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Edio N. 1, Vol. 1, jan-jun. 2012.
ESTATSTICA APLICADA S CINCIAS SOCIAIS NA FORMAO DO DOCENTE E NAS AULAS DE SOCIOLOGIA NO ENSINO MDIO1
Jssica Josiane Schmidt2
RESUMO: O artigo aborda a estatstica aplicada s Cincias Sociais como uma ferramenta didtica e sugere sua utilizao em aulas de Sociologia para o Ensino Mdio. A linguagem visual da estatstica pode facilitar a compreenso de algumas questes sociais pelos alunos, proporcionando melhora no processo de ensino e aprendizagem. No decorrer do artigo h uma breve contextualizao sobre a presena da estatstica nas Cincias de Sociais para ressaltar sua relevncia e alertar para a quantidade reduzida de aulas de estatstica nas grades curriculares dos cursos de graduao desta rea. Questiona-se como algumas estatsticas aparecem em livro didtico e so apresentadas algumas sugestes de fontes de dados estatsticos para serem utilizados em aulas de Sociologia. Palavras-chave: Sociologia, Estatstica, Ensino Mdio.
INTRODUO
Este artigo tem como objetivo compreender a Estatstica como um
instrumento didtico que os professores podem utilizar nas aulas de Sociologia no
Ensino Mdio. Esta disciplina voltou recentemente para o currculo da Educao
Bsica, pois ficou determinado pelo Conselho Nacional de Educao com base na
Lei 9.394/96 que a partir do segundo semestre do ano de 2007 todas as escolas tm
de oferecer as disciplinas de Filosofia e de Sociologia no Ensino Mdio (PARAN.
SEED, 2008). No dia 2 de junho de 2008, o vice-presidente Jos Alencar, presidente
em exerccio na ocasio, decretou e sancionou a Lei n 11.684 que altera o artigo 36
1 Orientadora: Renata Schlumberger Schevisbisk
2 Licenciada em Cincias Sociais pela Universidade Estadual de Londrina. Atualmente cursa
especializao em Estatstica com nfase em Pesquisa Quantitativa na Universidade Estadual de Londrina. Contato: [email protected]
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da Lei 9.394/96 incluindo a Sociologia e a Filosofia como disciplinas obrigatrias nas
trs sries do Ensino Mdio. Devido a estas recentes mudanas pode-se dizer que
os alunos esto no perodo de reconhecer a nova disciplina e os professores de
indicar para que ela veio. fato que uma aula torna-se interessante na medida em
que os alunos percebem o sentido daquele conhecimento a ser construdo, o que
torna fundamental os alunos identificarem a relevncia da disciplina para sua
formao nas aulas de Sociologia. Ao incentivar o uso da Estatstica como
instrumento didtico para tais aulas no Ensino Mdio procuramos contribuir com o
trabalho do docente de Sociologia e auxiliar no sentido de tornar esta nova disciplina
mais significativa aos estudantes.
A singularidade das Cincias Sociais est na possibilidade de permitir
reflexes acerca da realidade social, das suas caractersticas e dos seus problemas.
Assim, a estatstica , para a Sociologia, um instrumento no s de diagnstico das
patologias sociais, como diria mile Durkheim, mas tambm de constataes de
diversos aspectos da realidade, possibilitando delimitao e anlises dos mesmos.
Em sala, pode tornar as aulas de Sociologia bastante dinmicas, pois possui uma
linguagem visual (representada em grficos ou tabelas) e, evidentemente, mais
imediata, podendo facilitar a identificao e diagnstico das questes sociais e a
compreenso das mesmas quando estas se somam s teorias sociolgicas.
Constituiramos ento um movimento de olhar a realidade e uni-la teoria como
sugere a pedagogia Histrico-Crtica.
No decorrer do artigo veremos como a estatstica se desenvolveu e passou
a ser utilizada pelas cincias humanas. Questionaremos sobre a presena da
disciplina de Estatstica nos cursos de Cincias Sociais, os quais formam os
professores de Sociologia do Ensino Mdio, com o objetivo de refletir a respeito dos
contedos trabalhados na academia e seus efeitos nas escolas. Faremos ainda
alguns apontamentos neste artigo a respeito do compromisso do profissional com a
sociedade, o qual precisa corresponder s exigncias de sua poca. Percorreremos
o livro didtico utilizado no Paran para saber se h e como as estatsticas se
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apresentam. E enfim, para auxiliar o docente na utilizao da estatstica nas aulas
de Sociologia, sero apresentadas algumas sugestes de fontes de dados.
ESTATSTICAS E CINCIAS SOCIAIS
A Estatstica tem duas maneiras de ser entendida, uma delas corresponde
aos dados oficiais do Estado, da qual deriva o nome estatstica. A outra maneira
refere-se matemtica empregada para anlise dos dados oficiais, ou seja, a
linguagem, que tambm pode ser empregada na anlise de outros dados, no
necessariamente do Estado, como os surveys ou pesquisas de opinio, por
exemplo. Veremos a seguir o processo histrico do desenvolvimento deste recurso.
Definio e Histria do Desenvolvimento das Estatsticas
No sculo XVIII, conforme explica Olivier Martin (2001), o universitrio
Gottfried Achenwall difundiu o termo estatstica no qual via a cincia da constituio
do Estado, isto , a cincia dos recenseamentos de todos os constituintes de um
Estado. Achenwall juntamente com outros estudiosos das estatsticas, como H.
