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MENTALIDADE CRISTÃ: EM BUSCA DE UM PENSAMENTO INTEGRAL A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA BÍBLICA
Christian mentality: in search of a holistic mindset from a biblical perspective
Raphael Alexis Haeuser.1
RESUMO
Este trabalho discute os obstáculos e as razões para a formação de uma mentalidade cristã que capacite os cristãos a interagirem com conhecimento não-religioso a partir de uma perspectiva bíblica. Para isso, é preciso ter uma estrutura de pensamento que supere a dicotomia sagrado-secular uma vez que ela não se interessa pela realidade total. Uma estrutura mais adequada para essa integração de conhecimento é o motivo-base reformacional criação-queda-redenção-consumação por ter uma abordagem integral.
Palavras-chave: Mentalidade cristã; Dualismo; Integração bíblica.
ABSTRACT
This paper discusses the obstacles and reasons for the formation of a Christian mindset that enables Christians to interact with non-religious knowledge from a biblical perspective. To achieve this, one must have a structure of thought that overcomes the sacred-secular dichotomy since it does not care about total reality. A more appropriate structure for this integration of knowledge is the creation-fall-redemption-consummation reformacional base-motive due to its comprehensive approach.
Keywords: Christian Mindset. Dualism. Biblical Integration.
INTRODUÇÃO
Pensar de forma cristã sobre a realidade chamada “secular”
é um desafio. Muitos círculos cristãos não dão o devido valor à
1 Coordenador do Atos, Centro de Formação e Treinamento do Janz Team Gramado. Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Sul-Americana e especialização em Teologia Bíblica do Novo Testamento Aplicada pela Faculdade Teológica Batista do Paraná. E-mail: [email protected].
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racionalidade humana por considerarem-na pouco espiritual,
já outros veem uma total desconexão entre fé e razão ou entre
as Escrituras e a ciência. Diante disso, existe a necessidade de
desenvolver uma estrutura de pensamento cristão que supere a
dicotomia sagrado-secular, adotando uma perspectiva integral e
centrada nas Escrituras, a partir da qual é possível analisar os mais
variados campos de conhecimento.
Entende-se que uma mentalidade cristã não apenas é possível,
mas também imprescindível para a formação espiritual integral
de seguidores de Cristo, para o cumprimento mais eficiente da
missão da igreja e para um cristianismo mais relevante e engajado
com a cultura em geral. Isso pode ser alcançado quando se adota
o motivo-base bíblico ou reformacional criação-queda-redenção-
consumação como a estrutura que molda o pensamento e que
capacita o cristão a interagir adequadamente com o conhecimento
não-religioso.
Dentro dessa proposta, apresentar-se-á a necessidade de
buscar uma mentalidade cristã a partir de John Stott, Luiz Sayão
e Robson Ramos; depois, a partir de Herman Dooerweerd,
conforme discutido por Guilherme de Carvalho, Francis Schaeffer
e Mark Greene, será denunciada a inadequação de concepções
dualistas da realidade; e, finalmente, será discutida a formação de
uma estrutura cristã de pensamento a partir das Escrituras com
base no pensamento de Harold Klassen e Donavan Graham.
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1. A NECESSIDADE DE UMA MENTALIDADE CRISTÃ
1.1. O problema do Anti-intelectualismo
O anti-intelectualismo é uma das características do mundo
atual e um dos grandes desafios do cristianismo evangélico de
hoje. Segundo a Enciclopédia de Bíblia, Filosofia e Teologia,
o anti-intelectualismo é “a ideia de que o intelecto humano
não é suficiente ou digno de confiança para a obtenção do
conhecimento, quer isolado, quer combinado com a percepção
dos sentidos”.2 O anti-intelectualismo também faz parte da igreja
cristã a ponto de muitos crentes hoje considerarem a teologia
com desprazer e desconfiança, ou entenderem que a razão é
inadequada para obter-se conhecimento espiritual, desprezando
a atividade intelectual e o estudo, resultando em ignorância e
crendices, maquiados de espiritualidade.
