2015 inclusivamodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_concurso_moda... · porém, se...

58
INCLUSIVA Aprendizado e consolidação da moda acessível GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA 1ª edição São Paulo SEDPCD 2015 M O D A 2015

Upload: trinhthuan

Post on 04-Mar-2018

217 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

Page 1: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

INCLUSIVA

Aprendizado e consolidação

da moda acessível

Governo do estAdo de são PAulo

secretAriA dos direitos dA PessoA com deficiênciA

1ª edição

são Paulo

sedPcd

2015

M O D A2015

Page 2: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

Governo do estAdo de são PAulo

Geraldo Alckmin

secretAriA de estAdo dos direitos dA PessoA com deficiênciA

Linamara Rizzo Battistella

coordenAÇão

Daniela Auler

Juliana Lopes

Gabriela Sanches

colABorAdores

Débora Frederico da Silva

ProJeto GrÁfico

Maristela Colucci

ctP, imPressão e AcABAmento

Imprensa Oficial do Estado de São Paulo

Page 3: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

Acessibilidade está na moda ..................................................................................... 6

moda inclusiva, o curso ............................................................................................. 8

Artigos dos professores convidados para o 1º curso de moda inclusiva ................. 10

Moda e acessibilidade: reflexões ............................................................................. 12

necessidade e vontade ............................................................................................ 14

o business da moda inclusiva .................................................................................. 16

o olhar do terapeuta ocupacional para a moda:

considerações sobre a funcionalidade do vestuário ................................................ 20

depoimentos dos alunos do 1º curso de moda inclusiva ....................................... 24

moda inclusiva, o concurso ...................................................................................... 32

Ana Beatriz martins de Jesus ......................................................................... 34

Beatriz liston salinas ..................................................................................... 38

Bruna de souza oewel .................................................................................. 42

Bruna maria silva Godoy ............................................................................... 46

cleide Aparecida rodrigues Pontes cancian ................................................ 50

eduardo inacio Alves ..................................................................................... 54

eligolande ..................................................................................................... 58

flavia da cunha silva ..................................................................................... 62

izabela camilo Bueno .................................................................................... 66

luane figueirêdo Almeida de souza ............................................................. 70

lucas magalhães nascimento ....................................................................... 74

maria vithória Guarinelo squilace ................................................................. 78

mariáh Arantes ............................................................................................... 82

mariane lira ferreira ...................................................................................... 86

robertha Pereira navajas .............................................................................. 90

roseli Aparecida madalozzo .......................................................................... 94

samanta russo .............................................................................................. 98

senthil Kumar venkatalu .............................................................................. 102

silvia Grudina ............................................................................................... 106

thais lima de oliveira ................................................................................. 110

Índice

Page 4: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

6

no ano em que o concurso moda inclusiva chega à sua 7ª

edição, podemos observar que o conceito de moda deixa de se

prender às passarelas e a um único estereótipo para se abrir a to-

das as diversidades que embelezam a vida humana.

A semente plantada em 2009 começa a dar bons frutos quan-

do a participação internacional se amplia, resultando este ano em

três finalistas de outros países (nesta edição, Itália e Índia). Além

disso, outros estados e municípios demonstram interesse no tema,

como é o caso da Prefeitura de Campinas, pioneira no interior do

Estado ao promover o I Concurso e Desfile Moda Inclusiva.

devido ao aumento de trabalhos acadêmicos e interesse de

estudantes e profissionais em relação à moda inclusiva, a Secre-

taria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência criou o

1º curso de moda inclusiva voltado justamente para este público.

Apesar dos avanços, há ainda um grande desafio: conscientizar

de fato a indústria da moda de que as pessoas com deficiência são

cidadãs e consumidoras e de que a acessibilidade nos vestuários,

além de ser respeito ao próximo, é inteligência e visão de futuro.

Linamara Rizzo Battistella é médica fisiatra,

professora da faculdade de medicina da usP

e secretária de estado dos direitos da Pessoa

com Deficiência

Acessibilidade está na moda

Page 5: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

8

A Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência pro-

moveu neste ano de 2015 o 1º curso de moda inclusiva para estudantes

de cursos livres, técnicos e universitários, profissionais da moda e interes-

sados no setor. A meta do curso é habilitar seus estudantes a contemplar

a perspectiva da pessoa com deficiência em seus projetos de vestuário,

estimulando assim o surgimento de ideias inovadoras para atender ao

segmento da moda inclusiva.

convidamos professores do curso e alunos para dividir suas ideias e

experiências a respeito deste aprendizado.

Moda Inclusiva, o curso

Page 6: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

10

Geraldo Coelho Lima Júnior

Mário Queiroz

Thais Tavares Terranova Patricia Sant’Anna

Artigos dos professores convidados para o 1º Curso de Moda Inclusiva

Page 7: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

12

Moda e acessibilidade: reflexõespor Geraldo coelho lima Júnior

Limites pessoais levam todos a determinados impedimentos, seja na realização de tarefas da vida diária, com as quais têm que lidar qualquer pessoa, seja nas esco-lhas a se fazer ao longo do tempo.

As oportunidades de falar ou escrever acerca de temas que geram inquietação podem ser muito produtivas. Por meio delas encontram-se caminhos ainda não iden-tificados, e em seus cursos vislumbram-se alternativas que podem ser seguidas por outras pessoas que ouvem ou lêem o que é apresentado. O curso Moda Inclusiva foi uma dessas oportunidades. Elaborar um plano de aulas me levou a reflexões que en-volvem muitos aspectos das vidas das pessoas com deficiência. Ao passar ao estudo da vida desses indivíduos, com o objetivo de buscar inserir todos num plano igualitá-rio, tratarei da questão dos limites, em detrimento das deficiências.

limites pessoais levam todos a determinados impedimentos, seja na realização de tarefas da vida diária, com as quais tem que lidar qualquer pessoa, seja nas esco-lhas a se fazer ao longo do tempo. uma delas se refere ao vestir, ao optar por deter-minadas peças de roupa em lugar de outras; em acompanhar, ou não, as propostas vigentes do mercado de moda. É bem verdade que muito tem-se pesquisado no sentido de viabilizar condições mais favoráveis no tocante ao desenvolvimento de produtos de moda e vestuário. O fato de este texto ter um espaço de publicação já indica o que é dito.

Mas, para além dos limites pessoais, encontram-se ainda barreiras a serem trans-postas, e uma delas refere-se à acessibilidade. Esta é uma questão prevista em lei, mas que, por se tratar de tema ainda recente, no que diz respeito à moda ainda há muito a se fazer. Refletir a respeito do que se pode ou não ser feito, quando em refe-rência ao desenvolvimento de produtos em design de moda é um começo, contem-plado pelo curso de moda inclusiva promovido pela secretaria de estado dos direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo.

Sem que se conheça, minimamente, as características do público que vive sob um determinado limite, torna-se missão perdida tentar desenvolver um projeto de coleção.

A acessibilidade à moda foi o tema desenvolvido por mim em um dos módulos do curso. Os parâmetros para tal foram: os limites pessoais da pessoa com defi-ciência e as barreiras que enfrentam em seu convívio social. Primeiramente faz-se necessário questionar o que se considera um limite em um ser humano, na relação que se estabeleceu tratar neste módulo, ou seja, moda e Acessibilidade. sem que se conheça, minimamente, as características do público que vive sob um determinado limite, ou algumas vezes, mais de um deles, torna-se missão perdida tentar desenvol-ver um projeto de coleção. Um exemplo pode ser dado em relação às pessoas com limites visuais, parciais ou totais. Por acompanhar projetos que se voltam para este público em específico, muitas vezes se entende que ao dizer “deficiência visual”, o substantivo deficiência sobrepõe-se ao limite visual do indivíduo; dessa maneira pro-põe-se que, no projeto, seja inserida uma série de referências táteis, pois entende-se que este público faz suas escolhas, relativas a produtos de moda, apenas pelo toque sobre os tecidos.