Conring, J. Zedler, A. F. Bsching, trataram de organizar os princpios de
organizao e sntese dos dados e das crticas de fontes. Desenvolveram, portanto,
os conhecimentos e os mtodos da chamada estatstica descritiva ou morfolgica
(nomenclaturas, instrumentos, critrios).
Segundo Martin (2001), h indcios de que as primeiras pesquisas
censitrias tenham sido feitas nos grandes imprios da Antiguidade (Egito,
Mesopotmia, China, e at entre os sumrios em 5000 a 2000 a.C.), com objetivo de
conhecer todos os elementos que os compunham. J a estatstica como
conhecemos hoje se define e ganha fora no sculo XIX quando torna-se uma
febre na Europa, principalmente na Frana, Alemanha e Inglaterra. A partir do
sculo XVII os recenseamentos da populao e dos bens ganham certa freqncia
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na Frana como instrumento essencialmente administrativo ou militar de controle,
neste momento a finalidade cientfica no existia ainda. Ao passar do tempo s
necessidades administrativas somaram-se as de controle e vigilncia, pois os dados
tambm serviram de investigaes policiais. A educao do Prncipe nas
monarquias tambm foi um dos objetivos das pesquisas censitrias, pois ele deveria
conhecer os nmeros de cada categoria de pessoas e coisas do reino a fim de
administr-lo da melhor forma, pois o rei que no conhecesse esses nmeros seria
rei pela metade.
Na Alemanha desenvolve-se uma estatstica de natureza literria, ao
descrever todos os traos, desde o clima at a economia, buscava-se a
compreenso sinttica da sociedade humana. J na Inglaterra se tem a aritmtica
poltica inglesa, que pretendia calcular os fenmenos da cidade para oferecer dados
quantitativos aos governantes.
Progressivamente, durante os sculos XVII e XIX, a abordagem francesa (centrada nos recenseamentos e nas descries do pas com fins administrativos e contbeis), a abordagem alem (centrada numa abordagem descritiva e analtica, raramente quantificada) e a abordagem inglesa (centrada na aritmtica e na anlise matemtica de dados quantitativos) vo se encontrar e dar nascimento estatstica tal como ns a conhecemos hoje, isto , ao mesmo tempo "cincia da contagem dos constituintes da sociedade" e "cincia do clculo em vista da anlise das contagens" 3.
Apropriao das Estatsticas pelas Cincias Sociais
Pouco a pouco as Estatsticas deixaram de ser instrumentos administrativos
estatais e tornaram-se meios de informao da sociedade para sociedade. Diversas
instituies independentes dos governos apareceram e reuniram administradores
dos dados oficiais, estatsticos desvinculados do Estado e os pesquisadores sociais
amadores. Foi o caso da Socit Statistique de Paris, criada em 1860 e do Institut
3 (MARTIN, 2001).
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International de Statistique em 1885. No sculo XIX aumentaram as pesquisas
estatsticas sociais, sobretudo pelos chamados higienistas, grupo que estudava as
condies econmicas e sociais buscando respostas para melhorar as condies da
gua e do ar e, conseqentemente, a sade da populao. Os temas eram bastante
diversificados como famlia, escolaridade, prostituio, condies psicolgicas dos
operrios, efeitos da industrializao, entre outros. Assim a nova tarefa dos
estatsticos era fazer obra social, identificar, para melhor administrar, os males da
sociedade 4.
A Estatstica enquanto cincia associa-se ao desenvolvimento das Cincias
Humanas e Sociais que nasceram durante o sculo XIX constituindo, de acordo com
Martin (2001), a base sobre a qual a Sociologia fixou suas razes. Nomes
importantes marcam esta trajetria por atuarem como estatsticos e socilogos, so
eles: Gabriel Tarde, Franois Simiand, Maurice Halbwachs, Adolfo Qutelet
(criticado por Augusto Comte), Bertillon, Le Play e outros possivelmente5. Talvez
pensar na maneira como alguns clssicos da Sociologia conduziram algumas de
suas obras possam nos ajudar a compreender a dimenso em que a Sociologia
apoia-se nas estatsticas, lembrando que as anlises qualitativas so fundamentais
nas pesquisas sociolgicas e que a utilizao da linguagem matemtica no significa
desconsider-las.
O francs mile Durkheim o exemplo mais evidente. Ele considerava a
estatstica uma cincia auxiliar da Sociologia por permitir a definio dos fatos
sociais, isolando-os das manifestaes individuais, conforme consta na obra As
Regras do Mtodo Sociolgico (1895). Os estudos que Durkheim desenvolveu
estavam totalmente relacionados com os acontecimentos do seu contexto, desde os
temas abordados at a metodologia utilizada. O tema escolhido era uma
preocupao do momento e o uso das estatsticas j havia se tornado muito comum
4 Idem 2.
5 (MARTIN, 2001; e BOUDON, 1989).
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entre os pesquisadores.A obra O Suicdio (1897) a que melhor representa seu
mtodo, nela o autor estuda estatisticamente a taxa social de suicdio, uma vez que
constitui uma ordem de fatos determinada e demonstra a sua permanncia e
variao. Tal taxa permite ao socilogo compreender de que maneira o suicdio est
afetando a coletividade, isto , no pretende averiguar de que maneira tal fenmeno
age sobre o indivduo, mas no grupo.
