares Nacionais de Língua Portuguesa, chamando a atenção unsdos outros para alguns trechos que enriqueciam a discussão. Por fim,decidiram fazer uma lista do que achavam fundamental utilizar eproduziram um relatório, com tudo que haviam discutido: objetivos,conteúdos, atividades e propostas de avaliação. Estava pronto um planode ensino útil.

(...)Em seguida, planejaram como distribuir o trabalho de Língua

Portuguesa dentro do horário previsto. Além de especificar o gênerode texto, precisariam definir as atividades – ler, ouvir, escrever dememória, reescrever, criar, revisar.

Ficou assim:• Leitura pelo professor de diferentes tipos de texto.• Leitura pelos alunos – inclusive propostas para alunos ainda não-alfabetizados.• Produção de texto (oral ou escrito) coletiva e individual.

Organizaram as atividades de Língua Portuguesa para a primeirasemana, tendo como preocupação central garantir a realização de todasas atividades necessárias, com diferentes tipos de texto. A tabela quefizeram pode servir de exemplo:

BONS RESULTADOS

Esse planejamento simplificou bastante o trabalho de todos, que,assim, ganharam mais tempo para debater outras questões importantes:o trabalho em grupo, por exemplo.

O exemplo dado é apenas uma ilustração das vantagens deum trabalho planejado coletivamente, de um projeto curricularelaborado e desenvolvido de forma compartilhada. São essas práticasque contribuem para o prazer de ensinar cada vez mais e melhor.

Em suas discussões, os professores descobriram que a maneirade organizar os grupos na classe depende de várias coisas; dependedo objetivo da atividade proposta, dos conhecimentos prévios dosalunos e da possibilidade de os alunos cooperarem entre si.

Organizar o trabalho a partir desses critérios foi um exercíciodifícil, mas os professores acreditavam no que estavam fazendo e isso

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garantiu o envolvimento de todos. Começaram a avaliar o que não davacerto, a discutir novos encaminhamentos e a reformular a prática pedagógica,de acordo com as necessidades identificadas.

Assim transcorreu o ano. As reuniões quinzenais se tornaram maisprodutivas e foram ocorrendo reformulações no plano de trabalho,resultantes do aprendizado dos professores com cursos, leituras,discussões coletivas, análise das propostas realizadas na sala de aula eoutras atividades.

Foi um ano trabalhoso, mas muito mais gratificante.

(BRASIL, PCN em Ação, Módulo de Alfabetização, 1999, p. 93-96)

Trabalhar com projetos é uma prática pedagógica que integra alunos, professores,funcionários, comunidade escolar, se assim o for possível. O ambiente de aprendizagemonde isso acontece é propício à interação e deve promover o desenvolvimento da atuaçãodo aluno como sujeito do seu conhecimento. A autonomia que isto proporcionará ao alunoserá de grande valia em sua vida pessoal e profissional, de seu crescimento, que se darápor meio de buscas constantes de informações significativas para a sua compreensãorepresentação e resolução de uma situação-problema.

Trata-se de uma cultura do aprendizado que não se perfaz por reformas ou novosmétodos e conteúdos definidos por especialistas que pretendam impor melhorias ao sistemaeducacional vigente. É uma mudança radical que deve tornar a escola capaz de atender àsdemandas da sociedade, considerando as expectativas, potencialidades e necessidadesdos alunos. Deve também criar espaço para que professores e alunos tenham autonomiapara desenvolver o processo de aprendizagem de forma cooperativa, com trocas recíprocas,solidariedade e liberdade responsável, com o desenvolvimento das capacidades de trabalharem equipe, tomar decisões, comunicar-se com desenvoltura, formular e resolver problemasrelacionados com situações contextuais.

Enfim, o projeto deve visar desenvolver a habilidade de aprender a aprender, deforma que cada um possa reconstruir o conhecimento, integrando conteúdos e habilidadessegundo o seu universo de conceitos, estratégias, crenças e valores, incorporar as novastecnologias e não apenas para expandir o acesso à informação atualizada, masprincipalmente para promover uma nova cultura do aprendizado por meio da criação deambientes que privilegiem a construção do conhecimento e a comunicação.

William Shakespeare

Projeto de Trabalho em Língua Portuguesa: Um Caminho a Seguir

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Fundamentose Didáticada Língua

Portuguesa

A aprendizagem por projetos ocorre por meio da interação e articulaçãoentre conhecimentos de distintas áreas, conexões estas que se estabelecema partir dos conhecimentos cotidianos dos alunos, cujas expectativas, desejose interesses são mobilizados na construção de conhecimentos científicos. Osconhecimentos cotidianos emergem como um todo unitário da própria situaçãoem estudo, portanto sem fragmentação disciplinar, e são direcionados por umamotivação intrínseca. Cabe ao professor provocar a tomada de consciênciasobre os conceitos implícitos nos projetos e sua respectiva formalização, masé preciso empregar o bom-senso para fazer as intervenções no momento

apropriado.Trabalhar com projetos significa lidar com ambigüidades, soluções provisórias,

variáveis e conteúdos não identificáveis a priori e emergentes no processo. Tudo isso sedistingue de conjecturas pela intencionalidade explicitada em um plano que inicialmente éum esboço caracterizado pela plasticidade, flexibilidade e abertura ao imprevisível, sendocontinuamente revisto, refletido e re-elaborado durante a execução. O desenvolvimento deum projeto envolve um processo de construção, participação, cooperação e articulação,que propicia a superação de dicotomias estabelecidas pelo paradigma dominante daciência e as inter-relaciona em uma totalidade provisória perpassada pelas noções de valorhumano, solidariedade, respeito mútuo, tolerância e formação da cidadania, que caracterizao paradigma educacional emergente (Moraes, 1997).

