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o 15 Seminário de Pedagogia Espírita na Educação 14 de julho de 2019 CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS TEMA: “NOSSOS FILHOS SÃO ESPÍRITOS: OLHOS DE VER E OLHOS DE OLHAR”

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o15 Seminário dePedagogia Espírita na Educação

o15 Seminário de Pedagogia Espírita na Educação

Tema: “NOSSOS FILHOS SÃO ESPÍRITOS:

OLHOS DE VER E OLHOS DE OLHAR”

Muito embora o Homem busque humanizar o que é divino e divinizar o que é

humano, no sentido comum de visão humana, não há separação quando se observa de um

ponto de vista“mais alto”, e aí vê-se que a linha demarcatória entre um e outro é muito

tênue.

Busquemos por exemplo as “forças sexuais”, quantos buscam apenas ver o aspecto humano nas mesmas, sem notar-lhes a gama de forças criadoras que existem nelas e que servem para que o homem crie em todos os campos da natureza humana, seja mental, psíquico, físico e espiritual?

Forças criadoras são divinas e muitas vezes são apequenadas apenas para o campo sensorial.

Assim também no campo da Evangelização e da Educação não dá para dizer: agora vou educar a criatura encarnada,… agora nesse outro momento vou educar o espírito imortal… não dá para pensar assim àqueles que trazem as luzes dos conhecimentos espirituais, aos quais a Doutrina Espírita abarca. Por isso que sempre mostramos que na Evangelização, usando o campo de percepção da criança, dever-se-á estudar O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns.

Sempre tivemos esse intuito, como planejamento do Mais Alto, daqueles que nos dirigem e que mostram para nós, que a Doutrina Espírita pode e deve ser ensinada em todas as idades.

Como incentivarmos quando ainda estavam do lado de cá, vocês, a reen-carnarem sem garantir que teriam o apoio da Doutrina Espírita desde cedo?

Muitos de vocês sem esse apoio e sem essa certeza, por serem frágeis no caminhar, teriam resvalado para quedas maiores do que as que já cometeram no passado, uma vez que a consciência que se tem agora agravaria a culpa de cada um, caso falissem.

Desse modo, caros filhos, tenham sempre em mente que os espíritas têm de se valer dos conhecimentos da Terra, na Educação e na Evangelização, mas sabedores de que têm a missão de educar espíritos imortais, de formar o caráter elevado nessas almas.

Sigam no esforço, na certeza do amparo, mas tendo como base este ideal espírita.

Que Jesus a todos abençoe.

Paz!

Hermann

(Mensagem psicográfica, recebida pelo médium Mário Coelho, em 16/2/2019, no CELD, RJ.)

14 de julho de 2019

CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS

TEMA:

“NOSSOS FILHOS SÃO ESPÍRITOS:

OLHOS DE VER E OLHOS DE OLHAR”

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CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS

15o Seminário de Pedagogia Espírita na Educação

LEOPOLDO MACHADO

Patrono do Seminário

Tema:

“Nossos Filhos são Espíritos:

Olhos de Ver e Olhos de Olhar”

14 de Julho de 2019

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Coordenação Geral: Selma Trigo Oliveira

Coordenação Apoio: Michelle Sabbatini Malta da Silva

Organização de Conteúdo: Equipe do Seminário de Pedagogia Espírita

Arte da Capa: Carlos Antonio Gonçalves Amaral

Finalização: Departamento Editorial do CELD

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15O SEMINÁRIO DE PEDAGOGIA ESPÍRITA NA EDUCAÇÃO - 2019

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Seminários realizados

Ano Tema

2005 “A Doutrina Espírita e a sua Ação Pedagógica na Educação”

2006 “Pedagogia Espírita – Teoria e Prática na Educação”

2007 “A Pedagogia Espírita e o Novo Olhar da Educação sobre a Inclusão Social”

2008 “A Pedagogia Espírita e o Papel do Educador na Formação Integral do Educando”

2009 “A Pedagogia Espírita na Educação dos Sentimentos

do Ser”

2010 “A Pedagogia Espírita na Construção e Emancipação do Ser Humano”

2011 “A Pedagogia Espírita na Construção do Autoconhecimento”

2012 “A Pedagogia Espírita na Educação do Espírito

Imortal”

2013 “A Pedagogia na Casa Espírita - Valores na

Convivência”

2014 “A Educação do Espírito”

2015 “As Potências do Espírito”

2016 “A Educação do Espírito – As Etapas do

Desenvolvimento”

2017 “Modelo de Educação Espírita”

2018 “A Educação Espírita e a Arte de Educar”

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Objetivo Geral:

Compreender que a Doutrina Espírita amplia a visão sobre a

imortalidade da alma e dos compromissos reencarnatórios assumidos para a

evolução do Espírito.

Objetivos Específicos:

1 - Refletir sobre os sentimentos dos pais no momento do nascimento de

um filho.

2 - Perceber que a reencarnação é um recurso Divino para a educação do

Espírito Imortal.

3 - Reconhecer que os filhos são Espíritos, e que trazem suas expe-

riências individuais ao longo das reencarnações.

4 - Refletir o significado da expressão “olhos de ver e olhos de olhar”.

5 - Conscientizar os pais quanto à missão de Educadores de Espíritos.

6 - Entender os laços de família no contexto da reencarnação.

7 - Identificar a importância da Doutrina Espírita em todo processo

educativo do Espírito.

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APRESENTAÇÃO:

Caros encontristas,

Sejam bem-vindos ao 15o Seminário de Pedagogia Espírita na

Educação, para mais um momento de pensar educação, com o apoio da Doutrina Espírita, que traz luzes de informações, onde iremos “mergulhar” nos pensamentos de Hermínio C. de Miranda, autor do livro “Nossos filhos são

Espíritos”, retratados no capítulo 1, intitulado: Olhos de ver e olhos de

olhar, suas emoções, dúvidas e incertezas, com o nascimento de sua primeira filha.

Assim sendo, o Seminário de Pedagogia Espírita, embasado na Doutrina Espírita, busca contribuir com os educadores, promovendo uma visão mais ampla de educação, tendo em vista a imortalidade da alma e a reencarnação como recurso pedagógico, que oferece métodos apropriados e individualizados, para cada Espírito, objetivando o progresso intelectual, moral e espiritual.

Este ano, especificamente, estamos nos dirigindo aos pais, como educadores que são, buscando refletir junto a eles sobre um momento muito especial, que é o nascimento de um filho, onde o primeiro contato se forma por uma comunicação gerada pelo campo fluídico, que as vibrações entre o Espírito reencarnante e os pais promovem, de forma que as palavras não conseguem revelar, pois os registros estão “entre almas.”

E nesse momento, os olhos nos olhos, o primeiro toque, as expressões faciais, as emoções dos pais que vão da euforia do primeiro contato até a insegurança do pensar dos compromissos junto àquele Espírito que veio somar ao cenário familiar, os vários porquês sobre a existência material e espiritual, que viajam em interrogações ininterruptas, levando ao despertar para a missão que se espera ser bem cumprida.

Diante desse contexto, vamos juntos percebendo e apropriando da verdadeira natureza de Espíritos que somos. E também compreendendo que “nossos filhos são Espíritos”.

E a Doutrina Espírita vem contribuir para esses e outros esclarecimen-tos, pois nos ampara educando e nos educa amparando nos questionamentos que nos invade no decorrer de nossa trajetória terrena como educadores de Espíritos.

Equipe do Seminário de Pedagogia Espírita na Educação.