Outro clssico que poderamos citar pela utilizao das estatsticas para
anlises sociolgicas o alemo Max Weber. Na obra A tica Protestante e o
Esprito do Capitalismo (1904), as constataes de Weber partem de estatsticas
ocupacionais e documentos sobre a Reforma Protestante, nos quais pde observar
que mais protestantes do que catlicos ocupavam cargos de direo, propriedade do
capital e funes que exigiam mo-de-obra qualificada nas modernas empresas
alems. A ocupao desses cargos envolve tanto posse de capital, quanto educao
e estes aspectos estariam relacionados com riquezas que passaram de uma
gerao a outra e que tiveram base em converses ao protestantismo no sculo
XVI. Partindo desta constatao, Weber se prope a explicar se h relao entre
confisso religiosa e estratificao social. E se h, como se d esta relao. Procura
tornar mais claro qual o impacto que motivos ligados religio, dentre outros,
tiveram na formao da cultura moderna capitalista e como efetivamente a tica
protestante se junta ao sistema de acmulo, que vai constituir o modo de produo
capitalista.
Feitas estas consideraes, veremos em seguida o processo de
institucionalizao das Cincias Sociais no Brasil, que acontece com influncias
estrangeiras em termos de metodologia, para posteriormente pensar na disciplina de
estatstica nas licenciaturas e no quanto a utilizao de dados estatsticos nas aulas
de Sociologia no Ensino Mdio pode auxiliar na compreenso de questes sociais
atuais pelos alunos.
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AS CINCIAS SOCIAIS NO BRASIL
A pergunta que orientou a pesquisa sobre o tema foi: por que a disciplina de
estatstica compe o currculo da maioria das licenciaturas em Cincias Sociais?
Para responder a esta questo buscamos na histria da institucionalizao das
Cincias Sociais no Brasil algumas indicaes.
Formao dos Cursos e Demandas da poca
A Sociologia foi institucionalizada no Brasil primeiramente na educao
bsica e, depois, no ensino superior. Entre 1925 e 1942, com as Reformas Rocha
Vaz e Francisco Campos, a Sociologia passou a integrar os currculos nas escolas
normais e superiores, inclusive nos vestibulares importantes do pas. O crescimento
da demanda ao redor das Cincias Sociais e no somente da Sociologia
acarretou o surgimento dos primeiros cursos superiores em Cincias Sociais. Paulo
Maksenas (1995) chama este perodo de anos dourados no ensino da Sociologia,
pois o perodo em que a disciplina atinge as classes privilegiadas e ocorre
popularizao da linguagem sociolgica.
Os primeiros cursos de Cincias Sociais nas universidades brasileiras
surgem em meados da dcada de 20 e incio da dcada de 30. Os fatores que
teriam possibilitado-o seriam, para Miceli (2001), a organizao universitria e
incentivos governamentais para debates acerca de temas fora do mbito do ensino
superior. Porm nenhuma iniciativa ao desenvolvimento das Cincias Sociais estava
dissociada das demandas polticas, dos grupos empresariais de ensino e da cultura
ou at mesmo de organizaes religiosas, fator que ocorreu tanto no Rio de Janeiro
e So Paulo, quanto em Minas Gerais, Bahia e Pernambuco. Arruda (2001) afirma
que as anlises sociolgicas adquirem dimenso de indispensabilidade no
movimento de modernizao em que o pas de encontrava e que tambm se tratava
de um fruto de tal modernizao.
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Inicialmente o trabalho acadmico em Cincias Sociais esteve voltado para
a formao de professores secundrios e isto acabou repercutindo em toda
orientao terico-metodolgica dos profissionais. O ensino secundrio era um
campo de trabalho seguro e o maior mercado esta em So Paulo. Miceli (2001)
destaca algumas caractersticas dos primeiros alunos de cincias sociais, afirmando
que na maioria eram mulheres e que muitos descendiam de famlias imigrantes,
padro bem distinto dos tradicionais cursos de ensino superior, como direito e
medicina, por exemplo.
A respeito das instituies, as pioneiras nas Cincias Sociais foram a
Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras da Universidade de So Paulo e a Escola
Livre de Sociologia e Poltica, tambm em So Paulo. No Rio de Janeiro, capital
federal no momento, a primeira foi a Faculdade Nacional de Filosofia, marcada por
disputas de poder poltico, o que influenciaria posteriormente no perfil dos
profissionais, cuja dedicao volta-se mais para teorias desenvolvimentistas.
Basicamente a diferena entre as duas cidades consiste em que o Rio de Janeiro
estava para a poltica assim como So Paulo estava para a cincia 6.
Em Minas Gerais, Bahia e Pernambuco as Cincias Sociais foram
introduzidas em instituies que j existiam como resposta demanda que se
estabelecia pelas posies adquiridas na imprensa, ou como docentes nas escolas
normais e secundrias, por exemplo. Tiveram contribuio das escolas superiores
tradicionais e dos autodidatas, visto que estavam longe dos grandes centros
intelectuais. No caso de Minas Gerais, conforme explica Arruda (2001), as Cincias
Sociais desenvolvem-se no interior da Faculdade de Cincias Econmicas no incio
dos anos 50 ao se tornarem uma necessidade no contexto de polticas voltadas ao
desenvolvimentismo regional. Inicialmente trata-se de um curso de carter
orientado, visando formar profissionais especializados para assessorar o governo, a
preocupao com as tcnicas de pesquisa emprica comea por volta dos anos 60.
6 (MICELI, 2001).
