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XANGÔ

Texto e ilustração extraídos do livro Os Orixás, publicado pela Editora Três)

O PERFIL DO ORIXÁ Xangô é um Orixá bastante popular no Brasil e às vezes confundido como um Orixá com especial ascendência sobre os demais, em termos hierárquicos. Essa confusão acontece por dois motivos: em primeiro lugar, Xangô é miticamente um rei, alguém que cuida da administração, do poder e, principalmente, da justiça - representa a autoridade constituída no panteão africano.

Ao mesmo tempo, há no Norte do Brasil diversos cultos que atendem pelo nome de Xangô. No Nordeste, mais especificamente em Pernambuco e Alagoas, a prática do candomblé recebeu o nome genérico de Xangô, talvez porque naquelas regiões existissem muitos filhos de Xangô entre os negros que vieram trazidos de África. Na mesma linha de uso impróprio, pode-se encontrar a expressão Xangô de caboclo, que se refere obviamente a um culto sincretizando influências do culto original (candomblé ou umbanda) com cerimônias e mitos dos indígenas da região, também chamado de candomblé de caboclo. Na mitologia, é atribuído a Xangô (enquanto homem, ser histórico) o reinado sobre a cidade-estado de Oyó, posto que conseguiu após destronar o próprio meio-irmão Dada-Ajaká com um golpe militar. Por isso, sempre existe uma aura de seriedade e de autoridade quando alguém se refere a Xangô. Xangô é pesado, íntegro, indivisível, irremovível; com tudo isso, é evidente que um certo autoritarismo faça parte da sua figura e das lendas sobre suas determinações e desígnios, coisa que não é questionada pela maior parte de seus filhos, quando inquiridos.

Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e o mal. Ele é o Orixá do raio e do trovão. Miticamente, o raio é uma de suas armas, que ele envia como castigo. Ninguém, porém, deve temer sua cólera como uma manifestação irracional. Xangô tem a fama de agir sempre com neutralidade (a não ser em contendas pessoais suas, presentes nas lendas referentes a seus envolvimentos amorosos e congêneres). Seu raio e eventual castigo são o resultado de um quase processo judicial, onde todos os prós e os contras foram pensados e pesados exaustivamente - a famosa balança da Justiça. Seu Axé, portanto está concentrado nas formações de rochas cristalinas, nos terrenos rochosos à flor da terra, nas pedreiras, nos maciços. Suas pedras são inteiras, duras de se quebrar, fixas e inabaláveis, como o próprio Orixá.

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Numa visão litúrgica um pouco mais restrita e mais apegada às lendas de origem dos Orixás, um filho de Xangô não se pode contentar apenas com uma pedra vinda de uma pedreira ou de uma montanha para guardar numa vasilha o seu assentamento. Xangô não contesta o status de Oxalá de patriarca da Umbanda, mas existe algo de comum entre ele e Zeus, o deus principalda rica mitologia grega. O símbolo do Axé de Xangô é uma espécie de machado estilizado com duas lâminas, que indica o poder de Xangô, corta em duas direções opostas.

O administrador da justiça nunca poderia olhar apenas para um lado, defender os interesses de um mesmo ponto de vista sempre. Numa disputa, seu poder pode voltar-se contra qualquer um dos contendores, sendo essa a marca de independência e de totalidade de abrangência da justiça por ele aplicada. Segundo Pierre Verger, esse símbolo se aproxima demais do símbolo de Zeus encontrado em Creta.

Outra informação de Pierre Verger especifica que esse oxé parece ser a estilização de um personagem carregando o fogo sobre a cabeça; este fogo é, ao mesmo tempo, o duplo machado, e lembra, de certa forma a cerimônia chamada ajerê, na qual os iniciados de Xangô devem carregar na cabeça uma jarra cheia de furos, dentro da qual queima um fogo vivo, demonstrando através dessa prova, que o transe não é simulado.

Xangô então, é o administrador que se curva à experiência e sabedoria do velho Oxalá, o símbolo do poder em toda sua plenitude, mas que deve ser acatado por Xangô quando em suas decisões intervir. Xangô portanto, já é adulto o suficiente para não se empolgar pelas paixões e pelos destemperos, mas vital e capaz o suficiente para não servir apenas como consultor.

Outro dado saliente sobre a figura do senhor da justiça é seu mau relacionamento com a morte. Se Nanã é como Orixá a figura que melhor se entende e predomina sobre os espíritos de seres humanos mortos, Eguns, Xangô é que mais os detesta ou os teme. Há quem diga que, quando a morte se aproxima de um filho de Xangô, o Orixá o abandona, retirando-se de sua cabeça e de sua essência.

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Deste tipo de afirmação discordam diversos babalorixás ligados ao seu culto, mas praticamente todos aceitam como preceito que um filho que seja um iniciado com o Orixá na cabeça, não deve entrar em cemitérios nem acompanhar a enterros. Características Dos Filhos De Xangô Para a descrição dos arquétipos psicológico e físico das pessoas que correspondem a Xangô, deve-se ter em mente uma palavra básica: Pedra. É da rocha que eles mais se aproximam no mundo natural e todas as suas características são balizadas pela habilidade em verem os dois lados de uma questão, com isenção e firmeza granítica que apresentam em todos os sentidos.

Atribui-se ao tipo Xangô um físico forte, mas com certa quantidade de gordura e uma discreta tendência para a obesidade, que se ode manifestar menos ou mais claramente de acordo com os Ajuntós (segundo e terceiro Orixá de uma pessoa). Por outro lado, essa tendência é acompanhada quase que certamente por uma estrutura óssea bem-desenvolvida e firme como uma rocha. Tenderá a ser um tipo atarracado, com tronco forte e largo, ombros bem desenvolvidos e claramente marcados em oposição à pequena estatura; Por essas qualidades, é relativamente fácil para os iniciados descobrirem que tal pessoa é de Xangô, pela aparência e modo de andar, o que é mais difícil para tipos pouco mais sutis e mistos como Oxum, Ossâim e Omolu.

A mulher que é filha de Xangô, pode ter forte tendência à falta de elegância. Não que não saiba reconhecer roupas bonitas - tem, graças à vaidade intrínseca do tipo, especial fascínio por indumentárias requintadas e caras, sabendo muito bem distinguir o que é melhor em cada caso. Mas sua melhor qualidade consiste em saber escolher as roupas numa vitrina e não em usá-las. Não se deve estranhar seu jeito meio masculino de andar e de se portar e tal fato não deve nunca ser entendido como indicador de preferências sexuais, mas, numa filha de Xangô é um processo de comportamento a ser cuidadosamente estabelecido, já que seu corpo podeaproximar-se mais dos arquétipos culturais masculinos do que femininos; ombros largos, ossatura desenvolvida, porte decidido e passos pesados, sempre lembrando sua consistência de pedra.

Em termos sexuais, Xangô é um tipo completamente mulherengo. Seus filhos, portanto, costumam trazer essa marca, sejam homens, sejam mulheres (que estão entre as mais ardentes do mundo). Os filhos de Xangô, não costumam ser conhecidos socialmente como um tipo dado a aventuras. Não são os mitos

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sexuais de sua sociedade e é para muito poucos amigos que confessam suas conquistas, pois não faz parte de suas necessidades se auto-afirmar através desse expediente. São honestos e sinceros em seus relacionamentos mais duradouros, porque para eles sexo é algo vital, insubstituível, mas o objeto sexual em si não é merecedor de tanta atenção depois de satisfeito desejo.

Psicologicamente, os filhos de Xangô apresentam uma alta dose de energia e uma enorme auto-estima, uma clara consciência de que são importantes, dignos de respeito e atenção, principalmente, que sua opinião será decisiva sobre quase todos os tópicos - consciência essa um pouco egocêntrica e nada relacionada com seu real papel social. Os filhos de Xangô são sempre ouvidos; em certas ocasiões por gente mais importante que eles e até mesmo quando não são considerados especialistas num assunto ou de fato capacitados para emitir opinião. A postura pouco nobre dos filhos de Xangô e seu cultivo de hábitos considerados aristocráticos ou pouco burgueses, é resultado dessa configuração psicológica.

Porém, o senhor de engenho que habita dentro deles faz com que não aceitem o questionamento de suas atitudes pelos outros, especialmente se já tiverem considerado o assunto em discussão encerrado por uma determinação sua. Gostam portanto, de dar a última palavra em tudo, se bem que saibam ouvir. Quando contrariados porém, se tornam rapidamente violentos e incontroláveis. Nesse momento, resolvem tudo de maneira demolidora e rápida mas, feita a lei, retornam a seu comportamento mais usual.

Em síntese, o arquétipo associado a Xangô está próximo do déspota esclarecido, aquele que tem o poder, exerce-o inflexivelmente, não admite dúvidas em relação a seu direito de detê-lo, mas julga a todos segundo um conceito estrito e sólido de valores claros e pouco discutíveis. É variável no humor, mas incapaz de conscientemente cometer uma injustiça, fazer escolha movido por paixões, interesses ou amizades.

Xangô é o Orixá julgador, destruidor, inteligente, impulsivo, violento. Representa o poder transformador do fogo, é o padroeiro dos intelectuais e artistas. Seu número simbólico é o doze, assim como doze são os ministros, Obas, de Xangô. Apesar de discordarmos da visão privilegiada do fogo como elemento de Xangô, insistimos que a pedra é seu símbolo básico, mais redutor e mais abrangente ao mesmo tempo.

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Xangô foi o grande Obá (rei) da cidade de Oyó, representando, na linha de sucessão, seu quarto alafin (segundo fontes fidedignas). Ele fez sua passagem pela Terra por volta de 1450 a. C., filho de Oranian e Torossi. Governou com mãos de ferro, sendo, ao mesmo tempo, temido e adorado pelo povo. Muitas vezes comportou-se como tirano, na sua ânsia pelo poder. Alguns relatos afirmam que Xangô destronou seu próprio irmão, Ajaká, para tomar o seu lugar.

É o orixá das pedreiras, das terras áridas e das rochas. Seu elemento é o fogo, dominando também o raio e o trovão. O metal a que pertence é o cobre. Possui, como símbolo da natureza, a pedra de raio, que se cria quando um raio cai na terra. Sua ferramenta principal é o Oxé, ou machado duplo, simbolizando a imparcialidade na hora da justiça.

Xangô detém um profundo conhecimento e ligação com as árvores, de onde provêm muitos de seus objetos de culto, como a gamela e o pilão. É muito violento, mas nunca gratuitamente. Quando provocado, castiga seus inimigos sem piedade, sendo implacável nas guerras de conquista, atividade que exerce com maestria. Se for necessário, Xangô usa seus poderes de feitiçaria para destruir o inimigo.

Como grande amante da justiça, é imparcial em suas ações, usando toda sua autoridade para resolver as mais difíceis questões, tarefa que ninguém gosta de fazer. Sempre podemos recorrer a ele quando nos defrontarmos com questões litigiosas ou problemas jurídicos.

Segundo a mitologia africana, um traço marcante desse orixá é o fato de se fazer notar, sendo muito atraente e vaidoso. Ele teve várias uniões com outros orixás, como Oxun, Obá e Oyá, que era sua prima e esposa predileta. Xangô e Oyá são inseparáveis, sendo cultuados conjuntamente. Não se faz oferendas para um sem que se faça para o outro também.