O professor que trabalha com projetos de aprendizagem respeita os diferentes estilose ritmos de trabalho dos alunos desde a etapa de planejamento, escolha do tema e respectivaproblemática a ser investigada. Não é o professor quem planeja para os alunos executarem,ambos são parceiros e sujeitos de aprendizagem, cada um atuando segundo o seu papel enível de desenvolvimento. As questões de investigação são formuladas pelos sujeitos doconhecimento levando em conta suas dúvidas, curiosidades e indagações e, a partir deseus conhecimentos prévios, valores, crenças, interesses e experiências, interagem comos objetos de conhecimento, definem os caminhos a seguir em suas explorações,descobertas e apropriação de novos conhecimentos.

O professor é o consultor, articulador, mediador, orientador, especialista e facilitadordo processo em desenvolvimento pelo aluno. A criação de um ambiente de confiança,respeito às diferenças e reciprocidade, encoraja o aluno a reconhecer os seus conflitos e adescobrir a potencialidade de aprender a partir dos próprios erros. Da mesma forma, oprofessor não terá inibições em reconhecer seus próprios conflitos, erros e limitações e embuscar sua depuração, numa atitude de parceria e humildade diante do conhecimento quecaracteriza a postura interdisciplinar. A partir de uma mudança pessoal e profissional é quese começa a refletir sobre a mudança da escola para uma escola que incentive a imaginaçãocriativa, favoreça a iniciativa, a espontaneidade, o questionamento e a inventividade,promova e vivencie a cooperação, o diálogo, a partilha e a solidariedade. Mas, paratransformar o sistema educacional é preciso que essa reciprocidade extrapole os limitesda sala de aula e envolva todos que constituem a comunidade escolar: dirigentes, funcionáriosadministrativos, pais, alunos, professores e a comunidade na qual a escola encontra-seinserida.

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Projeto de Trabalho: Dando Forma aos Conteúdosde Língua Portuguesa

O trabalho com projetos pode dar conta de alguns objetivos educacionais com maiorprofundidade, em particular o desenvolvimento da autonomia intelectual, o aprender aaprender, o desenvolvimento da organização individual e coletiva, bem como a capacidadede tomar decisões e fazer escolhas com o propósito de realizar pequenos ou grandesprojetos pessoais. Para que o trabalho com projetos dê bons resultados, o professor devetomar alguns cuidados, além daqueles necessários em qualquer situação de ensino:

• O projeto precisa estar bem definido, ou seja, alunos e professoresdevem ter uma idéia bem clara daquilo que será feito, a meta: um obje-to (livro, maquete, desenho, cartaz, escultura) ou uma ação (passeio,cam-panha, seminário, show musical).

• É a idéia básica do projeto (a meta, o sonho) que determina e justifi-ca as fases do projeto. Essas fases podem envolver estudo, pesquisa,construção, ensaio, e todas as ações que forem necessárias para a rea-lização do projeto.

Nesse sentido, costuma-se dizer que, para ser um projeto, o desenvolvimento dotrabalho na sala de aula deve ter a participação dos alunos em algumas decisões, para queeles aprendam também a analisar situações, tomar decisões e ter a experiência de pôr emprática o que foi planejado. Dizendo de outro modo: no desenvolvimento de um projeto, asdecisões devem ser partilhadas entre professor e alunos. Mesmo as decisões que sãotomadas previamente pelo professor devem ser explicadas e justificadas, ou seja, partilhadascom os alunos, tendo como referência a realização do projeto.

Para melhor ilustrar o trabalho com a interdisciplinaridade, apresentaremos um projetoem que o estudo da língua materna se torna bastante significativo.

“AGÊNCIA DE PUBLICIDADE”. Projeto em que o aluno terá a oportunidade de falare ouvir em situações específicas de comunicação nas quais faz sentido expor opiniões,ouvir com atenção, sintetizar idéias, defender ponto de vista, replicar, etc.; utilizar asconvenções da escrita como uma exigência social; perceber as finalidades e funções dotexto publicitário; e, observar e utilizar a linguagem específica do texto publicitário: seusrecursos lingüísticos e não-lingüísticos.

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Fundamentose Didáticada Língua

PortuguesaO texto publicitário

Alfredina Nery: graduada em Letras e mestre em Psicologia da Educação.

a partir da 2ª série do 1º ciclo do Ensino Fundamental

cinco aulas

Na sociedade de hoje, sofremos constante bombardeio publicitário por meio decartazes na rua, comerciais na televisão e no rádio, propagandas em revistas e jornaissempre com o objetivo de promover o consumo de produtos (e idéias). Ao trazermos para asala de aula o texto publicitário como uma unidade de trabalho, a criança passa a conhecernão só as finalidades e características lingüísticas e textuais deste tipo de texto, mas tambémpode tornar-se um consumidor mais atento e crítico, pois passa a conhecer os elementosde persuasão que a publicidade usa para conquistar seu público. Nessa atividade, vamosselecionar produtos e marcas de conhecimento dos alunos e reescrever seus textospublicitários e slogans.

Com relação ao conhecimento do sistema alfabético de escrita, o enfoque será o derelacionar a grafia convencional de palavras de maior utilização, segmentação de palavrase frases, uso de maiúscula e de alguns sinais de pontuação.

Com este trabalho, pretende-se que os alunos sejam capazes de:

a) falar e ouvir em situações específicas de comunicação nas quais faz sentido expor opiniões, ouvir com atenção, sintetizar idéias, defender ponto de vista, replicar etc.;

b) utilizar as convenções da escrita como uma exigência social;

c) perceber as finalidades e funções do texto publicitário;

d) observar e utilizar a linguagem específica do texto publicitário: seus recursos lingüísticos e não-lingüísticos.

Revistas, jornais, cola, papel pardo, tesoura, folha sulfite, lápis de cor/cera, canetascoloridas.

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Assunto

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Autor

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Série

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Tempo necessário

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Introdução

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Objetivos

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Recursos Didáticos

Agência de Publicidade

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Organização da Sala

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Haverá momentos de trabalho em que as crianças deverão estar em pequenosgrupos, em outros que trabalharão individualmente e, em outros, em que todos da classedeverão formar um círculo para a discussão ou síntese coletiva.