Vive-se cercado por estímulos mapeados pelo cérebro que, por sua vez, cria ima-gens mentais – ideias ou pensamentos, como cita Damásio (2004); poder-se-ia dizer que, trabalhar o projeto exclusivamente como se referiu acima, trata-se de uma li-mitação criativa do designer de moda. isso pode decorrer da ausência de um co-nhecimento mais amplo, no que tange às percepções e imagens criadas por esse público ou outro que apresente limites distintos. neste caso, trata-se de uma questão de acesso às informações que circunscrevem o universo da moda. Outras barreiras, porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade, à funcionalidade, entre outros fatores (MORAES, 2008, SALTZMAN, 2008). Para além destes parâmetros somam-se ainda as questões estéti-cas. Este conjunto de qualidades é necessário para despertar o desejo por produtos de moda, independentemente dos limites de cada indivíduo.

Geraldo Coelho Lima Júnior é mestre em design e doutorando em design, sob orientação da Prof. dra. rachel Zuanon, pela universidade Anhembi morumbi.

Page 8: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

14

Necessidadee vontadepor mário Queiroz

Não bastava analisar se eles tinham deficiência visual, ou se dependiam de ca-deira de rodas. Foi preciso avançar, pensando quais eram seus estilos de vida.

A moda tem um poder maior do que a maioria de nós imagina. Quando um designer começa a pensar um produto, ele se pergunta para quem está criando, como é seu público. No nosso Curso de Moda Inclusiva, ao pedir aos alunos que ex-plicassem para quem estariam desenvolvendo suas criações, incentivei-os para que fôssemos além das questões físicas de nossos “clientes”. Não bastava analisar se eles tinham deficiência visual, ou se dependiam de cadeira de rodas. Foi preciso avançar, pensando quais eram seus estilos de vida. Já neste começo de trabalho de moda entendemos que “incluir” deve significar ver o outro não só em suas necessidades, mas também em suas vontades. Aí já nos confrontamos com um desafio, que é aban-donarmos os “pieguismos”, os preconceitos que nos fazem pensar que os estados fí-sicos diferentes dos nossos seriam de tal forma limitadores que excluiriam os desejos, as vaidades, a autoestima e a vontade de não ser mais um na multidão.

Já neste começo de trabalho de moda entendemos que ‘incluir’ deve significar

ver o outro não só em suas necessidades, mas também em suas vontades.

Quando a análise de lifestyle é realizada antes de começarmos uma coleção de moda inclusiva, a preocupação com o conforto ou a praticidade é uma das questões, mas não é a definitiva. Passamos a pensar que há fashionistas de todos os tipos e, da mesma forma, clássicos e conservadores. isso quer dizer que mulheres adeptas a minissaias, por exemplo, podem ser muito altas ou muito baixas, magras ou gordas... elas desejam se ver com aquelas peças e isso está acima de qualquer outra questão.

Neste novo milênio, certamente uma das maiores exigências de todas as populações é a liberdade de expressão, e aí a moda se enquadra perfeitamente. Já não se trata mais de obedecer fielmente às tendências: cada um deve julgar se elas interessam ou não.

A moda contemporânea sugere que se pegue um pouco daqui e dali, misturando peças novas com as antigas, considerando a análise individual e o valor sentimental, compondo o look que considerar o mais adequado para sua figura.

Entendendo nossos públicos além de suas características físicas, o curso de moda inclusiva avançou. Passou a ser definitivo entender que não bastava colocar uma tira de velcro para facilitar a abertura de uma roupa ou um acolchoado na parte traseira de uma calça para torná-la mais confortável. A praticidade e o conforto são sim importan-tes, mas não suficientes para agradar adultos e crianças com corpos diferentes. Esta seria a preocupação com as necessidades, mas não somos feitos só delas. outra boa parte nossa são as vontades, dos mais variados tipos e das mais diferentes formas.

Assim, no processo de criação surgem os temas que levam os criadores a pesquisar imagens do passado, lugares desconhecidos, sonhos de futuro para buscar o encanta-mento da qual a moda é feita. Como professor, o que mais me fascina é quando um alu-no se apaixona pelo seu trabalho e descobre que nada é mais revelador que a pesquisa, abrindo corações e mentes, deslumbrando novos horizontes, trazendo grandes ideias.

A praticidade e o conforto são sim importantes, mas não suficientes para agra-dar adultos e crianças com corpos diferentes.

na avaliação de um trabalho não levamos em conta apenas se a qualidade de uma calça está na sua praticidade, mas se ela, junto com as outras roupas e acessó-rios, tornou o usuário mais feliz, se fez brilhar seus olhos. Quem já assistiu a um desfile do concurso de moda inclusiva sabe que um modelo cadeirante está feliz na passarela porque sabe que ultrapassou ali um limite que o fazia pensar como alguém feio. Ele passa a ser um modelo mesmo com todas as suas especificidades, participa de uma atividade que celebra a elegância e a beleza, ele é um dos atores principais do even-to! Não é só num desfile de moda que as coisas funcionam assim: hoje as grandes passarelas são as ruas, onde cada um recria seu estilo em cada nova produção. Acre-dito que faremos alguma diferença se conseguirmos pensar um curso, um concurso e um mercado de moda inclusiva, na medida em que soubermos mesclar soluções para as necessidades e para as vontades. Para isto acontecer teremos que entender da tecnologia da moda, mas também da magia da moda, aquela que nos faz sermos estrelas mesmo que por alguns minutos.

Mário Queiroz é designer, consultor e professor de moda. Doutor em Comuni-cação e semiótica. É colaborador do concurso moda inclusiva.

Page 9: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

16

O businessda moda inclusivapor Patricia sant’Anna

As roupas não protegem apenas de intempéries naturais, mas sobretudo das intempéries sociais.

A moda inclusiva é um mercado que ainda não é bem atendido no Brasil. Mes-mo com iniciativas como o concurso moda inclusiva, e diversas marcas que pouco a pouco começam a tomar consciência para atender esse mercado, ela ainda não é considerada como se deveria. como, então, criar moda inclusiva no Brasil?

Primeiro, para entender moda inclusiva, vamos começar do básico: o que é moda? A roupa surgiu por motivos diferentes das razões pelas quais a usamos hoje. A vestimenta é percebida como uma proteção que o homem criou contra as intem-péries, e este pode ter sido o real motivo pelo qual o homem cobriu-se pela primeira vez. Porém, o ato de cobrir o corpo – com pele animal ou tecidos rústicos – tornou-se um fator de diferenciação social. o homem veste-se. As roupas não protegem ape-nas de intempéries naturais, mas sobretudo das intempéries sociais. Isto em qualquer sociedade, a nossa não é exceção.

A roupa (ou vestuário) é a região limítrofe entre as pessoas e a sociedade. O vestuário ocidental expressa o que desejamos que a sociedade reconheça, é um tra-ço da identidade que fala sobre quem sou e sobre o grupo do qual eu participo. “A moda é um todo harmonioso e mais ou menos indissolúvel. Serve à estrutura social, acentuando a divisão em classe; reconcilia o conflito entre o impulso indivi-dualizador de cada um de nós e o socializador; exprime ideias e sentimentos, pois é uma linguagem que se traduz em termos artísticos”, disse a filósofa Gilda de Mello e souza.

Moda pode ser vista como a tensão entre impulso socializador e a expressão individual. É uma expressão que age em nível sociológico (global), cultural (local) e psicológico (individual). Além disso, tem sua vinculação com o capitalismo. Podemos

dizer que a moda é a maneira com a qual se vive dentro da sociedade capitalista (que é uma ordem econômica e sociocultural) e constrói a aparência. Por isso, moda é muito mais complexa do que pode parecer. “Aquele que só vê a moda na moda não passa de um tolo” (Honoré de Balzac, escritor).

E a moda é também a rede criativo-produtiva que mais gera emprego no mun-do, gera riqueza, distribui renda e globaliza-se tanto enquanto linguagem quanto como produção no mundo. A moda não é uma indústria simples. Por exemplo, não podemos abordá-la enquanto cadeia produtiva, mas sim como redes ou arranjos pro-dutivos, pois suas formas de organização vão muito além de ordenar as etapas de construção de uma escala produtiva no tempo, ela é local/global, material/imaterial, maleável, fluida e cheia de contratempos (desafio logístico).