Engana-se quem diz que Xangô tenha medo da morte, pelo fato de abandonar a cabeça (ou ori) de seus filhos de santo, pelo menos uns seis meses antes da morte destes. Xangô é poderoso e não tem medo de nada. O que ele não suporta é o frio que emana de um corpo sem vida. Xangô possui a energia do fogo, que irradia calor e possibilita a existência da vida. A morte e o frio são

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contrários à sua essência. Nos meses de junho, mantém-se uma tradição festiva, que são as famosas fogueiras de Xangô, feitas em sua homenagem.

Xangô é um orixá que teve vontade de experimentar a criação divina, ou seja, ele quis nascer e viver aqui na Terra. Como foi dito no início, existiu um rei, na cidade de Oyó, que era muito poderoso, sendo identificado como a energia Xangô. Dia da semana: quarta-feira. Cores: marrom, vermelho e branco. Gêge: nesta nação denomina-se Enviosso. Angola: Zaze. Domínios: pedreiras, minérios, lava do vulcão, raios e trovões. Oferendas. amalá, arroz com carne seca, ajebó, rabada, etc. ALUJÁ Acachachá Xangô loufine anixangô acachachá Xangô loufine Ana reuá RESPONDER: A ae e aee a e aee

Calunudê calunudê é de cão cabecile ae é de godô cabecile ae RESPONDER: Calunudê calunudê é de cão cabecile ae é de godô cabecile ae Iocundeô RESPONDER: Re Ara decum decum decá JEJE Sobo undê RESPONDER: Acalum alarundê aê aê acalum alarundê Ococundê RESPONDER: Acalum alarundê aê aê acalum alarundê AXÉ DA BALANÇA Eliço godô acarao anicéu anicéu RESPONDER: Eliço godô acarao anicéu anicéu Adeoo RESPONDER: Anicéu anicéu Anicéum acaorô RESPONDER: Anicéo acaorô

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Ebêo maiô, ebêo maiô, acareuáia Xangô maiô, acareuáia godô maiô RESPONDER: Ebêo maiô, ebêo maiô, acareuáia Xangô maiô, acareuáia godô maiô Alabataô cabecile adeô RESPONDER: Alabataô cabecile adeô Oluor Ogum Nabor ibor eléfa Orixá oluor og nabor ibor eléfa Orixá RESPONDER: Oluor Ogum Nabor ibor eléfa Orixá oluor og nabor ibor eléfa Orixá Aganjuéco minaué jenjé orum jenjé aganjuéco minaué jenjé ori Xangô RESPONDER: Aganjuéco minaué jenjé orum jenjé aganjuéco minaué jenjé ori

XANGÔ Ogodoci emiremi aganjú amiçaora ogodoamam eremi Xangô aganju amiçaóra RESPONDER: Ogodoci emiremi aganjú amiçaora ogodoamam eremi Xangô aganju amiçaóra Aguntaô RESPONDER: Amiçaóra Aladeum RESPONDER: Laúmquerê Obomaré RESPONDER: Querequê obomaré querequê Choro choro onigodô RESPONDER: Choro choro onigodô Choro choro onigodô RESPONDER: Choro choro onigodô Acumberi RESPONDER: Ara acumberi ara Onipeni Xangô RESPONDER: Abado onipê oiabadô Onipeni Iansã RESPONDER: Abado onipê oiabadô Aganjuéco erepê RESPONDER: Aganjuéco saranhã Saranhã acafamodé saranhã acafamodé RESPONDER: Oia badilê saranha acafamodé Calulu calunudê RESPONDER: Anareum calunudê Ogodo sala sala saô RESPONDER: Equeboreuá ogodo sala sala saô equeboreuá

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Nagorô naguiachaoro RESPONDER: Ago iê iê Omodibau RESPONDER: Lai lai omodibau aiê omodibau lai lai omodibau aiê Lai lai guiachaoro RESPONDER: Lai lai guiachaoro Cao cabelecile omochirê omodibau RESPONDER: Cao cabelecile omochirê omodibau Caô RESPONDER: Cabecile

OXUMARÉ

(Texto e ilustração extraídos do livro Os Orixás, publicado pela Editora Três) PERFIL DO ORIXÁ Oxumarê é um Orixá bastante cultuado no Brasil, apesar de existirem muitas confusões a respeito dele, principalmente nos sincretismos e nos cultos mais afastados do Candomblé tradicional africano como a Umbanda.

A confusão começa a partir do próprio nome, já que parte dele também é igual ao nome do Orixá feminino Oxum, a senhora da água doce. Algumas correntes da Umbanda, inclusive, costumam dizer que Oxumarê é uma das diferentes formas e tipos de Oxum, mas no Candomblé tradicional tal associação é absolutamente rejeitada. São divindades distintas, inclusive quanto aos cultos e à origem.

Em relação a Oxumarê, qualquer definição mais rígida é difícil e arriscada. Não se pode nem dizer que seja um Orixá masculino ou feminino, pois ele é as duas coisas ao mesmo tempo; metade do ano é macho, a outra metade é fêmea. Por isso mesmo a dualidade é o conceito básico associado a seus mitos e a seu arquétipo.

Essa dualidade onipresente faz com que Oxumarê carregue todos os opostos e todos os antônimos básicos dentro de si: bem e mal, dia e noite, macho e fêmea, doce e amargo, etc.

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Nos seis meses em que é uma divindade masculina, é representado pelo arco-íris que, segundo algumas lendas é a ponte que possibilita que as águas de Oxum sejam levadas ao castelo no céu de Xangô. Por essa lenda, é atribuído a Oxumarê o poder de regular as chuvas e as secas, já que, enquanto o arco-íris brilha, não pode chover.

Ao mesmo tempo, a própria existência do arco-íris é a prova de que a água está sendo levada para os céus em forma de vapor, onde então se aglutinará em forma de nuvem, passará por nova transformação química recuperando o estado líquido e voltará à terra sob essa forma, recomeçando tudo de novo: a evaporação da água, novas nuvens, novas chuvas, etc.

Nos seis meses subseqüentes, o Orixá assume forma feminina e se aproxima de todos os opostos do que representou no semestre anterior. É então, uma cobra, obrigado a se arrastar agilmente tanto na terra como na água, deixando as alturas para viver sempre junto ao chão, perdendo em transcendência e ganhando em materialismo.

Sob essa forma, segundo alguns mitos, Oxumarê encarna sua figura mais negativa, provocando tudo que é mau e perigoso.

Uma interpretação antropológica mais cuidadosa, porém, pode questionar a validade dessas lendas. Não podemos nos esquecer de que tanto na África, como especialmente no Brasil, a população negra, que trazia consigo todos esses mitos, foi continuamente assediada pela colonização branca.

Uma das formas mais utilizadas por jesuítas para convencer os negros, era a repressão física, mas para alguns, não bastava o medo de apanhar. Eles queriam a crença verdadeira e, para isso, tentaram explicar e codificar a religião do Orixás segundo pontos de vista cristãos, adaptando divindades, introduzindo a noção de que os Orixás, seriam santos como os da Igreja Católica, etc.

Essa busca objetiva do sincretismo sem dúvida foi esbarrar em Oxumarê e na cobra - e não há animal mais peçonhento, perigoso e pecador do que ela na mitologia católica (recordar os mitos de Adão e Eva, a maçã, a concepção de pecado original, etc.).

Por isso, não seria difícil para um jesuíta que acreditasse sinceramente nos símbolos de sua visão teológica. Reconhecer na cobra mais um sinal da presença dos símbolos católicos na religião do Orixás e nele reconhecer uma figura que só poderia trazer o mal.

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Essa, pelo menos, é uma das interpretações feitas por pesquisadores que compararam diferentes versões dos mesmos mitos que não encontraram uma divisão absoluta entre bem / arco-íris (ou masculino) e mal / cobra (ou feminino). Na verdade, o que se pode abstrair de contradições como as que apresenta Oxumarê é que este é o Orixá do movimento, da ação, da eterna transformação, do contínuo oscilar entre um caminho e outro que norteia a vida humana.

É o Orixá da tese e da antítese. Por isso, seu domínio se estende a todos os movimentos regulares, que não podem parar, como a alternância entre chuva e bom tempo, dia e noite, positivo e negativo.

Conta-se sobre ele que, como cobra, pode ser bastante agressivo e violento, o que o leva a morder a própria cauda. Isso gera um movimento moto-contínuo pois, enquanto não largar o próprio rabo, não parará de girar, sem controle.

Esse movimento representa a rotação da Terra, seu translado em torno do Sol, sempre repetitivo- todos os movimentos dos planetas e astros do universo, regulados pela força da gravidade e por princípios que fazem esses processos parecerem imutáveis, eternos, ou pelo menos muito duradouros se comparados com o tempo de vida médio da criatura humana sobre a terra, não só em termos de espécie, mas principalmente em termos da existência de uma só pessoa.

Se essa ação terminasse de repente, o universo como o entendemos deixaria de existir, sendo substituído imediatamente pelo caos. Esse mesmo conceito justifica um preceito tradicional do Candomblé que diz que é necessário alimentar e cuidar de Oxumarê muito bem pois, se ele perder suas forças e morrer, a conseqüência será nada menos que o fim da vida no mundo. Enquanto o arco-íris traz a boa notícia do fim da tempestade, da volta do sol, da possibilidade de movimentação livre e confortável, a cobra é particularmente perigosa para uma civilização das selvas, já que ela está em seu hábitat característico, podendo realizar rápidas incertas.

Outra fonte de indefinição a respeito do Orixá vem das contradições existentes em suas lendas no Brasil e na própria África. Oxumarê é uma divindade originária da cultura do Daomé, região centro-norte da África. Há séculos tal civilização foi dominada pelos iorubas, povo mais primitivo no sentido de organização social e visão religiosa, mas, em compensação, mais poderoso em termos de organização militar.

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Como aconteceu com Roma e Grécia, a dominação de uma sociedade menos rica em produções culturais ou no terreno da superestrutura em geral fizeram com que os mitos dos daomeanos não fossem apenas reprimidos, pelo contrário, os iorubas não tentaram impor sua cultura ao povo dominado. Ficaram na verdade impressionados com sua cosmologia e tentaram assimilá-la, principalmente nas figuras que não fossem formas semelhantes a divindades que também possuíssem. Oxumarê foi um desses casos.

O princípio da dualidade dos iorubas fazia parte dos Orixás-crianças (Ibeji) - A dualidade que eles representam, porém, é mais próxima do comportamento contraditório e irresponsável em termos ético das crianças, ainda não reprimidas pela codificação social. Já a dualidade de Oxumarê é mais abrangente e até mesmo metafísica, pois representa os ciclos que não estão ao alcance do ser humano.

Oxumarê, Iroco, Omolu, Obaluaê e Nanã, os Orixás do Daomé mais conhecidos e cultuados, castigam quando dispostos ou provocados, mas raramente se arrependem e não possuem as falhas humanas, visíveis e humanizadoras das figura do panteão ioruba. CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXUMARÊ Como é comum a todas as divindades originárias do Daomé (cultura jeje) é relativamente difícil estabelecer um arquétipo específico de comportamento associado ao Orixá, já que ele é misterioso e cheio de sombras e mitos.

