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Cadernos de Educao: Ensino e Sociedade, Bebedouro-SP, 1 (1): 204-218, 2014.

A importncia do letramento nas sries iniciais

(The importance of literacy initial series)

Vanessa Fulaneti de Almeida1; Alessandra Corra Farago2

1Graduao - Centro Universitrio UNIFAFIBE - Bebedouro - SP [email protected]

2Centro Universitrio UNIFAFIBE - Bebedouro-SP;

[email protected]

Abstract. To address issues related to the process of literacy and literacy, it is understood that they are inseparable processes that must go together. It is important that literacy practices occur which designates the educational activity of using the social practices of reading and writing, allowing us to understand the importance and need to develop them in the early grades. The construction of written language in children occurs as a continuous work in considering the significance that writing has on society. This research is characterized as exploratory and scientific literature. Currently the children come to school with different types of knowledge, it is necessary that the teacher make use of reading and writing texts using various carriers, so that the child can interact with the world of letters at the beginning of their schooling. Keywords. Literacy; Social practices of reading and writing in the early grades. Resumo. Ao abordar questes relacionadas ao processo de alfabetizao e letramento, entende-se que so processos indissociveis que devem caminhar juntos. importante que ocorra prticas de letramento o qual designa a ao educativa do uso de prticas sociais de leitura e escrita, permitindo compreender a importncia e a necessidade em desenvolv-las nas sries iniciais. A construo da linguagem escrita na criana se d como um trabalho contnuo ao considerar a significao que a escrita tem na sociedade. Essa pesquisa se caracteriza como cientfica exploratria e bibliogrfica. Atualmente as crianas chegam Escola com diversos tipos de conhecimentos, necessrio que o educador faa uso da leitura e da escrita utilizando diversos portadores de textos, para que assim a criana possa se interagir com o mundo letrado no incio de sua escolarizao. Palavras-chave. Alfabetizao; letramento; prticas sociais de leitura e escrita nas sries iniciais.

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1. Introduo

Ao abordar questes relacionadas ao processo de alfabetizao e letramento,

entende-se que so processos indissociveis que devem caminhar juntos, sendo que

alfabetizado aquele aluno que conhece o cdigo escrito, sabe ler e escrever.

Desse modo, letramento, designa a ao educativa de desenvolver o uso de

prticas sociais de leitura e escrita em contextos reais de uso, inicia-se um processo

amplo que torna o indivduo capaz de utilizar a escrita de forma deliberada em diversas

situaes sociais.

A construo da linguagem escrita na criana faz parte de seu processo geral, se

d como um trabalho contnuo de elaborao cognitiva por meio de insero no mundo

da escrita pelas interaes sociais e orais, considerando a significao que a escrita tem

na sociedade.

Podemos entender tal relevncia no sentido da participao crtica nas prticas sociais que envolvem a escrita, mas tambm no sentido de considerar o dilogo entre os conhecimentos da vida cotidiana, constitutivos de nossa identidade cultural primeira, com os conhecimentos de formas mais elaboradas de explicar aspectos da realidade. (GOULART, 2002, p. 52).

Atualmente, estamos vivendo em uma sociedade, em que as crianas chegam

Unidade Escolar com diversos tipos de conhecimentos em relao cultura letrada.

importante que o educador faa o uso da leitura e da escrita, utilizando diversos

portadores de textos, que contenham diferentes gneros textuais, como leitura de

anncios, revistas, jornais, realizaes de bilhetes, cartas, para que assim a criana possa

se interagir ao mundo letrado, logo no incio de sua trajetria escolar.

A experincia com textos variados e de diferentes gneros fundamental para a constituio do ambiente de letramento, a seleo do material escrito, portanto, deve estar guiada pela necessidade de iniciar as crianas no contato com diversos textos e de facilitar a observao de prticas sociais de leitura e escrita nas quais suas diferentes funes e caractersticas sejam consideradas. Nesse sentido, os textos de literatura geral e infantil, jornais, revistas, textos publicitrios, entre outros, so os modelos que se podem oferecer as crianas para que aprendam sobre a linguagem que se usa para escrever. (BRASIL, 1998, p. 151-152).

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A famlia tambm poder contribuir com as prticas de leitura e de escrita,

incentivando o treinamento das crianas em casa, para que ao chegarem escola,

possam desenvolver o trabalho com mais facilidade, recebendo logo no incio da

aprendizagem o gosto pela leitura e pela escrita.

