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vasta selva para ler leva para ver ressalta para ser. estas letras 11º Concurso de Redação

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leva para verressaltapara ser.

estas letras

11º Concurso

de Redação

COMENTÁRIOS:

Profº Lúcio Vieira de Almeida (Manga!)

Observação: As redações dos alunos foram transcritas na íntegra para que seja respeitado o processo de escrita em que se encontram tais estudantes. Alguns desvios linguísticos podem ser percebidos, porém isso não desmerece o texto por eles construído.

Vencedores do 11º Concurso de Redação

Certas Palavras

Nível III (1ª e 2ª séries) e Nível IV (3ª série e Pré.Vest.)

Coletânea de Redações

Setembro de 2011

CENTRO EDUCACIONAL CHARLES DARWIN

Conversa inicial

pelos caminhos que andoum dia vai ser

só não sei quando

Leminski

resolvi escrever esse papo inicial como faço em minhas colunas no jornal a gazeta e no portal iuuk. é que vejo tudo minúsculo. por isso, crianças, não façam isso em casa...

escolher os melhores textos requer certa atitude para julgamentos. nesse ponto, reverbera em minha alma uma grande incoerência, pois, como bom discípulo de michel foucault, não acredito que se possa julgar alguém. engraçado que o convite veio justamente no momento em que relia – adoro reler livros, e os releio várias vezes – o estrangeiro, de albert camus. então, senti-me parecido com meursault. por isso, a minha tarefa foi das mais difíceis. embora tenha sido pautada na observação técnica. a não ser pela escolha do texto de paula fernandes que, confesso, gostei da ideia metafórica e simples com que lidou com o tema.

escrever é sempre um desafio e requer paciência. trabalho braçal e mental puro, produzir o que se pensa por escrito exige um querer pessoalizado. e se os textos que aqui estão são de um concurso, é porque existiram em função de um querer de cada participante. daí a diferença dos textos treinados à exaustão para as provas e avalia-ções externas. aqui, poder-se-ia ser livre. ainda que poucos o tenham sido.

entendo isso porque o processo educacional brasileiro coloca contra a parede o ensino de base e o médio. o texto é encarado, por quase todos, como uma disciplina a mais, quando deveria ser a forma de expressão do indivíduo.

e vejam bem que eu sou um professor de redação que ensina técnicas de redação. e o meu ofício encaro com seriedade. a contradição aparece na ação, porque, é claro, também sou refém desse sistema. agora, pode-se apimentar esse cenário, e isso, sei, faço com gosto. quem me conhece sabe que polemizo tudo e acredito que isso induz à reflexão, ao texto escrito com senso crítico.

encarei trinta textos, divididos em dois níveis. precisei selecionar e classificar dez. bom, a tarefa foi mais árdua no nível 4. explico.

discutir a cidade como espaço múltiplo é complicado. é justamente aquele assunto em que parece que se pode falar sobre tudo, mas que quando se depara com a folha em branco... pois é.

os cinco primeiros colocados do nível 4 conseguiram vencer esse obstáculo e

Professor Lúcio Vieira de Almeida (Manga!)

Leciona Semiótica e Língua Portuguesa, na UVV; Redação no Centro Educacional Charles Darwin; Língua Portuguesa e Redação no Centro Educacional Leonardo Da Vinci. É colunista do jornal A Gazeta, em que assina a coluna “errei na mosca”; colunista do Portal IUUK, em que assina a coluna “Esquina Paranoia Delirante”. É comentarista da rádio CBN. É poeta, escritor e músico. Pesquisa, há vinte anos, “o discurso dominante na comunicação de massa”.

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aparecem nas páginas a seguir, para que possam ser lidos. teci breves comentários para dialogar com os premiados e com os leitores.

ao iniciar o processo de seleção, determinei parâmetros que pudessem estabe-lecer uma análise mais justa. e fiz isso antes de começar a lê-los. antes, porque equilibra e racionaliza as classificações. afinal, a escolha, é bom que fique claro isso, foi pessoal. não tenho dúvidas de que se a tarefa fosse entregue a outra pessoa o resultado seria diferente.

a partir do parâmetro estabelecido iniciei a garimpagem. foi um diálogo interes-sante, por confirmar a minha tese de que há um discurso dominante a estabelecer uma voz uniforme. a impressão é que todos pensavam o mesmo sobre o tema proposto. culpa da proposta? pode ser. mas é importante que se diga que há certa normalidade nessa igualdade de vozes. ainda que não devesse.

vale a ressalva de que não falo agora da estrutura do texto. falo das ideias. os que aqui estão expostos foram os que conseguiram organizar melhor esse discurso já estabelecido e até avançar.

o nível 3 considerei mais simples, por haver um gênero estabelecido que, não dá para negar, limita a escrita. uma carta destinada ao povo capixaba exigia um discurso mais simpático. diferente do nível 4, em que a crítica poderia ser intensa.

o que quero dizer é que a dificuldade no nível 3 recaia sobre essa particularidade. os cinco que aqui frequentam esse caderno conseguiram, menos o lucas, estabelecer esse diálogo.

um fato curioso, nesse nível do concurso, foi a falta de um conceito para lidar com o tema. confirmou-se a tese de que as pessoas, quase todas, não sabem lidar bem com os portadores de necessidades especiais. os que não classifiquei ficaram de fora porque usaram palavras com semântica preconceituosa – acredito sinceramente que não fizeram por mal. ainda assim, vale o alerta. afinal, o enunciado da proposta forneceu termos adequados.

no mais, foi interessante estar nesse caminho. o certas palavras é um projeto que nasceu junto comigo, lá se vão onze anos. parece uma relação paternal. e foi dessa relação que pensei no poema que abre essa impressão minúscula. acredito que o texto vai ser a coisa mais importante na vida das pessoas – e não foi para todos os rapazes e mocinhas que participaram do concurso? –, só não sei quando.

