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TEXTOS PROBLEMÁTICOS Amós 9:11-12 Como Aplicado em Atos 15:16-18 Durante o primeiro concílio apostólico em Jerusalém foi discutida a questão se os gentios crentes em Cristo deveriam ser circuncidados e se teriam que obedecer a lei de Moisés a fim de serem salvos (ver Atos 15:1, 5, 6). Pedro então testificou que Deus lhe havia demonstrado, na conversão de Cornélio e de sua parentela (ver Atos 10), que Ele "não estabeleceu distinção alguma entre nós e eles, purificando-lhes pela fé o coração" (Atos 15:9). Daí concluiu, "Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram" (verso 11). Depois que Barnabé e Paulo confirmaram essa conclusão ao relatar a sua própria experiência, Tiago, o irmão de Jesus, concordou que Deus aparentemente havia constituído "dentre eles um povo para o seu nome" (verso 14). Tiago usou uma frase que foi reservada para Israel como o povo do concerto de Jeová (Deut. 7:6; 14:2; 28:9, 10; Isaías 43:7). Assim, os gentios crentes em Cristo estão incluídos no povo do concerto divino. Tiago não pensou haver decretado um novo arranjo de

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TEXTOS PROBLEMÁTICOS

Amós 9:11-12 Como Aplicado em Atos 15:16-18

Durante o primeiro concílio apostólico em Jerusalém foi discutida a questão se os gentios crentes em Cristo deveriam ser circuncidados e se teriam que obedecer a lei de Moisés a fim de serem salvos (ver Atos 15:1, 5, 6). Pedro então testificou que Deus lhe havia demonstrado, na conversão de Cornélio e de sua parentela (ver Atos 10), que Ele "não estabeleceu distinção alguma entre nós e eles, purificando-lhes pela fé o coração" (Atos 15:9). Daí concluiu, "Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram" (verso 11).

Depois que Barnabé e Paulo confirmaram essa conclusão ao relatar a sua própria experiência, Tiago, o irmão de Jesus, concordou que Deus aparentemente havia constituído "dentre eles um povo para o seu nome" (verso 14). Tiago usou uma frase que foi reservada para Israel como o povo do concerto de Jeová (Deut. 7:6; 14:2; 28:9, 10; Isaías 43:7).

Assim, os gentios crentes em Cristo estão incluídos no povo do concerto divino. Tiago não pensou haver decretado um novo arranjo de salvação para os gentios, mas sua resposta é exatamente o contrário: "Conferem com isto as palavras dos profetas [plural], como está escrito" [citado de Amós 9:11, 12, na versão Septuaginta] (Atos 15:15). Essa interpretação de Amós por Tiago confirma a aplicação de Pedro de Joel 2:28-32 para a Igreja (em Atos 2:16-21). A missão da Igreja apostólica aos gentios, forma uma parte essencial do propósito divino predito. A profecia de Amós de restauração de Israel recebe uma aplicação escatológica, por isso os gentios devem ser inteiramente aceitos no remanescente messiânico (Romanos 11:5), a Igreja, apenas pela fé. Deus outorgou o Seu Espírito Santo aos gentios em Cesaréia mesmo antes que fossem batizados (Atos 10:44-47)! Amós predisse explicitamente que os fiéis remanescentes de Edom e outras nações serão abençoados juntamente com o Israel restaurado:

Page 2: 10   textos problemáticos

Textos ProblemáticosNaquele dia, levantarei o tabernáculo caído de Davi, repararei as suas

brechas; e, levantando-o das suas ruínas, restaurá-lo-ei como fora nos dias da antiguidade; para que possuam o restante de Edom e todas as nações que são chamadas pelo meu nome, diz o SENHOR, que faz estas coisas (Amós 9:1l-12).

A finalidade de Tiago em citar essa passagem na conclusão do concílio apostólico é demonstrar que a predição de Amós havia se tornado realidade desde o Pentecostes através do influxo dos crentes gentios para dentro da Igreja. O fato de que Tiago altera o texto hebraico ao citar a profecia de Amós havia dado uma oportunidade à Scofield Reference Bible para impor o seu programa de eventos dispensacionalista nas palavras introdutórias de Amós como citadas por Tiago: "Cumpridas estas coisas, voltarei e reedificarei o tabernáculo caído de Davi" (Atos 15:16). As palavras "cumpridas estas coisas voltarei" são interpretadas como significando

...o período após o presente testemunho mundial (Atos 1:8), quando Cristo retornar. Trago mostrou que haverá crentes gentios naquele tempo, bem como crentes judeus. Daí ele concluiu que não é requerido dos gentios tornarem-se prosélitos pela circuncisão.1

Essa teoria tem como objetivo, três dispensações sucessivas no texto de Amós 9:11: (1) O chamado de um povo dentre os gentios durante a era da Igreja presente. (2) "Cumpridas estas coisas", significa, depois desta era da Igreja, a reunião do Israel nacional e a restauração do trono Davídico sobre a terra durante o milênio. (3) Depois disso, a salvação do remanescente de Israel e de todos os gentios.2

Esta construção dogmática não tem recebido apoio dos exegetas bíblicos de uma maneira geral. A razão é que a exegese responsável das Escrituras não admite a interpretação dispensacionalista quando a passagem está ligada ao contexto original no livro de Amós e com o contexto imediato de Atos 15:13-15.

No contexto do livro de Amós, a frase "Naquele dia, levantarei o tabernáculo caído de Davi", se refere claramente ao tempo da restauração de Israel depois do cativeiro babilônico. J. F. Walvoord declara, contudo,

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Textos Problemáticosque as palavras da citação de Amós, "cumpridas estas coisas, voltarei" (Atos 15:16), quer dizer que depois do juízo divino sobre Israel – sua dispersão e disciplina – Cristo retornará.3 Esta conclusão viola a exegese histórica literal de Amós 9, que requer a aplicação do juízo divino sobre Israel com o exílio na Assíria e Babilônia (ver Amós 5:27). Esse juízo começou nos dias do próprio Amós, em 722 a.C. Depois do exílio babilônico, o Senhor retornou em favor de Jerusalém e restaurou a Sua teocracia ao remanescente fiel de Israel (ver Zacarias 8). Zacarias adicionou a promessa de que o Messias viria governar Israel e o mundo com a paz universal (Zacarias 9:9, 10). O juízo final de Deus sobre Israel dependeria de sua resposta ao sacrifício expiatório do Messias (Daniel 9:26, 27; ver o capítulo 11, abaixo). É a alegação de Tiago em Atos 15 que a profecia de Amós encontrou o seu progressivo cumprimento desde a primeira vinda do Messias, na missão da Igreja apostólica.