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1 - A EMOÇÃO DO PRIMEIRO ENCONTRO: “Eu tinha 23 anos e pela primeira vez na vida se agitavam em

mim as poderosas emoções da paternidade, com todas as suas complexidades e expectativas...”

“Lembro-me perfeitamente das ruguinhas traçadas na testa (...) como se perguntasse a si mesma: - Será que esse sujeito vai ser um bom pai para mim? Cadê minha mãe? E agora, que vão fazer comigo? (...)”

“Quanto a mim, não me recordo dos pensamentos que transi-tavam pela minha mente, mas eram muitos, e desencontrados. (...) Uma coisa era certa: Ana Maria acabava de chegar (...)”

“(...) eu mergulhara em um turbilhão de inesperadas e insuspeitas emoções. Estas, contudo, não me suscitavam que eu também tinha condições de participar, com minha modesta contribuição, daquele deslumbrante espetáculo de renovação da vida (...)”

Baseados na experiência do autor, verificamos que ver um filho pela

primeira vez, ter a consciência de que participamos do espetáculo da vida que se revela diante de nós, é motivo de forte emoção, pois são muitos os sentimentos que se afloram com a chegada do ser amado!

E quando se tem um olhar muito além das barreiras materiais, se observado com os olhos da alma, perceberemos que há algo mais profundo que acontece neste momento que os olhos físicos não conseguem captar. É o

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espírito que retorna à vida corporal, em uma nova existência, trazendo suas experiências, pensamentos e sentimentos, em vibrações variadas, de acordo com o que vivenciou ou administrou suas emoções nas várias experiências reencarnatórias.

Quando os pais reconhecem a pluralidade das existências como uma realidade, o olhar se amplia durante o período da gestação, pois o momento do nascimento e todas as fases da vida de seu filho são momentos indescritíveis!

E mesmo quando os pais não possuem esse entendimento, com mais profundidade, sempre é um momento de enorme expectativa. Haja vista, os sentimentos que o autor nos revela.

Assim sendo, os pais, desde o momento que tomam consciência da valor da gravidez, devem buscar expressar o desejo sincero de receber esse Ser em suas vidas, dialogar com ele de forma natural e amorosa, irradiar vibrações através da prece, dos passes e do Culto do Evangelho no Lar.

Todos esses recursos muito favorecerão aos pais e na manutenção da segurança do espírito, ajudando-o a superar assim o medo pela incerteza de ser bem recebido e amado, pois desde o período de gestação ao nascimento de um filho é sempre um momento único! (Grifo nosso.)

Vejamos o que nos afirma o Prof. Lydienio B. de Moraes, em seu

livro “A Educação à Luz do Espiritismo” a respeito do que estamos tratando:

“(...) o espírito reencarnante, uma vez unido ao corpo físico que está sendo gerado no organismo materno, recebe as impressões positivas ou

negativas que vêm do exterior.

Se o feto (ser biológico), responde às sensações de ruídos, forte

luminosidade ou desconforto que vêm de fora, o espírito (ser inteligente) não poderia deixar de ser partícipe destas mesmas sensações e daquelas advindas do pensamento, principalmente da mãe.

Visto isso, queremos ressaltar a importância do pensamento positivo

em favor do espírito reencarnante, a partir do momento em que os pais

têm confirmação de que o processo de gravidez teve início (...).” Portanto, não há uma barreira que impeça que as manifestações dos

sentimentos e emoções do ambiente externo ou mesmo dos pais interfiram no espírito durante toda a gestação.

Dentro desse contexto, também encontramos situações de rejeição da gravidez, tanto por conta do espírito (reencarnante) e/ou dos pais, por motivos variados (grifo nosso).

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E Prof. Lydienio segue afirmando:

(...) Daí a importância da paternidade consciente, do casal estar

bem-informado sobre este aspecto. A fim de, uma vez constatada a gravidez, iniciarem a tarefa educacional, envolvendo o espírito que irão receber em vibrações de amor e carinho (...)”

Livro “A Educação à Luz do Espiritismo”

Para melhor compreendermos esse contexto, vamos encontrar em “O Livro dos Espíritos”, (Q. 344), a seguinte orientação:

“A união começa na concepção, mas, só é completa no momento

do nascimento. Desde o instante da concepção, o espírito designado para habitar tal corpo a este se liga por um laço fluídico, que vai se apertando cada vez mais, até o instante em que a criança vem à luz. O

grito que, então, a criança solta, anuncia que ela faz parte do

número dos vivos e servidores de Deus.”

Assim, quando Hermínio de Miranda afirma, em sua obra, estar vivendo seu primeiro momento de experiência como pai, e que as ruguinhas expressadas na testa de sua filha, era como um sinal de preocupação dela, nós, com a visão da Doutrina Espírita, podemos compreender que sua filha, como espírito, inconscientemente registrava, o que estava por vir em seu retorno à nova existência.

Compreensível se levarmos em conta que ela, a filha, acabara de deixar um “ambiente” que conhecia, “o útero materno” e que “de repente” esse lugar que se apresentava calmo e aconchegante se desfaz e é substituído por outro completamente adverso e desconhecido.

Essa mudança causa impacto decisivo nas estruturas orgânicas da criança. E ao encarnar procura “reconhecer” o novo ambiente que irá habitar e se desenvolver como ser espiritual que é, procurando identificar, nos que estão ao seu redor aqueles que, vibracionalmente, reconhece como seus pais e, desde então, passa a exigir-lhes a atenção e os zelos indispensáveis para sua manutenção física e evolução espiritual. (Grifo nosso.)

Em “O Livro dos Espíritos” (Q. 384), Allan Kardec perguntou aos

espíritos o porquê da primeira manifestação da criança ser o choro. E os espíritos responderam:

“Para despertar o interesse da mãe e suscitar os cuidados que

lhes são necessários. Não compreendes que, se ela só tivesse manifestações de alegria, enquanto ainda não soubesse falar, pouco se inquietariam com o de que ela necessita. Admirai, em tudo, a

sabedoria da Providência”.

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Esse despertamento do afeto e dedicação dos pais é essencial ao Espírito reencarnante.

A troca do primeiro olhar promove o reconhecimento de algo ainda implícito, nas emoções que transcendem o momento, que faz acreditar que existe uma história de cada parte envolvida nesse reencontro que foi programado obedecendo às Leis Divinas, com objetivo de crescimento de ambas as partes.

Dessa forma, torna-se convidativo aos pais refletirem que as emoções de amor desde a gestação até às vivências na rotina familiar, em todas as faixas etárias, são importantes para uma efetiva e produtiva interação educativa e evolutiva entre pais e o filhos. (Grifo nosso.)

2 - REENCARNAÇÃO — RECURSO DIVINO PARA A EDUCAÇÃO DO

ESPÍRITO:

“Que ela chegara, não havia dúvida (...). Minha dúvida era outra,

ou seja, de onde vinha aquele ser? A lógica me dizia que se chegara

aqui é porque partira de algum lugar, onde estava antes de vir. Onde,

porém?”

“(...) Não tinha como questionar a sabedoria, a grandeza e o

poder de Deus, que ali estavam patenteados, mesmo porque,

obviamente, não poderíamos, a jovem esposa e eu, ter criado aquela

pessoinha a partir do nada. (...)”

Os questionamentos do autor enquanto olhava sua filha recém-nascida

“(...) de onde vinha aquele ser? ... se chegara aqui é porque partira de

algum lugar, onde estava antes de vir.” É natural a todos nós quando recebemos uma criança no seio da família. A questão, entretanto, é que lhe faltava conhecimento da imortalidade da alma e das vidas sucessivas. Como ele, muitos outros pais passam pelo mesmo processo (Grifo nosso).