Atualmente, o Brasil é o mercado emergente mais atrativo do mundo. Mais de 100 novas marcas internacionais chegaram ao Brasil desde 2012, incluindo fast fashion.

Nos anos 1950, no Brasil, com o início da indústria e a solidificação de uma clas-se média urbana, podemos falar de um princípio da moda no mesmo formato que o mundo desenvolvido vivenciava. outros fatores para esse desenvolvimento tardio da moda no Brasil podem ser apontados: a industrialização recente (décadas de 1950-60) e o processo de desenvolvimento de linguagem tolhido várias vezes ao longo da história.

A década de 1990 marcou o início do amadurecimento da moda no país (com calendário de moda, escolas de moda, interesse internacional, importação e expor-tação etc.). Atualmente, o Brasil é o mercado emergente mais atrativo do mundo. mais de 100 novas marcas internacionais chegaram ao Brasil desde 2012, incluindo fast fashion. Nós brasileiros temos uma das maiores médias mundiais de compra de itens por ano. Os últimos anos têm registrado também crescimento significativo de compras online e viagens internacionais.

Hoje a moda no Brasil passa por um momento de profissionalização, o que pare-ce um instante promissor... E em vários aspectos realmente o é. Porém, é necessário atentarmos para seus processos produtivos como um todo, caso contrário estaremos só olhando uma parte, esquecendo de outras que são tão vitais quanto a parte mais brilhante e glamourosa deste universo produtivo e cultural.

Page 10: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

18

Há 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil, sendo que destes, 25 milhões são mulheres.

e a moda inclusiva? Primeiro, precisamos dimensionar em questão de mercado. Há 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil, sendo que destes, 25 milhões são mulheres. 24,9% destas pessoas estão entre 15 e 64 anos. E cerca de 5% da população são formados por pessoas com deficiência (PcD). Os desafios para se fazer uma moda inclusiva são muitos. entre eles está a produção em pequena es-cala com o objetivo de atender, efetivamente, às necessidades específicas de cada pessoa. Também é fundamental pesquisar aspectos como ergonomia e materiais que atendam a critérios específicos, como as etiquetas em braile. E como não poderia deixar de ser, o ponto de venda precisa ser pensado e adaptado para que seja total-mente acessível.

Trabalhar com moda inclusiva significa ser inovador. E ser inovador é uma prática difícil, pois adotar esta postura em muitos ambientes de trabalho pressupõe a dispo-sição de romper com algumas barreiras, os famosos paradigmas, e trazer para si a ad-ministração de conflitos. Sabiam que existem cinco fatores inibidores da criatividade e inovação? São eles (os 5 Ps): Pais (família), Professores (educadores), Padres (valores religiosos), Patrões (relação de poder no ambiente de trabalho) e Preguiça (atitude).

Se a atitude inovadora já foi tomada, um bom primeiro passo é ter um modelo de negócios. O modelo de negócio é um esquema para a estratégia empresarial a ser implantado por meio de estruturas, processos e sistemas organizacionais. entre bons livros sobre o assunto no mercado, o mais conhecido deles fala do método “Business Model Canvas” (ver bibliografia no fim do texto), que pode dar uma base para cons-truir o seu modelo de negócios.

Criar uma marca de moda é criar uma identidade, que é um grupo de atributos facilmente reconhecido, que distingue os seus produtos e serviços dos demais do mercado. Ter uma marca de moda inclusiva não significa simplesmente fazer roupas para pessoas com necessidades específicas, mas também incluí-las na linguagem de moda a partir de um estilo proposto por você. Uma marca pressupõe autoria (mesmo que seja anônima). Você consegue identificar o que tem a oferecer? Quais as suas limitações? Tome as primeiras decisões: nome, segmentação e lugar no mercado que deseja ocupar.

Para ter bons produtos de moda inclusiva, é preciso fazer design por empatia. Trata-se de uma abordagem do design que é centrada no ser humano e não em criar novas necessidades.

A criação de uma marca de moda inclusiva está muito ligada à comunicação de uma consciência. E, para ter bons produtos de moda inclusiva, é preciso fazer design por empatia. Trata-se de uma abordagem do design que é centrada no ser humano e não em criar novas necessidades. Ouvir e se colocar no problema do cliente é um jei-to de você compreender como se dá a relação do mesmo com suas roupas enquanto usuário. É crucial entender que não há como promover ou comunicar uma marca se não há uma história para contar... Qual é a sua?

Patricia Sant’Anna é diretora de pesquisa da Tendere e coordenadora de Pós Graduação em negócios da moda na faculdade santa marcelina.

Bibliografia básica

cobra, m. marketing & moda. são Paulo: senAc são Paulo; cobra editora & marketing, 2007.

Gwilt, A. moda sustentável – um guia prático. são Paulo: Gustavo Gili, 2014.

Grose, v. merchandising de moda. são Paulo: Gustavo Gili, 2013

Igaray, H. A.; Vianna, A.; Nasser, J. E.; Lima, L. P. M. Gestão e desenvolvimento de produtos e marcas.

são Paulo: fundação Getúlio vargas editora, 2011.

moore, G. Promoção de moda. são Paulo: Gustavo Gili, 2013.

miranda, A. P. de. consumo de moda – a relação pessoa-objeto. são Paulo: estação das letras e cores, 2008.

osterwalder, A. et alli. Business model Generation: inovação em modelos de negócios. rio de Janeiro:

Alta Books, 2011.

Pinheiro, R. M.; Castro, G. C. de; Silva, H. H.; Nunes, J. M. G.; Comportamento do consumidor e pes-

quisa de mercado. sP: fundação Getúlio vargas editora, 2006.

testa, s. s. s. la gestión de las empresas de moda. Barcelona: editorial Gustavo Gili, 2012.

Tungate, M. Marcas de Moda: Marcar estilo desde Armani até Zara. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2008.

Osterwalder, Alexander. “Business Model Canvas - Inovação em Modelos de Negócios: Um manual

para visionários, inovadores e Revolucionários”. Rio de Janeiro: Alta Books, 2011.

Page 11: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

20

O olhar do terapeuta ocupacional para a moda: considerações sobre a funcionalidade do vestuário

por thais tavares terranova *

Comumente, deparamo-nos com situações nas quais a pessoa com deficiência acaba por deixar de se vestir da forma como gosta e prefere. Calças sociais e jeans cedem lugar às calças de moletom, assim como camisas e blusas dão lugar às cami-setas folgadas e mais fáceis de vestir. roupas com elásticos no lugar dos zíperes e botões. Sendo que tais peças de roupas nem sempre agradam o gosto da pessoa com deficiência.

Pessoas com deficiência possuem características corporais e necessidades dife-rentes, que não são atendidas pelo mercado de moda atual.

Peças de vestuário, quando pouco funcionais, podem se tornar barreiras à inclu-são social. Pessoas com deficiência possuem características corporais e necessidades diferentes, que não são atendidas pelo mercado de moda atual. Além das caracterís-ticas físicas, também temos que considerar necessidades específicas como alterações sensoriais (tátil, visual), uso de meios auxiliares (muletas e cadeira de rodas, por exem-plo), uso de órteses e próteses, entre outros dispositivos de ajuda como coletores de secreção, sondas vesicais ou de alimentação. Assim, é comum a pessoa com deficiên-cia e seus familiares buscarem soluções próprias e criativas para as peças de roupas ajustarem-se melhor a seu corpo. Para Kawamura (2005), a moda está relacionada ao sentimento de pertencer a um determinado grupo, assim como pode determinar quem pode ou não pertencer a este. Ou seja, “estar na moda” pode ser muitas vezes imprescindível para sentir-se parte da sociedade, ou mesmo para poder interagir e estabelecer canais de comunicação com outras pessoas.

