3 agrupamento e classificaÇÃo por tÉcnicas … · categorização são apresentados na figura 10...

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36 3 AGRUPAMENTO E CLASSIFICAÇÃO POR TÉCNICAS INTELIGENTES 3.1 INTRODUÇÃO Nas seções seguintes (3.2 e 3.3) são introduzidos os modelos de categorização e Neuro-Fuzzy que são a base dos módulos do Sistema de Classificação de Unidades Consumidoras de Energia Elétrica proposto. 3.2 TÉCNICAS DE CATEGORIZAÇÃO 3.2.1 Análise de Agrupamentos (Cluster Analysis) A categorização (clustering) é uma das técnicas mais utilizadas no processo de mineração de dados (data mining) para descobrir grupos e identificar distribuições de padrões ocultos em uma base de dados. A técnica de categorização (clustering) particiona um conjunto de padrões de entrada em grupos (clusters) homogêneos [3], de tal forma que os dados de um mesmo cluster são mais similares entre si que os dados encontrados em diferentes clusters [14]. A similaridade destes pontos é definida de acordo com critérios pré-estabelecidos. Por exemplo, considerando os registros de um banco de dados de uma empresa que contém os itens comprados pelos seus clientes, o procedimento de categorização poderá grupar clientes de forma que aqueles com padrões similares de compras estejam no mesmo cluster. Logo, o principal objetivo do processo de categorização é revelar a organização dos padrões em grupos que nos permitam descobrir similaridades e diferenças, bem como permitir extrair conclusões sobre esta distribuição. Esta idéia é aplicável em muitos campos da ciência, como medicina, engenharia, biologia, geologia e ciências sociais. No processo de categorização não há classes pré-definidas, nem exemplos que possam mostrar que tipos de relações desejáveis devem estar válidos entre os dados. Por esta característica o algoritmo utilizado neste processo é dito não supervisionado [22].

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3 AGRUPAMENTO E CLASSIFICAÇÃO POR TÉCNICAS INTELIGENTES

3.1 INTRODUÇÃO

Nas seções seguintes (3.2 e 3.3) são introduzidos os modelos de

categorização e Neuro-Fuzzy que são a base dos módulos do Sistema de

Classificação de Unidades Consumidoras de Energia Elétrica proposto.

3.2 TÉCNICAS DE CATEGORIZAÇÃO

3.2.1 Análise de Agrupamentos (Cluster Analysis)

A categorização (clustering) é uma das técnicas mais utilizadas no processo de

mineração de dados (data mining) para descobrir grupos e identificar distribuições

de padrões ocultos em uma base de dados. A técnica de categorização (clustering)

particiona um conjunto de padrões de entrada em grupos (clusters) homogêneos

[3], de tal forma que os dados de um mesmo cluster são mais similares entre si

que os dados encontrados em diferentes clusters [14]. A similaridade destes

pontos é definida de acordo com critérios pré-estabelecidos. Por exemplo,

considerando os registros de um banco de dados de uma empresa que contém os

itens comprados pelos seus clientes, o procedimento de categorização poderá

grupar clientes de forma que aqueles com padrões similares de compras estejam

no mesmo cluster. Logo, o principal objetivo do processo de categorização é

revelar a organização dos padrões em grupos que nos permitam descobrir

similaridades e diferenças, bem como permitir extrair conclusões sobre esta

distribuição. Esta idéia é aplicável em muitos campos da ciência, como medicina,

engenharia, biologia, geologia e ciências sociais.

No processo de categorização não há classes pré-definidas, nem exemplos

que possam mostrar que tipos de relações desejáveis devem estar válidos entre os

dados. Por esta característica o algoritmo utilizado neste processo é dito não

supervisionado [22].

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A categorização produz categorias iniciais nas quais os valores dos

padrões encontrados nos dados são classificados. Este processo pode resultar em

diferentes particionamentos dos dados dependendo dos critérios específicos

utilizados. Logo, existe a necessidade de pré-processamento antes de se iniciar a

tarefa de categorização. Os passos básicos para se desenvolver o processo de

categorização são apresentados na Figura 10 e podem ser resumidos como a

seguir [12]:

• Seleção de Características. O alvo é selecionar apropriadamente as

características nas quais a categorização se processará, representando o

máximo de informação possível concernente à tarefa de interesse. Para isto, o

pré-processamento de dados pode ser necessário antes da execução do

algoritmo de categorização.

• Algoritmo de Categorização (Clustering Algorithm). Este passo se

refere à escolha de um algoritmo que resulte na definição de um bom esquema

de categorização para um dado conjunto de dados. A medida de proximidade e

os critérios de categorização caracterizam o algoritmo, bem como sua

eficiência em definir um esquema de categorização que se ajuste ao conjunto

de dados.

i) Medida de proximidade é a medida que quantifica quão

similares são dois pontos no espaço de dados (i.e. vetores

característicos). Em muitos casos deve ser verificado se todas as

características selecionadas contribuem igualmente para computar a

medida de proximidade e se não há características dominantes em

relação às outras.

ii) Critérios de categorização - Neste passo devem ser

definidos os critérios de categorização, que podem ser expressos

através da função objetivo (OFV), ou através de algum tipo de regra.

• Validação dos resultados. A assertividade dos algoritmos de

categorização é verificada utilizando-se critérios e técnicas apropriadas. Uma

vez que algoritmos de categorização definem clusters que não são conhecidos

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a priori, independentemente do método de categorização, a partição final dos

dados requer algum tipo de avaliação na maioria das aplicações [29].

• Interpretação dos resultados. Em muitos casos, os especialistas na

área de aplicação têm que integrar os resultados de categorização com outras

evidências experimentais e análises, de forma a chegar a uma conclusão

correta.

Figura 10 – Processo de Categorização

Os inúmeros algoritmos de categorização podem ser divididos em duas

principais categorias: hierárquicos e não hierárquicos.

3.2.2 Algoritmos de Categorização Hierárquicos

A categorização hierárquica é um método estatístico para encontrar grupos

relativamente homogêneos baseados em características medidas (distância),

transformando um conjunto de pontos de dados em uma seqüência de partições

encadeadas. Este particionamento pode ser feito por dois métodos [10] [17]:

• Aglomerativo: Inicia com cada ponto sendo um cluster e

aglomera dois pontos a cada passo.

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• Divisivo: Inicia com todos os pontos em um único cluster e

dividindo um cluster em dois a cada passo.

Na categorização hierárquica, os clusters maiores podem conter clusters

menores ou subclasses e assim sucessivamente.

A Figura 11 apresenta um exemplo da árvore resultante da categorização

hierárquica. No nível 1 todas as amostras xi estão representadas como singleton

clusters. À medida que aumentam os níveis, mais amostras são categorizadas de

uma forma hierárquica.

Figura 11 – Estrutura de Categorização Hierárquica Aglomerativa

Os métodos aglomerativos são mais comumente utilizados. Estes

consistem em inicialmente listar os elementos da amostra em conjuntos singleton

S1, S2, ..., Sn. Então uma função de custo é utilizada para encontrar o par de

elementos {Si, Sj} que serão mesclados. Logo, Si e Sj serão removidos da lista e

substituídos pelo novo elemento resultante de Si ∪ Sj. Este processo iterativo

ocorre até que se tenha apenas um conjunto final. Portanto, a maior diferença

entre os vários métodos de categorização hierárquica aglomerativa refere-se à

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avaliação da função objetivo na mesclagem dos elementos Si e Sj a qual é denotada

por c(Si,Sj), conforme apresentado abaixo.

• Single-link (conectedness or minimum method) – A distância

entre um cluster e outro é computada como sendo igual a menor

distância de qualquer um dos elementos deste cluster até qualquer

um dos outros elementos do outro cluster.

• Average-link – A distância entre um cluster e outro é computada

como sendo igual a média das distâncias de todos os elementos

deste cluster até todos os outros elementos do outro cluster.

• Complete-link (diameter or maximum method) – A distância entre

um cluster e outro é computada como sendo igual a maior

distância de qualquer um dos elementos deste cluster até qualquer

um dos outros elementos do outro cluster.

A Tabela 1 apresenta um resumo das funções de avaliação mais

conhecidas no método aglomerativo.

Método Função de Avaliação Apresentado no Algoritmo

Single-link ,

min ( , )i i j j

i jx S x Sd x x

∈ ∈ SLINK [33]

Average-link 1 ( , )i i j j

i jx S x Si j

d x xS S ∈ ∈

∑ ∑ Voorhees’ method [36]

Complete-link ,

max ( , )i i j j

i jx S x Sd x x

∈ ∈ CLINK [7]

onde ( , )i jd x x é a distância entre ix e jx

Tabela 1 – Modelos Hierárquicos de Categorização

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3.2.3 Algoritmos de Categorização Não Hierárquicos

A categorização não hierárquica produz clusters separados e, portanto,

gera bons resultados quando um conjunto de dados é composto por um número

distinto de classes.

Os dois algoritmos de categorização mais comumente utilizados são:

• Hard C-Means [1] [17];

• Fuzzy C-Means [3].

3.2.3.1 Hard C-Means

Esta seção descreve brevemente o algoritmo hard c-means, também

referenciado na literatura como algoritmo k-means [1] [17].