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No Paran as Cincias Sociais comeam com a criao do primeiro curso no
estado em 1938 na Universidade Federal do Paran e do segundo na Universidade
Catlica do Paran em 1957. Esta primeira fase marcada pelo cunho conservador
e religioso dos pensadores sociais, isolamento em relao aos outros cursos do pas
e predomnio da Antropologia. A partir dos anos 70, no Paran, comea a expanso
da Cincias Sociais com a criao de mais dois cursos em Londrina e um em
Arapongas. Da segunda metade da dcada de 80 em diante o perodo das
Cincias Sociais consolidadas, com desativao do curso em algumas Instituies
de Ensino Superior privadas, criao de mais dois cursos, um em Maring e outro
em Toledo, tambm de qualificao dos docentes e criao de ps-graduaes.
Grande parte da histria do curso de Cincias Sociais no Paran, principalmente na
rea da Sociologia, est marcada pela falta de cientificidade, visto que os
professores no tinham formao e qualificao suficiente para atuar nestas reas.
As mudanas positivas vieram nos anos 60 com uma Resoluo pelo Conselho
Federal de Educao determinando o mnimo de contedos e carga horria,
gerando uma uniformidade nacional e adequao da IES. Outra mudana importante
neste sentido, na mesma poca, foi o fim das ctedras. 7
As Cincias Sociais no Brasil se desenvolvem de maneira bem distinta:
a diferenciao curricular fornece o tom, mostrando que a organizao possivelmente resultou da formao do corpo docente. Em Minas, os brasileiros; na USP, a misso francesa; na Escola de Sociologia e Poltica, os professores americanos. provvel, portanto, que as especificidades curriculares tenham produzido profissionais com distintas formaes. Nessa linha de anlise, talvez pudssemos inferir a presena de pelo menos trs diferentes tradies do pensamento sociolgico no Brasil 8.
7 (TOMAZI, 2006).
8 (ARRUDA, 2001).
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Embora haja esta diferena, todos os cursos citados tm a disciplina de
estatstica no currculo9. Assim, voltando questo inicialmente colocada por que
a disciplina de estatstica compe o currculo da maioria das licenciaturas em
Cincias Sociais? , poderamos responder pensando na influncia dos docentes
estrangeiros que trouxeram uma bagagem metodolgica para os cursos. Talvez
fosse interessante pensar no apenas em um por que a disciplina de estatstica
compe o currculo da maioria das licenciaturas em Cincias Sociais, mas, tambm,
em um para que, pois vimos que as Cincias Sociais desenvolveram-se no Brasil
para atender uma demanda, seja para preparao de docentes para atuar no ensino
secundrio, ou para planejamento de polticas intervencionistas, por exemplo.
A ESTATSTICA NO CURSO DE CINCIAS SOCIAIS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
Conforme explica Silva (2006), o curso de Cincias Sociais foi implantado na
Universidade Estadual de Londrina em 1973, primeiramente com objetivo
profissionalizante e voltado para a licenciatura. A maioria dos docentes teve
formao nas instituies paulistas, portanto possvel afirmar que os docentes da
UEL tm formao centrada na tradio clssica e no perfil acadmico da profisso
(SILVA, 2006, p. 133). O bacharelado s apareceu no curso em 1980, isto significa
que o currculo at ento ficou com lacunas na formao em pesquisa.
Desde o incio do curso a disciplina de Estatstica esteve presente, com
exceo do perodo de 1998 a 2004. Antes de 1998 os currculos traziam ainda,
outras disciplinas complementares, como Matemtica e Clculo de Probabilidades,
de acordo com as grades curriculares apresentadas por Silva (2006), estas
disciplinas eram de responsabilidade dos departamentos de Matemtica ou
9 (MICELI, 2001; ARRUDA, 2001; SILVA, 2006; TOMAZI, 2006).
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Estatstica. A partir de 2005 permaneceu no currculo apenas uma disciplina de
estatstica, denominada Estatstica Aplicada s Cincias Sociais com carga horria
de 68 horas tanto para a licenciatura quanto para o bacharelado. Acontece que esta
disciplina tambm ficou sob responsabilidade do departamento de Estatstica, o que
no garante que ela seja voltada s Cincias Sociais, inclusive alguns alunos
relatam a falta de conexo entre o que se aprende nesta disciplina e a aplicabilidade
nas Cincias Sociais. No quadro, a seguir, possvel ver a distribuio das
disciplinas de Estatstica ou relacionadas ela nos diferentes currculos do curso de
Cincias Sociais da UEL.
Tabela 1. Distribuio das Disciplinas de Estatstica nos diferentes currculos do curso de Cincias Sociais da Universidade Estadual de Londrina entre 1973 e 2005.
PERODO LICENCIATURA CARGA
HORRIA (horas)
BACHARELADO CARGA
HORRIA (horas)
1973 - 1979
Matemtica I 60
No havia Bacharelado
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Matemtica II 60
Clculo de Probabilidades
45
Estatstica 60
1980 - 1991
Matemtica I 60 Matemtica I 60
Estatstica I 60 Estatstica I 60
Estatstica II 90 Estatstica II 90
1992 - 1997 Estatstica I A 68 Estatstica I A 68
Estatstica II A 68
1998-2004 Ausente - Ausente -
2005 at atualmente
Estatstica Aplicada s Cincias Sociais
68 Estatstica Aplicada s Cincias Sociais
68
(Fonte: Pr-Reitoria de Graduao da UEL (SILVA, 2006).))