O objetivo desse artigo compreender a importncia do alfabetizar letrando e a

necessidade em desenvolv-las nas sries iniciais, alm de identificar o papel que as

prticas de letramento desempenham em relao aos indivduos que iniciam a trajetria

escolar.

Ao trabalhar o tema relacionado com prticas de leitura e escrita, possvel

entender a necessidade em ocorrer eventuais atividades que dizem respeito ao trabalho

realizado com crianas que esto inseridas nas sries iniciais.

um momento de extrema importncia para que o educador desenvolva as

prticas de leitura e escrita no convvio escolar, o contato com diversos portadores de

textos, o entendimento dos textos pelas crianas ir incentivar a desenvolverem a

prtica de adentrar no mundo letrado com mais facilidade. Assim, as crianas estaro

sendo preparadas para conhecerem o mundo que as rodeiam, assimilando a maneira

correta de compreender o cdigo e refletir sobre ele.

Para a realizao deste estudo foi necessrio caracterizar o problema, classificar e

definir, sendo assim constitui o primeiro estgio de uma pesquisa cientfica, caracteriza-

se em uma pesquisa exploratria e bibliogrfica, que recupera o conhecimento cientfico

acumulado sobre o problema sendo de forma descritiva, as informaes obtidas no so

quantificveis os dados sero analisados indutivamente, possui interpretao de

fenmenos e atribuies de significados caracterizando uma pesquisa qualitativa.

2. Novas perspectivas para os processos de alfabetizao

A alfabetizao escolar tem sido alvo de vrias controvrsias tericas e

metodolgicas, exigindo das escolas e dos profissionais que lidam com o desafio de

alfabetizar.

Os professores, antes de estudarem a Psicognese da Lngua Escrita ensinavam

para as crianas as letras comeando pelas vogais e as slabas, respeitando a ordem

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alfabtica, elaboravam exerccios de coordenao motora, atividades de cpia para que

as crianas repetissem o nome prprio e mesmo as letras e as slabas isoladamente,

centradas no ensino de forma fragmentada e descontextualizada.

Tratava-se de uma viso de aprendizagem que era considerada cumulativa,

baseada na cpia, na repetio no reforo e na memorizao das correspondncias

fonogrficas. Desconhecia-se a importncia da criana desenvolver a sua compreenso

do funcionamento do sistema de escrita alfabtica e de saber us-la desde o incio em

situaes reais de comunicao.

Na dcada de oitenta, surgiu o termo analfabetismo funcional para designar as

pessoas que, sabiam escrever o prprio nome e identificavam letras, mas no sabiam

fazer uso da leitura e da escrita no seu cotidiano. Observou-se que, mesmo dentre os

que permaneciam por mais tempo nas escolas, alguns no eram capazes de interagir e se

apropriar da leitura e escrita.

Para Soares (2004) a alfabetizao [...] a ao de ensinar e aprender a ler e a

escrever, ao tempo que letramento [...] estado ou condio de quem no apenas sabe

ler e escrever, mas cultiva e exerce as prticas sociais que usam a escrita.

Entende-se alfabetizao como sendo um caminho para o letramento,

alfabetizado aquele indivduo que conhece o cdigo escrito, que sabe ler e escrever,

dessa forma foi necessrio ampliar esses conhecimentos, os indivduos precisavam

compreender o sentido dos textos.

A alfabetizao refere-se aquisio da escrita enquanto aprendizagem de habilidades pela leitura, escrita e as chamadas prticas de linguagem. Isso levado a efeito, em geral por meio do processo de escolarizao e, portanto da instruo formal. A alfabetizao pertence assim, ao mbito individual. (TFOUNI, 1998, p.9, e 1995, p. 9-10).

A alfabetizao supera o paradigma de mera tarefa de codificao e decodificao,

ao tempo que situa a aprendizagem do cdigo a partir dos usos sociais da escrita

atribuindo-lhes sentido e significado com base nas diferentes situaes de utilizao.

Nesse sentido, h uma ampliao da questo metodolgica, que se referindo, segundo

Frade (2007, p. 29), a um conjunto amplo de decises relacionadas ao como fazer com

decises relativas a mtodos, organizao da sala de aula, um ambiente de letramento,

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capacidades a serem atingida, escolha de materiais, procedimentos de ensino, formas de

avaliar, sempre num contexto da poltica mais ampla de organizao do ensino.