O k-means é um método de categorização não-hierárquico rígido, criado para

agrupar dados não rotulados em categorias. É um dos métodos rígidos mais utilizados

por não impor restrições ao conjunto de amostras, podendo ser aplicado a qualquer

quantidade de dados [30].

Para um conjunto { }1, , nX x x= K de n amostras do espaço ℜD , onde as

classes do problema não são conhecidas, o método k-means associa cada amostra a

uma única categoria ou partição.

As categorias geradas assumem a forma de hiperesferas do ℜD de mesmo

tamanho, que são caracterizadas pelos seus centros.

Para o conjunto { }1, , cA a a= K de c partições rígidas, as seguintes

propriedades são válidas:

1

c

ii

a X=

=U (20)

i ja a = ∅I i j∀ ≠ (21)

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ia X∅ ⊂ ⊂ i∀ (22)

A eq. (20) expressa o fato de que o espaço amostral é formado pela união de

todas as categorias. A eq. (21) indica que nenhum elemento pode pertencer a mais

de uma categoria e a eq. (22) mostra que nenhuma classe pode ficar vazia ou

conter todos os elementos.

O valor de c deve variar entre 2 < c < n, dado que para c = l, todos os

pontos pertencem à mesma categoria e para c = n, cada ponto pertence à sua própria

categoria. Nestes dois casos, não existe de fato um problema de categorização.

Para o método k-means, cada categoria é representada por um centro do

conjunto { }1, , cV v v= K . Neste método, cada amostra é agrupada na categoria que

estiver mais próxima, ou seja, na categoria cuja distância Euclidiana da amostra ao

centro é mínima.

A distância Euclidiana é dada pela fórmula:

( ) ( )1

22

1

,=

⎡ ⎤= = − = −⎢ ⎥

⎣ ⎦∑

p

ik k i k i kj ijj

d d x v x v x v (23)

onde: kjx é o elemento j do k-ésimo vetor de dados

ijv é o elemento j do i-ésimo vetor v (centro dos clusters)

p é a dimensão do vetor de dados

A matriz de partição { }11, , cnU u u= K é a matriz das funções características iju ,

com c linhas e n colunas, que expressa a que categoria cada amostra pertence. O termo

iju é a função característica do j-ésimo ponto na i-ésima categoria.

Os valores possíveis de iju são l, se a amostra pertence à categoria, ou 0, se

a amostra não pertence à categoria. Suas propriedades são dadas por:

11

c

iji

u=

=∑ j∀ (24)

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1

0n

ijj

u n=

< <∑ i∀ (25)

10ìju ⎧

= ⎨⎩

ij i

ij i

u a

u a

∉ (26)

As eq. (24) e (26) garantem que uma amostra pertence a exatamente uma

categoria e a eq. (25) indica que nenhuma categoria é vazia e que o número máximo

de elementos é n-1.

O k-means encontra a melhor partição rígida com c categorias para um espaço

amostral minimizando a função objetivo J(U,V), que é dada pela fórmula:

( ) ( )2

1 1

,c n

ij iji j

J U V u d= =

= ∑∑ (27)

No algoritmo k-means, o fator de parada 0ε ≥ determina o seu término.

Quando a matriz U tem uma variação menor do que ε entre duas iterações, o

deslocamento dos centros das categorias no espaço é muito pequeno, não havendo

uma mudança significativa no formato das partições. Isto indica que o algoritmo se

estabilizou e uma solução eficiente foi encontrada.

Como o k-means é um método rígido (o que implica que sua matriz U é rígida), o

critério mais comumente utilizado é que a diferença entre a matriz U em duas iterações

deve ser igual a 0, indicando que os centros não foram deslocados ou não tiveram um

deslocamento significativo.

A Figura 12 ilustra quatro classes reais do 2ℜ para um conjunto de amostras

geradas aleatoriamente. O método k-means foi aplicado a este conjunto de amostras

para 4 categorias e o resultado é o deslocamento dos centros dos clusters, inicializados

aleatoriamente para os pontos C1, C2, C3 e C4, respectivamente.

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Figura 12 – Exemplo de Categorização pelo Algoritmo Hard C-Means

(Classes=4)

Algoritmo k-means;

Passo 1. Fixar o número de categorias c, 2 < c < n;

Passo 2. Inicializar aleatoriamente U, obedecendo às eq. (24) a (26);

Passo 3. Calcular o conjunto V dos c centros das categorias;

n

ik kk 1

i n

ikk 1

u xv

u

=

=

⋅=

∑ (28)

Passo 4. Recalcular a matriz U para os novos centros das categorias;

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SE ( )ij kjd min d , k c= ∀ ∈ /*se a categoria i é a mais próxima do ponto j */

ENTÃO iju 1=

SENÃO iju 0=

Passo 5. Comparar a nova matriz U com a anterior.

SE i, k∀ ik ik _ anterioru u− ≤ ε

ENTÃO fim

SENÃO volte para o Passo 3

3.2.3.2 Fuzzy C-Means

O algoritmo Fuzzy C-means (FCM), originalmente introduzido por J.

Bezdek em 1981, é a versão fuzzy do método rígido k-means, sendo empregado

para classificar um universo de amostras em categorias fuzzy de acordo com a sua

disposição no Espaço Euclidiano.

A informação a ser analisada é apresentada ao algoritmo na forma de

vetores “d” dimensionais. As componentes do vetor representam as “d”

características do objeto que são a base de comparação deste com outros objetos.

A saída do algoritmo define a classificação dos dados em clusters. Assim, os

centros dos clusters são buscados de maneira iterativa, visando-se minimizar a

função objetivo que representa a distância entre qualquer dado ao centro do

cluster. Os vetores de dados assinalados para o mesmo cluster são mais similares

entre si do que em relação aos vetores não assinalados para ele.

Considere um conjunto X = x1,…,xn de n vetores em Rd , representando os

dados. A categorização fuzzy de X em c clusters consiste em descobrir os valores

de µi,…,µn onde

[0,1]:Xi →µ e 1)( =∑ xi iµ , para todo Xx ∈

Estas funções são chamadas de funções de pertinência e representam o

grau de similaridade de um elemento com uma determinada classe.

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O algoritmo FCM produz fuzzy clusters da mesma forma que o algoritmo

k-means produz hard clusters [3], através da minimização de uma função objetivo

(OFV):

∑∑= =

−=n

k

c

iik

mik vxJ

1 1

2)(µ (29)

onde ikµ é o grau de pertinência do k-ésimo vetor de dados kx ao i-ésimo cluster.

A similaridade de objetos é medida pela distância entre vetores de dados. Os

vetores v1,…,vc são os centros dos clusters. Altos graus de pertinência ocorrem

para pontos próximos aos correspondentes centros de clusters.

O índice m é chamado de expoente de peso fuzzy. Quanto maior o valor de

m menos os pontos dos dados, cujas pertinências são uniformemente baixas,

contribuem para a função objetivo. Conseqüentemente, estes pontos tendem a

contribuir menos na determinação dos centros e das funções de pertinência. O

peso fuzzy m varia entre [1, ∞), e determina o grau de “nebulosidade” da solução

final, que é o grau de sobreposição entre as classes (clusters). Com m=1, obtém-se

uma partição rígida (hard). À medida que m→∞, a solução se aproxima do seu

mais alto grau de fuzzificação.

A minimização da função objetivo é demonstrada a seguir:

0)(2 =−−=∂∂ ∑ ik

m

kik

i

vxvJ µ (30)

Logo,

m

kik

km

kik

i

xv

)(

)(

∑∑

µ (31)

Para o cálculo da outra derivada parcial, utilizando o método

multiplicativo de Lagrange com a condição 1)( =∑ xi iµ , obtém-se:

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0)( 21 =−−=∂∂ − λµµ ik

mik

ik

vxmJ (32)

onde λ é o termo multiplicador de Lagrange.

Conseqüentemente,

∑ −

−=

jm

ik

mik

ikvx

vx))1/(1(2

))1/(1(2

)/1(

)/1(µ (33)

Caso estas equações pudessem ser resolvidas de uma forma objetiva, não

iterativa, a solução levaria diretamente à categorização fuzzy. Infelizmente isto

não é possível, mas estas equações servem como base para o processo iterativo

que convergirá para o mínimo local da função objetivo.

Logo, o método Fuzzy C-Means é um algoritmo iterativo que tem os

seguintes passos:

Algoritmo Fuzzy C-Means;

Passo 1. Escolhem-se os valores para c(número de clusters), n(número de

amostras) e para a matriz U (c x n) que é uma estimativa inicial dos

valores de pertinência.

