1457 jornal do vestibulando ensino, informaÇÃo e cultura bem, não ia conseguir acompanhar de...
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ENTREVISTA
Camila Soares Franco 1
CONTO
Romantismo – Artur Azevedo 3
1457
JORNAL ETAPA – 2013 • DE 25/07 A 07/08
Jornal do VestibulandoENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA
ENTREVISTA
Ela se achava péssima em Redação. Insistiu,
aprendeu... e foi bem!
Camila Soares Franco
Em 2012: Etapa
Em 2013: Medicina USP – Pinheiros
Camila Soares Franco prestou Fuvest ao terminar o Ensino
Médio e não passou para a segunda fase. Por isso, no
cursinho, dedicou-se muito a aprender e a superar suas
dificuldades e fraquezas. Nesta entrevista ela conta como
foi seu preparo no Etapa e fala de seu resultado – ela entrou
em 43º lugar, excelente colocação na Medicina USP.
ENTRE PARÊNTESIS
Moedas 4
JV – Você prestou quais vestibulares e em quais
foi aprovada?
Camila – Prestei Fuvest, Unicamp, Unesp, Uni-
fesp e Enem. Fui aprovada em todos. Quer dizer,
na Unesp, na Unicamp e na Unifesp eu tinha de
declarar interesse, mas já tinha passado na USP.
Nas posições em que fiquei, eu entraria. No Enem,
declarei interesse pela Universidade Federal Ciên-
cias da Saúde, de Porto Alegre. Passei lá também.
Desde quando você pensava em ser médica?
Desde o fim do 1º colegial. Eu acho uma carreira
muito bonita. Sempre tive interesse. No começo
do ano passado fui naquela visita que a USP pro-
move e aí me apaixonei. Não teve mais jeito.
Por que você escolheu o Etapa para se preparar
para os vestibulares?
Já conhecia o Etapa por amigos que estudaram co-
migo no Ensino Fundamental e vieram fazer aqui o
Ensino Médio. E também ouvia falar do cursinho,
toda a fama do Etapa.
Quando você terminou o Ensino Médio (2011),
prestou direto para Medicina?
Prestei. Eu sabia que era difícil, só não tinha no-
ção de quão difícil seria. Acabei não indo tão bem
como esperava. Eu achava que estava melhor do
que realmente estava. Fiz 69 pontos na 1ª fase da
Fuvest. O corte foi 73.
Ao vir para o cursinho, qual era seu ânimo?
Entrei aqui com a intenção de dar o máximo que eu
conseguisse para ter certeza de que pelo menos
a minha parte eu tinha feito. Mas não tinha noção
do tanto que eu precisaria estudar para conseguir
passar.
Nas matérias, quais eram as suas maiores difi-
culdades?
Em Português, Redação e Química. Principalmen-
te, de longe, em Redação. Na Unicamp, no 3º ano,
eu fui muito mal em Redação. Tirei 15 de 48.
O que você fez para melhorar?
Fiz muitas redações no ano passado. No primeiro
semestre fazia uma por semana, no domingo. Toda
semana, não deixei nem uma faltar. No segundo se-
mestre aumentei para duas redações por semana.
Não dava para fazer duas no fim de semana, então
fazia uma na quarta-feira, outra no domingo. Até fim
de setembro, começo de outubro. Aí passei a fazer
mais. No fim do ano fazia dia sim, dia não.
Você sentiu que esse treino estava dando resul-
tado?
Sim. No começo era muito sofrido, levava mais de
duas horas para fazer uma redação. A partir do se-
gundo semestre foi ficando um pouco mais fácil e a
qualidade foi melhorando bastante também.
Você fez Reforço para Medicina?
Sim, fiz o MT [Medicina Total].
Como ele ajudou?
Tinha uma profundidade um pouco maior. Os exer-
cícios eram mais difíceis, no geral. Fazer os exercí-
cios mais difíceis me dava mais confiança. Mesmo
quando eu não conseguia resolver, pelo menos ti-
nha contato com eles, sabia meio que o jeitão de
como resolver se eles caíssem numa prova.
Como era seu método de estudos?
Tentava sempre estudar as matérias do dia, princi-
palmente onde eu tinha mais dificuldade.
No segundo semestre, você manteve seu esque-
ma de estudo?
Dei umas modificadas. Como tinha mais tempo à
tarde, consegui ter mais flexibilidade para fazer ou-
tras coisas, além dos exercícios da apostila. Teve
uma época em que eu imprimi todas as provas
da 1ª fase da Unifesp, de quando ela ainda fazia
vestibular próprio completo. As provas de 2000 até
2009, se não me engano. E ia fazendo os testes.
Treinava bastante também com exercícios antigos
da Fuvest e da Unicamp.
No fim de semana, o que você fazia?