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INCENTIVO UTILIZAO DAS ESTATSTICAS COMO RECURSO DIDTICO PARA AS AULAS DE SOCIOLOGIA NO ENSINO MDIO
O motivo de incentivar a utilizao de dados estatsticos nas aulas de
Sociologia no Ensino Mdio parte da constatao de que os professores observados
no estgio obrigatrio da licenciatura em Cincias Sociais da UEL, praticamente no
os utilizam em sala de aula. As observaes que realizei foram em trs escolas
diferentes com o mnimo de trinta horas em cada, uma em Rolndia-PR e duas em
Londrina-PR. Das noventa aulas de Sociologia observadas apenas em uma aula, em
Londrina, foi mostrado um grfico na TV Pen drive sobre o oramento do governo
brasileiro (Anexo 1). Nesta aula o tema era a diferena entre os Estados Liberalistas,
Socialistas e de Bem-Estar Social, o grfico foi mostrado para os alunos
conhecerem a distribuio da receita arrecadada no Brasil e refletirem sobre o
motivo da m qualidade de servios como sade, educao, segurana, etc.
Interessante que cerca de um ms depois, em outra discusso, uma aluna comentou
no debate com um colega de classe que o problema dos servios mencionados no
estava apenas no desvio de dinheiro, mas no fato de que quase metade do que
arrecadado vai para o pagamento da dvida externa. Isto demonstra que o contedo
foi fixado.
Os Parmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio (2000)10
agrupam as disciplinas em trs partes: 1) Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias;
2) Cincias da Natureza, Matemtica e suas Tecnologias; e 3) Cincias Humanas e
suas Tecnologias. Isto representa uma exigncia a respeito do conhecimento das
tecnologias de cada cincia. A Sociologia uma das Cincias Humanas, mas quais
seriam suas tecnologias? Aquelas que permitem a identificao e anlise de
questes sociais e o estudo do seu objeto, ou seja, a sociedade. Poderamos citar
como tcnicas, tecnologias ou instrumentos de estudos sociolgicos, quantitativos e
qualitativos, a observao emprica, entrevistas, histria de vida e histria oral,
10 Disponvel em . Acesso em 12/09/11.
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levantamento e anlise de dados estatsticos, entre outros. E os professores de
Sociologia pedem se valer de tais tecnologias para ensinar aos alunos de Ensino
Mdio, promovendo a aprendizagem significativa. Corresponder s exigncias de
sua poca um compromisso dos profissionais.
Paulo Freire (1979) deixou importantes colocaes a respeito do
compromisso do profissional com a sociedade e da necessidade de correspondncia
s exigncias de seu contexto. Afirma que para comprometer-se necessrio ser
capaz de agir e refletir, este ser o homem.
Somente um ser que capaz de sair de seu contexto, de distanciar-se dele para ficar com ele; capaz de admir-lo para objetivando-o, transform-lo e transformando-o, saber-se transformado pela sua prpria criao; um ser que e que esta sendo no tempo que seu, um ser histrico, somente este capaz, por tudo isto, de comprometer-se11.
Esta relao de comprometimento s pode existir em uma realidade
concreta, na relao entre o homem com o mundo. So os homens que a criam,
portanto so eles que podem transform-la. O compromisso prprio da existncia
humana e o verdadeiro aquele com a solidariedade. O profissional, antes s-lo,
humano, portanto deve carregar em si mesmo o compromisso. Quanto mais me
capacito como profissional, quanto mais sistematizo minhas experincias, quanto
mais me utilizo do patrimnio cultural, que patrimnio de todos e ao qual todos
devem servir, mais aumenta minha responsabilidade com os homens. O
compromisso valido quando carregado de humanismo, que s conseqente com
fundamentao cientfica. Pensa-se, equivocadamente, que humanismo e tecnologia
se excluem. Ora, se o meu compromisso realmente com o homem concreto, com
a causa de sua humanizao, de sua libertao, no posso por isso mesmo
11 (FREIRE, 1979).
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prescindir da cincia, nem da tecnologia, com as quais me vou instrumentando para
melhor lutar por esta causa 12.
Vejamos em seguida quais contedos so trabalhados nas aulas de
Sociologia no Ensino Mdio para posteriormente pensar nos materiais didticos. Na
terceira parte das Diretrizes Curriculares de Sociologia para o Ensino Mdio inicia a
orientao didtica a partir de uma sugesto para a fundamentao do ensino em
Contedos Estruturantes.
Estas Diretrizes Curriculares, ao delinearem o estatuto cientfico da disciplina, propem fundamentar o ensino da Sociologia em contedos estruturantes, capazes de estender cobertura explicativa a uma gama de fenmenos sociais inter-relacionados. Contedos estruturantes so, portanto, instncias conceituais que remetem reconstruo da realidade e s suas implicaes lgicas. So estruturantes os contedos que identificam grandes campos de estudos, onde as categorias conceituais bsicas da Sociologia, ao social, relao social, estrutura social e outras elegidas como unidades de anlise pelos tericos fundamentam a explicao cientfica 13.
Para proceder aos recortes de contedos os autores mobilizam as teorias
clssicas da Sociologia e os principais conceitos trabalhados por eles: de mile
Durkheim o princpio da integrao social, fatos sociais, solidariedade mecnica e
solidariedade orgnica e instituies sociais; de Max Weber o princpio da
racionalizao social, ao social, tipos ideais, dominao e burocracia; e de Karl
Marx o princpio da contradio social, classes sociais, trabalho, meios de produo,
capital e ideologia. Os contedos estruturantes da disciplina propostos so: o
processo de socializao e as instituies sociais; a cultura e a indstria cultural;
trabalho, produo e classes sociais; poder, poltica e ideologia; direitos, cidadania e
movimentos sociais. O objetivo destes contedos estabelecer uma ponte entre o
12 Idem 10.
13 (PARAN. SEED, 2008).