Para Soares (2004), o termo letramento surge a partir das novas relaes

estabelecidas com as prticas de leitura e escrita na sociedade, ao passo que no basta

apenas saber ler e escrever, mas que funes a leitura e a escrita assumem em

decorrncia das novas exigncias impostas pela cultura letrada.

Revelou a evoluo conceitual das crianas compreenderem como funciona o

nosso sistema de escrita, incorporou a ideia defendida por Goodmann (1967) e Smith

(1971) (apud SOARES, 2004) de que ler e escrever so atividades comunicativas e que

devem ocorrer atravs de textos reais onde o leitor ouescritorlana de seus

conhecimentos da lngua.

A tradio de alfabetizao estava vinculada a uma concepo, em que a

aprendizagem inicial da leitura e da escrita tinha como foco fazer o aluno chegar ao

reconhecimento das palavras significativas no seu meio cultural, a partir de 1980 a

alfabetizao escolar no Brasil passou por novos questionamentos, novas concepes de

resultados.

Criou-se ento, o termo letramento, com Mary Kato em 1985, para designar

aqueles que exercem prticas sociais de leitura e escrita, para alm do apenas ensinar

ler e escrever, sendo estas prticas com crianas que participam de eventos em que a

escrita integrante no processo de condies iniciais, sob os aspectos social, cultural,

cognitivo e de insero em uma sociedade letrada.

Com a divulgao das pesquisas sobre a psicognese da lngua escrita

(FERREIRO; TEBEROSKY, 1985) o enfoque construtivista tornou-se, um dos mais

influentes na elaborao de novas propostas de alfabetizao.

A proposta construtivista influenciada pelas pesquisas de Ferreiro e Teberosky

(1985) e pelos modelos de leitura propostos por Goodmann (1967) e Smith (1971)

(apud SOARES, 2004) defende uma alfabetizao contextualizada e significativa atravs

da transposio didtica das prticas sociais da leitura e da escrita para a sala de aula e

considera a descoberta do princpio alfabtico como uma consequncia da exposio aos

usos da leitura e da escrita.

Para Teberosky (1994) a formao de um vocabulrio estvel de palavras a partir

dessas prticas seria o principal referencial da criana para a descoberta do sistema

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alfabtico, uma vez que a partir dos conflitos vivenciados pela criana entre a sua

concepo original de escrita e a escrita convencional dos nomes.

No caso da alfabetizao tradicional a nfase est no cdigo, um indivduo

alfabetizado no necessariamente um indivduo letrado, alfabetizado aquele que sabe

ler e escrever, codificar e decodificar a lngua escrita.

Enquanto a alfabetizao ocupa-se da aquisio da escrita por um individuo, ou grupos de indivduos, o letramento focaliza os aspectos scio-histricos da aquisio de um sistema escrito por uma sociedade. (TFOUNI, 1995, p.20).

A construo da linguagem escrita na criana faz parte de seu processo geral, se

d como um trabalho contnuo de elaborao cognitiva por meio de insero no mundo

da escrita pelas interaes sociais e orais, considerando a significao que a escrita tem

na sociedade.

No processo de aprendizagem da criana as duas modalidades de linguagem

verbal dialogam-se na perspectiva do letramento, o qual vem sendo visto como um fator

central, afeta a cognio por intermdio do desenvolvimento tanto na transformao

conceitual do sujeito quanto na cultural, deve ser interpretado como algo geral que vai

alm da competncia para a escrita.

Crianas cujas famlias participam de atos de leitura desde muito cedo, vindo de

familiares escrevendo e lendo , chegam escola conhecendo muitos do uso e funes

sociais da lngua escrita, diferente de crianas oriundas e de famlias pouco

alfabetizadas, entendem que texto escrito aquele que a escola lhes apresenta.

A perspectiva psicogentica alterou a concepo do processo de construo da

representao da lngua escrita pela criana que deixa de ser considerada como

dependente de estmulos externos para aprender o sistema de escrita. Essa concepo

est presente nos mtodos de alfabetizao se encontra em uso, designados

"tradicionais" e passa a ser sujeito ativo capaz de construir esse sistema de

representao interagindo com a lngua escrita e em uso de prticas sociais, em que a

aprendizagem se d por uma progressiva construo do conhecimento, na relao da

criana com o objeto "lngua escrita".