Para a Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF), o termo funcionali-dade abrange diferentes aspectos: componentes de funções e estruturas do corpo, atividade e participação social. Neste modelo, atividade corresponde à execução de uma tarefa ou ação por um indivíduo e participação ao ato de se envolver em situa-ções da vida. Deste modo, configura-se um novo paradigma para pensar e trabalhar

a deficiência e a incapacidade, que são determinadas também pelo contexto do meio ambiente e social, pelas diferentes percepções culturais e atitudes em relação à defi-ciência, além da disponibilidade de serviços e de legislação.

O ato de escolher as próprias roupas contribui efetivamente para o resgate de hábitos e costumes anteriores à deficiência e, por consequência, melhora a satisfa-ção com a imagem pessoal.

Neste contexto, a moda, se compreendida enquanto um fator ambiental e social, pode se tornar uma estratégia facilitadora da participação social de pessoas com deficiência. Peças de vestuário com desenhos mais ergonômicos e funcionais, além de facilitar a execução das atividades de vestir e despir, também podem favorecer o exercício da autonomia. Também devemos destacar que o ato de escolher as pró-prias roupas contribui efetivamente para o resgate de hábitos e costumes anteriores à deficiência e, por consequência, melhora a satisfação com a imagem pessoal. Inevi-tavelmente esta satisfação levará ao aumento da autoestima e proporcionará melhor qualidade de vida às pessoas com deficiência.

É importante analisar toda a rotina da pessoa e as atividades que ela desem-penha durante o dia. no campo da terapia ocupacional, aplicamos a ferramenta da análise de atividades para melhor compreender as necessidades e especificidades da pessoa com deficiência durante a execução de determinada atividade. Devemos pensar nas etapas necessárias para concluir cada atividade que a pessoa executa, no posicionamento corporal dela e de quem eventualmente a auxiliará. Também deve-mos levar em conta as habilidades motoras, sensoriais e cognitivas envolvidas, no ambiente em que a atividade acontece, e nos materiais utilizados nesta tarefa. Além destes aspectos, destacamos a importância de analisar e prever possíveis riscos à se-gurança da pessoa com deficiência.

Observar a interação da pessoa com deficiência com o seu ambiente doméstico, de trabalho, de estudo e de lazer é o que efetivamente contribui para a construção de um novo conceito de moda.

Pessoas que utilizam cadeira de rodas para locomoção realizam uma série de movimentos com os braços para deslocar-se de um local para outro, para alcançar um objeto no armário ou no chão, para passar da cadeira de rodas para o vaso sa-nitário etc. Caso esta pessoa precise utilizar roupas sociais com tecidos menos fle-xíveis, ela encontrará uma série de dificuldades na execução de suas atividades. Por isso, é de fundamental importância olhar para além das formas corporais da pes-

Page 12: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

22

soa com deficiência. Observar a interação da pessoa com deficiência com o seu am-biente doméstico, de trabalho, de estudo e de lazer é o que efetivamente contribui para a construção de um novo conceito de moda.

Quando a pessoa com deficiência tem sua autonomia preservada, ou seja, é ca-paz de tomar decisões por própria conta, devemos ao máximo incentivar que ela mesma escolha o que deseja vestir. No entanto, alterações sensoriais ou mesmo alte-rações cognitivas podem interferir no momento da seleção das peças, sendo muitas vezes necessário auxílio de outra pessoa para garantir que a peça escolhida esteja de acordo com as necessidades da ocasião. Há pessoas que não sentem a diferença entre calor e frio ou que não conseguem identificar quais os tipos adequados de pe-ças para cada clima. A escolha das peças de roupas adequadas em função do clima é importante para que a pessoa sinta-se confortável e protegida durante as atividades de sua rotina. todos estes aspectos devem ser considerados.

tanto no momento da compra de uma peça de roupa quanto no momento da escolha das peças para determinado dia, devemos considerar o tempo de execução da atividade do vestir-se. Quando a peça de roupa é mais justa e possui muitos com-plementos, esperamos um maior tempo para vestir e despir, assim como observamos um maior desgaste físico tanto da pessoa com deficiência quanto da pessoa que está auxiliando. Uma dica que sempre damos é que o vestir é mais cansativo e intenso do que o despir. Ao incentivar que a pessoa realize tarefas relacionadas ao vestuário de forma independente, sempre devemos iniciar pelo despir e observar o quanto a pessoa ficou cansada. A ideia é continuar incentivando a atividade penas se a pessoa não apresentar sinais de cansaço.

A disposição e organização das peças de roupas também são de fundamental importância quando pensamos em facilitar a atividade de vestuário. É aconselhável organizar as roupas em locais onde seja mais fácil para a pessoa alcançar e visualizar as peças. na posição sentada, nossos olhos e nossas mãos alcançam uma área muito menor do que quando estamos em pé. Deste modo, é importante posicionarmos o maior número de peças de roupas e acessórios (brincos, cintos, sapatos, gravatas etc.) o mais próximo possível desta área de alcance.

Quanto mais elástico o tecido, mais fácil será vestir e despir e também desen-volver atividades com maior mobilidade corporal como, por exemplo, alcançar um objeto.

Pensando nas características das peças de vestuário, o que pode facilitar? Pri-meiro a elasticidade. Quanto mais elástico o tecido, mais fácil será vestir, despir e também desenvolver atividades com maior mobilidade corporal como, por exemplo, alcançar um objeto. Costuras internas, elásticos e acabamentos de botões podem oferecer riscos de lesões. É preciso estar atento ao que pode provocar atrito. Os fechos que podem ser utilizados para facilitar são, por exemplo, velcros ou fechos magnéticos. Vale criar novas opções de abertura, tais como as laterais ou frontais na cintura das calças, aquelas próximas ao decote das blusas e também as laterais das pernas das calças. Vale também pensar no reposicionamento dos bolsos das calças. Essas adaptações nem sempre são aceitas esteticamente, uma vez que podem des-caracterizar a peça de vestuário e deixar a pessoa insatisfeita com o resultado final. no entanto, em muitos casos, acabam sendo a solução mais acessível para atender às necessidades específicas da pessoa com deficiência.

finalmente, o vestuário não deve apenas ser confortável e funcional, mas deve satisfazer também às necessidades de autoestima e bem-estar que as pessoas bus-cam ao comprar uma peça. Por isso, a moda inclusiva deve ser encarada como uma mudança de paradigma, compreendida como uma real estratégia para ampliação da participação social das pessoas com deficiência e, por consequência, promover qualidade de vida.

Thais Tavares Terranova é terapeuta ocupacional, especialista em reabilitação física desde 2006. Atua como coordenadora de terapia ocupacional no instituto de Reabilitação Lucy Montoro - IMREA HCFMUSP. Mestranda em Ciências Médicas pela fmusP.

* com orientação de Gracinda rodrigues tsukimoto.

referências:

Governo do estado de são Paulo. moda inclusiva: perguntas e respostas para entender o tema. secre-

taria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência. 2012.

KAWAMURA, Yuniya. Fashion-ology. Oxford: Berg, 2005

OMS. Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, 2001.

Page 13: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

24

Depoimentos dos alunos do 1º Curso de Moda Inclusiva

“Frequentei o primeiro curso de Moda Inclusiva, realizado pela Secretaria do Es-tado dos Direitos da Pessoa com Deficiência. A participação de profissionais reno-mados, interessados e dedicados ao tema me inspirou uma nova forma de pensar o projeto de vestuário. compreendi, como objetivo maior deste processo, promover o empoderamento das pessoas com deficiência por meio do acesso ao vestuário, que deve contemplar a todos. Para isto acontecer é necessário repensar a modelagem tradicional e as atuais soluções e formas de construção das peças.

minha motivação inicial foi como pesquisadora, para compartilhar este conheci-mento. Proponho este olhar sobre todo o projeto moda inclusiva: espaço de capa-citação e formação de novos profissionais, além de grande transformador dentro da área de vestuário e moda. Mesmo quem hoje não faz roupa sob este viés, terá de repensar se a estrutura de sua loja está apta a receber todas as pessoas, repensar como oferece seus serviços a toda a comunidade, em toda sua diversidade. Por isso, para mim, o projeto Moda Inclusiva não é apenas sobre criadores de moda, é sobre expandir as problemáticas da moda, atualizar práticas e saberes, pois moda não trata somente de consumo e tendência, moda dialoga, também, com aspectos comporta-mentais e políticos da vida em sociedade.”