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local e o global, o individual e o coletivo, a teoria e a realidade emprica, mantendo a
idia de totalidade e das inter-relaes que constituem a sociedade.14
Os materiais didticos mais utilizados nas aulas de Sociologia no Ensino
Mdio conforme pude observar no estgio so: o livro didtico pblico, vdeos
curtos, documentrios, filmes, imagens, revistas, jornais, charges e msicas. Na
maioria dos casos os recursos so empregados para ilustrar os contedos
estudados e algumas vezes para promover a problematizao deles. Gostaria de
citar mais dois exemplos bem sucedidos de utilizao de estatsticas nas aulas de
sociologia no Ensino Mdio. Um deles foi uma tabela mostrada em uma das
regncias no estgio, cujo tema era Instituio Escolar, a tabela (Anexo 2) trazia
dados representando a correlao entre anos de estudo e rendimento mensal. Os
alunos fizeram a interpretao em grupo e com estes dados puderam constatar que,
quanto mais anos de estudo, maior o rendimento. Isto impulsionou debates
interessantes nos grupos, como por exemplo, a questo do acesso s escolas e s
Instituies de Ensino Superior.
O outro caso foi a experincia relatada por Luis Gustavo Patrocino, um
colega de classe que utilizou, tambm em uma das regncias do estgio, dados do
Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada IPEA e do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatsticas IBGE. Ao trabalhar desigualdade social e a questo racial
apresentou trs grficos (Anexo 3) que demonstram a realidade brasileira, um sobre
os ndices de indigncia por cor, outro para comparar a renda per capita entre
brancos e negros e o terceiro que traz a porcentagem do nmero de pessoas que
tm onze anos de estudo ou mais por cor. Tambm usou uma dinmica de agrupar
os alunos conforme suas caractersticas fsicas, constatando a distribuio
percentual no total da turma, para que vivenciassem a diversidade entre eles. A aula
foi bem participativa, o problema que a elaborao, conforme Luis relatou,
14 Idem 12.
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requereu muitas horas, e os professores geralmente no tm tempo adequado para
preparao de suas aulas.
A seguir veremos as estatsticas que aparecem no livro didtico de
Sociologia disponibilizado pela Secretaria de Estado da Educao do Paran, que
utilizado desde 2007.
Como as Estatsticas aparecem no Livro Didtico Pblico de Sociologia da
Secretaria de Estado da Educao do Paran
No captulo A produo sociolgica brasileira, ao tratar das obras de
Florestan Fernandes o autor sugere uma atividade de pesquisa:
Primeiro faa uma pesquisa em rgos como o IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica e verifique qual a situao do negro em termos econmicos e educacionais em relao ao branco. Aps a coleta dos dados, trabalhe com seus colegas os resultados, relacionando-os com as teorias de Florestan Fernandes sobre os negros. 15
possvel executar esta pesquisa, porm o exerccio no traz um passo a
passo ensinando os alunos a procurar os dados e trabalha-los para possibilitar a
comparao e a relao propostas. Para executar esta atividade, o professor
precisaria estar capacitado para ensinar como fazer.
No captulo sobre A Instituio Familiar so apresentados dados
estatsticos de forma descritiva e a fonte dos dados no ficou muito clara,
aparentemente derivam de uma pesquisa realizada por Elza Berqu:
A famlia nuclear ainda predomina na sociedade brasileira, apesar do nmero de filhos ter diminudo consideravelmente. Se em 1940, a mdia era de 6,2 filhos por mulher, em 1991, caiu para 2,5. O nmero de divrcios e separaes aumentou, como tambm o das unies conjugais no-legalizadas. Muitos jovens hoje desejam
15 Sociologia / vrios autores. Curitiba: SEED-PR, 2006. Pg. 59.
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experimentar a vida de casados antes de legalizar a unio. Outros optam pela unio livre, ou viver juntos, sem a preocupao de prestar contas sociedade ou Igreja. Apesar do nmero de pessoas casadas ser majoritria no cenrio matrimonial, por outro lado tm decrescido as taxas de unies legais (em 1979 atingia 7,83, e em 1994, passou a 4,96). Outro tipo de arranjo que tem crescido nos ltimos anos o de famlias monoparentais quando um dos cnjuges vive com os filhos, com a presena ou no de outros parentes na mesma casa. Neste tipo de arranjo h um predomnio das mulheres chefes de famlia (em 1995 representavam 89,6%, em relao 10,4% de homens na mesma situao).16
O captulo Movimentos Agrrios no Brasil escrito por Valria Pilo outro
que apresenta dados estatsticos para fundamentar as explicaes, demonstra
claramente a fonte, mas tambm est colocado de forma descritiva.
