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1 UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CAMILA RUZZARIN A COLUNA MEMÓRIA COMO UM FIO DE CULTURA NO JORNAL PIONEIRO Caxias do Sul 2014

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CAMILA RUZZARIN

A COLUNA MEMÓRIA COMO UM FIO DE CULTURA NO JORNAL PIONEIRO

Caxias do Sul 2014

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CAMILA RUZZARIN

A COLUNA MEMÓRIA COMO UM FIO DE CULTURA NO JORNAL PIONEIRO

Trabalho de conclusão de curso para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, da Universidade de Caxias do Sul. Orientador Prof. Drº Paulo Ricardo Ribeiro

Caxias do Sul 2014

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CAMILA RUZZARIN

A COLUNA MEMÓRIA COMO UM FIO DE CULTURA NO JORNAL PIONEIRO

Trabalho de conclusão de curso para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, da Universidade de Caxias do Sul. Aprovada em ___/ ___/ 2014

Banca Examinadora __________________________________ Prof. Dr. Paulo Ricardo Ribeiro Universidade de Caxias do Sul - UCS __________________________________ Prof. Me. Marcell Bocchese Universidade de Caxias do Sul - UCS __________________________________ Profª. Drª. Alessandra Paula Rech Universidade de Caxias do Sul - UCS

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Dedico este trabalho ao repórter-fotográfico do jornal Pioneiro e meu querido amigo Roni Rigon pelo tempo e atenção dedicados ao meu estudo. Este trabalho é uma homenagem a sua relevante participação na coluna Memória.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Neiva Elizabeth Klagenberg Ruzzarin e Luiz Carlos

Ruzzarin (in memorian), meus verdadeiros exemplos, por terem me tornado quem

sou hoje e por terem me oferecido todas as oportunidades para ser alguém melhor.

É imensurável o amor e a admiração que sinto por vocês!

Ao meu mestre, amigo e professor Paulo Ribeiro, gostaria de atribuir a você grande

parte do meu conhecimento sobre o “verdadeiro” jornalismo. São profissionais como

o senhor que me incentivaram e me convenceram a permanecer na graduação.

Além disso, sou profundamente grata por toda a sua dedicação e orientação nestes

cinco anos e, principalmente, nesta monografia. Muito obrigada por dividir parte de

seus conhecimentos comigo. Você é ótimo!

Não posso deixar de agradecer todos os locais por onde passei e tive a

oportunidade de exercer a profissão de jornalista: redações do Kzuka Caxias do Sul,

jornal Pioneiro, jornal Folha de Caxias e as assessorias de imprensa da Secretaria

Municipal da Saúde de Caxias do Sul e Lato Sensu Assessoria de Comunicação e

Eventos. Agradeço, principalmente, todas as pessoas que fizeram parte destas

minhas jornadas, que iniciou ainda no meu primeiro semestre de universidade.

Foram graças a vocês que aprendi tudo que sei. Muito obrigada, amigos!

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“Para considerar-se plenamente cidadão, o homem contemporâneo precisa dispor de fontes informativas que lhe permitam conhecer o que se passa e, em seguida, formar juízos sobre os acontecimentos.” Juan Beneyto

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RESUMO

O presente trabalho trata sobre a coluna Memória, do jornal Pioneiro, de Caxias do Sul, sob a assinatura do repórter-fotográfico Roni Rigon, ao longo dos 17 anos em que o profissional esteve à frente do espaço. A monografia busca comprovar que, se desconsiderarmos o caderno de variedades Sete Dias e a Revista Almanaque, que, no decorrer desta pesquisa foram extintos, a seção restou como último reduto de cultura no Pioneiro. Para a validação desta questão, foram apontadas quatro hipóteses: a coluna Memória valoriza a comunidade; a coluna Memória é uma espécie de álbum jornalístico; a coluna Memória como reduto de cultura conquistou espaço no jornal Pioneiro; a consolidação da coluna Memória facilita sua produção. Como metodologia elegemos a qualitativa e como técnica utilizamos a análise de conteúdo. A pesquisa leva em conta seções ligadas ao empresário Abramo Eberle, selecionadas por Rigon, as quais ele considerou serem mais marcantes em sua trajetória. Palavras-chaves: Jornalismo Cultural. Coluna Memória. Jornal Pioneiro. Cultura. Fotografia.

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ABSTRACT

The present work intends to analyze the Memória column of Pioneiro newspaper from Caxias do Sul, under the signature of the photographical reporter Roni Rigon, throughout the 17 years he spent heading this project. The monograph searches to prove that, if we disconsider the variety section Sete Dias and Almanaque magazine of the newspaper, which, during this research were extinct, the column remains as the last niche of culture on Pioneiro. For the validation of this question, four hypotheses were proposed: the Memória column valorizes the community; the Memória column is a kind of journalistic album; the Memória column as a cultural niche conquered its space on the Pioneiro newspaper; the consolidation of the Memória column facilitates its production. The methodology used was content analysis with qualitative research. The research uses sections connected to the entrepreneur Abramo Eberle, selected by Rigon, which were considered the most remarkable through his history. Key words: Cultural journalism. Memória column. Pioneiro newspaper. Culture. Photography.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10

2 A HISTÓRIA DO JORNAL PIONEIRO .............................................................. 13 2.1 A COLUNA MEMÓRIA – FASE RONI RIGON ................................................ 18 3 FORMAS JORNALÍSTICAS ............................................................................... 22 4 FIOS DE CULTURA - ANÁLISE ......................................................................... 29 4.1 METODOLOGIA APLICADA ............................................................................ 30 4.2 A LEITURA DOS FIOS DE CULTURA ............................................................. 31 4.3 INFERÊNCIAS – A MEMÓRIA E O “REPÓRTER-HISTORIADOR” ................ 66 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS – O FIM DE UM ESTILO ....................................... 67 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 69 ANEXO .................................................................................................................. 71

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1 INTRODUÇÃO O tema da presente monografia se volta à coluna Memória como um fio de

cultura no jornal Pioneiro. Publicada diariamente desde 1996 pelo repórter-

fotográfico Roni Rigon, a seção divulga imagens e dados históricos da Serra

Gaúcha. Para delimitar o tema, Rigon sugeriu para este estudo algumas das colunas

mais marcantes para ele em sua trajetória.

Como a maioria das publicações selecionadas pelo repórter-fotográfico eram

sobre Abramo Eberle e levando em consideração a relevância do empresário para a

cidade, foram separadas das demais as 17 colunas que restaram e abrangiam

Eberle e sua empresa. Casualmente, a quantidade remete também aos 17 anos em

que Rigon esteve à frente do espaço.

Cada seção apresenta à população relíquias que o repórter-fotográfico

descobriu ao longo das pesquisas realizadas para as publicações. Inúmeros

materiais, muitas vezes inéditos, possibilitaram inclusive que ele produzisse

reportagens sobre conteúdos específicos, já que não era possível incluir tantas

informações e detalhes em uma única coluna.

Além disso, pela quantidade de conteúdo obtido por Rigon, foi possível

fornecer material para distintas publicações (reportagens) no Pioneiro e para alguns

livros, entre eles, o “Milagre da Montanha”, de Álvaro Franco e Sinhorinha Maria

Ramos de Franco. O repórter-fotográfico repassou fotos do acervo da família Eberle

para contribuir com a produção da obra.

Para nos guiar eis a questão norteadora desta monografia: se considerarmos

o caderno Sete Dias de variedades como sendo um espaço muito mais de

entretenimento, a coluna Memória restou como último reduto de valorização cultural

no jornal Pioneiro. Dessa forma, esta pesquisa visa mostrar a importância da coluna

Memória dentro da comunidade local. Não pela individualidade de cada fotografia,

mas pelo conjunto de temas variados (ligados a Abramo Eberle e à Metalúrgica

Abramo Eberle) que cada imagem propiciou e continua propiciando. Para este

trabalho elegemos as seguintes hipóteses:

a) A coluna Memória valoriza a comunidade;

b) A coluna Memória é uma espécie de álbum jornalístico;

c) A coluna Memória como reduto de cultura conquistou espaço no jornal Pioneiro;

d) A consolidação da coluna Memória facilita sua produção.

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Como objetivo geral, pretendemos demostrar que o jornal Pioneiro ainda

mantém um espaço essencialmente cultural em suas edições. Entre os objetivos

específicos, elegemos três tópicos:

- Observaremos como se dá o resgate da memória de Caxias do Sul;

- Demonstraremos como os recortes fotográficos formam uma espécie de álbum de

flagrantes do passado;

- E, por fim, valorizaremos os textos e fotos que retratam a tradição e a cultura de

Caxias do Sul. Para tanto, será feito uma revisão bibliográfica para obter um resultado mais

preciso. Utilizaremos conceituados livros de Nilson Lage e a obra “Dicionário de

comunicação”, de Carlos Alberto Rabaça e Gustavo Guimarães, para auxiliarem nas

definições das formas jornalísticas e ajudarem a compreender se a coluna Memória

realmente pode ser considerada uma coluna. Como base para a construção da

história do jornal Pioneiro, usaremos os livros “100 anos de imprensa regional | 1897

– 1997” e “Histórias da imprensa em Caxias do Sul”. Também elencaremos outras

obras que contribuirão para a fundamentação teórica ao longo dos capítulos.

Como metodologia, utilizaremos a análise de conteúdo, com pesquisa

qualitativa, por meio da qual serão avaliados textos e fotos selecionados por Roni

Rigon. A análise de conteúdo, conforme a indicação de Fonseca Jr. (2005), que se

baseia em um processo esquematizado por Laurence Bardin, é dividida em três

fases principais: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados

obtidos e interpretação. Neste estudo buscaremos aplicar todas as etapas do

método.

O caminho percorrido pelo presente trabalho e assim estruturado será o

seguinte: no capítulo dois (“A história do jornal Pioneiro”) serão abordadas as

histórias do jornal Pioneiro e da coluna Memória, utilizando-se como base livros

sobre a trajetória da imprensa local e entrevistas com Rigon e com o editor-chefe do

Pioneiro, Roberto Nielsen. No capítulo três (“Formas jornalísticas”) recorreremos a

renomados estudiosos para exemplificar com clareza a diferença entre notícia,

reportagem, crônica, coluna, fotorreportagem e fotolegenda. Seguindo pelo capítulo

quatro (“Fios de cultura – Análise”), faremos as análises das 17 colunas

selecionadas por Rigon e desenvolveremos as considerações parciais.

Este trabalho, ao mesmo tempo que presta uma homenagem a repórter-

fotográfico Roni Rigon, busca demonstrar como a coluna Memória é o único reduto

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de cultura, se desconsideramos os cadernos Sete Dias e Revista Almanaque,

enquanto existiam.

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2 HISTÓRIA DO JORNAL PIONEIRO

Era final da década de 1890. Caxias do Sul, que já era emancipada, estava

cada vez mais desenvolvida. A colônia localizada na Serra Gaúcha atraía colonos

não apenas da região, mas também os do vale do rio Caí. Nesta época, os

imigrantes de outros continentes se tornaram, por decreto, brasileiros. Podiam

participar das lutas políticas e sociais do país em situações de direito. Podiam votar

e ser votados para cargos públicos. Com isso, passaram a interessar-se mais pela

realidade brasileira.

Decorrente a essas mudanças, os jornais nacionais começaram a circular na

Serra Gaúcha. Neste período, a política influenciava, e muito, nos meios de

comunicação. O primeiro periódico regional, O Caxiense, por exemplo, impresso em

1897, era de propriedade do doutor Augusto Diana Terra, que mantinha vínculos

com o Partido Republicano. O Caxiense, segundo Pozenato e Giron (2004), era, na

verdade, um periódico mais ligado à política do que à região.

Exatamente em 1897, foi criado o primeiro jornal da região, quando a população regional era superior a 80 mil habitantes e já havia conseguido que os distritos se tornassem municípios. Dessa forma, a emancipação política e a existência de um número significativo de futuros leitores possibilitaram a criação da imprensa regional. Outro fato relevante foi a existência de tipografias. Foi nelas que nasceram os jornais. [...] Seguindo esse raciocínio, os donos das tipografias tornavam-se importantes figuras políticas regionais que, colocando à disposição de outros políticos tanto suas tipografias quanto seus jornais, conseguiam amealhar capital e melhorar sua condição social, influenciando os rumores da política. (POZENATTO e GIRON, 2004, p. 30 e 31)

Com pouco tempo de duração, o jornal semanal, criado em 15 de outubro –

data escolhida pelo fato de ser o dia da padroeira da paróquia (Santa Teresa) e

feriado da cidade, fechou as portas naquele mesmo ano de sua criação (1897). Após

ele, vieram muitos outros em Caxias do Sul, como o Il colono italiano – que após

sete anos passou a chamar-se Staffetta Riograndense –, O Cosmopolita, A Gazeta

Colonial, A Folha, A Verdade, O Bandeirante, O Orientador, La Libertá, Tribuna

Colonial, Cidade de Caxias, Città di Caxias, Correio do Município, O Evolucionista,

Caxias, Correio Colonial, O Regional, Il Giornale del Agricultore, O Estímulo – jornal

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humorístico –, A Pérola, O Nordeste, A Tribuna, O Popular, O Democrata, A

Resistência, O Correio Riograndense – que permanece em circulação – e O

Momento.

No período compreendido entre 1897 e 1945, circularam 75 jornais na região das antigas colônias. Tal número revela tanto o interesse pelas notícias em geral quanto o interesse político que movia seus habitantes. A concentração dos periódicos em Caxias demostra que nesse município reuniu-se um grupo altamente politizado e, ainda, que havia dinheiro e meios para a elaboração de jornais. (POZENATO e GIRON, 2004, p.84)

No final da década de 1940, a cidade de Caxias do Sul conhecia mais um

periódico, desta vez, um que seguiria até os dias atuais. Em 04 de novembro de

1948 nascia o jornal O Pioneiro.

De acordo com Pozenato e Giron (2004), o periódico era formado por

membros da antiga Ação Integralista Brasileira, que se reuniam após a

redemocratização sob a sigla do Partido de Representação Popular (PRP), grupo

comandado por Plínio Salgado. Segundo relatos de Elvo Marcon, aos livros “100

anos de imprensa regional – 1897 – 1997” (2004, p. 115) e “História da Imprensa em

Caxias do Sul” (1998, p. 40), o O Pioneiro foi organizado por José Eberle, Humberto

Bassanesi, Américo Garbin, Sílvio Toigo, Isidoro Moretto, Sílvio Daré, entre outras

figuras da sociedade caxiense, com objetivos políticos e dentro de uma orientação

partidária do Partido de Representação Popular. A iniciativa foi dada na época pelo

deputado Luiz Compagnoni.

O Pioneiro foi uma iniciativa do Deputado Estadual Dr. Luiz Compagnoni e surgiu baseado em duas ordens de influência. Uma, voltada à valorização das raízes socioculturais da cidade, e outra, político-partidária, ligada à Ação Integralisa Brasileira, que já havia criado outros dois jornais em Caxias do Sul: O Bandeirante (1935 a 1937) e O Nordeste (1941). (POZENATTO e GIRON, 2004, p.114)

O primeiro diretor foi Elvo Janir Marcon – que deixou O Pioneiro em 1° de

junho de 1949 para assumir como redator-chefe na Rádio Caxias. Na época, o

gerente era Onil Xavier dos Santos. Fizeram parte deste período inicial também

nomes como Guido Mondin, Jovita Santos e João Spadari Adami, além de

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Compagnoni e Moreto. Nesse período, o impresso tinha como bandeira a luta contra

o comunismo. A edição de estreia trazia uma reportagem que falava sobre infraestrutura na cidade, uma vez que três anos haviam se passado da Segunda Guerra Mundial e havia muito a se fazer no município. Já no segundo exemplar, educação foi pauta junto com uma bandeira social levantada, buscando respostas de governos quanto à qualidade de vida dos presos nas cadeias da região. E outro ponto importante, que surgiu logo no início e segue forte até hoje foi a integração comunitária. (ZULIAN, 2012, p. 39)

Em seus primeiros anos, O Pioneiro circulava semanalmente, com oito

páginas e sob forma de tabloide. A edição era vendida, nas bancas, por Cr$ 0,80 e a

assinatura anual a Cr$ 35. As matérias eram escritas durante a semana e impressas

aos domingos. O jornal saía aos domingos à noite.