Bárbara cravo

Page 14: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

26

“A pesquisa que desenvolvi no curso de Moda Inclusiva teve como ponto de partida a dança, com influência de dança de salão e balé. Dança é uma forma de expressão que contagia, tem vida própria e encanto. Quem dança tem alegria e tam-bém tem força. Bailarinas são fortes, dedicadas e possuem uma doçura só delas. A dança mostra como superar obstáculos através de nossos limites. Existem meninas cegas que dançam. me inspirei na história de uma moça que teve a perna amputada. ela dançava antes de perder a perna, e continuou fazendo isso depois de colocar a prótese.

Por isso meu tema do trabalho de moda sobre a dança mostra uma mulher que tem sua perna amputada, porém é autoconfiante e faz de tudo para ser feliz. A peça foi inspirada no macacão de dança de salão e a parte de cima no collant de balé. Acredito que toda mulher quer se sentir bonita e com um lado mais autoral. o maca-cão que criei traz poder para mulher, é uma peça versátil que pode ser usada em di-versas ocasiões. O tecido de renda traz um charme para a peça. O decote das costas evidencia o lado mais sexy. A dança é encanto e nela existem infinitas possibilidades.”

Karen Pontes Holzmann

“Atuando como modelista e costureira sempre tive a preocupação de atender a demandas femininas. um ajuste aqui, outro ali, sempre com o intuito de realçar o que cada mulher tem de melhor. O Curso de Moda Inclusiva me aproximou desta moda que sempre me pareceu algo distante. Pude notar que, neste mercado, são grandes os anseios por conforto, beleza e principalmente por sentir-se na moda. Ainda existe pouca atenção para este segmento. Por isso estudar moda inclusiva é uma fonte pro-gressiva de conhecimento que desperta outra visão, muito mais abrangente.

Para o meu trabalho, me inspirei nas cores e formas da Índia. Pensei no ‘Holi’, o festival indiano das cores, celebrado geralmente depois da última lua cheia do mês de março. Esta fantástica explosão de cores representa o arco-íris, a vivacidade, a alegria que contagia tudo e todos. E que também me contagiou.

A proposta do meu look é agregar benefícios nas peças usadas por mulheres com tetraparesia, que é a perda parcial das funções motoras dos membros inferiores e superiores. Minha ideia foi priorizar conforto e leveza sem deixar de lado a sensua-lidade da mulher.”

daise moura

Page 15: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

28

“O trabalho que desenvolvi no curso de Moda Inclusiva foi para mulheres defi-cientes visuais. Ser deficiente visual é ser diferente, mas ao mesmo tempo tão igual aos outros… no pensar, no agir, no querer, no fazer e no sentir. cabe a todos aceitar e aprender a conviver com as diferenças, diminuindo assim o preconceito. Existindo humanidade e acessibilidade o mundo com certeza será melhor, pois ele não é só o que se vê, é muito mais o que se sente.

O biquíni que criei é versátil e interativo, propõe novas opções de trocas através de abotoaduras diversas como botões, velcros, fivelas, fitas, passantes, amarrações. Foram usados botões em pontos estratégicos, tanto no top quanto na parte de bai-xo, que, com peças avulsas elaboradas para encaixe, formam novos looks, num novo conceito de sobreposição destacável. Que estimula a liberdade de escolha.

nas pesquisas descobri como usar o código Qr code para audiodescrição, que apliquei no produto e nas imagens. É muito fácil de se utilizar, tem versão gratuita, e permite aos fabricantes atender exigências inclusive da lei do consumidor.

A estética foi inspirada na arte grafite, misturando elementos de diversidade étnica e urbana. Selva que se mistura com pedras, mar, asfalto. Pensei em recortes da arte original do artista Samuel Luis Borges. Misturei formas e volumes geométricos. Nesta coleção as palavras de ordem são misturar, escolher, interagir.”

marilene Bego

“O tema escolhido para o meu trabalho de finalização do 1º Curso de Moda inclusiva foi o universo do jazz. durante as aulas, e conversando com pessoas com deficiência, pude perceber as necessidades de adaptação de vestuário que não são facilmente encontradas no mercado. encontrei na alfaiataria masculina uma oportuni-dade de desenvolver isso.

criei uma camisa social em malha suedine para dar mais liberdade aos movi-mentos e optei por fazer o punho simples sem botão, para facilitar o vestir. A calça foi uma peça desafiadora do look porque muitas pessoas com deficiência encontram dificuldade em vestir uma calça jeans sozinhas. Pensando nisso preferi um tecido que garantisse um maior conforto térmico e mais elasticidade, além de escolher modos de fechar específicos para facilitar a autonomia. Para o paletó, usei malha de neopre-ne, fiz três bolsos funcionais e um acabamento interno invisível.

durante o curso tive a oportunidade de me aprofundar em diversas áreas que permeiam a moda inclusiva. o estudo foi centralizado no desenvolvimento de uma coleção adaptada, porém os profissionais que compuseram o curso eram de diver-sas especialidades, e nos ensinaram inclusive a transformar a moda inclusiva em um negócio.”

letícia nascimento

Page 16: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

30

“Fiz o Curso de Moda Inclusiva por uma curiosidade no assunto e por ser um tema muito pouco explorado. Estava ansiosa pelo curso, pelas pessoas que encontra-ria e temas que seriam abordados.

Falamos sobre deficiências, mobilidade e desafios nas vestimentas. Conversamos sobre esse novo nicho de mercado e também a imagem que gostaríamos de passar através da moda criada para todos os públicos. O curso fez com que eu adquirisse uma consciência maior em relação às necessidades de cada ser humano.

Para a criação do look, fiz um estudo do público-alvo, dos materiais diferencia-dos e também pesquisei modelagem e tipos de fechamentos. O tema escolhido para inspiração foi a arquitetura russa, que é rica em formas orgânicas e cores fortes e vi-brantes, deixando um colorido alegre e energizante quando observada em conjunto.

criei recortes com formas diferentes na abertura de casacos, golas de camisas e bolsos das calças. Para facilitar amputados a se vestirem sozinhos foram colocados zíperes com aberturas totais nas duas pernas da bermuda. Também apliquei ímãs na barra para ajudar o zíper a encaixar mais facilmente. Tudo isso foi pensando na au-toestima e na sensação de autonomia que os seres humanos buscam.

o curso me proporcionou uma vivência única e muito enriquecedora. Pude trocar experiências com outras pessoas que atuam em diversas áreas da moda. A melhor surpresa que o curso me trouxe foi ter conhecido um grupo de futebol de amputados da cidade de mogi das cruzes. entrevistei alguns jogadores, conheci um pouco da história de cada um e fiz amizades, em especial com um jogador que esteve à minha disposição para todas as minhas dúvidas e se tornou um grande amigo. Foi uma experiência engrande-cedora, tanto na parte profissional quanto na minha vida pessoal.”

robertha Pereira navajas

“Meu projeto de Moda Inclusiva teve como inspiração a artista mexicana Frida Kahlo, que transformava suas dores em arte, vestindo-se sempre de cores alegres e vibrantes, mesmo com uma vida de intenso sofrimento e diversas desilusões.

Decidi realizar o sonho de um menina que ficou tetraplégica após um acidente vascular cerebral. ela desejava um vestido longo que pudesse vestir bem seu corpo, lhe desse independência de movimentos, e que não reduzisse ou colocasse em risco sua mobilidade na cadeira de rodas.

optei por combinar conforto e leveza num tecido branco com elastano. escolhi retalhos coloridos para o laço. Para que ela conquistasse independência em vestir a peça quase sem auxílio de outra pessoa, escolhi o modelo envelope. Ele contorna o corpo e é fechado por uma amarração feita pela própria pessoa. Há também a facili-dade de usar o banheiro, ou uma sonda se necessário. Pensando na segurança, criei um modelo mais ajustado às pernas que também embeleza, fator indispensável para essa moça vaidosa e jovem.