1) Faça com os alunos uma pesquisa sobre as marcas e os produtos que conhecem,listando-os na lousa, a partir de algumas categorias como laboratórios farmacêuticos,empresas automobilísticas, lojas de eletrodomésticos, produtos infantis, produtos alimentíciosetc.;

2) Organize os alunos em duplas e peça que levantem os "slogans" que conhecem eque correspondem a cada marca levantada no item anterior. Exemplos: "Nestlé - Nossavida tem você"; "M&M's - O chocolate que derrete na sua boca e não na sua mão";"McDonald's - Gostoso como a vida deve ser";

3) Solicite que os alunos, ainda em duplas, procurem nas revistas e jornais trazidospara a classe os vários produtos e seus slogans, recortando-os;

4) Proceda em seguida à triagem dos produtos que serão colados no papel pardocoletivo, tendo em vista os critérios de classificação do item 1 deste roteiro, de forma aobter uma variedade grande de textos publicitários;

5) Afixe o papel pardo na sala de aula para divulgação do trabalho feito e para consultae análise lingüística das crianças (Onde está escrito tal palavra? Como se escreve tal palavra?tal palavra começa com a mesma letra do nome de fulano da classe? Há alguma palavraestrangeira? Como se escreve e como se pronuncia?);

6) Com os produtos colados no papel pardo, proceda à análise das propagandasquanto à relação entre o texto escrito e a imagem, Por exemplo, o logotipo da Nestlé (símboloque representa o nome da empresa ou do produto) é um ninho com três pássaros detamanhos diferentes, sendo que um está na posição de ter chegado ao ninho, trazendoalimento. Os pássaros podem estar representando o pai, a mãe e o filho, ou seja, a proteçãoque vem da família, uma vez que os produtos desta marca referem-se à alimentação: leite,chocolate, bolacha etc. Garanta na análise que os alunos percebam que as cores e o tipode letra utilizados são também importantes nas propagandas para chamar a atenção doconsumidor;

7) Solicite que os alunos criem outros "slogans" para os produtos já trabalhados (eoutros), atentando para as características específicas da linguagem da propaganda, comouso de qualificativos ("Só Omo lava mais branco"), uso de verbo no imperativo ("Abuse euse C&A"), rimas ( "Danoninho, vale por um bifinho", "Tomou Doril, a dor sumiu"), linguagemargumentativa ( "Se a marca é CICA, bons produtos indica", "Quem come um, pede BIS");

8) Escolha junto com as crianças uma das marcas ou produtos para criarem umanúncio publicitário que contenha os três elementos desse tipo de texto: texto escrito (queofereça informações sobre o produto, destaque as qualidades positivas do produto e procureconvencer o consumidor a adquirir o produto), ilustração (fotografia, gravura, desenho, gráfico)que qualifique bem o produto e "slogan"(frase sintética e atraente, de fácil memorização).Atentar também para as cores e os tipos de letras escolhidos para atrair o leitor;

9) Organize junto com os alunos a divulgação das propagandas elaboradas. Pesquisaros endereços das marcas e produtos e enviar as propagandas feitas pelos alunos aosrespectivos fabricantes (é sempre interessante que os alunos passem por situações deprodução de texto com interlocutores reais).

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Fundamentose Didáticada Língua

Portuguesa

Ao longo do desenvolvimento da atividade, é possível avaliar:- como o aluno utilizou a linguagem (oral e escrita) de forma contextuali-zada, ou seja, em determinadas situações nas quais faz sentido falar,ouvirler, escrever;

- o que o aluno já conhecia sobre o texto de propaganda: quais marcase produtos conhecia, para que servem os produtos e suas propagandas,

quais "slogans" têm de memória;

- o que o aluno passou a conhecer: por que neste tipo de texto o tamanho e o tipo dasletras são importantes, quais cores são usadas em cada propaganda, por que, comoé possível convencer o outro a comprar, quais palavras representam as qualidadesdos produtos, o que a ilustração tem a ver com o texto escrito;

- o que o aluno conhecia e o que passou a saber sobre as convenções da escrita,quais convenções foram garantidas a cada etapa de trabalho;

- quais oportunidades foram dadas aos alunos para que reflitam sobre o mundo emque vivem e sobre a própria linguagem que expressa e constitui este mundo.

Esta atividade propicia que a criança amplie seus conhecimentos sobre a escrita esuas convenções e que conheça mais e melhor o mundo em que vive, através do estudodos usos e formas do texto publicitário que é um indicador da sociedade de consumo, poiscria no leitor a necessidade de comprar/consumir.

Esta atividade guarda estreita relação com os temas transversais "Trabalho eConsumo" e "Ética" (Parâmetros Curriculares Nacionais - MEC), uma vez que possibilitaque os alunos tenham uma visão mais crítica do mundo de hoje e suas linguagens. Paraisto, é possível fazer uma visita a uma agência de publicidade para conhecer seusprofissionais ou então escrever a uma delas. Planeje com seus alunos a visita à agênciaelaborando em conjunto um roteiro de perguntas e de fatos a serem observados. Por exemplo:observar como se faz uma propaganda, entrevistar as várias pessoas envolvidas, discutirsobre formação, experiência de trabalho, instrumentos de trabalho necessários, fonte deinspiração, dificuldades da profissão etc. Aproveite para conhecer também os códigos deética da profissão. Após a visita, solicite aos alunos um registro escrito com os dadoslevantados e peça para relacioná-los com as propagandas de televisão.

A área de Educação Artística também pode contribuir para uma análise da propagandacomo forma de expressão. Escolha uma propaganda e analise com os alunos quais recursosela utiliza (música, artes plásticas, artes da computação).

Em História, é possível contextualizar a publicidade dentro das transformaçõescientíficas, técnicas e econômicas do mundo moderno. Pesquise em publicações maisantigas, como eram as propagandas (pasta de dente "Kolynos e seu sorriso refrescante",absorvente Modess com uma mulher trabalhando em máquina de escrever antiga).