(34)

Passo 2. Aplicando-se estas pertinências à eq. (35), obtém-se os centros

dos clusters.

m

kik

km

kik

i

xv

)(

)(

∑∑

µ

(35)

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Passo 3. Calculam-se as distâncias de cada elemento no conjunto de dados

a cada centro de cluster por:

( ) ( )1

22( ) ( ) ( ) ( )

1

,=

⎡ ⎤= = − = −⎢ ⎥

⎣ ⎦∑

pt t t t

ik k i k i kj ijj

d d x v x v x v (36)

onde: ( )tkjx é o elemento j do k-ésimo vetor de dados no instante t

( )tijv é o elemento j do i-ésimo vetor v (centro dos clusters) no

instante t

p é a dimensão do vetor de dados

Passo 4. Atualizam-se os valores de pertinência para cada elemento. Os

valores atualizados de ikµ do elemento k no cluster i são computados pela

eq. (25) que pode ser reescrita por:

( )

( t 1)ik 2

m 1c (t )ik(t )

j 1 jk

1

dd

+

=

µ =⎡ ⎤⎛ ⎞⎢ ⎥⎜ ⎟⎜ ⎟⎢ ⎥⎝ ⎠⎣ ⎦∑

(37)

A eq. (28) garante que o somatório dos valores de pertinência de um

elemento sobre todos os clusters é igual a unidade. No caso do

denominador )(tikd ser igual a zero, (ou extremamente pequeno), temos

0)1( =+tjkµ (j = 1, 2, ..., c para j≠i) e 1)1( =+t

ikµ . Este caso corresponde ao

elemento kx coincidindo com o centro do cluster )(tiv .

Passo 5. A matriz )1( +tU é, então, recalculada com os novos valores de

pertinência:

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(38)

Passo 6. O processo iterativo termina quando as pertinências, ou os

centros dos clusters, após sucessivas iterações forem inferiores a uma

tolerância pré-estabelecida; do contrário uma nova iteração é executada

fazendo-se t = t + 1 e retornando-se ao passo 2. A verificação da tolerância

pode ser feita por:

εµµ ≤−+ )()1(

,max t

ikt

ikki (39)

onde ε é a tolerância pré-definida.

O algoritmo Fuzzy C-Means descrito acima está baseado na tentativa de se

minimizar iterativamente a distância entre os elementos em cada um dos clusters

enquanto a distância entre os centros dos mesmos é maximizada. Como

demonstrado [3], a convergência do algoritmo após o processo iterativo definirá,

aproximadamente, um mínimo local para a função objetivo. A taxa de

convergência tende a ser maior, ou seja, com menor número de iterações, quando

m é próximo de 1 (valor CESP).

3.2.4 Medidas de Desempenho do FCM

Considerando que os algoritmos de categorização são não-

supervisionados, independentemente de o método aplicado ser rígido (hard) ou

nebuloso (fuzzy), o número final de partições dos dados requer algum critério de

validação. Esta análise de desempenho da categorização permite encontrar o

número ótimo de classes.

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Um método consistente de validação para o FCM deve considerar

simultaneamente a compactação e a separação das partições. Considerando uma

análise baseada exclusivamente no índice de compactação, a partição ótima seria

aquela em que cada elemento do conjunto de dados fosse considerado como sendo

uma classe. Em contrapartida, considerando uma análise baseada exclusivamente

no índice de separação, a partição ótima seria o conjunto total de dados em uma

única classe, ou seja, índice de separação igual a zero. Logo o melhor

particionamento do espaço amostral é obtido pela minimização dos dois critérios

[29].

A seguir serão apresentadas as principais medidas de desempenho do FCM

utilizadas na literatura.

3.2.4.1 Medidas de desempenho do Expoente Fuzzy (m)

• A Função Objetivo “J” (OFV - Objective Function Value) - decresce

monotonicamente com o aumento do número de clusters e com o aumento

do valor do expoente fuzzy (m).

• O valor mJ ∂∂ / é a derivada do valor da função objetivo OFV em relação

ao expoente fuzzy m. O melhor valor de m para um dado cluster está no

ponto máximo da curva ( )J / m− ∂ ∂ vs. classe.

3.2.4.2 Medidas de Desempenho e Validação do Número de

Categoria

• FPI (Fuzziness Performance Index) [28] - é uma medida de validação do

número de categorias ideal de um conjunto amostral derivada do

coeficiente de partição [31].

Ele estima o grau de “nebulosidade” (fuzziness) gerado por um

número específico de categorias (clusters). O número ótimo de categorias

é obtido pelo valor mínimo de FPI. Sua fórmula é dada por:

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111

−−

−=c

cFFPI (40)

Onde F é o Coeficiente de Partição [31], que indica o número

ótimo de categorias de um espaço amostral quando seu valor máximo é

atingido [19]. Em um espaço particionado o domínio de F varia no

intervalo 1/c ≤ F ≤ 1.

F é dado por:

2

1 1)(1 ∑∑

= =

=n

i

c

kikn

F µ (41)

F assume 1 quando a matriz U (eq. (34)) é rígida (hard), ou seja,

tem todos os seus elementos iguais a 0 ou 1.

Para F = 1/c, o sistema atinge o maior grau de nebulosidade

possível, ou seja, cada ponto pertence a todas as categorias com o mesmo

grau de pertinência (1/c). Logo, F é influenciado pelo número de

categorias e pelo aumento da sobreposição destas, decrescendo à medida

que o número de categorias aumenta.

À medida que o FPI se aproxima de 1, aumenta o grau de

compartilhamento entre as classes. Quando o FPI se aproxima de 0, as

classes se tornam mais distintas com menor grau de sobreposição. No caso

de FPI=0, as classes não são mais fuzzy e se tornam crisp.

• MPE (Modified Partition Entropy) [2] [31] – estima o grau de desordem

gerado por um número específico de clusters. Como o FPI, seus valores

variam entre 0 e 1. À medida que o MPE se aproxima de 1, a desordem é

predominante, enquanto que valores próximos de 0 indicam excelente

organização.

O valor do Modified Partition Entropy (MPE) é dado por:

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cHMPE

log= (42)

onde H é a Função Entropia de Partição, que indica o número

ótimo de categorias de um espaço amostral quando seu valor mínimo é

atingido [19]. Em um espaço particionado o domínio de H varia no

intervalo log(c) ≥ H ≥ 0.

H é dada por:

)log(11 1

ik

n

i

c

kikn

H µµ∑∑= =

−= (43)

H assume 0 quando a matriz U (eq. (34)) é rígida (hard), ou seja,

tem todos os seus elementos iguais a 0 ou 1.

Para H = log(c), o sistema atinge o maior grau de “nebulosidade”

possível. Logo, H é influenciado pelo número de categorias e pelo

aumento da sobreposição destas, apresentando um comportamento

crescente à medida que o número de categorias aumenta.

• Distância de separação - Separate Distance (S) [37] – estima o grau de

compacidade e separação das categorias geradas.

Quanto menor o valor de S (eq. (44)), melhor a disposição das

categorias. Minimizar S corresponde a minimizar a função objetivo Jm, que

é a finalidade do algoritmo FCM. Para a constante nebulosa m, S é escrita

como:

m2min

JSn.d

= (44)

Onde n é o número de elementos da amostra.

A função objetivo Jm é dada por:

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53

n c2 2

m ik iki 1 k 1

J d= =

= µ∑∑ (45)

O fator dmin é a distância Euclidiana mínima entre dois centros de

categorias (clusters):

min ,min i ji j

d v v= − (46)

Finalmente, substituindo as eq. (45) e (46) na eq. (44) tem-se:

22

1 12

,

min

c n

ij i ji j

i ji j

v xS

n v v

µ= =

−=

∑∑ (47)

A tabela 2 apresenta um resumo das medidas de validação de

categorias nebulosas e suas principais características detalhadas nesta

seção.

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54

Medidas de

Validação

Intervalo Valor Ótimo Característica

111

−−

−=c

cFFPI 0 ≤ FPI ≤ 1 Minimizar Estima o grau de

nebulosidade gerado

por um número

específico de

clusters

cHMPE

log= 0 ≤ MPE ≤ 1 Minimizar Estima o grau de

desordem gerado

por um número

específico de

clusters

22

1 12

,

min

c n

ij i ji j

i ji j

v xS

n v v

µ= =

−=

∑∑ 0 ≤ S ≤ ∞ Minimizar Estima o grau de

compacidade e

separação das

categorias geradas

Tabela 2 – Medidas de Validação Nebulosas

3.2.5 Método Pareto Aplicado a Problemas Multi-Objetivos

O método Pareto é uma técnica usada para a solução de problemas com

múltiplos objetivos. Se existem dois objetivos a serem otimizados, será possível

encontrar uma solução ótima com relação ao primeiro objetivo, e uma outra

solução ótima com relação ao segundo objetivo.

Todas as soluções potenciais resultantes da otimização do problema de

multi-objetivos são classificadas em soluções dominadas e soluções não-

dominadas (conjunto Pareto-Ótimo) [23].