O nome O Pioneiro surgiu para ressaltar o primeiro periódico de Caxias do

Sul de cunho totalmente informativo, com uma grande equipe e uma redação

qualificada, segundo relatos do próprio jornal, publicado em um caderno especial

sobre os seus 50 anos, em 1998.

Certa altura, lembro que numa noite o falecido Dalabília disse: - “O nome, para ser bonito, tem que ter bastante “a”, tem que ter numerosos “ás”, e o falecido Bassanesi, que tinha uma ironia “Voltaireana”, ele era terrível, então muito ironicamente disse: - “Então eu já descobri o nome vai ser “A Banana”. Depois de muitas tratativas foi escolhido o nome “O Pioneiro”. (ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL, 1988, p. 40)

Nesta época, segundo Pozenato e Giron (2004), apesar do veículo se

qualificar como digno, honesto e criterioso, não tinha intenção alguma em

apresentar-se como um jornal neutro. Em suas publicações, não havia cuidados com

a linguagem jornalística. Como O Pioneiro, os jornais desse período apresentavam

mais notícias de interesse político do que informações de interesse público.

Segundo relatos de Jimmy Rodrigues, ao livro “Histórias da imprensa em

Caxias do Sul” (1988), O Pioneiro só conseguiu se manter economicamente quando

parou de ter vinculo direto com a política:

Veja-se o caso dos jornais que sobreviveram: “Pioneiro” somente equilibrou-se financeiramente, depois de atravessar a fase difícil, quando desvinculou-se de qualquer tipo de orientação político-partidária e passou a ser jornal eminente comercial. Progrediu, tornou-se diário, em cuja condição foi, há pouco, afetado pela crise econômica que avassala o país. Manteve-se porque possuía estrutura, isto é, oficina própria, não dependendo de

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terceiros para a sua composição e impressão. (ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL, 1988, p.68)

De acordo com Pozenatto e Giron (2004), o jornal O Pioneiro circulou por

muitos anos como semanal, depois se tornou bisssemanário e, por fim, tornou-se

diário, em 21 de fevereiro de 1981 (p. 154), quando Bernardino Conte e Régis Luiz

Conte estavam na direção do impresso. No início da década de 1980, o periódico

mudou seu nome, passando de O Pioneiro para somente Pioneiro. Nesse período, a

sede do jornal que funcionava até então na Rua Dr. Montaury, 1.022, no centro de

Caxias do Sul, passou para a Rua Jacob Luchesi, 2.374, no bairro Santa Catarina –

local onde permanece até os dias atuais.

Ainda segundo Pozenato e Giron, a necessidade de mudanças técnicas, com

altíssimos investimentos, levou a Empresa Jornalística Pioneiro, cujo principal

acionista e diretor-presidente era Bernardino Conte, a ser vendida, em 1993, para a

Rede Brasil Sul de Comunicação (RBS). E no segundo semestre 2002 a Empresa

Jornalística Pioneiro foi incorporada pela Zero Hora Editora Jornalística S/A.

Com a venda, ocorreram profundas mudanças, tanto em sua apresentação gráfica, como em sua tiragem e área de abrangência. A tiragem começou a ser feita a cores, equiparando-o aos mais modernos veículos impressos do país. No momento da venda, segundo Conte, o Pioneiro atingia 32 municípios. Após a venda, aumentou sua área de abrangência para 53 municípios. A tiragem do jornal, que era de até 18.000 exemplares antes da venda à RBS, chegou, em 2002, a uma tiragem diária de 25.000 exemplares de segunda a sexta-feira, elevando-se a 28.000 exemplares aos sábados. [...] Pela primeira vez na história da imprensa caxiense, uma empresa da capital passou a dirigir o maior jornal diário da região, evidenciando a formação de uma corporação jornalística que não mais representa as posições da imprensa regional, mas passou a fazer parte de um grupo de amplitude nacional. (POZENATO e GIRON, 2004, p.155)

E Zulian (2012) completa a respeito das mudanças ocorridas no início do

século 21: Surgiram os primeiros equipamentos modernos, semelhantes aos dos jornais do Centro-Oeste do país. Um ano depois, o Pioneiro identificou que precisava se reinventar, formando nichos e meios de idealizar opiniões com notícias e relatos sérios, divididos em campos. Criaram-se, então, vários cadernos: Sete Dias, para o campo cultural, seções de Economia, Esportes e os Classificados. A preocupação com o pessoal – leitores, os “grandes donos do jornal” – estava também nas promoções periódicas, como o Troféu Caxias e o Troféu Jovens Senhoras, objetivando incentivar os talentos locais. (ZULIAN, 2012, p.40)

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Em agosto de 2014, o jornal Pioneiro passou por reformulações. As páginas

do impresso ganharam mais cores e um visual mais parecido com revista. O corpo

das letras aumentou. Já os conteúdos passaram a ser organizados em dois

cadernos. O primeiro chama-se Cotidiano e traz notícias da vida pública. O caderno

Sete Dias e a Revista Almanaque se uniram e agora circulam em todas as edições

em uma segunda seção chamada Comportamento, que se identifica mais com os

temas de cultura, lazer e vida em família.

Segundo o editor-chefe do jornal Pioneiro, Roberto Nielsen1 – que está no

cargo desde 1998 – a reorganização da equipe de jornalistas trouxe novos reforços

para ampliar e qualificar a produção de temas locais. A escolha de pautas e uma

maior aposta em alguns assuntos deixaram, segundo ele, o conteúdo do periódico

mais profundo. Além disso, com o objetivo de ampliar a pluralidade e a

interatividade, o Pioneiro deve ganhar, até o final de 2014, 12 novos colunistas e

articulistas da Serra.

As mudanças foram realizadas para harmonizar o desenho das páginas com a nova marca (logotipia) do Pioneiro. Há quase duas décadas o Pioneiro não promovia uma atualização tão ousada em suas páginas. E layout de jornal é como a casa da gente: algumas vezes exige uma grande reforma para ficar mais aconchegante. Tivemos muito cuidado para que o projeto gráfico e a atualização de conteúdos editoriais refletissem atributos como localismo, pioneirismo e engajamento. Eles orientam o negócio e deram o tom para o novo projeto gráfico e o layout em todas as plataformas. Para que diariamente a leitura seja uma experiência importante e prazerosa, estamos mais assertivos na escolha dos temas a serem abordados. O desafio é publicar conteúdos ainda mais alinhados com o perfil médio e com os interesses informativos dos leitores. Com essas modificações nosso objetivo é construir novas possibilidades de uso e movimento das cores, fazendo com que as páginas transitem mais facilmente da sobriedade à vibração. Também desejamos que as páginas ganhassem um visual mais parecido com revista. (NIELSEN, 2014)

Ainda segundo Nielsen, hoje a redação do Pioneiro é composta por 40

jornalistas. Com a mudança, os profissionais estão sendo alocados em duas

grandes editorias: Cotidiano e Comportamento, onde cada jornalista produz para a

sua grande editoria.

Atualmente, o jornal Pioneiro circula em 64 cidades da região da Serra

1 Entrevista concedida por e-mail no dia 24 de agosto de 2014.

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Gaúcha. Os principais municípios são Caxias do Sul, onde se concentra 92,5% da

circulação, e Bento Gonçalves, Farroupilha, Flores da Cunha, São Marcos e Vacaria,

onde estão 5% da tiragem. A porcentagem restante está dividida entres os outros 58

municípios.

2.1 A COLUNA MEMÓRIA – FASE RONI RIGON

Era 1996 quando o jornal Pioneiro criou uma seção especial para fotografia.

Publicada diariamente e, em sua maioria, na página três, a coluna Memória foi

desenvolvida para valorizar os registros da comunidade caxiense e do arquivo

histórico municipal. Cada publicação sempre tentava apresentar à população

relíquias que os jornalistas da editoria de Cidades descobriam nas pesquisas

realizadas para as suas elaborações.

De acordo com o repórter-fotográfico do jornal Pioneiro Roni Rigon2, na época

em que foi criado, os profissionais se revezavam para a produção do espaço. Com

pouco tempo disponível e tendo que conciliar com a rotina diária do jornalismo,

Rigon percebeu que os jornalistas da editoria que vinham de fora de Caxias do Sul

não conseguiam desempenhar um bom trabalho: “No início, eu percebia que os

profissionais de outras cidades tinham dificuldades para escrever o material. Eles

sempre faziam a coluna no dia e sem aplicar um planejamento, comportamento que

causava transtornos de última hora”.

Devido a essa insatisfação, Rigon3, que havia sido contratado pelo jornal

Pioneiro em dezembro de 1995, passou também a colaborar com o espaço.

Como eu desenvolvia um trabalho de arquivamento de fotos antigas, eu passei a fornecer fotos com texto, deixando sempre seis fotos em arquivo. Era uma reserva técnica, ou seja, como eu viajava para fora da cidade, onde chegava a ficar cinco dias afastado da redação, eu tinha que me organizar e ter sempre na gaveta material disponível para o editor. Então,

2 Entrevista concedida por e-mail, a pedido do profissional, nos dias 01, 02 e 03 de setembro de 2014. 3 Nascido em Caxias do Sul, Roni Rigon, 49 anos, é graduado em Relações Públicas e Direito, pela Universidade de Caxias do Sul (UCS). Ele começou fotografando, por amadorismo, em 1981. Em 1990, conquistou o seu primeiro concurso fotográfico, onde foi convidado para ingressar no Clube do Fotógrafo Amador de Caxias do Sul – instituição que o ajudou a desenvolver o senso crítico na técnica fotográfica. Em dezembro de 1990, Rigon foi convidado pelo diretor de foto Paulo Dias para trabalhar no extinto jornal Folha de Hoje. No diário, o profissional permaneceu até dezembro de 1994 – data em que a empresa foi extinta. No veículo de comunicação, Rigon conquistou dois prêmios jornalísticos da Brigada Militar, o que o ajudou a qualificar o seu trabalho na imprensa. Em maio de 1995, ele foi convidado pelo editor fotográfico Gilmar Gomes para trabalhar no jornal Pioneiro. Durante seis meses atuou como free lancer e, no mês de dezembro, foi efetivado. Roni Rigon atua há 19 anos no veículo, como repórter-fotográfico.

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eu preparava em média 10 conteúdo, o que facilitava minha vida e nunca ficava na pressão de fazer o material em última hora. Lembro que a primeira foto que publiquei na coluna Memória, em dezembro de 1996, foi de um time de futebol do Ismael Chaves Barcellos, de Galópolis (RIGON, 2014).

Porém, foi em 1999 que o editor-chefe do jornal Pioneiro, Roberto Nielsen,

entregou a Roni Rigon a responsabilidade de assinar exclusivamente a seção. A

partir desse período, até janeiro de 2014, o repórter-fotográfico publicou diversos

temas.

Segundo Rigon, desde que começou a colaborar com a coluna, em 1996, ele

divulgou todas as edições da Festa da Uva, material obtido com as famílias da

região. No setor da vitivinicultura, publicou dados sobre as vinícolas Forqueta,

Aliança, Mosele, Michielon, São Pedro, Antunes e Riograndense, estabelecimentos

que constituíram o grande ciclo dos produtores de vinho caxiense. Nas publicações

da Metalúrgica Eberle recebeu orientação de Carlos Pettinelli, neto de Abramo

Eberle. Pettinelli foreneceu fotos, documentos e bibliografia da Eberle. Da família de

Guilhermina Postali e Ligia Cia, obteve informações e relatos da fundação do jornal

Pioneiro. As referências possibilitaram reconstituir parte da história dos 50 anos do

veículo, comemorado em 1998. De Guiomar Chies, recebeu material relativo à

evolução da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul. Já, da administração pública

da cidade, publicou todos os relatórios de Celeste Gobbato, material que também

abrangeu o setor vitivinicultor da Estação Experimental de Viticultura. Na indústria

mecânica, divulgou fotos da família De Antoni, cujo acervo, de acordo com Rigon, é

uma referência consistente, preservado pelo empresário Julio De Antoni. No ramo

automotivo, destacaram-se as notícias ligadas às empresas Randon, Marcopolo,

Agrale e Fras-le, contribuições fornecidas pelos empresários Carlos Costamilan,

Valter Gomes Pinto e pelos integrantes da família Stedile. Nas publicações

referentes ao aeroclube e ao aeroporto, Rigon obteve material fotográfico de Nério

Grossi e Roberto Grazziotin. De Cláudio Paglioli, recebeu imagens do setor

madeireiro e cervejeiro. Além disso, o profissional também publicou fotos dos

centenários clubes Juvenil e Recreio da Juventude.

Eu sempre valorizei a interação e a contribuição dos leitores e amantes da história. Em breve menções, o meu trabalho sempre teve um suporte de

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pessoas entusiastas ligadas à história local. No meu período, eu evitei ao máximo de buscar material em arquivos oficiais. Os caxienses possuem materiais de excelente qualidade guardados em casa e eu admirava este apego com a nossa história. Eu não sou adepto de usar os dados de fontes oficiais. A nossa história ainda é refém de alguns que se julgam donos da história. Além do mais, meu entusiasmo era de poder publicar fotos inéditas, que nunca foram publicadas em jornais. Com a chegada da internet, os leitores passaram a transmitir fotos por e-mail. O problema é que enviavam somente a foto, sem as informações respectivas ao assunto, data, nominação das pessoas. Com isto, eu fazia um duplo trabalho de perguntar e obter o tipo de informação necessária. (RIGON, 2014)

Extensos conteúdos forneceram a Roni Rigon distintas colunas e matérias no

jornal Pioneiro. Além disso, por exemplo, ao catalogar as reproduções de imagens

fornecidas pelas famílias de Celina Dal Prá, Lina Sólio, João Nicoletti e Ignes Muner,

foi possível fornecer material para dois livros, um escrito pela professora Vania

Heredia e outro por Teresinha Tregansin. No caso do acervo da Metalúrgica Abramo

Eberle, onde obteve fotos da família Eberle, também foi possível utilizar o material

para outras obras, como, por exemplo, o “Milagre da Montanha”, de Álvaro Franco e

Sinhorinha Maria Ramos de Franco.

As pesquisas também concederam a Rigon interessantes descobertas. No

acervo do professor italiano Celeste Gobbato, o jornalista encontrou uma narrativa

fotográfica surpreendente, quando identificou esse homem como sendo uma pessoa

que muito lutou no desenvolvimento da vitivinicultura de Caxias do Sul. Além disso,

por meio dos dados, obteve a informação de que ele foi intendente da cidade, diretor

da Estação Experimental de Viticultura, presidente da Festa da Uva e deputado

estadual. Segundo Rigon, Gobbato possuía relatórios elaborados com dados

estatísticos que são referências de consulta histórica.

A coluna Memória é um tipo de trabalho que exige intensa pesquisa, leitura, entrevista e dedicação em todo momento. Perdi a conta das inúmeras reproduções de fotos que eu fiz, já as entrevistas, muitas vezes, fazia depois do meu horário de expediente e sempre me adequando com as disponibilidades das fontes. Inclusive, parte do material coletado era feito nos meus finais de semana de folga. Também comprei muitos livros sobre a história de Caxias do Sul e ganhei outros, que somam mais de cem títulos. (RIGON, 2014).