É possível encontrarmos resposta a esses questionamentos?

Claro que sim! A Doutrina Espírita nos favorece o entendimento desses

porquês. Vamos iniciar, então, as reflexões em “O Evangelho Segundo o

Espiritismo” (Cap. IV, item 4), onde encontramos o conceito de reencar-nação:

“(...) é o retorno da alma, ou espírito, à vida corporal, mas em outro corpo, novamente formado para ela (...)”

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Para melhor compreendermos o espírito em seu processo reencarnatório,

evocamos o pensamento de Léon Denis, no livro Depois da Morte:

“(...) os efeitos que resultam do passado do ser, decidem sua encarnação. O espírito inferior, ignorante dessas leis, negligente com seu futuro, sofre, mecanicamente, seu destino e volta a tomar seu lugar na Terra sob a impulsão de uma força que não chega mesmo a conhecer. O espírito adiantado inspira-se nos exemplos que o cercam na vida fluídica: recolhe os conselhos de seus guias espirituais (...) traça para si um programa e toma fortes resoluções com objetivo de realizá-lo (...) Sua escolha pode exercer-se em certos limites, de maneira a acelerar sua marcha. (...)”

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Diante das observações acima, feitas por Léon Denis, complementamos o assunto, com Allan Kardec, quando sabiamente dirigiu aos espíritos várias perguntas referentes à reencarnação, desde o número de existências corporais, onde os espíritos responderam que tudo depende da necessidade do espírito até que se despoje das suas impurezas íntimas. (O

Livro dos Espíritos, Q. 168.) Allan Kardec também perguntou o objetivo da reencarnação, em que

os espíritos objetivamente responderam que é a expiação. (O Livro dos

Espíritos, Q. 167.) O que significa dizer que é passar pelas experiências terrenas

muitas vezes não agradáveis, mas necessárias ao despertamento do Espírito, e que na medida do seu progresso, poderá retornar para o cumprimento de provas, que é a capacidade de enfrentar situações complexas da vida com um propósito útil.

Reforçando as informações acima, encontramos em “O Evangelho

Segundo o Espiritismo” (Cap. V, item 9), a seguinte orientação:

“(...) não se deve acreditar que todo sofrimento passado aqui na Terra seja, necessariamente, o indício de determinada falta; muitas vezes os sofrimentos são simples provas escolhidas pelo espírito para concluir sua depuração e apressar seu adiantamento. Assim sendo, a

expiação sempre serve de prova, mas a prova, nem sempre é

uma expiação.”

Por isso, Eurípedes Barsanulfo, no livro “O que é Evangelização

de Espíritos” nos informa:

“A reencarnação não é apenas um voltar de novo. É um replanejar, em busca de novos comportamentos que deem ao Espírito condições para reeducar suas estruturas mentais (...)”

Isso quer dizer que o espírito, ao longo de suas experiências evolutivas, vai construindo suas estruturas mentais na memória perispiritual, movido pelas sensações das vivências através dos tempos. E na medida da evolução, as camadas vibratórias da memória vão se modificando através de novos conhecimentos adquiridos, promovendo a renovação da energia mental. Dessa forma podemos compreender que toda experiência nova, vivenciada pelo espírito, é levada à memória, criando novas camadas vibratórias que vão sendo sobrepostas, sem prejuízo às alicerçadas inicialmente. (Grifo nosso.)

Fundamentando as informações trazidas por Eurípedes Barsanulfo,

encontramos em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (cap. XIV – item 9), Santo Agostinho, explicando o processo de evolução do espírito, nos dois planos da existência (material e espiritual):

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Quando o espírito deixa a Terra, leva consigo as paixões ou as virtudes inerentes à sua natureza, e vai se aperfeiçoando no espaço, ou permanece estacionário, até o momento de ver a luz. Muitos partem da Terra levando ódios violentos e desejos de vingança que não foram satisfeitos, porém, dentre eles, a alguns mais avançados, é permitido entrever uma ponta da verdade e assim reconhecerem os funestos efeitos de suas paixões, tomando, então, boas resoluções. (...)

Enfim, após alguns anos de meditações e de preces, o espírito se aproveita de um corpo que se prepara, na família daquele que ele detestou, e pede, aos espíritos encarregados de transmitir as ordens supremas, para ir cumprir na Terra o destino daquele corpo que acaba de formar. Qual será, então, sua conduta na família? Ela dependerá da maior ou menor persistência das suas boas resoluções. (...)

Assim, conforme prevalecer a boa ou má resolução, ele será amigo ou inimigo daqueles em meio dos quais foi chamado a viver. Por aí se explicam esses ódios, essas repulsas instintivas que se percebem em certas crianças, em que nenhum ato anterior parece justificar. Efetivamente, nada, nesta existência, pôde provocar essa antipatia; para compreendê-la, é preciso volver o olhar para o passado.”

Após a informação acima, trazida pelo Evangelho, podemos compreen-der as respostas dos espíritos em “O Livro dos Espíritos” (Q. 209), em que Kardec perguntou:

“Por que de pais bons e virtuosos se originam filhos de natureza perversa? Ou melhor, por que as boas qualidades dos pais nem sempre atraem, por simpatia, um bom espírito para lhes animar o filho?

E os espíritos responderam: “Um mau espírito pode pedir bons pais, na esperança de que seus

conselhos o dirijam por um caminho melhor, e Deus, frequentemente, o confia a eles”.

Mediante todas as informações aqui contidas, segue mensagem

psicografada em 25/3/2004, enviada pelo espírito Richard, que expressa sua experiência reencarnatória, que iremos utilizar como estudo reflexivo para todos nós:

Obstinação, essa era a característica mais marcante do meu ser. Reencarnei num lar humilde e, desde menino, acompanhava o meu pai,

que trabalhava numa fazenda. Deleitava-me com a opulência reinante naquele lugar. Farturas, aquisições materiais, grandes festas, grandes lucros. A inveja

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que estava no meu íntimo reativou-se em contato com o contraste entre a riqueza e a pobreza.

E assim, movido pela inveja, me determinei a enriquecer, a ser mais do que aquele empregado do meu pai.

Obstinado, não aceitava regras, limites e as orientações dadas pelos meus pais. Prevalecia aquilo que eu pensava. Cansados eles foram desistindo de me orientar. Sem freio, guiado pelos meus desejos mais primários, movido pela ganância, passei a arquitetar maneiras de desviar lucros além de tramar situações a fim de desestabilizar aquela família tão afortunada (...) O que eu não sabia era que os patrões já haviam percebido nas minhas atitudes o meu desequilíbrio e passaram discretamente a me vigiar. (...) Recebi um sermão de meus patrões e eles me ofereceram a oportunidade de ressarci-los através do trabalho. A princípio aceitei, mas a revolta prevaleceu e eu fugi, tornando-me então um bandido, roubando — até de matar eu fui capaz —, e numa embos-cada, num conflito entre os bandos, fui morto. Desencarnei aturdido, revol-tado, por longo tempo persegui aqueles que eu julgava serem os culpados de minha morte: meus pais por serem pobres e meus patrões por serem afortunados (...) Vaguei, continuei a sofrer até que um dia ao perambular pela fazenda, ouvi meu antigo patrão, sabedor do meu destino, reconhecer minha inteligência, minha determinação lamentando o mau direcionamento que eu dei a tudo isso. Ele também relatava a própria história, dizendo que enriqueceu através do trabalho duro e honesto (...)

E ali, naquele momento, sentindo-me reconhecido como um ser integral com possibilidades e limitações, percebi meus equívocos e clamei por Deus (...)