O ensino da lngua escrita dominou no s no Brasil, mas tambm em vrios

outros pases, nas ltimas dcadas, uma concepo holstica da aprendizagem da lngua

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escrita, de que o princpio de que aprender a ler e a escrever aprender a construir

sentido para e por meio de textos escritos, usando experincias e conhecimentos

prvios.

A concepo tradicional de alfabetizao, traduzida nos mtodos analticos ou

sintticos, tornava os dois processos independentes, na concepo atual, os dois

processos so simultneos, deve-se conservar os dois termos, embora sejam processos

interdependentes, so processos diferentes, envolvendo conhecimentos, habilidades e

competncias especficas, que implicam formas de aprendizagem diferenciadas e,

procedimentos diferenciados de ensino.

necessrio que haja prticas de alfabetizao e de letramento nas salas de aula,

em que as crianas se interajam na cultura escrita, na participao em experincias

variadas com a leitura e a escrita, conhecimento de diferentes tipos e gneros de

material escrito para assim compreenderem a funo social que a leitura e a escrita

trazem. Contudo, importante reconhecer as possibilidades e necessidades de

promover a conciliao entre essas duas dimenses da aprendizagem da lngua escrita,

integrar alfabetizao e letramento, sem perder, a especificidade de cada um desses

processos.

3. Conceituao de Letramento

Nos pases desenvolvidos, as prticas sociais de leitura e escrita assumiam um

problema relevante no contexto de que a populao embora alfabetizada, no

denominava as habilidades de leitura e de escrita necessrias para uma participao

efetiva e competente nas prticas sociais e profissionais que envolvem a lngua escrita.

A discusso tem sido intensa nos ltimos anos, em relao aos problemas da

aprendizagem inicial da escrita, o domnio precrio de competncias de leitura e de

escrita necessrias para a participao em prticas sociais letradas e as dificuldades no

processo de aprendizagem do sistema da escrita.

Na metade da dcada de 1980 no Brasil vrios pesquisadores que trabalhavam

com as prticas de uso da lngua escrita sentiram falta de um conceito que se referisse a

esse aspecto scio- histrico do uso da escrita associadas palavra alfabetizao.

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No Brasil o movimento se deu em despertar para a importncia e necessidade de

habilidades para o uso competente da leitura e da escrita tem sua origem vinculada

aprendizagem inicial da escrita desenvolvendo-se basicamente a partir do

questionamento do conceito de alfabetizao.

Em meados de 1980 se d a inveno do termo letramento no Brasil, tornou-se

foco de participao e discusso nas reas da educao e da linguagem o que se

evidncia no grande nmero de artigos e livros voltados para o tema.

Alm da alfabetizao, este conceito de tema interdisciplinar do mbito social,

cognitivo e lingustico sendo este o letramento, um processo amplo que torna o

indivduo capaz de utilizar a escrita de forma deliberada nas situaes sociais.

Letramento a palavra e conceito recente, introduzido na linguagem da educao e das cincias lingusticas h pouco mais de duas dcadas. Seu surgimento pode ser interpretado como decorrncia da necessidade de configurar e nomear comportamentos e prticas sociais na rea da leitura e da escrita que ultrapassam o domnio do sistema alfabtico e ortogrfico, nvel da aprendizagem da lngua escrita perseguido, tradicionalmente, pelo processo de alfabetizao. (SOARES, 2004, p. 20).

O novo assunto de pesquisa sendo essas as prticas sociais refletia as

transformaes nas prticas letradas tanto dentro ou fora da escola, houve a

necessidade de reconhecer e nomear prticas sociais de leitura e de escrita mais

avanadas e complexas que as prticas de ler e de escrever resultantes da aprendizagem

do sistema de escrita.

Otermo letramento se deu por caminhos diferentes daqueles que explicam a

inveno do termo em outros pases, no Brasil discusso do letramento surge sempre

enraizada ao conceito de alfabetizao, em que os dois processos devem caminhar

juntos.