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Através desse e de outros relatos, clubes sociais, times de futebol, instituições

privadas e benemerentes, e, principalmente, o patrimônio histórico teve acolhido o

seu resgate, tão fundamental para a cristalização da memória de uma comunidade.

Porém, depois de estafantes 17 anos, Roni Rigon deixou a coluna, que agora

é assinada diariamente pelo jornalista Rodrigo Lopes. Textos e imagens agora

ocupam toda a última página do jornal.

Eu havia solicitado minha desistência da coluna Memória em dezembro de 2004, pois planejava fazer o curso de Direito. Naquela ocasião, o espaço ocupava 40% da página, onde eu podia trabalhar com três fotos. Como ninguém se propôs a fazer o trabalho, houve a alternativa de reduzir o espaço, apenas com uma foto, e um breve texto. Assim permaneceu até janeiro de 2014. Assim que eu concluí o curso de Direito, surgiu a proposta do Rodrigo Lopes fazer o trabalho. Inicialmente, era para ser dividido o compromisso, mas diante da minha dificuldade de permanecer na redação, pois minha função é repórter-fotográfico, e quando retorno existe o compromisso de indexar no sistema da RBS as fotos, declinei do projeto (RIGON, 2014).

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3 FORMAS JORNALÍSTICAS

Não se sabe ao certo quando o jornalismo surgiu, porém, qualquer que seja o

grau de civilização, sempre houve informação em uma sociedade. Considerado uma

profissão da comunicação, o jornalismo objetiva apurar, processar e difundir a

mensagem pelos seus meios de veiculação (rádio, jornal, televisão, revista, cinema

e internet).

Na Europa Central, os predecessores dos jornalistas atuais eram os bardos viajantes, que reportavam e comentavam os acontecimentos do dia nas feiras, mercados e cortes aristocráticas, assim como os mensageiros e os escrivães públicos. [...] Só no século XIX o jornalismo chegou a ser uma profissão de tempo integral, onde se podia sobreviver economicamente na Europa e nos EUA. (KUNCIZIK, 1997, p. 22 e 23)

Rabaça e Barbosa (2001) afirmam que a informação jornalística se difere da

publicitária e de relações públicas, por seu conteúdo, pela finalidade de sua

transmissão e pela exigência de periodicidade.

Conforme o veículo utilizado na difusão de notícias, o jornalismo manifesta-se de diferentes formas. Mas todas essas formas (jornalismo impresso, telejornalismo, radiojornalismo, cinejornalismo) possuem características semelhantes de tratamento da informação (RABAÇA e BARBOSA, 2001, p. 405)

E Lage (2002) enfatiza dizendo que “material jornalístico caracteriza-se, em

tese, por sua atualidade, universalidade, periodicidade (durabilidade limitada) e

difusão, mas o que mais o identifica é a estruturação retórica em torno de pontos de

interesse jornalístico” (p. 113 e 114). Além disso, para Erbolato (2008), os meios de

comunicação de massa se destinam, fundamentalmente, a informar, persuadir e

divertir: O fato é levado ao conhecimento do receptor, mostrando-o em seus diversos aspectos ou enfoques e há ainda a preocupação de motivar o leitor (ou ouvinte) a seguir uma recomendação, a comprar um produto ou a aceitar um movimento, campanha ou doutrina. Existe, por fim, o espoco de divertir, através de textos leves e amenos. [...] A palavra, imprensa ou falada, pode derrubar governos, modificar hábitos, impor novas condições de vida e influir no consciente ou subconsciente do receptor. (p. 30 e 17)

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Desta forma, Erbolato afirma que o jornalismo poderia ser dividido nas

seguintes categorias: informativo, interpretativo, opinativo e diversional. O primeiro

deles, o jornalismo informativo, é informação direta, interpessoal e imparcial,

limitando-se a narrar os fatos. O segundo gênero, de acordo com definições de

Rabaça e Barbosa (2001), diz que embora a notícia, a informação de fatos

correntes, continue sendo o ingrediente básico, verifica-se uma sensível tendência

ao gênero interpretativo, em substituição à rigorosa objetividade da notícia presa aos

fatos. Já o jornalismo opinativo, como o próprio nome diz, é onde o autor do texto

deixa claro a sua opinião. Esta categoria está presente, principalmente, em artigos e

crônicas. E o último gênero, o diversional ou de entretenimento, está representado

nas matérias recreativas, como as tiras.

Porém, ainda segundo Erbolato (2008), essas quatro categorias foram

transformadas com o passar do tempo em dois grandes grupos:

[...] a evolução e a adoção de novas técnicas no jornalismo, elevado à profissão e não mais praticado por simples diletantismo, levaram a uma conquista autêntica: a separação entre, de um lado, o relato e a descrição de um fato, dentro dos limites de objetividade permitidos pela natureza humana, e, de outro, a análise e o comentário da mesma ocorrência. O jornalismo ficou, a essa altura, dividido em dois grandes grupos ou seções principais: o informativo e o opinativo (que incluía a análise e a interpretação). (p. 34)

Além disso, essas divisões são subdivididas em outras inúmeras categorias,

como notícia, reportagem, crônica, coluna, fotorreportagem e fotolegenda. Segundo

Lage (2001), entre os gêneros de texto correntes nos jornais, a notícia distingue-se

com certo grau de sutileza da reportagem, que trata de assuntos, não

necessariamente de fatos novos. A reportagem é planejada e obedece uma linha

editorial, um enfoque. Já a notícia, não.

Há duas razões básicas para a confusão entre a reportagem e notícia. Uma refere-se à polissemia da palavra reportagem que, além de designar certo gênero de texto, é o nome da seção das redações que produz indistintamente notícias e reportagens. A segunda resulta da importância peculiar que a estrutura da notícia assumiu na indústria da informação: frequentemente, a reportagem da imprensa diária é escrita com critérios de nomeação, ordenação e seleção similares aos da notícia e apresentada com diagramação idêntica. (LAGE, 2001, pg. 51)

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Lage afirma ainda que os dois componentes básicos para a criação de uma

notícia são: uma organização relativamente estável, ou componente lógico e

elementos escolhidos segundo critérios de valor essencialmente cambiáveis, que se

organizam na notícia – o componente lógico. Para ele, o texto noticioso ocupa

grande parte do espaço na imprensa, que varia de manchetes aos rodapés das

páginas. Em outro livro, Lage (2002) revela ainda que o conceito de notícia poderia

ser substituído pela expressão ‘informação jornalística’. Porém, ele resume o que

diferencia a notícia e informação jornalística:

1. a notícia trata de um fato, acontecimento que contém elementos de ineditismo, intensidade, atualidade, proximidade e identificação que o tornam relevante; corresponde, frequentemente, à disfunção de algum sistema – a queda do avião, a quebra da normalidade institucional etc. Já a informação trata de um assunto, determinado ou não por fato gerador de interesse; 2. a notícia independe, em regra, das intenções dos jornalistas; a informação decorre de intenção, de uma “visão jornalística” dos fatos; 3. a notícia e a informação jornalística contêm, em geral, graus diferentes de profundidade no trato do assunto; a notícia é mais breve, sumária, pouco durável, presa à emergência do evento que a gerou. A informação é mais rica na trama de relações entre os universos de dados; 4. a notícia típica é a da emergência de um fato novo, de sua descoberta ou revelação; a informação típica dá conta de um estado-de-arte, isto é, da situação momentânea em determinado campo de conhecimento. (LAGE, 2002, p. 114)

Sodré e Ferrari (1986) completam a declaração do estudioso afirmando que à

notícia cabe a função essencial de assinalar os acontecimentos, ou seja, tornar

público um fato, através de uma informação. Noticiar, portanto, seria o ato de

anunciar determinado fato e, independente do número de acontecimentos que

possam ocorrer, só serão notícias aqueles que forem anunciados. Na opinião de

Herraiz, utilizado como fonte por Sodré e Ferrari, “notícia é o que os jornalistas

acreditam que interessa o leitor (...) portanto, notícia é o que interessa aos

jornalistas” (p.18). Já a reportagem oferece detalhamento e contextualização àquilo

que já foi anunciado, mesmo que seu teor seja predominantemente informativo.

De acordo com Lage (1985 e 2005), a notícia parte do aspecto mais relevante

da informação. No jornalismo impresso, o lead é o que constitui seu primeiro

parágrafo, ou seja, nele é narrado o ocorrido não por sua sequência cronológica,

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mas pelo interesse ou importância decrescente, na perspectiva de quem conta e na

suposta perspectiva de quem ouve.

O lead – primeiro parágrafo da notícia –, por conseguinte, é o relato do fato principal de uma série, daquele que é o mais importante ou o mais interessante. O lead informa quem fez, o que, a quem, quando, onde, como, por que e para que. (LAGE, 1985, p.16)

E Rabaça e Barbosa (2001) completam:

Com as informações mais “quentes” (o clímax) da notícia logo no início do texto, o emprego da pirâmide invertida prende a atenção do leitor e permite que ele se inteire dos principais fatos, mesmo que não leia todo o texto. Além disso, essa técnica facilita a diagramação e a paginação: se a matéria estourar, podem ser cortadas as linhas de baixo para cima, sem prejudicar o sentido do texto. (p. 568)

Para Noblat (2003) o que desperta mais interesse no leitor são “notícias sobre

temas que afetam mais diretamente a vida deles. Notícias, por exemplo, sobre

saúde, educação, sexo, ciência, política, públicas” (p. 13). Porém, segundo Lage

(2005), acima de tudo, o discurso jornalístico deve ter o compromisso tácito entre o

veículo de informação e público, segundo o qual os fatos noticiados precisam ser

reais, como enfatizam alguns artigos do “Código de Ética dos Jornalistas”, da

Federação Nacional de Jornalistas:

Art. 7º – O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade dos fatos, e seu trabalho se pauta pela precisa apuração dos acontecimentos. Art. 8º – Sempre que considerar correto e necessário, o jornalista resguardará a origem e identidade das suas fontes de informação. Art. 9º – É dever do jornalista: a) divulgar todos os fatos que sejam de interesse público. b) lutar pela liberdade e pensamento e expressão. c) defender o livre exercício da profissão. d) valorizar, honrar e dignificar a profissão. e) opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos do Homem. f) combater e denunciar todas as formas de corrupção, em especial quando exercida com objetivo de controlar a informação. g) respeitar o direito à privacidade do cidadão. h) prestigiar as entidades representativas e democráticas da categoria. Art. 13 – O jornalista deve evitar a divulgação de fatos: a) com interesse de favorecimento pessoal ou vantagens econômicas. b) De caráter mórbido e contrários aos valores humanos.

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Segundo Sodré e Ferrari (1986), os mesmos conceitos de anunciar, enunciar,

pronunciar e denunciar das notícias também podem ser estabelecidos para as

reportagens: “Às vezes, as fronteiras entre os gêneros se tornam tênues,

principalmente quando as notícias trazem a informação contextualizada” (p. 32).

Além disso, de acordo com Lage (2005), uma das coisas que as diferenciam é que

na reportagem não há necessidade de imediatismo. Ele cita, inclusive, que algumas

das mais famosas reportagens foram escritas – ou produzidas – muito tempo depois

dos fatos a que se reportaram, e que as notícias podem motivar reportagens.

A notícia expõe um fato ou sequência de fatos: caiu um avião na mata, é notícia; resgatam-se passageiros e tripulantes dias depois, outra notícia; divulga-se o relatório técnico sobre o desastre, uma terceira notícia apoiada na recapitulação das duas anteriores. Já o relato detalhado, com base em testemunhos, do sofrimento daqueles dias passados na selva, entre feridos, mortos, medo, incerteza e crises de desespero – isso daria uma excelente reportagem. (LAGE, 2005, p.139)

Ainda segundo Lage, as pautas de reportagem são mais completas. Elas

reúnem informações disponíveis sobre o tema ou evento e sugestões de tratamento

editorial. Fornecem também suas sugestões quando a sua abordagem e preveem

até custos e prazos de produção: “Um dos elementos que tornam a reportagem mais

necessária aos homens contemporâneos é a busca de explicações ou a adesão às

novas habilidades” (p.141).

Sodré e Ferrari (1986) apontam três modelos fundamentais de reportagem:

fact-sory, action-story e quote-story. A primeira, também conhecida com reportagem

de fatos, trata do relato objetivo de acontecimentos, que obedece na redação à

forma da pirâmide invertida, ou seja, como nas notícias, os fatos são narrados em

sucessão, por ordem de importância. Na action-story ou reportagem de ação o relato

pode ser mais ou menos movimentado, começando sempre pelo fato mais atraente,

para ir descendo aos poucos na exposição dos detalhes. Ele fica envolvido com a

visualização das cenas, como em um filme. Já no último modelo, o quote-story ou

reportagem documental, traz o relato documentado, apresentando elementos de

maneira objetiva, acompanhados de citações que complementam e esclarecem o

assunto tratado. Ele é expositivo e aproxima-se da pesquisa.

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Além disso, para Coimbra (1993), o texto da reportagem também está dividido

em três modelos de estrutura: dissertativo, narrativo e descritivo. “Diante de

determinado texto, portanto, é preciso captar um certo número de constantes. Essas

constantes é que permitirão classificar um texto como pertencente a um gênero ou a

outro” (p. 11). Segundo o autor, a dissertação tem como principal propósito expor ou

explanar, explicar ou interpretar ideias. Neste caso, a argumentação visa convencer,

persuadir ou influenciar o leitor. Já a narrativa, Coimbra explica, com base no livro “A

articulação do texto” (1990), de Elisa Guimarães, que, nesta perspectiva, três

categorias tecem seu esquema: exposição, complicação e resolução. Podem, ainda,

completar a estrutura uma avaliação e uma moral. No último gênero, o descritivo, por

sua característica estrutural de expansão ou digressão, quando situado dentro da

estrutura do texto narrativo, serve para retardar o relato de determinado

acontecimento. Nele é possível modificar a ordem das frases que não será alterado

a relação cronológica das ocorrências.

[...] a estrutura do texto da reportagem dissertativa se apóia num raciocínio explicitado através de afirmações generalizantes, seguidas de fundamentação, que constitui a análise feita pelo redator de um acontecimento ou de um grupo de acontecimentos. A estrutura do texto da reportagem narrativa não se apóia num raciocínio expresso. Sua característica fundamental é a de conter os fatos organizados dentro de uma relação de anterioridade ou de posterioridade, mostrando mudanças progressivas de estado nas pessoas ou nas coisas [...] (COIMBRA, 1993, p. 44)

Muito próximo à reportagem está à crônica. Segundo Sodré e Ferrari (1986),

a diferença entre os gêneros não tem sempre uma distinção muito nítida:

Digamos que a reportagem precise de um fato real, não inventado e do testemunho deste fato, ainda que isto seja um artifício do narrador. Explicando melhor: o narrador tem que parecer estar presente (mesmo que não esteja). Isso pode ser feito, tanto através do discurso em primeira pessoa, como sob uma narrativa onisciente que crie o leitor a impressão dessa presença. (p.91)

Meio-termo entre o jornalismo e a literatura, a crônica é o texto jornalístico

que permite liberdade, por meio de sua escrita livre, aliado, muitas vezes, aos

acontecimentos da atualidade.

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O ponto comum entre a crônica e a notícia ou a reportagem é que o cronista, assim como o repórter, não prescinde de acontecimento. Mas, ao contrário deste, ele “paira” sobre os fatos, “fazendo com que se destaque no texto o enfoque pessoal (onde entram juízos implícitos e explícitos) do autor”. Na crônica, porém, o juízo de valor confunde-se com os próprios fatos expostos, sem o dogmatismo do editorial, no qual a opinião do autor (representando a opinião da empresa jornalística) constitui o eixo do texto. (RABAÇA e BARBOSA, 2001, p. 201)

Outros gêneros presentes nos textos jornalísticos são as colunas,

fotorreportagens e fotolegendas. De acordo com Rabaça e Barbosa, o primeiro

consiste também em uma escrita mais livre e pessoal. A coluna é um espaço ou

seção especializada dentro do jornal ou revista, que é composta por notas, sueltos,

crônicas, artigos ou texto-legenda/fotolegenda, podendo adotar, lado a lado, várias

dessas formas. Além disso, elas contêm um título ou cabeçalho constante e são

diagramadas, normalmente, em posições fixas e publicadas sempre na mesma

página, “o que facilita a sua localização imediata pelos leitores habituais” (p. 148).

