13. afecções do sistema urinário
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AFECÇÕES DO SISTEMA
URINÁRIO
CLÍNICA DE
RUMINANTES

Pielonefrite

ETIOLOGIA
Desenvolve-se da infecção ascendente do trato urinário inferior e, clinicamente se caracteriza por nefrite supurativa, cistite e ureterite
Pode-se desenvolver de várias formas:
Secundariamente à infecção bacteriana do trato
inferior
Disseminação de nefrite embólica de origem hematológica, como septicemia em bovinos por Pseudomonas aeruginosa
Pielonefrite específica causada por Corynebacterium renale em bovinos

PATOGENIA
Desenvolve-se quando uma bactéria do trato urinário inferior ascende, causando ureterite e se estabelece na pelve e medula renal
As bactérias são auxiliadas em sua ascensão pela estase urinária e pelo refluxo urinário da bexiga
A estase urinária pode ocorrer por obstrução dos ureteres por edema, por pressão uterina nas fêmeas gestantes ou por urolitíase obstrutiva
Inicialmente, a pelve e a medula renal são atingidas, podendo a infecção estender-se ao córtex
Cursa com toxemia, podendo ocorrer uremia
Sempre acompanhada de piúria e hematúria pelas lesões inflamatórias de ureteres e bexiga

SINAIS CLÍNICOS
Urina sanguinolenta ou com pus ou muco
Cólicas
TºC flutuante – em torno dos 39,5
Inapetência, queda na produção leiteira e diminuição da condição corporal
Micção freqüente, dolorosa e gotejante, ao invés do fluxo normal

PATOLOGIA CLÍNICA
Exame de urina
Proteinúria e hematúria
Ph acima de 8,5
Densidade entre 1.008 – 1021
Cultura urinária – determinação das bactérias causadoras
Bioquímica do sangue
Creatinina elevada – acima dos 1,5 mg/dl
Uréia elevada – acima dos 100 mg/dl

TRATAMENTO
Penicilina G-procaína, 15.000 UI/Kg, 24h, durante 3 semanas
Terapia hidroeletrolítica
Líquidos e eletrólitos para correção da desidratação
Quando o déficit hídrico for corrigido, o animal deve ser observado até urinar
Se houver anúria ou oligúria, a quantidade de fluidos deve ser monitorada para evitar super-hidratação
Se após o déficit hídrico ser corrigido o animal ainda apresentar oligúria, deverá ser utilizado um diurético para estimular a volta do fluxo urinário Furosemida – 1 – 2 mg/kg, 2h
DIURÉTICOS NÃO DEVEM SER ADMINISTRADOS ANTES DA CORREÇÃO DA DESIDRATAÇÃO

Cistite

ETIOLOGIA
É a inflamação bacteriana da bexiga, normalmente causada por Escherichia coli.
Ocorre por trauma na bexiga ou estagnação urinária, associadas a:
Cálculos císticos
Parto difícil
Cateterização contaminada
Final de gestação
Acompanhando pielonefrite por Corynebacterium renale

PATOGENIA
Muitas bactérias penetram freqüentemente na bexiga, porém, são removidas pela ação dos jatos de urina eliminada antes de invadirem a mucosa
Agressões à mucosa facilitam a invasão bacteriana
Estagnação urinária é a causa predisponente mais importante

SINAIS CLÍNICOS
Micção freqüente e dolorosa, podendo ser acompanhada de gemidos
Postura de micção por vários minutos após o fluxo ter cessado, acompanhada de esforços adicionais
O volume de urina eliminada em cada ocasião é pequeno
Pode haver dor abdominal moderada, evidenciada por escoiceamento do abdome
Febre moderada
Poderá ocorrer anúria se a uretra estiver obstruída por sangue ou pus

PATOLOGIA CLÍNICA E TRATAMENTO
Presença de sangue e pus na urina
Pode haver cheiro de amônia na urina
Ao exame microscópico, aparecem eritrócitos, leucócitos e células epiteliais
Cultura bacteriana e antibiograma são necessários para confirmar o diagnóstico e guiar o tratamento
Os tratamentos são preconizados por 10 – 14 dias, para eliminar todos os focos bacterianos e evitar as recidivas

UROLITÍASE

Distúrbio sub-clínico comum em ruminantes racionados ou alimentados com certos tipos de pastagens
Doença clínica importante em machos, quando os cálculos obstruem o trato urinário, normalmente a nível de uretra

ETIOLOGIA
Os cálculos são formados quando solutos urinários orgânicos ou inorgânicos são precipitados para fora da solução
Os precipitados ocorrem como cristais ou depósitos amorfos
Os cálculos formam-se em longo período de tempo pelo acúmulo gradual de precipitados ao redor de um núcleo
Uma matriz orgânica é parte integral da maioria dos tipos de cálculos

EPIDEMIOLOGIA
Ocorre com maior freqüência em machos alimentados com rações concentradas
Pode ocorrer em animais de pastos de áreas problemáticas, associadas à presença de plantas que contenham grandes concentrações de oxalato, estrogênio ou sílica (ocorrendo a urolitíase em todas os sexos e categorias)
A urolitíase é a causa mais comum de doença do trato urinário em ovelhas e cabras cruzadas

Três grupos principais de fatores contribuem para o desenvolvimento da urolitíase:
Desenvolvimento de um núcleo ao redor do qual ocorre a precipitação e concreção;
Facilitação da precipitação de solutos no núcleo;
Favorecimento da concreção, cimentando sais precipitados para o desenvolvimento do cálculo