Os filhos de Oxumarê são bem mais difíceis de serem reconhecidos dos os guerreiros filhos de Iansã, os calmos e sábios filhos de Oxalá e os maternais e familiares filhos de Iemanjá, por exemplo. Mesmo assim, algumas características básicas podem ser listadas. Há, porém, divergências em relação às suas características ao consultarmos autores diferente. Para o renomado pesquisador Pierre Verger, por exemplo, Oxumarê pode ser associado à riqueza: Oxumarê é o arquétipo das pessoas que desejam ser ricas; das pessoas pacientes e perseverantes nos seus empreendimentos e que não medem sacrifícios para atingir seus objetivos.

Já Monique Augras, segundo sua visão a respeito dos filhos de Oxumarê, eles costumam possuir o dom da vidência. Quando vivia na terra, Oxumarê previa tudo, adivinhava o que ia acontecer, a tal ponto que não era mais possível viver. Os deuses então decidiram mantê-lo afastado dos homens, pois a clarividência total acaba transformando-se em maldição. A Seu pedido, Oxumarê obteve a autorização de descer na terra de três em três anos.

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Verger acrescenta que Oxumarê está associado ao misterioso, a tudo que implica o conceito de determinação além dos poderes dos homens, do destino, enfim: É o senhor de tudo o que é alongado. O cordão umbilical, que está sob seu controle, é enterrado geralmente com a placenta, sob uma palmeira que se torna propriedade do recém-nascido, cuja saúde dependerá da boa conservação dessa árvore.

Assim, ao arquétipo de comportamento associado à figura desse Orixá complexo está a tendência à renovação, a compulsividade à mudança. Seus filhos estão entre aquelas pessoas que, de tempos em tempos, mudam tudo em sua vida: mudam de casa, de amigos, de emprego, como se ciclos se sucedessem sempre, obrigatoriamente, exigindo e provocando rompimento com o passado e iniciando diuturnamente a busca de um novo equilíbrio que deverá persistir até num novo momento de ruptura, desintegração e substituição. Mutabilidade, reinício é seu princípio básico, aproximando-o dos mitos ocidentais referentes ao planeta Plutão, o astro da morte, da destruição, da revolução como forma de renascimento e ressurreição.

Também são apontados nos filhos de Oxumarê certos traços de orgulho e de ostentação, algo que os aproxima do clichê do novo-rico, exibicionista, quando surge um grave problema para alguém de sua amizade, e que precisa efetivamente da sua ajuda.

A androginia do Orixá, por vezes é estendida a seus filhos. Estes, segundo algumas correntes, seriam bissexuais em potencial, mas essa interpretação não é aceita universalmente.

Fisicamente, os filhos de Oxumarê tendem a se movimentar extremamente leve, pouco levantando os pés do chão. Têm em comum com a cobra a facilidade em serem silenciosos, armarem seus botes na vida sem que as pessoas em torno se apercebam disso e só atacando seus inimigos quando têm plena certeza da vitória, que a vítima está encurralada num território que não é o seu. Grande Obá (rei) da nação Gêge, filho de Orixalá (Oulissassa) e Nanan (Anabioko), irmão de Obaluayê e Iroko.

Olorun atribuiu-lhe a função de dar mobilidade a todos os seres da Terra, representando a coluna vertebral, nos seres mais desenvolvidos.

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É o orixá da transformação, do movimento constante e da harmonia do universo. Poderoso vodun, é responsável pela evolução, em todos os sentidos. Obessem (Dan), como é chamado na nação Gêge, é representado pela cobra não venenosa, que morde a própria cauda. Veio, dessa forma, para a Terra, para selar a união das duas metades do planeta, ou hemisférios. Também uniu as duas metades da maioria dos seres vivos, ou seja, o lado direito e o esquerdo.

O grande Deus, Olorun, esticou Obessen, para que percorresse e abraçasse todo planeta. Nessas andanças, a serpente traçou sulcos na terra, formando o leito de rios e lagos, que mais tarde foram preenchidos com água. Graças a esse fenômeno, grandes extensões de terra foram irrigadas e fertilizadas.

A terra molhada é muito importante na concepção religiosa africana, pois representa a fecundação. Sem isso, não poderia haver evolução e renovação da natureza. Isso também pode ser notado no processo de reprodução dos seres humanos, onde o óvulo feminino simboliza a terra, e o sêmen a água.

Contam as lendas que Oxumare foi incumbido de fazer retornar para o orun (céu) todas as águas do planeta (juntamente com uma qualidade do orixá Oyá, é responsável pelo fenômeno de evaporação). Esse ciclo interminável, simbolizado pelo arco-íris, que surge quando a água, que foi devolvida para o céu, caia novamente na terra em forma de chuva, faz com que esse orixá reinicie seu trabalho, que nunca tem fim. Esse processo é muito importante, pois a água limpa, que cai na terra, purifica a natureza e os seres, preservando a vida.

A aliança entre o céu e a Terra foi estabelecida através do arco-íris, onde Oxumare revela para o mundo todas as suas cores. Esse orixá transporta as riquezas de um plano a outro da existência. Foi com as sete cores do arco-íris, e as diversas combinações entre elas, que Oxumare tornou toda a Terra multicolorida, diferenciando todas as espécies.

Se fosse pela vontade de Yemonjá, tudo seria azul, como as águas; Nanan preferia as diferente nuanças da cor terra; e Oxalá deixaria todo planeta incolor. Além do arco-íris do sol, Oxumare também mostra suas cores ao redor da lua, em alguns dias do ano.

Nessa noite, em que a lua exibe sua aureola colorida, pode-se fazer um ebó muito poderoso, para retirar todas as nossas mazelas.

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Obessem, como rei da nação Gêge, é detentor de grande poder, fortuna e conhecimento profundo do universo. A cobra vem do céu para a Terra perfurando-a e saindo pelo outro lado.

Por isso, os assentamentos desse orixá são simbolizados por dois poços abertos na terra, sem comunicação entre eles, para representar o movimento que a cobra faz ao atravessar todo o planeta, por suas entranhas.

Em sua indumentária, que são representadas por várias cores, aparecem o braja (colar de búzios) trançado e finalizado por três cabaças (onde estão guardados seus segredos), uma pequena lança e duas cobras escuras de ferro. Sua coroa (ade) pode ter formato de serpente.

Nas festas públicas, quando se evoca esse orixá, através das cantigas que se entoam ao som dos atabaques, coloca-se uma cuia de água no centro do barracão, onde todos os iniciados irão reverenciar esse orixá, tocando as mãos na água e levando-a à cabeça, em sinal de respeito ao grande Obá, que transporta as águas para o céu.

É muito tradicional, nas casas de Candomblé, só iniciar um único filho de Obessem num intervalo mínimo de sete anos, sendo também indispensável consultar o oráculo de Ifá para obter a permissão e os fundamentos necessários. Uma lenda explica que Olorun permite que Obessem saia do orun, onde está preso, somente a cada sete anos. Dia da semana: terça-feira. Cores: preto, verde, amarelo ou multicolorido. Gêge: denomina-se nesta nação OBESSEM. Angola: ANGOROMEA. Domínios: terra, atmosfera, chuva e arco-íris. Oferendas: batata doce, amendoim, inhame. OXUMARÉ - Oxumaré possui uma característica singularíssima frente aos demais orixás: é bissexual, passando metade do ano como entidade masculina e metade como feminina.

Representando de duas maneiras - o arco-íris e a cobra -, simboliza o

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movimento, a transformação constante perene, à semelhança do Yin-Yang de que falam os chineses.

Seus filhos refletem tal conceito nas mudanças de vida radicais e cíclicas: além disso, apresentam-se orgulhosos e exibicionistas, traços temperados pela generosidade e desprendimento.

OXUM

(Texto e ilustração extraídos do livro Os Orixás, publicado pela Editora Três) "Ai Ei Eiô, Mamãe Oxum" Oxum é o nome de um rio em Oxogbo, região da Nigéria. É ele considerado a morada mítica da Orixá.

Apesar de ser comum a associação entre rios e Orixás femininos da mitologia africana, Oxum é destacada como a dona da água doce e, por extensão, de todos os rios. Portanto seu elemento é a água em discreto movimento nos rios, a água semiparada das lagoas não pantanosas, pois as predominantemente lodosas são destinadas à Nanã e, principalmente as cachoeiras são de Oxum, onde costumam ser-lhe entregues as comidas rituais votivas e presentes de seus filhos-de-santo.

Oxum tem a ela ligado o conceito de fertilidade, e é a ela que se dirigem as mulheres que querem engravidar, sendo sua a responsabilidade de zelar tanto pelos fetos em gestação como pelas crianças recém-nascidas, até que estas aprendam a falar.

Dentro desta perspectiva, Iemanjá e Oxum dividem a maternidade. Mas há também outro forma de análise; a por faixas etárias, correspondentes a cada arquétipo básico.

Nanã é a matriarca velha, ranzinza, avó que já teve o poder sobre a família e o perdeu, sentindo-se relegada a um segundo plano. Iemanjá é a mulher adulta e madura, na sua plenitude. É a mãe das lendas – mas nelas, seus filhos são sempre adultos.

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Apesar de não ter a idade de Oxalá (sendo a segunda esposa do Orixá da criação, e a primeira é a idosa Nanã), não é jovem. É a que tenta manter o clã unido, a que arbitra desavenças entre personalidades contrastantes, é a que chora, pois os filhos adultos já saem debaixo de sua asa e correm os mundos, afastando-se da unidade familiar básica.

Para Oxum, então, foi reservado o posto da jovem mãe, da mulher que ainda tem algo de adolescente, coquete, maliciosa, ao mesmo tempo que é cheia de paixão e busca objetivamente o prazer. Sua responsabilidade em ser mãe se restringe às crianças e bebês.

Começa antes, até, na própria fecundação, na gênese do novo ser, mas não no seu desenvolvimento como adulto. Oxum também tem como um de seus domínios, a atividade sexual e a sensualidade em si, sendo considerada pelas lendas uma das figuras físicas mais belas do panteão mítico iorubano.

Oxum é ambiciosa; sua cor é azul-claro com raias de ouro. Segundo a tradição ioruba, seu metal é o cobre – mas a correlação com o ouro não está basicamente errada, pois, de acordo com os historiadores, o cobre era o metal mais caro conhecido naquela região. Oxum portanto, gosta das riquezas materiais, mas não numa perspectiva de usura nem uma mesquinhez de quem quer ter riquezas para escondê-las.

A iniciação (na Umbanda ou no Candomblé) é um nascimento e o poder da fecundidade tem de estar presente, pois Oxum mostrou que a menstruação, em vez de constituir motivo de vergonha e de inferioridade nas mulheres, pelo contrário proclama a realidade do poder feminino, a possibilidade de gerar filhos.

Existem 16 tipos diferentes de Oxum, das quase adolescentes até as mais velhas, sendo portanto 16 o número sagrado da mãe da água doce. Diz a lenda que as mais velhas moram nos trechos mais profundos dos rios, enquanto as mais novas nos trechos mais superficiais.