Todos estes fatores trazem independência à vida da pessoa com deficiência, que é algo que quase não se vê na maioria dos casos. Muitos nem escolhem a roupa que vão vestir, não são nem consultados a respeito. não raro se vêem restritos ao uso de peças que não demonstram sua personalidade, seu gosto, seu estado de espírito.

As orientações recebidas no curso de moda inclusiva, como os cuidados na preparação das aulas, além da cola-boração mútua de todas as alunas presentes, fizeram deste projeto algo pessoal para mim. Ainda que eu não tenha ne-nhuma pessoa com deficiência na minha família me interessei em melhorar a vida de algumas pessoas. e assim tornei minha vida melhor também.”

roberta carrano

Page 17: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

32

neste ano acontece a 7ª edição do concurso moda inclusiva interna-

cional, iniciativa que reúne estudantes e profissionais do Brasil e de outros

países. O objetivo é produzir looks que incluam pessoas com deficiência

no vibrante e importante universo da moda. como em todos os anos,

selecionamos neste livro parte do material dos finalistas do concurso com

seus croquis, imagens de referência e depoimentos sobre a inspiração e a

funcionalidade de cada peça criada.

Moda Inclusiva, o concurso

Page 18: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

34

Grupo educacional uniesp

Presidente Prudente – sP

AnA BeAtrizMArtins de Jesus

Page 19: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

36

insPirAÇÃO

FunCiOnALidAde

“A roupa é feita de duas pe-ças, calça e blusa, mas aparenta ser um macacão. A blusa tem bastante elasticidade, facilitando a vestimenta. A calça tem cós alto para maior con-forto da lombar e para poder colocar bem o cinto. o cinto tem alças com elástico que são reguláveis e fecho com encaixe para adaptação na ca-deira de rodas.”

“Eu me inspirei em cup-cakes, por serem bolos delicados e bem decorados e terem cores claras e suaves. meu projeto visa o bem-es-tar e a estética. As crianças com te-traparesia precisam usar cintos para manterem-se sentadas na cadeira de rodas, e como esses cintos geralmen-te são escuros e escondem a roupa, quis criar algo diferente. Por isso pen-sei em criar um cinto que fizesse par-te do look e que, além de manter a segurança da criança, fosse alegre e combinasse com a roupa.”

Page 20: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

38

universidade do estado de santa catarina - udesc

florianópolis – santa catarina

BeAtriz ListOn sALinAs

Page 21: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

40

FunCiOnALidAde

“A camisa dupla-face torna--se fácil de ser vestida por uma pes-soa que não vê porque não há lado direito ou avesso. A frente da camisa também é igual à parte de trás. Os botões são unidos de forma prática através de ímãs. O shorts, preso na cintura e com aparência de saia, ga-rante segurança, mobilidade e beleza à usuária. Ao invés de zíperes foram usados elásticos, o que também cola-bora com a autonomia do vestir.”

“O concurso Moda Inclusiva nos faz pensar num vestuário demo-crático e este trabalho foi feito para deficientes visuais parciais ou totais. A coleção, que se chama ‘Amplitude’, é baseada no ambiente desértico, onde há a passagem do frio para o quen-te, e mostra uma maneira de sentir o mundo sem poder vê-lo. em entre-vistas feitas com pessoas com defici-ência visual constata-se que, mesmo não enxergando, elas demonstram preocupação com a própria imagem, com o que querem transmitir para o mundo, assim como precisam de rou-pas que permitam autonomia na hora de se vestirem. A coleção, que se alia com o conceito de slow fashion, é versátil, atemporal, e busca unir con-forto e inovação.”

insPirAÇÃO

Page 22: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

42

BrunA de sOuzA OeweL

Universidade de São Paulo - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - USP EACH

são Paulo – sP

Page 23: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

44

FunCiOnALidAde

“O objetivo de toda mulher é estar linda e confortável. Consegui-mos isso neste look com modelagem justa nas costas da jaqueta e da blu-sa, e com cavas um pouco mais largas para facilitar movimentos de mulheres em cadeiras de rodas. As aberturas e fechamentos frontais também faci-litam, as mangas e a saia removíveis trazem praticidade. todas as costu-ras internas são protegidas para não machucarem, e a bota é totalmente adaptada para quem está sempre sentado.”

“Eu me inspirei neste trecho de um discurso da política americana Hillary Clinton: ‘por mais que seja-mos diferentes, há muito mais o que nos une do que o que nos divide’. Fala também de compartilhar um fu-turo em comum, para que possamos trazer dignidade e respeito para mu-lheres e meninas, e nova força e es-tabilidade para famílias. todos nós, mulheres e homens, sofremos com os estereótipos de gênero. É preciso acreditar que todos temos direitos e oportunidades iguais, em todas as esferas. É preciso lutar através do fe-minismo, assim como todas as super heroínas, mulheres comuns, fazem todos os dias.”

insPirAÇÃO

Page 24: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

46

BrunA MAriA siLvA GOdOy

universidade estadual de londrina - uel

Cambé – PR

Page 25: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

48

insPirAÇÃO

FunCiOnALidAde

“Esse vestido de noiva foi pensado para mulheres que usam prótese na perna. A peça possui um sistema de abertura em botões de pressão com regulagem de tamanho, o que permite um ajuste perfeito ao corpo. o elástico de segurança no busto evita que o vestido fique cain-do. Possui um shorts embutido para garantir conforto e segurança ao sen-tar, e um zíper lateral que facilita o manuseio da prótese. A mousseline longa deixa o look mais longilíneo e encobre a fenda na lateral do vestido, o que propicia maior mobilidade ao caminhar.”

“Quando eu era criança ama-va contos de fadas. nada me encan-tava mais que ouvir histórias cheias de amor, magia, princesas, príncipes e castelos. eu imaginava que minha vida seria como a das princesas. Hoje sei que a vida não é tão fácil como nos contos de fadas, mas ainda acredito no final feliz. E sei que todo mundo merece ser um príncipe ou uma prin-cesa, nem que seja por um só dia.”

Page 26: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

50

CLeide APAreCidA rOdriGues POntes

CAnsiAn

Escola Senai “Luis Massa”

Botucatu – sP

Page 27: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

52

FunCiOnALidAde

“Pacientes que usam sonda vesical enfrentam o preconceito, tan-tas vezes se deparando em ambientes públicos com sua bolsa coletora mui-to visível aos olhos, o que causa um certo desconforto e constrangimento. Pensando nisso criei um look onde o paciente possa usufruir de uma peça com estilo e dentro das tendências da moda, mas que atenda às suas neces-sidades especiais e preserve seu bem- -estar social. Bolsos grandes e formas limpas são a inspiração do momento, com um toque de cor, mas sem cha-mar atenção. Escolhi a moda camufla-da, que está de volta nessa coleção com estilo militar e urbano.”

“Os bolsos em formato de fole vêm com as medidas de profun-didade e extensão adequadas para o uso da bolsa coletora, e possuem uma abertura lateral que facilita a passagem da sonda visical. A peça foi criada e desenvolvida para atender às necessidades do paciente que se lo-comove normalmente e também para cadeirantes. A ideia é diminuir a limi-tação de movimentos e mostrar um estilo moderno atual, sem expor suas fragilidades.”

insPirAÇÃO

Page 28: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

54

eduArdO inACiO ALves

universidade Anhanguera - uniderp

campo Grande – ms

Page 29: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

56

FunCiOnALidAde

“Look composto por ma-cacão e blazer que trazem como opções, para facilitar o vestir, as aber-turas nas laterais com zíper. Para separar a parte superior da inferior, coloquei fechamento em velcro guia-do por botões. As costuras são embu-tidas para evitar o atrito com a pele. A peça tem bolsos para armazenamen-to de bolsa coletora e bolso funcional para guardar pertences.”

insPirAÇÃO

“Eu me inspirei no universo dos cordéis retratado pelas xilogravu-ras que são marcadas pela rica cria-tividade do imaginário. Também tra-tam de temas que remetem à cultura nordestina, seus anseios e sonhos, reinventando epopéias que demons-tram nossa fusão cultural e riqueza do folclore popular. o design da coleção busca não apenas satisfazer as neces-sidades específicas da moda inclusi-va, mas também quer demonstrar es-tilo e elegância. As peças podem ser utilizadas por indivíduos que não ne-cessitem de adaptação, mas buscam maior conforto.”