No aparecimento de Cristo, Deus retornou para Israel. J. Barton Payne explica:

A referência [a reedificação do tabernáculo caído de Davi] deve ser à Sua primeira vinda, pois Atos 15:16 enfatiza que é esse evento que capacita aos gentios a verem a Deus, do período apostólico em diante.... [Então] ocorreu o enxerto dos gentios incircuncisos na Igreja, para quem Atos 15 aplica a passagem do VT, de maneira que ela não possa se referir a tempos ainda futuros.4

Deus restaurou o trono de Davi na ressurreição, ascensão e inauguração de Cristo Jesus como Senhor e Redentor de Israel(Atos 2:36; 5:31). Cristo já é o Rei Sacerdote à mão direita de Deus (Atos 2:33-36; Hebreus 1:3, 13), para quem é dada toda a autoridade no céu e na terra (Mateus 28:18). Como os reis Davídicos estavam assentados "no trono do reino do SENHOR" (1 Crônicas 28:5; 29:23), assim Cristo está agora assentado com Seu Pai no Seu trono (Apocalipse 3:21). O trono Davídico não está mais desocupado ou ineficaz, mas transferido de Jerusalém para a sala real no céu, onde Cristo é, no presente o Rei Davídico (Atos 2:34-36; 1 Coríntios 15:25; Efésios 1:20-22). O trono de Davi e o trono do Senhor não podem estar separados, como presume o

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Textos Problemáticosdispensacionalismo. A predição de Amós da restauração do trono de Davi foi cumprida na entronização de Cristo no céu.

Esta é a mensagem apostólica. G. E. Ladd confirma essa conclusão:Tiago cita a profecia de Amós 9:11-12 para provar que a experiência de

Pedro com Cornélio foi um cumprimento do propósito divino para visitar os gentios e extrair deles um povo para o seu nome. Por isso, continua, "a reedificação da habitação de Davi" que havia resultado na missão aos gentios deve referir-se à exaltação e entronização de Cristo sobre o trono (celestial) de Davi e o estabelecimento da igreja como o verdadeiro povo de Deus, o novo Israel. Desde que Deus havia trazido os gentios à fé sem a lei, não havia necessidade de insistir que os gentios se tornassem judeus para serem salvos.5

A aplicação neotestamentária de Amós 9:11-12 é chamada cristológica-eclesiológica das promessas de restauração de Israel. Uma verificação mais atenta revela outra característica interessante. Enquanto Amós profetizou a conquista física do reinado Davídico sobre o remanescente de Edom, Tiago transporta esse reinado político-militar a uma conquista de Cristo mais elevada e espiritual sobre o coração dos crentes gentílicos. A frase de Amós "para que possuam o restante de Edom", torna-se em Atos 15:17, "para que os demais homens busquem ao Senhor." Martin J. Wyngaarden analisa Atos 15:16-18 como segue:

Aqui o exaltado reino de Cristo do céu, representa a gloriosa restauração da dinastia, o remanescente de Edom torna-se o resíduo de homens, a possessão militar de Edom dá lugar á busca voluntária do Senhor pelos gentios, com a ausência de batalha física sugerida pela imagem pictórica de Amós.6

Ele caracteriza essa transformação como uma espiritualização do Novo Testamento autorizada pelo Espírito Santo. A igreja apostólica universal é a restauração de Israel.

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Textos ProblemáticosIsaías 11:1-12: Qual Será o Cumprimento do "Segundo"

Ajuntamento de Israel?

Naquele dia, recorrerão as nações à raiz de Jessé que está posta por estandarte dos povos; a glória lhe será a morada. Naquele dia, o Senhor tornará a estender a mão para resgatar o restante do seu povo, que for deixado, da Assíria, do Egito, de Patros, da Etiópia, de Elão, de Sinar, de Hamate e das terras do mar. Levantará um estandarte para as nações, ajuntará os desterrados de Israel e os dispersos de Judá recolherá desde os quatro confins da terra (Isaías 11:10-12).

A New Scofield Reference Bible considera essa passagem um texto prova para a sua esperada reconstituição futura de Isael como uma teocracia nacional na Palestina na segunda vinda de Cristo (NSRB 723). J. F. Walvoord sustenta esse futurismo com um apelo à seqüência de Isaías que descreve primeiro o reino messiânico (versos 6-9) e depois o ajuntamento de Israel (versos 10-15).7 Sobre a base dessa seqüência literária, Walvoord argumenta, a reunião messiânica de Israel tomará lugar apenas quando o Messias aparecer em glória no começo do milênio. Contudo, essa interpretação futurista fracassa em fazer justiça, tanto à exegese histórico-gramatical de Isaías 11, quanto à interpretação teológica do Novo Testamento. Para uma discussão ordenada dessa profecia messiânica devemos relacionar Isaías 11: (1) ao tempo de sua própria dispensação; (2) à primeira vinda de Cristo; (3) à segunda vinda de Cristo.

1 . O Cumprimento Inicial de Isaías 11.

Isaías profetizou a respeito do "segundo" ajuntamento do Israel de Deus por volta de 701 a.C., quando a Assíria já havia deportado muitas tribos israelitas para além do rio Eufrates (721 a.C.). Ele vê Israel de forma ampla no exílio da Assíria e da Babilônia (naquele tempo uma província da Assíria), prediz as boas novas de que o Deus de Israel reunirá "o restante do seu povo, que for deixado" entre as nações do

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Textos ProblemáticosOriente Médio e relaciona claramente essa reunião futura ao antigo ajuntamento de Israel, quando Moisés miraculosamente secou as águas do Mar Vermelho de maneira que Israel tivesse um caminho livre para fora do cativeiro egípcio.

Haverá caminho plano para o restante do seu povo, que for deixado, da Assíria, como o houve para Israel no dia em que subiu da terra do Egito (Isaías 11:16; ênfase acrescentada).

O profeta Isaías fica entre o êxodo passado do Egito sob o comando de Moisés e o futuro êxodo de Babilônia (ver diagrama abaixo).

PASSADO PRESENTE FUTUROPrimeiro Êxodo de Israel: Do Egito

Predição de Isaías Segundo Êxodo de Israel: De Babilônia

Tempo:Sob Moisés

Tempo:Cerca de 700 a.C.

Tempo:Cumprido no retorno de Israel à Palestina em 536 a.C. sob Zorobabel

Quando o príncipe Davídico Zorobabel ajuntou o fiel remanescente de Israel da Babilônia (Esdras 1:5) e retornou para Jerusalém em 536 a.C., Deus realmente começou a cumprir a promessa em Isaías de reclamar o fiel remanescente uma "segunda" vez de sua dispersão entre as nações gentílicas (ver Esdras 1-2). É certamente correto concluir que esse ajuntamento de Israel sob Zorobabel em 536 a.C. e mais tarde em 457 a.C. sob Esdras, não constituiu o cumprimento completo de Isaías 11:11-15, porque o Messias ainda não havia aparecido. Não obstante, Zorobabel era um príncipe da casa de Davi e, por isso, um tipo do Messias. Isso faz do êxodo israelita sob Zorobabel basicamente um cumprimento inicial da profecia do ajuntamento messiânico, que apenas reforçava a promessa de Isaías do ajuntamento escatológico de todas as pessoas crentes no Messias dentre Israel e dentre todas as nações, pelo Próprio Cristo na Sua vinda.