Entre essas 16, três são marcadas como guerreiras (Apara, a mais violenta, Iê Iê Kerê, que usa arco e flecha, e Ié Ié Iponda, que usa espada), mas a maior parte delas é mais pacífica, não gostando de lutas e guerras, desde Oxum Obotó, muito suave e feminina, até a versão mais velha, a não menos vaidosa Oxum Abalo.

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Além disso, o fluir nada fixo da água doce pelos diversos caminhos, a maneabilidade do elemento se manifestam no comportamento de Oxum. Sua busca de prazer implica sexo e também ausência de conflitos abertos – é dos poucos Orixás iorubas que absolutamente não gosta da guerra. CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXUM O arquétipo psicológico associado a Oxum se aproxima da imagem que se tem de um rio, das águas que são seu elemento; aparência da calma que pode esconder correntes, buracos no fundo, grutas - tudo que não é nem reto nem direto, mas pouco claro em termos de forma, cheio de meandros.

Os filhos de Oxum preferem contornar habilmente um obstáculo a enfrentá-lo diretamente, por isso mesmo, são muito persistentes no que buscam, tendo objetivos fortemente delineados, chegando mesmo a ser incrivelmente teimosos e obstinados.

A imagem doce, que esconde uma determinação forte e uma ambição bastante marcante, colabora a tendência que os filhos de Oxum têm para engordar; gostam da vida social, das festas e dos prazeres em geral.

O sexo é importante para os filhos de Oxum. Eles tendem a ter uma vida sexual intensa e significativa, mas diferente dos filhos de Iansã ou Ogum.

Os filhos de Oxum são mais discretos, pois, assim com apreciam o destaque social, temem os escândalos ou qualquer coisa que possa denegrir a imagem de inofensivos, bondosos, que constroem cautelosamente.

Na verdade os filhos de Oxum são narcisistas demais para gostarem muito de alguém que não eles próprios – mas sua facilidade para a doçura, sensualidade e carinho pode fazer com que pareçam os seres mais apaixonados e dedicados do mundo.

Faz parte do tipo, uma certa preguiça coquete, uma ironia persistente porém discreta e, na aparência, apenas inconseqüente. Verger define: O arquétipo de Oxum é o das mulheres graciosas e elegantes, com paixão pelas jóias, perfumes e vestimentas caras.

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Até um dos defeitos mais comuns associados à superficialidade de Oxum é compreensível como manifestação mais profunda: seus filhos tendem a ser fofoqueiros, mas não pelo mero prazer de falar e contar os segredos dos outros, mas porque essa é a única maneira de terem informações em troca. Senhora soberana das águas doces. Todos os rios, lagos, lagoas e cachoeiras pertencem a este Orixá. O casamento, o ventre e a fecundidade e as crianças são de Oxum, assim como, talvez por consequência, a felicidade. O ouro e o dinheiro em todas as suas espécies também são de Oxum. Pela hierarquia é o primeiro Orixá doce seguida de Iemanjá e Oxalá, formando assim o grupo de Orixás chamado de Cabeças Grande.

Em uma lenda conta-se que quando os Orixás chegaram ao mundo eram feitas reuniões onde as mulheres não poderiam participar, Oxum insatisfeita com a decisão retirou toda a fecundidade do mundo, nada mais crescia e nada mais nascia. Os homens da terra começaram a desacreditar nos Orixás, pois a eles recorriam e não obtinham a solução desejada, pois a fecundidade pertence ao Orixá em tal insatisfação. O Grande Pai explicou aos Orixás que sem Oxum nas decisões sobre a terra nada adiantaria, pois ela tinha o segredo da procriação. Sendo assim Todos foram até a Mãe, que aceitou as desculpas, começou a participar das reuniões e o mundo retomou seu rumo normal.

Saudação: Iê iêu! Dia da Semana: Sábado Número: 08 e seus múltiplos Cor: Todos os tons de amarelo, a escolha do tom depende da característica da Mãe Guia: toda amarela de um mesmo tom, o tom varia com a característica da Mãe Oferenda: canjica amarela cozida e quindim Adjuntós: Oxum Pandá Ibedji com Xangô Agandjú Ibedji, Oxum Pandá com Bará Agelú, Com Ogum Adiolá, com Xangô Agandjú, com Oxalá Bocum, com Oxalá Olocum, Oxum Demun com Ossanha, com Oxalá Olocum, Oxum Olobá com Xangô Agodô, com Xapanã Belujá, Oxum Docô com Oxalá Jobocum ou Oxalá de Orumiláia Ferramentas: todos adornos femininos em ouro, peixe, leque, caramujos, coração, moedas e búzios Ave: Galinha amarela Quatro pé: cabrita branca ou amarela

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Sincretismo: *Oxum Pandá Ibedji: Nossa Senhora de Fátima

*Oxum Pandá: Nossa Senhora de Fátima quando faz adjuntó com Bará Agelú, Nossa Senhora do Rosário quando faz adjuntó com Ogum Adiolá, Nossa Senhora de Lourdes quando faz adjuntó com Xangô Agandjú, Nossa Senhora das Graças quando faz adjuntó com Oxalá Bocum, Imaculada Conceição quando faz adjuntó com Oxalá Olocum e Sagrado Coração de Jesus quando faz adjuntó com Oxalá Olocum

*Oxum Demun: Nossa Senhora Aparecida ou Nossa Senhora da Conceição

*Oxum Docô: Nossa Senhora da Conceição ou Nossa Senhora Aparecida Gostaria de salientar que as características, animais e ferramentas podem obter uma pequena diferença conforme cada Nação, assim como os adjuntós e sincretismo, estas diferenças podem ser manifestadas, no jogo de búzios, como peculiaridades de cada Orixá OXUM Taladê omiotala ieiê murajó RESPONDER: Oxum taladê Oxum taladê omiotala de orumalé RESPONDER: Oxum taiadê Oxum taladê omiotala ieiê murajó RESPONDER: Oxum taladê Oxum taladê omiotala ieiemio RESPONDER: Oxum taladê Alaueti Oxum. RESPONDER: Alareuá Iebami Oxum peolomi iebami Oxum peolomi ieiepandá elufá tagarela iebami Oxum, peolomi RESPONDER: lebami Oxum peolomi iebami Oxum peolomi ieiepandá elufá tagarela iebami Oxum peolomi Ieieo Oxum pererema RESPONDER: Ieieo Oxum pererema Oieieoeleuati Oxum eleuati Oxum panda RESPONDER: Oieieoeleuati Oxum eleuati Oxum panda Alassicum o

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RESPONDER: Eleuatiobá Ogumpeni leuá RESPONDER: Omineóra oraora omineóra Aubere aubere aueni Oxum RESPONDER: Aubere aubere aueni Oxum Aoenio RESPONDER: Aubere aubere Oxum épanda para éleo RESPONDER: Oxum épanda para éleo Olomilo Oxum RESPONDER: Atonirê olomilo Oxum atonirê Adunené abomio RESPONDER: Oxum pererê Oxum pererê Aio éinho RESPONDER: Beleué Ieué Oxum beleué Edibombeleio anupemio RESPONDER: Edibamboleio anupeauô Achioxum pandalossimio RESPONDER: Orum eléu achioxum orum eléu Pandá como come Oxum olodeo RESPONDER: Amaiorô Orixá oieiêo amaiorô Pandalossimio RESPONDER: Ominilabauaxim Pandalossimibeum RESPONDER: Ominilabaxaebó Onimamilum RESPONDER: Aladê ieiê elum Oxum maguéti Perere Ogum auma auma auma perere Ogum maréogum RESPONDER: Perere Ogum auma auma auma perere Ogum maréogum Oadeo oire adeuá ominilaba adeo aire adeuá RESPONDER: Oadeo oire adeuá ominilaba adeo aire adeuá Ominilaba RESPONDER: Adeo oire adeuá Eloire iadocomio RESPONDER: Ie elomário JEJE Fia fia odé sapatafia amaodé siman RESPONDER: Fia fia odé sapatafia amaodé sim fia fia ode Pandá suami RESPONDER: Pandá anareui

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OXÓSSI

Texto e ilustração extraídos do livro Os Orixás, publicado pela Editora Três) O PERFIL DO ORIXÁ Numa visão antropológica, os Orixás são vibrações de energia, cada uma numa faixa própria, com as quais os seres humanos se identificam, o que justifica a existência de filhos de diferentes Orixás.

Assim os filhos de Oxóssi, são aqueles cujo metabolismo básico e características de personalidade herdadas geneticamente mais se identificam com uma matriz, o próprio Oxóssi, que se manifesta em ambientes como florestas cerradas, parques onde animais são preservados, espaços enfim, de contato entre o homem e os animais.

Numa visão teológica, os Orixás são divindades a serem respeitadas e cultuadas por seus filhos, que com eles entrariam em contato através de diferentes rituais disseminados na cultura tribal africana e que no Brasil estão agrupados sob o rótulo de uma religião, a Umbanda e o Candomblé. Cada divindade possui lendas que justificam seu destino e principalmente o arquétipo de comportamento à ela associado.

A Umbanda cultuada no Brasil é uma síntese de diversas manifestações diferentes da África, unindo preceitos e práticas que no continente negro se manifestam em povos isolados.

Há porém, uma corrente predominante, a dos iorubas ou nagôs. Sua visão do mundo material e sobrenatural foi a que mais se espalhou, tanto no centro-sul da África, como no Brasil, e os Orixás mais populares são dela originados. Os rituais Jeje, do Daomé (atual República do Benin), também encontraram espaço, principalmente porque tiveram de lutar contra mitos antagônicos dos iorubas; na verdade, o Daomé foi, há muitos séculos, dominado politicamente por um povo de civilização mais recente, os iorubas.

Assim como Roma se comportou em relação aos mitos gregos, assimilando-os gradativamente e adaptando-os as suas próprias necessidades, os iorubas assimilaram usos, costumes e Orixás daomeanos, como Nanã, Iroco, Omolu e outros. Uma diferença, porém, sempre existiu para quem se propusesse a analisá-los.

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Os mitos iorubas manifestavam grande vitalidade, envolvendo personalidades extrovertidas como Exu. Já os Orixás daomeanos são mais frios, vindos de uma cultura mais hierarquizada, onde os deuses são vistos de maneira um pouco ameaçadora e coercitiva; não costumam ter o senso de humor dos iorubas, sua flexibilidade, onde contendas difíceis às vezes são resolvidas por palavras hábeis. O mundo dos daomeanos é mais soturno, discreto, perigoso.

Nesse sentido, dois Orixás iorubas fogem da tradição básica: o mago Ossâim, o solitário senhor das folhas, e Oxóssi, o caçador. Ambos são irmãos de Ogum na maior parte das lendas e possuem em comum o gosto pelo individualismo e o ambiente que habitam; a floresta virgem, as terras verdes não cultivadas.

A floresta é a terra do perigo, o mundo desconhecido além do limite estabelecido pela civilização iorubana, é o que está além do fim da aldeia. Os caminhos não são traçados pelas cabanas, mas sim pelas árvores, o mato invade as trilhas não utilizadas, os animais estão soltos e podem atacar livremente. É o território do medo.