Já a fotorreportagem é uma “reportagem que tem nas fotografias o seu

principal elemento informativo. Resulta numa matéria jornalística em que as fotos

são acompanhadas somente de legendas ou de breve texto explicativo” (p.330).

Muito semelhante a fotorreportagem, o último gênero, a fotolegenda ou texto-

legenda, pode ser definida como uma legenda mais reforçada, com um pouco mais

de informação em uma fotografia.

Texto-legenda – Também chamado de TL. Legenda ampliada que, em combinação com a foto ou ilustração a que se refere, deve esgotar o assunto de que trata. A legenda deve descrever a foto, com verbo no presente. Deve ser objetiva e combinar as qualidades do bom texto com as da boa legenda. (FOLHA DE SÃO PAULO, 2001, p.100)

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4 FIOS DE CULTURA – ANÁLISE A presente monografia fará a leitura de 17 colunas, a partir de indicações do

próprio autor da seção Memória, Roni Rigon. O número remete também aos 17 anos

em que ele esteve à frente do espaço. As colunas selecionadas tratam de algumas

das inúmeras publicações envolvendo o empresário Abramo Eberle e a metalúrgica

que levava seu nome, que variam desde a história pessoal de seu fundador aos

acontecimentos do cotidiano da empresa e de seus funcionários.

De acordo com Rigon, o motivo pelo qual ele elegeu estas edições está na

importante relevância que o empreendimento e seu proprietário tiveram em Caxias

do Sul. Para ele, a Metalúrgica Abramo Eberle é razão de tudo. Foi a alavanca do

desenvolvimento econômico, político e cultural da cidade. Sem a existência de seu

parque fabril, Rigon acredita que Caxias do Sul seria hoje apenas uma cidade pobre,

assim como está sendo a estagnação dos municípios dos Campos de Cima da Serra

e da fronteira.

O Monumento Nacional ao Imigrante foi fundido na Eberle, com o mestre italiano Tito Bettini. A Eberle fortaleceu a Festa da Uva. A Eberle gerou milhares de empregos, e uma cidade sem emprego é uma cidade pobre, com povo pobre. Além disso, o Abramo Eberle residiu nos Estados Unidos e trouxe a cultura do desenvolvimento social através da função social de gerar empregos. José Eberle, filho de Abramo, estudou no país mais inteligente do mundo, a Alemanha capitalista. A visão cultural de uma indústria forte foi implantada por José Eberle num dos maiores complexos industriais do país, que foi a Maesa. Na Eberle, o colaborador recebia educação de alto nível. Os boletins de comunicação interna eram verdadeiras obras da moderna e conceitual linguagem empresarial. Além disso, foi na conhecida Chácara Eberle que se constituiu o jornal Pioneiro. Ou seja, a Eberle era a grande provedora da comunidade caxiense. Se hoje existe em Caxias do Sul uma conceitual Universidade, é porque no passado existiu uma metalúrgica fomentadora de progresso social e cultural (RIGON, 2014).

A partir deste corpus, deste objeto de análise delimitado, farei a leitura tanto

visual da coluna Memória, como também farei a interpretação do seu conteúdo, de

acordo com a sua cronologia. Para tanto, aplicarei as hipóteses levantadas para esta

pesquisa que são:

a) A coluna Memória valoriza a comunidade;

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b) A coluna Memória é uma espécie de álbum jornalístico;

c) A coluna Memória como reduto de cultura conquistou espaço no jornal

Pioneiro;

d) A consolidação da coluna Memória facilita sua produção.

4.1 METODOLOGIA APLICADA

A monografia “A coluna Memória como um fio de cultura no jornal Pioneiro”

tem como metodologia uma análise de conteúdo, com pesquisa qualitativa, na qual

foram avaliados textos e fotos selecionados. Segundo Fonseca Júnior (2005), em

seu artigo ”Análise do conteúdo”, publicado no livro “Métodos e técnicas de pesquisa

em comunicação” - organizado por Antonio Barros e Jorge Duarte -, a principal

característica de uma avaliação é levantar conclusões. Além disso, por ela podemos

obter diferentes variáveis, como a reconstrução de atitudes, valores e opiniões.

A análise de conteúdo é uma técnica de investigação destinada a formular, a partir de certos dados, inferências reproduzíveis e válidas que podem se aplicar a seu contexto. (BARROS e DUARTE, 2005, pg. 284)

E o autor explica:

A análise de conteúdo é sistemática porque se baseia num conjunto de procedimentos que se aplicam da mesma forma a todo o conteúdo analisável. É também confiável – ou objetiva – porque permite que diferentes pessoas, aplicando em separado as mesmas categorias à mesma amostra de mensagens, podem chegar às mesmas conclusões. (BARROS e DUARTE, 2005, pg. 286)

Por ser uma metodologia mais intuitiva, a pesquisa qualitativa foi eleita por ser

a mais adequada para lidar com as interpretações do espaço, como adianta a

francesa Bardin: O que caracteriza a análise qualitativa é o fato de a inferência – sempre que é realizada – ser fundada na presença do índice (tema, palavra, personagem, etc) e não sobre a frequência da sua aparição, em cada

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comunicação individual. (BARDIN, 2000, p.115)

A análise de conteúdo, se seguirmos a indicação de Fonseca Jr., que se

baseia em um processo esquematizado por Bardin, é dividido em três fases

principais: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados obtidos e

interpretação.

4.2 A LEITURA DOS FIOS DE CULTURA

Coluna publicada em 1º de dezembro de 2003: Ocupando cerca de 40% da página de número 26, esta publicação em preto e

branco, utiliza duas fotos do acervo pessoal do neto do empresário Abramo Eberle,

Carlos Pettinelli, que remetem à trajetória de vida deste tão conhecido executivo

italiano. No primeiro texto, Rigon conta o começo da metalúrgica Abramo Eberle, na

qual, Abramo é fotografado em frente a primeira fábrica da empresa, na década de

1940.

Nesta primeira descrição, o repórter-fotográfico afirma que o empresário

“nasceu predestinado a vencer”. Com apenas 16 anos, Abramo Eberle adquiriu de

seus pais, José e Luiza Eberle, uma simples funilaria. Nesse empreendimento, ele

associou-se, em 1904, a Luiz Gasparetto, fazendo com que ampliassem a produção

e a oferta de emprego em Caxias do Sul e, assim, a empresa começasse a crescer,

tornando-se metalúrgica. Outro fator interessante é que na Segunda Guerra Mundial,

o empreendimento fornecia materiais para os exércitos brasileiros e americanos: “Os

artigos da marca Eberle eram distribuídos por uma rede de representações instalada

em todos os estados do país.” (RIGON, 2003)

Já no segundo espaço, “Retratos”, Rigon mostra Eberle, aos 16 anos, mesmo

período que iniciou sua carreira executiva, em uma fotografia com outros jovens,

alunos do padre Pedro Nosadini. Nessa parte, o repórter-fotográfico informa a

nacionalidade de Eberle (italiano), os anos de nascimento e morte do empresário

(1880 – 1945) e os outros empreendimentos em que ele se envolveu:

No comércio local, fundou a Ferragem Caxiense e representou os produtos do Lanifício Gianella e da tecelagem Panceri. Além disso, vendeu vinho ao

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mercado paulista, tornando-se um dos pioneiros, ao lado de Antônio Pieruccini. (RIGON, 2003)

Esse espaço, publicado em 1º de dezembro de 2003, de acordo com

pesquisas explicadas anteriormente, pode ser considerado uma coluna/seção por ter

como característica principal uma escrita mais livre e pessoal. Além disso, como

afirmam Rabaça e Barbosa no capítulo anterior, Formas Jornalísticas, ela pode ser

composta por notas, sueltos, crônicas, artigos ou texto-legenda/fotolegenda,

podendo adotar, inclusive, lado a lado, várias dessas formas. Além disso, a coluna

tem sempre um título ou cabeçalho e são diagramadas, normalmente, em posições

fixas e publicadas sempre na mesma página, “o que facilita a sua localização

imediata pelos leitores habituais” (p. 148).

Outra consideração importante de se fazer é que essa publicação não pode

ser considera apenas um texto-legenda/fotolegenda, já que não se trata

simplesmente de uma legenda ou de um texto explicativo, mas, sim, de pesquisas,

leituras e informações históricas obtidas pelo colunista Roni Rigon.

A coluna Memória é um tipo de trabalho que exige intensa pesquisa, leitura, entrevista e dedicação em todo momento. Perdi a conta das inúmeras reproduções de fotos que eu fiz, já as entrevistas, muitas vezes, fazia depois do meu horário de expediente e sempre me adequando com as disponibilidades das fontes. Inclusive, parte do material coletado era feito nos meus finais de semana de folga. Também comprei muitos livros sobre a história de Caxias do Sul e ganhei outros, que somam mais de cem títulos. (RIGON, 2014)

Nesta primeira publicação, que pode ser conferida na próxima página, é

possível aplicar duas das quatro hipóteses apresentadas: a coluna Memória valoriza

a comunidade e a coluna Memória é uma espécie de álbum jornalístico.

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Coluna publicada em 08 de dezembro de 2003: Publicada sete dias depois da seção anterior, em oito de dezembro de 2003,

esta divulgação (na página seguinte) também pode ser classificada como coluna.

Nela, Rigon, que exibe fotos reproduzidas do informativo da Metalúrgica Eberle,

evidencia, por meio de dois textos publicados, “Informativo da Eberle” e “Retratos”, o

que ele mesmo afirmou na introdução deste capítulo: a importância de Abramo

Eberle também no segmento cultural de Caxias do Sul. Nesta edição também ficam

claras as hipóteses de que o espaço é uma espécie de álbum jornalístico e que

valoriza a população caxiense. Divulgado bimestralmente entre os funcionários da metalúrgica, o Informativo

Eberle repassava aos colaboradores da empresa algumas das ações do

empreendimento de Abramo. Produzido e diagramado pela Norton Publicidade, de

São Paulo, essa comunicação interna contava também com a colaboração de

Humberto Bassanesi, Mário Pettinelli, Arnaldo Laranjeira, Valcir Stangherlin e Adelar

Ferreira.

Rigon, que reproduziu informações obtidas, provavelmente, diretamente do

Informativo da Eberle, conta que, na edição de número 96, veiculada no período de

maio-junho de 1967, foram abordados dados relacionados à metalúrgica. Entre os

temas dessa edição, que tinha como capa uma fotografia do busto de seu fundador,

Abramo Eberle, em frente ao Monumento Nacional ao Imigrante, estava o

lançamento da baixela, juntamente com os estudos e pesquisas para a sua

produção. Trazia também a visita do editor americano Alfred Knopf à empresa, uma

matéria da retrospectiva da construção do Monumento Nacional ao Imigrante, a

vitória da equipe de futebol da empresa no campeonato do Sesi, os investimentos

feitos na educação dos funcionários e a posse de Claudio Eberle na direção do

Banco do Estado do Rio Grande do Sul. Com uma tiragem de cinco mil exemplares,

o Informativo Eberle mantinha também um espaço dedicado para noticiar

casamentos, nascimentos e as festas dos operários jubilados da empresa.

Ao lado, em “Retratos”, Rigon exibe a foto da visita do editor Knopf,

proprietário da Randon House, em maio de 1967. O profissional era responsável por

editar no Brasil as traduções de Gilberto Freyre, Jorge Amado e Guimarães Rosa.

Durante o passeio, Knopf presenteou a biblioteca da Metalúrgica Eberle com

vários livros de autores americanos. “Os funcionários tinham à disposição uma

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biblioteca bem estruturada para fazer suas leituras de aprendizado e

entretenimento.” (RIGON, 2003)

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Coluna publicada em 13 de janeiro de 2004: Possivelmente uma das melhores colunas selecionadas por Roni Rigon,

devido à emoção transmitida pelas imagens clicadas por Geremia, a seção (próxima

página), veiculada em 13 de janeiro de 2004, relata o falecimento do empresário

italiano Abramo Eberle. Publicada na data de aniversário de sua morte (que ocorreu

em 13/01/1945), esse importante resgate mostra a comoção da população caxiense

na despedida do filho de Giuseppe e Luigia Eberle.

Autoridades políticas, empresariais e todos os operários da Metalúrgica Abramo Eberle acompanharam as cerimônias de sepultamento. Após ser velado em sua residência, uma grande multidão acompanhou o féretro pela Rua Sinimbu. (RIGON, 2004)

Durante as despedidas, em frente à empresa, um funcionário tocou 64 vezes

o sino, que correspondia à idade de Abramo. Era esse mesmo objeto que indicava

diariamente o início e o término do expediente de trabalho na metalúrgica. Em

seguida ao ato simbólico que emocionou amigos e familiares, o bispo Dom José

Barea rezou uma missa em homenagem ao empresário, e, após, o corpo seguiu

para o Cemitério Público, onde foi sepultado.

Semelhante à primeira coluna selecionada (coluna publicada em 1º de

dezembro de 2003), Rigon relata sobre a trajetória de vida pessoal e profissional de

Abramo Eberle. No último parágrafo, o repórter-fotográfico pontua que:

Com apenas 16 anos Abramo adquiriu uma funilaria da família. O empreendimento tornou-se referência importante para o desenvolvimento econômico de Caxias do Sul. [...] Ainda em vida, presenciou seus produtos conquistarem o mercado do Brasil e do Exterior. (RIGON, 2004)

Em “Retratos”, Rigon enfatiza que Abramo, por meio de sua metalúrgica, foi

um grande gerador de empregos, além de ser um dos personagens mais marcantes

na história empresarial da cidade. Esse texto também serviu de suporte para mostrar

a emoção na hora do cortejo fúnebre do empresário, com base na foto que evidencia

a comunidade “inconformada” que dirigia-se à Catedral.

Como se percebe, a coluna Memória funcionava mesmo como um fio de

cultura no jornal Pioneiro, reafirmando as duas primeiras hipóteses, trazendo

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informações de fundo cultural, pesquisadas por Rigon, como a seção dessa data

que tão bem serve de exemplo.

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Coluna publicada em 21 de janeiro de 2004: A coluna da página seguinte resume um pouco do que foram as

comemorações dos 50 anos da Metalúrgica Abramo Eberle. Ainda publicada em

preto e branco, a seção conta que, entre os eventos da programação, destacou-se a

inauguração do busto em bronze do fundador da empresa, Abramo Eberle. “A

imagem foi instalada junto à Praça Vestibular, que recebe o nome do empresário.

Naquela época, o local era a principal entrada de Caxias do Sul, cujo acesso estava

ligado com a BR-116.” (RIGON, 2004)

Para ilustrar a ocasião, que ocorreu em abril de 1946, Rigon resgatou do

acervo do neto de Abramo, Carlos Pettinelli, a fotografia do descerramento do busto,

onde Henrique Michielin, Odino Sartori, Américo Garbin, Humberto Bassanei,

Adelino Sassin, José Venzon Eberle e Zulmir Fabris estavam presentes.

Após essa breve menção, o repórter-fotográfico Rigon destaca a criação da

metalúrgica, relatando que o italiano Abramo Eberle (02/04/1880 – 13/01/1945)

fundou a empresa com apenas 16 anos. Porém, o colunista ressalta que foi sob a

administração de Eberle que o empreendimento sempre esteve voltado para o

desenvolvimento de produtos de alta qualidade e a geração de empregos em Caxias

do Sul.