Hoje estou desperto e, revendo o passado, percebo meus equívocos e rogo a Deus a Misericórdia Divina para que possa reencarnar, a fim de restaurar meus vínculos com aqueles que tentaram me alertar (...)

E assim, aguardando a grande oportunidade agradeço ao Pai pela possibilidade de rever e transformar, e com o amparo Dele, um dia, conseguirei canalizar de modo efetivo a minha determinação para o bem comum.

Agradeço. (Alerta aos Pais — Pela Psicóloga Francislene Magda da Silva e a

Psicopedagoga Márcia Adriana Clarassoti Simionato.) Partindo do pressuposto, entre as Leis que regem a vida, a

reencarnação é a que nos aproxima pelos laços dos sentimentos dando a oportunidade de educação conjunta entre os envolvidos, através da lei de Causa e Efeito. Assim se compreender que não existem vítimas ou algozes, e sim Espíritos comprometidos em ajustar os valores morais e espirituais, embasados num mesmo propósito de evolução, buscando se afinar pelo amor implantado por Jesus aqui na Terra (Grifo nosso).

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3 - NOSSOS FILHOS SÃO ESPÍRITOS:

“Quem seria aquele ser? De onde vinha? O que pretenderia da

vida? Como seria ela? Que papel me caberia, e à sua mãe, na vida que

apenas começava? Ou será que não estava começando, e sim

continuando.”

“Eu não sabia. Mas queria muito saber, ter respostas para essas

indagações e muitas outras, de que nem me lembro ou sequer tenham

sido formuladas (...)”

Esses eram os pensamentos do autor enquanto admirava sua filha logo após o seu nascimento. A compreensão dos princípios da Doutrina Espírita permite aos pais reco-nhecerem que seus filhos são Espíritos e que trazem suas experiências individuais ao longo das encarnações. Em consequência, os pais podem, desde o nascimento, observar os caracteres e tendências dos filhos e ir contribuindo com cada um deles, nas diferentes questões que apresentam. (Grifo nosso.)

Walter Oliveira Alves, no livro “Educação do Espírito”, traz a

seguinte reflexão: “Cada Espírito vem construindo a si mesmo através dos milênios vividos. Mas seja qual for sua situação, esse Espírito traz em si mesmo, em estado latente, os ideais superiores e Divinos, pois é FILHO DE DEUS. Assim, por maiores que tenham sido os seus erros no passado, por inferiores que sejam os seus impulsos, esse Espírito renasce para EVOLUIR, para reajustar-se com as Leis Divinas, para desenvolver seu potencial interior, seguindo o caminho evolutivo rumo à perfeição (...)”

Essa afirmação feita por Walter Oliveira Alves, nos leva a compreender

que os filhos são Espíritos que vivenciaram diversas experiências, em contato com culturas em tempos históricos diferentes, trazendo no seu campo psíquico as dores, as alegrias, os acertos, os desacertos, as superações ou não de tudo relacionado a sua história de Espírito Imortal. Daí ações e reações diferen-ciadas, pois são individualidades.

Para cada filho, os pais devem ter um olhar próprio, para que através da observação, possam identificar a melhor forma de direcionar e atuar a educação de acordo com a necessidade individual de cada um, a fim de melhor contribuírem para a aquisição ou fortalecimento de hábitos saudáveis e

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características do homem de bem citadas em O Evangelho Segundo o Espiritismo que estão de acordo com as Leis de Deus.

A educação dos filhos demanda equidade, cabendo aos pais à tarefa de oportunizar, a cada um, vivências e trocas, que impulsionem o desenvol-vimento desses Espíritos que lhes foram encaminhados na condição de filhos, na atual encarnação.

Trazer esse conhecimento para a prática educativa pode enriquecer a experiência reencarnatória, no núcleo familiar. A conversa acolhedora com o indispensável “olho no olho”, os exemplos reais vivenciados pelos pais, mesmo indiretamente, quando não percebem que são observados, merecem atenção de quem possui a missão de educar.

Os espíritos não chegam com manual de instruções, ao reencarnar. Por isso a importância de observá-los, diariamente, nas convivências.

Enquanto espíritas, a certeza de que não há acaso e a utilização, na prática, dos conhecimentos Doutrinários Espirituais, muito podem contribuir para o progresso de todos os envolvidos.

Observemos a metodologia educacional de Jesus, sempre adaptando sua fala às necessidades daqueles que estavam ao seu redor, em cada circunstância. Que possamos sempre visualizar a figura do Divino Mestre em nosso lar, junto aos nossos filhos, e diante das dificuldades, e com humildade, abrir o coração e perguntar:

Mestre, o que faria, em meu lugar? Mestre, o que espera de

mim, nessa situação?

Lembremos do Anjo da Guarda, esse espírito amigo que tanto nos

conhece e que cada um no lar, possui um guardião que auxiliará na jornada reencarnatória. A proximidade com o anjo da guarda e falar com os filhos sobre esse amigo que também possuem, para que estreitem esse laço durante a prece, através do pensamento, em momentos de gratidão, muito auxiliarão na conscientização dos filhos, da sua condição real de espíritos imortais.

Sem deixar de falar do valor do Culto no Lar, que muito favorece as crianças desde seu nascimento, como o bebê, que capta as vibrações salutares emitidas, pela Espiritualidade e pelos familiares.

Em se tratando dos filhos, em fases mais avançadas, vai sendo desenvolvido neles, valores íntimos significativos, que esse momento sublime promove, onde a família reunida de forma afetuosa e organiza, promove uma troca reflexiva dos valores espirituais e morais, de forma que o filho passa naturalmente, a utilizar na vida prática junto a seus familiares e na sociedade como um todo. (Grifo nosso.)

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Eurípedes Barsanulfo nos revela no livro “Caminhos do Entendi-

mento do Espírito – Obra Mediúnica.” que:

“A educação e a evangelização se misturam quando são direcionadas ao espírito. Não há como educar o Ser sem evangelizá-lo, ou seja, ampará-lo em suas necessidades. Educar no sentido de mudar, orientar, redirecionar a maneira de conduzir o pensamento. Reorganizar as ideias, a forma mental, dimensionando-as para uma construção maior. Evangelizar é dar método ao pensamento, aplicando todo conteúdo trazido por Jesus (...). É preciso educar o pensamento incorporando nele vibrações que modulam novos sentimentos (...)”

Outro aspecto importante a ser observado pelos pais, é a utilização e manutenção do “Sim” e do “Não”, bem empregados, como processo educativo, de forma que os pais percebam que é necessário ao filho, no momento certo, para fazê-lo compreender os limites e possibilidades de cada ação em benefício de seu desenvolvimento. Por isso, é importante estabelecer parcerias entre os pais, e não conflitos, nas tomadas de decisão.

Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos (Q. 383), buscou saber a

utilidade do espírito passar pelo estado de infância. E os espíritos responderam:

“O Espírito, encarnado para se aperfeiçoar, é mais sensível, durante esse tempo, às impressões que recebe e que podem ajudar no seu aperfeiçoamento, para o qual devem contribuir aqueles que estão encarregados de sua educação”.

Por conta da resposta dos espíritos na questão 383, verificamos o

quanto é importante a participação dos pais na rotina dos filhos, desde tenra idade, buscando atender, com atenção, as necessidades em suas individua-lidades, valorizando o tempo em que podem estar juntos a eles, como uma declaração de amor que precisa ser vivenciada.

No processo educativo, as memórias afetivas construídas, durante a infância, muito contribuem para que o Espírito se sinta valorizado e capaz de avançar, em sua trajetória evolutiva.