Dentre as várias possíveis razões por que alguns cristãos
têm essa postura anti-intelectualista, Sayão (2001) e Moreland
& Graig (2005) destacam a compreensão equivocada de
Colossenses e 2:8 e 1 Coríntios 1:21 de que a filosofia é
claramente condenada na Bíblia e, por isso, deve-se rejeitar
a reflexão filosófica e intelectual. É verdade que Colossenses
2:8 traz a única menção da palavra “filosofia” na Bíblia, mas
Paulo está combatendo um tipo específico de filosofia herética,
o gnosticismo; e não à filosofia como um todo e muito menos
o pensamento e o raciocínio. Já em 1 Coríntios 1:21, Paulo não
está fazendo um contraste entre uma apresentação racional e
2 Russel CHAMPLIN & João BENTES, João. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, p. 189.
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uma não-racional do Evangelho, mas sim um contraste entre a
sabedoria humana e a revelação divina.
Outra razão aparentemente bíblica destacada por Stott
(1978) é a noção de que a Queda e o pecado obscureceram a mente
e o intelecto de tal forma que eles são incapazes de encontrar
a verdade e explicar as realidades espirituais, perpetuando o
dualismo e a ideia de que fé e razão são mutuamente excludentes.
Porém, seguindo o conceito reformado de “depravação total”,
cada parte do ser humano se corrompeu, incluindo a vontade e
as emoções, e não só a mente. Embora a Queda tenha provocado
a deturpação das faculdades humanas, ela não as destruiu, pois
ainda na condição de pecadores, as pessoas são convidadas por
Deus a refletir sobre a sua condição.3
Dessa forma, quando se foge à responsabilidade dada por
Deus do uso cristão de nossas mentes e abrimos mão da reflexão
para que as coisas “funcionem”, acabam-se introduzindo ideias e
valores anticristãos nas nossas vidas e igrejas e, consequentemente,
promovendo a secularização do cristianismo. Por isso, Stott não
entende que o anti-intelectualismo seja um símbolo de devoção
como alguns círculos cristãos propõem, mas sim de mundanismo,
pois é no fundo uma forma de se conformar com a mentalidade
da sociedade secular atual.
1.2. Razões para uma Mentalidade cristã
Seguindo a argumentação de Stott (1978), serão apresentadas
três razões por que uma mentalidade cristã faz-se necessária.
Primeiramente, sendo criado à imagem de Deus, o ser humano é
3 Isaías 1:18; Mateus 16:1-4; Lucas 12:54-57.
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dotado com a capacidade única de pensar, pois Deus se comunica
com o ser humano de uma forma que não se comunica com o
restante da criação. Embora os animais tenham cérebros, somente
o ser humano tem o que a Bíblia chama de “entendimento” e,
por isso, espera-se que o ser humano não se rebaixe ao nível dos
animais.4 Por isso, a Bíblia é irônica quando a conduta de animais
é mais “humana” do que a de alguns homens.5
Em segundo lugar, Deus se revelou racionalmente através
da natureza (revelação geral)6 e das Escrituras (revelação especial)
e cabe ao ser humano usar sua mente para compreender essas
duas formas de revelação. O fato de que Deus se revelou por meio
de palavras e proclama o Evangelho ao homem pecador através
de palavras demonstra que nossas mentes não apenas têm a
capacidade, mas também a responsabilidade de entender. Além
disso, toda pesquisa científica parte do pressuposto de que o ser
humano tem capacidade para ler e compreender os processos da
natureza estabelecidos por Deus.
Por fim, uma mentalidade cristã nos ajuda na tarefa
da evangelização e do discipulado, pois não é aconselhável
menosprezar a influência do poder das ideias e do pensamento
humano. Como afirma Sayão, “É preciso entender que o mundo
é governado por ideias. As ideias e os valores acabam tendo muito
mais peso do que as coisas”.7 Mais forte do que o poder político ou
militar é o poder ideológico que domina e governa o mundo. Nesse
4 Salmos 32:9; 73:22.5 Provérbios 6:6-11; Isaías 1:3; Jeremias 8:7.6 Salmos 19:1-4; Romanos 1:18-21.7 Luiz SAYÃO. Cabeças Feitas: filosofia prática para cristãos, p. 10.