Oxóssi é o Orixá masculino ioruba responsável pela fundamental atividade da caça. Por isso na África é também cultuado como Ode, que significa caçador.

É tradicionalmente associado à lua e, por conseguinte, à noite, melhor momento para a caça. Oxóssi e Ossâim têm na floresta o próprio fim, nela se escondem. O primeiro para capturar os animais, o segundo para poder estudar sozinho e recolher as folhas sagradas.

Oxóssi e Ossâim representam as formas mais arcaicas de sobrevivência, a apologia da caça em detrimento da agricultura, a apologia da magia e do ocultismo em detrimento da ciência.

Ao mesmo tempo, Oxóssi está mitologicamente muito próximo de Ogum, como conciliando o novo e o velho, as novas atividades com as tradicionais.

Na Umbanda, recebe o título de Rei das Matas, sendo à ele consagrada a cor verde. Já no Candomblé, a cor verde é consagrada a Ossâim por sua proximidade com as folhas, ficando o azul para Oxóssi, um azul pouco mais vivo e claro que o de Ogum, numa transição cromática.

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Outro dado que identifica e aproxima Oxóssi de Ogum, é o fato de ambos representarem atividades e possuírem temperamentos próprios de uma mesma faixa etária, a juventude (mas não a adolescência, pois são mitos adultos, viris), onde a energia se expressa fisicamente.

Assim como o irmão ligado à guerra, Oxóssi é um Orixá que vive ao ar livre e está sempre longe de um lar organizado e estável. Seu combate cotidiano, entretanto, está nas matas, caçando os animais que vão garantir a alimentação da tribo, sendo por isso consagrado como protetor dos caçadores e eterno provedor da subsistência do gênero humano. Protege tanto o que mata o animal como o próprio animal, já que é um fim nobre a morte de um ser para servir de alimento para outro.

Protege os antagonistas, o caçador, e a caça, pois são seres do mesmo espaço, a floresta. Por isso Oxóssi nunca aprova a matança pura e simples, para ele a morte dos animais deve garantir a comida para os humanos ou os rituais para os deuses, sendo símbolo de resistência à caça predatória.

O conceito de liberdade e independência para Oxóssi é muito claro. Sua responsabilidade principal com relação ao mundo é garantir a vida dos animais para que possam ser caçados. Em alguns cultos de Umbanda, também se atribui à ele o poder sobre as colheitas, já que agricultura foi introduzida historicamente depois da caça como meio de subsistência.

Segundo Pierre Verger, o culto a Oxóssi é bastante difundido no Brasil mas praticamente esquecido na África. A hipótese do pesquisador francês é que Oxóssi foi cultuado basicamente no Keto, onde chegou a receber o título de rei. Essa nação, porém foi praticamente destruída no século XIX pelas tropas do então rei do Daomé. Já no Brasil, o Orixá tem grande prestígio e força popular, além de um grande número de filhos. Seus símbolos são ligados à caça: no Candomblé, possui um ou dois chifres de búfalo dependurados na cintura. Na mão, usa o eruquerê (eiru), que são pelos de rabo de boi presos numa bainha de couro enfeitada com búzios.

O mito do caçador explica sua rápida aceitação no Brasil, pois identifica-se com diversos conceitos dos índios brasileiros sobre a mata ser região tipicamente povoada por espíritos de mortos, conceitos igualmente arraigados na Umbanda popular e nos Candomblés de Caboclo, um sincretismo entre os ritos africanos e os dos índios brasileiros, comuns no Norte do País.

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Talvez seja por isso que, mesmo em cultos um pouco mais próximos dos ritos tradicionalistas africanos, alguns filhos de Oxóssi o identifiquem não com um negro, como manda a tradição, mas com um Índio. Seu objeto básico é o arco e a flecha, o ofá e o damatá.

Oxóssi é o que basta a si mesmo. A ele estiveram ligados alguns Orixás femininos, mas o maior destaque é para Oxum, com quem teria mantido um relacionamento instável, bem identificado no plano sexual, coisa importante tanto para a mãe da água doce como para o caçador, mas difícil no cotidiano, já que enquanto ela representa o luxo e a ostentação, ele é a austeridade e o despojamento. CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXÓSSI O filho de Oxóssi apresenta arquetipicamente as características atribuídas do Orixá. Representa o homem impondo sua marca sobre o mundo selvagem, nele intervindo para sobreviver, mas sem alterá-lo. Oxóssi desconhece a agricultura, não muda o solo para ele plantar, apenas recolhe o que pode ser imediatamente consumido, a caça.

No tipo psicológico a ele identificado, o resultado dessa atividade é o conceito de forte independência e de extrema capacidade de ruptura, o afastar-se de casa e da aldeia para embrenhar-se na mata, afim de caçar. Seus filhos, portanto são aqueles em que a vida apresenta forte necessidade de independência e de rompimento de laços. Nada pior do que um ruído para afastar a caça, alertar os animais da proximidade do caçador. Assim os filhos de Oxóssi trazem em seu inconsciente o gosto pelo ficar calado, a necessidade do silêncio e desenvolver a observação tão importantes para seu Orixá.

Geralmente Oxóssi é associado às pessoas joviais, rápidas e espertas, tanto mental como fisicamente. Tem portanto, grande capacidade de concentração e de atenção, aliada à firme determinação de alcançar seus objetivos e paciência para aguardar o momento correto para agir. Sua luta é baseada na necessidade de sobrevivência e não no desejo de expansão e conquista.

Busca a alimentação, o que pode ser entendido como sua luta do dia-a-dia. Esse Orixá é o guia dos que não sonham muito, mas sua violência é canalizada e represada para o movimento certo no momento exato. É basicamente reservado, guardando quase que exclusivamente para si seus comentários e sensações, sendo muito discreto quanto ao seu próprio humor e disposição.

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Os filhos de Oxóssi, portanto, não gostam de fazer julgamentos sobre os outros, respeitando como sagrado o espaço individual de cada um. Buscam preferencialmente trabalhos e funções que possam ser desempenhados de maneira independente, sem ajuda nem participação de muita gente, não gostando do trabalho em equipe. Ao mesmo tempo , é marcado por um forte sentido de dever e uma grande noção de responsabilidade. Afinal, é sobre ele que recai o peso do sustento da tribo.

Os filhos de Oxóssi tendem a assumir responsabilidades e a organizar facilmente o sustento do seu grupo ou família. Podem ser paternais, mas sua ajuda se realizará preferencialmente distante do lar, trazendo as provisões ou trabalhando para que elas possam ser compradas, e não no contato íntimo com cada membro da família.

Não é estranho que, quem tem Oxóssi como Orixá de cabeça, relute em manter casamentos ou mesmo relacionamentos emocionais muito estáveis. Quando isso acontece, dão preferência a pessoas igualmente independentes, já que o conceito de casal para ele é o da soma temporária de duas individualidades que nunca se misturam.

Os filhos de Oxóssi, compartilham o gosto pela camaradagem, pela conversa que não termina mais, pelas reuniões ruidosas e tipicamente alegres, fator que pode ser modificado radicalmente pelo segundo Orixá (ajuntó). São pessoas tipicamente extrovertidas, gostando de viver sozinhas, preferindo receber grupos limitados de amigos. É portanto, o tipo coerente com as pessoas que lidam bem com a realidade material, sonham pouco, têm os pés ligados à terra. Dia da semana: quinta-feira. Cores: azul turquesa e verde. Gêge: nesta nação denomina-se AGUE. Angola: Congobira. Domínios: florestas, matas e terras virgens. Oferendas: aprecia muito o milho cozido. ODÉ - OTIM Ossampa erepê amam oluro erepê RESPONDER: Ossampa erepê amam oluro erepê Mineró mineró Odé mineró Odé o RESPONDER: Mineró mineró Odé mineró Odé o

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Odé omota RESPONDER: Otimboró Odé E mota é mota timboró RESPONDER: Odé omota timboró Odé omata RESPONDER: Timbaró Odé Ajacuna pamirô ajacuna ajacuna pamirô o ajacuna olemote emote afarireo ajacuna pamirô RESPONDER: Ajacuna jamirô ajacuna ajacuna pamirô o ajacuna olemote emote afarireo pamirô Olemote emote afarireo RESPONDER: Ajacuna pamirô Odé pamilaro RESPONDER: Odé pamilaro Odé pamilaro safamodé RESPONDER: Pamilaro safamodé E aba o aba Odé RESPONDER: Ara çoçô a Odé Cecarelê cacarelê RESPONDER: Ace ace carelê Digalaire lairepe diagalaire lairepê digala RESPONDER: E epê digalaire lairepê digala Ebereçulá ebereçulo ebereçulá ae ao RESPONDER: Ebereçulá ebereçulo ebereçulá ae ao Otim e ae RESPONDER: E ae Otim acarô RESPONDER: Acorô Otim abeçu RESPONDER: Acorô Eloamachite adibeô RESPONDER: Eloamachite adibeô Beni beni seodéo beni beni seodéo acacao dão cunfarerê beni beni seodéo RESPONDER: Beni beni seodéo beni beni seodéo acacao dão cunfarerê beni beni seodéo E a coquino quê RESPONDER: Oquê acoquino oquê o quê Odé cemalaia ceçumalé Odé cemalaia ceçumalé RESPONDER: Oro oro cundê cemalaia ceçumalé Ogum béo RESPONDER: Ogum béo E edipê

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RESPONDER: Adioê Adioelo RESPONDER: Adioelogum Colimote coni chabim RESPONDER: Otim Elibobô é com eleci com eleci ocutaô RESPONDER: Elibobô é com eleci com eleci ocutaô JEJE Eleoabrequete o abrequete oara RESPONDER: Oia bobô e o abrequete o abrequete oara oiá bobô

OXALÁ

(Texto e ilustração extraídos do livro Os Orixás, publicado pela Editora Três) O PERFIL DO ORIXÁ

Orixá masculino, de origem Ioruba (nagô) bastante cultuado no Brasil, onde costuma ser considerado a divindade mais importante do panteão africano. Na África é cultuado com o nome de Obatalá.

Quando porém os negros vieram para cá, como mão-de-obra escrava na agricultura, trouxeram consigo, além do nome do Orixá, uma outra forma de a ele se referirem, Orixalá, que significa, orixá dos orixás. Numa versão contraída, o nome que se acabou popularizando, é OXALÁ.

Esta relação de importância advém de a organização de divindades africanas ser uma maneira simbólica de se codificar as regras do comportamento. Nos preceitos, estão todas as matrizes básicas da organização familiar e tribal, das atitudes possíveis, dos diversos caminhos para uma mesma questão. Para um mesmo problema, orixás diferentes propõem respostas diferentes - e raramente há um acordo social no sentido de estabelecer uma das saídas como correta e a outra não.

A jurisprudência africana nesse sentido prefere conviver com os opostos, estabelecendo, no máximo, que, perante um impasse, Ogum faz isso, Iansã faz aquilo, por exemplo.

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Assim, Oxalá não tem mais poderes que os outros nem é hierarquicamente superior, mas merece o respeito de todos por representar o patriarca, o chefe da família. Cada membro da família tem suas funções e o direito de se inter-relacionar de igual para igual com todos os outros membros, o que as lendas dos Orixás confirmam através da independência que cada um mantém em relação aos outros.