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Textos ProblemáticosA predição de Isaías de que o "SENHOR fará secar...o Eufrates"

(Isaías 11:15; NVI) a fim de libertar Israel, também encontrou um admirável cumprimento histórico. Ciro, o general persa, desviou as águas do Eufrates, ao norte da cidade de Babilônia, a fim de precipitar a sua queda repentina em 539 a.C. O sentido mais profundo da profecia de Isaías quanto a essa secagem das águas do Eufrates em favor de Israel, é trazido à luz no Apocalipse do Novo Testamento (Apocalipse 16:12), em ligação com a igreja remanescente do tempo do fim.5

2. O Cumprimento Cristológico-Eclesiológico de Isaías 11

Isaías começa com a predição da vinda do Messias em uma manifestação dupla. A que é comparada a um rebento do tronco de Jessé, fortalecido pela unção do Espírito do Senhor (versos 1-3). A segunda manifestação é o Seu aparecimento como glorioso juiz que "ferirá a terra com a vara de sua boca e com o sopro dos seus lábios matará o perverso" (versos 4-5). O Novo Testamento revela que essas duas manifestações do Messias se referem a dois diferentes adventos históricos de Cristo ao mundo. Pelo fato de ser do mesmo Messias, ambos os adventos partilham basicamente o mesmo Senhorio ou reino de Cristo. Por isso, a paz e a justiça do reino messiânico, como descritos em Isaías 11:6-9, encontram os seus cumprimentos conforme o aparecimento de Cristo. A primeira vinda de Cristo traz paz interna com Deus e com o próximo, através do sacrifício reconciliatório e do Espírito de Cristo (ver Col. 1:19-20; Efésios 2:14-18). A segunda vinda adicionará paz externa e a justificação universal através do julgamento do mundo e a Sua nova criação (2 Tess. 1:5-10; 2 Tessalonicenses 2:8; Apocalipse 21:1-5).

A previsão de Isaías do ajuntamento de Israel está profundamente centralizada em Deus e no Messias. O ajuntamento é primariamente ao próprio Messias e apenas secundariamente à terra de Israel. Além do mais, o ajuntamento não é apenas de Israel, mas explicitamente, de todos os crentes gentílicos (Isaías 11:10).

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Textos ProblemáticosO cumprimento histórico desse ajuntamento messiânico ao "lugar

de descanso" divino, já começou com o primeiro advento de Cristo (ver Mateus 12:30; João 12:32; Hebreus 4:14-16).

O apóstolo Paulo cita a essência de Isaías 11:1, 10, para assegurar à igreja em Roma que a predição de Isaías do repouso messiânico agora está sendo experimentado através da fé em Cristo (Romanos 15:8, 9, 12). Dessa maneira, Paulo faz uma inegável aplicação cristológica-eclesiológica de Isaías 11:10. O remanescente profético de Israel em Isaías é o crente em Cristo, não simplesmente uma nação étnica-política que rejeita a Jesus como o Messias. Cristo é o "Estandarte" para o qual o remanescente recorrerá. Os cristãos do Israel étnico e os gentios já estão bebendo "água das fontes da salvação" com alegria messiânica (Isaías 12:3; João 7:38, 39; 15:11).

3. A Consumação Apocalíptica de Isaías 11

A intenção mais profunda das profecias de Isaías em relação ao ajuntamento de Israel da dispersão, indubitavelmente implica uma perspectiva apocalíptica. Apenas quando o fiel remanescente for restaurado na Palestina (Isaías 11:1-9) o ajuntamento de todo Israel estará completo. Unicamente quando todos os ímpios forem julgados pela justiça do Messias (Isaías 11:4), as promessas em Isaías serão completamente realizadas: "Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do SENHOR, como as águas cobrem o mar" (Isaías 11:1-9). Essa perspectiva universal é expandida em Isaías 24-27, o assim chamado Apocalipse de Isaías, que tem sido intitulado "uma das partes mais belas e magníficas do VT" (E. Sellin). Essa unidade apocalíptica culmina na trombeta divina chamando Israel para se reunir ao Senhor no reino eterno.

Naquele dia, em que o SENHOR debulhará o seu cereal desde o Eufrates até ao ribeiro do Egito; e vós, ó filhos de Israel, sereis colhidos um a um. Naquele dia, se tocará uma grande trombeta, e os que andavam perdidos pela terra da Assíria e os que forem desterrados para a terra do

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Textos ProblemáticosEgito tornarão a vir e adorarão ao SENHOR no monte santo em Jerusalém (Isaías 27:12-13; ênfase acrescentada).

Esse remanescente final de Israel não é retratado como um grupo étnico ou uma entidade política, mas como um remanescente religioso. O propósito da última trombeta de Deus é congregar cada israelita de maneira que todo Israel possa "adorar Jeová" em Seu santo templo em verdade e no Espírito, e da libertação eterna de toda a opressão.

Cristo e os escritores do Novo Testamento visualizavam tal ajuntamento apocalíptico do Israel de Deus no glorioso segundo advento? Cristo via a Sua segunda vinda como a colheita final de Sua missão em atrair todos os homens a Si através da cruz (João 12:24, 32; 14:1-3). Ele anunciou que retornaria com poder e grande glória para julgar Israel e as nações da terra em relação à sua rejeição ou fé na Sua missão messiânica de morrer pelos seus pecados (João 5:22-24). Ele a todos julgaria pela sua relação para com o Seu povo (Mateus 25:31-46). Quando Ele retornar, "enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus" (Mateus 24:31).

Cristo aqui se refere, não a um Israel étnico, mas aos "Seus eleitos". Esse Israel messiânico será congregado, não ao Oriente Médio, mas a Si mesmo "dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus" (cf. João 14:2, 3; 1 Tessalonicenses 4:16, 17). Esta é a aplicação final de Cristo às promessas de ajuntamento em Isaías (cf. Mateus 8:11, 12).

4. A Interpretação Dispensacionalista de Isaías 11:11-15

O hebreu cristão Arthur W. Kac, defende a tese de que a formação do moderno Estado de Israel em 1948 A.D., foi o cumprimento inicial ou "preparatório" da profecia de Isaías. Deus agora está ajuntando Israel uma "segunda vez" das nações para a sua terra natal (Isaías 11:11), a fim de reconstituí-lo como "um Estado Soberano inteiramente independente".9

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Textos ProblemáticosEntão, o que Kac vê como o primeiro ajuntamento de Israel? Ele

rejeita a libertação do Egito como o primeiro ajuntamento divino do povo de Deus, porque a permanência de Israel no Egito foi "voluntária por cerca de quatrocentos anos" (contudo, verifique Gênesis 15:13-16!).