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55

Considerando um problema de minimização, a solução x é dominada se

existe uma solução y melhor que x para todos os objetivos ( )if i 1, , k= K :

( ) ( )i if x f y≤ para todo 1 i k≤ ≤ (48)

Figura 13 – Método Pareto - Conceito de Dominância

Exemplo: Considerando o critério de minimização para as funções f1 e f2,

aplicando o conceito de dominância de Pareto às soluções apresentadas na Figura

13, pode-se concluir que:

• A e B são boas soluções, embora nenhuma seja melhor nos dois critérios;

• A e B são não-dominadas, pois não existem soluções melhores

considerando ambos os critérios;

• C, D, E e F são dominadas por outras soluções.

f1

f2

A

BC

DE

F

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56

3.3 SISTEMAS NEURO-FUZZY DE CLASSIFICAÇÃO

Sistemas Neuro-Fuzzy são sistemas híbridos que associam a capacidade de

aprendizagem das Redes Neurais Artificiais com a capacidade de interpretação

lingüística dos Sistemas de Inferência Fuzzy. Esta combinação resulta nas

seguintes propriedades:

• Um sistema Neuro-Fuzzy é um sistema Fuzzy que é treinado por

algoritmos de aprendizado baseados na teoria das redes neurais

artificiais [5];

• Um sistema Neuro-Fuzzy pode ser visto como uma rede neural de três

camadas feedforward. A função de ativação é substituída por

operações t-norm e t-conorm. A primeira camada representa as

variáveis de entrada, a segunda camada (oculta) representa a base de

regras e a terceira camada representa as variáveis de saída [24];

• Um sistema Neuro-Fuzzy pode ser interpretado como um sistema de

base de regras fuzzy. É possível criar uma base de regras a partir de um

conjunto vazio, ou inicializá-lo a partir do conhecimento de um

especialista [25];

• O processo de aprendizagem de um sistema Neuro-Fuzzy considera as

propriedades semânticas do sistema fuzzy, resultando em restrições nas

modificações dos parâmetros do sistema;

• Um sistema Neuro-Fuzzy aproxima uma função n-dimensional (não

conhecida) que está parcialmente definida pelos dados de treinamento.

Como nas pesquisas e desenvolvimento da metodologia dos sistemas

híbridos Neuro-Fuzzy participam pesquisadores das duas áreas, têm-se duas

abordagens principais [15]:

o Redes de estrutura fixa, adotada na maioria das vezes pela

comunidade de pesquisadores da área de sistemas Fuzzy;

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57

o Redes de estruturas auto-evolutivas, apresentadas pela comunidade

de pesquisadores da área de Redes Neurais.

Nas seções seguintes serão apresentados os Sistemas Neuro-Fuzzy de

Classificação NEFCLASS [24] e NFHB-Invertido [13] utilizados neste trabalho.

3.3.1 Modelo NEFCLASS

O modelo NEFCLASS representa um sistema híbrido neuro-fuzzy cujo

algoritmo de aprendizado está baseado em duas etapas principais:

• Aprendizado quando a estrutura do classificador é criada;

• Ajuste do classificador pela determinação dos parâmetros do

sistema através de um método iterativo de treinamento visando

aumentar a acurácia sem perder a interpretabilidade semântica.

O sistema de classificação Neuro-Fuzzy NEFCLASS é um sistema derivado

do modelo fuzzy perceptron genérico de três camadas. O modelo NEFCLASS pode

ser inicializado pelo conhecimento a priori (inserindo regras “se-então”) e pode ser

interpretado desta mesma forma após o processo de aprendizado, i.e., não é uma

“caixa preta” como usualmente são as redes neurais. Uma vez criada a base de

regras, o NEFCLASS incorpora o conhecimento dos conjuntos fuzzy adquirido

durante o processo adaptativo dos parâmetros das funções de pertinências relativos

ao algoritmo de treinamento supervisionado. Como as regras não são ponderadas

(pesos = 1), simplifica-se a análise semântica e conseqüentemente a interpretação

dos resultados.

3.3.1.1 Arquitetura

A estrutura do Sistema Neuro-fuzzy NEFCLASS é representada por uma

Rede Neural feedforward [16] de três camadas conforme apresentada na Figura

14.

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58

Figura 14 – Arquitetura do modelo NEFCLASS

onde:

• kU é o conjunto de neurônios da camada k;

• uex associa uma entrada externa a cada neurônio 1∈u U ;

• Au associa uma função de ativação [ ]: 0,1ℜ →uA a cada neurônio ∈u U para calcular a ativação ua com:

( )( ) ( )= =u ua A ex u ex u para todo 1∈u U

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59

e

=u ua net para todo { }, 2,3∈ ∈iu U i

• Ou associa uma função de saída [ ]: 0,1ℜ →uO a cada neurônio

∈u U para calcular a saída ( )= =u u u uo O a a para todo ∈u U .

• ( )1 2,′i jW u u é o peso na conexão do i-ésimo neurônio ′u da camada 1 ao j-ésimo neurônio u da camada 2;

• unet é a função de ativação da rede calculada com:

t-norm para todo 2∈u U

e

t-conorm para todo 3∈u U

A arquitetura do modelo NEFCLASS possui as seguintes características:

o A primeira camada representa as variáveis de entrada de cada

padrão p;

o A camada oculta representa as regras fuzzy;

o A terceira camada representa as variáveis de saída, uma unidade

(neurônio) para cada classe;

o Os neurônios utilizam t-norms e t-conorms como função de

ativação;

o Os conjuntos fuzzy são codificados como pesos na conexão dos

neurônios entre a camada de entrada e a camada oculta;

o Para manter a clareza semântica do modelo, as conexões da

camada escondida com a camada de saída têm peso 1 (conexão

existente) ou peso 0 (conexão inexistente);

o Cada neurônio da camada oculta só pode estar ligado a um

neurônio na camada de saída, ou seja, cada regra só pode ter como

conseqüente uma única classe.

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60

3.3.1.2 Algoritmo de Aprendizado para Criação da Base de Regras

O sistema NEFCLASS pode ser construído a partir de um conjunto inicial

de padrões, ou pode partir de uma base de regras vazia que será criada em função

dos dados de treinamento (padrões). Cada variável de entrada terá seu domínio

particionado em conjuntos fuzzy (Figura 15).

Figura 15 – Classificação após aprendizado das regras a partir dos dados

de entrada x e y

Considerando funções de pertinência triangulares descritas por três

parâmetros (a,b,c) conforme indicado na Figura 16 (página 45), tem-se :

(49)

Os conjuntos fuzzy mais à direita e mais à esquerda do universo de

discurso são representados como metades de um trapézio.

Considerando um sistema NEFCLASS com as seguintes características:

x y

c1 c2

R1 R3R2

x y

c1 c2

R1 R3R2

small medium large

x

y

smal

lm

ediu

mla

rge

⎪⎪⎪⎪

⎪⎪⎪⎪

⎪⎪⎪⎪

⎪⎪⎪⎪

∈−−

∈−−

=µ→ℜµ

contrário caso0

]c,b[x sebcxc

)b,a[x seabax

)x(],1,0[: c,b,ac,b,a

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61

n unidades na camada de entrada x1,...,xn;

k ≤ k max , onde,

k max é um parâmetro que representa o número máximo de regras

(unidades de neurônios na camada escondida);

k é o número inicial de regras (conhecimento prévio; para k = 0: base de

regras vazia);

m unidades na camada de saída: c1,...,cm (m é o número de classes);

Um conjunto de treinamento L ={(p1,t1),...,(ps,ts)} de s padrões, cada um

consistindo em um padrão de entrada p ℜ∈ n e um padrão de saída

(target) t ∈{0,1}m.

Considerando que o sistema NEFCLASS é inicializado com k ≤ k max

regras fuzzy, a criação da base de regras do NEFCLASS terminará quando for

encontrada, para cada padrão p, a combinação dos conjuntos fuzzy que possuam o

maior grau de pertinência. Esta combinação de conjuntos fuzzy é o antecedente de

uma regra promissora. Caso este antecedente não exista na base de regras, ele será

incluído. O conseqüente das regras é avaliado a partir do somatório de todos os

graus de pertinência de cada padrão em relação a cada classe de saída. A classe

que apresentar o maior valor de pertinência é a escolhida.

Após o processamento de cada um dos padrões de treinamento, obter-se-á

uma base de k’ regras. Se k’> kmax, somente as melhores kmax regras (método de

aprendizado das melhores regras) ou as melhores kmax / m (método de aprendizado

das melhores regras por classe) serão mantidas, enquanto que todas as outras serão

excluídas da base.

O método de seleção das melhores regras considera o valor do

desempenho de cada regra, que é computado durante o processamento dos

padrões. Se uma regra classifica um padrão corretamente, seu grau de pertinência

é somado ao valor de desempenho da regra; caso contrário, o valor é subtraído. A

eq. (50) apresenta o cálculo do desempenho de uma regra.

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62

( ) ( )1

1 1 , onde

0 se classe( ) consequente( )1 caso contrário

=

= −

=⎧= ⎨

∑ x

x

Nc

r r pp

p r

P RN

Rc

(50)

onde:

N é o número de padrões;

( )r pR x é o grau de pertinência da regra r (net) para o padrão px .

Algoritmo de aprendizado em pseudocódigo:

para (todos os padrões p) faça

ache o antecedente A,

de forma que A( p) seja máximo;

se A não está na lista de antecedentes (A ∉L) então inclua A em L;

fim;

para (todos os antecedentes A ∈L) faça

ache o melhor conseqüente C para A;

crie a base de regras candidata R = (A,C);

determine o desempenho de R;

inclua R na base de regras B;

exclua R da lista de candidatas;

fim;

3.3.1.3 Algoritmo de Treinamento dos Conjuntos Fuzzy

O algoritmo supervisionado do NEFCLASS é executado de forma cíclica

utilizando o conjunto de padrões de treinamento, até que um determinado critério

de parada seja satisfeito, como, por exemplo, o número mínimo de padrões

classificados incorretamente, o valor do erro chega ao valor mínimo local, etc.

(Figura 17).