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Autora: Sarha Santos Andrade Série/Unidade: 1ª série K – Vitória

Autor: Guilherme Azevedo Fracalossi Série/Unidade: 2ª série B – Vitória

Autora: Tássia Bosi Ribeiro Série/Unidade: 1ª série A – Colatina

Autor: Lucas Canceglieri Baldotto Série/Unidade: 2ª série E – Vitória

Autora: Lívia Barreto Silva Série/Unidade: 2ª série L – Vitória

Autor: Vitor Salim Resk Caroni Série/Unidade: 3ª série M2 – Vila Velha

Autora: Paula Fernandes da Silva Série/Unidade: Pré-Vest. P5 – Vitória

Autora: Fernanda Sobral Scaramussa Série/Unidade: Pré-Vest. P5 – Vitória

Autora: Letícia Martins Peixoto Série/Unidade: Pré-Vest. P1 – Cachoeiro

Autor: Artur Albuquerque Tiradentes Série/Unidade: Pré-Vest. P1 – Cachoeiro

Conheça os vencedores

1º lugar

2º lugar

3º lugar

4º lugar

5º lugar

Nível IV

1º lugar

2º lugar

3º lugar

4º lugar

5º lugar

Nível III

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Vitória, 26 de maio de 2011.Olá população capixaba,

Sou aluna do Centro Educacional Charles Darwin e o papel que venho desempenhar hoje é de grande valia. A inspiração nasce com mais facilidade, quando o motivo que nos leva a redigir é visível e importante, afinal, esta causa abraça uma ampla coletividade. Engloba não só o simples fato de ser voluntário, mas a importância que ele desempenha. Não apenas conviver com pessoas deficientes, mas incluí-las em nossa sociedade preconceituosa e, acima de tudo, perceber que ações individuais podem provocar mudanças em uma ampla coletividade.

Ao mencionar como tema o trabalho voluntário, vale destacar que nada mais é do que uma atitude humanitária. Ter consciência de que praticar a voluntari-edade é se doar por completo, saindo da zona de conforto e “lutar” por aqueles que precisam de voz e de ajuda é imprescindível. Várias instituições recebem doações, o que é fundamental, pois sem elas não conseguem se manter. Esses projetos possuem uma grande quantidade de indivíduos que perceberam o mais importan-te: a solidariedade é capaz de mudar todo um histórico. Instituições como APAE e AACD, cuidam de portadores de necessidades especiais e buscam todos os dias incluí-las socialmente. É preciso acreditar que somos agentes transformadores. Mas, infelizmente o que acontece é que descartamos a verdade de que ser diferente é normal!

Há muito o que fazer, há muito o que batalhar e enfrentar, entretanto não devemos esquecer, enquanto cidadãos, em vivenciar a eterna filosofia de Renato Russo: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã, porque se você parar para pensar a verdade não há...”

Queridos capixabas pensem! Já falou que ama alguém hoje? Ou pelo menos elogiou? As grandes atitudes sempre exigem como base o mínimo de nós mesmos. Se doem, se amem, sejam felizes e principalmente, se desprendam de qualquer estereótipo.

Atenciosamente,Sarha Santos Andrade.

Primeiro Lugar - Nível III

Aluna: Sarha Santos Andrade

Unidade: Vitória

Série e Turma: 1ª série K

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A Sarha ficou em primeiro lugar, pois soube dosar de modo claro o que pretendia com a sua carta direcionada à população capixaba. Com ideia bem fundamentada, compromete-se com o leitor e ao mesmo tempo o convida a refletir sobre seus próprios atos. Deixa claro que “ações individuais podem provocar mudanças em uma ampla coletividade”. Tudo isso só no primeiro parágrafo.

Ao desenvolver a argumentação, a mocinha explica a importância do trabalho voluntário e usa como estratégia persuasiva a sensibilização da população. Para isso, cita entidades reconhecidas e valorizadas (APAE e AACD). Entendo que cumpre bem o papel de ter redigido o gênero carta, pois lança motivadores para o povo. E é esse mesmo o papel do gênero em questão.

Ainda na discussão, cita Renato Russo, o trovador solitário da Legião Urbana. “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã...”. Convida o povo capixaba a vivenciar a filosofia do poeta roqueiro.

A mocinha finaliza o texto cobrando uma postura do povo capixaba, mas percebam que ela utiliza um discurso suave. Convoca o povo a colocar as mãos na consciência. E mais, tudo pautado por questionamentos que envergonham quem não usa a palavra amor. Bom. Muito bom.

De todos os textos dessa fase do “Certas Palavras” foi este que me chamou mais atenção porque pareceu bastante verdadeiro e consciente.

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Comentário do Professor

Segundo Lugar

Aluno: Guilherme Azevedo Fracalossi

Unidade: Vitória

Série e Turma: 2ª série B

- Nível III

Vitória, 26 de maio de 2011.Aos cidadãos capixabas,

Escrevo-lhes essa carta com um propósito aparentemente simples. Todavia, nenhum grupo ao menos prosperou firmemente nessa ideia, nem uma nação. Talvez o problema seja mais local, o que torna a solução mais tangível. A proposta é simples: doar um pouco do nosso valioso tempo para trabalho voluntário. Essa pequena ação certamente mudará vidas e, quem sabe, a humanidade.

Ser voluntário é uma forma de respeitar e de valorizar a vida e as habilidades que possuímos. Ajudar uma pessoa em necessidade pode, à primeira vista, não trazer benefícios, o que é um engano. Pare algum dia e observe pequenos atos de gentileza na rua: cada gesto de bondade revigora a força de vontade humana. Além do mais, o voluntariado rompe com o ciclo de egoísmo que permeia nossa sociedade.

Você já parou para pensar o que caracteriza um ser humano? Será apenas a informação genética ou características biológicas? Uma pessoa é composta de sentimentos, de sonhos, de desejos e de vontades. Nosso “ser” interior nos diferencia e ao mesmo tempo nos leva à união. Fomos criados para viver em comunidade e, dessa forma, surge a necessidade de inclusão. Já basta a infinidade do universo para mostrar que somos pequenos. No entanto, quando unidos, ganhamos o poder da transformação, e cada única pessoa torna-se necessária para manter a coesão. Daí surge o dever de acolher as diferenças, o que incluiu os portadores de necessidades especiais.

Essa solidariedade faz bem a quem pratica, ajuda quem precisa e inspira os demais, iniciando um novo ciclo de luta pela igualdade. Grandes avanços sociais partem da força de vontade e de ações individuais.

Conto com seu apoio,Guilherme Fracalossi.

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O Guilherme construiu um texto mais técnico. Deu início à interlocução, criando uma expectativa no leitor. E ao mesmo tempo o torna cumplice, já que credita simplicidade à proposta: “doar um pouco do nosso valioso tempo para o trabalho voluntário”.