Kac assevera: "A primeira dispersão do povo judeu foi realizada por Babilônia e o primeiro retorno tomou lugar no fim do exílio babilônico. A passagem citada acima [Isaías 11:11] fala de um segundo ajuntamento e implicava uma segunda dispersão".10 Ele até mesmo afirma que "as promessas [de restauração] ... nunca encontraram cumprimento após a conclusão do exílio babilônico".11 Conseqüentemente, Kac esboça a seguinte ordem de eventos em Isaías 11:11 (ver diagrama) :

Isaías prediz dois ajuntamentos futuros

Primeiro, um ajunta-mento de Israel da Babilônia

Um segundo ajunta-mento de Israel de todas as nações

Tempo: 700 a.C. Cumprido depois de 537 a.C.

Cumprido desde 1948 A.D.

Kac parece não aceitar qualquer cumprimento da promessa de Isaías para o período depois do exílio babilônico. Ele afirma categoricamente que as promessas divinas de ajuntamento "nunca encontraram cumprimento depois da conclusão do exílio babilônico", embora admita que "o primeiro retorno ocorreu no final do exílio babilônico". Geralmente se reconhece que o retorno de Israel de Babilônia foi um cumprimento verdadeiro, embora parcial da profecia de Isaías do ajuntamento de Israel. De acordo com a exegese literal, Isaías não predisse que Deus ajuntaria Israel "duas vezes", mas "uma segunda vez". Evidentemente, a implicação é que o primeiro ajuntamento ocorreu no passado de Isaías (ver Isaías 11:16). Uma outra indicação de uma falta básica de exegese histórica da parte de Kac é encontrada nas observações

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Textos Problemáticosde que a profecia de Zacarias capítulo 8 foi feita "depois que o ajuntamento do Exílio Babilônico já havia ocorrido'', e conseqüentemente "implica outra Restauração".12 Kac simplesmente passa por alto o fato de que a profecia de Zacarias foi feita em 518 a.C (Zacarias 7:1) e se cumpriu mais tarde no ajuntamento ulterior de Israel da Babilônia sob Esdras em 457 a.C. (Esdras 7). Esta foi de fato, a restauração prometida por Zacarias.

Mais sério ainda, é o fato de que Kac viola o princípio fundamental do Novo Testamento de interpretação das profecias do Velho Testamento que passam da velha para a nova dispensação. A cruz e a ressurreição de Cristo irrevogavelmente transformam a natureza de Israel e todos os seus cumprimentos escatológicos (ver o capítulo 7 acima).

A aplicação étnica e política feita por Kac do Israel escatológico, priva ao "remanescente" de seus profundos elementos essenciais religiosos-teológicos e deixa apenas uma nação secular restaurada, o moderno Estado de Israel. Como esse presente Estado israelita "é preparatório para a redenção final e completa de Israel'', e como "redundará na transformação do reino desta terra no reino de Deus"13, são questões deixadas abertas. Ele "associa" o presente Estado de Israel ao retorno de Jesus Cristo, de uma maneira inexplicada e misteriosa.

A posição dispensacionalista sobre Isaías 11 é apresentada na New Scofield Reference Bible: "Este capítulo é um quadro profético da glória do futuro reino que será estabelecido quando o Filho de Davi retornar em glória (Lucas 1:31-32; Atos 15:15-16)" (p. 723). J. F. Walvoord também declarou que o ajuntamento de Israel tomará lugar apenas na segunda vinda de Cristo baseado na seqüência da descrição de Isaías.14 Mais tarde ele afirmou:

O ajuntamento final de Israel, do qual a presente ocupação de uma porção da Terra Santa é o primeiro estágio, culminará quando o Messias de Israel retornar à terra com poder e glória para reinar.15

Como Kac, Walvoord agora aplica o "segundo" ajuntamento de Isaías ao Estado secular de Israel, desde 1948 A.D. A seqüência da

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Textos Problemáticosdescrição de Isaías aparentemente não é mais acolhida literalmente (primeiro o reino messiânico de justiça e depois o ajuntamento de Israel). Dessa maneira, o Israel restaurado é basicamente privado de sua essência teológica.

O falecido erudito em Velho Testamento J. Barton Payne, apresenta uma interpretação das profecias de ajuntamento em Isaías que pertence basicamente à hermenêutica do dispensacionalismo. Em sua Encyclopedia of Biblical Prophecy (Harper, 1973), Payne reconhece brevemente que o ajuntamento prometido de Israel em Isaías 11:11 pressupõe "a primeira vez tendo sido em seu êxodo do Egito'' (p. 299). O seu interesse é pelo tempo do cumprimento do predito "segundo" ajuntamento do Israel étnico. Para ele, isso será "o reajuntamento dos judeus convertidos, após Cristo haver estabelecido o Seu reino futuro". Ele intitula esse fato de "o re-ajuntamento milenial divino de Israel" (p. 300), "o retorno milenial de Israel para a Palestina" (p. 398; sobre Oséias 1:11; 2:23). Payne passa por alto completamente o cumprimento histórico de Isaías 11 no retorno de Israel da Babilônia, mas aponta exclusivamente para um cumprimento futuro apocalíptico para o Israel étnico no Oriente Médio no segundo advento de Cristo. Seu esboço de Isaías 11:11 é (ver diagrama) :

O primeiro Ajunta-mento Israel do Egito

Isaías Prediz O "Segundo" ou Milenial Ajuntamento do Israel Nacional Convertido na Palestina

Sob Moisés Tempo: 700 a.C. Milênio

A confusão do literalismo dispensacionalista torna-se mais evidente quando se nota que a exegese de Isaías 11 de Kac conclui que o primeiro ajuntamento de Israel não foi do Egito, mas de Babilônia. O segundo ajuntamento, então começou em 1948 A.D. Payne, contudo, declara que o primeiro ajuntamento foi do Egito e que o segundo começará na

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Textos Problemáticossegunda vinda de Cristo. Além do mais existe a confusão acerca da natureza do remanescente de Israel. Kac opera apenas com um Israel secular e natural, enquanto Payne aborda sobre "judeus conversos" que serão convertidos "pelo aparecimento de Cristo nas nuvens", acima da cidade de Jerusalém (p. 140). Não obstante, todos os dispensacionalistas concordam que o Israel escatológico deve ser o povo judeu que retornará à Palestina, de maneira que Cristo possa restabelecer o reino Davídico para eles na velha Jerusalém.