Após a propagação de um padrão, o erro é determinado para cada unidade

de saída. A partir deste erro, verifica-se em cada unidade de regra ativada na

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63

camada escondida se o grau de pertinência deve ser aumentado ou diminuído

(Figura 16). Somente a função de pertinência identificada como responsável pela

avaliação do grau é ajustada. No modelo NEFCLASS o ajuste da função de

pertinência somente ocorrerá se não for violada nenhuma restrição de integridade

estabelecida pelo usuário. Como exemplo de restrições tem-se:

Os conjuntos fuzzy deverão se manter simétricos;

Os conjuntos fuzzy deverão se sobrepor em um grau fixado;

Os conjuntos fuzzy não poderão ultrapassar uns aos outros, ou seja,

deverão manter sua posição relativa no domínio de discurso da variável.

Os graus de pertinência deverão ter a soma igual a 1.

Figura 16 – Treinamento dos conjuntos fuzzy

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64

Figura 17 – Gráfico NEFCLASS de Erro durante o Treinamento dos

Conjuntos Fuzzy

Do ponto de vista da arquitetura e do fluxo de dados, os conjuntos fuzzy

são treinados por um algoritmo tipo backpropagation [5]. Diferentemente da

aplicação em Redes Neurais, o NEFCLASS não utiliza o cálculo do gradiente

descendente. A heurística para o algoritmo de aprendizado dos conjuntos fuzzy é

extremamente simples e consiste em deslocar a função de pertinência à direita ou

à esquerda, fazendo que o grau de pertinência ( )xµ de um conjunto fuzzy x seja

aumentado ou reduzido (Figura 16). A seguir o algoritmo de aprendizado em

pseudocódigo, considerando-se uma função de pertinência triangular.

repita propague o próximo padrão (p,t);

para unidade de saída ic faça ( )= −i i iec t activation c ; */ it = alvo (target) /*

para cada regra R com activation(R)>0 faça ( ) ( )( ) ( )( )1 ,= ⋅ − ⋅ ⋅∑R ie activation R activation R W R c ec

{ }( ) ( ){ }

1, ,arg min ,

⊂=

Ki i

i nj W x R p

( ),= jW x Rµ

*/ ,a bµ µ and cµ são parâmetros do conjunto fuzzy µ /* */ learning rate 0>σ /*

( ) ( )( )

( )

sgn ;

;

;

= ⋅ ⋅ − ⋅ −

= − ⋅ ⋅ − +

= ⋅ ⋅ − +

b R i

a R b

c R b

e c a p b

e c a

e c a

µ µ µ

µ µ

µ µ

δ σ

δ σ δ

δ σ δ

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65

modifique µ com , ,a b cδ δ δ , sem violar a integridade (constraints) para µ ;

fim; até (erro não mude ou seja atendido o critério de parada);

3.3.1.4 Redução na Base de Regras

Para garantir uma boa interpretabilidade do modelo e melhorar a

generalização, o NEFCLASS utiliza quatro estratégias de redução da base de

regras, a saber:

a-) Redução de Variáveis

Este método consiste em encontrar variáveis que não são importantes

para a classificação. A correlação entre as variáveis de entrada e a classe de

informação é utilizada visando uma ordenação para teste. A variável que

apresenta o menor grau de correlação é testada primeiramente sendo excluída

dos antecedentes de todas as regras. A seguir é feita uma verificação de

consistência das regras e os conjuntos fuzzy são treinados. Se houver uma

melhora de performance na classificação, o classificador é mantido. Caso

contrário, é recuperado o melhor classificador até então armazenado. O

processo descrito é repetido para todas as variáveis com baixo grau de

correlação.

b-) Redução de Regras

Consiste em excluir uma regra que nunca ou raramente resulta no grau

máximo de pertinência para uma determinada classe dada pelo seu

conseqüente. Todos os padrões são apresentados às regras. Para cada regra é

guardado o número de ocorrências de classificações corretas que produzem o

grau máximo de pertinência para cada classe. A regra com o menor número de

ocorrências é excluída da base e os conjuntos fuzzy são treinados. Se houver

uma melhora de performance na classificação, o classificador é mantido. Caso

contrário, é recuperado o melhor classificador até então armazenado. O

processo descrito é repetido para todas as regras com baixo número de

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66

ocorrências. O processo pára quando não há mais melhoria de performance do

classificador, ou quando existe apenas uma regra por classe.

c-) Redução de Conjuntos Fuzzy Consiste em eliminar os conjuntos fuzzy cujo suporte é muito largo

dentro do domínio de discurso de uma variável. O processo ordena os

conjuntos fuzzy por largura do suporte. O conjunto fuzzy com maior largura

de suporte é excluído do antecedente de todas as regras. A seguir é feita uma

verificação de consistência das regras e os conjuntos fuzzy são treinados. Se

houver uma melhora de performance na classificação, o classificador é

mantido. Caso contrário, é recuperado o melhor classificador até então

armazenado. O processo pára quando não houver mais ganho de performance

do classificador. O procedimento descrito é repetido para todos os conjuntos

previamente selecionados com suporte largo.

d-) Redução de Termos

Consiste em eliminar termos que não influenciam o grau de pertinência

do conseqüente de uma regra. É verificado para cada regra se a retirada de um

termo lingüístico relativo a uma variável mantém o grau de pertinência do

conseqüente da regra. A regra com o menor número de casos é selecionada e o

termo é excluído dos antecedentes. Se houver uma melhora de performance na

classificação, o classificador é mantido. Caso contrário, é recuperado o melhor

classificador até então armazenado. O processo pára quando não houver mais

ganho de performance do classificador.

A seguir o algoritmo em pseudocódigo da redução da base de regras.

repita selecione o método de redução;

repita execute o passo de redução; traine os conjuntos fuzzy;

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se (não há melhoria)

então desfaça o passo de redução;

até (nenhuma melhoria);

até (fim dos métodos);

3.3.2 Modelo Neuro-Fuzzy Hierárquico BSP Invertido

Os Sistemas Neuro-Fuzzy Hierárquicos [32] NFHB (Neuro-Fuzzy

Hierárquico Binary Space Partitioning), admitem um número de entradas

ilimitado e ainda são capazes de gerar automaticamente a sua própria estrutura e

criar sua base de regras. Esses modelos utilizam um método de particionamento

recursivo que divide o espaço de entrada das variáveis (características) do sistema,

sucessivamente, em duas regiões. Essa divisão recursiva do espaço de entrada

pode ser representada por uma árvore binária que ilustra as sucessivas subdivisões

do espaço de entrada.

Entretanto, o modelo NFHB, criado por [32], não é ideal para um sistema

classificador de padrões. Primeiramente, o modelo NFHB possui apenas uma

saída; para utilizá-lo como um classificador seria necessário criar um critério de

faixa de valores (janelas) na saída, onde cada faixa representa uma determinada

classe. Esse critério de faixas, no entanto, pode prejudicar o desempenho do

sistema, uma vez que as distâncias entre as faixas não têm, necessariamente,

relação com as distâncias entre as classes no espaço de entrada.

Em segundo lugar, o modelo NFHB original utiliza o método de inferência

Takagi-Sugeno [34], o que prejudica a interpretabilidade das regras,

principalmente nas aplicações de classificação.

Assim, foi derivado o modelo NFHB-Invertido [13] dedicado à

classificação de padrões e extração de regras, que utiliza a arquitetura do modelo

NFHB original na fase de aprendizado e em seguida inverte a estrutura gerada para

a validação dos resultados. A inversão adaptou o novo sistema à tarefa especifica

de classificação, pois se passou a ter o número de saídas do sistema igual ao

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68

número de classes ao invés do critério de faixa de valores utilizado no modelo

NFHB original.

Além do objetivo de classificação de padrões, o sistema NFHB-Invertido

foi capaz de extrair conhecimento em forma de regras fuzzy interpretáveis

expressas como: SE x é A e y é R então padrão pertence à classe Z.

3.3.2.1 Célula Básica NFHB-Invertida

Uma célula básica NFHB-Invertida é um mini sistema neuro-fuzzy que

realiza um particionamento fuzzy e binário em um determinado espaço, segundo

as funções de pertinência descritas pela Figura 18. A célula NFHB-Invertida gera

duas saídas precisas (crisp) após um processo de defuzzificação.

Figura 18 – Exemplo de perfil das funções de pertinência da célula BSP-

Invertida

A Figura 19 ilustra a célula básica NFHB-Invertida.

Figura 19 – Célula NFHB-Invertida

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69

As saídas (crisp) de uma célula NFHB-Invertida, ilustrada na Figura 28,

são dadas pelas eq. (51) e (52).

( )( ) ( )1

xy

x xβ ρ

ρ µ∗

=+

(51)

( )( ) ( )2

xy

x xβ µ

ρ µ∗

=+

(52)

onde β corresponde a um dos dois casos possíveis a seguir:

• À entrada da primeira célula: caso em que 1β = , onde o valor

unitário na entrada da primeira célula representa todo o universo de

discurso da variável ix que está sendo utilizada como entrada da

célula.

• À saída de um estágio de nível anterior: caso em que iyβ = , onde

iy , representa uma das duas saídas de uma célula qualquer “j”,

cujo valor é calculado pela eq. (51) ou pela eq. (52).