A fim de prender o leitor à tese proposta, conceitua o que é ser um voluntário. Nesse ponto, a estratégia muda para a sensibilização. Ao final do segundo parágrafo, fica a ideia de que é simples mesmo... “pare algum dia e observe pequenos atos de gentileza...”. Um convite irrecusável.

Após fisgar o leitor, o rapaz parte para questionamentos mais filosóficos. Passa, então, a explicar o que somos e qual o nosso papel social. Genial essa parte, porque se encaixa na característica do gênero textual solicitado. Repare que há uma constante no diálogo estabelecido com os interlocutores (os cidadãos capixabas).

Ao final, recorre à ideia da circularidade, da reação em cadeia. “Essa solidariedade faz bem a quem pratica, ajuda quem precisa e inspira os demais”. Ou seja, estimula a criação de um compromisso pessoal do leitor. Realmente, o rapaz disse que era simples e provou.

Comentário do Professor

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Terceiro Lugar

Aluna: Tássia Bosi Ribeiro

Unidade: Colatina

Série e Turma: 1ª série A

- Nível III

Colatina, 26 de maio 2011.Prezada população capixaba,

Estamos vivendo em um contexto social em que diversos conceitos perderam seu verdadeiro sentido ou se corromperam. “Igualdade” é uma palavra que dificilmente tem seu significado aplicado. Diversos grupos encontram-se excluídos da sociedade; fala-se muito em raça, religião, opção sexual - por serem temas mais polêmicos -, e deixa-se de lado um grupo que necessita tanto de inclusão como os outros citados: o de portadores de necessidades especiais.

Nesse “grupo” estão deficientes auditivos visuais, físicos, mentais. Muitas vezes são chamados de “diferentes” ou “imperfeitos”. E eles de fato o são. Soa preconceituoso, pois estes são outros dois exemplos de conceitos corrompidos. Pois pense: quem de nós é igual ao outro? Quem de nós é perfeito? Quem é que, em algum momento da vida, nunca precisou de alguma ajuda? Somo igualmente diferentes e imperfeitos. O que faz o portador de necessidade especial ser rejeitado é essa ajuda que ele precisa, porque é mais específica e delicada. Aí entra a colaboração de cada um.

Sempre ouvimos que “pequenos gestos mudam o mundo”. Embora clichê, a afirmação é verdadeira. Uma doação, ajudar um deficiente visual a atravessar a rua ou auxiliar um cadeirante modificam o mundo de quem foi ajudado, e o seu também. Serve de exemplo para outros, que se fizerem o mesmo, podem espalhar essa “mudança”.

A diferença pode ser realizada de forma ainda mais profunda: o trabalho voluntário. “Voluntário” carrega a conotação de “trabalho de graça” ou “perda de tempo”, quando na verdade trata-se daquilo que é feito sem esperar nada em troca. Instituições como a APAE e AACD trabalham com voluntários especializados, que são importantes para inserir os portadores de necessidades na sociedade, como deveria ser naturalmente.

Negar a inclusão de outros é o mesmo que negar a própria inclusão. Reflita.

Atenciosamente, Tássia Bosi Ribeiro.

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A Tássia montou uma carta bem direcionada e corajosa. Preferiu um tom mais informal. Poderia ter pessoalizado mais o discurso.

Em sua introdução, resolveu trabalhar a questão da igualdade e citou os grupos marginalizados socialmente, até chegar aos portadores de necessidades especiais. Nesse ponto, conseguiu prender o leitor, mas perceba que ficou mais próximo da dissertação, do que da carta.

No desenvolvimento da argumentação, é corajosa, pois faz colocações que, se mal lidas, podem causar reações questionadoras. A mocinha está sendo preconceituosa, dirão. Mas garanto que não, basta ler atentamente. Percebam que é no seu “Pois pense” que ela cumpre o acordo de escrever uma carta. Essa pessoalidade demorou a surgir. E veio ao embalo de uma série de questionamentos que pressionam o leitor a se posicionar. A mocinha preferiu chocar a sensibilizar. Considerei boa a estratégia, embora acredite que agradaria, fosse uma carta de verdade, a poucos. A sinceridade, nesses casos, sempre é mal vista. As excessivas regras sociais do politicamente correto. Não caia nessa cilada, Tássia.

A conclusão mantem o ritmo provocativo e constrange o interlocutor. “Negar a inclusão de outros é o mesmo que negar a própria inclusão. Reflita”. Não sei. Particularmente não concordo com essa ideia, mas entendi que a mocinha foi fiel ao que propôs. Por isso, a valorização do texto.

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Comentário do Professor

Quarto Lugar

Aluno: Lucas Canceglieri Baldotto

Unidade: Vitória

Série e Turma: 2ª série E

- Nível III

Vitória, 26 de maio de 2011.Prezado povo capixaba,

O ser humano tem a grande capacidade de achar que seus próprios problemas são os maiores do mundo, que nada mais importa além do “EU”. Em meio a uma sociedade onde o egocentrismo manda nos valores que há muito se perderam, poucos se lembram do que realmente significa ajudar e aceitar o próximo. Espero que você, capixaba, leitor destas palavras, não se tenha perdido nesse mar de frieza que inundou a humanidade.

Ao redor desse mundo sem princípios, há pessoas muito especiais que necessitam de ajuda. Seres humanos ditos diferentes, fora do padrão do que chamamos normal, que, com um pequeno ato de solidariedade, podem viver de forma como eu e você vivemos. Estas pessoas que estão à margem da sociedade precisam ser incluídas, respeitadas. Chega de deixá-los viver nas sombras, ajude-os, povo capixaba. Cada ação, mesmo que mínima e única, faz uma enorme diferença na vida de quem precisa. O trabalho voluntário que é almejado por muitos só é realizado por poucos. Algo tão importante, transformador de vidas, é tão mal valorizado. Pensa no sorriso de uma criança da AACD ao ver uma visita chegar, ou na alegria de um deficiente da APAE poder sair na rua sem ser rejeitado e mal olhado por outros.

A inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais contribuiu e muito para a formação do caráter de um povo, nem que seja de apenas um indiví-duo. Transformemos o Espírito Santo em um lar para todos. Há tantos capixabas como eu e você que necessitam apenas de um “empurrãozinho” para viver melhor.