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Avaliação

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Contextualização

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Sugestões para Trabalho Interdisciplinar

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Este trabalho propõe uma articulação entre as duas aprendizagens que o aluno emprocesso de alfabetização precisa empreender: os conhecimentos sobre as convençõesda escrita e os vários textos presentes na sociedade. Na sociedade de consumo, apublicidade ocupa lugar de destaque, pois é uma linguagem elaborada para influenciar aspessoas na compra de produtos (e idéias). Para isto, este tipo de texto se organiza,basicamente, a partir de três elementos: o texto escrito (sons característicos, onomatopéias,termos novos, construção/desconstrução de palavras, mudança de significados, jogos depalavras, grafia inusitada, flexões diferentes, sintaxe não linear), o "slogan" (frase curta, deimpacto, que de tanto ser repetida, é facilmente memorizada pelo consumidor) e ilustração(imagem que destaca a qualidade do produto a ser vendido). No que se refere àaprendizagem do sistema de escrita, é necessário continuar o trabalho de aquisição dabase alfabética de alunos que o necessitarem, bem como do processo de reflexão e utilizaçãodas convenções da escrita.

CARVALHO, Nelly de. Publicidade: a linguagem da sedução. São Paulo: Ática, 1996

JOLIBERT, Josette. Formando crianças produtoras de texto. volume II. Porto Alegre:Artes Médicas, 1994

KAUFMAN, Ana Maria e RODRIGUEZ, Maria Elena. Escola, leitura e produção detextos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995

VESTERGAARD, Torben e SCHRODER, Kim. A linguagem da propaganda. SãoPaulo: Martins Fontes, 1994.

http://revistaescola.abril.com.br/planos/lingua_portuguesa/agencia_publicidade.shtml

Avaliação em Língua Portuguesa no Ensino Fundamental

Seja avaliando uma criança, um adolescente, um adulto, seja discutindo em casa,num conselho de classe, na rua, o processo de avaliação é uma constante em nossa vida.Em quaisquer destas situações, ele é sempre um processo acompanhado de dúvidas eincertezas e, muitas vezes, de incoerências. Nossa sociedade reserva às instituiçõesescolares o poder de conferir notas e certificados que, supostamente, atestam oconhecimento ou capacidade dói indivíduo, o que torna imensa a responsabilidade de quemavalia.

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Aprofundamento de Conteúdo

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Bibliografia

Muito se tem analisado a avaliação com uma visão crítica e afirma-se que ela pode exercer duas funções: a diagnóstica e a classificatória.Da primeira, supõe-se que permita ao professor e ao aluno detectarem

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os pontos fracos deste e extrair as conseqüências pertinentessobre onde colocar posteriormente a ênfase no ensino-aprendizagem. A segunda tem o efeito de hierarquizar eclassificar os alunos. A escola prega em parte a avaliaçãocom base na primeira função, mas a empregafundamentalmente para a segunda.

Mariano Enguita

A opção por um trabalho dentro da área procura considerar asintersecções que as linguagens estabelecem por sua natureza de articulação de significadosculturais e sociais e função comunicativa.

A fala, a escrita, os movimentos corporais, a arte estão intimamente ligados àcognição, à percepção, à ação, sendo expressões da cultura. Todos os sistemas procuramtornar os significados comunicáveis. As linguagens se afastam no plano da expressão,constituindo formas próprias de manifestação, e voltam a se encontrar no plano do conteúdo,pano de fundo da construção humana dos símbolos.

A objetivação do simbólico em situação escolar pode permitir ao aprendiz acompreensão de sua visão de mundo e de outras, as classificações arbitrárias de fazer ver,crer, pensar, sentir e agir que se articulam sob forma de linguagem.

A língua materna ocupa na área o papel de viabilizar a compreensão e o encontrodos discursos utilizados em diferentes esferas da vida social. É com a língua e pela línguaque as formas sociais arbitrárias de visão e divisão de mundo são utilizadas comoinstrumentos de conhecimento e comunicação.

Aprende-se com a língua um “sentido imediato do mundo”, que deve ser desvendadono decorrer de um processo de resgate desse e de outros sentidos possíveis; as identidadese as diversidades se cruzam nos discursos.

As relações lingüísticas marcam o poder simbólico acumulado pelos seusprotagonistas. Não existe uma competência lingüística abstrata, mas sim uma competêncialimitada pelas condições de produção/interpretação dos enunciados e modos de enunciaçãoe pelos contextos de uso da língua. Ela utiliza um código, ao mesmo tempo com funçãocomunicativa e legislativa.

Apenas o domínio de parte do código não deriva no sucesso da comunicação.Algumas situações de fala ou escrita podem inclusive produzir o total silêncio daquele quese sente pouco à vontade no ato interlocutivo.

O desenvolvimento da competência lingüística do aluno do Ensino Médio e noMagistério de 1º grau, dentro dessa perspectiva, não está pautado na exclusividade dodomínio técnico de uso da língua legitimada pela norma, mas, principalmente, na competênciade saber usar a língua em situações subjetivas e/ou objetivas que exijam graus dedistanciamento e reflexão sobre contextos e estatutos de interlocutores – a competênciacomunicativa vista pelo prisma da referência do valor social e simbólico da atividadelingüística.

A intervenção pedagógica busca o aprofundamento dos saberes consideradosescolares e daqueles trazidos do social, ampliando as esferas de atuação dos alunos.

No ensino da Língua Portuguesa, passamos muito tempo avaliando conteúdosfragmentados e descontextualizados. Avaliávamos, e ainda avaliamos, em muitos casos,se os alunos sabem definir, classificar, aplicar regras gramaticais. Hoje, em decorrênciadas mudanças provocadas pelos estudos sobre a linguagem, observamos a necessidadede avaliar melhor se os alunos conseguem agir lingüisticamente, ou seja, se eles estãoampliando as capacidades de compreender e de produzir textos orais e escritos, dentreoutros objetivos menos centrais.

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Embora esse lembrete possa parecer óbvio, temos observado situações em quesão cobrados dos alunos "conhecimentos" que não foram tematizados na escola. No ensinoda ortografia, por exemplo, temos visto situações em que os alunos, mesmo não tendoacesso a atividades de exploração / construção de determinadas normas ortográficas, sãoavaliados quanto a esse aspecto.