Page 30: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

58

eLiGOLAnde

núcleo de Pesquisa de mobilidade no vestuário mari lascano

Pelotas – rs

Page 31: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

60

FunCiOnALidAde

“As peças foram inspiradas nas Paralimpíadas do rio-2016, mas vão além dos trajes para a prática esportiva porque preferi focar nos desfiles que abrem esses grandes eventos esportivos. Pensei na cele-bração coletiva e na confraterniza-ção entre atletas e público, onde os atletas estão igualados, sem distin-ção. Depois imaginei o final, quan-do todas as delegações se juntam e formam uma espécie de mosaico de uniformes, com combinação de cores só percebida neste momento único.”

“A jaqueta possui bolso com lapela conversível e cós com com-partimento para firmar a carteira. O bolso ‘canguru’ tem abertura opos-ta à tradicional. o zíper da jaqueta pode ser preso à calça, o que facilita o fechamento. os zíperes destacáveis também têm encaixe facilitado. A cal-ça possui bolso frontal com abertura oposta e bolso traseiro com abertura inclinada e forro móvel.”

insPirAÇÃO

Page 32: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

62

FLAviA dA CunhA siLvA

faculdades integradas de Bauru - fiB

Bauru – sP

Page 33: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

64

insPirAÇÃO

FunCiOnALidAde

“Por ser uma peça única, o macacão é mais prático para vestir. Sua modelagem é ampla, com zíper e botão de pressão que proporcionam autonomia. É proposto em tecido com trama de cetim, densa e resisten-te, ao mesmo tempo que confortável por ter em sua composição o algodão e o elastano. foi pensado para pesso-as com ou sem deficiência, uma moda que serve para todos. Isso é a Moda Inclusiva”

“Eu me inspirei nas tendên-cias da moda primavera/verão 2016 procurando uma cor viva que expres-sasse alegria, determinação e energia. Também me preocupei em desenvol-ver um produto que buscasse a sus-tentabilidade. escolhi o tangerine, da vicunha, um tecido com caracte-rísticas ecológicas que em sua trama possui fios de poliéster vindos de gar-rafas Pet recicladas.”

Page 34: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

66

izABeLA CAMiLO BuenO

centro universitário de rio Preto - unirP

São José do Rio Preto - SP

Page 35: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

68

FunCiOnALidAde

insPirAÇÃO

“O top tem dois tipos de abertura: a de botão caseado nas cos-tas e pressão nos ombros. das duas maneiras temos a abertura comple-ta da peça, são duas possibilidades de desabotoamento. A calcinha tem botões na frente e também pode ser aberta totalmente.”

“A ideia de projetar peças para crianças nasceu de uma recen-te experiência no setor de confecção infantil e da percepção dos inúmeros cuidados e carinhos de que as crian-ças necessitam e muitas vezes são ignorados. Quando pensamos em roupas infantis a prioridade é o con-forto e a facilidade de vestir. unindo esta certeza com o universo lúdico em que elas vivem, me inspirei na água. imaginei uma criança e sua felicidade ao desbravar o mar pela primeira vez. Ao sentir o cheiro da água salgada e a areia nos pés. Ou então nas di-vertidas brincadeiras na piscina, nas bóias coloridas e no primeiro mergu-lho. desenvolvi o biquíni dupla face com quatro maneiras diferentes de se combinar, entre estampado e liso, e diversas formas de abertura que auxiliam a criança e a mãe na hora de vestir.”

Page 36: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

70

LuAneFiGueirÊdO

ALMeidA de sOuzA

universidade salvador - unifAcs

salvador – BA

Page 37: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

72

FunCiOnALidAde

“A vestimenta foi pensada para mulheres cadeirantes temporá-rias ou permanentes. A flexibilidade do tecido, o zíper aparente frontal da saia e o elástico na cintura tornam prático o vestir. o comprimento midi torna o uso sentado mais confortável. A blusa tem comprimento adequado para o modelo da saia e sua mode-lagem reta com gola larga também facilita o vestir.”

“O look foi inspirado na dinâ-mica acelerada da vida das mulheres cadeirantes que vivem nas grandes cidades e estão inseridas no mercado de trabalho. O estilo é urbano e cos-mopolita, com dress code de ambien-tes profissionais. A ideia desta criação foi melhorar a qualidade de vida des-sas mulheres, ganhando feminilidade e conforto na rotina de trabalho.”

insPirAÇÃO

Page 38: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

74

LuCAs MAGALhÃes

nAsCiMentO

centro universitário uninovAfAPi

teresina – Pi

Page 39: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

76

FunCiOnALidAde

insPirAÇÃO

“Após estudos baseados em pesquisa de campo com pessoas com deficiência visual, decidi optar pelo conforto utilizando tecidos leves, mas que trazem boa mobilidade e fácil identificação. Usei recortes e aplica-ções de texturas em pontos estraté-gicos para que o usuário identifique as peças com o tato. foram usados botões de ímãs que fazem um estalo de segurança quando fecham.”

“Para desenvolver meu tra-balho decidi me inspirar na estética que envolve as imagens de extrater-restres, seres de outras galáxias que se perpetuam há muitas décadas no imaginário social. Produzem diversas sensações, como o medo do desco-nhecido.”

Page 40: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

78

universidade tecnológica federal do Paraná - utfPr

olímpia – sP

MAriA vithóriA GuArineLO

squiLACe

Page 41: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

80

FunCiOnALidAde

insPirAÇÃO

“O velcro auxilia no vestir e na mobilidade. o poncho traz um ar de vanguarda diferenciada e chique e privilegia a mobilidade, o ato de ves-tir e o conforto pela maciez; além de valorizar a parte superior do corpo.”

“Crianças trazem a beleza exterior e interior. Mas elas também são diferentes, e todas são belas. de modo único, a criança com deficiência deve representar tudo o que é espe-cial, inclusive as maneiras diferentes de olhar a vida. imagino um univer-so no qual a fantasia e o ideal sejam presentes para que os pequenos se sintam bem. A inclusão precisa come-çar desde cedo, pois não há melhor momento do que a idade mais bela – a infância.”

Page 42: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

82

centro universitário salesiano de são Paulo - unisAl

Americana – sP

MAriÁhArAntes

Page 43: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

84

FunCiOnALidAde

insPirAÇÃO

“O look é pensado para pessoas que sofreram AVC (acidente vascular cerebral) e tiveram parte do corpo paralisado. Para adequar a rou-pa a essa realidade, coloquei tecido sanfonado em lugares estratégicos como debaixo do braço, no tronco e no ombro, que facilita o ato de vestir--se. A saia possui elástico no cós e na cintura.”

“Esse look foi inspirado na natureza, mais especificamente na le-veza das cores quando estão ao ar li-vre. As cores da saia são uma compo-sição do amanhecer. os tons de rosa, amarelo, azul e pérola sobrepostos constroem o céu pela manhã.”

Page 44: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

86

Universidade de São Paulo - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - USP EACH

são Paulo – sP

MAriAne LirA FerreirA

Page 45: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

88

FunCiOnALidAde

insPirAÇÃO

“A camiseta de malha com efeito tie-dye possui recortes de nu-vens em tecido macio e a saia godê de tiras de jeans entrelaçadas tem aplicações com strass, estimulando assim o tato da criança que não vê. Ambas as peças apresentam uma modelagem que não tem frente nem costas, possibilitando a vestimenta com mais facilidade. Já a bengala, au-xiliando na locomoção sem perder o conceito lúdico, é revestida com fitas adesivas nas cores do arco-íris.”

“Este projeto foi inspirado nas brincadeiras infantis, desde as mais simples, como deitar na grama e observar as nuvens com seus inusi-tados formatos no céu, pensando nos potes de ouro no final do arco-íris. Ou então ouvir os barulhinhos dos dados sendo jogados numa superfície plana, e sentir as bolinhas que representam os números de um a seis. vamos brin-car de vestir?”