Delegar a educação do Espírito (filho), que lhe chega ao lar, a terceiros, é uma escolha que precisa ser muito bem avaliada, nesse processo, e que exigirá dos pais maior atenção e busca de tempo, para suprir o tempo que não pode oferecer de forma integral, tendo em vista a vida moderna que exige, muitas vezes, que o pai e a mãe saiam para trabalhar para a manutenção material da família. Nestes casos, a atenção dos pais deve ser redobrada (Grifo nosso).

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Podemos parar por alguns instantes e fazer uma reflexão íntima: – Qual foi a última vez que perguntamos aos nossos filhos como foi o

dia dele, buscando um tempo para um diálogo aberto e amigável, promovendo uma troca de confiança, de forma que o filho sinta-se seguro a se expressar, e nós, pais, nos oportunizarmos de fazer uma leitura do mundo interno de nosso filho?

– Costumamos brincar com nossos filhos, “mergulhando” em suas faixas etárias e nos tornando parte integral desse momento, de forma a fazê-los se sentir felizes com nossa presença e promovendo assim, o estreitamento dos laços de afeto?

– Afinal, quais são as nossas prioridades na vida? Dentre muitas delas, os filhos estão inseridos ou não temos tempo por conta de tantas ocupações materiais?

Assim, não esqueçamos que “nossos filhos são Espíritos” e não, simplesmente, corpos materiais, como nos informa Eurípedes Barsanulfo.

4 - OLHOS DE VER E OLHOS DE OLHAR. O QUE ISSO SIGNIFICA?

(...) tudo quanto eu podia ver é que havia um pouco de mim

naquele tépido bolinho de gente à espera que a tomasse nos braços e,

depois, pelas mãos, lhe mostrássemos como era nosso mundo (...).

O que o autor quis dizer com essa expressão: “(...) eu ainda não

tinha olhos de ver. Meus olhos eram apenas de olhar...” Será que em algum momento como este, vivido pelo autor,

paramos para refletir sobre isso? O que será que nos faltou para essa compreensão, caso tenha faltado?

E na medida do tempo, no processo educativo de nossos filhos, no contexto da existência junto a eles, paramos em algum momento para refletir sobre a diferença entre olhos de ver e olhos de olhar, e soubemos utilizar o olhar certo diante de cada um deles para melhor direcionarmos suas vidas?

São questões que precisamos refletir e avaliar sem culpas, caso não se

tenha pensado ou agido dentro desse contexto. Até porque pais e filhos são Espíritos em processo de evolução e que reencarnaram para rever valores e ajustar questões que ficaram pendentes dentro do contexto da Lei de Deus.

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O importante é estar consciente que ofereceu o melhor que tinha em si para educação dos filhos, pois a vida terrena é uma escola de aprendizagem constante, com objetivo de progresso e evolução.

Para melhor compreendermos, vamos buscar o significado da palavra VER:

É aguçar a percepção para ir além do olhar humano — em especial do que não se conhece ou entende (...)

Podemos então dizer, que VER é sair da visão estreita e examinar o cotidiano com mais propriedade e profundidade for-mando uma visão mais ampla de nossos filhos não como simples corpos materiais, mas como Espíritos que são, como Eurípedes com muita propriedade nos informou. (Grifo nosso.)

As palavras de Jesus: “O pior cego é aquele que não quer ver” (João

9), nos remetem à perceber que a vida na matéria é bem mais que nascer, viver e morrer. Ela engloba o desenvolvimento da reflexão, que leva à visão mais abrangente sobre o porquê da existência e sobre os movimentos e mudanças necessárias ao progresso. (Grifo nosso.)

Lembrando sempre a frase de um dos Diretores Espirituais de nossa

Casa Espírita, Dr. Hermann, quando nos disse que: “Para educar é

preciso educar-se”. Dr. Hermann, mediante essa frase, nos remete ao autoconhecimento. O

encontro consigo mesmo na observância do que somos e do que precisamos modificar, para melhor atuar como educadores de Espíritos. Até porque, a criança registra vibrações de sentimentos e pensamentos. E muito intensa-mente as ações dos pais refletem sobre ela.

Os pais precisam se entender como “Ser”, para realmente terem “olhos de ver”, que é o olhar da sensibilidade que alcança a visão da alma. Mas isso é trabalhoso, significa sair da zona de conforto, mover recursos, tempo e esforços, abandonando hábitos ainda prazerosos, mesmo quando equivocados. Por isso, algumas vezes, “o cego é aquele que não quer ver”, pois ao ver o que precisa, mas não quer, se acomoda para não modificar, seguindo como se não enxergasse determinada necessidade na sua existência.

Cada um pode aferir, visualizar as tendências nos filhos que precisam ser modificadas. Visualizar gostos que podem prejudicá-los, no futuro. Visualizar potencialidades e conquistas que precisam ser incentivadas. Além da

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ambiência do lar que é um recurso importantíssimo de equilíbrio das emoções no auxilio e desenvolvimento moral dos filhos.

Afinal de contas, a preocupação com a educação dos filhos gira em torno dos aspectos materiais ou espirituais? O objetivo não é julgar esta ou aquela postura, mas contribuir numa

troca reflexiva, à ampliação do olhar, conscientes quanto a imortalidade da alma, do compromisso assumido com a maternidade/paternidade responsável e sobre o cenário ideal onde se está inserido, poder caminhar na busca pelos melhores resultados possíveis com relação à nossa reforma íntima como educadores, e consequentemente, com a educação dos filhos e demais pessoas que partilham a nossa caminhada evolutiva. (Grifo nosso.)

Emmanuel, com muita clareza, nos leva à compreensão do significado

dos “olhos de ver” dizendo assim:

“É possível, a partir dessa visão mais sensitiva referida anteriormente, ver com os olhos espirituais e compreender que os filhos trazem um pouco dos pais, mas também uma história anterior construída de saberes, através das experiências vivenciadas ao longo do processo evolutivo. Ampliar a visão para além das margens do corpo material é tarefa desafiadora, mas que muito contribui no caminho educativo. “(...) no entanto, para receber tão altos dons é indispensável erguer os olhos, elevar o entendimento e santificar os raciocínios”. (Emmanuel. Psicografia de Francisco C. Xavier. Vinha de Luz, lição 27.)

Já em O Evangelho Segundo o Espiritismo, (Cap. XIV – item 9), os espíritos alertam aos pais para a observância das ações dos filhos, como recurso revelador do Espírito encarnado. Vejamos:

“Desde pequenina, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz de sua existência anterior, é preciso que os pais se dediquem a estudá-los. Todos os males têm seu princípio no egoísmo e no orgulho. Observai, pois, os menores sinais que possam revelar o germe desses vícios e tratai de combatê-los logo, não deixando que criem raízes profundas. Fazei como o bom jardineiro, que arranca os maus rebentos à medida que eles vão surgindo na árvore.”

Dessa forma, reflitamos qual o olhar que direcionamos aos nossos filhos, para melhor educá-los no impulsionamento de sua evolução como espírito. Olhar espiritual (olhos de ver) ou o olhar material (olhos de olhar).

Onde estamos neste contexto? Reflitamos!... (Grifo nosso.)

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5 - MISSÃO DOS PAIS JUNTO AOS FILHOS: (...) E já sentia, nas profundezas da memória do futuro, aquele

dia em que ela não mais precisasse das nossas mãos e partisse para a vida, viver a sua vida. (...) Não é que falte confiança, é que paira sempre, aí por cima, um vago temor de que o filhote ainda implume não consiga acertar com os invisíveis caminhos do céu que tem que percorrer no voo incerto.