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sentido, cabe a pergunta: o que significa conquistar o mundo para
Cristo? A resposta óbvia é que faz-se necessário o desenvolvimento
de uma mentalidade cristã. Nas palavras de Charles Malik: “A
evangelização tem duas tarefas: converter as pessoas não apenas
espiritualmente, mas também intelectualmente”.8 Ademais, o
Evangelho nunca é ouvido no isolamento, pois sempre é recebido
dentro de um contexto cultural. Por isso, saber articular uma
apresentação do evangelho que seja ao mesmo tempo fiel às
Escrituras e relevante no mercado de ideias é uma questão crucial
para o cristão. Nessa tentativa de contextualização, Schaeffer
(1978) alerta que é preciso levar em conta que há certos fatos
imutáveis e verdadeiros, e que se forem alterados, o Cristianismo
se converte em algo diferente, deixando de ser Cristianismo, e ele
destaca que:
Cada geração da igreja, em suas circunstâncias particulares, em seu cenário próprio, tem a responsabilidade de comunicar o evangelho em termos que se possam entender, consideradas a linguagem e as formas de pensamento do ambiente ou período específico em que a comunicação se processa.9
Sendo assim, o objetivo de uma mentalidade cristã é
“compreender o mundo ao nosso redor, influenciados pela
verdade de Deus, a ponto de, mesmo imperfeitamente, pensarmos
os pensamentos de Deus a respeito de qualquer assunto”,10 uma
vez que, de acordo com Harry Blamires, “uma mente cristã é uma
mente treinada, informada e equipada para manusear os dados
8 Citado por J. P. MORELAND & William Lane CRAIG. Filosofia e Cosmovisão Cristã, p. 15.9 Francis SCHAEFFER. A Morte da Razão, p. 93.10 Robson RAMOS. Evangelização no Mercado Pós-Moderno, p. 20.
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de uma controvérsia secular dentro de um quadro de referência
constituído por pressuposições cristãs”.11
2. A INADEQUAÇÃO DO DUALISMO SAGRADO-
SECULAR
Um quadro de referência supostamente bíblico que ainda
tem muita influência sobre o Cristianismo e a espiritualidade
cotidiana é o dualismo sagrado-secular. Por isso, esta seção
discutirá a sua origem e funcionamento, bem como apresentará
argumentos em favor da sua inadequação.
2.1. A origem do dualismo
Carvalho (2006), sintetizando o pensamento de
Dooyerweerd, afirma que, embora a Queda signifique que o
ser humano e restante da criação não funcionem mais como
deveriam, o ser humano ainda é portador da imago Dei e,
portanto, um ser que não pode ser não-religioso; e, por isso,
propõe que “o princípio motivador e controlador de uma cultura
não é, primariamente, a política, a economia ou as ideias, mas
a religião”.12 Somos movidos por um “motivo-base religioso” que
controla “a cultura por meio do centro religioso do homem”.13
Esse centro religioso ou é orientado pelo Espírito Santo, “que
direciona o homem, e com ele, toda a criação para a reconciliação
com Deus”,14 formando um motivo-base bíblico; ou pelo espírito
11 Ibid., p. 20.12 Grifo do autor, citado por Guilherme de CARVALHO, O Dualismo Natureza/Graça e a Influência do Humanismo Secular, p. 125.13 Ibid., p. 126.14 Ibid., p. 125.
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da apostasia, “que distancia o homem de Deus e direciona seu
coração para o horizonte temporal da experiência, para que ele
adore a um ídolo,”15 formando motivos-base apóstatas.
Além de serem essencialmente idólatras, os motivos-base
apóstatas ocidentais são “irrecuperavelmente dualistas”, uma vez
que introduzem tensões insolúveis. Uma tentativa insatisfatória
de conciliar essas tensões é absolutizar o relativo (criar um ídolo),
porém, simultaneamente, os outros relativos se levantam num
eterno contraponto, impossibilitando a conciliação. Outra opção
inviável é buscar fazer uma síntese entre motivos-base apóstatas
e o motivo-base bíblico. No entanto, como o motivo bíblico é
integral, ele resiste ser interpretado a partir de um motivo dualista.
2.2. O dualismo nos motivos-base apóstatas do Ocidente
Dooyerweerd identificou três motivos-base apóstatas na
cultura ocidental: o motivo-base grego matéria/forma, o motivo-
base escolástico natureza/graça e o motivo-base humanista
natureza/liberdade.
Embora todos os três sejam dualistas e tenham exercido
influência no pensamento cristão, é o segundo, o motivo-base
escolástico natureza/graça, que é mais relevante para essa pesquisa.
Schaeffer (1974), por exemplo, entende que embora existam
muitos pontos de partida distintos para se explicar a mentalidade
do homem moderno, mas foi Tomás de Aquino (1225-1274) que
“transformou o mundo de um modo muito real”. Ele “abriu
caminho para a discussão que convencionalmente é designada de
15 Ibid., p. 126.
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‘natureza e graça’”.16 Para Aquino, o mundo é dividido em dois
“andares”, o superior é o da graça, e o inferior é o da natureza.