Pequenos atos de inclusão, trabalhos voluntários, mesmo que insignifi-cantes para o gigante mundo, significam muito para nós, para todos, as pequenas “pessoinhas” desta imensidão. O mundo muda quando cada ser dentro dele mudou.

Atenciosamente,Lucas Canceglieri Baldotto.

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O Lucas, de todos, foi o mais formal. Inicia sua carta a questionar a postura individualista dos seres humanos. E vai além ao afirmar que são poucos os que “se lembram do que realmente significa ajudar e aceitar o próximo”. O rapaz arriscou-se ao por em dúvida se o capixaba, interlocutor de seu texto, tenha se perdido “nesse mar de frieza que inundou a humanidade”. Arriscado porque a função da carta é atrair adeptos e não os constranger. Mas entendo que é uma estratégia.

Discute a questão expondo a vida das pessoas que precisam de pequenos atos de solidariedade e passa a explicar a importância do trabalho voluntário. Se compararmos aos outros textos classificados nesta categoria do “Certas Palavras”, perceberemos que o rapaz não amoleceu. Praticamente não recorre ao discurso emocional, ao contrário, mantem o ritmo de cobranças e críticas ao comportamento das pessoas.

Repito que essa atitude é ousada e dá ao Lucas o mérito de sair do conforto da sensibilização. Mas é bom lembrar que o rapaz cita AACD e a APAE e solicita aos interlocutores um pensamento. Ao final, é enfático: “o mundo muda quando cada ser dentro dele muda”.

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Comentário do Professor

Quinto Lugar

Aluna: Lívia Barreto Silva

Unidade: Vitória

Série e Turma: 2ª série L

- Nível III

Vitória, 26 de maio de 2011.Caro cidadão capixaba,

A infância é aquela época boa que se pudéssemos, com certeza, voltaría-mos no tempo para vivenciá-la outra vez. Aquela época em que brincávamos de boneca, carrinho, amarelinha, sem ter maiores preocupações. Só pensávamos em brincar, fazer novas descobertas.

Muitas crianças não podem descobrir seu próprio mundo por conta de uma deficiência, que as limita na locomoção, ou no intelectual, ou no psicológico. Mas, apesar do que muitos pensam crianças portadoras de alguma dessas deficiências são inteligentes, criativas, e espertas, como qualquer outra. Muitas são rejeitadas e marginalizadas. Não só crianças, mas também adultos sofrem com o preconceito. É importante que todos possam se incluir na sociedade, estudar em uma boa escola, conseguir um bom emprego, ir ao cinema, fazer atividades simples sem que sejam alvo de “olhares tortos” e desprezo. Afinal, só precisam de uma atenção especial.

Por esse motivo convido você, cidadão capixaba, a ser voluntário, seja em ONG, uma escola especial, ou qualquer projeto voltado às crianças com necessi-dades especiais. Sendo voluntário, assim como eu, evitamos que a magia da infância se perca em meio a tantas dificuldades encontradas. Não se deixe levar pela ideia de que sozinhos não mudaremos o mundo. Se cada um puder contribuir, por menos que seja sua ação, terá tamanha repercussão na vida destas crianças. Colabore, separe ao menos um dia no mês, para se dedicar a proporcionar alegria àqueles que nos pagarão com muitos sorrisos e carinhos. Seja voluntário.

Lívia Barreto Silva.

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A Lívia obteve êxito por percorrer caminho diferenciado. Pessoaliza o discurso e convida o interlocutor a recordar a infância. Época “em que brincávamos”. Esse recurso sentimental prende o leitor e o fragiliza.

Na sequência, chama a atenção para as crianças que, em função das limitações especiais, precisam de um olhar diferenciado. Com isso, a mocinha determina que é preciso haver uma mudança de postura. Afinal, se o que se pretende é igualdade, nada melhor do que levar o cidadão a perceber a necessidade de inclusão. A barreira? O preconceito.

Ao final do texto, lança um convite ao cidadão capixaba. E essa atitude ajuda a aproximar ainda mais o texto que escreveu do gênero solicitado. Repare que a mocinha mais uma vez apela para o discurso construído na introdução do texto. Alerta a todos para que não caiam na pessimista ideia de que não se pode mudar o mundo. Aceitar o convite é, segundo a Lívia, receber em sorrisos e carinhos. Quem pode não querer isso?

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Comentário do Professor

Primeiro Lugar

Aluno: Vitor Salim Resk Caroni

Unidade: Vila Velha

Série e Turma: 3ª série M2

- Nível IV

A sociedade do século XXI tem se caracterizado, cada vez mais, pelo individualismo e pelos crescentes fluxos de pessoas e informações. A globaliza-ção, principal responsável por esses novos moldes sociais que hoje se impõem, acaba por estimular as trocas culturais à medida que, inevitavelmente, desestimu-la o culto ao lugar onde se vive. Atualmente, as diferenças entre sociedades são cada vez menos evidentes e, dessa forma, as relações pessoais, antes favoreci-das por questões ligadas às diferenças culturais, agora se mostram fracas e raras. Contudo, ao passo que o individualismo se impõe, as dinâmicas populacionais vivenciadas nas cidades também têm desenvolvido um importante papel na sociedade: são nelas que os cidadãos interagem e convivem juntos.

As cidades fazem parte do cotidiano de suas populações, de forma que a vida de um cidadão muito se influencia pelo lugar onde ele vive. Nesse lugar, ele desenvolve suas relações pessoais e profissionais, tornando-o cenário de sua própria existência. No sentido oposto, o ritmo e a forma de uma cidade são cons-tantemente mudados pelas pessoas que a adaptam aos seus interesses e realida-des. As favelas, com suas incríveis arquiteturas características, parecem ter vida própria. Sua forma, sempre em transformação, se adapta aos interesses de seus habitantes de maneira extremamente prática e habilidosa, pois são eles que a modificam de acordo com suas vontades. É o fluxo e o fixo que o intercedem, se complementam. Além disso, a cidade apresenta o inusitado fenômeno da unifica-ção de sua população, que para os dias de hoje, se mostra incoerente com os rumos da sociedade atual. Nos centros urbanos, todos – ricos, pobres, negros, brancos – interagem de forma sistemática e é isso que configura uma cidade: sem as pessoas, as relações humanas não se dariam ou, ao menos, seriam mais raros e menos dinâmicos.