Devido à sua morte, Abramo não chegou a assistir as comemorações do cinquentenário do seu empreendimento empresarial. No entanto, deixou uma herança em que a marca Eberle representava alto conceito da indústria brasileira. (RIGON, 2004)

Para dar mais consistência à coluna publicada em 21 de janeiro de 2004,

Rigon utilizou outra imagem guardada por Pettinelli, na qual mostra a homenagem

que a Associação dos Comerciantes, atual Câmara de Indústria, Comércio e

Serviços de Caxias do Sul (CIC), prestou aos cinquenta anos da Metalúrgica

Abramo Eberle. A festividade ocorreu no Clube Juvenil e foi enaltecida por

relevantes personalidades da comunidade caxiense e do Estado. Ainda segundo

Rigon, em 1946, a empresa era dirigida pelo filho primogênito de Abramo, José

Eberle.

Como se percebe, conforme a coluna avançava, havia uma facilidade de sua

produção. Os assuntos pareciam estar em harmonia uns com os outros, como se

fossem produzidos em uma sequência de eventos, embora não fosse seguida uma

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cronologia.

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Coluna publicada em 1º abril de 2004: Dando continuidade ao assunto da última coluna, a seção do dia 1º abril de

2004 (na página seguinte) também aborda os 50 anos de fundação da Metalúrgica

Abramo Eberle, porém, focando o texto em seu fundador, Abramo Eberle

(02/04/1880 – 13/01/1945). Nessa publicação, Rigon afirma que o italiano teve sua

trajetória empresarial marcada pela coragem e determinação em inúmeros

empreendimentos. Além de ter transformado uma modesta funilaria no parque fabril

da metalúrgica, Abramo foi um dos pioneiros na venda de vinho e grapa (ou graspa)

para o centro do país. Ele também representou os produtos do Lanifício Gianella e

fundou a loja Eberle, Ludwig & Cia, posteriormente intitulada Ferragem Caxiense.

Em 2 de Abril de 1946, por ocasião do cinquentenário da Metalúrgica Eberle, a memória de Abramo Eberle recebeu justas homenagens. No entroncamento da estrada BR-116 e Avenida Julio de Castilhos, foi inaugurado o busto do empresário (foto). (RIGON, 2004)

No descerramento da estátua foi celebrada uma missa pelo bispo Dom José

Barea, com auxilio dos padres João Gollo e Ernesto Brandalise, que, inclusive,

ilustram o espaço “Retratos”. De acordo com Rigon, as comemorações dos 50 anos

da metalúrgica mobilizaram a comunidade caxiense.

Para a produção desta coluna, o repórter-fotográfico utilizou o acervo do neto

de Abramo Eberle, Carlos Pettinelli, enfatizando mais uma vez a valorização da

comunidade e sua história.

Apesar de repetitiva, as informações sobre Abramo Eberle são fundamentais,

já que essa seção, que tinha o mesmo assunto da anterior, foi publicada quase dois

meses depois da outra coluna.

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Coluna publicada em 06 de setembro de 2004:

O repórter-fotográfico Rigon abordou em 2004, um dia antes do aniversário de

independência do Brasil, as atividades da Semana da Pátria, na década de 1940,

em Caxias do Sul. A coluna, exposta na próxima página, valorizou os desfiles que

ocorriam na Avenida Júlio de Castilhos, por meio das fotografias do acervo de André

Fochesato.

Por intermédio das imagens, Rigon mostra aos leitores a representatividade

da Metalúrgica Abramo Eberle nos ritos da independência do país. De acordo com

ele, a apresentação do grupo de operários era um espetáculo à parte durante o

desfile: “A Metalúrgica Abramo Eberle evidencia-se por ter sempre valorizado o

trabalho e o espírito de coletividade entre seus colaboradores.”

Rigon elegeu duas fotografias clicadas do alto. Como uma espécie de álbum

jornalístico, a primeira reprodução mostra a marcha dos funcionários da Eberle,

emoldurada por uma expressiva quantidade de pessoas. José Eberle, diretor da

empresa na época, aparece nesta fotografia marchando à frente do bloco. Já na

segunda imagem, os funcionários da empresa figuram concentrados para o desfile

cívico, em meados de 1940, em frente à metalúrgica, na Rua Sinimbu.

Além de citar a empresa fundada por Abramo Eberle, considerada na época

um dos empreendimentos mais poderosos, Rigon conta que escolas, agremiações

esportivas, Batalhão de Caçadores e outras organizações empresariais participavam

com “muito fervor” do desfile de Sete de Setembro.

Nessa edição, como já dito anteriormente, percebe-se que o colunista

utilizava o espaço para desenvolver um acervo de registros históricos, valorizando a

comunidade caxiense, mas, principalmente, os funcionários da Metalúrgica Eberle.

Além disso, a participação dos leitores na produção da coluna facilitava seu

desenvolvimento. É importante ressaltar também que, apesar de ter iniciado neste

ano (2004) a sua segunda graduação (bacharelado em Direito), Rigon ainda

produzia e utilizava cerca de 40% da página para a seção Memória.

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Coluna publicada em 04 de novembro de 2004: Ainda impressa em preto e branco, a coluna, publicada no início de novembro

de 2004 (na próxima página), divulgou duas fotos do acervo de Carlos Pettinelli.

Nesta edição, a seção não utilizou, como de costume, dois textos e, sim, apenas um,

onde explicava duas imagens.

Usando o título “Metalúrgica Abramo Eberle”, essa divulgação aborda o

envolvimento da empresa com a Festa Nacional da Uva. Fundada em 02 de abril de

1896, sob o comando do empresário Abramo Eberle, a metalúrgica, segundo Rigon,

sempre desempenhou uma função significativa no desenvolvimento econômico e

social de Caxias do Sul. Prova disso, estava na dedicação da empresa em colaborar

com a comunidade: “Entre os exemplos, destaca-se a Festa da Uva. É impossível

falar desse tradicional evento sem mencionar a contribuição da Eberle.” (RIGON,

2004)

Rigon afirma isso com base na presença da metalúrgica nos desfiles

alegóricos e na exposição agroindustrial, além de a família ter sido representada na

soberania da festa. A filha de Abramo Eberle, Adélia, e a neta Maria Elisa foram

rainhas.

A festividade tinha também entre seus atrativos a visita ao varejo da

Metalúrgica Abramo Eberle. Em 1958, a Miss Brasil da época, Teresinha Morango, e

a rainha da Festa Nacional da Uva daquele período, Zila Turra, foram clicadas

durante a visita à loja, onde receberam de presente um jogo de taças prateadas.

Para acompanhar a primeira fotografia, a rainha Zila Turra aparece conversando na

mesma ocasião com o diretor Caetano Pettinelli.

Nessa seção é possível, mais uma vez, aplicar três das quatro hipóteses:

a coluna Memória valoriza a comunidade e é uma espécie de álbum jornalístico –

devido às atenções sobre a história da cidade, narradas de forma mais simples,

porém, com fotos inéditas –, e a consolidação do espaço facilita a sua produção, já

que Rigon obteve as imagens do próprio acervo do neto de Abramo Eberle, Carlos

Pettinelli.

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Coluna publicada em 08 de novembro de 2004:

Divulgada apenas quatro dias após a seção anterior, essa coluna, que pode

ser conferida na próxima página, utiliza duas fotografias, uma de autoria de

Geremia, e outra do acervo de Carlos Pettinelli.

Para descrever a primeira imagem, na qual mostra a sede da Metalúrgica

Eberle, na Rua Sinimbu, Rigon explica que em 1945 o empreendimento destacava-

se por ser uma organização consolidada em nível nacional e que orgulhava a

indústria caxiense. O prédio de cinco andares, que possuía elevador e energia

própria, estava localizado em uma área nobre da cidade.

Sobre um terreno de 7,5 mil metros quadrados, o parque fabril era ocupado

por cerca de 1,5 mil operários, que fabricavam uma linha de 15 mil produtos:

O setor produtivo da Eberle confeccionava ferragens para a indústria moveleira, artigos fúnebres e religiosos, componentes para vestuário, malas, camas, fogões, montaria, cuias e bombas para chimarrão e os requintados talheres, faqueiros e espadas em ouro e prata. (RIGON, 2004)

Muito antes de ser considerada um orgulho para a cidade, em 1915, a

metalúrgica já mostrava seu potencial. Numa exposição em Porto Alegre, o

empreendimento obteve uma medalha em ouro em reconhecimento pela qualidade

de seus produtos. Alguns anos mais tarde, em 1922, a empresa conquistou o título

de Grande Prêmio, durante a Exposição Internacional do Centenário da

Independência do Brasil, no Rio de Janeiro.

Rigon conta também que em 1921 foi aberta a primeira filial de vendas da

Metalúrgica Abramo Eberle no centro do país, em São Paulo.

Para ratificar ainda mais a importância desta organização, o repórter-

fotográfico afirma que a metalúrgica era um dos principais atrativos em Caxias do

Sul: “Autoridades políticas, empresários e artistas que visitavam a cidade recebiam o

carinho de seus diretores e a satisfação de conhecer a arte de transformar metais

em peças de alta qualidade.” (RIGON, 2004)

Para ilustrar esse tipo de acontecimento, Rigon utiliza uma foto do acervo de

Carlos Pettinelli, na qual se supõe que fazia parte do material obtido para a

publicação da coluna anterior. Nela aparece o diretor Caetano Pettinelli, ladeado

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pela Miss Brasil, Teresinha Morango, e pela rainha da Festa da Uva, Zila Turra

Pieruccini.

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Coluna publicada em 13 de janeiro de 2005:

Pré-anunciado por Roni Rigon no capítulo dois, a mudança no espaço físico

da coluna Memória começa a ser visível. Devido a sua dificuldade na produção da

seção, o repórter-fotográfico começa a utilizar apenas um quinto da página, cerca de

20%. Porém, o que antes ocupava as últimas folhas do jornal Pioneiro, agora está

presente na página três, considerado um dos espaços mais nobres do periódico.

Neste novo modelo (na página seguinte), que ainda permanecia em preto e

branco, Rigon relata a história de Abramo Eberle. Natural da Itália, o empresário,

que era filho de Ligia Zanrosso e Giuseppe Eberle, iniciou sua carreira profissional

aos 16 anos. “Naquela época, Abramo iniciou um sonho exitoso, quando a vila de

Caxias ainda era carente das vias de transportes e comunicação, bem como

dependia da compra de matéria-prima do centro do país.” (RIGON, 2005)

Com o passar dos anos, o empreendimento tornou-se referência na cidade e

também para o Brasil. Considerada grande geradora de empregos e fabricante de

artigos de alta qualidade, a metalúrgica conquistou consumidores até no Exterior.

Além do segmento empresarial, Abramo Eberle ficou conhecido também pelo

seu espírito de doação, participando de inúmeros projetos comunitários e

humanitários.

Entre suas principais participações, destaca-se incentivo às primeiras edições da Festa da Uva, ajuda financeira na construção do Clube Juvenil e Hospital Pompéia, apoio ao Orfanato Santa Teresinha e Sociedade Caxiense de Auxílio aos Necessitados e criação do Aeroclube de Caxias do Sul. (RIGON, 2005)

Abramo Eberle (02/04/1880 – 13/01/1945) casou-se com Elisa Venzon, em 26

de janeiro de 1901, com quem teve nove filhos: José, Angela, Rosália, Julio, Adélia,

Zaíra, Cláudio, Lilia e Marisa.

Como se percebe, a coluna Memória trazia aos seus leitores informações

culturais da cidade, evidenciando que era um verdadeiro fio de cultura no jornal

Pioneiro e validando, inclusive, o nome desta pesquisa.

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Coluna publicada em 06 de junho de 2005:

Como uma espécie de álbum jornalístico, a seção (na página seguinte), por

meio de seu colunista, elegeu para esta edição uma foto reproduzida do livro “Rio

Grande do Sul Colonial”, publicado em 1918, por uma editora espanhola. A imagem,

de 1917, mostra uma repartição da funilaria da Metalúrgica Abramo Eberle.

Na obra, segundo Rigon, a editora enaltece a qualidade dos produtos da

marca Eberle. Naquela época, ainda de acordo com a publicação, a empresa era

detentora de inúmeros prêmios, como medalhas conquistadas em exposições na

Itália.

Para dar consistência à coluna, Rigon descreve também, como de costume,

um pouco de Abramo Eberle, fundador da empresa, e a relevância do

empreendimento. “A Metalúrgica Abramo Eberle moldou importante parcela do

desenvolvimento econômico e industrial de Caxias do Sul.” (RIGON, 2005)

Nascido em 02 de abril de 1880, o empresário adquiriu, em 1896, uma

modesta funilaria e a transformou-a no maior parque fabril da cidade, naquela

época. Abramo Eberle faleceu em 13 de janeiro de 1945.

Como se observa, a coluna Memória funcionava como um fio de cultura,

como espécie de álbum jornalístico no jornal Pioneiro, trazendo, muitas vezes,

dados desconhecidos. Nela, por meio de fotos e informações, os caxienses eram

valorizados, mostrando sua relevante contribuição para o desenvolvimento do

município. Além dessas duas hipóteses que se confirmam, fica claro que mesmo a

seção tenha reduzido seu tamanho, seu espaço físico, a coluna conquistou sua

permanência ao longo dos anos. E, devido a essa consolidação, automaticamente,

sua produção acabava sendo facilitada.

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Coluna publicada em 02 de setembro de 2005:

Sob o título “Símbolo industrial”, a coluna, que pode ser conferida na página

seguinte, faz um apanhado geral e simplificado da Metalúrgica Abramo Eberle,

símbolo de êxito industrial de Caxias do Sul. O empreendimento surgiu de uma

simples funilaria, gerenciada por Luiza Eberle.

Em 1896, a empresa foi adquirida pelo filho de Luiza, Abramo Eberle, quando

ele tinha 16 anos. “Mesmo longe dos grandes centros de consumo, Abramo ousou

em investir e ampliar a fabricação de novos produtos.” (RIGON, 2005). Em vida, o

empresário (1880/1945) foi fornecedor de artigos do vestuário para os exércitos

brasileiros e norte-americanos.

Para ilustrar essa valorização comunitária, reafirmando nossa primeira

hipótese, Rigon utilizou uma foto produzida por Geremia, no início da década de

1950, na qual aparece o complexo fabril da Eberle, na Rua Sinimbu.

Nesta seção Memória percebe-se que, além de ficar menor, em termos de

centimetragem, o espaço mostra-se repetitivo, se lermos sequencialmente as

publicações. Outro fator que despertou atenção ao longo da análise foram os nomes

dos pais de Abramo Eberle, principalmente o da mãe do empresário.

Comparando as publicações dos dias 1° dezembro de 2003, 13 de janeiro de

2004, 13 de janeiro de 2005 e esta edição, de 02 de setembro de 2005, é evidente

que não há um padrão na nomenclatura de seus progenitores. Nessas divulgações,

foi possível observar os seguintes nomes: José e Luiza Eberle, Giuseppe e Luigia

Eberle, Ligia Zanrosso e Giuseppe Eberle. Porém, levando em consideração que a

família era originária da Itália, pode-se concluir que o nome correto dos pais de

Abramo Eberle eram Luigia e Giuseppe. Já o sobrenome, não fica claro. Não é

possível descobrir por meio das colunas se a mãe dele utilizava somente o Zanrosso

ou só Eberle ou se assinava com os dois, Luigia Zanrosso Eberle.