O andar superior da graça é o “sagrado” que inclui o Criador
(Deus), as coisas celestes, a alma humana, a unidade e toda a
dimensão espiritual e sobrenatural; enquanto que o andar inferior
é o “secular”, que inclui a criação (natureza), as coisas terrenas, o
corpo humano, a diversidade e toda a dimensão natural.
Ao abrir espaço para o andar inferior, Aquino conseguiu
valorizar a natureza, o que é bíblico, uma vez que ela faz parte da
boa criação de Deus. Porém para ele, a Queda fez com o que o
ser humano perdesse um dom sobrenatural (graça), mantendo a
sua natureza intacta. “Na concepção tomista a vontade humana
estava decaída, mas não o intelecto. Dessa noção incompleta
do conceito bíblico de Queda, defluíram todas as dificuldades
subsequentes. O intelecto humano se tornou autônomo”.17 Isso
abriu a porta para a autonomia do andar inferior, o que teve
uma série de desdobramentos negativos, como (1) a autonomia
da razão humana, que não presta mais contas a Deus; (2) uma
visão reduzida da vida humana, vista no desprezo pelo “prazer,
o cuidado do corpo, as atividades artesanais e técnicas e uma
supervalorização das atividades contemplativas”;18 (3) o surgimento
de uma teologia natural, formulada à parte das Escrituras; e (4),
finalmente, a total ausência de um ponto de contato real entre
o andar superior e o inferior. “Na perspectiva escolástica, a fé
deveria orientar a razão para que esta compreendesse as verdades
16 Francis SCHAEFFER. Op. Cit., p. 7.17 Ibid., p. 9.18 Guilherme de CARVALHO. Op. Cit., p. 135.
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do evangelho, mas tal orientação não era considerada necessária
para que a razão compreendesse a natureza!”.19
2.3. Implicações práticas de uma mentalidade dualista
Esse dualismo não é meramente abstrato ou acadêmico, pois
como afirma Schaeffer: “Tais coisas jamais são apenas teóricas,
pois que o homem age de acordo com o seu modo de pensar”.20
Assim, esse dualismo se manifesta na dicotomia diária entre o
sagrado e o secular, o que Greene (2010) identifica como sendo
o maior desafio que a Igreja enfrenta hoje. Segundo ele, tem-se
a crença geral de que a vida é uma bergamota e não um pêssego,
no sentido de que apenas alguns segmentos da vida humana são
realmente importantes para Deus, como oração, igreja, culto,
atividades na igreja, ministério, mas outros não, como trabalho,
escola, universidade, esportes, artes, música, descanso, sono
e lazer. Para Greene, o problema-chave não é que se falhou em
considerar isto ou aquilo como importante, mas que tem-se
falhado em considerar a totalidade da vida como importante.
Ter uma mentalidade dualista além de não fazer jus à
revelação bíblica e ao Evangelho de Cristo traz em si uma série de
implicações teóricas e práticas negativas denunciadas por Padilla
(2009). Uma é a distinção entre clero e laicato que está na raiz
do problema de muitos cristãos “domingueiros” que frequentam
nossas igrejas, e outra é a apresentação de um evangelho deficiente,
em que Deus estaria apenas interessado em “salvar almas” como
se a obra de Cristo na cruz visasse apenas à reconciliação do ser
19 Ibid., p. 134.20 Francis SCHAEFFER. Op. Cit., p. 26.
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humano e Deus, e não a reconciliação de todas as coisas.21
As implicações acima são consideráveis e merecem um
estudo à parte. Mantendo o foco na questão da mentalidade
cristã, vemos que esse dualismo perpetua o anti-intelectualismo
já discutido anteriormente, pois a razão não participa da fé
e vice-versa. Frequentemente, a falta de impacto da Igreja é
atribuída a fatores ideológicos externos como o surgimento da
pós-modernidade, ou econômicos como o poder do consumismo,
ou culturais promovidos pela mídia e pela indústria do
entretenimento. Porém, para Greene
o problema com esse diagnóstico é que ele tende a sugerir que o evangelho de Jesus crucificado e ressurrecto é impotente para resistir aos ataques violentes dessas forças externas, e não tem credibilidade para oferecer uma alternativa transformadora. Em outras palavras, nós culpamos o mundo pela deterioração dos valores cristãos no mundo, e talvez não nos perguntamos até que ponto nós somos responsáveis.22
Essa dicotomia tem levado à falta de envolvimento cristão
nas esferas tidas como “seculares” ou “mundanas”, e, ao fazermos
isso, estamos abrindo mão do nosso chamado para sermos sal e luz
do mundo, promovendo inconscientemente e involuntariamente
a secularização tanto da sociedade como da Igreja. Na análise de
McDowell & Beliles:
O século XX provou ser o maior período de apostasia e secularização da cultura americana. [...] O triste é que isso não aconteceu porque o paganismo suplantou o pensamento cristão. Isto aconteceu simplesmente porque os cristãos começaram a aceitar uma premissa teológica errônea [...] que lhes ensinava