Atravs do Letramento, passou-se a entender que, nas sociedades

contemporneas, era insuficiente o mero aprendizado das primeiras letras, e que

integrar-se socialmente, envolve tambm saber utilizar a lngua escrita nas situaes

em que esta necessria, lendo e produzindo textos.

Essa nova palavra o Letramento veio para designar essa nova dimenso da

entrada no mundo da escrita, que se constitui de um conjunto de conhecimentos,

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atitudes e capacidades necessrios para usar a lngua em prticas sociais (VAL, 2006, p.

13).

O letramento abrange o processo de desenvolvimento e o uso dos sistemas de

leitura e escrita na sociedade, desse modo, se refere a um conjunto de prticas, que vem

modificando a sociedade.

Letrar mais que alfabetizar, ensinar a ler e escrever dentro de um contexto

onde a escrita e a leitura tenham sentido e faam parte da vida do aluno, designa

prticas de leitura e escrita.

A entrada da criana no mundo da escrita se d pela aprendizagem de toda a

complexa tecnologia envolvida no aprendizado do ato de ler e escrever; precisa saber

fazer uso e envolver-se nas atividades de leitura e escrita apropriar-se do hbito do

sistema de escrita.

Assim as alteraes no conceito de alfabetizao nos censos demogrficos ao

longo das dcadas permitiam identificar uma progressiva extenso desse conceito. A

partir do conceito de alfabetizao que vigorou at o censo de 1990, aquele que declara

o saber ler e escrever, sendo aquele que exerce a prtica de leitura e escrita ainda que

trivial.

Nas sries iniciais, a criana, sem ser alfabetizada, apropriada em funes e no

uso da lngua escrita, essas so crianas letradas sem serem alfabetizadas. Pode-se letrar

antes de alfabetizar ou o contrrio, essa compreenso o grande problema das salas de

aula e explica o fracasso do sistema de alfabetizao na progresso continuada.

Deve haver uma especificidade, aprendizagem sistemtica sequencial, de

aprender, no possvel ensinar a ler e escrever, ou qualquer coisa em educao, sem

um mtodo.

O letramento no s de responsabilidade do professor de lngua portuguesa ou

dessa rea, mas de todos os educadores que trabalham com leitura e escrita, cada

educador, responsvel pelo letramento em suas diferentes reas de estudo.

O letramento, o uso que se faz da lngua escrita com toda suacomplexidade, em prticas sociais de leitura e escrita, aquele indivduo que sabe ler e escrever, e que usa socialmente a leiturae a escrita, que pratica e responde adequadamente s demandas sociais. (SOARES, 2001, p 39-40).

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Pode ser considerado letrado mesmo quem no seja alfabetizado, na medida em

que ao participar de contextos de letramento utiliza estratgias orais dos conhecimentos

construdos sobre a lngua que se escreve, mesmo sem saber ler e escrever conhece a

estrutura da lngua escrita.

Para que uma criana entre no mundo da escrita, necessrio passar por dois

processos interdependentes, e indissociveis, a aquisio do sistema convencional de

escrita, sendo esse a alfabetizao e pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse

sistema em atividades de leitura e escrita, nas prticas sociais que envolvem a lngua

escrita sendo essa o letramento.

O letramento conhecido como um estudo de quem exerce prticas sociais de

leitura e escrita de quem participa de eventos em que a escrita integrante no processo

de interpretaes, interaes, atitudes e competncias discursivas e cognitivas que trs

um diferenciado estado de insero em uma sociedade letrada.

Desse modo, o presente artigo relata uma ampla compreenso da importncia do

educador trabalhar com as prticas de letramento, sendo estas prticas de leitura e

escrita, a qual necessria para entender a ao educativa de desenvolvimento do seu

uso, para ir alm do apenas ensinar ler e escrever. Assim a criana comear a entender

qual a funo que os diferentes gneros textuais iro tratar e compreend-los atravs

da leitura, compreenso e interpretao.

4. Alfabetizar Letrando nas Sries Iniciais

Alfabetizar letrando desenvolver aes significativas de aprendizagem sobre a

lngua, de modo a proporcionar situaes onde a criana possa interagir com a escrita a

partir de usos reais expressos nas diferentes situaes comunicativas, sendo este algo

possvel desde a educao infantil. Isto implica levar para a sala de aula uma diversidade

textual que possibilite s crianas refletirem sobre a lngua que se escreve a norma culta

ou padro.