O mesmo podemos dizer com relação à produção dos diferentes gêneros textuais.Observamos, algumas vezes, que alunos que não foram estimulados a produzir e a explorardeterminado gênero textual (carta, ensaio argumentativo, notícia ou outro qualquer), sãoavaliados, em um determinado momento, quanto à produção desse gênero de texto. Maisuma vez, estamos cobrando o que não foi ensinado.

Para avaliar, por exemplo, as capacidades de produzir textos, precisamos decidir,dentre muitos aspectos, os que naquele momento queremos investigar, seja porque foramtema de reflexão naquele período, seja porque são capacidades já construídas nos anosanteriores ou, ainda, porque queremos avaliar os conhecimentos prévios para planejar oprocesso pedagógico. No entanto, não podemos realizar a avaliação dessas capacidadesmais específicas sem considerar a situação em que tal texto foi gerado.

AtividadesAtividadesAtividadesAtividadesAtividadesComplementaresComplementaresComplementaresComplementaresComplementares

PROJETO DE LEITURA

PROJETOS

Os projetos são excelentes atividades para propiciarem condições para queprofessores de Língua Portuguesa realizem um bom trabalho. Isso por que:

• Contribuem para que se estabeleça uma conexão entre os conteúdos das práticasde escuta e de leitura, produção de textos e análise lingüística;

• Viabilizam a possibilidade de trabalhar, simultaneamente, os conteúdos dasdiferentes práticas;

• Estabelecem conexão com outras áreas e temas tendo em vista o alcance deobjetivos.

Vamos agora trabalhar com a pedagogia de projetos. Em grupo, construam um projetode Língua Portuguesa que contemple as três vertentes da língua – leitura, produção textual eanálise lingüística.

Aqui eis um projeto de leitura, desenvolvido com professores de ensino fundamental,que pode ser tomado como exemplo.

Lendo o livro... antes de ler a história do livro

ObjetivoA aula aqui sugerida é um dos caminhos para possibilitar a formação de leitores

capacitados a transitar nas práticas de leitura da nossa sociedade. Se quisermos formaralunos-leitores que transcendam a sala de aula e o espaço escolar, devemos mostrar osmecanismos que devem dominar para se tornar leitores efetivos. Esta atividade visa a

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possibilitar que os alunos levem não só seus livros para casa, mas junto comeles a capacidade de buscar outros livros e, assim, traçar seus próprioscaminhos de leitores.

Embasamento TeóricoPara entender melhor o embasamento da atividade aqui proposta,

algumas concepções de leitura devem ser levadas em consideração:primeiramente, a noção de que a leitura não é um ato puramente individual; é

uma prática social e, assim sendo, não ocorre apenas no instante da leitura propriamentedita. Numa analogia com uma peça de teatro, podemos dizer que esse momento é apenasum dos atos que compõem a peça.

Assim, além da leitura da história que o livro apresenta, devemos desvendar toda aleitura que o livro nos possibilita: Que editora publicou a história? Pertence a alguma coleção?Qual? Para que tipos de leitores? Que informações se encontram na quarta-capa? O livrotem orelha? Que informações lá se encontram?

Da mesma forma, os alunos podem descobrir que a história de um livro é escrita porum autor, pode ser ilustrada, revisada e diagramada, antes de chegar às mãos do leitor.Quem é o autor do livro? Quando essa história foi escrita? Para quem? O livro possuigravuras? Quem o ilustrou? Houve revisão? O que é fazer revisão de um livro?

Além dessas informações, devemos possibilitar que o aluno se enxergue como leitorativo que interage com o livro, que participa do processo de leitura. O que ele sabe sobre otema do livro? Conhece alguém que já o leu? Sobre o que ele imagina que seja a história?

Após a leitura da história, a leitura do livro continua na conversa com os amigossobre as impressões da história, se gostou, não gostou, se o recomendaria ou não e por-quê.

Assim, o professor pode e deve promover a familiarização do aluno com o mundodas práticas de leitura, começando, antes de tudo, com o próprio objeto livro.

Recursos DidáticosOs livros doados pelo Ministério da Educação aos alunos da 4a série do Ensino

Fundamental.

Organização da SalaPequenos grupos de alunos que receberam coleções diferentes.

Desenvolvimento da Atividade1. Peça aos alunos que manuseiem os livros recebidos e descubram informações

sobre os mesmos:

a) Quem é o autor? (brasileiro/estrangeiro)b) Qual é o título do livro?c) Que tipo de livro é este? (de contos, poemas, lendas, romance). Por quê? (Pelo título? Figura da capa? Conhecimento do autor?)d) Qual é a editora do livro? Onde se encontra essa informação?

2. Após essa leitura inicial, peça aos alunos que escolham o livro que mais chamoua atenção deles – entre todos os que receberam – e que gostariam de ler primeiro. Peçaque justifiquem para o grupo a escolha (pelo título, tema, autor conhecido - já leu livros deleantes -, gravura).

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3. Peça à turma que imagine como são as histórias dos livros escolhidos, com basena imagem, no título, no conhecimento que cada um já possui sobre o assunto ou no interessepelo tema. Peça que exponham suas idéias para o grupo.

4. Peça aos alunos para folhear o livro e descobrir se há alguma informação sobre oautor. Onde se encontra essa informação? O autor ainda vive? Escreveu outros livros? Ondenasceu?

5. Pergunte aos alunos por que eles acham que é importante fazer essa leitura dolivro antes de ler á história. Esclareça que é assim que geralmente as pessoas escolhemlivros para ler: baseando-se no autor de que gostam e cujos livros querem conhecer mais,ou que desconhecem, mas cujo tema ou título lhes chamou a atenção; na editora que costumapublicar livros interessantes; na indicação que receberam de alguém que conhece o livro, oautor ou a editora; entre outras coisas. Os alunos estão se formando leitores e precisam terclaros os mecanismos para escolher um livro, que podem guiá-los em suas próprias escolhas.