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Coluna publicada em 31 de outubro de 2005:

Ocupando cerca de 20% da página, que ainda era publicada em preto e

branco, a coluna (na próxima página) resgatou um anúncio divulgado em 1914 no

guia comercial e industrial de Caxias do Sul, organizado pela Associação dos

Comerciantes. Nele estava descrito que a Metalúrgica Abramo Eberle já havia sido

agraciada com premiações no Exterior, como um obtido, em 1911, em Turim, na

Itália. Além dessa distinção, o empreendimento recebeu condecorações em

exposições nacionais (1908), estaduais (1912) e na cidade de Santa Maria, no Rio

Grande do Sul, em 1914.

De acordo com o repórter-fotográfico e colunista Roni Rigon, nos primeiros

anos de atividades, o empreendimento fundado em 1896 por Abramo Eberle,

quando ele tinha apenas 16 anos, dedicava-se a fabricação de componentes para

montaria e utensílios domésticos. Com o passar dos anos, a empresa tornou-se

“irradiadora do desenvolvimento econômico de Caxias do Sul”. Ainda segundo

Rigon, nas mais variadas épocas de sua trajetória, a Metalúrgica Abramo Eberle

destacou-se dos mercados consumidores, onde a qualidade de seus produtos

elevavam o conceito da indústria caxiense.

Essa coluna, apesar de repetir alguns dados de outras publicações já

memorizados por nós, trouxe aos leitores informações desconhecidas para muitos,

como as condecorações obtidas pela empresa. Além disso, esta edição ratifica mais

uma vez nossas quatro hipóteses:

a) A coluna Memória valoriza a comunidade;

b) A coluna Memória é uma espécie de álbum jornalístico;

c) A coluna Memória como reduto de cultura conquistou espaço no jornal Pioneiro

(não em termos de centimetragem, mas de permanência ao longo dos anos neste

veículo de comunicação);

d) A consolidação da coluna Memória facilita sua produção.

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Coluna publicada em 18 de novembro de 2005:

Possuidora de segmentos industriais diversificados, Caxias do Sul realizou

em 1916 a primeira Exposição Agrícola e Industrial. O evento, que ocorreu nas

dependências do Clube Juvenil, exibiu um resultado promissor da industrialização da

cidade.

Entre as lembranças da mostra, destacou-se, segundo Rigon, a medalha,

responsável por eternizar a primeira distinção do gênero em Caxias do Sul. Para

ilustrar a coluna, na página seguinte, o repórter-fotográfico reproduziu o objeto de

condecoração da Exposição Agrícola e Industrial, que pertenceu a Irene Maria Carnil

Bridi, evidenciando que obtinha muitas “memórias” dos próprios leitores. Para que

quem estivesse lendo pudesse compreender um pouco mais o que seria essa

indústria diversificada na década de 1910, o colunista utilizou como exemplos no

setor metalúrgico a Metalúrgica Abramo Eberle e De Antoni. Na moagem de cereais

estavam os moinhos de Aristides Germani e da família Corsetti. Na área têxtil, Rigon

citou o maior produtor de tecidos do município, o lanifício Hércules Galló. E, para

finalizar, como detentor na produção de vinhos e salames estava Antonio Pieruccini.

Esta coluna, embora a sua diversificação de conteúdo seja importante por

fazer um verdadeiro apanhado da relevância da indústria caxiense em 1916, como

se percebe, a seção não é especificamente sobre a Metalúrgica Abramo Eberle, mas

ela puxa uma lista dos empreendimentos mais relevantes da época, que inclui a

empresa fundada por Abramo Eberle. Dessa forma, fica visível que a coluna

Memória era um verdadeiro fio de cultura no jornal Pioneiro, valorizando a

comunidade caxiense e seu desenvolvimento econômico.

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Coluna publicada em 17 de abril de 2008:

Primeira divulgação desta seleção publicada a cores, a coluna mostrada a

seguir exibe o orgulho da Metalúrgica Abramo Eberle a respeito do seu parque fabril.

Embrião do que seria em 2014 a futura seção assinada pelo jornalista Rodrigo

Lopes, a coluna é uma espécie de “antecipação” do que aconteceria na reforma

gráfica do jornal Pioneiro, que ocorreu no primeiro semestre deste ano.

Nesta publicação, divulgada em 17 de abril de 2008, Rigon reproduziu o

croqui do anúncio do empreendimento publicado no jornal Pioneiro, em 09 de abril

de 1955. Como título desta coluna, que foi impressa na disputada página três, o

repórter-fotográfico utilizou “Símbolo industrial”, pelo fato de a empresa ser a mais

emblemática na história de Caxias do Sul.

Fundada em 1896, a Metalúrgica Abramo Eberle criou, elaborou e diversificou

importantes produtos para atender diferentes segmentos de consumo industrial e

doméstico. “Seus faqueiros e talheres ficaram reconhecidos pela alta qualidade e

padrão de beleza. Escritórios de representações nas principais praças do país e

Exterior comercializavam seus produtos.” (RIGON, 2008)

Como se pode perceber, a coluna Memória conquistou um espaço ao longo

do tempo, não em termos de centimetragem, mas um espaço de credibilidade

assegurada conforme o tempo passou, evidenciando nossa terceira hipótese (A

coluna Memória como reduto de cultura conquistou espaço no jornal Pioneiro). Além

disso, ficam claras as teorias da valorização da história da comunidade caxiense,

publicada em forma de uma espécie de álbum jornalístico.

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Coluna publicada em 22 de julho de 2008:

Divulgada em julho de 2008, a coluna, que pode ser conferida na página

seguinte, utilizou como base um foto do acervo do Sindicato dos Metalúrgicos de

Caxias do Sul, registrada por Ulysses Geremia. Nela, pode se perceber que se trata

do varejo da Metalúrgica Abramo Eberle, onde era possível apreciar um mostruário

diversificado de produtos da empresa, como os famosos faqueiros e talheres.

Como uma espécie de álbum jornalístico, Rigon descreve brevemente a

história da marca Eberle. “[...] fundada em 1896, exerceu papel fundamental no

desenvolvimento econômico de Caxias do Sul.” Além disso, sua influência também

se projetou na política, educação e em diversas manifestações culturais e sociais na

comunidade.

Reconhecido fotógrafo caxiense, Ulysses Geremia registrou muitos momentos

históricos da Metalúrgica Abramo Eberle e de Caxias do Sul. Filho do também

fotógrafo Giácomo Geremia e de Ângela Ida Zacchera, nasceu em 1911 e desde

menino herdou o gosto pela profissão do pai. De acordo com Kirst (2010), no livro

“Geremia Um Olhar de Pai para Filho”, durante os anos de sua formação, Ulysses

fez o ginásio em Porto Alegre, onde cursou Comércio, o que fez com que ele

voltasse para Caxias do Sul e trabalhasse por muitos anos na empresa De Carli e

Paganelli. Nas horas vagas, ele auxiliava o pai no requisitado Studio Geremia,

recortando os retratos e aproveitando para aprimorar as artes fotográficas.

No ano de 1933, Ulysses Geremia decidiu dedicar-se somente ao trabalho com a fotografia, compartilhando agora plenamente com o pai o encanto e a vocação para esta arte. Ulysses só abandonaria a atividade em 1997, aos 86 anos, por estar muito doente e não apresentar mais condições de fotografar. (KIRST, 2010, p. 09)

Geremia morreu em 03 de outubro de 2001, aos 90 anos, deixando junto com

o pai, Giácomo, um acervo de registros fotográficos históricos da empresa fundada

por Abramo Eberle.

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Coluna publicada em 14 de março de 2013:

Ocupando cerca de um quinto da página três, ou seja, aproximadamente

20%, esta coluna, que está na sequência, exibe uma reprodução de um veículo

Ford, cuja adaptação e encarroçamento eram feitas pela Metalúrgica Abramo

Eberle. “A Metalúrgica Abramo Eberle liderou e moldou o desenvolvimento

econômico de Caxias do Sul. Na década de 1930, a empresa consolidou-se com

uma referência industrial no Brasil. Havia escritórios nas principais capitais do país.”

(RIGON, 2013)

A relíquia, divulgada por Rigon em 14 de março de 2013, foi obtida por meio

do engenheiro Eugenio Luiz Bastiani, valorizando as lembranças da comunidade. A

imagem fazia parte de um catálogo de 1937, conservado por Bastiani. No artigo

estão exibidos luxuosos e artísticos produtos caxienses.

Como se observa a Metalúrgica Abramo Eberle estimulou importantes

empreendimentos caxienses, como as reconhecidas Randon e Marcopolo. Criada

em 1949, a Randon tornou-se um conglomerado de empresas, produzindo um dos

mais amplos portfólios de produtos do segmento de veículos comerciais,

relacionados ao transporte de cargas, seja rodoviário, ferroviário, ou fora-de-estrada.

Hoje, a Randon é uma marca de referência global, situando-se entre as maiores

empresas privadas brasileiras. Já a Marcopolo iniciou como uma pequena fabricante

de carrocerias, no final da década de 1940. Atualmente, a empresa vende para mais

de 100 países e possui mais de 10 fábricas espalhadas pelo mundo.

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Coluna publicada em 12 de junho de 2013:

A última coluna selecionada, publicada cerca de um semestre antes de Rigon

deixar de assinar o espaço, foi divulgada sob o título de “Funcionários da

Metalúrgica Abramo Eberle”. Ocupando aproximadamente 20% da página 11, cerca

da metade do espaço utilizado na primeira coluna desta análise, essa seção foi

ilustrada com um registro de Lydio Provin, divulgado no Boletim Eberle. Na imagem

aparece uma turma de funcionários da empresa quando eles adquiriram máquinas

de costura, em convênio com o Sesi, em 1960.

Nascido em Paim Filho, no Rio Grande do Sul, Lydio Provin ingressou na

Metalúrgica Abramo Eberle em 1951. De acordo com Rigon, entre as atividades na

repartição de fotogravura, Provin se destacava por sua competência em registros

fotográficos – técnica adquirida por meio de lições dadas pelo amigo José Dallabilia.

Como é possível perceber, Rigon sempre buscou valorizar as relíquias

guardadas pela comunidade, publicando-as como álbum fotográfico durante 17

anos. Apesar de ser produzida facilmente com a colaboração dos leitores,

mostrando sua credibilidade, a coluna Memória foi perdendo espaço físico com o

passar do tempo, em termos de centimetragem. Porém, ela conquistou sua

permanência no veículo por sua importância, e é publicada até os dias atuais.

Dessa forma, as quatro hipóteses estabelecidas para esta monografia ficam

comprovadas nesta edição. São elas:

a) A coluna Memória valoriza a comunidade;

b) A coluna Memória é um espécie de álbum jornalístico;

c) A coluna Memória como reduto de cultura conquistou espaço no jornal

Pioneiro;

d) A consolidação da coluna Memória facilita sua produção.

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4.3 INFERÊNCIAS – A MEMÓRIA E O “REPÓRTER-HISTORIADOR”

A partir da análise desenvolvida para este estudo de hipóteses constata-se

que, se desconsiderarmos o caderno Sete Dias, a coluna Memória restou como

único resquício de cultura do jornal Pioneiro. Após a leitura das seções

selecionadas, é possível levantar algumas inferências para comprovar isso.

Roni Rigon se confundia com um historiador de Caxias do Sul. O repórter-

fotográfico sempre buscou divulgar imagens inéditas no periódico, e, em sua

maioria, conseguiu. Sem utilizar imagens do Arquivo Histórico Municipal, obtinha

verdadeiras relíquias de acervos pessoais da família de Abramo Eberle, de

funcionários e fotógrafos locais. Também, em alguns casos, fez reproduções de

jornais/revistas internas de empresas que haviam sido preservadas pela população.

Com algumas informações em primeira mão, a seção Memória era um

verdadeiro "fio de cultura" em meio aos hard news do jornal Pioneiro. Por meio de

pesquisas em livros, mas, principalmente, através das conversas que tinha com as

fontes das imagens, Rigon divulgava dados nunca antes publicados no periódico.

Embora redundante, a coluna Memória se constituía numa verdadeira

lembrança (memória) de Caxias do Sul nos anos passados. Porém, levando em

consideração que as publicações, em sua maioria, eram divulgadas em períodos

distantes, em muitos casos até com meses de distância, os dados nelas publicados

acabavam sendo fundamentais para que o leitor entendesse mais sobre a

Metalúrgica Abramo Eberle e seu fundador, o italiano Abramo Eberle.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS – O FIM DE UM ESTILO

A partir da leitura das 17 colunas selecionadas referentes ao empresário

Abramo Eberle, foi possível levantar deduções que comprovaram plenamente

nossas quatro hipóteses. Em primeiro lugar, ficou notável a valorização da

comunidade no espaço. Ao longo dos 17 anos de atuação como colunista

responsável pela seção Memória, Roni Rigon fez um verdadeiro apanhado do

registro histórico local.

Por meio de relíquias guardadas pela família de Abramo Eberle, de

fotógrafos, como o renomado Ulysses Geremia, e acervos de empresas e

funcionários, o repórter-fotográfico evidenciou a consolidação do espaço através da

“facilidade” como obtinha os registros. Sem utilizar imagens do Arquivo Histórico

Municipal, o profissional sempre tentou buscar publicações inéditas no jornal

Pioneiro e, em sua maioria, conseguiu.

Como um verdadeiro álbum jornalístico, expondo fotografias significativas

para a Caxias do Sul, Rigon sempre utilizou nessas colunas uma linguagem simples

para que todos os leitores pudessem entender facilmente os textos publicados. Além

disso, ele utilizava uma escrita mais livre e pessoal, inclusive, com inúmeros elogios

ao fundador da Metalúrgica Abramo Eberle, mostrando também sua autonomia

editorial.

Publicada diariamente no jornal Pioneiro, desde 1996, a coluna conquistou

um espaço ao longo dos anos, não em termos de centimetragem, mas um espaço

de credibilidade ao ter sua continuidade assegurada conforme os anos passaram.

Apesar do pouco tempo para produzir a seção, Rigon jamais deixou de desenvolvê-

la. Em 2004, devido ao ingresso em sua segunda graduação, no curso de Direito, o

repórter-fotográfico do jornal Pioneiro reduziu aproximadamente metade do espaço

da coluna para que pudesse fazê-la.

Além disso, no decorrer da análise, algo que despertou a atenção foram as

repetidas informações sobre Abramo Eberle. Aparentemente, pela sequência em

que foram lidas as colunas, e por tratar-se de um mesmo assunto (Metalúrgica

Abramo Eberle e seu fundador), a monografia soa um pouco redundante. Porém,

não havia outra forma de fazer, pela própria natureza da seção, que tinha um estilo

rotineiro e com pouco espaço. Todavia, levando em consideração que as

publicações, em sua maioria, eram divulgadas em períodos distantes, em muitos

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casos até com meses de distância, os dados acabavam sendo fundamentais para

que o leitor pudesse compreender quem era o fundador da Metalúrgica Eberle e

como a empresa surgiu.

Considerando todas essas observações, ficaram claras que as quatro

hipóteses (A coluna Memória valoriza a comunidade; A coluna Memória é uma

espécie de álbum jornalístico; A coluna Memória como um reduto de cultura

conquistou espaço no jornal Pioneiro; A consolidação da coluna Memória facilita sua

produção) são confirmadas plenamente. Porém, é importante ressaltar que,

recentemente, a seção foi reformulada, ganhando maior espaço físico, ocupando

agora uma página inteira, mas não mais sob a edição de Roni Rigon, e sim do

jornalista Rodrigo Lopes.

Para que fosse possível chegarmos a essas considerações, estudamos e

analisamos alguns pesquisadores da área da comunicação social. O levantamento

bibliográfico e as entrevistas realizadas com Rigon foram de suma importância,

principalmente para que pudéssemos nos certificar com convicção de que a coluna é

realmente uma coluna, e não uma fotorreportagem ou uma fotolegenda.