Figura 20 – Interior da Célula NFHB-Invertida

Considerando o perfil sigmóide implementado para a função de

pertinência ( µ ) alto e o seu complemento a um, implementado para a função de

pertinência ( ρ ) baixo, tem-se:

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70

( ) ( ) 1x xρ µ+ = (53)

Logo substituindo a eq. (53) nas eq. de saída (51) e (52):

( )1y xβ ρ= ∗ (54)

( )2y xβ µ= ∗ (55)

3.3.2.2 Arquitetura NFHB-Invertida

Como dito anteriormente, o modelo NFHB-Invertido utiliza o modelo

NFHB original para criar sua estrutura, e em seguida utiliza a estrutura de forma

invertida para a tarefa de classificação.

A Figura 23 mostra a arquitetura NFH-Invertida obtida a partir da estrutura

NFHB original ilustrada na Figura 21 e cujo particionamento está representado na

Figura 22.

Na arquitetura NFHB-Invertida o sistema passa a ter várias saídas, e essas

saídas são conectadas às células T-conorms que definem as classes. No exemplo

da Figura 23, a saída do sistema com o maior valor, definirá a classe (classe1,

classe2, ou classe 3) a que pertence o padrão que foi apresentado ao sistema.

Para o ajuste dos pesos dos arcos que ligam as saídas das células folhas

finais aos neurônios T-conorms é utilizado o método dos Mínimos Quadrados.

Maiores detalhes sobre a aplicação deste método pode ser encontrado em [13].

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Figura 21 – Estrutura NFHB

Figura 22 – Particionamento do espaço de entrada do sistema NFHB.

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Figura 23 – Arquitetura NFHB-Invertida

Na estrutura NFHB apresentada na Figura 21, as partições inicias 1 e 2

(célula ‘BSP 0’) foram subdivididas; portanto os conseqüentes de suas regras são

as saídas dos subsistemas 1 e 2, respectivamente. Estes, por sua vez, têm, como

conseqüentes os valores d11, y12, d21, d22, respectivamente. O conseqüente y12 é a

saída da célula ‘BSP 12’. Caso se estejam utilizando conseqüentes de Sugeno de

ordem 0 (valores constantes), cada ‘di’ corresponde a um ‘singleton’. Usando-se

conseqüentes de Sugeno de ordem 1, cada ‘di’ corresponde a uma combinação

linear das entradas, conforme dado pela eq. (56).

µ(x)ρ(x)d2*µ(x)d1*ρ(x) y

++

=

(56)

A saída do sistema NFHB mostrado pela Figura 21 é dada pela eq. (57), a

seguir.

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73

).d.d())d.d(.d( y 222221212.122122.121121.1211111. α+αα+α+αα+αα= (57)

A forma genérica de um sistema NFHB de 3 níveis é representada na eq.

(58). As variáveis ki e kij assumem apenas valores iguais a ‘0’ou ‘1’, indicando a

existência ou não das bi-partições de ordem ‘i’e ‘ij’, respectivamente.

∑ ∑ ∑∑ ∑ ∑= = == = =

ααα+αα+α=2

1i

2

1j

2

1k

ijkijk ijk ij i

2

1i

2

1i

2

1j

ij ij ij i i i i .d.k...d.k..d.k y (58)

onde:

• αi, αij, αijk, são os níveis de disparo das regras de cada bi-partição i, ij,

ou ijk, respectivamente;

• ki (kij, kijk), é igual a ‘1’ se a partição i, (ou ij, ou ijk) existe e ‘0’ caso

contrário;

• di, dij, dijk, são os conseqüentes (singletons ou combinações lineares)

das regras existentes.

Na fórmula da expressão geral de saída do modelo NFHB, descrita acima,

já se levou em consideração a simplificação causada pelo uso das funções de

pertinência complementares (ρ + µ = 1) no método de defuzzificação das saídas

de cada subsistema neuro-fuzzy.

O particionamento da Figura 21 pode ser representado por uma árvore

binária com a estrutura mostrada na Figura 24, a seguir.

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Figura 24 – Árvore binária referente ao particionamento da Figura 21

Nesta árvore binária os nós simbolizados por pequenos círculos são nós

interiores e representam regiões que foram subdivididas. Os nós simbolizados por

pequenos quadrados são nós terminais e representam as bi-partições, isto é, as

regiões que não sofreram subdivisões. A raiz da árvore simboliza todo o espaço a

ser particionado.

O conjunto de regras que traduz lingüisticamente o exemplo da Figura 21

é:

Se x1 é baixo (x1 ∈ ρ0) então

{Se x2 é baixo (x2 ∈ ρ1) então y = d11

Se x2 é alto (x2 ∈ µ1) então

{Se x1 é baixo (x1 ∈ ρ12) então y = d121

Se x1 é alto (x1 ∈ µ12) então y = d122}

}

Se x1 é alto (x1 ∈ µ0) então

{Se x2 é baixo (x2 ∈ ρ2) então y = d21

Se x2 é alto (x2 ∈ µ2) então y = d22}

onde:

• ρ0 , µ0, são as funções de pertinência que definem a partição de nível

0, correspondente à célula ‘BSP 0’;

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• ρ1 , µ1, são as funções de pertinência que definem a subdivisão da

partição 1, correspondente à célula ‘BSP 1’;

• ρ2 , µ2, são as funções de pertinência que definem a subdivisão da

partição 2, correspondente à célula ‘BSP 2’;

• ρ12 , µ12, são as funções de pertinência que definem a subdivisão da

partição 12, correspondente à célula ‘BSP 12’.

Cada uma das funções de pertinência acima possui dois parâmetros ‘a’ e

‘b’, que definem o perfil das funções alto (µ) e baixo (ρ) de cada variável de

entrada.

O parâmetro ‘a’ que define a inclinação das funções de pertinência das

células do segundo nível é o dobro do parâmetro ‘a’ das funções de pertinência da

célula do primeiro nível. Isto permite definir o parâmetro ‘a’ do primeiro nível

como um hiperparâmetro, no caso de particionamento fixo.

O parâmetro ‘b’ é ajustado para que o ponto médio de transição das

funções de pertinência das células do segundo nível coincida com a metade do

quadrante do primeiro nível que foi decomposto.

As expressões que definem essas funções são:

µ(x) = Sig[a(x-b)] (59)

e

ρ(x) = 1- µ(x) (60)

onde Sig( ) é a função de pertinência sigmóide dada pela eq. (61) descrita

abaixo.

e11)b,a,x(sig)x(

)bx(a −−+==µ (61)

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76

3.3.2.3 Algoritmo de Aprendizado NFHB-Invertido

O algoritmo de aprendizado do modelo NFHB-Invertido [13] é igual ao do

modelo NFHB original [32]. Para o modelo NFHB-Invertido foi utilizado o

método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) para calcular os conseqüentes

(di’s) e o Back Propagation para calcular os parâmetros (a e b) dos antecedentes

das regras.

O processo de aprendizado do modelo NFHB é efetuado em oito passos

correspondentes à numeração do fluxograma da Figura 25. Este algoritmo

descreve o aprendizado de um sistema NFHB com conseqüentes singletons ou

conseqüentes de Sugeno de ordem 1 (combinações lineares das entradas).

Como foi visto anteriormente, os parâmetros que definem os perfis das

funções de pertinências dos antecedentes e conseqüentes são encarados como os

pesos fuzzy dos sistemas neuro-fuzzy. Assim, no sistema NFHB, os di e os

parâmetros ‘a’ e ‘b’ são encarados como sendo os pesos fuzzy do modelo.

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Figura 25 – Algoritmo de Aprendizado do modelo NFHB

Os oito passos do algoritmo de aprendizado estão descritos abaixo:

1) Cria-se a bi-partição inicial dividindo-se em duas partes o espaço

de entrada, utilizando dois conjuntos fuzzy, alto e baixo, da

variável de entrada x. Neste passo é criada a primeira célula BSP,

chamada de célula raiz.

2) Cada parâmetro ajustável di (peso fuzzy) é inicializado com a

média dos valores alvo dos padrões de saída que incidem sobre a

bipartição (Figura 22) de índice i. Por exemplo, para se calcular o

valor inicial do peso d2, somam-se todos os valores alvo de

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padrões que incidem sobre o quadrante 2, e em seguida, divide-se o

valor encontrado pelo número de padrões que incidem sobre o

quadrante 2. Esse processo se aplica aos conseqüentes singletons

ou, no caso de conseqüentes de combinações lineares, ao parâmetro

constante bias. O parâmetro b dos antecedentes das regras é

inicializado com o valor igual à metade do intervalo do universo de

discurso da variável de entrada da célula. O parâmetro a dos

antecedentes das regras foi inicializado, por escolha heurística,

com o valor igual ao dobro do inverso do universo de discurso

daquele intervalo. As eq. (62) e (63) ilustram a inicialização de a e

b.

a = 2 / (LimS – LimI) (62)

b = (LimS + LimI) / 2 (63)

onde: LimI e LimS são, respectivamente, os limites inferior e

superior do universo de discurso da variável de entrada do

particionamento da célula.

3) O erro total do sistema é calculado para todo o conjunto de

treinamento, de acordo com a expressão do erro médio quadrático:

2L

1n

dnnrms )yy(

L1E ∑

=

−= (64)

onde L é o número de padrões do conjunto de treinamento e yn e

ynd são, respectivamente, o valor de saída do sistema NFHB e o

valor desejado de saída para o padrão de índice ‘n’.