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Assumir esta responsabilidade significa ensinar de fato a lngua escrita, e para

isto necessrio que os educadores alfabetizem letrando desde as sries iniciais,

comeando o ensino da lngua escrita em contextos de letramento.

O processo de alfabetizao ocorre na perspectiva do letramento, sendo este

usado para atender as demandas sociais em que no basta aprender ler e escrever, mas

faz-se necessrio utilizar, de maneira competente, compreendendo a funo de ambas

em contextos sociais.

Neste sentido, Soares (2004) reala as especificidades inerentes aos processos

educativos de alfabetizar e letrar, evidenciando que ambos so processos distintos,

porm indissociveis, considerando que o acesso ao mundo da escrita ocorre de maneira

simultnea pelos caminhos da alfabetizao e do letramento.

importante que as crianas se interajam com os adultos alfabetizados, com a

leitura e a produo de textos, mesmo antes de estarem alfabetizados

convencionalmente. Crianas cujos pais leem regularmente e exploram com elas os

textos narrativos, no s aprendem a ler com mais facilidade como se revelaram bons

escritores no trmino de sua trajetria escolar, ler e escrever textos significativos, onde

o educador possa criar um ambiente letrado, considerando o conhecimento prvio,

embora pequenas, as crianas levam para a escola o conhecimento que advm da vida.

[...] essa introduo ao mundo da escrita, na escola, no se caracteriza como um momento inaugural de entrada em um mundo desconhecido: embora ainda analfabeta, a criana j tem representaes sobre o que ler e escrever, j interage com textos escritos de diferentes gneros e em diferentes portadores, convive com pessoas que leem e escrevem, participa de situaes sociais de leitura e de escrita [...] (SOARES, 1999, p. 69).

O trabalho com textos na alfabetizao necessrio para enfocar os dois aspectos

da aprendizagem da lngua escrita, assim o aluno alfabetizado e letrado tem

possibilidade de utilizar a escrita nas diferentes situaes do cotidiano.

Participar de prticas sociais de leitura e escrita importante no s para o

processo de alfabetizao, mas tambm para a apropriao da lngua escrita em

situaes reais de uso.Desse modo, a alfabetizao na perspectiva do letramento deve

evidenciar a importncia do trabalho com os diversos gneros textuais, com base nos

diferentes suportes de leitura.

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necessria uma proposta pedaggica que d suporte ao pleno desenvolvimento

desses aspectos envolvidos na aprendizagem da leitura e da escrita desde o incio da

escolaridade, tendo em vista proporcionar ao aluno a formas de utilizao da escrita

para diferentes finalidades. A partir das situaes de letramento presentes em seu

cotidiano, uma vez que os textos apresentam situaes comunicativas diferenciadas,

possvel o aluno compreender que a estrutura e a organizao dos textos esto

relacionadas a diferentes funes que exercem nas prticas cotidianas da realidade, ou

seja, uma carta, uma receita culinria, uma bula, um anncio de jornal, um bilhete, um

folheto informativo, dentre outros suportes textuais.

[...] alm de aperfeioar as habilidades j adquiridas de produo de diferentes gneros de textos orais, levar aquisio e ao desenvolvimento das habilidades de produo de textos escritos, de diferentes gneros e veiculados por meio de diferentes portadores [...] (SOARES, 1999, p. 69).

Dessa forma, aprender a ler e escrever envolve a apropriao do sistema

alfabtico e ortogrfico e o desenvolvimento das habilidades textuais, ou seja, a

produo de textos observando os elementos discursivos, conforme a tipologia textual,

de modo a perceber que cada gnero tem uma forma diferente quanto estrutura e

organizao. Objetivando atender finalidades de um trabalho pedaggico organizado a

partir da reflexo em torno desses termos, enquanto processos distintos, especficos,

porm indissociveis, que envolvem procedimentos diferenciados de ensino,

considerando a necessidade e a importncia de desenvolver a alfabetizao num

contexto de letramento.

Cabe ao educador desenvolver neste conceito prticas significativas de

desenvolvimento para o aluno acerca do funcionamento e utilizao desse ensino,

seupapel intervir de forma a tornar mais efetiva esta reflexo, atravs de uma

profunda imerso das crianas nas prticas sociais de leitura e escrita, s a partir da

descoberta do princpio alfabtico e das convenes ortogrficas formamos um leitor e

escritor autnomo.