21 Colossenses 1:20.22 Mark GREENE. The Great Divide, p. 7.
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a se separar das coisas que eram ‘mundanas’ ou não espirituais e que seria desperdício de tempo se envolver com tais coisas porque tudo só iria piorar até a vinda de Cristo.23
Essa realidade precisa ser contraposta com uma premissa
teológica correta de santidade integral e do envolvimento do
cristão em todas as esferas da vida. Essa conexão pode ser vista na
interpretação de Greene sobre a santidade no livro de Levítico.
Ele diz que:
A santidade se manifesta em como vivemos nossa vida no mundo material. Tem a ver com controle de doenças (Lv 12-16); relacionamentos piedosos (Lv 18); pesos e balanças honestas (Lv 19:36); falar a verdade, evitando a maledicência (Lv 19:11 e 16); assegurando que os pobres tenham alimentos (Lv 19:9) - fazendo tudo isso para a glória de Deus.24
3. A ESTRUTURA INTEGRAL DO MOTIVO-BASE
REFORMACIONAL
A solução para o problema do dualismo é a redescoberta de
um cristianismo integral que molda todas as atitudes e atividades
daqueles que se propõem a serem verdadeiros discípulos de
Cristo, capacitando-os a pensarem de forma cristã, mesmo que
fora do contexto religioso. Esse era o caminho dos reformadores
que entendiam que “o cristianismo monástico não poderia ser
superior ao cristianismo do sapateiro, porque não havia uma esfera
ideal ‘superior’ à esfera ‘natural’”.25 Greene também concorda ao
afirmar que
23 Stephen McDOWELL & Mark BELILES. Libertando as Nações: princípios bíblicos de governo, educação, economia e política, p. 161.24 Mark GREENE. The Great Divide, p. 16.25 Guilherme de CARVALHO, Op. Cit., p. 137.
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Uma perspectiva integral nos capacita a ver que cada contexto que nós nos deparamos não é apenas um lugar para mostrar um caráter cristão - modelar o jeito de Jesus - mas também um lugar para ministrar aos outros, para ser um porta-voz da verdade, da justiça e do evangelho, para fazer discípulos e para fazer cultura - modelar a maneira como as coisas são feitas26.
Assim, o motivo-base reformacional, que é centrado na
direção do Espírito Santo, rejeita tanto o dualismo quanto o
humanismo autônomo dos motivos-base apóstatas e faz das
Escrituras a sua autoridade final, embora não única. Graham
(2009) destaca que ao utilizar-se a Bíblia dessa forma, deve-se levar
em consideração que ela não deve ser usada de forma simplista
como uma fonte de textos-prova sobre os mais variados assuntos,
mas sim como a “base para construir uma estrutura de pensamento
que informa e orienta nossa investigação sobre qualquer assunto”.27
Schaeffer acrescenta: “Com base nas Escrituras, embora não
tenhamos conhecimento completo [porque ela não é exaustiva],
podemos alcançar um conhecimento verdadeiro e unificado”,28
a fim de desenvolver essa estrutura ou sistema. Ele ainda afirma:
Admiro o sistema bíblico visto como sistema. Embora possamos não gostar da conotação do termo sistema, pois que se afigura um tanto frio, não quer isto dizer que o ensino bíblico não constitua um sistema. Tudo recede ao princípio e, dessa forma, o sistema se reveste de beleza e perfeição únicas, uma vez que tudo se acha sob o ápice do sistema. Tudo começa com a espécie de Deus que está ‘presente’. Este é o princípio e o ápice de todo, tudo daí defluindo de maneira não contraditória.29
26 Mark GREENE. Op. Cit., p. 22.27 Donavan GRAHAM. Teaching Redemptively, p. 14.28 Francis SCHAEFFER. Op. Cit., p. 20.29 Ibid., p. 24.
