1 - a geologia, os geÓlogos e os seus mÉtodos

5
ESPAÇO ESCOLAR RESUMOS GEOLOGIA 10ºANO www.espacoescolar.co.cc 1 A GEOLOGIA, OS GEÓLOGOS E OS SEUS MÉTODOS A Terra e os seus subsistemas em interacção Sistema qualquer porção do Universo, com diferentes componentes em interacção, de um modo organizado. Assim, podemos considerar o sistema Terra , onde existem reservatórios de matéria e de energia, entre os quais ocorre continuadamente circulação de materiais e fluxos de energia. Os sistemas podem ser: - isolados não existe troca de matéria nem de energia através das suas fronteiras. - fechados ocorre troca de energia, mas não de matéria. - abertos ocorre troca de energia e de matéria. Subsistemas terrestres: Hidrosfera é constituída pelos reservatórios de água que existem na Terra (oceanos, rios, lagos, glaciares, calotes de gelo e águas subterrâneas). As calotes de gelo, os glaciares e outras superfícies geladas formam um subsistema mais restrito, a criosfera. A água movimenta-se na Natureza passando sucessivamente de um reservatório a outro. Esse movimento faz parte do ciclo hidrológico . Os grandes motores deste ciclo são a energia solar e a força gravítica . Atmosfera á formada pela camada gasosa que envolve os outros subsistemas, podendo também penetrar nesses subsistemas. É constituída por várias camadas (Troposfera, Estratosfera, Mesosfera e Termosfera ) que se distinguem através da variação da temperatura, pressão e composição . Geosfera é representada pela parte sólida , quer superficial quer profunda, da Terra, sendo o subsistema de maiores dimensões. A zona mais externa da geosfera é a litosfera , constituída pela crosta e parte superior do manto. As rochas e o solo fazem parte da geosfera. A zona superficial da geosfera serve de suporte a grande parte da vida terrestre, fornecendo muitos materiais necessários à manutenção dessa vida.

Upload: franciscopaixao

Post on 23-Jul-2015

135 views

Category:

Documents


4 download

TRANSCRIPT

ESPAÇO ESCOLAR RESUMOS – GEOLOGIA 10ºANO www.espacoescolar.co.cc

1

A GEOLOGIA, OS GEÓLOGOS E OS SEUS MÉTODOS

A Terra e os seus subsistemas em interacção Sistema – qualquer porção do Universo, com diferentes componentes em interacção,

de um modo organizado. Assim, podemos considerar o sistema Terra, onde existem reservatórios de matéria e de energia, entre os quais ocorre continuadamente circulação de materiais e fluxos de energia. Os sistemas podem ser: - isolados – não existe troca de matéria nem de energia através das suas fronteiras. - fechados – ocorre troca de energia, mas não de matéria. - abertos – ocorre troca de energia e de matéria.

Subsistemas terrestres:

Hidrosfera – é constituída pelos reservatórios de água que existem na Terra (oceanos, rios, lagos, glaciares, calotes de gelo e águas subterrâneas). As calotes de gelo, os glaciares e outras superfícies geladas formam um subsistema mais restrito, a criosfera. A água movimenta-se na Natureza passando sucessivamente de um reservatório a outro. Esse movimento faz parte do ciclo hidrológico. Os grandes motores deste ciclo são a energia solar e a força gravítica.

Atmosfera – á formada pela camada gasosa que envolve os outros subsistemas, podendo também penetrar nesses subsistemas. É constituída por várias camadas (Troposfera, Estratosfera, Mesosfera e Termosfera) que se distinguem através da variação da temperatura, pressão e composição.

Geosfera – é representada pela parte sólida, quer superficial quer profunda, da Terra, sendo o subsistema de maiores dimensões. A zona mais externa da geosfera é a litosfera, constituída pela crosta e parte superior do manto. As rochas e o solo fazem parte da geosfera. A zona superficial da geosfera serve de suporte a grande parte da vida terrestre, fornecendo muitos materiais necessários à manutenção dessa vida.