(...) Mas isso não chegava a ser uma tristeza, porque, afinal de contas, a vida era dela e não nossa, e como eu aprenderia posterior-mente, antes de sermos filhos uns dos outros, somos todos filhos de um só Pai. (...)

(...) não tinha palavras para expressar tudo aquilo, eu confiava em Deus e na menina dos atentos olhinhos (...)

Ao observarmos os pensamentos do autor, já numa visão mais ampla de

futuro, em que sente que sua filha num determinado momento da trajetória de sua existência, deverá caminhar por si mesma, não tendo mais ele, o pai, de uma forma mais efetiva perto a orientá-la, sente uma certa insegurança natural, ao sentir a responsabilidade em educá-la para que possa com segurança, seguir o planejamento programado no contexto da vida. (Grifo nosso.)

Embasados nessa reflexão, encontramos a seguinte afirmativa dos

espíritos para Kardec: “(...) O espírito dos pais têm como missão desenvolver os de seus filhos pela educação; é para eles uma tarefa: serão culpados, se nisso falirem.” (O Livro dos Espíritos, Q. 208.)

Se os espíritos responderam que o desenvolvimento do filho é

compromisso dos pais pela educação, podemos considerar que a força do exemplo dos pais é fundamental para o bom resultado do desenvolvimento não só intelectual, mas também moral e espiritual do filho. Pois não se pode esquecer que à medida que a criança vai se desenvolvendo sua percepção se amplia e todas as experiências vividas servirão de estímulo ao despertando de suas tendências boas ou más. (Grifo nosso.)

É por isso que os espíritos nos informam que “quando chega a

adolescência o Espírito retoma sua natureza e se mostra como era”. (O Livro

dos Espíritos, Q. 385.) Daí refletirmos: Em se tratando de educação do Espírito, nós, pais, estamos

conscientes do verdadeiro sentido desta missão ou acreditamos que educar seja oferecer todos os recursos materiais, como também,

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oportunizar aos filhos as melhores escolas que irão prepará-los para a vida adulta, para serem bem-sucedidos em suas profissões, e assim, se estabelecerem financeiramente, para um futuro de sucesso e serem realizados na vida o que nos trará grande orgulho?

Será que educação é somente isso? Educar vai muito além de instruir e dar conforto material. Educar é

despertar o ser para a vida de espírito imortal que é, estimulando os sentimentos nobres que nele estão latentes, para que na medida de seu desenvolvimento possa elevar-se a patamares cada vez mais superiores (Grifo nosso.)

Vejamos o que nos diz Allan Kardec. Em seus comentários, em O

Livro dos Espíritos (Questões 685 e 917) sobre educação:

“(...) Há um elemento que quase não se faz pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de uma teoria: é a educação; não a educação intelectual, mas a educação moral; tampouco a educação moral, através dos livros, mas a que consiste na arte de formar os caracteres, a que incute hábitos, pois a educação é conjunto dos hábitos adquiridos (...)”

“(...) A educação se for bem compreendida, é a chave do progresso moral; quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a de manejar as inteligências, poder-se-á corrigi-los, como se orienta o crescimento de plantas e uma profunda observação; é um grave erro acreditar que baste ter conhecimento, para exercê-la com proveito.”

Vimos no texto anteriormente que precisamos ter “olhos de ver”, não “olhos de olhar”. E na missão de pais esses olhos de ver precisam estar bem desenvolvidos, pois o filho é um espírito, e o lar, o primeiro núcleo de convivência e aprendizagem da criança, cabendo aos pais, a missão de Educadores de Espíritos. (Grifo nosso.)

E os pais estão conscientes do significado dessa missão? Para reforçar as reflexões acima, quanto ao compromisso dos pais junto

a seus filhos, continuamos com Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos (Q. 582) quando perguntou aos espíritos: Pode se considerar a paternidade uma missão?

E os espíritos responderam:

“É, sem contestação, uma missão; é, ao mesmo tempo, um dever muito grande e que compromete o homem, mais do que ele pensa, com

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relação à sua responsabilidade quanto ao futuro” porque “Deus colocou a criança sob a tutela de seus pais, para que estes o dirijam no caminho do bem, e facilitou-lhes a tarefa, dando-lhe uma organização débil e delicada que o torna acessível a todas as impressões”. Com essa visão espiritual, os pais devem desde antes mesmo do início da gravidez através do desejo da paternidade, contribuir sobremaneira para que o espírito que receberão como filho se sinta confiante e queira renascer junto a eles. Assim ele perceberá vibracionalmente que será auxiliado a realizar, aqui na Terra, aquilo a que ele se propôs a fazer quando ainda estava no plano espiritual antes de renascer.”

Complementando a resposta dos Espíritos, na questão 582, Santo Agostinho, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, (Cap. XIV, item 9), alerta a todos nós pais, da missão que temos na educação de nossos filhos, dizendo:

“(...) Compreendei que, quando gerais um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; tomai conhecimento dos vossos deveres, e usai todo vosso amor na tarefa de aproximar essa alma de Deus; essa é a missão que vos foi confiada, e pela qual recebereis a recompensa se ela for cumprida fielmente. Vossos cuidados, e a educação que lhe derdes, a ajudarão a aperfei-çoar-se e a construir o seu futuro. Lembrais-vos de que cada pai e cada mãe, Deus perguntará: ”Que fizeste da criança que foi entregue aos teus cuidados”!? Se permaneceu atrasada por vossa culpa, tereis como castigo vê-la entre os espíritos sofredores, quando dependia de vós que ela fosse feliz. Então vós mesmos maltratados pelos remorsos, pedireis uma nova encarnação, para vós e para ela, em que ireis cercá-la de cuidados mais atentos, e ela, cheia de reconhecimento, vos cercará com seu amor.” Não repudieis, portanto, o filho que no berço repele sua mãe, nem aquele que vos paga com a ingratidão; não foi o acaso que o fez assim e que o enviou para vós. Uma perfeita intuição do passado se revela e dela podeis imaginar que um ou outro já odiou muito ou foi bem ofendido, que um ou outro veio para perdoar ou para expiar. Mãe, abraçai o filho que vos causa desgostos, e dizei a vós mesmas: ”Um de nós foi o culpado”. Comportai-vos de forma a merecer as divinas alegrias que Deus concedeu à maternidade, ensinando a esse filho que ele está sobre a Terra para se aperfeiçoar, amar e bendizer. No entanto, muitos dentre vós, em vez de anular, por meio da educação, aos maus princípios inatos de existências anteriores, mantêm e desenvolvem esses mesmos princípios por fraqueza culposa ou por desinteresse, e, mais tarde, vosso coração, magoado pela ingratidão

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dos vossos filhos, será para vós, desde essa vida, o começo da vossa expiação. (...) A tarefa não é difícil quanto poderíeis pensar, ela não exige o saber do mundo. Tanto o ignorante quanto o sábio podem desempenhá-la, e o Espiritismo veio facilitar esse desempenho (...)”

E como nos dizem os espíritos, a tarefa da paternidade não é difícil

quanto muitos pensam. É uma questão de conscientização das responsa-bilidades entre o casal ou a pessoa responsável em educar.

Observamos ao longo do tempo, mudanças nos desempenhos do casal em seus lares. A mulher ampliando o seu papel social, assumido, além das tarefas do lar e da maternidade, tornando-se extremamente ativa e participa-tiva no mercado de trabalho. Por outro lado, o homem cada vez mais auxiliando e compartilhando das tarefas domésticas, em especial, a educação dos filhos. Passando a perceber-se não somente como um provedor dos recursos materiais para a subsistência familiar, como autoridade dentro do lar, papéis hoje divididos com a figura da mulher. Mas também, como responsável pela educação dos filhos. E com isso, encontramos pais cada vez mais sensíveis e conscientes de que o seu exemplo de conduta será o recurso chave para a formação moral do Espírito que lhe foi confiado por Deus.