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De acordo com Graham (2009) e Klassen (2006), é possível
elaborar uma estrutura ou sistema de pensamento cristão a partir
da identificação de temas, conceitos e doutrinas encontrados
nas Escrituras. Assim, a estrutura do motivo-base bíblico se
caracteriza pela existência de quatro momentos que trazem
diferentes contribuições para a formação de uma mentalidade
cristã sobre qualquer assunto. Estes quatro momentos serão
analisados a seguir.
3.1. A Criação e os reflexos do Criador
O motivo-base bíblico reconhece que todo o cosmos foi
criado por Deus e é, portanto, intrinsecamente completo e bom,
refletindo o caráter do Criador de modo que o universo tem
uma estrutura, uma ordem e uma unidade mesmo em meio à
diversidade. Graham (2009) argumenta que a criação passou por
três estágios: (1) Deus criou a “matéria” a partir do nada, (2) Deus
organizou essa matéria caótica de modo que a natureza funciona de
modo harmonioso, demonstrando que há uma ordem normativa
no universo e (3) Deus continua a governar sobre a sua criação e
recrutou os seres humanos para cuidarem dela como mordomos,
refletindo assim a ordem normativa ou “lei” estabelecida por
Deus. Essa lei ou ordem normativa se manifesta de duas formas:
nas leis da natureza: (gravidade, movimento, termodinâmicas,
etc.) e nas leis da cultura e sociedade. Essas leis ou ordem foram
estabelecidas por Deus para que indivíduos e instituições sociais
se relacionem e funcionem de modo que Deus seja glorificado.
A Criação esclarece que além da revelação especial de
Deus através das Escrituras, temos a revelação geral de Deus na
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natureza, o que assinala que essas leis da natureza e da cultura
e sociedade podem ser discernidas através da integração entre
o que descobrimos através do estudo das Escrituras, bem como
o que descobrimos através da pesquisa, observação e estudo da
natureza, da cultura e da sociedade. Se é verdade que o Espírito
Santo nos guiará em toda a verdade (e não apenas à verdade
“religiosa”), então isso significa que Ele pode nos guiar e corrigir
as interpretações e compreensões não só do ensino bíblico, mas
também dos estudos científicos.
Partindo do conceito de Criação, vê-se primeiramente que
Deus está envolvido com tudo o que os seres humanos fazem e/
ou pensam, porque Deus criou todas as coisas, visíveis e invisíveis
para Ele,30 e tudo era bom.31 Segundo, isso significa que todas as
coisas têm um propósito e uma direção estabelecida por Deus,
sendo que um desses propósitos é revelar a Si mesmo e o Seu
caráter,32 mesmo que, devido à finitude humana, não seja possível
apreender Deus plenamente. E, finalmente, entende-se que todas
as estruturas da criação são boas, incluindo a ordem normativa
que Deus estabeleceu para a cultura e a sociedade.
Na prática, isso implica que a natureza deve ser tida em alta
estima, pois mesmo caída, ela ainda reflete o caráter do Criador.
Pensando mais especificamente na questão de uma mentalidade
cristã, a criação ensina que mesmo o estudo de material não-
bíblico deveria revelar reflexos de Deus. Embora a ciência não
possa ser vista como autônoma, interpretando as Escrituras,
30 Romanos 11:36; Colossenses 1:16; Hebreus 2:10.31 Gênesis 1:31.32 Romanos 1:19-20; Salmos 19:1-4.
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ela possibilita um entendimento melhor de vários aspectos do
caráter, da criação e da atividade de Deus. Nesse sentido, é possível
aproveitar criteriosamente os produtos culturais de não-cristãos,
pois eles também foram criados à imago Dei e são receptores da
graça comum de Deus, evidenciando capacidades e talentos que
mostram a glória de Deus, ainda que não reconheçam a origem
divina dos seus dons.
3.2. A Queda e as distorções do pecado
A Queda não trouxe alienação apenas para o ser humano,
mas para toda a criação, fazendo com que tudo ficasse sujeito à
poluição e perversão, afetando também a cultura e a sociedade
com as suas instituições. As coisas já não são mais boas como
eram quando Deus as criou, pois não estão mais no seu estado
original. Logo, presumir que tudo ainda é bom inevitavelmente
levará à decepção e à perda de todos os padrões de bondade. Por
outro lado, presumir que tudo está errado com a criação pode
levar ao desespero total.
O motivo-base bíblico propõe que o pecado não tem existência
autônoma ou própria, pois tudo o que é capaz de fazer é distorcer
e corromper a criação, mas jamais destruir. Ou seja, as estruturas
que Deus criou ainda são boas, mas agora, via de regra, movem-
se em direção contrária a Deus, seguindo o espírito da apostasia.