Fatores de risco para a urolitíase obstrutiva
Tamanho individual dos cálculos
Quantidade de material dos cálculos
Ocorrência
A obstrução uretral pode ocorrer em qualquer lugar da
uretra, mas é mais comum: Flexura sigmóide de novilhos castrados;
Apêndice vermiforme ou na flexura sigmóide de ovinos castrados ou inteiros
A obstrução uretral raramente ocorre nas fêmeas, pois a uretra é mais curta e calibrosa

PATOGENIA
Os cálculos podem estar presentes nos rins, ureteres, bexiga e uretra
Pode ocorrer pielonefrite, cistite e obstrução uretral
A obstrução de um dos ureteres pode causar hidronefrose unilateral
A principal manifestação clínica é a obstrução uretral, sendo uma doença fatal
A ruptura de uretra ou bexiga ocorrerá em 2 -3 dias se a obstrução não for aliviada, ocorrendo uremia e infecção bacteriana secundária
A ruptura de bexiga ocorre em maior proporção quando o cálculo for esférico e liso, promovendo obstrução completa da uretra
A ruptura de uretra é mais freqüente quando os cálculos tem formato irregular e causam obstrução parcial e necrose compressiva da parede da uretra

SINAIS CLÍNICOS
A obstrução de ureter pode ser detectada pela palpação retal, principalmente se acompanhada de hidronefrose
Ocasionalmente, a saída da pelve renal pode ficar bloqueada e a distensão resultante pode causar dor aguda acompanhada de andar rígido e dor ao pressionar o lombo

Obstrução uretral por cálculo
Dor abdominal com escoiceamento do abdome, pateamento dos membros anteriores e balançar da cauda
Contrações espasmódicas repetidas do pênis, suficientes para balançar o prepúcio
Grande esforço para urinar, acompanhado de gemidos, ranger de dentes e passagem de poucas gotas de urina coradas com sangue
Um intenso precipitados de cristais pode ser visível nos pelos prepuciais e parte interna das coxas
Toda extensão do pênis do macho deve ser palpada para evidenciar aumentos de volume dolorosos, localizando a flexura sigmóide, o mais próximo possível ao péríneo
A passagem de sonda ou cateter, mediante sedação, deve ser tentada para tentar localizar o ponto da obstrução
À palpação retal, em bovinos, a bexiga se encontra distendida e a uretra dolorosa e pulsante quando manipulada
Em ovinos, ocorre depressão repentina, falta de apetite, escoiceamento do abdome, pateamento, balançar da cauda, bruxismo, anúria ou passagem de pequenas quantidades de urina com sangue

Ruptura de uretra e bexiga
Se a obstrução não for aliviada, a ruptura da uretra ou bexiga pode ocorrer em 48 h
Com ruptura de uretra, a urina extravasa ao tecido conjuntivo da parede abdominal ventral e para o prepúcio, podendo disseminar-se até o tórax, resultando em toxemia acentuada
A pele sobre a área edemaciada pode sofrer necrose, permitindo drenagem
Quando ocorre ruptura de bexiga, há alívio imediato do desconforto, surgindo rapidamente uremia, anorexia e depressão, evoluindo à toxemia, choque e morte. Pode ocorrer hemorragia grave quando da ruptura da bexiga

PATOLOGIA CLÍNICA
Urinálise Urina contendo eritrócitos, células epiteliais e grande número de cristais
Pode haver presença de bactérias se ocorrer infecção secundária de cistite traumática ou pielonefrite
Bioquímica sérica Uréia e creatinina aumentadas antes da ruptura de bexiga ou uretra e muito
aumentadas após a ruptura
Abdominocentese Detecção de uroperitônio após ruptura de bexiga
Aspirado de tecido subcutâneo após ruptura de uretra
Ultrassonografia Muito útil em ovinos
Pode-se examinar todo o trato urinário, desde os rins à uretra, à procura de cálculos
O tamanho e conteúdo da bexiga pode ser avaliado, sendo que uma bexiga rompida pode não estar completamente vazia
Em animais com urolitíase obstrutiva, a uretra e a bexiga ficam acentuadamente dilatadas

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Urolitíase Obstrutiva
Pode ser confundida com cistite e pielonefrite
Diferenciação possível apenas por exame retal nos cálculos vesicais ou por Rx e ultrassonografia em animais menores
Desenvolvimento seqüente de hidronefrose pode ser um auxiliar diagnóstico em bovinos
Ruptura da Uretra
Edema difuso dos tecidos subcutâneos da parede corpórea ventral
Diferenciação de herniações

TRATAMENTO
Tratamento cirúrgico Uretrostomia
Alívio da pressão
Os cálculos não podem ser dissolvidos por meios clínicos
Nos estágios iniciais da doença ou em casos de obstrução incompleta, pode-se tentar a utilização de relaxantes musculares Relaxamento da musculatura lisa, permitindo a passagem do
cálculo
Animais devem ser acompanhados de perto para assegurar que ocorra micção e verificar novas obstruções
Em ovinos há uma alta taxa de recidivas de obstrução e o prognóstico é de reservado a mau

PREVENÇÃO
Dieta com equilíbrio adequado de cálcio e fósforo para evitar a precipitação de excesso de fósforo na urina
A relação de Ca:P de 1,5 – 2,0:1
Todos os esforços devem ser feitos para aumentar e manter o consumo de água em animais confinados, podendo ser conseguido através do aumento do consumo de sal
A administração de cloreto de sódio na ração auxilia a prevenção da urolitíase por diminuir a taxa de magnésio e fosfato ao redor do núcleo do cálculo
O adiantamento da castração pode reduzir a incidência de urolitíase obstrutiva por permitir maior dilatação da uretra (melhora não é muito significativa)