Oxalá, porém, é o que traz consigo a memória de outros tempos, as soluções já encontradas no passado para casos semelhantes, merecendo, portanto, o respeito de todos numa sociedade que cultuava ativamente seus ancestrais. Ele representa o conhecimento empírico, neste caso colocado acima do conhecimento especializado que cada Orixá pode apresentar: Ossâim, a liturgia; Oxóssi, a caça; Ogum, a metalurgia; Oxum, a maternidade; Iemanjá, a educação; Omolu, a medicina - e assim por diante.

Se por este lado, Oxalá merece mais destaque, o considerá-lo superior aos outros (o que não está implícito como poder, mas sim merecimento de respeito ao título de Orixalá) veio da colonização européia.

Os jesuítas tentavam introduzir os negros nos cultos católicos, passo considerado decisivo para os mentores e ideólogos que tentavam adaptá-los à sociedade onde eram obrigados a viver, baseada em códigos a eles completamente estranhos.

A repressão pura e simples era muito eficiente nestes casos, mas não bastava. Eram constantes as revoltas. Em alguns casos, perceberam que o sincretismo era a melhor saída, e tentaram convencer os negros que seus Orixás também tinham espaço na cultura branca, que as entidades eram praticamente as mesmas, apenas com outros nomes.

Alguns escravos neles acreditaram. Outros se aproveitaram da quase obrigatoriedade da prática dos cultos católicos, para, ao realizá-los, efetivarem verdadeiros cultos de Umbanda, apenas mascarados pela religião oficial do colonizador. Esclarecida esta questão, não negamos as funções únicas e importantíssimas de Oxalá perante a mitologia ioruba.

É o princípio gerador em potencial, o responsável pela existência de todos os seres do céu e da terra. É o que permite a concepção no sentido masculino do termo. Sua cor é o branco, porque ela é a soma de todas as cores.

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Por causa de Oxalá a cor branca esta associada ao candomblé e aos cultos afro-brasileiros em geral, e não importa qual o santo cultuado num terreiro, nem o Orixá de cabeça de cada filho de santo, é comum que se vistam de branco, prestando homenagem ao Pai de todos os Orixás e dos seres humanos.

Se essa mesma, gostar e quiser usar roupas com as cores do seu ELEDÁ (primeiro Orixá de cabeça) e dos seus AJUNTÓ (adjutores auxiliares do Orixá de cabeça) não terá problema algum, apenas dependendo da orientação da cúpula espiritual dirigente do terreiro.

Segundo as lendas, Oxalá é o pai de todos os Orixás, excetuando-se Logunedé, que é filho de Oxóssi e Oxum, e Iemanjá que tem uma filiação controvertida, sendo mais citados Odudua e Olokum como seus pais, mas efetivamente Oxalá nunca foi apontado como seu pai. AS CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXALÁ

As características tão bem sintetizadas por Monique Augras ao descrever a dança de Oxalá (no ritual de nação) definem bem o arquétipo psicológico a ele associado. São caracteres encontrados nos arquétipos ocidentais também em relação à figura paterna.

Oxalá é o pai dos Orixás e, por extensão, de toda a humanidade. Estabelece, pois, entre si e os outros, uma aura não de temeridade (já que não é nada inseguro), mas sim de respeito e carinho.

Os filhos de Oxalá, portanto, são pessoas tranqüilas, com tendência à calma, até nos momentos mais difíceis; conseguem o respeito mesmo sem que se esforcem objetivamente para obtê-lo. São amáveis e pensativos, mas nunca de maneira subserviente. Às vezes chegam a ser autoritários, mas isso acontece com os que têm Orixás guerreiros ou autoritários como adjutores (ajuntós).

Sabem argumentar bem, tendo uma queda para trabalhos que impliquem em organização. Gostam de centralizar tudo em torno de si mesmos. São reservados, mas raramente orgulhosos.

Seu defeito mais comum é a teimosia, principalmente quando têm certeza de

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suas convicções; será difícil convencê-los de que estão errados ou que existem outros caminhos para a resolução de um problema.

No Oxalá mais velho (OXALUFÃ) a tendência se traduz em ranzinzice e intolerância, enquanto no Oxalá novo (OXAGUIÃ) tem um certo furor pelo debate e pela argumentação.

Para Oxalá, a idéia e o verbo são sempre mais importantes que a ação, não sendo raro encontrá-los em carreiras onde a linguagem (escrita ou falada) seja o ponto fundamental.

Fisicamente, os filhos de Oxalá tendem a apresentar um porte majestoso ou no mínimo digno, principalmente na maneira de andar e não na constituição física; não é alto e magro como o filho de Ogum nem tão compacto e forte como os filhos de Xangô. Às vezes, porém, essa maneira de caminhar e se postar dá lugar a alguém com tendência a ficar curvado, como se o peso de toda uma longa vida caísse sobre seus ombros, mesmo em se tratando de alguém muito jovem. OXALÁ Pai de todos os Orixá e mortais, Oxalá é o maior e mais respeitado Orixá nas Nações africanas, a paz e a harmonia espiritual são as características deste que é o Criador e Administrador do Universo. Quando moço, se manifesta em seu Cavalo-de-Santo dançando como os outros Orixás, quando se apresenta em suas passagens velhas, chega se arrastando caminhando com dificuldade, muitas vezes fica parado no lugar esperando o auxílio de algum Orixá moço. Pertence a Oxalá de Orumiláia a visão espiritual, como consequência o jogo de Búzios.

Saudação: Epaô Baba! Dia da Semana: Domingo Número: 08 e seus múltiplos Cor: Branco e Branco com preto para Oxalá de Orumiláia Guia: toda branca ou 01 branca, 01 preta, 01 branca para Oxalá de Orumiláia Oferenda: canjica branca e merengue Adjuntós: Oxalá Obocum com Oxum Pandá, Oxalá Olocum com Oxum Pandá, Oxalá Dacum com Iemanjá Bocí, Oxalá Jobocum com Oxum Docô ou Iemanjá Bocí, Oxalá de Orumiláia com Oxum Docô ou Iemanjá Bomí

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Ferramentas: jóias em prata, caramujo, sol, cajado, pomba de prata, moedas e búzios, para Oxalá de Orumiláia acrescentamos olhos de prata Ave: Galinha branca e galinha preta para Oxalá de Orumiláia Quatro pé: cabrita branca e cabrita branca com pequenas manchas pretas para Oxalá de Orumiláia

Sincretismo: Oxalá Obocum e Oxalá Olocum: Menino Jesus de Praga Oxalá Dacum e Oxalá Jobocum: Sagrado Coração de Jesus Oxalá de Orumiláia: Espírito Santo ou Santa Luzia Gostaria de salientar que as características, animais e ferramentas podem obter uma pequena diferença conforme cada Nação, assim como os adjuntós e sincretismo, estas diferenças podem ser manifestadas, no jogo de búzios, como peculiaridades de cada Orixá. LENDAS Oxalufã era o rei de Ilu-ayê, a terra dos ancestrais, na longínqua África. Ele estava muito velho, curvado pela idade e andava com dificuldade, apoiado num grande cajado, chamado opaxorô.

Um dia, Oxalufã decidiu viajar em visita a seu velho amigo Xangô, rei de Oyó. Antes de partir, Oxalufã consultou um babalaô, o adivinho, perguntando-lhe se tudo ia correr bem e se a viagem seria feliz. O babalaô respondeu-lhe: "Não faça esta viagem. Ela será cheia de incidentes desagradáveis e acabará mal." Mas Oxalufã tinha um temperamento obstinado, quando fazia um projeto, nunca renunciava. Disse então ao babalaô: "Decidi fazer esta viagem e eu a farei, aconteça o que acontecer!"

Oxalufã perguntou ainda ao babalaô, se oferendas e sacrifícios melhorariam as coisas. Este respondeu-lhe: "Qualquer que sejam suas oferendas, a viagem será desastrosa." E fez-lhe ainda algumas recomendações: "Se você não quiser perder a vida durante a viagem, deverá aceitar fazer tudo que lhe pedirem. Você não deverá queixar-se das tristes consequências que advirão. Será necessário que você leve três panos brancos. Será necessário que você leve, também, sabão e limo da costa."

Oxalufã partiu, então, lentamente, apoiado no seu opaxorô. Ao cabo de algum

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tempo, ele encontra Exu Elepô, Exu "dono do azeite de dendê". Exu estava sentado à beira da estrada, com um grande pote cheio de dendê.

"Ah! Bom dia Oxalufã, como vai a família?" "Oh! Bom dia Exu Elepô, como vai também a sua?" "Ah! Oxalufã, ajude-me a colocar este pote no ombro." "Sim Exu, sim, sim, com prazer e logo."

Mas de repente, Exu Elepô virou o pote sobre Oxalufã. Oxalufã ficou coberto de azeite e seu pano inutilizável. Exu, contente do seu golpe, aplaudia e dava gargalhadas. Oxalufã, seguindo os conselhos do babalaô, ficou calmo e nada reclamou. Foi limpar-se no rio mais próximo. Passou o limo da costa sobre o corpo e vestiu-se com um novo pano; aquele que usava ficou perto do rio, como oferenda.

Oxalufã retomou a estrada, andando com lentidão, apoiado no seu opaxorô. Duas vezes mais ele encontrou-se com Exu. Uma vez, com Exu Onidú, Exu "dono do carvão"; Outra vez, com Exu Aladi, "dono do óleo do caroço de dendê". Duas vezes mais, Oxalufã foi vítima das armadilhas de Exu, ambas semelhantes à primeira.

Duas vezes mais, Oxalufã sujeitou-se às consequências. Exu divertiu-se às custas dele, sem que conseguisse, contudo, tirar-lhe a calma. Oxalufã trocou, assim, seus últimos panos, deixando na margem do rio os que usava, como oferenda. E continuou corajosamente seu caminho, apoiado em seu opaxorô, até que passou a fronteira do reino de seu amigo Xangô. Kawo Kabiyesi, Xangô Alafin Oyó, Alayeluwa! "Saudemos Xangô, Senhor do Palácio de Oyó, Senhor do Mundo!"

Logo, Oxalufã viu um cavalo perdido que pertencia a Xangô. Ele conhecia o animal, pois havia sido ele que, há tempos, lhe oferecera. Oxalufã tentou amansar o cavalo, mostrando-lhe uma espiga de milho, para amarrá-lo e devolvê-lo a Xangô. Neste instante, chegaram correndo os servidores do palácio. Eles estavam perseguindo o animal e gritaram: "Olhem o ladrão de cavalo! Miserável, imprestável, amigo do bem alheio! Como os tempos mudaram; roubar com esta idade!! Não há mais anciãos respeitáveis! Quem diria? Quem acreditaria?" Caíram todos sobre Oxalufã, cobrindo-o de pancadas. Eles o agarraram e

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arrastaram-no até a prisão. Oxalufã, lembrando-se das recomendações do babalaô, permaneceu quieto e nada disse.

Ele não podia queixar-se, mas podia vingar-se. Usou então seus poderes, do fundo da prisão. Não choveu mais, a colheita estava comprometida, o gado dizimado; as mulheres estéreis, as pessoas eram vitimadas por doenças terríveis. Durante sete anos, o reino de Xangô foi devastado.