Agora precisamos inquirir, com que base Payne retém as restrições étnicas e geográficas em seu cumprimento escatológico. O seu argumento básico é que a Igreja será arrebatada da terra para o céu, de forma que o Messias reinará na terra apenas sobre Israel. Sua pressuposição é que Israel e a Igreja devem estar para sempre separados, a despeito do ensino de Cristo e da revelação do Novo Testamento. Ele assevera mais particularmente:

A base para distinguir entre aqueles para quem Ele vem, se para a Igreja, em seu arrebatamento, ou para os judeus, em seu ajuntamento, deve ser encontrada nos ensinos das Escrituras de que os judeus devem ser trazidos de volta por outros povos (Isa 14:2, 49:22) e pelo uso de meios emblemáticos, e.g. um caminho, 11:16, 35:8. A igreja, em contraste, experimenta o seu arrebatamento por uma ação direta de Deus. Ela pode ser identificada por tais elementos sobrenaturais como o soar de Sua grande trombeta (Isa 27:12-13; Mat 24:31; 1 Tess 4:16; '"última trombeta", 1 Cor 15:52).

Alusões geográficas, indicando a presença localizada de Jesus Cristo, formam uma chave básica para a identificação das profecias mileniais.16

Nossa crítica fundamental da interpretação profética de Payne é que ele opera com uma hermenêutica preconcebida do literalismo. Subordina a Cristo e a escatologia do Novo Testamento a aspectos étnicos e geográficos do velho concerto, ao invés de fazer de Cristo a norma superior pela qual todas as alusões étnicas e geográficas são transformadas e transcendidas (ver capítulos 7 e 9, acima). Ilustramos isso com um exemplo das declarações de Payne:

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Textos ProblemáticosQuando Zacarias 8:22, por exemplo, fala de muitas nações buscando

ao Senhor, pode-se imaginá-las na era da igreja, como em Zacarias 2:11; mas as nações no capítulo 8 "vêm para buscar Jeová em Jerusalém".17

Um exame minucioso de Zacarias 2 revela, contudo, que Zacarias 2:11 em nenhum respeito é diferente de 8:22, como afirma Payne. Assim como no capítulo 8, Zacarias 2 se refere à "filha de Sião" (2:10) e a "Judá como sua [de Jeová] porção na terra santa e [Ele], de novo, escolherá a Jerusalém" (2:12).

Além disso, as designações geográficas de 'Jerusalém", "Monte Sião", etc., sempre significam a realidade religiosa da presença de Jeová dentro das profecias do Velho Testamento, daí a qualificação teológica monte "santo", cidade "santa", terra "santa". A presença da glória do Shekinah de Jeová determina se Jerusalém ou qualquer outro lugar está sob a bênção do concerto. No Salmo 46 Israel canta a respeito de Jerusalém: "Deus está no meio dela; jamais será abalada;...O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio" (Salmo 46:5-7). Se a glória de Jeová sempre se afastava do templo por causa das abominações de Israel, então a maldição de Deus substituía a bendita proteção e o lugar "profano" era destruído (Lev. 26:31-33; Ez. 8, 9). Isso aconteceu com Jerusalém no tempo de Ezequiel. Depois que a presença de Deus deixou o templo através do Portão Oriental (Ez. 11:22, 23), Nabucodonosor destruiu Jerusalém e o templo em 586 A.C. Isso aconteceu de novo quando Jerusalém se recusou a ser ajuntada ao Messias (Mateus 23:37). Cristo então anunciou: "Eis que a vossa casa vos ficará deserta" (Mateus 23:38). Essa maldição punitiva – causada pelo afastamento do Messias de Jerusalém – caiu sobre a cidade condenada em 70 A.D., através do general romano Tito. Assim, a profecia de Daniel 9:26, 27, que predizia a destruição de Jerusalém por causa da rejeição do Messias, foi cumprida dramaticamente.

O Novo Testamento não prediz outra restauração da glória de Jeová na velha Jerusalém que até estes dias rejeita o sacrifício expiatório e substituinte de Cristo na cruz. Contudo, proclama as boas novas a Israel

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Textos Problemáticose aos gentios de que todos os que aceitam o Cristo crucificado, ressurreto e exaltado como seu Senhor e Salvador, chegaram assim ao "verdadeiro tabernáculo" (Hebreus 8:1, 2), e

ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial...e à universal assembléia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus...e a Jesus , o Mediador da nova aliança (Hebreus 12:22, 23, 24; ênfase acrescentada).

Paulo conclui que a presente cidade de Jerusalém está "em escravidão com seus filhos", teologicamente falando. A nossa Jerusalém é de "cima" e "é nossa mãe" (Gálatas 4:25, 26).

Se o dispensacionalismo tomasse a Cristo como sua norma orientadora de interpretação profética ao invés do literalismo geográfico, ele não poderia mais considerar o velho Monte Sião como o sagrado centro da profecia. A glória de Cristo excede em muito à do velho templo (Mateus 12:6; João 4:21). A revelação progressiva do Shekinah divino em Cristo é o princípio decisivo da escatologia cristã. O princípio apostólico da interpretação cristológica-eclesiológica dificilmente pode ser chamada uma "espiritualização indiscriminada de todos os termos e promessas relacionados à terra''.18

Não é legítimo concluir que simplesmente porque as promessas geográficas a Israel foram "afirmadas e reafirmadas tantas vezes", que essa freqüência por si mesma "torna claro que Deus tencionava que fossem encaradas na sua forma nominal".19 O nosso conceito de "literalismo" é a norma divina para a compreensão do cumprimento das profecias escatológicas de Israel? Ou Cristo deveria ser a nossa norma para o verdadeiro entendimento do Velho Testamento, sob a direção do Espírito Santo no Novo Testamento?

Mateus 23:39 Os Judeus Serão Salvos Quando Verem o Messias em Sua Glória?

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Textos ProblemáticosJerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te

foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes! Eis que a vossa casa vos ficará deserta. Declaro-vos, pois, que, desde agora, já não me vereis, até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor! (Mateus 23:37-39; ênfase adicionada; cf. Lucas 13:35).

Os escritores dispensacionalistas usam a declaração final do discurso antifarisaico de Jesus (Mateus 23:39) como uma promessa escatológica de restauração de uma teocracia judaica. Em sua visão, Cristo meramente adia o cumprimento do reino Davídico para a nação de Israel porque a Sua geração contemporânea O rejeitou como Messias.20

Walvoord considera Mateus 23:39 como a promessa de Cristo de um ajuntamento apocalíptico do remanescente piedoso de Israel na Sua segunda vinda:

Ao pronunciar juízo sobre a Sua geração, Cristo estava de fato, predizendo a sua dispersão final e o seu ajuntamento definitivo quando o remanescente piedoso de Israel dirá arrependido: "Bendito o que vem em nome do Senhor".21

Em outras palavras, o juízo de Cristo sobre Israel foi apenas uma punição temporária, não o Seu julgamento final. O dispensacionalismo apela para a conversão de Paulo próximo a Damasco (Atos 9:3-6) como uma ilustração da futura conversão nacional de Israel.22 J. D. Pentecost vê Mateus 23:39 também como um paralelo à afirmação de Paulo em Romanos 11:26, "E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades." Por isso ele assume, "Deve ser notado que o remanescente de Romanos 11:26 não será convertido até o segundo advento de Cristo".23

Os textos recebem os seus significados específicos do seu contexto. Uma verificação detalhada do contexto de Mateus 23:39 leva-nos a conclusão de que os sete ais em Mateus 23 contêm uma inevitável nota de desígnio. É o ajuste de contas final do Israel teocrático:

Enchei vós, pois, a medida de vossos pais... para que sobre vós recaia todo o sangue justo derramado sobre a terra, desde o sangue do justo Abel até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem matastes entre o

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Textos Problemáticossantuário e o altar. Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir sobre a presente geração (Mateus 23:32, 35, 36; ênfase acrescentada).