A antítese entre as novas ideologias sociais e as interações urbanas definem o momento que vivemos. Movimentos urbanos remam contra a maré e estabelecem relações necessárias aos aspectos culturais de cada cidade. Porém, algumas características são comuns a todas e são elas que a definem de forma tão dinamizada. As criações e transformações que sofre configuram a sua definição inconstante.

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O Vitor venceu o concurso de redação, porque demonstrou amadurecimento argumentativo. Premiá-lo com esta colocação é fazer jus ao empenho que certamente marcou a sua trajetória escolar. Ao final do Ensino Médio, conseguiu reunir um repertório linguístico e estratégias de articulação que só podem ter sido fruto de leitura e de produção escrita.

Percebe-se, de início, que o rapaz formula uma ideia a partir da complexidade que é mesmo o século XXI. Deixa claro estar ciente de que globalização, individualismo e cidades se correlacionam e promovem mudanças. É diante desse multifacetado cenário que o rapaz nos propõe observar de que modo esses conflitos podem determinar o valor significativo das cidades na construção das relações humanas.

O desenvolvimento do texto está marcado pelo período inicial, em que há referência despretensiosa, mas acertada, da ideia iluminista... o homem como fruto do meio. Enaltece, ao invés de marginalizar, as favelas em contundente exposição de seus personagens que, como bem afirma, modificam o próprio espaço "de acordo com suas vontades".

Lança uma frase curiosa "É o fluxo e o fixo que se intercedem, se complementam". Curiosa porque o fixo é a favela, estática, "com suas incríveis arquiteturas". Enquanto o fluxo é o povo. Nessa cadeia de complementações, apresenta, ao final do desenvolvimento, a arriscada, mas certeira, constatação de que um não existiria sem o outro. Aliás, o risco para formulação de argumentos precisa ser constante. É isso que evidencia a força de quem quer, de fato, escrever textos que expressem opinião.

Na conclusão, o rapaz solidifica sua dissertação instigante, ao definir as cidades como inconstantes.

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Comentário do Professor

Segundo Lugar - Nível IV

Aluna: Paula Fernandes da Silva

Unidade: Vitória

Série e Turma: Pré-Vest. P5

“Olho o mapa da cidade como quem examinasse a anatomia de um corpo”. Essas palavras de Mário Quintana nos fazem pensar nas cidades como um elemento humano, composto de corpo e alma. O corpo pode ser determinado pela estrutura física, composta de prédios e ruas; e a alma, esta certamente será determinada pelas pessoas que compõem essa estrutura, com suas particularida-des elas vão moldando diferentes cenários que contribuem para a multiplicidade do todo.

As diferentes rotinas dos cidadãos dão às cidades um aspecto dinâmico, em que podemos sentir o pulsar da vida nos dias da semana, onde as multidões se põem a trabalhar e podemos sentir os eu recolhimento nos finais de semana, quando a maioria das pessoas se põem a descansar. Mesmo assim, a cidade nunca para. Enquanto os grandes centros descansam, os bairros continuam ateios, pois o fluxo de pessoas não cessa jamais, o que garante a dinâmica desse espaço, a cidade.

Ações como as chamadas “flash mob”, onde multidões instantâneas se formam e realizam uma ação, até mesmo banal, mas em conjunto nos mostram o quanto este corpo está interligado a sua alma. Outro destaque são as favelas. Elas podem ser comparadas a crianças, onde seus corpos ainda estão em construção, a alma já está presente e traz com ela a vida para o lugar, mas o corpo ainda sofre constantes modificações.

E assim são as cidades, um misto de doçura e dureza, onde as pessoas se constroem e se desconstroem a cada dia. Ela já faz parte de quem nós somos e mesmo parecendo desatentos diante de sua beleza e de suas obras, se elas nos forem tiradas, o nosso olhar irá notar, uma vez que somos a alma que habita esse corpo. “Cidade de meu andar e talvez do meu repouso...” (Mário Quintana).

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De todos os textos que li, considerei o da Paula o mais original. Mas, então, porque ela não venceu o concurso? Essa é uma instigante questão que tratarei ao longo dessa análise.

Na introdução, a mocinha usa a metáfora como forma de prender a atenção do leitor. As palavras corpo e alma - cujos aspectos semânticos são simbólicos - determinam, nas palavras da jovem escritora, cidades e pessoas. Uma boa sacada, porque se afastou dos formatos mais seguros, como alusão histórica, afirmações ou questionamentos.

Ao desenvolver o argumento dentro de uma ordem mais subjetiva, a mocinha relaciona o "aspecto dinâmico" das cidades com o "pulsar da vida". Esse tipo de consideração exige do leitor e isso pode ser considerado o ponto forte do texto. Vale a ressalva de que, mesmo construído a partir de uma metáfora, há passagens mais objetivas, embora pouco desenvolvidas. O que garante a informatividade.

Moderna, lança ao leitor o exemplo do "flash mob" como tendência comportamental de uma sociedade conectada ao universo online. E de modo inusitado compara - mais uma vez metáfora pura - favelas a crianças... "onde seus corpos ainda estão em construção".

À Paula faltou uma finalização mais pessoal. Ao recorrer a novo trecho de Mário Quintana, poeta excelente, esgotou a boa montagem inicial. Só por isso, e aqui se transforma em algo maior por ser um concurso, é que considerei, nesse quesito, o colega Vitor mais preciso. Ainda assim, caso fosse possível colocaria o rapaz e a mocinha empatados.

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Comentário do Professor

Terceiro Lugar - Nível IV

Aluna:

Unidade: Vitória

Série e Turma: Pré-Vest. P5

Fernanda Sobral Scaramussa

A partir da década de 70, o Brasil vivenciou um acelerado processo de urbanização. As pessoas, em busca de salários, trabalhos e, principalmente, melhor qualidade de vida deixaram o campo e foram para as cidades. Houve uma explosão populacional no decorrer das décadas e, atualmente, a maior parte da população brasileira já se encontra nos centros urbanos. Diante disso, cabe a reflexão sobre o porquê das cidades, apesar de tantas notícias ruins transmitidas pela mídia sobre elas, serem consideradas o melhor local para viver.