Xangô, por sua vez, consultou um babalaô, para saber a razão de toda esta desgraça. "Kabiyesi Xangô," respondeu-lhe o babalaô, tudo isto é consequência de um ato lastimável. Um velho sofre, injustamente, preso há sete anos. Ele nunca se queixou, mas não pense no entanto... Eis a fonte de todas as desgraças!"

Xangô fez vir diante dele o tal ancião. "Ah! Mas vejam só!" - gritou Xangô. "É você, Oxalufã! Êpa Baba! Exe ê!! Absurdo! É inacreditável, vergonhoso, imperdoável!!! Ah! Você, Oxalufã, na prisão! Êpa Baba!! Não posso acreditar e, ainda por cima, preso por meus próprios servidores!

Hei! Todos vocês! Meus generais! Meus cavaleiros, meus eunucos, meus músicos! Meus mensageiros e chefes de cavalaria! Meus caçadores! Minhas mulheres, as ayabás! Hei! Povo de Oyó! Todos e todas, vesti-vos de branco em respeito ao rei que veste branco!

Todos e todas, guardai o silêncio em sinal de arrependimento! Todos e todas vão buscar água no rio! É preciso lavar Oxalufã! Êpa Baba! Êpa, Êpa!

É preciso que ele nos perdoe a ofensa que lhe foi feita!!! Este episódio da vida de Oxalufã é comemorado, a cada ano, em todos os terreiros de candomblé da Bahia, no dia da "Água de Oxalá"

Quando todo mundo veste-se de branco e vai buscar água em silêncio, para lavar os axés, objetos sagrados de Oxalá.

Também, com a mesma intenção, todos os anos, numa quinta-feira, uma

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multidão lava o chão da basílica dedicada ao Senhor do Bonfim, e seus descendentes de hoje, é Oxalufã. Êpa, Êpa, Baba!!!

(Do livro "Lendas Africanas dos Orixás de Pierre Fatumbi Verger e Carybé - Editora Currupio) Êpa Babá! OXALUFAN Oxalá, Orixalá ou Oxalufan é a primeira forma de orixá que foi criada por Olorun, no início dos tempos, sendo associado ao ar, que existia antes da criação da Terra, e também à água do início da existência. Oxalufan está ligado à cor branca, ou incolor, sendo o primeiro na hierarquia dos fun-fun (os que vestem branco).

Detém o axé da criação de todos os seres da Terra, representando a fertilidade masculina. Está ligado à gênese do universo e foi o primeiro orixá criado por Olorun. Representa a maturidade, a sabedoria e o equilíbrio. Veste-se inteiramente de branco, sendo responsável pela manutenção da paz e da tranqüilidade entre os seres criados. Na mitologia africana, é considerado o pai de todos os orixás e de todos os seres vivos, sendo, por esse motivo, constantemente reverenciado em festas públicas e diversos rituais.

Está sempre presente nas antigas lendas, representando a figura veneranda de um pai. Sua posição é muito destacada, tendo o respeito de todos os orixás, que se curvam à sua presença.

Oxalufan, com seu cajado ou opaxoro, separou a Terra e o céu, que, no início dos tempos, estavam no mesmo nível de existência.

Os três pratos, que fazem parte do cajado, simbolizam a sua supremacia sobre os mundos dos seres humanos, dos eguns (paralelo) e dos orixás. O pássaro, que está pousado na ponta do opaxoro, é um mensageiro que faz a ligação entre esses mundos. Com esses pratos, Oxalá carrega e distribui o alimento sagrado para todos os seres humanos e encantados.

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Os pingentes, que estão presos a eles, simbolizam os presentes que lhe eram ofertados nos diferentes lugares por onde passou em suas caminhadas pelo mundo. Esse orixá, assim como Nanan, é bem-vindo em todos os reinados.

O raciocínio é a grande contribuição desse orixá para os seres humanos, diferenciando-o, assim, dos animais.

Todos os orixás que vestem branco, ou fun-funs (mesmo Ogun ou Oyá), herdaram esse dom de Oxalá de uma forma mais intensa, e o transferiram para seus filhos na Terra, que, por esse motivo, possuirão um pensamento engendrado e a constante reflexão sobre todos os aspectos da sua existência.

O alá é um outro símbolo de Oxalufan, que consiste num pano branco usado para protegê-lo do calor, bem como abrigar, sob sua proteção, todos os seres criados. Serve também para representar a separação entre a Terra e o céu.

Muitas vezes, esse orixá é apresentado como um velho, todo curvado e retorcido precisando ser amparado por ekédes e ogans, por não poder andar.

O fato de Oxalufan ser o orixá mais antigo não justifica essa postura, pois a idade cronológica.

Se consultarmos a mitologia africana, veremos que Oxalá empreendeu grandes caminhadas pelo mundo e, como soberano que era, não se curvava a ninguém (com raras exceções, como foi mostrado na lenda de Oxun).

As pessoas que nascem com defeitos físicos e mentais, ou os adquirem antes dos nove anos, serão protegidos por Oxalá, pois houve algum erro na formação desses seres.

Podemos pedir a misericórdia desse orixá nos casos acima e para salvar pessoas com doenças graves e casos terminais.

A teimosia e obstinação são a marca de Oxalufan, o que lhe traz a possibilidade de grandes feitos ou muitos dessabores.

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OXANGUIAN Este orixá, também carrega as cores azul e vermelha, além do branco. Isso deve-se ao fato de possuir uma grande ligação com o orixá Ogun. Todo iniciado na cultura desse orixá, além do seu assentamento, deve ter também um assentamento para Ogun.

Oxanguian é o único orixá fun-fun que guerreia, usando para isso uma espada e um escudo que recebeu de Ogun. Além do raciocínio, esse orixá usa o artifício da guerra em determinados momentos. Essa guerra não deve ser interpretada ao pé da letra, mas, sim, num sentido mais abrangente, como, por exemplo, na luta pela sobrevivência.

Foi um grande estrategista, não entrando numa guerra sem antes pensar muito bem nos prós e nos contras, a fim de não pôr em risco seus exércitos. Evitava ao máximo o confronto, tentando sempre resolver os problemas de outra maneira; mas, se os argumentos não adiantavam, entrava na guerra lutando até o final, custasse o que custasse. Para ele, era tudo ou nada.

Este orixá, também carrega as cores azul e vermelha, além do branco. Isso deve-se ao fato de possuir uma grande ligação com o orixá Ogun. Todo iniciado na cultura desse orixá, além do seu assentamento, deve ter também um assentamento para Ogun.

Oxanguian é o único orixá fun-fun que guerreia, usando para isso uma espada e um escudo que recebeu de Ogun. Além do raciocínio, esse orixá usa o artifício da guerra em determinados momentos. Essa guerra não deve ser interpretada ao pé da letra, mas, sim, num sentido mais abrangente, como, por exemplo, na luta pela sobrevivência.

Foi um grande estrategista, não entrando numa guerra sem antes pensar muito bem nos prós e nos contras, a fim de não pôr em risco seus exércitos. Evitava ao máximo o confronto, tentando sempre resolver os problemas de outra maneira; mas, se os argumentos não adiantavam, entrava na guerra lutando até o final, custasse o que custasse. Para ele, era tudo ou nada.

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Um símbolo característico da indumentária desse orixá é o pilão, com o qual amassa o inhame, sua comida preferida. Existem algumas festividades que homenageiam essa qualidade de orixá, dentro do ciclo das águas de Oxalá, com o nome de Pilão de Oxanguian.

É o orixá da fartura, da riqueza e do raciocínio pleno. Assim como os outros orixás fun-fun, seus elementos são a água e a terra, e seu metal é a prata. Dia da semana: sexta-feira. Cores: Oxalufan: branco e prata; Oxanguian: branco com nuanças de azul ou vermelho. Gêge: nesta nação denomina-se OULISSASSA (Oxalufan); LISA-GAMA (Oxanguian). Angola: ZAMBI. Domínios: atmosfera, oceanos, alto das montanhas, céu. Oferendas: canjica (ebô), acaçá de inhame, arroz com peito de frango, arroz doce, etc. OXALÁ É de au au au babaichorô RESPONDER: E de auê babarumalé é de au Eleoapecô o babá RESPONDER: Eoapecô orumalé Elecapecô Iemanjá RESPONDER: Eoapecô orumalé Aiolomina o anareo cori foribalé RESPONDER: Aiolomina o anareo cori foribalé Aifiola aiofila ieiê babarumalé RESPONDER: Aifiola aiofila ieiê babarumalé Eleomaquere quere quere eleomaquere de Orixá RESPONDER: Eleomaquere quere quere eleomaquere de Orixá Ominina batia ominina balocum RESPONDER: Ominina batia ominina balocum Oeliéu eléu eléu omiato babachorô RESPONDER: Oeliéu eléu eléu omiato babachorô Oeléoao elédebabao RESPONDER: Oeléoao elédebabao Eléoao elébabao

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RESPONDER: Eléoao elébabao Oimanjá muque muquechê RESPONDER: Alao oo oo babá Oxalá de oromiláia babaichorô oromiláia RESPONDER: Oxalá de oromiláia babaichorô oromiláia Oxalá de oromiláia choro RESPONDER: Oxalá de oromiláia choro Oxalá de oromiláia oromiláia choro RESPONDER: Oxalá de oromiláia oromiláia choro rd Oibelerum belerum belerum Orixálá maleodô RESPONDER: Oibelerum belerum belerum Orixálá maleodô Alafiolaê de babareuá RESPONDER: Alafiolaê de babareuá Oxalá belerum RESPONDER: Quereremo fará Oiquererema fára RESPONDER: Oiquererema fará Oibabaribô Maconsé Oxalá Maconsé Babaribô Maconsé RESPONDER: Oibabaribô Maconsé Oxalá Maconsé Babaribô Maconsé Sapadô Otirê RESPONDER: Farabodó Oquenia pechoro oquenia pechoro ialaossimam ialaossimam pechorô RESPONDER: Oquenia pechoro oquenia pechoro ialaossimam ialaossimam pechorô Inhéo oinhéo ao inhéo deoromiláia ilao RESPONDER: Inhéo oinhéo ao inhéo deoromiláia ilao Oiumpepeo airá babachanirê olunfá airá RESPONDER: Oiumpepeo airá babachanirê olunfá airá Colimo colimocum RESPONDER: Fararaiso colimocum fararaiso Ieieo pavià ieieo paviá amassélo locum acoro ieiê paviá amasselo locum acoro RESPONDER: Ieieo paviá ieieo pavià amassélo locum acoro ieiê paviá amasselo locum acoro Anajéo adupereo RESPONDER: Anajéo adupereo Ebô ololofila Orixalá RESPONDER: Ebô ololofila Orixalá Ebô babálofila Orixalá RESPONDER: Ebô babálofila Orixalá Oxalá lerum oxalá lerum olofilo orixálá olofilo babá RESPONDER: Oxalá lerum oxalá lerum olofilo orixálá olofilo babá Onimocum será onimocum será

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RESPONDER: Babaribô onimocum será JEJE Orixauene Bocum RESPONDER: Babaorixauene Bocum ló Taluben talaufain taluben talaufaô RESPONDER: Taluben talaufain taluben talaufaô

OSSAIN

(Texto e ilustração extraídos do livro Os Orixás, publicado pela Editora Três) O PERFIL DO ORIXÁ Ossâim é o Orixá masculino de origem nagô (ioruba) que como Oxóssi, habita a floresta. É bastante cultuado no Brasil, sendo conhecido por diversos nomes, Ossonhe, Ossãe e Ossanha, a forma mais popular.