No começo, nos sábados de manhã, procurava es-
tudar alguns pontos que não tinha dado para estu-
dar ao longo da semana. Nos domingos, sempre
fazia redação.
Quanto tempo você estudava no sábado?
Umas quatro horas. Mais para frente eu comecei
a estudar no sábado quase o dia inteiro. No fim de
outubro passei a vir para o Etapa e ficava na Sala de
Estudos. Não todo sábado. Algumas vezes.
Você usava o Plantão de Dúvidas?
Tive muito contato com os plantonistas de Portu-
guês. Sempre levava para o Plantão as redações
que eu fazia no fim de semana e na quarta-feira.
Você comentou que tinha dificuldade em Quími-
ca. Conseguiu melhorar?
Quando eu ia decidir o que estudar, Química era
sempre prioridade. Em Química eu percebi meu
crescimento ao longo do ano, fui melhorando, en-
tendendo melhor.
ARTIGO
Camões e os descobrimentos 5
ARTIGOO círculo virtuoso do desenvolvimento intelectual 8
SERVIÇO DE VESTIBULAR
Inscrições 8
ENTREVISTA2
Jornal ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura
REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP
JORNALISTA RESPONSÁVEL: Egle M. Gallian – M.T. 15343Jornal do Vestibulando
Você teve crescimento em todas as matérias ou
alguma ainda ficou defasada?
Português ficou um pouco defasado ainda. Tenta-va estudar sempre, mas às vezes ficava um pouco perdida: como fazer a questão, qual o melhor jeito de estudar. Se era lendo apostila, se era fazendo exercícios.
Nos simulados do Extensivo, quais eram seus
resultados?
Ficava sempre nas faixas A e B. Às vezes ficava no C mais, principalmente nos escritos ou em Português.
E nos simulados do MT?
Depende. Em Matemática sempre tirei A. Nos de Português cheguei a tirar D. Tirei alguns C menos em História e Geografia, alguns C mais em Física.
Como os simulados foram importantes para
você?
Meu último objetivo no simulado era ver a nota final. Para mim, o simulado era, primeiro, o mo-mento de pegar condicionamento de prova, ficar preparada fisicamente e mentalmente, porque é cansativo fazer uma prova extensa. E também pegar o estilo das questões. Achava legal que as questões do Etapa eram bastante parecidas com as dos vestibulares, o estilo. Uma forma de sentir como eles pedem a matéria era fazendo os simu-lados. Outra coisa era ver onde eu estava errando, ver os pontos fracos e tentar reduzir ao máximo o erro bobo.
Você leu as obras indicadas pela Fuvest como
obrigatórias?
Não li inteiros Til, de José de Alencar, O cortiço, de Aluísio Azevedo, e Viagens na minha terra, de Almeida Garrett. Mas tentei ler os capítulos que eram pontos-chave dos livros. Não sabia se valia mais a pena ler o livro ou ler a análise ou ficar fa-zendo exercícios. Tentei fazer um pouco de tudo. E fui a quase todas as palestras sobre os livros.
Você acha que é melhor assistir à palestra antes
ou depois de ler a obra?
Não recomendo, mas eu fui a cada palestra an-tes de ler o livro. Mesmo tendo ficado um pouco perdida, acabou sendo bom porque me deu uma direcionada na hora em que fui ler. Nas palestras, tentei anotar tudo e depois baixei os slides para poder consultar. Conforme lia, ia revendo minhas anotações, os slides, e tudo foi fazendo bastante sentido.
No vestibular, você conseguiu resolver as ques-
tões de Literatura?
Resolvi a maioria. Teve uma de um capítulo de Til que acabou não dando. Mas foi uma questão só, então não foi tão prejudicial.
Se você pudesse voltar no tempo, faria as mes-
mas coisas?
Não é nem questão de ler os livros. Acho que te-ria estudado Português todos os dias. Uma hora todo dia.
O que você fez nas férias?
Nas férias eu li uma parte de Viagens na minha
terra, mas foi a única coisa que fiz. Viajei para a casa dos meus avós, em Barretos. Priorizei pegar
as duas semanas para mim, para esvaziar a cabe-ça. Estava muito cansada e sabia que o segundo semestre seria mais pesado. Se eu não estivesse bem, não ia conseguir acompanhar de forma efi-ciente.
Você tinha alguma atividade para relaxar?
Sempre gostei bastante de música. Quando esta-va cansada, passava o tempo escutando as músi-cas de que eu gostava ou pesquisando músicas novas. No ano passado, fui a muitos shows de bandas, festival de música, coisas assim. Mesmo sabendo que era provavelmente um tempo que eu ia perder de estudo e que no outro dia acorda-ria um pouco cansada.
Como foi seu desempenho na 1ª fase da Fuvest?
Fui bem. Fiz 82 pontos. Não esperava tirar mais de 80. Fiquei muito feliz, me animou bastante para continuar estudando.