Caso este erro esteja abaixo do mínimo desejado, o processo de

aprendizado pára; caso contrário, o processo de aprendizado

continua com o passo 4.

4) Para o ajuste dos pesos fuzzy podem ser usadas as seguintes

implementações:

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a) O método do Gradient Descent ajusta apenas os pesos

fuzzy di (conseqüentes singleton ou pesos das

combinações lineares). Neste caso, é utilizado o

particionamento fixo, não havendo ajuste dos perfis dos

antecedentes a e b;

b) O método dos mínimos quadrados ordinários (MQO)

ajusta apenas os pesos fuzzy di (conseqüentes singleton

ou pesos das combinações lineares). Neste caso também é

utilizado o particionamento fixo;

c) O MQO ajusta os pesos fuzzy d e um método de Gradient

Descent ajusta os parâmetros a e b das funções de

pertinência dos antecedentes. Neste caso tem-se o que se

chama de particionamento adaptativo.

d) Um método de Gradient Descent ajusta tanto os pesos

fuzzy di’s quanto os parâmetros a e b das funções de

pertinência dos antecedentes. Neste caso tem-se também

o particionamento adaptativo.

5) Nesta etapa, cada bipartição é avaliada em relação à sua

contribuição para o erro total e em relação ao erro mínimo

aceitável. Cada bi-partição com erro inaceitável é separada; a

avaliação do erro gerado pelo conjunto de dados que incidem sobre

a partição ij é calculada pela eq. (65).

2L

1n

dnn

nij

ni

ijrms )yy(

L1E ∑

=

−⋅α⋅α= (65)

onde: niα , e n

ijα são os níveis de disparo das regras para o padrão

‘n’.

6) Para limitar o crescimento indefinido da estrutura do sistema, foi

utilizado um parâmetro de aprendizado denominado taxa de

decomposição (δ) [37]. Este parâmetro é adimensional e atua

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80

impedindo que o processo de decomposição seja realizado

indefinidamente. Seu valor situa-se, geralmente entre, 0,001 e 0,05.

Ele é comparado constantemente, durante o aprendizado, com a

população de padrões que incidem sobre um determinado

quadrante. Quando a densidade populacional de padrões de um

quadrante (razão entre o número de padrões que incidem sobre o

quadrante e o número total de padrões) cai abaixo da taxa de

decomposição, este quadrante não deve ser decomposto, o que

limita o crescimento da estrutura.

7) Neste passo é efetuada a decomposição das partições separadas.

Para cada bi-partição separada é realizado um processo de

decomposição que segue duas vertentes:

Vertente 1) Aloca-se um novo nó (nova célula) na estrutura BSP

para a bi-partição separada (ela é dividida em duas). Deste modo,

são geradas duas novas funções de pertinência que constituirão as

duas partições recém criadas. Isto é feito independentemente do

tipo de conseqüente empregado pelo modelo. É o caso de se

trabalhar com o conseqüente de um só tipo (singletons ou

combinações lineares). A Figura 26 ilustra este processo.

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Figura 26 – Vertente 1 de decomposição BSP.

Vertente 2) Nesta vertente utilizam-se conseqüentes mistos

(singletons e combinações lineares simultaneamente). Antes de se

particionar em duas partes uma bipartição, verifica-se se seu

conseqüente é do tipo singleton. Caso o seja, substitui-se o

conseqüente singleton por uma combinação linear de entradas; caso

contrário, procede-se a decomposição descrita na vertente 1,

utilizando-se inicialmente singletons como conseqüentes da nova

célula alocada. A Figura 27 ilustra este processo.

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Figura 27 – Vertente 2 de decomposição BSP

8) Volta ao passo 3 para continuar o aprendizado.

3.3.2.4 Seleção das Entradas das células BSP

Para a escolha das entradas das células BSP do modelo NFHB-Invertido

foi utilizada neste trabalho a estratégia de seleção fixa que proporciona bons

resultados com um custo computacional muito reduzido.

No caso específico dos modelos NFHB e NFHB-Invertido, a seleção

adequada dos atributos para cada célula evita particionamentos desnecessários,

acarretando estruturas de árvore BSP mais compactas que resultam em uma

melhor generalização, um menor número de regras e um maior grau de

interpretabilidade.

A estratégia empregada no sistema NFHB-Invertido para a seleção de

variáveis utiliza uma simplificação da estratégia utilizada pelo NFHB original,

baseada no modelo neuro-fuzzy ANFIS proposto por Jang [18].

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83

O modelo neuro-fuzzy ANFIS é funcionalmente equivalente a um sistema

de inferência fuzzy de Takagi-Sugeno, isto é, as regras são do tipo:

Se x é Alto e y é Médio então z = f(x,y)

A metodologia empregada no NFHB original [32] utiliza mini sistemas

ANFIS com apenas duas variáveis de entradas (Figura 28(a)), cada uma com 4

conjuntos fuzzy. Deste modo, o espaço de entrada é dividido em 16 partes (Figura

28(b)). As entradas dos mini sistemas ANFIS são atributos da base de dados

escolhidos dois a dois. Cada um dos mini sistemas ANFIS (um para cada par de

atributos da base de dados) é treinado durante certo número de ciclos

especificado. Em seguida, calcula-se o erro de classificação para cada

configuração de dois atributos. Posteriormente, as duplas de entradas são listadas

em ordem crescente do valor do erro, selecionando-se, primeiramente, as entradas

que geraram o melhor desempenho (menor erro).

Entretanto, nos modelos NFHB e NFHB-Invertido cada célula tem

somente uma entrada, surgindo a questão de qual das duas entradas selecionadas

pelo mini sistema ANFIS deve ser primeiro utilizada. Para solucionar esse

problema, o NFHB-Invertido utiliza mini sistemas ANFIS com apenas uma

entrada dividida em 8 conjuntos fuzzy, conforme pode ser observado pela Figura

29(a). Neste caso, o espaço de entrada é dividido em 8 partições, conforme

mostrado na Figura 29(b).

T

T

T

T

T

T

T

T

Ai

Aj

.

.

.

.

T

T

T

T

T

T

T

T

Ai

Aj

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

TT

TT

TT

TT

TT

TT

TT

TT

Ai

Aj

.

.

.

.

Atributo 1

M1 M4M2 M3

Atributo

2

M1

M4

M2

M3

Atributo 1

M1 M4M2 M3

Atributo 1

M1 M4M2 M3

Atributo

2

M1

M4

M2

M3

Atributo

2

M1

M4

M2

M3

Figura 28 (a) – Mini sistema ANFIS

(com 2 entradas) para seleção de

variáveis do modelo NFHB original.

Figura 28 (b) – Particionamento

ANFIS de duas entradas com 4

conjuntos fuzzy cada.

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y∑Ai y∑Ai

Atributo 1

M1 M8M7M6M5M3M2 M4

Atributo 1

M1 M8M7M6M5M3M2 M4

Figura 29 (a) – Mini sistema ANFIS

(com 1 entrada) para seleção de

variáveis do modelo NFHB-Invertido.

Figura 29 (b) – Particionamento

ANFIS de uma entrada com 8

conjuntos fuzzy.

Neste caso, o algoritmo para seleção de variáveis seleciona um atributo da

base de dados e treina o mini sistema ANFIS durante um número de ciclos

especificado. Em seguida, calcula-se o erro de classificação para esse atributo.

Um outro atributo é então escolhido e um novo treinamento do sistema é

realizado. Posteriormente, os atributos são listados em função do erro,

escolhendo-se, primeiramente, os atributos de menor erro de treinamento.

Uma vez determinada a ordem de relevância dos atributos, posteriormente,

durante o processo de aprendizado e construção da arquitetura NFHB-Invertido,

cada um destes atributos é usado como entrada para cada nível da árvore BSP. A

mesma entrada (atributo) é utilizada para todos os nós do mesmo nível.

Esta estratégia gera particionamentos desnecessários devido ao fato de que

todos os nós num mesmo nível são forçados a utilizar a mesma entrada previamente

fixada, a qual nem sempre é a característica mais adequada para esse nó. Uma das

vantagens desta estratégia é que o custo computacional é muito pequeno, já que a

seleção de características é realizada uma única vez, antes do processo de aprendizado.

Os resultados obtidos são bem competitivos, resultando, em muitos casos, em uma

alternativa interessante em termos do compromisso entre tempo e desempenho.

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A metodologia da estratégia fixa pode ser resumida em dois passos (Figura

30):

a) A base de dados original é utilizada em sua totalidade para

escolher os atributos mais relevantes do ponto de vista da informação

contida neles. Mediante o algoritmo de seleção anteriormente descrito, os

atributos são ordenados de forma decrescente de importância. Este

processo é realizado uma única vez, antes do processo de treinamento.

b) A lista com o resultado e ordem dos atributos é armazenada.

Posteriormente durante o processo de treinamento e geração da estrutura de

árvore BSP, é extraído da lista o atributo correspondente a cada nível. Ou

seja, todos os nós do nível "i" utilizam como entrada o atributo contido

na posição "i" da lista previamente ordenada.

