2015 curso 'a prÁtica do psicanalista' - aula 8: a palavra do psicanalista

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Curso A prática do psicanalista Coordenação Alexandre Simões Encontro 8: A palavra do analista: demarcações da prática da interpretação

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Curso

A prática do

psicanalista

Coordenação

Alexandre Simões

Encontro 8:

A palavra do analista: demarcações da

prática da interpretação

Classicamente, Freud estabeleceu uma regra fundamental para a dimensão da palavra do

analisando:

a associação-livre

A associação-livre:

de forma mais evidente, retira a palavra da dimensão da comunicação (comunicação dos fatos, descrição de uma estória, encadeamento de

uma sequência de fatos segundo as prerrogativas do logos) e a introduz na dimensão do discurso, da fala, do verbo

De tal modo que, por meio de cada passo da associação livre, sempre é possível de se perguntar:

De onde se diz isto? Problemática da tópica

Quem diz isto? Problemática da enunciação

Nesta perspectiva, quanto à associação livre, temos a dimensão estrutural:

Aquele que fala, diz mais do que aquilo que está falando

Esta proposição - aquele que fala, diz mais do

que aquilo que está falando

- instala na clínica

o lugar do sujeito

Jacques Lacan chega a comparar este sujeito ao mensageiro da Antiguidade:

que traz, inscrita em sua cabeça, uma mensagem que ele ignora e não lê, pois desconhece os caracteres com os quais foi escrita

Este lugar do sujeito comporta, portanto, uma interrelação constante entre:

• o saber e o não-saber;

• dentro e o fora;

• o perto e o longe;

• o direito e o avesso;

• o familiar e o estranho;

Com Lacan, temos aberta ao menos duas perspectivas que lidam com a transmissão deste aspecto:

perspectiva estrutural

perspectiva lógica

fio condutor lógico

enunciado

enunciação

sujeito do enunciado

sujeito da enunciação

ou:

Perspectiva estrutural:

Perspectiva topológica:

O que não pode ser dito (representado) há de ser mostrado (nomeado):

Recomendações freudianas sobre a palavra do psicanalista:

parcimoniosa

não-apressada

atenta à transferência

Os lugares da palavra do psicanalista na tradição pós-freudiana:

palavra explicativa -> lugar produtor de sentido

palavra substitutiva -> o psicanalista ocupando o lugar do Outro imaginarizado

palavra complementar - > o psicanalista complementando a falha do Outro (função paterna ou função materna)

Em suma:

a interpretação concebida ao estilo do

“isto quer dizer ...”

Lacan será bastante crítico, em todos os momentos de seu ensino, ao lugar que a tradição pós-freudiana reservou à

palavra do psicanalista

A interpretação:

Há de ser menos explicativa e atenta à seguinte provocação:

“a interpretação é um dizer que promove ondas”

F I M

ALEXANDRE

SIMÕES

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