Page 46: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

90

Faculdade Santa Marcelina / Pós-graduação SENAC

são Paulo – sP

rOBerthA PereirA nAvAJAs

Page 47: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

92

insPirAÇÃO

FunCiOnALidAde

“A bermuda foi pensada para que amputados possam ter mais autonomia para se vestir, por isso tem duas aberturas totais frontais com zí-per destacável. na barra foram apli-cados ímãs para ajudar na hora do fechamento. O suspensório fica preso na bermuda.”

“No trabalho que desenvol-vi para o curso de moda inclusiva fiz uma pesquisa com um time de fute-bol de amputados. os jogadores fo-ram muito solícitos ao esclarecerem minhas dúvidas. Por isso quis criar algo para aquelas pessoas que tanto me inspiraram. Para o tema, pesquisei sobre a arquitetura da rússia. com suas cores, formas orgânicas e alegria transmitida através da harmonia em que foi construída. criei um look com uma cartela de cores alegres, formas e acabamentos que visam a moda e o reforço da autoestima. criei cortes nas golas e estampas nos punhos. Ao mesmo tempo pensei nestas peças com fechamentos e apoios que aju-dassem não somente os amputados mas os que possuem uma menor mo-bilidade em geral, sem esquecer da linguagem da moda. “

Page 48: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

94

rOseLi APAreCidA MAdALOzzO

centro universitário nossa senhora do Patrocínio - ceunsp

indaiatuba – sP

Page 49: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

96

FunCiOnALidAde

insPirAÇÃO

“A funcionalidade deste tra-je é oferecer uma roupa com uma gola que comporte a traqueostomia e possa ser trocada sem a necessidade de troca da roupa toda. A gola tem, na periferia do orifício, a informação lúdica da figura de um ursinho, que modifica a percepção de ferimento.”

“O projeto ‘Vamos Brincar no Parque?’ foi idealizado para pro-porcionar a inclusão no meio infantil de crianças que são dependentes de traqueostomia para respirar. A inten-ção é desvincular a traqueostomia da ideia de doença, de ferimento. e as-sim fazer um traje que ajude a mãe a vestir seu filho e a criança a se sentir mais entrosada em seu meio.”

Page 50: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

98

sAMAntArussO

Accademia per l’Alta Moda “Istituto Palmisano”

foggia - Puglia – itália

Page 51: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

100

FunCiOnALidAde

insPirAÇÃO

“O forro atrás foi feito para evitar dobras na coluna e o forro nas mangas com cotoveleira para evitar que o braço se machuque ao apoiar--se na cadeira de rodas. Os botões automáticos laterais deixam a peça multifuncional porque além de serem decorativos podem formar bolsos es-tratégicos. A abertura lateral facilita a vestimenta ao mesmo tempo em que deixa intacta a sensualidade feminina. este design ajuda a usuária a acessar ambas as próteses.”

“Quis reforçar a feminilidade evitando criar uma peça que quises-se esconder as próteses e limitasse a elegância e o estilo. O vestido, de ex-trema classe, em preto intenso, pro-fundo e luminoso, feito num macio jersey, é para ser usado de noite. A assimetria do vestido já permite que a usuária não precise necessariamente esconder as próteses.”

Page 52: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

102

senthiLKuMAr venKAtALu

national institute of fashion technology

Maharastra – Índia

Page 53: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

INSPIRAÇÃO

FunCiOnALidAde

“A Kurta (peça de roupa in-diana que equivale a uma camisa com-prida) é feita de dois painéis de tecido e pode ser usada facilmente. vem com botão no pescoço que dá estabilida-de, enfeitado com espelhos e borda-dos. A manga traz zíper no ombro para facilitar o vestir e dar conforto. o laço da Kurta pode ser ajustado de acordo com o tamanho do corpo. A costura lateral com volume pode acomodar uma sonda de urina. na parte de trás, a roupa é mais curta para não criar vo-lume na cadeira de rodas. A churidaar (espécie de calça) tem zíperes estra-tégicos para facilitar o fechamento da roupa. As áreas de movimento, do joe-lho e tornozelo, têm design reforçado para não desgastar a peça. Na faixa da cintura há um elástico para que a calça não escorregue enquanto o usu-ário está sentado na cadeira de rodas. Pregas na virilha melhoram o conforto da roupa.”

“A coleção caravanserai, palavra que remete a antigas migra-ções, celebra o espírito de pessoas que nunca perdem a esperança e es-tão em busca constante de uma vida com abundância de alegria. como as tribos nômades do Rajastão, na Índia, que continuam em movimento em busca da vida. isso nos motiva a se-guir em frente, ultrapassando as per-das que aconteceram. O mundo é, ao mesmo tempo, um lugar louco, lindo, feio e complicado, que continua a se mover entre crises, da beleza ao es-tranhamento.”

104

Page 54: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

106

siLviAGrudinA

istituto europeo di design - ied

roma – itália

Page 55: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

108

FunCiOnALidAde

insPirAÇÃO

“Todas as peças deste look têm cintura assimétrica para que a região lombar não fique descoberta, já que a pessoa está sempre sentada. os jeans são ergonômicos e vêm com uma espécie de almofada de joelho ajustável para o conforto, um elásti-co que regula a cintura, bolsos fron-tais e zíperes para a fácil vestimenta. A biker jacket vem com material que impede a abrasão no antebraço (que está sempre apoiado na cadeira de rodas) e que reflete luz para visibilida-de noturna.”

“minha marca de moda in-clusiva urbana WOW (We On Wheels, significa ‘nós em rodas’) é pensada para utilizadores de cadeiras de rodas, ciclistas e motociclistas. A ideia veio da minha própria experiência porque minha irmã usa cadeira de rodas e eu sou uma ciclista urbana. o processo foi iniciado com um teste em 39 pes-soas da associação tetra-Paraplegici friuli venezia Giulia. As entrevistas me fizeram entender qual o tipo de vestuário essas pessoas preferem usar em suas vidas cotidianas e qual o gos-to delas. tentei atender a essas soli-citações adaptando o sportswear e o denim com conforto. A inspiração do estilo vem de um estudo do vestuário vintage de motociclistas, misturado a um design mais contemporâneo para o ciclismo profissional.”

Page 56: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

110

thAis LiMA de OLiveirA

centro universitário euroamericano - unieuro

Brasília – df

Page 57: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

insPirAÇÃO

FunCiOnALidAde

“Somos humanos, somos mi-lhares, a visão não é um privilégio, sua falta não é um defeito, somos diferen-tes nos pequenos detalhes. mesmo quem vê o mundo não depende dos olhos para se expressar. Tantas formas de criar nos rodeiam, mas o verda-deiro dom que temos é o de poder cativar. Quando pequena, me depa-rei com certa citação: ‘o essencial é invisível aos olhos’. talvez, naquela época, tenha me faltado interpreta-ção. Mas fui criada por alguém que me ensinou que o mundo vai além da visão, e que o mais flexível dos verbos é o de sentir. O que importa não é o que podemos enxergar, pois, se os olhos são a janela da alma, é o que está dentro de nós que temos que mostrar.”

“O colete contém aplicação com formas da silhueta de rosas e ovelhas, cada uma em um lado di-ferente da peça, feitas de tecidos e texturas distintas, aguçando o tato da criança que não vê. o fecho do cole-te é em ímã corrido, sendo possível para a criança fechar ou abrir sozinha. A bermuda é prática para vestir, sem fechos e apenas elástico, além de também possuir cortes diferentes nos lados, criando a distinção de esquer-da e direita na peça.”

112

Page 58: 2015 INCLUSIVAmodainclusiva.sedpcd.sp.gov.br/pdfs/cartilha_7_Concurso_Moda... · porém, se impõem, e no produto de moda podem estar ligadas à ergonomia, à an-tropometria, à usabilidade,

obra composta em Avenir, Arial e Arial Black, impressa pela imprensa oficial na primavera de 2015.