H pelo menos de 4 a 6 milhes de famlias sem-terra, cerca de 1% dos proprietrios rurais possuem 46% das terras produtivas e cadastradas no Brasil (Censo do IBGE 1996). As propriedades com menos de 100 ha representam neste ltimo censo, 89,3% das propriedades, mas representam cerca de 20% das terras brasileiras. Neste mesmo Censo foram registradas 17.930.890 pessoas ocupando atividades no campo, contrapondo-se aos dados de 1985 que registram 23.394.881 trabalhadores portanto, percebe-se uma reduo do trabalho no campo em 23%. Existe um outro indicativo que contribui para destacarmos a importncia da pequena propriedade na produo agrcola no Brasil. Segundo os dados estatsticos sobre o montante da produo das pequenas e mdias propriedades produzidos pelo IBGE no Censo Agropecurio de 1996, temos que: a produo de reas com menos de 100 ha correspondem a 47% da produo nacional, os estabelecimentos entre 100 ha a 1.000 ha correspondem a 32%; j as reas com 1.000 ha a 10.000 ha correspondem a 17% da produo, e ainda, as reas acima de 10.000 ha produzem apenas 4% do valor total da produo no Brasil.17
No h tabelas no livro e o nico grfico consta no captulo Movimentos
Sociais escrito pela mesma autora do captulo Movimentos Agrrios no Brasil.
16 Idem 14. Pg. 110 e 111.
17 Idem 14. Pg. 239.
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Onde Encontrar Dados Estatsticos.
Para finalizar, gostaria de sugerir trs fontes nas quais os professores
podero encontrar facilmente dados estatsticos para trabalhar em suas aulas de
Sociologia no Ensino Mdio. Onde encontrar e como trabalhar com os dados
disponibilizados estamos aprendendo no projeto Ferramentas de Informtica para
anlise de dados em Sociologia Infosoc, coordenado pelo professor socilogo
Ronaldo Baltar, com apoio da demgrafa e cientista poltica Cludia Siqueira Baltar,
na UEL.
1) Site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatsticas IBGE:
www.ibge.gov.br. Neste endereo h inmeras informaes estatsticas
interessantes, mas recomendo que acessem o campo Banco de Dados e, em
seguida, SIDRA (banco de dados agregados). Ao entrar na seo Demogrfico e
Contagem encontrar tabelas com alguns cruzamentos de variveis prontos e
agrupados por temas. Poder escolher um tema que se encaixe temtica que
gostaria de trabalhar, clicar na tabela e pedir para ser gerados tabelas, grficos ou
cartogramas (neste campo tem um passo a passo de como gerar);
2) Site do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada IPEA:
www.ipea.gov.br. Neste site tem um campo para o IPEA DATA no qual possvel
acessar dados estatsticos disponibilizados para uso pblico. H indicadores
macroeconmicos, regionais e sociais, basta escolher o tema, clicar na tabela e
pedir exibio.
3) Site do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econmico e Social:
www.ipardes.pr.gov.br. Neste endereo possvel acessar a Base de Dados do
Estado (somente do Paran) na qual tambm h explicaes de como manusear os
dados disponveis.
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CONSIDERAES FINAIS
Vimos que a Estatstica, tal como conhecemos hoje, ganhou formatao na
Europa e foi apropriada pelas Cincias Sociais por constituir um importante
instrumento de identificao e anlise das questes tratadas por estas cincias. No
Brasil os cursos de Cincias Sociais incluram a Estatstica como disciplina na grade
curricular, provavelmente pela influncia dos professores e pesquisadores
estrangeiros, mas, tambm porque as Cincias Sociais no Brasil vieram para
atender uma demanda. Embora o curso tenha surgido primeiramente para preparar
profissionais para atuar no ensino secundrio, pois foi aonde a Sociologia chegou
primeiro, em alguns casos esteve voltado s questes polticas e para pensar no
desenvolvimento de regies e do pas.
A disciplina de Estatstica permanece na grade curricular de vrios cursos de
Cincias Sociais at os dias de hoje e isto favorece a preparao dos professores de
sociologia que atuam ou iro atuar no Ensino Mdio para utilizar dados estatsticos
em suas aulas. O motivo de incentivar que estes dados sirvam de material didtico
para as aulas de Sociologia no Ensino Mdio vem da constatao, conforme
colocado, que so pouco utilizados, embora representem um recurso bastante rico
s Cincias Sociais para trabalhar as questes pertinentes a este campo.
Estatsticas permitem delimitar um problema, visualiz-lo e analis-lo. Existe certo
receio entre os cientistas sociais em relao a algumas tecnologias, mas preciso
ficar atentos para que nossa cincia no fique obsoleta nem vulnervel18.
Certamente o desafio no se restringe aos profissionais individualmente, os cursos
de formao tambm precisam se envolver.
Pensando na Sociologia, que voltou recentemente para o currculo da
Educao Bsica, estamos em um momento de afirmao da importncia dos
contedos que a disciplina traz. Assim, interessante que os professores articulem
18 Para saber mais sobre esta questo consultar BALTAR, R.; BALTAR, C. S., 2010.
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suas aulas tornado-as significativas, o que demanda utilizao de recursos didticos
que atendam as particularidades da Sociologia.