A resposta é simples: elas encantam pela complexidade, por serem multifacetadas e cosmopolitas. Apresentam desenvolvimento tecnológico, permitem comunicações, encontros, troca de informações e, principalmente, refletem o dinamismo necessário para se possuir boa qualidade de vida nos tempos atuais. Ao se pensar em tecnologia, nota-se que essa garante o desenvol-vimento dos meios de transporte, comunicação, dos instrumentos da construção civil e da área da saúde. Permite o contato com pessoas, estejam elas distantes ou não, e proporciona também, felicidade. A diversificação cultural oferece um maior conhecimento sobre outros lugares do mundo. São muitas as curiosidades e os aprendizados adquiridos pelo intercâmbio cultural e troca de informações. Tudo isso reflete e ratifica o dinamismo dos centros urbanos os quais as pessoas buscam cada vez. Ao se tornarem mais complexos e desenvolvidos, se bem estruturados e organizados, por meio de investimentos eficazes e bem planejados nos setores que se relacionam à qualidade de vida, esses locais se concretizarão como os melhores para se viver.

Pode-se concluir, então, que a dinâmica urbana, se em harmonia com a populacional, resultará no melhor sentimento que alguém pode ter: o de realização no que se refere em poder proporcionar à própria pessoa e à família dela as melhores oportunidades, sejam elas nos setores educacional, de saúde e até mesmo no tecnológico com a inclusão digital. Tudo isso resultará em melhorias, qualificações e engajamento em busca de melhorias em setores ainda deficientes. Ou seja, caminha-se ao encontro de uma vida digna e de realizações pessoais que, em conjunto com a sociedade brasileira, resulta em mudanças e criações para o bem comum.

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A Fernanda foi selecionada pelo bom compasso de ideias que alimentam o argumento formulado. Logo de início oferta ao leitor o resgate histórico, o que dá a chance do paralelo. Ao final da introdução define que irá buscar uma chance de resposta para o paradoxo de ser, na concepção dela, a cidade o melhor lugar para viver.

Interessante como a estratégia persuasiva adotada no logo de saída, no desenvolvimento, conforta o leitor... "A resposta é simples"... Em seu discurso, considera avanço como determinante para qualidade de vida. Embora considere essa ideia equivocada, respeito o ponto de vista construído pela mocinha. Ela vê, aí, felicidade. Argumenta ideias positivas sobre os "centros urbanos", mas se esquece dos aspectos negativos. O que aponto como falha. Buscar as duas faces da moeda e defender uma delas torna a discussão mais democrática ao leitor.

Aliás, é importante observar que a mocinha conduz o leitor a uma conclusão positiva. E isso deve ser considerado uma definição de estratégia. Por conta desse comportamento, e por entender que há, nesse caso, bom domínio do que escreve é que a coloquei neste lugar. Um mérito justo, em minha análise.

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Comentário do Professor

Quarto Lugar - Nível IV

Aluna: Letícia Martins Peixoto

Unidade: Cachoeiro de Itapemirim

Série e Turma: Pré-Vest. P1

O lugar da vida

Uma sociedade desenvolve-se por meio de legados passados através de costumes consuetudinários como também pela herança do acervo léxico deixado por muitos cientistas e historiadores. Todavia, apensa essas relíquias não seriam suficientes para compreender como cidades fantásticas – desde a civilização pré-cambriana até Nova Iorque – surgiram e se tornaram imprescindíveis para a vida humana.

O mundo apresenta-se multifacetado. Isso porque cada cultura e dinamis-mo econômico contribuem de uma forma diferente para a construção de um cenário primordial para as populações contemporâneas: a cidade. Esse novo espaço configura-se a partir da fusão entre relações interpessoais e das necessi-dades de cada grupo ou indivíduo – a urbanização do Brasil, posterior à vinda da Família Real Portuguesa em 1808, foi um ponto típico das necessidades de uma camada social.

O desejo de integrar-se ao contexto urbano-espacial levou famílias de diversas regiões interioranas a migrarem. Iniciou-se um novo período na história de muitos países – o êxodo rural – e, consequentemente, o estágio primário nos problemas sociais, como o surgimento das favelas e a intensificação da pobreza – agravados com o descaso dos governos.

Todavia, embora cidades sejam cenários de conflitos como no “Oriente Médio” e violências como os casos ocorridos no Rio de Janeiro – a “Cidade Maravilhosa” – também são lugares que apresentam vida, preenchem histórias e enriquecem o ser humano. A construção do legado que será deixado pela popula-ção contemporânea está interligada a esse novo mundo, uma vez que a cada rua, encontra-se uma nova realidade que caracteriza um modo de vida.

Mário Quintana foi sábio ao olhar o mapa de uma cidade e comparar essa atitude à examinação da anatomia de um corpo. Afinal, ambos são complexos e cheios de mistério a serem revelados. Todo esse segredo, contudo, é extremamen-te importante para que um mesmo espaço possa abrigar contextos sociais, culturais e históricos tão distintos. Talvez, essa miscigenação ocorrida nas cidades possa contribuir para o fim de práticas preconceituosas como a xenofobia que menosprezam uma raça, um costume ou uma tradição.

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A Letícia defendeu bem o município do mestre Rubem Braga. O texto apresentado é bastante competente e, confesso, na primeira leitura, havia o relacionado entre os três primeiros. Entretanto, há alguns pontos que precisam ser observados.

Considerei a introdução difícil para o leitor. E isso pode ser considerado um aspecto negativo, porque deixa de prender a atenção de bom número de leitores. Entendi como um erro de percurso.

É bom deixar claro que a mocinha exige do leitor o tempo inteiro, pois faz inferências difíceis e que requerem consultas à memória. No desenvolvimento, usa a significativa palavra, "multifacetado", de modo adequado, e leva o leitor a visualizar a palavra urbanização dentro do processo histórico de formação da vida urbana no Brasil... Difícil.

Ao ler atentamente o texto de Letícia, percebe-se a insistência no argumento histórico como forma de explicação para o que ocorre ainda hoje... "O desejo de integrar-se ao contexto urbano-espacial...". Acomoda no mesmo barco Oriente Médio e Rio de Janeiro, e induz uma reflexão contundente: "A construção do legado que será deixado pela população contemporânea está interligada a esse novo mundo, uma vez que a cada rua encontra-se uma nova realidade que caracteriza um modo de vida".