Esse caráter de juízo final torna-se explícito também na parábola dos lavradores maus (Mateus 21:33-42), que sumaria a história da rebelião israelita contra Deus até que alcance ao seu clímax na violenta rejeição do Filho do proprietário, o cumprimento messiânico da pedra rejeitada pelos construtores do Salmo 118:22, 23. Mateus não separa os líderes judeus da nação judaica, como se a punição divina fosse final para os líderes, mas apenas temporária para a nação judaica.

Mateus adiciona a interpretação ambígua:Portanto, vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue

a uma nação [ethnos] que lhe produza os respectivos frutos (Mateus 21:43, RSV; ênfase acrescentada).

Essa inspirada interpretação da parábola de Jesus dos lavradores infiéis, claramente implica a rejeição de Israel como uma teocracia nacional. A perda desse status privilegiado como o povo exclusivo de Deus, também é afirmada explicitamente nos ditos escatológicos de Jesus em Mateus 8:11, 12. A punição real da nação culpada não foi a destruição do templo e da cidade ou a dispersão do povo judeu entre as nações, mas o afastamento da presença do Messias, o ato de Deus retirar da nação o Seu reino ou as bênçãos do concerto. Para um povo escolhido, nenhuma posição neutra é possível. A nação judaica só poderia ser por Ele ou contra Ele (Mateus 12:30). Em Cristo, Jerusalém estava se deparando ou com o seu Salvador ou com o seu Juiz.

Todo o que cair sobre esta pedra ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó (Mateus 21:44).

Eis que a vossa casa vos ficará deserta. Declaro-vos, pois, que, desde agora, já não me vereis, até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor! (Mateus 23:38, 39).

"Vossa casa" parece referir-se diretamente ao templo, do qual Jesus havia dito pouco tempo antes, "Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais em covil de salteadores" (Mateus 21:13). Em seu sentido mais amplo, toda a cidade e a nação

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Textos Problemáticosestavam inextricavelmente ligadas ao templo. Toda a nação ficaria "desolada", porque Cristo deixaria aquela geração e a entregaria ao juízo (cf Jeremias 7:14, 15). Esta relação causal da rejeição de Cristo por Jerusalém e a sua destruição parece estar implícita nas palavras de Jesus: "Declaro-vos, pois, que, desde agora, já não me vereis..." Um erudito interpreta estas palavras como significando: "Nossa casa será abandonada porque o Messias retirou-Se".24

Mas o dispensacionalismo insiste em interpretar as seguintes palavras de Jesus, "até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor!", como uma promessa de que um remanescente escatológico de Israel reconhecerá a Cristo quando Ele retornar em glória. Serão salvos porque confessarão, "Bendito o que vem em nome do Senhor!" Então devemos supor que Cristo prediz Sua aceitação forçada pelos judeus no Seu glorioso segundo advento? Essa nova maneira de salvação – "pela visão" ao invés de "pela fé" – vai contra a própria essência do evangelho (ver Romanos 10:17). Cristo nunca coage a vontade ou o coração humano a aceitá-Lo. Ele já poderia tê-lo feito em Seu primeiro advento. A projeção de tal controle forçado sobre o coração dos judeus no segundo advento é uma especulação injustificada. A implicação seria uma mancha sobre o caráter de Deus:

Deus não força a vontade de Suas criaturas. Ele não pode aceitar homenagem que não Lhe seja prestada de maneira voluntária e inteligente. Uma submissão forçada impediria todo verdadeiro desenvolvimento do espírito ou do caráter, tornaria o ser humano em simples máquina.25

Os judeus não são salvos de outra maneira, senão pela crença na mensagem evangélica do Salvador crucificado e ressurreto (ver capítulo 8).

A pergunta é levantada, Paulo de Tarso não foi convertido pela gloriosa visão de Cristo na estrada de Damasco? A experiência de Damasco foi o chamado de Saulo por Cristo para se tornar o Seu "instrumento escolhido". Ele deveria testemunhar do Cristo ressurreto a todos os povos com a mesma autoridade apostólica quanto os outros

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Textos Problemáticosapóstolos para quem o Salvador ressuscitado havia aparecido (Gálatas 1:12, 15, 16). Cristo comissionou a Saulo:

...livrando-te do povo e dos gentios, para os quais eu te envio, para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim (Atos 26:17, 18)

Paulo cumpriu esse elevado chamado "demonstrando [pela Escritura] que Jesus é o Cristo" (Atos 9:22; 17:3; 18:5, 28). A auto-revelação de Cristo a Saulo próximo de Damasco não foi da mesma espécie daquela que ocorrerá no Seu glorioso segundo advento. Primeiramente, apenas Saulo viu, "uma luz do céu brilhou ao seu redor" e apenas ele ouviu uma voz distinta dirigir-se a ele, enquanto "Os seus companheiros de viagem pararam emudecidos, ouvindo a voz, não vendo, contudo, ninguém" (Atos 9:7; cf. 22:9). Além do mais, nem mesmo Saulo sabia com quem estava se deparando, e por isso perguntou, "Quem és tu, Senhor?" (Atos 9:5; 22:8; 26:15). Em contraste, quando Cristo retornar à terra em Sua gloria divina, "todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele" (Apocalipse 1:7; cf. Mateus 24:30). Ao invés de uma nova oportunidade de salvação para aqueles que O rejeitaram como o Cordeiro de Deus, os ouviremos clamar, "Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?" (Apocalipse 6:16, 17; cf. Hebreus 10:29-31).

O segundo advento será muito tarde para o verdadeiro arrependimento. Por isso, Paulo adverte: "eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação" (2 Coríntios 6:2). As palavras de Cristo aos líderes do Sinédrio israelita são similares àquelas registradas em Mateus 23:39:

...entretanto, eu vos declaro que, desde agora, vereis o Filho do Homem assentado á direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu (Mateus 26:64).