A missão de ser pai e ser mãe é muito importante, porque os filhos veem em seus pais o “espelho” para suas vidas. Por isso, precisam ter o cuidado de não ensinar só por palavras, mas vivenciarem as lições transmitidas a seus filhos, pois a prática é o mais fácil recurso de assimilação.

Geralmente, ao perguntar aos pais sobre o que desejam para

seus filhos, não é raro escutar: que sejam felizes!

Mas, o que é felicidade para os pais em relação a seus filhos? Através da Doutrina Espírita, por ser esclarecedora, encontramos a

resposta a essa indagação. Vejamos em O Livro dos Espíritos (Q. 922), onde Allan Kardec pergunta aos Espíritos: A felicidade terrestre é relativa à posição de cada um; o que basta para a felicidade de um, constitui a infelicidade de outro. Há, entretanto, uma medida de felicidade comum a todos os homens?

E os Espíritos responderam: ”Com relação à vida material, é a posse do necessário; com relação à vida moral, a consciência tranquila e a fé no futuro.”

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Mediante a resposta dos Espíritos, podemos assim concluir que a maior felicidade que os pais podem desejar a seu filho(a) é que ele seja “HOMEM DE BEM”? (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 3.)

6 - OS LAÇOS DE FAMÍLIA NO CONTEXTO REENCARNATÓRIO:

“Nem Deus, nem meus filhos me decepcionaram, porque muito

me ensinaram desde então; (...) tão grato a Deus, por (...) Ana Maria,

Marta e Gilberto por terem me ensinado muitas coisas (...)”

As palavras do autor revelam sua sinceridade em saber que não só

ensinou, mas que muito aprendeu com seus filhos, numa troca enriquecedora entre pais e filhos, pois todos os envolvidos no núcleo familiar são espíritos com diferentes valores conquistados.

E essa troca respeitosa, sem a postura de superioridade do saber que os pais na maioria acredita ser e ter, é um convite para o desenvolvimento e aproveitamento das experiências, no ambiente familiar.

Os Espíritos não se reúnem em grupos familiares por acaso. A pluralidade das existências, através da reencarnação, mostra a família como deve ser considerada: impulsionadora e de auxílio aos espíritos, elevando seus sentimentos, conduzindo-os para o bem (Grifo nosso).

Joanna de Ângelis, no livro Constelação Familiar (Cap. 3) nos traz

a seguinte reflexão:

“Uma constelação familiar é constituída por espíritos afins, seja pelas realizações nobilitantes do amor ou através dos graves compromissos perturbadores a que se vincularam em outras existências (...)”

O entendimento dos laços de família, no contexto da reencarnação,

muda a relação entre seus membros. Os pais na tarefa de mediar a educação dos filhos, e os filhos, dependendo do seu grau de evolução, também oferecem experiências significativas aos pais, promovendo de forma natural o crescimento deles, pois cada um traz sua herança do passado, que reflete em sua atual existência, onde a convivência diária oportuniza a reconciliação, ajustes e aprendizados recíprocos, baseados no esforço pessoal e intrans-ferível.

Com essa compreensão, a “hierarquia” dos pais, ganha novos contor-nos, com desenvolvimento permanente de amor e respeito mútuos, onde a soma das experiências contribuem para o aprimoramento dos envolvidos pelos

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laços familiares. O trabalho de melhoria é contínuo e necessário, mas a cobrança não. (Grifo nosso.)

Se não se fez melhor antes, se as dificuldades atrapalharam as relações, se os deslizes do outro ainda são obstáculos que dificultam a caminhada desse grupo, os melindres, os afastamentos, as palavras que machucam são desgastes que não vão ajudar. A convivência diária oferece oportunidades de entendimento e reconciliação por meio do exercício e aplicação da indulgência e empatia entre seus membros. (Grifo nosso.)

No livro O que é Evangelização de Espíritos, Eurípedes

Barsanulfo, esclarece que “(...) Através dos relacionamentos planejados, o espírito terá condições de aprender a amar, perdoar e construir dentro de si, um novo momento evolutivo (...)”

E o que são “relacionamentos planejados” senão as relações familiares

onde podemos e devemos, por força dos laços sanguíneos, desenvolver e exercitar virtudes fundamentais como o altruísmo, a paciência e o amor ao próximo, propagado por Jesus. (Grifo nosso.)

Assim, o “laboratório de experiências reparadoras”, como diz Joanna

de Ângelis, em seu livro SOS Família, a família, nos seus laços e entrelaços, vai proporcionando a cada membro a oportunidade de doar a sua parcela de contribuição para o adiantamento um do outro.

Assim, como diz Kardec, em O Livro dos Espíritos (Q. 774):

“(...) os laços de família constituem uma lei da natureza. Deus quis que os homens aprendessem, desse modo, a se amar como irmãos.”

O que precisamos, portanto, é nos conscientizar que, através do planejamento reencarnatório, estamos na família certa, e é no seio desta que, através dos vínculos biológicos, vamos aprendendo a amar e, cotidianamente, fortalecer e dilatar os laços de amor e fraternidade que nos une à família universal.

Desse modo os esforços empreendidos na convivência familiar vão desenvolvendo os sentimentos nobres e diminuindo a animosidade entre os espíritos que em existências anteriores se reconheciam como adversários. A compreensão fortalece o amor e solidifica os laços de família.

Cabe ressaltar também que, na maioria das vezes, reencarnam no grupamento familiar espíritos amigos que se ajudam mutuamente; concorrendo para o auxílio dos que se atrasam na caminhada e encorajando aqueles que comungam com os seus pensamentos, colaboram com o adiantamento de todos; fortalecendo, assim, os verdadeiros laços e as afeições entre as almas.

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7 - A DOUTRINA ESPÍRITA NO PROCESSO DE EDUCAÇÃO DO ESPÍRITO:

(...) Algumas de minhas perguntas ainda teriam de esperar um bom punhado de anos. Outras, creio eu, precisarão de mais alguns séculos, pois nosso Pai Maior não parece ter grande pressa em explicar-nos aquilo que nós ainda não temos condições de entender. (...)

“(...) Mas bem que eu gostaria de ter alguém ali que me dissesse alguma coisa sobre o que estava acontecendo diante de mim...”

No nascimento da primeira filha, Hermínio C. Miranda não tinha o

conhecimento da Doutrina Espírita, e consequentemente, não conhecia os recursos que ela oferecia para melhor responder aos seus questionamentos na época.

Os princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos espíritos e suas relações com os homens, as Leis morais, a vida presente, a vida futura e os conceitos sobre educação trazidos através dela, permitem aos pais a terem uma visão não só no campo material, mas também, e principalmente, no campo espiritual, e dessa forma, compreende-rem melhor as ações e reações de seus filhos, os acontecimentos da vida familiar e social na Terra, que é um planeta de provas e expiações.

Além disso, favorece aos pais, enxergarem melhor as qualidades e imperfeições que seus filhos já trazem de outras encarnações, as quais são identificadas pelas boas ou más tendências que eles demonstram no movimento da vida.

A Doutrina Espírita, também, esclarece como o anjo guardião e os espíritos protetores, favorecem aos pais no processo educativo, desde a concepção.