ESPAÇO ESCOLAR RESUMOS – GEOLOGIA 10ºANO www.espacoescolar.co.cc

2

Biosfera – inclui o conjunto dos seres vivos que povoam a Terra, integrados no respectivo meio abiótico. Os seres vivos interagem continuamente com os diferentes subsistemas, influenciando-se mutuamente. Os seres vivos dependem do ambiente físico-químico para a sua sobrevivência. Contudo, os seres vivos também exercem importantes influências sobre esse meio, Sem os seres vivos, a geosfera, a hidrosfera e a atmosfera seria bem diferentes daquilo que são.

Interacção de subsistemas:

Consequências das acções humanas nas alterações globais: O facto de a Terra ser um sistema quase fechado tem algumas implicações. Os recursos da Terra são finitos, o que significa que é necessário fazer uma gestão racional dos resíduos naturais. Outra consequência de viver num sistema fechado é que os materiais residuais permanecem dentro das fronteiras do sistema, nomeadamente materiais poluentes, podendo afectar o seu equilíbrio.

As rochas, arquivos que relatam a história da Terra Ao longo da história da Terra, esta foi-se modificando. Houve alterações

climáticas, oceanos e continentes mudaram de posição, houve erupções vulcânicas e sismos, houve períodos de vida pujante e diversidade e períodos de catástrofes, com muitas extinções.

ESPAÇO ESCOLAR RESUMOS – GEOLOGIA 10ºANO www.espacoescolar.co.cc

3

As modificações geológicas, geográficas e biológicas estão registadas e preservadas nas rochas que se foram originando.

As rochas são geradas por processos naturais, desde épocas remotas, e testemunham as condições em que se originaram. São “livros” cheios de informações cujas páginas os cientistas procuram ler e interpretar. Cada rocha tem uma história para contar.

Existem três tipos de rochas: sedimentares, metamórficas e magmáticas.

Formação de rochas sedimentares, metamórficas e magmáticas: (Ver resumos de geologia do 11º ano)

Ciclo das rochas:

- as rochas sedimentares são produto de processos externos que caracterizam o

domínio sedimentar (meteorização, erosão, sedimentação e diagénese); - se as rochas sedimentares aprofundam na crusta, ficam submetidas ao peso das

suprajacentes. Podem ainda ser comprimidas, devido a tensões que se geram no interior da Terra, experimentando simultaneamente um aquecimento progressivo;

- quando os valores de tensão e temperatura ultrapassam os limites superiores da diagénese, as rochas entram no domínio do metamorfismo, em que se verificam alterações essencialmente no estado sólido. Formam-se novos minerais a partir dos minerais das rochas preexistentes, que assumem nova forma e orientação;

- se as condições de temperatura e pressão são tais que provocam a fusão dos minerais que constituem as rochas, passa-se ao domínio do magmatismo, originando magmas. Os magmas, ao movimentarem-se na crusta, podem experimentar um arrefecimento progressivo, o que leva à consolidação e formação de rochas magmáticas;

- as rochas geradas em profundidade, quer sejam magmáticas ou metamórficas, podem ser soerguidas devido aos movimentos da crusta. A remoção das rochas suprajacentes pela erosão acaba por pôr as rochas que se formaram em profundidade a descoberto, expostas às condições do meio terrestre. Nestas novas condições as

ESPAÇO ESCOLAR RESUMOS – GEOLOGIA 10ºANO www.espacoescolar.co.cc

4

rochas experimentam alterações, originando materiais que, por acumulação, acabarão por formar outras rochas sedimentares.

A medida do tempo e a idade da Terra (igual nos resumos de geologia do 11º ano)

Datação relativa de rochas: - Processo de datação que permite avaliar a idade de umas formações geológicas em relação a outras. A estratigrafia é o ramo da geologia que se ocupa do estudo das rochas sedimentares e das suas relações espaciais e temporais. Para proceder à datação de uma rocha podem ser utilizados diferentes princípios:

Princípio da sobreposição – numa sequência de estratos em que não ocorreu alteração das posições de origem, qualquer estrato é mais recente do que aquele que está abaixo dele (muro) e mais antigo do que aquele que está acima dele (tecto). Sempre que se verifica uma alteração no modo de deposição de estratos ou no tipo de rochas, dizemos que há uma discordância; no primeiro caso angular e no segundo caso litológica.

Princípio da continuidade lateral – em colunas estratigráficas de dois lugares afastados é possível relacionar cronologicamente estratos idênticos dos dois locais, desde que as sequências de deposição sejam semelhantes.