Por fim, exalta o poeta Mário Quintana e o seu, as palavras são da mocinha, "sábio olhar". Como jovem que é, acredita, e isso é bom, que toda a mistura presente nas cidades possa contribuir para o fim de práticas preconceituosas. De minha parte, e a mim coube a tarefa árdua da escolha, considerei ingênuo e até mesmo pouco realista. No entanto, entendi que a mocinha defendeu o que pensa. Poderia ter condensado mais os parágrafos, isso a colocaria mais acima na colocação do concurso. Ficam os parabéns pelo bom vocabulário e pelas analogias corajosas.

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Comentário do Professor

Quinto Lugar - Nível IV

Aluno:

Unidade: Cachoeiro

Série e Turma: Pré-Vest. P1

Artur Albuquerque Tiradentes

Colcha de retalhos

Há 200 anos, para explicar a origem da vida, Darwin lançou mão de uma palavra, até então, como todas as outras: evolução. Passado alguns anos de rejeição, sua tese foi aceita e seu princípio evolucionista tornou-se a base para explicar outros fenômenos que não o biológico. O homem, a sociedade, as relações interpessoais, a ciência e até os centros urbanos evoluíram e evoluem.

As cidades são o reflexo de inúmeros processos evolutivos paralelos e acabam, por isso, mostrando-se imensamente ecléticas. O avanço científico foi responsável, principalmente, pelo inchaço populacional urbano depois, por moldar o espaço físico-funcional para abrigar e atender tantas gentes.

A eficácia cientifica, no que tange os aspectos estruturais, foi sem freada pelos rumos da evolução econômica. Mas, até as disfunções do sistema contribuí-ram para dinamizar o espaço urbano. As diferenças impostas pela economia levam a ramificações ainda maiores do que as biológicas já determinam nas escolhas de cada indivíduo.

As diferenças mostram-se, pois, verdadeiras agulhas responsáveis por construir essas grandes colchas de retalhos que são as cidades no presente século. Somente um “habitar” cada vez mais complexo e diversificado é capaz de aumentar a necessidade humana de evoluir e tornarem evoluídas as coisas ao seu redor.

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O Artur prendeu-me pela analogia entre título “Colcha de retalhos” e pela introdução fundamentada na teoria da evolução. Ou seja, o rapaz utilizou uma tática que, de fato, prendeu o leitor. Essa atitude forneceu ao texto certa originalidade.

Ao desenvolver a argumentação, apontou as cidades como “o reflexo de inúmeros processos evolutivos paralelos”. Com isso, manteve a unidade com a ideia inicial e colocou o leitor dentro do processo evolutivo. É importante lembrar, contudo, que peca por apresentar pouca justificativa. Uma falha que o colocou próximo dos outros textos que não entraram nesta coletânea.

Ainda na discussão, acredita que a “evolução econômica” cria “ramificações ainda maiores”. Nesse aspecto, aponta a economia como um limitador, embora deixe claro que ainda assim o espaço urbano tornou-se dinâmico.

Na conclusão, retoma a metáfora da “colcha de retalhos” e fundamenta a unidade do texto. O rapaz seguiu a proposta definida na introdução, pois se volta para o título, mantem a ideia de cadeia evolutiva, assegurada pelo campo semântico utilizado ao longo do texto.

Assim, Artur foi valorizado pela ideia interessante e por se manter fiel ao que definiu como percurso argumentativo desde o início do texto.

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Comentário do Professor

Proposta de Redação - Nível III

APRESENTAÇÃO DA COLETÂNEA

O t_xto não d_ixou d_ faz_r s_ntido. Não d_ixou d_ s_r um t_xto. As outras l_tras, solidárias, ganharam força _ comp_nsaram a falta d_ uma l_tra. Com o portador d_ d_fici_ncia acont_c_ igual. Cada part_ do corpo d_l_ foi mais tr_inada do qu_ a sua. A int_lig_ncia fica mais visív_l. A inspiração nasc_ mais fácil _ o ajuda a l_var uma vida normal. O corpo _ só um meio d_ locomoção. Aquilo qu_ mais int_r_ssa na vida não falta: a força de vontad_.

PROPOSTA

Após a leitura da coletânea, elabore uma CARTA destinada à população capixaba com a finalidade de argumentar sobre (1) a importância do trabalho voluntário, (2) a necessidade de inclusão das pessoas com necessidades especiais e (3) a diferença que as ações individuais podem provocar em contexto coletivo. Assine seu texto com seu nome.

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APRESENTAÇÃO DA COLETÂNEA

A cidade é um lugar significativo da experiência humana. Ela tem sido objeto de reflexão de geógrafos, urbanistas, historiadores, profissionais da saúde, estudiosos da linguagem, filósofos, engenheiros, matemáticos, artistas, enfim, de muitos profissionais que procuram entender seu funcionamento. Ao atrair tantas e tão variadas atenções, a cidade mostra-se complexa e multifacetada.

COLETÂNEA

1. No primeiro sinal verde após o relógio do canteiro central marcar 12h40min, cerca de cem pessoas atravessaram a Avenida Paulista, na altura da Rua Augusta. De repente, tiraram um sapato, bateram com o solado repetidas vezes no chão, calçaram-no novamente e seguiram seu caminho. Um novo tipo de manifestação política? Longe disso. O que a Paulista viu foi a primeira flash mob (multidão instantânea) brasileira. O fenômeno, mania na Europa e nos Estados Unidos, consiste em reunir o maior número de pessoas no menor tempo possível - por e-mail e celular - para fazer alguma coisa estranha simultaneamente. Os nova-iorquinos já invadiram uma loja e gritaram em frente a um dinossauro de brinquedo. Na versão brasileira, ficou decidido tirar o sapato e batê-lo no chão, como que para tirar areia de dentro. (Adaptado de Angélica Freitas, “40 segundos de frenesi na Paulista. Flash Mob chega a São Paulo”, Estado de S.Paulo, 14 de agosto de 2003).

2. No produtivo ano de 1979, o grupo encapuzou, com sacos de lixo, as estátuas da cidade, visando chamar a atenção das pessoas que nunca, ou quase nunca, reparavam em seu dia-a-dia as obras de arte em nossa cidade. Na manhã seguinte, a imprensa registrou o fato. No mesmo ano vedaram as portas das principais galerias [de lojas] com um X em fita crepe, deixando um bilhete em cada uma: “O que está dentro fica, o que está fora se expande”. Em 1980, o grupo, em mais uma ação noturna, estendeu 100 metros de plástico vermelho pelos cruzamentos e entradas no anel viário da Avenida Paulista com rua Consolação. O Detran, porém, desmontava essa e outras ações do grupo, que realizou uma série de 18 intervenções pela cidade até 1982, quando dissolveu-se. (Adaptado de Celso Gitahy, “Graffiteiros passo a passo rumo à virada do milênio”, Revista do Patrimônio Histórico, 2, n. 3, 1995, p. 30).