Para a 2ª fase, mudou alguma coisa no seu mé-
todo de estudo?
Comecei a fazer bem mais questões escritas. Se achava que minhas respostas não eram boas, le-vava para os plantonistas ou mostrava para algu-ma amiga – “Está bom do jeito que escrevi?”.
Na 2ª fase, qual foi sua nota no primeiro dia, em
Português e Redação?
Na prova, tirei 64,38. Na Redação fui bem, tirei 73,65, valeu o esforço. Nas questões, acho que ti-rei 55, por aí. Não deu tempo de terminar a prova. Saí meio desanimada porque eu esperava ter ido melhor. Durante o ano, para estudar Português, eu imprimi as provas da Fuvest desde 1998. Fiz quase 15 anos de provas inteirinhas de Português. E leva-va sempre para o plantonista dar uma olhada.
Na prova geral do segundo dia da Fuvest, como
você ficou?
Minha nota foi 82,81. Tentei não ficar remoendo a primeira prova e me concentrar para fazer bem a prova do segundo dia.
No terceiro dia, que para Medicina é a prova de
Física, Química e Biologia, como foi?
Fui bem. Tirei 87,5. As questões tinham estilo bem parecido com as que eu fiz o ano inteiro no MT, com os exercícios da apostila do Etapa. Não senti dificuldade. Se você se acostuma com o jeito das questões, com o estilo da prova, se você já tem uma estratégia boa de como resolver a prova, é meio caminho andado para ir bem.
Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pontua-
ção na Fuvest?
814,5 pontos.
E a classificação na carreira?
43º lugar. Passei com certo conforto, apesar de não ter ido bem no primeiro dia.
Como ficou sabendo da sua aprovação na
Fuvest?
Eu vi em casa. Quando vi meu nome, parece que o mundo saiu das minhas costas. Foi muito bom. Depois vim para cá, para a festa dos aprovados. Aqui tinha um pessoal da Atlética da Pinheiros, eles levaram a gente para lá. Na primeira vez que vi a Atlética, que entrei, eu me senti parte de lá.
Como foi o dia da matrícula?
Fui com meus pais e minha irmã. Teve um churras-co e a bateria tocou. Foi muito bom. Mesmo antes da matrícula eu já estava tendo bastante contato com a faculdade porque, como fui para a Atléti-ca no dia da lista da Fuvest, fiquei conhecendo algumas pessoas de lá, alguns DM, diretores de modalidade, veteranos que convidaram a gente para treinar. Antes da matrícula já tinha ido treinar várias vezes. Já era meio parte de lá.
Com relação às matérias, o que você teve no
primeiro semestre?
Matérias do ciclo básico. Anatomia, Bioquímica, Biologia Molecular, Biologia Celular, Fisiologia de Membranas, Atenção Primária à Saúde, Introdu-ção à Medicina. E tem Laboratório de Bioquímica.
De quais matérias você mais gosta?
Gosto mais de Introdução à Medicina. São qua-tro módulos: Noções de Enfermagem, BLS, que é tipo primeiros socorros [BLS – Basic Life Support], Prática Médica, em que a gente discute casos clí-nicos com algum médico, e Biblioteca, em que se aprende a pesquisar em base de dados, pesquisa científica.
Qual matéria é mais difícil?
Fisiologia de Membranas. Tem muita coisa rela-cionada à Física. Eu acho muito difícil.
Do que você gostou mais até agora na Pinhei-
ros?
Uma coisa que eu senti é que fomos muito bem acolhidos. Os veteranos nos dão muita atenção, muito apoio. Eles dão um guia de sobrevivência, tipo manual dos calouros, com dicas básicas para a gente não ficar perdida no começo do curso. São muito presentes. Chamam a gente para treinar, fa-zem questão de que você se sinta parte do time. Isso foi uma coisa de que eu gostei bastante.
Na carreira, que área você pretende seguir?
Não sei ainda, mas eu me interesso por cirurgia.
Como você avalia o ano passado?
Foi um ano muito puxado, em que me cansei bas-tante, mas o esforço valeu a pena.
Você acha que está diferente, hoje, de quando
começou no cursinho?
Sim. O cursinho me ajudou bastante a amadure-cer. Passar por essa fase tão difícil do vestibular me mostrou que, se me organizar direitinho, eu consigo alcançar meu objetivo.
O que você tira de lição do ano passado?
Tiro disso a importância de você estar sempre com os pés no chão. Eu tinha dias ruins em que pensava que não ia dar certo, mas sempre tentava não me deixar embalar por esse sentimento. Ficar se vitimizando é sempre a pior saída.
O que mais você quer dizer para o pessoal que
vai prestar vestibular no fim deste ano?
É importante, neste ano difícil, lembrar-se de suas motivações. Sempre se lembre de seu sonho, de sua escolha e não se desiluda.