Princípio da identidade paleontológica – estratos pertencentes a colunas estratigráficas diferentes e que possuam conjuntos de fósseis semelhantes tem a mesma idade relativa. Os fósseis de organismos que viveram durante um curto intervalo de tempo geológico e que tiveram grande expansão geográfica permitem correlacionar com maior precisão a idade relativa de dois estratos que os possuam. Por este motivo, esses fósseis designam-se por fósseis de idade.

Princípio da intersecção – toda a estrutura que intersecte outra é mais recente do que ela.

Princípio da inclusão – os fragmentos de rocha incorporados num dado estrato são mais antigos do que ele.

Datação absoluta (radiométrica) de rochas: - Processo de datação que consiste na determinação da idade das formações geológicas ou de certos acontecimentos, referida em valores numéricos, geralmente em milhões de anos (M.a.). A técnica mais rigorosa para a datação absoluta é a datação radiométrica, que é baseada ma desintegração regular de isótopos radioactivos naturais. Os minerais constituintes das rochas podem conter pequenas quantidades de elementos radioactivos, cuja desintegração se faz a uma velocidade constante. O tempo necessário para que se dê a desintegração de metade do número de átomos iniciais de uma amostra, originando átomos-filhos estáveis, designa-se por período de semitransformação ou semivida do elemento.

ESPAÇO ESCOLAR RESUMOS – GEOLOGIA 10ºANO www.espacoescolar.co.cc

5

A Terra, um planeta em mudança Princípios básicos do raciocínio geológico: Existem duas linhas de interpretação da evolução passada da Terra:

Catastrofismo – teoria, cujo principal defensor foi Cuvier, segundo a qual as grandes alterações ocorridas à superfície da Terra foram provocadas por catástrofes. As mudança são pontuais, dirigidas e sem ciclicidade. As espécies extintas eram depois substituídas por outras, provenientes de regiões do globo não atingidas pelas referidas catástrofes, que atravessavam os mares (oceanos) através de extensões continentais (pontes) que posteriormente se teriam afundado nos oceanos.

Uniformitarismo – teoria segundo a qual as alterações ocorridas à superfície são provocadas por processos naturais, graduais e lentos. As leis naturais são constantes no espaço e no tempo. A maioria das mudanças geológicas é gradual e lenta. Deve explicar-se o passado a partir do que se observa no presente, isto é, as causas que provocaram determinados fenómenos no passado são idênticas às que provocam o mesmo tipo de fenómenos no presente, resumindo “o presente é a chave do passado” (Princípio do Actualismo). As mudanças geológicas são cíclicas.

Neocatastrofismo – aceita os pressupostos do uniformitarismo, mas atribui também um papel importante aos fenómenos catastróficos como agentes modeladores da superfície terrestre.

Mobilismo geológico: Há cerca de 225 M.a. existia um supercontinente (Pangeia), rodeado por um só oceano (Pantalassa). Esse supercontinente fragmentou-se em dois continentes: um a norte (Laurásia) e outro a sul (Gonduana). Dados que o apoiam: - o traçado complementar de zonas costeiras de continentes hoje separados; - a semelhança entre camadas rochosas com a mesma idade em certas regiões de vários continentes actualmente distantes; - os testemunhos fósseis. Litosfera – camada mais exterior da Terra, rígida, constituída por crosta continental, crosta oceânica e uma parte do manto superior. Astenosfera – cama sólida mas plástica, constituída por uma parte do manto superior e outra do manto inferior. A teoria da tectónica de placas pode ilustrar a tendência actual para considerar o uniformitarismo e o catastrofismo como duas perspectivas complementares. Segundo esta teoria, a litosfera encontra-se dividida em várias placas litosféricas que se encontram em constante movimento entre si, alimentado pelo calor interno da Terra. Os limites de placas litosféricas podem ser: - Divergentes – nos quais as placas se afastam (dorsais oceânicas – rifte e vale central). - Convergentes – nos quais as placas chocam uma contra a outra provocando o afundamento de uma delas e a sua assimilação pela litosfera ou a ascensão das duas originando cadeias montanhosas (zonas de subducção). - Conservativos – nos quais as placas deslizam uma sobre a outra horizontalmente (falhas transformantes).