Nossos filhos, espíritos que são, foram criados por DEUS, e por já terem vivido outras vidas, no decorrer das muitas existências corporais, conforme os espíritos nos ensinam ao tratar da Reencarnação. Trazem consigo, suas bagagens moral e intelectual, e consequentemente, suas tendências positivas ou negativas, virtudes ou vícios próprios. Esse entendimento favorece aos pais a auxiliar e preparar seus filhos para melhor contribuírem com a Obra da Criação (O Livro dos Espíritos. Q.132).

Vejamos o que nos informa Eurípedes Barsanulfo no livro O que é

Evangelização de Espíritos, a esse respeito: “Não podemos ignorar a infância, deixar de compreendê-la e respeitá-la. O comportamento infantil demonstra as principais tendências do Espírito em sua anterioridade e sinaliza as mudanças necessárias”.

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Já Léon Denis, no livro Depois da Morte (Cap. LIV) nos alerta quanto à importância da Educação Moral, dizendo assim:

“Uma boa educação moral raramente é obra de um mestre. Para despertar na criança as primeiras aspirações pelo bem, para corrigir um caráter difícil, é preciso ter ao mesmo tempo perseverança, firmeza, uma ternura das quais só o coração de um pai ou de uma mãe é suscetível. No mesmo capítulo, acima citado, do livro Depois da Morte, Léon

Denis também nos esclarece sobre o grau de dificuldade que comumente se acredita existir para se atuar na educação moral dos filhos, como também, alerta aos pais, sobre a postura que devem ter para lidar com a educação:

“Essa tarefa não é tão difícil como se poderia imaginar. Ela não exige uma ciência profunda. Pequenos e grandes podem preenchê-la, se estiverem compenetrados do objetivo e das consequências da educa-ção. É preciso lembrar-se sempre de uma coisa, é que esses espíritos vieram até nós para que os ajudemos a vencer seus defeitos e os prepararmos para os deveres da vida. Aceitamos (...) a missão de dirigi-los; cumpramo-la com amor, mas um amor isento de fraqueza, pois a afeição desmedida está cheia de perigos. Estudemos desde o berço as tendências trazidas pela criança das existências anteriores, apliquemos a desenvolver as boas, a sufocar as más.”

Por meio desses exemplos de alertas trazidos por Eurípedes Barsanulfo

e Léon Denis, se verifica a importância dos pais conhecerem e aplicarem os princípios da Doutrina Espírita na vida familiar e, principalmente, na formação integral dos filhos. Além disso, estarem conscientes da sua importância como facilitadores da educação moral e na reforma do caráter do ser que chega até nós como filhos, para darem continuidade ao seu processo evolutivo rumo ao bem, rumo a Jesus e a Deus! (Grifo nosso)

“Quanto mais precisa for a educação, com vivências e estímulos fortes,

maior a motivação e melhor o desempenho do Espírito, dando a ele uma diretriz que o sustentará por toda a existência”, conselhos de Eurípedes Barsanulfo no livro O que é Evangelização de Espíritos.

Não releguemos esse divino recurso educacional que é a Doutrina

Espírita, somente para os nossos filhos, pois nós, pais, para que possamos melhor educar, precisamos nos educar em primeiro lugar, como nos disse Dr. Hermann, um dos Diretores Espirituais de nossa Casa Espírita. Então, fica-nos a compreensão que: “Para Educar, é preciso Educar-se”.

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Unamos esforços no aprendizado desta Doutrina e no entendimento de que, junto a ela, conduziremos melhor nossos filhos ao porto seguro da educação do espírito imortal, que os libertará dos grilhões da matéria, elevando-os a voos cada vez mais altos no patamar espiritual rumo ao Pai! E assim, ao término de nossa missão, a nossa consciência nos sinalizará de que cumprimos fielmente a parte que Deus nos confiou na Sua Obra da Criação porque nos permitimos ter olhos de ver e não olhos de olhar! (Grifo nosso.)

E, para finalizar o nosso estudo, vejamos o que “O Evangelho Segundo

o Espiritismo”, (Cap. XIV, item 9) tem a nos dizer, como Educadores de Espíritos que somos ou que seremos um dia:

“Ó espíritas! Compreendei agora o grande papel da humanidade. Compreendei que, quando gerais um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; tomai conhecimento dos vossos deveres, e usai todo amor na tarefa de aproximar essa alma de Deus (...) A tarefa não é tão difícil quanto poderíeis pensar, ela não exige o saber do mundo. Tanto o ignorante quanto o sábio podem desempenhá-la e o Espiritismo veio facilitar esse desempenho fazendo com que se conhecessem as causas das imperfeições do ser humano (...) O que há de mais consolador, mais encorajador, do que o pensamento de que depende de si, dos seus próprios esforços, abreviar seu sofrimento destruindo em si as causas do mal? (...) Para isso, no entanto, é preciso que o homem afaste seu olhar da Terra e não veja só uma existência (...)”.

POR TUDO O QUE AQUI REFLETIMOS,

NÃO NOS ESQUEÇAMOS QUE NOSSOS FILHOS SÃO ESPÍRITOS!

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ANOTAÇÕES

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Os próximos Encontros do mês de julho serão:

Dia 28/7

22o E. E. da Obra Social Antonio de Aquino

e

4o E. E. sobre A Vida e a Obra de André Luiz

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Tema: “NOSSOS FILHOS SÃO ESPÍRITOS:

OLHOS DE VER E OLHOS DE OLHAR”

Muito embora o Homem busque humanizar o que é divino e divinizar o que é

humano, no sentido comum de visão humana, não há separação quando se observa de um

ponto de vista“mais alto”, e aí vê-se que a linha demarcatória entre um e outro é muito

tênue.

Busquemos por exemplo as “forças sexuais”, quantos buscam apenas ver o aspecto humano nas mesmas, sem notar-lhes a gama de forças criadoras que existem nelas e que servem para que o homem crie em todos os campos da natureza humana, seja mental, psíquico, físico e espiritual?

Forças criadoras são divinas e muitas vezes são apequenadas apenas para o campo sensorial.

Assim também no campo da Evangelização e da Educação não dá para dizer: agora vou educar a criatura encarnada,… agora nesse outro momento vou educar o espírito imortal… não dá para pensar assim àqueles que trazem as luzes dos conhecimentos espirituais, aos quais a Doutrina Espírita abarca. Por isso que sempre mostramos que na Evangelização, usando o campo de percepção da criança, dever-se-á estudar O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns.

Sempre tivemos esse intuito, como planejamento do Mais Alto, daqueles que nos dirigem e que mostram para nós, que a Doutrina Espírita pode e deve ser ensinada em todas as idades.

Como incentivarmos quando ainda estavam do lado de cá, vocês, a reen-carnarem sem garantir que teriam o apoio da Doutrina Espírita desde cedo?

Muitos de vocês sem esse apoio e sem essa certeza, por serem frágeis no caminhar, teriam resvalado para quedas maiores do que as que já cometeram no passado, uma vez que a consciência que se tem agora agravaria a culpa de cada um, caso falissem.

Desse modo, caros filhos, tenham sempre em mente que os espíritas têm de se valer dos conhecimentos da Terra, na Educação e na Evangelização, mas sabedores de que têm a missão de educar espíritos imortais, de formar o caráter elevado nessas almas.

Sigam no esforço, na certeza do amparo, mas tendo como base este ideal espírita.

Que Jesus a todos abençoe.

Paz!

Hermann

(Mensagem psicográfica, recebida pelo médium Mário Coelho, em 16/2/2019, no CELD, RJ.)

14 de julho de 2019

CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS

TEMA:

“NOSSOS FILHOS SÃO ESPÍRITOS:

OLHOS DE VER E OLHOS DE OLHAR”