Atividades complementares ao longo do ano letivo:Programe atividades de ida à biblioteca ao longo do ano, para escolha de outros

livros, sempre justificando para a classe; para descoberta de outros livros, na biblioteca,dos autores que mais gostaram de ler; para verificação de outras informações existentesnos outros livros, além daquelas já sabidas. Eles verão que há muitos exemplares comorelhas – explore com eles o que contém a orelha do livro e a quarta-capa do livro.

Sugestão de atividade para explorar a quarta-capa de livro:As informações que se encontram em uma quarta-capa variam conforme a edição.

No entanto, costumam trazer um pequeno texto sobre o enredo da história, trechos da mídiaou, ainda, trechos do próprio livro. Às vezes, uma dessas informações vem junto com outra.

a) Peça aos alunos para ler diferentes quartas-capas e procurar esses três tiposde informação ou alguma outra (fotografia do autor, dados biográficos, outras obrasdo autor, etc.).b) Anote os dados encontrados na lousa. Veja, juntamente com eles, os dados maisrecorrentes nos livros analisados.c) Discuta a diferença da quarta-capa dos livros recebidos (informações da editorasobre a coleção) e dos livros da biblioteca analisados.d) Os alunos podem escrever uma outra quarta-capa para um dos livros que leram.

Trabalho semelhante pode ser feito com a orelha de livros:1) Na troca de livros entre eles, programe atividades em que os alunos deverão

dizer para os colegas suas impressões sobre o livro que leram, se era o que imaginaram ounão, se o recomendam ou não.

2) Se houver condições, programe a elaboração de um pequeno livro com a sala:3) Que tipo de texto os alunos gostariam de publicar? Poemas, contos, crônicas,

lendas, romance?• Como será escrito? Quem irá escrever?• Quem ilustrará?• Quem fará a revisão de língua?• Como se chamará a “editora”?• O livro terá orelha? O que escreverão nela? Em que momento da elaboração do livro a orelha será escrita?

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• O que escreverão na quarta-capa? Quando?• Como será a pequena biografia que os autores colocarão no livro?• O livro terá um custo? De quanto? Como farão para custear o livro e conseguir o material necessário?• Terá um preço? De quanto? Será distribuído gratuitamente? Para quem?

Bibliografia:Cristovão, V.L.L. (2001) Gêneros e ensino de leitura em LE: os modelos didáticos de

gêneros na construção e avaliação de material didático. Tese de Doutoramento nãopublicada. PUC-SP.

Privat, J.-M (1995) Socio-logiques des didactiques de la lecture. IN: Jean-Louis Chiss;Jacques David & Yves Reuter (direction). Didactique du Français: état d’une discipline. Paris:Nathan, 1995 (Pédagogie).: 133-145.

Autora:Lília Santos Abreu é professora de Língua Inglesa e Língua Portuguesa, co-autora de

materiais didáticos e paradidáticos, assessora na formação contínua de professores edoutoranda do Programa de Pós-Graduação em Lingüística Aplicada e Estudos daLinguagem da PUC-SP.

VERIFICAÇÃO DA APRENDIZAGEM: UMA PRODUÇÃO POSSÍVEL

A prática de escuta de textos orais/leitura de textos escritos, a prática de produçãode textos orais e escritos e a prática de análise lingüística formariam um tripé em cima doqual se sustentaria o ensino de língua portuguesa, funcionando como um bloco na formaçãodos alunos. Os conteúdos partem, portanto, de textos, sempre, valorizando e destacandodiferenças e semelhanças, fazendo com o aluno discuta o que vê / lê para conseguir sesentir usuário da língua e participante do processo de aprendizagem.

Diante da discussão sobre o uso da tríade metodológica de língua portuguesa, nãohá mais que se pensar em uma avaliação do tipo exame metalingüístico.

Elabore uma avaliação final de unidade para qualquer série, do Ensino Fundamental,considerando as três vertentes da língua – leitura, análise lingüística e produção textual.

PLANO DE AULA SEM MISTÉRIOS

PARA COMEÇAR...

Como você definiria o ato de avaliar, tanto numa concepção mais ampla, como noâmbito escolar?11111.....

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A avaliação é um processo que não pode se basear apenas no exame de regrasgramaticais e atividades que promovam a pura repetição das análises do professor comoinstrumento de medida de apreensão de conteúdo. Comente a afirmativa.

2.2.2.2.2.

AGORA...

Você seria capaz de descrever uma aula de língua portuguesa com a concepçãotradicional de ensino de língua? Então, faça-o. Logo em seguida, pense em atividades queprivilegiem todas as vertentes do estudo de língua portuguesa, reformulando esta descriçãode modo a dar a ela uma nova base pedagógica para maior eficácia. Assim, você estarámostrando o “antes” e o “depois” de sua atuação como novo educador, que transita entre asnovas concepções de ensino de língua com bastante eficiência.

3.3.3.3.3.A produção textual é o elemento mais contundente de avaliação do aluno. Vocêconcorda? Justifique sua resposta.

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PortuguesaDIDÁTICA DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA O

ENSINO FUNDAMENTAL

Este livro nasceu de um balanço dos 26 anos de vida profissional da autora comoprofessora de Português e como assistente de Língua Portuguesa da Oficina Pedagógicade Bauru. Questionando a própria prática, no sentido de compreender porque mesmocom todo o esforço, havia sempre alunos cujo desempenho lingüístico deixava muito adesejar.

Leirura Recomendada

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ANDALO, Adriane. Didática de Língua Portuguesa para O Ensino Fundamental.Editora FTD: São Paulo, 2001.

Filme Recomendado

A ILHA DAS FLORES

Como discutimos bastante acerca das mudanças do ensino de língua materna,como elemento imprescindível à melhoria da qualidade de vida dos educandos destepaís, escolhemos a ILHA DAS FLORES - Um ácido e divertido retrato da mecânicada sociedade de consumo. Acompanhando a trajetória de um simples tomate, desdea plantação até ser jogado fora, o curta-metragem escancara o processo de geraçãode riqueza e as desigualdades que surgem no meio do caminho – com o intuito denos fazer refletir sobre “A educação que temos e a educação que queremos”;

FICHA TÉCNICA

Gênero: Documentário, ExperimentalDiretor: Jorge FurtadoElenco: Ciça ReckziegelAno: 1989Duração: 13 minCor: ColoridoBitola: 35mmPaís: Brasil

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Caro(a) educando(a),

O nosso período de estudo começa a ser sistematizado. É momento de pensar emtudo que você leu neste material impresso e na sua experiência para realizar a AtividadeOrientada.