REFERNCIAS
ARRUDA, Maria Arminda do Nascimento. A Modernidade Possvel: Cientistas e Cincias Sociais em Minas Gerais. In: MICELI, Srgio (org.). Histria das Cincias Sociais no Brasil. So Paulo: Editora Sumar, 2001. Vol.1. BALTAR, R. ; BALTAR, C. S. . A defasagem das cincias sociais no uso de recursos de informtica para ensino e a pesquisa no Brasil. La Educacin - Revista Digital (OEA), v. 144, p.2, 2010. BALTAR, R. ; BALTAR, C. S. . Durkheim: a sociologia como cincia. In: Vera Chaia; Simone Wolff; Lucia Bogus. (Org.). Pensamento e Teoria nas Cincias Socias: autores referenciais, dos clssicos aos contemporneos. 1 ed. So Paulo: EDUC, 2011, v. p. 100-130. BOUDON, R. Os Mtodos em Sociologia. So Paulo: tica, 1989. BRASIL. MEC. SECRETARIA DA EDUCAO BSICA. Orientaes Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio Cincias Humanas e suas Tecnologias. Conhecimentos de Sociologia. P. 100-133, 2006. FREIRE, Paulo. O Compromisso do Profissional com a Sociedade. In: ______. Educao e mudana. 21 edio. SP e RJ: Paz e Terra, 1979. LEI N 11.684, DE 2 DE JUNHO DE 2008. Disponvel em . Acesso em 13/09/2011. MARTIN, Olivier. Da estatstica poltica sociologia estatstica. Desenvolvimento e transformaes da anlise estatstica da sociedade (sculos XVII-XIX). Rev. bras. Hist., So Paulo, v. 21, n. 41, 2001. Disponvel em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882001000200002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#N01#N01. Acesso em 24/10/11. MEKSENAS, Paulo. O Ensino de Sociologia na Escola Secundria. In: Leituras & Imagens, Grupo de Pesquisa em Sociologia da Educao. Florianpolis: Universidade do Estado de Santa Catarina-UDESC, p 67-79, 1995.
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MICELI, Srgio. Condicionantes do Desenvolvimento das Cincias Sociais. In: MICELI, Srgio (org). Histria das Cincias Sociais no Brasil. So Paulo: Editora Sumar, 2001. Vol.1. MORAES, Amaury Cesar. Licenciatura em Cincias Sociais e Ensino de Sociologia: entre o balano e o relato. Tempo soc., Abr 2003, vol.15, no.1, p.5-20. ISSN 0103-2070 PARAN. SEED. SE. DEB. Diretrizes Curriculares de Sociologia para o Ensino Mdio. Curitiba: SEED-PR, 2008. SANTOS, Julio Csar Furtado dos. O Desafio de Promover a aprendizagem significativa. Disponvel em: http://www.juliofurtado.com.br/textodesafio.pdf. Acesso em 24/10/11. SILVA, Ileizi Luciana Fiorelli. A Configurao dos Sentidos do Ensino Das Cincias Sociais/Sociologia no Estado no Paran (1970-2002). XIII Congresso Brasileiro de Sociologia. UFPE, Recife (PE). 29 de maio 1 de junho de 2007. _____________. O curso de Cincias Sociais da Universidade Estadual de Londrina UEL (1973-2005). In: OLIVEIRA, Mrcio de. (org). As Cincias Sociais no Paran. Curitiba: Protexto, 2006. Sociologia / vrios autores. Curitiba: SEED-PR, 2006. TOMAZI, Nlson Dacio. Consideraes preliminares sobre a institucionalizao da sociologia no Paran, 1938-1963. In: OLIVEIRA, Mrcio de. (org). As Cincias Sociais no Paran. Curitiba: Protexto, 2006. WEBER.M. A tica protestante e o esprito do capitalismo. So Paulo: companhia das Letras, 2004.
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Anexo 1. Grfico do Oramento Geral da Unio
Oramento Geral da Unio 2010 Por funo Total = R$ 1,414 trilho
Disponvel em: http://www.fenafim.com.br/comunicacao/artigos/795-riscos-do-projeto-de-lei-no-19922007-face-a-crise-financeira-mundial. Acesso em 02/11/11.
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Anexo 2. Tabela sobre a correlao entre e Anos de Estudo e Rendimento utilizada
em uma aula de Sociologia no Ensino Mdio.
Tabela 2903 - Pessoas de 10 anos ou mais de idade por grupos de anos de estudo, sexo e classes de
rendimento nominal mensal
Brasil
Varivel: Pessoas de 10 anos ou mais de idade (Percentual)
Sexo: Total
Ano: 2000
Classes de rendimento nominal mensal
Grupos de anos de estudos
Sem instruo e menos de 1 ano
1 a 3 anos
4 a 7 anos
8 a 10 anos
11 a 14 anos
15 anos ou mais
Mais de 1/2 a 1 salrio mnimo; 4,05 3,45 4,33 1,66 1,00 0,05
Mais de 1 a 2 salrios mnimos; 1,40 2,44 5,00 2,50 2,42 0,15
Mais de 2 a 3 salrios mnimos; 0,42 0,96 2,47 1,36 1,73 0,16
Mais de 3 a 5 salrios mnimos; 0,26 0,75 2,26 1,41 2,27 0,45
Mais de 5 a 10 salrios mnimos; 0,11 0,40 1,41 1,10 2,49 1,16
Mais de 10 a 15 salrios mnimos;
0,02 0,06 0,25 0,21 0,66 0,57
Mais de 15 a 20 salrios mnimos;
0,01 0,03 0,11 0,10 0,37 0,46
Mais de 20 a 30 salrios mnimos;
0,00 0,01 0,06 0,05 0,21 0,39
Mais de 30 salrios mnimos; 0,00 0,02 0,07 0,06 0,21 0,54
Sem rendimento; 4,11 9,84 17,18 6,52 3,81 0,38
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Nota:
1 - Dados da Amostra 2 - Salrio mnimo utilizado: R$ 151,00. 3 - A categoria Sem rendimento inclui as pessoas que receberam somente em benefcios.
Fonte: IBGE - Censo Demogrfico
Anexo 3. Material didtico elaborado e utilizado por Luis Gustavo Patrocino em uma
aula de Sociologia no Ensino Mdio.
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