3.

O MapaOlho o mapa da cidadeComo quem examinasseA anatomia de um corpo(É nem que fosse o meu corpo.)

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Proposta de Redação - Nível IV

Sinto uma dor infinitaDas ruas de Porto AlegreOnde jamais passarei.Há tanta esquina esquisita,Tanta nuança de paredes,Há tanta moça bonita,Nas ruas que não andei.(E há uma rua encantadaQue nem em sonhos sonhei...)Quando eu for, um dia desses,Poeira ou folha levadaNo vento da madrugada,Serei um pouco do nadaInvisível, deliciosoQue faz com que o teu arPareça mais um olhar,Suave mistério amoroso,Cidade de meu andar(Deste já tão longo andar!)E talvez de meu repouso...

(Mário Quintana, Apontamentos de História Sobrenatural. Porto Alegre: Globo, IEL, 1976).

4. As favelas se constituem através de um processo arquitetônico e urbanístico singular que compõe uma estética própria, uma estética das favelas. (...) Um barraco de favela é construído pelo próprio morador, inicialmente, a partir de fragmentos de materiais encontrados por acaso. A construção é cotidiana e continuamente inacabada. (...) O tecido urbano da favela é maleável e flexível, é o percurso que determina os caminhos. (...) As ruelas e becos são quase sempre extremamente estreitos e intrincados. Subir o morro é uma experiência de percepção espacial singular, a partir das primeiras quebradas se descobre um ritmo de andar que o próprio percurso impõe. (Adaptado de Paola Berenstein Jacques, “Estética das favelas”, em http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp078.asp).

5. O dia-a-dia das sociedades gira em torno dos objetos fixos, naturais ou criados, aos quais se aplica o trabalho. Fixos e fluxos combinados caracterizam o modo de vida de cada formação social. Fixos e fluxos influem-se mutuamente. A grande cidade é um fixo enorme, cruzado por fluxos enormes (homens, produtos, mercadorias, ordens, idéias), diversos em volume, intensidade, ritmo, duração e sentido. Aliás, as cidades se distinguem umas das outras por esses fixos e fluxos. (Milton Santos, “Fixos e fluxos – cenário para a cidade sem medo”, em O país distorcido. O Brasil, a globalização e a cidadania. São Paulo: Publifolha, 2002).

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PROPOSTA

Trabalhe sua dissertação a partir do seguinte recorte temático:

A cidade é o lugar da vida, espaço físico no qual acontecem encontros, negociações, tensões, num dinamismo permanente de criação e transformação.

Instruções:

Discuta a cidade como um espaço múltiplo; Argumente em favor de uma visão dinâmica dessa multiplicidade; Explore os argumentos para mostrar que a cidade é um espaço que se

configura a partir de relações diversas.

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DIRETORES Eduarda Guimarães

Enoch Lellis de OliveiraFabrício Henrique S. Silva

Gláucia Cerqueira e CarneiroJociel Moreira HemerlyJony Jones M. e Mota

Lucihel Wagner Sarmento CostaNelson Adam Czartoryski Gonçalves

Ricardo Gonçalves de AssisRoberto Aguilar Daroz

Silvio PantaleãoWezeron Rangel Rossi

Ana Paula Gomes de OliveiraÉrika Maria Saleme de Sá e MottaLúcio Vieira de Almeida (Manga)

DIAGRAMAÇÃO

Elias Severiano de Oliveira

REDAÇÃO

R. Desemb. Vicente Caetano, 116Mata da Praia - Vitória - E.S.

Tel.: (27) 3212-5000

EDITADO POR Centro Educacional Charles Darwin

CNPJ: 36.049.104/0001-38Tiragem: 2000 exemplares

COORDENAÇÃO

Expediente

UNIDADES

Vitória: Ensino Médio / Pré-VestibularR. Desembargador Vicente Caetano, 116 - Mata da Praia - Vitória - ES

Tel.: (27) 3212-5000 / Fax: (27) 3212-5020

Vitória: Ensino FundamentalR. Desembargador Vicente Caetano, 116 - Mata da Praia - Vitória - ES

Tel.: (27) 3212-5070 / 3212-5071 - Fax: (27) 3212-5080

Vila Velha: Ensino Fundamental / Ensino Médio / Pré-VestibularR. Cabo Aylson Simões, 1170 - Centro Vila Velha

Telefax: (27) 3329-1315

Cariacica: Ensino Fundamental / Ensino Médio / Pré-VestibularAv. Antônio Peixoto, s/nº - Vera Cruz - Cariacica

Tel.: (27) 3336-0046 / Fax: 3336-0773

Cachoeiro de Itapemirim: EM / Pré-VestibularRua Amâncio Silva, 40 - Arariguaba - Telefax: (28) 3511-0344

Guarapari: EM / Pré-VestibularRua Santana do Iapó, 233 - Muquiçaba - Tel.: (27) 3361-0979 / 3261-0584

Colatina: Ensino Fundamental / Ensino Médio / Pré-VestibularAv. Presidente Kenedy, 480 - Maria Ismênia - Telefax: (27) 3723-5040

Linhares: Ensino Fundamental / Ensino Médio / Pré-VestibularAv. Rui Barbosa, lote 3, s/nº - Quadra 88A - Centro - Tel.: (27) 3371-2333

Serra: Ensino Fundamental / Ensino Médio / Pré-VestibularAv. Guarapari, 17 - Valparaiso - Serra - Telefax: (27) 3064-3800

Aracruz: Ed. Infantil / Ensino Fundamental / Ensino Médio / Pré-Vestibular Av. Vitória Régia - s/n - Coqueiral de Aracruz - Aracruz - Tel.: (27) 3250-1268 / 3250-1117

São Mateus: Ensino Médio / Pré-VestibularRod. Othovarino Duarte Santos s/nº - Km 2 - Residencial Park Washington

Telefax: (27) 3773-7729

Eunápolis - BA: Ensino Fundamental / Ensino Médio / Pré-Vestibular Rod. 367 - km14 - Tel.: (73) 3281-1728 / 3281-0132