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Textos ProblemáticosEstas não são palavras que prometem uma nova oportunidade para

arrependimento e salvação na segunda vinda de Cristo, mas pelo contrário, sugerem que os judeus que o rejeitaram terão que reconhecer por ocasião de Seu glorioso aparecimento como Messias Juiz, que este Jesus a quem agora desprezam é o verdadeiro Rei messiânico de Israel.

Apenas então eles O verão novamente, o Bendito "que vem em nome do Senhor". Nessa ocasião se encontrarão com Ele como o seu Juiz (ver também Mateus 7:21-23). Esse clímax adapta-se exatamente à série de "ais" em Mateus 23. Nenhuma perspectiva de conversão repentina pode ser projetada na solene previsão de Cristo em Mateus 23:39, a partir do contexto imediato ou mais amplo dos Evangelhos.

Em adição, o texto nada sugere quanto a um futuro político para Israel.26 As palavras de Jesus foram pronunciadas no contexto de juízo divino sobre a nação. Parecem sugerir a condição irrevogável para a paz de Israel: Primeiro Cristo deve ser aceito como o Servo Sofredor Messias, a pedra rejeitada do Salmo 118:22, antes que seja cumprimentado com as expressões de alegria, "Bendito o que vem em nome do Senhor" (Salmo 118:26; cf. Lucas 19:41-44). Ele não pode ser aceito meramente como o Messias que aparece gloriosamente. Cristo não está interessado em ser aceito na base de Seus milagres divinos. Quando os judeus "estavam para vir com o intuito de arrebatá-lo para o proclamarem rei" (João 6:15) por ser Ele o notável Profeta messiânico de Deuteronômio 18:15 (João 6:14), Cristo não aceitou tal espécie de coroação. Ele atrai todos os homens para a salvação apenas através de Sua cruz:

E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. Isto dizia, significando de que gênero de morte estava para morrer (João 12:32, 33).

Se os judeus persistirem em sua descrença e rejeição de Cristo como o Messias sofredor e ressurreto, O encontrarão irrevogavelmente como seu Juiz (Mateus 8:11-12). Apenas aqueles judeus que chegaram à fé em Cristo através da proclamação do evangelho apostólico irão

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Textos Problemáticosfinalmente regozijar-se quando verem a Cristo em Seu glorioso segundo advento. Este tema é ainda tratado por Paulo em Romanos 11:25-27 (ver capítulo 8).

Lucas 21:24 Jerusalém Já Não está Mais Sendo Pisada Pelos Gentios desde 1967 a.D?

Cairão a fio de espada e serão levados cativos para todas as nações; e, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles (Lucas 21:24).

O escritor dispensacionalista J. D. Pentecost oferece essa interessante exposição:

O "tempo dos gentios" foi definido pelo Senhor como aquele período de tempo no qual Jerusalém estava sob o domínio da autoridade gentílica (Lucas 21:24). Este período começou com o cativeiro babilônico quando Jerusalém caiu nas mãos dos gentios, continuou até o tempo presente e seguirá através do período da tribulação, em cuja era os poderes gentílicos serão julgados. O domínio dos gentios termina no segundo advento do Messias á terra.27

A New Scofield Reference Bible da mesma maneira explica o fim do "tempo dos gentios" como sendo "a destruição do poder gentílico mundial por 'uma pedra cortada sem auxílio de mãos' (Daniel 2:34-35, 44), isto é, a vinda do Senhor em glória (Ap 19:11, 21)".28 Outros, não obstante, aplicam o final do "tempo dos gentios" ao momento quando o exército judeu recapturou a velha cidade de Jerusalém dos árabes na guerra dos seis dias de 1967. J. Ockenga vê até mesmo a data de seis de junho de 1967 como "uma notável manifestação do cumprimento da Palavra de Deus" em Levítico 26:18, 24, 28, onde Moisés anuncia que Deus puniria um Israel apóstata por seus pecados "ainda sete vezes".29

Ele converte a expressão idiomática "sete vezes" em sete anos simbólicos e então aplica o simbolismo cada-dia-por-um-ano de maneira que se torne mais de 2556 anos literais. Começando com o cerco de Jerusalém por Nabucodonosor em 7 de março de 588 a.C., os anos

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Textos Problemáticosterminam exatamente em 6 de junho de 1967. Realmente notável! Ele conclui especulativamente:

A terminação do tempo dos gentios é aquele período quando a geração de então não passará até que todas as profecias concernentes á segunda vinda de nosso Senhor tenham sido cumpridas (Lucas 21:23).30

Em outras palavras, Ockenga prediz que a geração de 1967 não passará antes que Cristo retorne em glória.

Outros estudantes da Palavra profética aplicam a frase de Jesus "tempos dos gentios" apenas à destruição de Jerusalém pelo exército romano em 70 A.D.31, ou lhes estendem até a segunda vinda de Cristo, J. B. Payne, por exemplo, conclui: "Esses 'tempos', então, apareceriam ainda como continuando hoje, porque, muito embora o exército israelita capturasse a Velha Cidade de Jerusalém em 1967, a política presente é tão pouco receptiva a Cristo e tão 'gentílica' no sentido do Novo Testamento (ver Rom 2:28; Filip. 3:2) quanto foi o governo árabe precedente".32

Por outro lado, alguns têm interpretado esses "tempos dos gentios" – não há artigo definido na frase grega – como um período de oportunidade para os gentios entrarem no reino de Deus. Eles ainda ligaram a frase de Jesus com as palavras de Paulo de que a plenitude dos gentios chegará "E, assim, todo o Israel será salvo" (Rom. 11:25, 26).33

Chegaram à conclusão de que quando tais "tempos dos gentios" forem completados, todo o Israel étnico (Jerusalém) "será salvo". A expectativa de tal interpretação de Lucas 21:24 – por meio de Romanos 11 – não é mais um ressurgimento político de Israel, mas apenas o seu retorno espiritual para Deus através da fé no evangelho. Contudo, o contexto de Lucas 21:20-24 é baseado nas predições de Daniel do calcar aos pés o santuário israelita (Daniel 8:13) e da destruição de Jerusalém (Daniel 9:26, 27). Por essa razão os tempos dos gentios são caracterizados como períodos de perseguição e inquietude para o Israel étnico.

A pergunta permanece, qual a implicação da expressão "até que os tempos dos gentios se completem" (Lucas 21:24)? Indicaria uma futura

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Page 23: 10   textos problemáticos

Textos Problemáticosrestauração de Jerusalém e do templo para a nação judaica no segundo advento de Cristo, como era antes de 70 A.D.? C. F. Baker argumenta que "se a cidade for pisada ATÉ um certo período, deve necessariamente chegar um tempo seguindo aquele quando a cidade será calcada...Se essa Escritura ensina qualquer coisa, é que a Jerusalém terrestre deve ser restaurada".34 Tal raciocínio parece lógico a princípio, mas não é necessariamente escriturístico, porque não relaciona Escritura com Escritura, como requer a exegese responsável. A conjunção "até" nem sempre implica uma promessa de restauração a uma situação precedente. O significado preciso de "até" depende do contexto no qual é usado. A declaração de W Hendriksen é mais orientada biblicamente:

Aqui em Lucas 21:24, o significado é simplesmente este, que para Jerusalém a condição de ser calcada a pés não cessará em cem anos, ou cinqüenta anos, ou mesmo dez anos antes do retorno de Cristo, mas durará interminavelmente até a Sua segunda vinda. De alguma forma similar é o significado dessa pequena palavra em Romanos 11:25; 1 Coríntios 11:26; 15:25 e Apocalipse 2:25.