Por fim, pretendeu-se com esta monografia deixar indicado um espaço de

pesquisa no jornal Pioneiro muito relevante. A seção Memória, em seu todo, ao

longo do tempo, resultaria até mesmo em um livro, procedimento que Roni Rigon

descarta.

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COIMBRA, Oswaldo. O texto da reportagem impressa: um curso sobre sua estrutura. São Paulo: Editora Ática S.A., 1993.

DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (Orgs). Métodos e Técnicas de Pesquisa em Comunicação. São Paulo: Editora Atlas S.A, 2005. ERBOLATO, Mário L.. Técnicas de codificação em jornalismo: redação, captação e edição no jornal diário. São Paulo: Editora Ática S.A., 2008. Folha de São Paulo. Manual de Redação. São Paulo: Publifolha, 2001.

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___________. Ideologia e técnica de notícia. Florianópolis: Editora Insular, 2001.

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___________. Estrutura da Notícia. São Paulo: Editora Ática, 1998.

NOBLAT, Ricardo. A arte de fazer um jornal diário. São Paulo: Editora Contexto,

2003.

POZENATO, Kenia Maria Menegotto; GIRON, Loraine Slomp. 100 anos de Imprensa Regional: 1897 – 1997. Caxias do Sul: Editora Educs, 2004.

RABAÇA, Carlos Alberto; BARBOSA, Gustavo Guimarães. Dicionário de comunicação. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2001. SODRÉ, Muniz; FERRARI, Maria Helena. Técnica de reportagem: notas sobre a narrativa jornalística. São Paulo: Editora Summus, 1986.

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http://www.gruporbs.com.br/wp-

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melhores-e-maiores-2014 . Acesso em: 26/10/2014, às 15h.

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ANEXO

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CAMILA RUZZARIN

A COLUNA MEMÓRIA COMO UM FIO DE CULTURA NO JORNAL PIONEIRO

Caxias do Sul 2014

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CAMILA RUZZARIN

A COLUNA MEMÓRIA COMO UM FIO DE CULTURA NO JORNAL PIONEIRO

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para aprovação na disciplina de Monografia I. Orientador: Paulo Ribeiro

Caxias do Sul 2014

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 04 2 TEMA ................................................................................................................. 04 2.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA ............................................................................... 04 3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 04 4 QUESTÃO NORTEADORA ............................................................................... 05 5. HIPÓTESES ..................................................................................................... 05 6. OBJETIVOS ...................................................................................................... 06 6.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 06 6.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 06 7. METODOLOGIA ............................................................................................... 06 8. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 09 9. ROTEIRO DOS CAPÍTULOS ............................................................................ 17 10. CRONOGRAMA ............................................................................................. 18 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 19

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1 INTRODUÇÃO Como ex-estagiária do jornal Pioneiro, nos anos de 2010 a 2012, me chamava

a atenção a coluna Memória, publicada diariamente no veículo. Além disso, tive o

privilégio de conviver com o jornalista e fotógrafo Roni Rigon, que era o responsável

pelo espaço, de 1996 a meados de 2014.

Ficava muito nítido, que numa política que se denomina “Diário de integração

da Serra”, que um espaço de valorização da tradição do passado, da memória, este

espaço precisava ser ofertado. Embora o caderno Sete Dias que, supostamente,

também deveria ser um espaço de cultura, acaba mais por privilegiar as pautas de

variedades e entretenimento. Assim, a coluna Memória sobrava como último fio de

cultura do jornal Pioneiro. E é isto que me incentivou a pesquisar sobre o assunto. 2 TEMA A coluna Memória como um fio de cultura no jornal Pioneiro.

2.1 Delimitação do tema

Analisar a coluna Memória, publicada no jornal Pioneiro, produzida pelo

jornalista Roni Rigon, de 1996 a meados de 2014. 3 JUSTIFICATIVA Esta pesquisa visa mostrar a importância da coluna Memória, publicada

diariamente desde 1996, no jornal Pioneiro, de Caxias do Sul, dentro da comunidade

local. Não pela individualidade de cada fotografia, mas pelo conjunto de temas

variados que cada imagem propiciou e continua propiciando.

Cada coluna apresenta à população relíquias que o jornalista e fotógrafo Roni

Rigon descobriu ao longo das pesquisas realizadas para as publicações. Extensos

conteúdos forneceram ao profissional distintas publicações (matérias) no Pioneiro.

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Além disso, por exemplo, ao catalogar as reproduções de imagens fornecidas pelas

famílias de Celina Dal Prá, Lina Sólio, João Nicoletti e Ignes Muner, foi possível

fornecer material para dois livros, um escrito pela professora Vania Heredia e outro

por Teresinha Tregansin. No caso do acervo da Metalúrgica Abramo Eberle, onde

obteve fotos da família Eberle, também foi possível utilizar o material para outros

livros, como, por exemplo, o “Milagre da Montanha”, de Álvaro Franco e Sinhorinha

Maria Ramos de Franco.

As pesquisas também concederam a Rigon incríveis descobertas. No acervo

do professor italiano Celeste Gobbato, o jornalista encontrou uma narrativa

fotográfica surpreendente, onde identificou este homem como sendo uma pessoa

que muito lutou no desenvolvimento da vitivinicultura de Caxias do Sul. Além disso,

por meio dos dados, obteve a informação de que ele foi intendente da cidade, diretor

da Estação Experimental de Viticultura, presidente da Festa da Uva e deputado

estadual. Segundo Rigon, Gobbato possui relatórios elaborados com dados

estatísticos que são referências de consulta histórica.

Através destes e de outros relatos, clubes sociais, times de futebol,

instituições privadas e benemerentes, e, principalmente, o patrimônio histórico teve

acolhido o seu resgate, tão fundamental para a cristalização da memória de uma

comunidade.

Depois de estafantes 17 anos, Roni Rigon deixou a coluna, que agora é

assinada pelo também jornalista Rodrigo Lopes, e como forma de homenagem ao

relevante serviço prestado por este profissional é que esta monografia abordará a

coluna Memória e sua importância na comunidade caxiense. 4 QUESTÃO NORTEADORA

Se considerarmos o caderno Sete Dias de variedades, como sendo um

espaço muito mais de entretenimento, a coluna Memória restou como último reduto

de valorização cultural no jornal Pioneiro.

5 HIPÓTESES

e) A coluna Memória valoriza a comunidade;

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f) A coluna Memória é uma espécie de álbum jornalístico;

g) A coluna Memória como reduto de cultura conquistou espaço no jornal

Pioneiro;

h) A consolidação da coluna Memória facilita sua produção.

6 OBJETIVOS

6.1 Objetivo geral Demostrar que o jornal Pioneiro ainda mantém um espaço essencialmente

cultural. 6.2 Objetivos específicos - Observar como se dá o resgate da memória de Caxias do Sul;

- Demonstrar como os recortes fotográficos formam uma espécie de álbum de

flagrantes do passado;

- E, por fim, valorizar os textos e fotos que retratam a tradição e a cultura de Caxias

do Sul.

7 METODOLOGIA

A monografia “A coluna Memória como um fio de cultura no jornal Pioneiro”

terá como metodologia uma análise de conteúdo, com pesquisa qualitativa, na qual

serão avaliados textos e fotos selecionados. Segundo Wilson Corrêa da Fonseca

Júnior, em seu artigo “Análise do conteúdo”, publicado no livro “Métodos e técnicas

de pesquisa em comunicação” - organizado por Antonio Barros e Jorge Duarte -, a

principal característica de uma avaliação é levantar conclusões. Além disso, por ela

podemos obter diferentes variáveis, como a reconstrução de atitudes, valores e

opiniões.

A análise de conteúdo é uma técnica de investigação destinada a formular, a partir de certos dados, inferências reproduzíveis e válidas que podem se aplicar a seu contexto. (BARROS e DUARTE, 2005, pg. 284)

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E o autor explica:

A análise de conteúdo é sistemática porque se baseia num conjunto de procedimentos que se aplicam da mesma forma a todo o conteúdo analisável. É também confiável – ou objetiva – porque permite que diferentes pessoas, aplicando em separado as mesmas categorias à mesma amostra de mensagens, podem chegar às mesmas conclusões. (BARROS e DUARTE, 2005, pg. 286)

Por ser uma metodologia mais intuitiva, a pesquisa qualitativa foi eleita por ser

a mais adequada para lidar com as interpretações do espaço, como adianta a

francesa Laurence Bardin, na obra também intitulada “Análise de Conteúdo”:

O que caracteriza a análise qualitativa é o fato de a inferência – sempre que é realizada – ser fundada na presença do índice (tema, palavra, personagem, etc) e não sobre a frequência da sua aparição, em cada comunicação individual. (BARDIN, 2000, p.115)

A análise de conteúdo, se seguirmos a indicação de Fonseca Jr., que se

baseia em um processo esquematizado por Laurence Bardin, é dividido em três

fases principais: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados

obtidos e interpretação.

A partir do livro de Laurence, o passo a passo do método, simplificado por

Fonseca Jr., deve ser da seguinte forma:

7.1. Pré-análise

A pré-análise consiste na apresentação do material produzido, durante o

período de 1996 a meados de 2014, na Coluna Memória e a aplicação das

hipóteses:

a) A coluna Memória valoriza a comunidade;

b) A coluna Memória é uma espécie de álbum jornalístico;

c) A coluna Memória como reduto de cultura conquistou espaço no jornal

Pioneiro;

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d) A consolidação da coluna Memória facilita sua produção.

Tal procedimento atende ao que observa Fonseca Jr.:

De todas as fases da análise de conteúdo, a pré-análise é considerada uma das mais importantes, por se configurar na própria organização da análise, que serve de alicerce para as fases seguintes. Envolve a escolha de documentos a serem submetidos à análise, a formulação das hipóteses e dos objetivos, bem como a elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação final. (BARROS e DUARTE, 2005, pg.290)

7.2 Exploração do material

Ainda de acordo com Fonseca Jr., seguindo as indicações de Laurence, esta

parte refere-se à análise propriamente dita. O corpus da pesquisa será a coluna

Memória que servirá de base para o estudo: “As decisões sobre a constituição do

corpus também condicionam a ênfase a ser dada na pesquisa”, explica Fonseca Jr,

na página 292. Em um segundo momento, serão realizadas leituras críticas destas

publicações, que envolverão parte teórica e, novamente, a aplicação das hipóteses.

7.3 Tratamento dos resultados obtidos e interpretação Na pós-análise se levanta as deduções estabelecidas nas duas fases

anteriores. Essas inferências, segundo Laurence, são específicas ou gerais: “Na

análise de conteúdo, a inferência é considerada uma operação lógica destinada a

extrair conhecimentos sobre os aspectos latentes das mensagens analisadas”

(BARROS e DUARTE, apud BARDIN, pg. 284). Após, serão extraídas as conclusões

parciais do assunto.

De acordo com Fonseca Jr., no campo da comunicação, este procedimento é

utilizado para desvendar as condições de produção das mensagens analisadas, isto

é, “as variáveis psicológicas do indivíduo emissor, variáveis sociológicas e culturais,

variáveis relativas à situação da comunicação ou do contexto de produção da

mensagem”.

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Outros tipos de inferências importantes são: as concepções ideológicas de uma sociedade, imagens, clichês e arquétipos culturais, sistema de crenças, estereótipos sociais, representação de tipos e papéis sociais (homem, mulher, rico, pobre, negro, branco, jovem, idoso, etc) (BARROS e DUARTE, apud BARDIN, 2005, pg. 299)

Segundo Martin W. Bauer em seu livro, “Pesquisa qualitativa com texto,

imagem e som”, a análise de conteúdo clássica é apenas um método de análise de

texto desenvolvido dentro das ciências sociais empíricas.

Embora a maior parte das análises clássicas de conteúdo culminem em descrições numéricas de algumas características do corpus do texto, considerável atenção está sendo dada aos “tipos, “qualidades”, e “distinções” no texto, antes que qualquer quantificação seja feita. Deste modo, a análise de texto faz uma ponte entre formalismo estatístico e a análise qualitativa de materiais. No divisor quantidade/qualidade das ciências sociais, a análise de conteúdo é um técnica híbrida que pode medir esta improdutiva discussão sobre virtudes e métodos (BAUER, 2008, pg. 190)

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8 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Para realização de uma pesquisa são necessárias intensas investigações

para obter-se um resultado preciso. Bons livros, artigos, entre outras publicações

são indispensáveis para que se possa encontrar a(s) resposta(s) adequada(s). No

decorrer deste espaço, estarão disponíveis, em ordem alfabética pelo sobrenome do

autor, livros que serão utilizados nesta monografia.

Arquivo Histórico Municipal Caxias do Sul

“Histórias da imprensa em Caxias do Sul” A grande quantidade e as inúmeras diversidades do Arquivo Histórico

Municipal João Spadari Adami, de Caxias do Sul, proporcionaram ao município a

criação do livro “Histórias da Imprensa em Caxias do Sul”. A obra, que utiliza

também dados do Arquivo Municipal, relata a história do jornalismo na região,

principalmente da cidade, por meio de depoimentos com pessoas que fizeram parte

do ramo, como Mário Gardelin, João Brusa Neto, Elvo Marcon, Frei Dionísio

Veronese e Jimmy Rodrigues. Os entrevistados discorrem sobre os meios de

comunicação da região, mas, principalmente, pelos jornais impressos “Città di

Caxias”, “Correio Riograndense”, “A Época”, “O Monumento”, “Voz do Povo”, “O

Brasil”, “IL Giornale Dell’Agricoltore”, “Stafetta”, “Folha do Nordeste”, “Diário do

Nodeste”, “Caxias Magazine”, “O Pioneiro”, entre tantos outros.

Para dar inicio a esta monografia, o livro será utilizado em todo o capítulo

dois, “História do Jornalismo Caxiense”, para contar a história do jornal “O Pioneiro”,

que mais tarde, após ser adquirido pelo grupo RBS, passa a se chamar apenas

“Pioneiro”.

Segundo relatos de Elvo Marcon, primeiro diretor do veículo, o “O Pioneiro”,

na verdade, foi organizado por José Eberle, Humberto Bassanesi, Américo Garbin,

Sílvio Toigo, Isidoro Moretto, Sílvio Daré, entre outras figuras da sociedade

caxiense, com objetivos políticos e dentro de uma orientação partidária do Partido de

Representação Popular. A iniciativa foi dada na época pelo deputado Luiz

Compagnoni.

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BAHIA, Juarez “Jornalismo – Informação – Comunicação” Para o autor do livro “Jornalismo – Informação – Comunicação”, Juarez Bahia,

“(...) a informação é fundamental às relações entre indivíduos e sociedades. Na era

atual, como na primitiva, a informação tem um significado vital para o homem.” O

escritor, ao longo de suas páginas mostra a importância da comunicação na vida da

população. Para ele, o jornalismo é o princípio da liberdade de informação no

contexto jurídico brasileiro e um tipo especial de transmissão simbólica envolvendo

condições especiais, métodos especiais e linguagem especial.

Com base nesta importância, a obra será utilizada no capítulo três, “Formas

jornalísticas”, onde será abordada a relevância da informação, em diferentes formas,

como reportagem e crônica.

COIMBRA, Oswaldo

“O texto da reportagem impressa: um curso sobre sua estrutura”

Publicado em 1993, “O texto da reportagem impressa: um curso sobre sua

estrutura” será utilizado no capítulo três, “Formas jornalísticas”, para auxiliar na

definição do que é reportagem e suas diferentes formas. Para o autor, Oswaldo

Coimbra, o texto pertence a uma de três matrizes de gêneros: dissertativo, narrativo

e descritivo. Diante de constantes, é possível apurar a qual melhor se classifica. A

obra também explica como aplicar essas modalidades na imprensa escrita.