Graham exemplifica isso bem quando diz que a prostituição é uma
distorção do sexo, mas isso não torna o sexo em si em algo maligno.
“Um relacionamento doloroso ainda é um relacionamento, uma
escola ímpia ainda é uma escola, um governo corrupto ainda é um
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governo, adoração idólatra ainda é adoração”.33
Graham sublinha que quando se confundem estrutura e
direção, corre-se o risco de eleger “alguns aspectos da criação de
Deus como sendo vilões da vida humana em vez de resultados
da incredulidade e rebeldia humana”.34 Além disso, como a
direção das coisas é oposta a Deus, “não é possível pensar a fé a
partir de um sistema apóstata, sintetizando doutrinas cristãs com
perspectivas anticristãs”.35
A maioria das pessoas consegue ver as distorções mais óbvias
da boa criação de Deus, embora elas nem sempre vão admitir que
o pecado seja a fonte dessas distorções. Essas distorções incluem
usar coisas boas para fins egoístas, usar parte da verdade como
se fosse toda verdade, ignorar verdades inconvenientes e esperar
que criaturas consigam realizar o que somente o Criador pode. A
queda exige discernimento porque ao mesmo tempo em que não-
cristãos podem fazer contribuições valiosas por serem portadores
da imago Dei, pressuposições centradas no ser humano, em vez de
em Deus, podem causar falhas na metodologia e nas conclusões
desses pesquisadores.
3.3. A Redenção e as revelações das Escrituras
A redenção de toda criação é alcançada pela obra de Jesus
Cristo, reconstituindo o propósito original de Deus para o ser
humano e o restante da criação, já que o termo traz a imagem
da recuperação de um objeto perdido ou o resgate de uma
33 Donavan GRAHAM. Op. Cit., p. 30.34 Ibid., p. 30.35 Guilherme de CARVALHO. Op. Cit., p. 142.
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pessoa sequestrada. De acordo com as Escrituras, Deus sempre
esteve envolvido com a sua criação caída no sentido de trazê-la
de volta para si.36 A vida, morte, ressurreição e ascensão de Jesus
confirmam o amor do Pai bem como Sua completa provisão para
nossa restauração com Ele mesmo e com Seus propósitos para
nossas vidas.37 Assim, Cristo não veio apenas para libertar o ser
humano da escravidão e da cegueira do pecado para que ele possa
fazer a vontade de Deus, mas também para que ele possa ver Deus
na Sua criação.
Isso tem alguns desdobramentos importantíssimos para
a construção de uma mentalidade cristã. A base está no fato de
que não há autonomia humana, e, por isso, a resposta para as
distorções do pecado nunca é encontrada nos esforços humanos,
mas numa mudança de coração do ser humano, que só pode
ser realizada pelo próprio Deus. Além disso, há uma diferença
qualitativa entre o ser humano e Deus. Como Deus é tão maior
do que o ser humano, mesmo que este tenha sido feito à Sua
imagem, ainda é dependente da Sua autorrevelação nas Escrituras
e pelo Espírito Santo. Nesse sentido, as pessoas redimidas podem
ver a realidade terrena da perspectiva de Deus, pois têm o Espírito
que as capacita, corrige e orienta. O cristão não está abandonado
aos seus próprios recursos para determinar o que é um reflexo de
Deus e o que é uma distorção. Isso está revelado nas Escrituras.38
Pensando mais praticamente, verifica-se que soluções
externas para restringir o mal são úteis, mas ineficientes para
36 João 6:44.37 João 3:16; Hebreus 4:15.38 1 Tessalonicenses 5:21.
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mudar o coração das pessoas.39 As verdadeiras soluções lidam com
a presença real do mal no interior do ser humano, bem como
com a influência destrutiva de Satanás no mundo. Por isso, as
pessoas redimidas são chamadas a “dar testemunho do caráter de
Deus na cultura, servindo como placas apontando para o reino”.
Olhando a questão dessa perspectiva, a missão da igreja não é
apenas “evangelística”, mas muito mais integral.
Como afirma Carvalho:
A missão da igreja é, ao lado de Cristo, realizar o plano original de Deus numa nova criação e, esse propósito deve manifestar desde já na cooperação da igreja com Cristo para o desvelamento das riquezas que ele pôs na criação, por meio da atividade cultural em todos os níveis da vida, a partir da fé no evangelho.40
3.4. A consumação e as aplicações dos propósitos
Enquanto que algumas discussões sobre o motivo-base
reformacional e integração bíblica mencionem os quatro
elementos da nossa estrutura, outras apenas mencionam três.