A Atividade Orientada deve ser realizada em três etapas que estão descritas a seguir.Lembre-se de que, ela pertence à disciplina, tem caráter obrigatório e avaliativo, devendoser realizada e direcionada para a construção do seu conhecimento.

Acreditamos que depois do estudo acerca da Língua Portuguesa, a partir da tríadeleitura, análise lingüística e produção textual, você tenha percebido que o ensino de línguamaterna é algo vivo próximo da maneira de falar e de escrever dos indivíduos. Esperamostambém que, os possíveis preconceitos lingüísticos tenham sido quebrados e, o espaço dasala de aula se torne significativo e prazeroso para os que estudam a Língua Máter.

O ensino de língua, desde as suas origens até os dias atuais, está sendo bastantequestionado em nossa disciplina. Neste contexto, as dificuldades de produção textual.Acabam se tornando empecilhos para o desenvolvimento de um trabalho eficaz com a línguaportuguesa em sala de aula. Para continuar a nossa discussão sobre o assunto, você deveráler e interpretar um trecho do texto abaixo de Honoralice de Araújo Mattos Paolinelli eSérgio Roberto Costa.

Etapa Etapa Etapa Etapa Etapa 11111

AtividadeAtividadeAtividadeAtividadeAtividade

OrientadaOrientadaOrientadaOrientadaOrientada

Práticas de Leitura e Escrita em Sala de Aula

Ensinar a ler é uma tarefa de todo professor, não sendo exclusividadedo de Língua Portuguesa, quase sempre responsabilizado pela dificuldade doaluno de interpretar questões de outras disciplinas. O desconhecimento doque seja leitura e dos processos sócio-cognitivos nela envolvidos leva as pessoasa construírem um conceito limitado desta ação de linguagem.

A noção textual usualmente presente na escola empobrece o trabalhocom a leitura/escrita, pelo fato de tratar de maneira idêntica qualquer texto,desconsiderando suas especificidades e intenções.

No ambiente escolar, o texto é abordado como um produto, ignorando-se, assim, a dinamicidade de seu processo de significação, que inclui aconsideração de estruturas, de conhecimentos prévios partilhados, de múltiplosrecursos semióticos, como a imagem e, ainda, as condições de produção:o contexto, os sujeitos envolvidos nessa ação de linguagem, as intençõescomunicativas, o meio de circulação do texto.

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Apesar do surgimento das novas teorias que sustentam aprodução textual, a partir dos anos 80, a qualidade das redaçõesdos alunos pouco alterou. Os textos continuam artificiais,padronizados, mal seqüenciados, intraduzíveis e fora de seucontexto de produção.

Para que haja mudança no quadro é necessário que oprofessor passe a olhar a produção escrita do aluno não atrásde erros, atentando apenas para a linearidade do texto, mas

buscando ver o significado e as formas de construção dessesignificado.

A escola é tomada como um autêntico lugar decomunicação e as situações escolares como ocasiões de produção/recepção de textos. Portanto, no ambiente escolar, a produção detextos deve inserir-se num processo de interlocução, o que implica arealização de uma série de atividades mentais - de planejamento ede execução - que não são lineares nem estanques, mas recursivase interdependentes.

“É impossível se comunicar verbalmente a não ser por algumgênero, assim como é impossível se comunicar verbalmente a nãoser por algum texto.” Essa posição defendida por Bakhtin (1997) etambém por Bronckart (1999) é adotada pela maioria dos autoresque tratam a língua em seus aspectos discursivos e enunciativos enão em suas peculiaridades formais. Essa visão segue uma noçãode língua como atividade social, histórica e cognitiva.

É nesse contexto que os gêneros textuais se constituem comoações sócio-discursivas para agir sobre o mundo e dizer o mundo,constituindo-o de algum modo. O trabalho com gêneros textuais éuma excelente oportunidade de se lidar com a língua em seus maisdiversos usos no dia-a-dia, pois nada do que fizermos lingüisticamenteestá fora de ser um gênero.

No trabalho com produção de textos é importante ainda fazer-se uma distinção entre gêneros textuais e tipos textuais.

O primeiro é usado para designar uma espécie de construçãoteórica definida pela natureza lingüística de sua composição, ouseja, aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas.Cada tipo textual possui pistas lingüístico-discursivas características eas seqüências lingüísticas são norteadoras.

Já a expressão gênero textual refere-se a textos materializados,encontrados em nossa vida diária e que representam característicassócio-comunicativas definidas por seus conteúdos, propriedadesfuncionais, estilo e composição próprios.

Enquanto os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gênerossão inúmeros, devido à enorme diversidade das atividadesenunciativo-discursivas das esferas sociais, ou seja, domíniosdiscursivos. Esses domínios não são textos nem discursos, maspropiciam o surgimento de discursos bem específicos. Assim, falamosem discurso religioso, discurso jurídico, discurso jornalístico. As atividadessociais é que dão origem a vários deles, constituindo práticasdiscursivas dentro das quais podemos identificar um conjunto de

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gêneros textuais. Os domínios discursivos são as grandes esferas daatividade humana em que os textos circulam.

Para aprender a escrever um gênero determinado de texto énecessário que os alunos sejam postos em contato com um corpustextual desse mesmo gênero, que lhes sirva de referência em situaçõesde comunicação bem definidas e reais.

É função do professor, fornecer ao aluno condições adequadasde elaboração, permitindo-lhe empenhar-se na realização conscientede um trabalho lingüístico que realmente tenha sentido para si, e isso sóé conseguido à medida que a proposição de produção textual sejabem clara e definida, apresentando-se as “coordenadas” do contextode produção. É necessário que o aprendiz possa sentir que realmenteestá produzindo para um leitor (que não deve ser apenas o professor),eliminando a exclusividade das situações artificiais de produção textualtão presentes no cotidiano da escola.