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Figura 30 – Seleção Fixa de Atributos

3.3.2.5 Extração de Regras

Uma das principais vantagens do modelo NFHB-Invertido [13] é a sua

capacidade de extrair conhecimento, a partir da estrutura gerada pelo aprendizado,

sob o formato de regras fuzzy (de classificação), com o intuito de descobrir

informação em uma determinada base de dados. Diferentemente do NFHB

original, as regras extraídas neste modelo são do tipo: Se x é alto e y é grande e...

e w é quente então classe k.

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Para efetuar a extração das regras obtidas através do processo de

aprendizado, o modelo NFHB-Invertido utiliza a estrutura BSP invertida antes de

ser conectada aos neurônios T-conorm. Deste modo, cada partição do espaço de

entrada (nó folha) terá uma regra associada. Entretanto, é importante ressaltar que

sendo o NFHB-Invertido um sistema fuzzy, os elementos de cada partição

pertencem a todas as k classes existentes no problema, com diferentes graus de

pertinência. Portanto, cada partição da estrutura BSP resultante gera k sub-regras,

cada uma com o seu grau de validade determinado pela acurácia e abrangência

fuzzy.

Esse novo processo de extração de regras segue os três seguintes passos:

1. Caminhamento na árvore BSP;

2. Visualização das regras fuzzy hierárquicas em formato

padrão (não-hierárquico);

3. Avaliação das regras utilizando a acurácia fuzzy e

abrangência fuzzy.

Cada um dos passos acima é descrito nas próximas seções.

3.3.2.5.1 Caminhamento na Árvore BSP

Para ilustrar a metodologia de extração de regras do modelo NFHB-

Invertido, será considerada uma base de dados hipotética consistindo de 8 padrões

(de A até H) de dois atributos (Idade e Peso) e duas classes {0, 1}, conforme

apresentado na Tabela 3.

Tabela 3 – Base de Dados usada como exemplo no método de extração de regras.

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88

Suponha que a estrutura BSP gerada após o processo de aprendizado seja a

mostrada na Figura 31.

Figura 31 – Árvore BSP criada a partir da base de dados da Tabela 3.

Como mencionado anteriormente, no caso de árvores crisp, cada padrão

pertence ou não a uma partição; já no caso fuzzy, todos os padrões da Tabela 3

(A, B, C, ..., H) estão presentes com diferentes graus em todas as partições. Deste

modo, o primeiro passo no processo de extração de regras no modelo NFHB-

Invertido é o cálculo do grau de pertinência de cada padrão a todas as partições

existentes (nós folhas). Este cálculo é realizado caminhando-se na árvore BSP e

efetuando-se a interseção (“E”) dos graus de pertinência de cada padrão a cada

nível da árvore.

A Figura 32 apresenta, para a base de dados da Tabela 3, o resultado dos

graus de disparo (α) de cada padrão em cada partição (nó da árvore), que é

calculado utilizando o operador “produto” para efetuar a interseção de todos os

antecedentes da regra. Na Figura 32 é destacado o cálculo do grau de disparo do

padrão C em todas as três partições. Destacam-se também os padrões pertencentes

à classe 0 (células em fundo branco) e dos pertencentes à classe 1 (células em

fundo cinza).

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Figura 32 – Grau de disparo (α) de cada regra (partição) usando o produto

como operador “T-norm”

Conforme pode ser observado na Figura 32, todos os padrões estão

presentes em todas as partições, com maior ou menor grau, independentemente da

classe a qual pertencem. Portanto, percebe-se que cada caminhamento resulta em

um antecedente que classifica todas as classes existentes na base de dados,

gerando para cada partição k sub-regras. O grau de adequabilidade de cada sub-

regra é definido pelas acurácia e abrangência fuzzy, definidas na seção 3.3.2.5.3.

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3.3.2.5.2 Visualização das Regras

Apesar do modelo NFHB-Invertido possuir uma estrutura hierárquica, o

conjunto de sub-regras é apresentado na forma “padrão” (não hierárquica). A

seguir, são apresentados os antecedentes das regras fuzzy extraídas da arquitetura

BSP mostrada na Erro! Fonte de referência não encontrada.32. Como pode ser

verificada, cada partição gera duas sub-regras, uma para cada classe existente na

base de dados.

0 • Partição 1: Se Idade é Baixa Então Classe

1

0 • Partição 2: Se Idade é Alta e o Peso é Baixo Então Classe

1

0 • Partição 3: Se Idade é Alta e o Peso é Alto Então Classe

1

O passo final no processo de extração de regras do modelo NFHB-

Invertido diz respeito ao cálculo do grau de validade de cada sub-regra. Esse passo

é descrito na próxima seção.

3.3.2.5.3 Avaliação das Regras

Para avaliar as sub-regras geradas em cada partição, foram definidas duas

medidas fuzzy de avaliação: acurácia fuzzy e abrangência fuzzy.

Acurácia Fuzzy

A acurácia de uma regra mede o quanto a solução é boa em função do

grau de certeza, ou confiança, obtido através do conjunto de dados. Logo, a

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91

acurácia mede o grau de aderência de uma regra descoberta em relação à base

de dados.

Considerando que no modelo fuzzy todos os padrões da base de dados

estão presentes, em maior ou menor grau, em todas as partições, foi utilizada a

medida de acurácia fuzzy conforme a eq. (66).

,1

,1

_ −

=∑

N

i j

i

P

Nj

N l

i jj

Acuracia Fuzzyα

α (66)

onde:

iN é a classe N da partição i;

i , jNα é o grau de pertinência do padrão j da classe N da partição i

i, jα é o grau de pertinência do padrão j na partição i;

NP é o número total de padrões da classe N;

l é o número total de padrões da partição i;

Portanto, a Acurácia Fuzzy para as classes 0 e 1 na partição 1 são as

seguintes (vide Figura 32)

10

0.40 0.40 0.20 0.15 1.15_ 0.2450.95 0.90 0.80 0.40 0.40 0.20 0.15 0.90 4.7

Acuracia Fuzzy + + += = =

+ + + + + + +

11

0.95 0.90 0.80 0.90 3.55_ 0.7550.95 0.90 0.80 0.40 0.40 0.20 0.15 0.90 4.7

Acuracia Fuzzy + + += = =

+ + + + + + +

O somatório de todas as acurácias das classes correspondentes a uma regra

(partição) é igual a 1, uma vez que as funções de pertinência de cada nó são

complementares, e que o grau de presença de cada padrão em cada partição é

calculado pela interseção dos graus de disparo em cada nó utilizando o operador

produto com o conectivo “E”.

O somatório dos graus de pertinência de cada padrão em todas as partições

é igual a 1 pelas características acima mencionadas (funções complementares e

operador produto).

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92

Abrangência Fuzzy

A abrangência de uma regra fuzzy fornece a medida do peso que cada

regra tem no total da base de regras, ou seja, quantos padrões são afetados por

essa regra. Logo, a abrangência mede o grau de influência de uma regra

descoberta em relação à base de dados.

Considerando que no modelo fuzzy todos os padrões da base de dados

estão presentes, em maior ou menor grau, em todas as partições, foi utilizada a

medida de abrangência fuzzy conforme a eq. (67).

,1_ ==

∑k

i jj

iAbrangencia FuzzyP

α (67)

onde:

i, jα é o grau de pertinência do padrão j na partição i;

P é o número total de padrões na base de dados;

k é o número de padrões da partição i;

Com base na Figura 32, foi calculada a Abrangência Fuzzy apresentada a

seguir:

1 0.95 0.90 0.80 0.40 0.40 0.20 0.15 0.90_ 0.598

Abrangencia Fuzzy + + + + + + += =

2 0.045 0.09 0.16 0.24 0.24 0.16 0.127 0.08_ 0.148

Abrangencia Fuzzy + + + + + + += =

3 0.005 0.01 0.04 0.36 0.36 0.64 0.722 0.02_ 0.278

Abrangencia Fuzzy + + + + + + += =

Pelas características anteriormente citadas (funções de pertinência

complementares e operador produto), a composição de todas as regras abrange o

total de padrões, ou seja, o somatório das abrangências de todas as partições é

igual a 1.

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Page 58: 3 AGRUPAMENTO E CLASSIFICAÇÃO POR TÉCNICAS … · categorização são apresentados na Figura 10 e podem ser resumidos como a seguir [12]: • Seleção de ... estão representadas

93

3.4 RESUMO

Neste capítulo foram apresentadas as técnicas de inteligência artificial

escolhidas para o desenvolvimento do sistema inteligente de detecção de

irregularidades na medição de energia elétrica.

Para a etapa de categorização natural das unidades consumidoras foi

escolhido o algoritmo Fuzzy C-Means (FCM) devido a sua característica não

gida de categorização do espaço amostral, o que reflete mais a realidade do dia-

a-dia.

Para a etapa de classificação foram escolhidos os sistemas neuro-fuzzy

NEFCLASS e NFHB-Invertido, por terem a capacidade de extrair as regras que

regem as irregularidades na medição de energia elétrica das diversas unidades

consumidoras.

Para o modelo NFHB-Invertido, foram utilizadas medidas fuzzy de

avaliação: acurácia e abrangência, para avaliar a aderência e abrangência de cada

regra em relação à base de dados.

No próximo capítulo é detalhado o Sistema de Classificação de Unidades

Consumidoras de Energia Elétrica utilizado no estudo de casos de unidades

consumidoras supridas em baixa tensão e média tensão.

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