Está claro, por isso, que nem a palavra até nem qualquer outra coisa nessa passagem é ou implica uma predição da restauração nacional em reserva para os judeus ou pouco antes ou em ligação com o retorno de Cristo.35

É definitivamente verdade que a conjunção "até" (achri) não contém em si mesma a sugestão de mudança para uma situação prévia. Isso pode ser demonstrado a partir de seu uso em outros lugares da Escritura:36

Sê fiel até á morte, e dar-te-ei a coroa da vida (Apocalipse 2:10). Tão-somente conservai o que tendes, até que eu venha (Apoc. 2:25). Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras... (Apoc. 2:25). Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos

debaixo dos pés (1 Coríntios 15:25).Em todas estas passagens o vocábulo "até" (achri) não é usado para

sugerir uma mudança futura na atitude dos crentes ou no governo de Cristo. A mensagem é claramente que depois da morte ou do segundo advento, nenhuma mudança na fidelidade dos crentes deve ocorrer – que nenhuma reversão a uma situação prévia tomará lugar.

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Textos ProblemáticosApenas o contexto indica se a conjunção "até" tenciona transmitir a

idéia de mudança. Em relação a Lucas 21:24, o discurso apocalíptico como um todo (Lucas 21), em parte alguma sugere qualquer restauração da velha Jerusalém a uma glória ou teocracia prévias. Por isso, é "mais provável que nenhuma seqüência aos 'tempos dos gentios' foi antevista a não ser a consumação final".37 O livro de Daniel prediz que guerra e desolação – significando a ausência da glória messiânica – foram decretadas para continuar em Jerusalém "até ao fim" (Daniel 9:26, 27). A única restauração prometida à Jerusalém no Novo Testamento é a nova Jerusalém construída pelo Próprio Deus como a metrópole da nova terra para o Seu povo fiel (Apocalipse 21-22; ver o capítulo 9).

Referências Bibliográficas:1. NSRB, P. 1186 (em Atos 15:16). Scofield conclui que o texto

hebraico em Amós 9:11 deve ser falso o qual fora originado de após a escrita de Atos 15 (p. 938, em Amós 9:12). As palavras "Neste dia" (Amós 9:11) do texto hebraico obviamente não oferece suporte para a exegese dispensacionalista (ver Wyngaarden, na nota 6).

2. NSRB, p. 1186.3. Walvoord, Israel in Prophecy, p. 92. Ver também, G. D. Young, em

Prophecy in the Making, ed. C. F. Henry (Carol Stream, Ill.: Creation House, I971), p. 166.

4. Payne, Encyclopedia of Biblical Prophecy, p. 417 (nos. 23, 24).5. Ladd, A Theology of the New Testament, p. 355. Ver a refutação da

exegese dispensacional de Atos 15:15-18 por A. C. Schultz no The New Testament and Wycliffe Bible Commentary, 4a. edição (New York: Yversen-Norman Assn., 1973), p. 483. Também por P E. Hughes, Interpreting Prophecy: Na Essay in Biblical Perspectives. (Grand Rapids, Mich.: Wm. B. Eerdmans Pub. Co., 1976), p. 107; e M. J. Wyngaarden, The Future of the Kingdom (Grand Rapids, Mich.: Baker Book House, 1955), pp. 110-112, 168-169.

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Textos Problemáticos6. Wyngaarden, The Future of the Kingdom, p. 168. Ele defende com

êxito a autenticidade do texto hebraico em Amós 9:12 nas pp. 112-113, nota.

7. Walvoord, Israel in Prophecy, p. 66.8. Ver SDABC, vol. 7 (1957), p. 842-844. Extensivamente por Were,

The Certainty of the Third Angel's Message, chapter 25.9. A. W. Kac, The Rebirth of the State of Israel: Is It of God or of

Men?, ref. Ed. (Grand Rapids, Mich.: Baker Book House, 1976), pp. 39, 372.

10. Ibid., p. 38.11. Ibid., p. 39.12. Ibid., p. 41.13. Ibid., p. 372.14. Walvoord, Israel in Prophecy, pp. 66.15. Walvoord, Prophecy in the Making, p. 338.16. Payne, Encyclopedia of Biblical Prophecy, pp. 114, 115 (ênfase

adicionada).17. Ibid., p. 115.18. Walvoord, Prophecy in the Making, p. 72.19. Ibid.20. Pentecost, Things to Come, pp. 142, 248, 266 (citando L. S.

Chafer).21. Walvoord, Israel in Prophecy, p. 106; cf. seu The Millennial

Kingdom, p. 268.22. Pentecost, Things to Come, pp. 298, 299.23. Ibid., p. 298.24. Trilling, Das Wahre Israel, p. 86 (minha tradução). Ver também

Lucas 19:41-44.25. Ellen G. White, Steps to Christ (Mountain View, Calif.: Pacific

Press Pub. Assn., 1908, 1921, 1956), p. 44.26. R. T. France, "OT Prophecy and the Future of Israel," Tyt1dale

Bulletin 26 (1975) : 53-7 8. Citação na p. 76, n° 41.27. Pentecost, Things to Come, p. 315 (ênfase adicionada).

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Textos Problemáticos28. NSRB, p. 1368 (em Apocalipse 16:19).29. J. Ockenga, "Fulfilled and Unfulfilled Prophecy," em Prophecy in

the Making (Carol Stream, Ill.: Creation House, 1971), p. 309.30. Ibid., pp. 309, 3 lo.31. L. A. DeCaro, Israel Today: Fulfilled of Prophecy? (Grand Rapids,

Mich.: Baker Bock House, 1974).32. Payne, Encyclopedia of Biblical Prophecy, p. 100. Ver também nota

12, capitulo 2.33. Ver I. H. Marshall, Luke, Historian and Theologian (Exeter,

England: Paternoster Press, 1970), pp. 186-187.34. Baker, A Dispensational Theology, p. 606.35. Hendriksen, Israel in Prophecy, p. 28.36. Ver W. Bauer, Greek-English Lexicon of the New Testament, trans.

And ed. W. F. Arndt and F. W. Gingrich (Chicago: University of Chicago Press, 1957).

37. Cf. France, "OT Prophecy and the Future of Israel", p. 76.

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