Referência:

PAOLINELLI, Honoralice de Araújo Mattos; COSTA, Sérgio Roberto.Práticas de leitura e escrita em sala de aula. Disponível em: http://www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno09-13.html. Acesso em: 07 abr. 2006.

O texto deve ser abordado apenas como um produto do trabalho de desenvolvimentodo conhecimento lingüístico em sala de aula? Por quê?2.2.2.2.2.

Segundo o texto, ensinar a ler não é atividade apenas de língua portuguesa e sim, detodas as disciplinas. Você concorda com essa afirmação? Justifique.11111.....

3.3.3.3.3.Comente alguma experiência de produção textual realizada em sala de aula, na qualvocê tenha percebido uma postura inovadora e progressista do(a) educador(a), conformediscutida no texto Práticas de Leitura e Escrita em Sala de Aula.

É importante não confundir as noções de gêneros e de tipos textuais. Faça umcontraponto entre gêneros e tipos textuais, utilizando-se das características levantadas notexto lido.

4.4.4.4.4.GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS

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Releia o último parágrafo do texto e relacione-o a suas experiênciaslingüísticas. Explique qual deve ser, verdadeiramente, a função do educador,no contexto do trabalho lingüístico com relação aos alunos.

Com o objetivo de trabalhar diversidade de textos em situações concretas e reais decomunicação, será apresentada uma proposta prática de produção de texto em sala deaula.

O tema da produção textual é autodefinição. Prepare-se para autodefinir-se. Porém,isto não se dará de forma explícita. Você terá que se definir utilizando elementos, que pormetáfora, mostrarão suas características pessoais.

Todo ser humano se mostra numa de suas faces, num de seus “eus”. Você é um todocomposto de partes que nem sempre aparecem aos outros com a mesma intensidade. Nóssomos o que somos, o que nos mostramos e o que os outros vêem.

A - Autodefina-se construindo parágrafos nos quais você se mostre como sendo:

B - Agora, transforme estes parágrafos em estrofes de um poema.

C - Ilustre-o de maneira que os elementos visuais aplicados, ajudem na construçãode sentidos para o texto.

Agora que, com base nas etapas anteriores, você já discutiu, refletiu e produziu umpoema, elabore um plano de aula para ser aplicado em turmas das séries iniciais doEnsino Fundamental, e que privilegie o que foi estudado em nossa disciplina sobre a posturado professor de língua portuguesa, diante da tríade - leitura, análise lingüística e produçãotextual. Sabemos que o plano de aula é um instrumento do trabalho docente.

No entanto, considerando o que você já sabe sobre tipos e gêneros textuais, seuplano de aula terá como objetivo a produção de um CONTO por seus educandos. Paratanto, você poderá eleger um tema à sua escolha e uma das séries (1ª à 4ª) que deve seraplicado.

Não é demais ressaltar que, em sua atividade cotidiana, trabalhar com os diversosgêneros textuais é algo necessário e de suma importância. Para auxiliá-lo em sua tarefa,vamos relembrar a estrutura de um plano de aula, no modelo a seguir:

5.5.5.5.5.

Etapa Etapa Etapa Etapa Etapa 22222

Etapa Etapa Etapa Etapa Etapa 33333

Um somUm saborUma corUma dimensãoUma imagem

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Colégio:Disciplina:Série/Turma :Professor(a):

PLANO DE AULA

TEMA: DURAÇÃO:

1.OBJETIVOS 2.CONTEÚDO 3.MÉTODO 4.RECURSOS 5.AVALIAÇÃO 6.REFERÊNCIAS 7.OBSERVAÇÕES

1.1 Geral:

1.2 Específico:

3.1 Introdução

3.2 Desenvol- vimento

3.3 Conclusão

* Pronto, agora que você já viu uma sugestão sobre como organizar sua aula, planeje-se! Este é, sem dúvida,o primeiro e mais importante passo para o sucesso de seu trabalho.

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Portuguesa

GlossárioGlossárioGlossárioGlossárioGlossário

ANTAGONISMO – s.m.. Oposição de idéias ou de sistemas. Rivalidade,incompatibilidade.

COMPROBATÓRIO – adj. Que contém prova ou provas do que se diz; que servepara comprovar; comprobativo, comprovativo.

DIGLOSSIA – s.f. Estado de quem é bilíngüe. Utilização corrente de duas línguas.

EU-LÍRICO – s.m. É a voz que fala no poema.

IDEOLOGIA – s.f. Ciência da formação das idéias; tratado das idéias em abstrato;sistema de idéias.

INVEROSSÍMEL – adj. Sem verossimilhança; que não parece, não tem visos deverdadeiro, inacreditável.

PICTÓRICO – adj. Referente à, ou próprio da pintura; pictorial, pitoresco, pictural.

PLURISSIGNIFICAÇÃO – s. f. Muitos significados de uma só palavra.

POMBALINO – adj.. Relativo ao, ou próprio do primeiro Marques de Pombal,Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782), estadista português ou à sua época.

PRAGMÁTICA – s. f. – Conjunto das normas formais e rigorosas.

PRECEPTOR – s.m. Aquele que ministra preceitos ou instruções.

PROFICIENTE – adj. Que tem perfeito conhecimento; competente, capaz, hábil,destro.

RETÓRICA – s. f. Eloqüência, oratória.

SEARA – s.f. Agremiação, associação, partido.

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AZEVEDO, Aluísio de. O Mulato. Rio de Janeiro: Ática, 1987.

BARBOSA, Maria T. Mitologia Poética dos Contos de Fadas no Brasil. Dis. Mestrado.Porto Alegre: PUCRS, 1991.

BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: ObrasEscolhidas: Magia e Técnica, Arte e Política. Brasiliense: São Paulo, 1936.

BILAC, Olavo. Antologia Poética. Porto Alegre: L&PM, 2002.

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