Com o advento da sociedade do conhecimento, as constantes mudanas no campo

educacional exigem dos educadores a busca contnua de inovaes, visando a melhoria

de suas prticas pedaggicas, este processo implica reelaboraes de conhecimentos,

216


concebendo o professor como um ser que interage com o saber, sendo a escola um

espao permanente de produo de conhecimento. preciso, portanto, desenvolver

prticas sociais de leitura e escrita, a partir de seus diferentes usos e funes requeridos

pela sociedade, de modo a compreender o letramento enquanto um novo conceito de

compreenso acerca da funo social da escrita.

Assume desenvolver no processo de apropriao da escrita pela criana, de

maneira competente situaes significativas de aprendizagem, proporcionando a

possibilidade de transformao da realidade, sobretudo considerando o direito de todos

apropriao da escrita enquanto bem cultural. Desse modo, necessria a reflexo em

torno das prticas de letramento desenvolvidas no processo de alfabetizao, pois

encontramos a escrita em diferentes ambientes sociais, essa que faz parte do nosso

cotidiano, sobretudo com o advento da sociedade do conhecimento.

Segundo Weisz, (2000, p.62) o ensinar a lngua escrita em contextos letrados, a

funo do professor observar a ao das crianas, acolher ou problematizar suas

produes, intervindo sempre que achar que pode fazer a reflexo dos alunos sobre a

escrita avanar.

As prticas de letramento devem ocorrer de forma reflexiva a partir da

apresentao de situaes problemas, em que, as crianas revelem espontaneamente as

suas hipteses e sejam levados a pensar sobre a escrita, participar, ler e escrever com

funo social, utilizar textos significativos, interagir com a escrita, utilizar textos reais,

que circulam na sociedade, utilizar a leitura e a escrita como forma de interao. Em

atividades de produo coletiva de textos, o educador deve atuar como escriba, propor a

reescrita da histria pelas crianas, assim possvel refletir sobre o que as crianas

escrevem e como se escreve.

Ao ouvir e produzir histrias, como diz Brito (2007, p. 36), a criana vai

construindo o seu conhecimento da linguagem escrita, que no se limita ao

conhecimento das marcas grficas a produzir ou a interpretar, mas envolve gnero,

estrutura textual, funes, formas e recursos lingusticos.

O fazer diferenciado da alfabetizao na perspectiva do letramento exige do

professor alfabetizador conhecimentos especficos acerca da natureza da aquisio da

leitura e da escrita, a fim de que possa compreender a dinmica do processo de aprender

pelo aluno com vistas sistematizao do cdigo escrito.

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As reflexes acerca da alfabetizao e do letramento nos revelam a necessidade

da vinculao dos dois termos na prtica pedaggica alfabetizadora, de modo que o

trabalho pedaggico desenvolvido na escola contemple uma proposta de alfabetizar

letrando, onde o ensino e a aprendizagem do cdigo estejam associados pelas prticas

sociais de utilizao da escrita. Contudo, em uma sociedade letrada, no basta apenas

aprender ler e escrever, preciso praticar socialmente a leitura e a escrita,

compreendendo as finalidades entre os diversos contextos de letramento.

Alfabetizar Letrando no constitui um novo mtodo de alfabetizao, consiste na

utilizao de textos variados no ambiente escolar, melhorando assim a prtica de

somente alfabetizar, sendo essa uma perspectiva pedaggica com metodologias

relacionadas aquisio da leitura e da escrita.

5. Consideraes Finais

Conclui-se que desde as sries iniciais, quanto antes as crianas se apropriarem

da leitura e da escrita, mais podero desenvolv-las com xito em seus anos de

escolaridade, sendo assim, sero capazes de utiliz-la como prtica discursiva com muita

facilidade durante sua trajetria escolar.

Com base na reflexo mencionada neste trabalho, necessrio compreender a

prtica pedaggica como elemento de produo do conhecimento, dessa forma, ocorre a

necessidade e preciso do alfabetizar letrando. Assim constitui-seem um trabalho feito

pelo educador e tambm pelas pessoas que participam do aprendizado da criana,

requerendo mudanas significativas acerca deprticas pedaggicas atravs do ensino da

leitura e da escrita para o seu aprimoramento nas sries iniciais.

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