ERBOLATO, Mário L. “Técnicas de codificação em jornalismo: redação, captação e edição no jornal diário”

Voltado para o jornalismo brasileiro, o livro “Técnicas de codificação em

jornalismo” explica o progresso da área, a importância do impresso sobrepor-se ao

rádio e à televisão, o que deve ser publicado, formas de linguagem, além de

disponibilizar ao leitor exercícios para memorizar o conteúdo. A obra escrita por

Mário L. Erbolato relata ainda as categorias do jornalismo, o que é notícia e como

elegê-la para atrair leitores, além de disponibilizar um glossário com as principais

linguagens jornalísticas utilizadas na redação. O livro será utilizado no capítulo três,

“Formas jornalísticas”.

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Para Erbolato, as notícias são a matéria-prima do jornalismo, pois somente

depois de conhecidas ou divulgadas é que os assuntos aos quais se referem podem

ser comentados, interpretados e pesquisados. Além disso, para as pessoas se

interessarem por elas, tem que haver facilidade para a leitura e compreensibilidade

do texto. Ambas estão interligadas, e o êxito, segundo ele, depende, nessa

particularidade, da aplicação de normas que levem a atingir referidos fins.

Desde a escolha da notícia, a maneira de melhor apresentá-la (quanto à relação e tecnicamente), até os editoriais, tudo deve constituir preocupação constante aos diretores de jornais. Pesquisas e planejamento, tanto na área redacional, como na administrativa, fazem parte do trabalho diário. Melhorar e conquistar a massa é o objetivo que deve ser alcançado (ERBOLTO, 2008, pg.18)

KUNCIZIK, Michael “Conceitos de jornalismo: Norte e Sul” Michael Kuncizik será utilizado como base, por meio do seu livro “Conceitos

de jornalismo: Norte e Sul”. Através dele, contarei no segundo capítulo, antes de

iniciar o trajeto do Jornalismo Caxiense, um breve histórico do jornalismo mundial.

Na Europa Central, segundo Kuncizik, os predecessores dos jornalistas atuais

eram os viajantes, que reportavam e comentavam os acontecimentos do dia nas

feiras, mercados e cortes aristocráticas, assim como os mensageiros e os escrivães

públicos. Só no século XIX, o jornalismo chegou a ser uma profissão de tempo

integral, onde se podia sobreviver economicamente na Europa e nos Estados

Unidos.

No livro, o autor destaca que, também no século XIX, os jornais, que antes

eram semanais, passam a ser publicados em intervalos cada vez menores, até

quatro ou cinco vezes por semana. Além disso, a censura passou a ser cada vez

menor, e, dessa forma, houve, inclusive, o aumento do número de leitores.

LAGE, Nilson

“A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística”

Renomado jornalista, Nilson Lage, por meio do seu livro “A reportagem: teoria

e técnica de entrevista e pesquisa jornalística”, aborda a principal figura

característica do jornalismo, o repórter, mostrando sua real importância e os

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métodos utilizados por ele para selecionar e transmitir aquilo que é mais importante

para o púbico.

Do ponto de vista técnico, escritores de folhetins e jornalistas obrigaram-se a reformar a modalidade escrita da língua, aproximando-a dos usos orais ou cultivando figuras de estilo espetaculares, ora exagerando no sentimentalismo, ora incorporando a invenção léxica e gramatical das ruas. Descobriu-se a importância dos títulos, que são como anúncios do texto, e dos furos, ou notícias em primeira mão [...] (LAGE, 2002, pg. 15)

Além da relevância do repórter, a fonte é também de extrema importância.

Segundo Lage, muitas notícias jamais seriam conhecidas, ou demorariam muito a

ser, se não fosse pela iniciativa delas.

[...] essa motivação pode ser uma obrigação moral de manter informada a sociedade; o desejo de se prestigiar junto ao público e aos veículos de comunicação; a intenção de impedir que o fato se espalhe agregado a uma versão inconveniente [...]; a vontade de denegrir ou desmoralizar um adversário ou concorrente etc (LAGE, 2002, pgs. 68 e 69)

O livro também conta com parte do código de ética do jornalismo, onde trata

da conduta e responsabilidade do profissional da área, e a relação jornalista – fonte.

Além disso, aborda, de forma rápida, o conceito da notícia, e as dificuldades para se

realizar uma pesquisa para dada matéria.

“Ideologia e técnica de notícia”

O livro “Ideologia e técnica de notícia” é baseado na própria dissertação de

mestrado do autor, Nilson Lage. Para esta pesquisa, a obra será utilizada no

capítulo três, “Formas jornalísticas”, onde ajudará a definir o conceito de notícia –

que ainda hoje ocupa bom espaço na grande imprensa, das manchetes aos pés de

página.

Segundo Lage, entre gêneros de texto correntes nos jornais, a notícia

distingue-se com certo grau de sutileza da reportagem, que trata de assuntos, não

necessariamente de fatos novos. A reportagem é planejada e obedece uma linha

editorial, um enfoque. Já a notícia, não.

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Há duas razões básicas para a confusão entre a reportagem e notícia. Uma refere-se à polissemia da palavra reportagem que, além de designar certo gênero de texto, é o nome da seção das redações que produz indistintamente notícias e reportagens. A segunda resulta da importância peculiar que a estrutura da notícia assumiu na indústria da informação: frequentemente, a reportagem da imprensa diária é escrita com critérios de nomeação, ordenação e seleção similares aos da notícia e apresentada com diagramação idêntica (LAGE, 2001, pg. 51)

Para Lage, os dois componentes básicos para a criação de uma notícia são:

uma organização relativamente estável, ou componente lógico e elementos

escolhidos segundo critérios de valor essencialmente cambiáveis, que se organizam

na notícia – o componente lógico.

“Teoria e Técnica do Texto Jornalístico”

“Teoria e Técnica do Texto Jornalístico” é voltado para produção de textos no

meio jornalístico. A obra servirá de base nesta monografia para mostrar que o modo

como escrevemos, de acordo com Lage, acaba revelando pequenas alterações no

estilo do texto, qualificando um gênero ou especificando o tempo e o espaço que foi

produzido. Também será utilizada para contar brevemente a história do jornalismo

no Brasil, as diferenças entre notícia e reportagem, e o que faz um veículo/jornalista

ter credibilidade.

Segundo o autor, a notícia é o texto básico do jornalismo. É nela que se

expõe um ou mais fatos novos ou desconhecidos.

O que caracteriza o texto jornalístico é o volume de informação factual. Resultado da apuração e tratamento dos dados, pretende informar, e não convencer. Isso significa que o relato, por definição, está conforme o acontecimento – este sim, passível de crítica e capaz de despertar reações distintas nos formadores de opinião e entre os receptores da mensagem geral (LAGE, 2005, pg.77)

Já a reportagem, segundo ele, é o relato detalhado, com base em

testemunhos. “O imediatismo é o menos importante: algumas das mais famosas

reportagens foram escritas – ou produzidas – muito tempo depois dos fatos a que se

reportam.” (LAGE, 2005, pg. 139)

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NOBLAT, Ricardo “A arte de fazer um jornal diário” O jornal existe para quê? “Para informar as pessoas. Também para instruí-las

e diverti-las”, já dizia Ricardo Noblat, na página 12 de seu livro “A arte de fazer um

jornal diário”. O autor, que será utilizado no capítulo três, “Formas jornalísticas”,

aborda em sua obra a importância do jornalista e do jornalismo impresso. Com uma

leitura fácil e fluída, o profissional mostra os deveres pré-estabelecidos pelo manual

de ética e pelas empresas na vida de um jornalista, o que desperta mais atenção do

leitor e suas principais reclamações, rotinas e funções numa redação, e, claro, as

experiências vividas por Noblat. Além disso, o jornalista aborda também os

significados do que são notícia e reportagem ao longo das páginas de seu livro.

POZENATO, Kenia Maria Menegotto; GIRON, Loraine Slomp

“100 anos de imprensa regional | 1897 – 1997”

Para dar consistência ao capítulo dois, “História do jornalismo caxiense”,

utilizarei o livro “100 anos de imprensa regional | 1897 – 1997”, de Loraine Slomp

Giron e Kenia Maria Menegotto Pozenato. Neste período em que a obra aborda,

muitos jornais foram criados no Rio Grande do Sul, entre eles, alguns na cidade de

Caxias do Sul, como “O Caxiense”, “Il Colono Italiano”, “A Gazeta Colonial”, “A

Folha”, “A Verdade”, “O Monumento”, “Correio Riograndense” e “O Pioneiro”. Porém,

o foco será dado ao surgimento do “O Pioneiro”, em novembro de 1948.

Segundo as autoras, o jornal “O Pioneiro” era formado por membros da antiga

Ação Integralista Brasileira, que se reuniam após a redemocratização sob a sigla do

Partido de Representação Popular (PRP). Por inciativa do deputado Luiz

Compagnoni, ele surgiu baseado em duas ordens de influência: uma voltada à

valorização das raízes socioculturais da cidade, e outra na político-partidária, ligada

à Ação Integralista Brasileira.

Ainda segundo Pozenato e Giron, nos primeiros anos, “O Pioneiro” circulava

semanalmente, com oito páginas e sob forma de tabloide. O número era vendido por

Cr$ 0,80 e a assinatura anual a Cr$ 35. Nesta época, apesar do veículo se qualificar

como digno, honesto e criterioso, não tinha intenção alguma em apresentar-se como

um jornal neutro. Em suas publicações não havia cuidados com a linguagem

jornalística. De acordo com as autoras, como “O Pioneiro”, os jornais desse período

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apresentavam mais notícias de interesse político do que informações de interesse

público.

RABAÇA, Carlos Alberto; BARBOSA, Gustavo Guimarães “Dicionário de comunicação” O domínio do vocabulário profissional é fundamental para conhecer a área de

atuação. Por isso, elegi este livro para me auxiliar nas definições das palavras do

ramo do jornalismo e, especialmente, para dar ainda mais coerência a todo capítulo

três, “Formas jornalística”.

RBS, Grupo “Guia de Ética e Autorregulamentação Jornalística do Grupo RBS” Criado para orientar os funcionários da empresa, o “Guia de Ética e

Autorregulamentação Jornalística do Grupo RBS” irá auxiliar nesta pesquisa nas

definições das publicações da coluna Memória. Penso que a obra poderá ser

utilizada no capítulo quatro, “Memória”, e durante todo o capítulo cinco, “Análise”.

Segundo a obra online, a RBS considera a liberdade de informação uma

conquista inerente às democracias e propugna seu uso responsável, com o sentido

de contribuir para o aperfeiçoamento do ser humano, dos sistemas políticos e das

sociedades. Além disso, defende a democracia e a liberdade, e se opõe a qualquer

tipo de preconceito e discriminação.

Ainda de acordo com o guia, os veículos do grupo se empenham em

promover a interatividade com seus públicos e em oferecer pluralidade nas opiniões

e as diferentes versões dos fatos. SODRÉ, Muniz; FERRARI, Maria Helena “Técnica de reportagem: notas sobre a narrativa jornalística” Com exemplos reais, que facilitam a compreensão, a obra de Muniz Sodré e

Maria Helena Ferrari, “Técnica de reportagem: notas sobre a narrativa jornalística”,

baseará o capítulo três, “Formas jornalísticas”. As informações do livro ajudarão a

obter um conceito melhor do que é reportagem (e suas diferentes formas), notícia e

crônica.

Segundo os autores, à notícia cabe a função essencial de assinalar os

acontecimentos, ou seja, tornar público um fato, através de uma informação.

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Noticiar, portanto, seria o ato de anunciar determinado fato e, independente do

número de acontecimentos que possam ocorrer, só serão notícias aqueles que

forem anunciados. Na opinião de Herraiz, utilizado como fonte por Sodré e Ferrari,

“notícia é o que os jornalistas acreditam que interessa o leitor (...) portanto, notícia é

o que interessa aos jornalistas”. Já a reportagem oferece detalhamento e

contextualização àquilo que já foi anunciado, mesmo que seu teor seja

predominantemente informativo.

A diferença entre crônica e reportagem, ainda de acordo com eles, não tem

sempre uma distinção muito nítida.

Digamos que a reportagem precise de um fato real, não inventado e do testemunho deste fato, ainda que isto seja um artifício do narrador. Explicando melhor: o narrador tem que parecer estar presente (mesmo que não esteja) (SODRÉ e FERRARI, 1986, pg.91)

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9 ROTEIRO DOS CAPÍTULOS

1. Introdução

2. História do jornalismo caxiense

2.1 História do jornal Pioneiro

3. Formas jornalísticas

4. A coluna Memória

4.1 A fase Roni Rigon

5. Análise

5.1 As colunas selecionadas

5.2 Metodologia

5.3 Leitura crítica

5.4 Inferências levantadas

5.5 O fim de um estilo

6. Considerações finais

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10 CRONOGRAMA

ENCONTRO TAREFA

Dia 07 de agosto Reunião com o coordenador de monografias

Dia 14 de agosto Apresentação do esboço do capítulo 2

Dia 21 de agosto Entrega do capítulo 2

Dia 28 de agosto Anotações para a realização do capítulo 3

Dia 04 de setembro Esboço do capítulo 3

Dia 11 de setembro Entrega do capítulo 3

Dia 18 de setembro Esboço do capítulo 4

Dia 25 de setembro Entrega do capítulo 4

Dia 02 de outubro Apresentação das colunas selecionadas

Dia 09 de outubro Entrega da primeira parte da análise

Dia 16 de outubro Entrega da segunda parte da análise

Dia 23 de outubro Entrega da introdução

Dia 30 de outubro Entrega da conclusão

Dia 06 de novembro Revisão

Dia 13 de novembro Revisão

Dia 20 de novembro Entrega final

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REFERÊNCIAS Arquivo Histórico Municipal Caxias do Sul. Histórias da imprensa em Caxias do Sul. Caxias do Sul: Editora Museu Municipal, 1988

BAHIA, Juarez. Jornalismo Informação Comunicação. São Paulo: Editora Martins,

1971

BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Portugal, Edições 70, 2000

BAUER, Martin; GASKELL, George. Pesquisa Qualitativa com Texto, Imagem e Som: um manual prático. Petrópolis: Editora Vozes, 2008

COIMBRA, Oswaldo. O texto da reportagem impressa: um curso sobre sua estrutura. São Paulo: Editora Ática S.A., 1993

DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (Orgs). Métodos e Técnicas de Pesquisa em Comunicação. São Paulo: Editora Atlas S.A, 2005 ERBOLATO, Mário L.. Técnicas de codificação em jornalismo: redação, captação e edição no jornal diário. São Paulo: Editora Ática S.A., 2008

KUNCIZIK, Michael. Conceitos de jornalismo: Norte e Sul. São Paulo: Editora

EDUSP, 1997

LAGE, Nilson. A Reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de Janeiro: Editora Afiliada, 2002

___________. Ideologia e técnica de notícia. Florianópolis: Editora Insular, 2001

___________. Estrutura da Notícia. São Paulo: Editora Ática, 1998

NOBLAT, Ricardo. A arte de fazer um jornal diário. São Paulo: Editora Contexto,

2003

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POZENATO, Kenia Maria Menegotto; GIRON, Loraine Slomp. 100 anos de Imprensa Regional: 1897 – 1997. Caxias do Sul: Editora Educs, 2004

RABAÇA, Carlos Alberto; BARBOSA, Gustavo Guimarães. Dicionário de comunicação. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2001 SODRÉ, Muniz; FERRARI, Maria Helena. Técnica de reportagem: notas sobre a narrativa jornalística. São Paulo: Editora Summus, 1986

Site consultado:

RBS, Grupo. Guia de Ética e Autorregulamentação Jornalística do Grupo RBS.

Porto Alegre: Editora RBS Publicações, 2011. Disponível em:

http://www.gruporbs.com.br/wp-

content/files_mf/1385035893guia%C3%A9tica_pgsduplas.pdf

Acesso em: 20/04/2014, às 17h30min.