Aqueles que não mencionam a consumação geralmente incluem
as ideias básicas da consumação dentro da redenção e da criação.
Para Klassen, porém, discutir a consumação separadamente
tem a distinta vantagem de abordar claramente o que acontece
depois que uma pessoa torna-se cristã. O perigo de entender a
conversão como o fim de tudo cria “uma mentalidade centrada
no ser humano, como se resolver o problema do pecado humano
fosse o único papel de Deus no universo”.41 A consumação, por
39 Colossenses 2:20-23.40 Guilherme de CARVALHO. Op. Cit., p. 128.41 Harold KLASSEN. Visual Valet: personal assistant for christian thinkers and teachers, p. 19.
102 Raphael Alexis Haeuser, Vol. 14, n.27, jun.2013, p. 83 - 104 | Via Teológica
outro lado, remete à reflexão nos propósitos eternos de Deus
que existem desde antes da criação e continuarão ao longo da
eternidade. Ao fazer isso, adota-se uma perspectiva da realidade
que está centrada em Deus.
Sendo assim, quem quer pensar de forma cristã precisa
identificar as leis ou a ordem normativa presente na criação a
partir da estrutura do motivo-base reformacional e, então, aplicá-
las ao cotidiano. Isso implica (1) que o cristão, como filho de
Deus, não deve rejeitar nenhuma área de pesquisa da criação
porque todas as áreas revelam algo sobre Ele, produzindo uma
intimidade maior com o Deus-Pai; (2) que o cristão, como membro
do corpo de Cristo, é dotado pelo Espírito Santo com diferentes
motivações, papéis e resultados ministeriais a fim de realizar
propósitos de Deus no mundo e (3) que o cristão, como uma
pedra viva do Templo do Espírito, é lembrado que a consumação
dos propósitos divinos sempre envolve uma resposta de gratidão,
louvor e adoração.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para ir em direção a uma mentalidade cristã, é preciso
reconhecer as conexões entre o que a Bíblia tem a dizer e o que
cada ser humano é, sabe e faz como indivíduo. Pensar de forma
cristã não é sobre encontrar a única forma cristã de se lidar
com determinado assunto, mas sobre encaixar o conhecimento
humano, mesmo o não-religioso, dentro da estrutura do motivo-
base reformacional. Essa estrutura certamente não responderá
todas as perguntas pertinentes a essa ou àquela área de
conhecimento, mas fornecerá um ponto de partida para a reflexão
103Via Teológica | Raphael Alexis Haeuser, Vol. 14, n.27, jun.2013, p. 83 - 104
bíblica sobre a realidade, bem como uma forma de avaliar e filtrar
perspectivas não-cristãs sobre os mais variados assuntos.
Um exemplo rápido é suficiente para ilustrar a importância
dessa perspectiva. Se o trabalho for analisado a partir de uma
perspectiva dualista, será perpetuada a dicotomia clero-laicato
ou uma falsa hierarquia de santidade que entende que “pessoas
realmente santas se tornam missionários, pessoas meio santas
se tornam pastores, e as pessoas que não são muito próximas
de Deus arrumam um emprego”.42 Por outro lado, uma visão
integral enxerga o trabalho como algo bom porque reflete o
caráter de Deus, o primeiro trabalhador (Criação). Porém, não
podemos nos esquecer de que o trabalho pode se tornar um
ídolo, ser abusivo e opressivo, ou até mesmo financiar crimes,
vícios, etc. (Queda), mas isso não o torna mau em si, pois ele
pode ser redimido através do discernimento do Espírito sobre
como proceder em cada situação (Redenção). Por fim, o motivo-
base bíblico nos lembra que Deus usa todas as coisas, inclusive
um emprego aparentemente pouco espiritual, para a realização
dos seus propósitos eternos (Consumação).
Assim, demonstrou-se que essa forma de pensar tem
implicações revolucionárias à medida que pode ser facilmente
aplicada a outras áreas do conhecimento humano, gerando
transformação pessoal e benefícios sociais duradouros.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Guilherme de. O dualismo natureza/graça e a influência do humanismo secular. In: LEITE, Cláudio. A. C.,
42 Mark GREENE. Op. Cit., p. 11.
104 Raphael Alexis Haeuser, Vol. 14, n.27, jun.2013, p. 83 - 104 | Via Teológica
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