Por causa do som final da palavra, é freqüentemente confundido com uma figura feminina. Não é um dos Orixás que possuem mais filhos-de-santo: pelo contrário, seus filhos são do tipo raro, bem menos numerosos em qualquer sociedade.

É o Orixá da cor verde, do contato mais íntimo e misterioso com a natureza. Seu domínio estende-se ao reino vegetal, às plantas, mais especificamente às folhas, onde corre o sumo. Por tradição, não são consideradas adequadas pelo Candomblé mais conservador, as folhas cultivadas em jardins ou estufas, mas as das plantas selvagens, que crescem livremente sem a intervenção do homem.

Não é um Orixá da civilização no sentido do desenvolvimento da agricultura, sendo como Oxóssi, uma figura que encontra suas origens na pré-história. As áreas consagradas a Ossâim nos grandes Candomblés, não são jardins cultivados de maneira tradicional, mas sim os pequenos recantos, onde só os sacerdotes (mão de ofá) podem entrar, nos quais as plantas crescem da maneira mais selvagem possível.

Graças a esse domínio, Ossâim é figura de extrema significação, pois praticamente todos os rituais importantes utilizam, de uma maneira ou de outra, o sangue escuro que vem dos vegetais, seja em forma de folhas ou infusões para uso externo ou de bebida ritualística.

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Segundo algumas lendas, Ossâim era dono de todos os vegetais. Esse poder concentrador, porém, fazia os outros Orixás dependerem dele em quase todos os litígios. Como os orgulhosos deuses do panteão africano raramente se submetem a qualquer tipo de autoridade, a rebelião era latente, até Iansã, a senhora dos ventos, libertar uma forte corrente de ar (ou mesmo um furacão, conforme a versão), fazendo as folhas voarem.

Com isso, elas foram divididas entre todos os Orixás, de acordo com a esfera da atividade humana que controlassem. Algumas plantas, entretanto, continuaram sob o domínio de Ossâim, justamente as mais secretas, utilizadas tanto nos processos de cura, como nos de adivinhação.

Seja filho de Oxalá ou de Nanã, ou de qualquer outro Orixá, uma pessoa sempre tem de invocar a participação de Ossâim ao utilizar uma planta para fins ritualísticos, pois, se os vegetais foram para o domínio de outras divindades, a capacidade de retirar delas sua força energética básica, continua sendo segredo de Ossâim .

Por isso não basta possuir a planta exigida como ingrediente de um prato a ser oferecido ao Orixá, ou de qualquer outra forma de trabalho mágico no Candomblé. A Colheita das folhas já é completamente ritualizada, não se admitindo uma folha colhida de maneira aleatória.

Antes de tocá-la, o sacerdote (mão de ofá) tem de colocar no chão, dinheiro ou outros objetos secretos de culto como oferenda para a divindade, que assim assegura que a vibração básica da folha permaneça, mesmo depois de ela ter sido afastada da planta e, portanto do solo que a vitalizava.

Se cada ser humano é individualizado pela soma das características e presenças energéticas de seus próprios Orixás (ELEDÁ = PAI, MÃE, 1o e 2o Juntós) também troca energia com as outras fontes que regularizam e ditam normas de seu relacionamento com as outras áreas do conhecimento.

Ossâim tem uma aura de mistério em torno de si e a sua especialidade, apesar de muito importante, não faz parte das atividades cotidianas, constituindo-se mais numa técnica, um ramo do conhecimento que é empregado quando necessário o uso ritualístico das plantas para qualquer cerimônia litúrgica, como forma condutora da busca do equilíbrio energético, de contato do homem com a divindade. Essa é a justificativa para o pequeno número de filhos de Ossâim.

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AS CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OSSÂIM

A pessoa cujo Orixá de cabeça seja Ossâim é considerada pelo culto um filho do Orixá, ou seja, alguém que carrega manifestações de temperamento e uma visão de mundo coerente com as de energia-base, que é o próprio Orixá. Segundo o pesquisador francês Pierre Verger, um apaixonado pelo Candomblé, que é inclusive um iniciado, o arquétipo psicológico associado a Ossâim é o das pessoas de caráter equilibrado, capazes de controlar seus sentimentos e emoções.

Os filhos de Ossâim são aqueles que não permitem que suas simpatias e antipatias subjetivas e individuais intervenham em suas decisões ou influenciem as suas opiniões sobre pessoas e acontecimentos.

Essa capacidade de discernimento frio e racional, porém, é o responsável pela sua falta de interesse. O tipo de Ossâim é o mais reservado, pouco intervindo em questões que não lhe digam respeito.

Não é introvertido, mas não se faz notar pela atividade social. Certa aura de mistério ou pelo menos uma reserva sobre o próprio passado, podem estar presentes, sem chamar a atenção e evitando que alguém conheça detalhes sobre sua vida pregressa, a qual geralmente esconde alguma falta importante do passado, possivelmente já esquecida.

O filho de Ossâim, tem certa atração pela religiosidade e pelos aspectos ritualísticos da realidade em geral. A ordem, os costumes, as tradições e os gestos marcados e repetitivos, o fascinam, não no sentido especificamente reacionário das pessoas que querem a repetição das mesmas e imutáveis relações sociais ad eternum, mas nos que elas tem de místico, de teatral. É, conseqüentemente, meticuloso, nunca se deixando levar pela pressa ou pela ansiedade, pois é, caprichoso.

Saudação: Ewê, Ewê Assa ( Ewê,Ewê Ô)

Dia da semana: terça-feira. Cores: verde-mata, branco e preto. Gêge: nesta nação, denomina-se Neossun. Angola: Katende. Domínios: matas, florestas, raízes e folhas. Oferendas: mandioca ou inhame, folhas de fumo, folhas de café, pipoca e iapeté (batata inglesa esmagada com azeite-de-dendê, a qual se dá forma de porongo).

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Adjuntós: com Oxum Demun e com Iemanjá Bocí Ferramentas: coqueiro, muleta, bisturi, cágado, moedas e búzios Ave: Galo arrepiado ou de pescoço pelado Quatro pé: Cabrito Branco Sincretismo: São Judas Tadeu - quando faz adjuntó com Iemanjá Bocí São Cristóvão - quando faz adjunto com Oxum Demun Gostaria de salientar que as características, animais e ferramentas podem obter uma pequena diferença conforme cada Nação, assim como os adjuntós e sincretismo, estas diferenças podem ser manifestadas, no jogo de búzios, como peculiaridades de cada Orixá. OSSAE No ajucuna baumi RESPONDER: No ajeuá no ajaim Esseliná babá omam sueliná babá RESPONDER: Esseliná babá omam sueliná babá Ossanha daimorê RESPONDER: Airomaio daimorê ariô Daimorê RESPONDER: Airomaio daimorê ariô Ossanha baichorô elomaio baichorô elomaio RESPONDER: Ossanha baichorô elomaio baichorô elomaio No alaleio RESPONDER: Oia o agaleio erunfé Ossanhim checo chereco RESPONDER: Chereco chereco checo Eu eu itabor Ossanha borisô RESPONDER: Eu eu itabor itabor Ossanha borisô Eu eu Ossanha saebó RESPONDER: Eu eu Ossanha saebó eu eu Ossanha saebó RESPONDER: Eu eu Ossanha saebó eu eu Oapecó sumarum RESPONDER: Oapecó sumaroxum Aladao benfara daumiçaue obemfara rarico RESPONDER: Aladao benfara daumiçaue obemfara rarico E é com fã é com fã RESPONDER: E é com fã é com fã Ossanha bemarutê

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RESPONDER: Ossanha bemaruquefé Ossanha no ajequim no ajequim babalodocum RESPONDER: Ossanha no ajequim no ajequim babalodocum No agaleio no agaleio no agaleio erunfé no agaleio erunfé Ossanha de marunquefé RESPONDER: No agaleio no agaleio no agaleio erunfé no agaleio erunfé Ossanha de marunquefé Onimoco RESPONDER: Vamos quereque Oimicero eró RESPONDER: Vamos quereque Oimicero eró RESPONDER: Eró oimiceró eró eró Ire ababa omarm RESPONDER: Irê ababa omam irê Ossanhará ofenite obenito totô RESPONDER: Ossanhará ofenite obenito totô Oriquié macum orô RESPONDER: Ossanha ossanhesi JEJE Ossanha sarue dai assarue RESPONDER: Dai assurue dai assarue Otim otimdeuá ossanhará otimdeuá RESPONDER: Otim otimdeuá ossanhará otimdeuá otim otimdeuá Ossanha serebuá sapatá bocerebuao RESPONDER: Oia oia boduma Ossanha serebuá Oiá oiá bouma RESPONDER: Ossanha serebuá Ossanha de Ogum lai lai Ossanha de Ogum lai lai RESPONDER: Ossanha sarue e de Ogum lai lai Bele ossanhim Bele RESPONDER: Ao ao Bele ossanhim ossanhim Bele ao ao Soueli Soueli RESPONDER: Acençura anareuá Sou sou Itagiba RESPONDER: Acençura aiçareuá Sou Itagiba Acençura Anarecuá RESPONDER: Sou Itagiba

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OMOLU & OBALUAÊ

(Texto e ilustração extraídos do livro Os Orixás, publicado pela Editora Três) É um vodun Gêge conhecido por Sapatá, sendo também cultuado por outras nações. Poderoso orixá, filho de Nanan Buruku (Anabioko) e Orixalá (Oulissassa).

Esse orixá, senhor das doenças e da morte, é representado pelas três cores primitivas do universo (de onde todas se formaram), que são o vermelho, o preto e o branco. Isso quer dizer que ele detém os três tipos de sangue, ou axés, que existem na natureza.

Assim como sua mãe, em sua indumentária há uma grande concentração de búzios, que é um símbolo de riqueza e poder, além de serem objetos sagrados dos oráculos divinatórios.

Obaluaê está ligado ao elemento terra, sendo detentor de seus segredos. Tem, também, ligação com as árvores e com os espíritos que as habitam. É um vodun Gêge conhecido por Sapatá, sendo também cultuado por outras nações. Poderoso orixá, filho de Nanan Buruku (Anabioko) e Orixalá (Oulissassa).

Esse orixá, senhor das doenças e da morte, é representado pelas três cores primitivas do universo (de onde todas se formaram), que são o vermelho, o preto e o branco. Isso quer dizer que ele detém os três tipos de sangue, ou axés, que existem na natureza.

Assim como sua mãe, em sua indumentária há uma grande concentração de búzios, que é um símbolo de riqueza e poder, além de serem objetos sagrados dos oráculos divinatórios.

Obaluaê está ligado ao elemento terra, sendo detentor de seus segredos. Tem, também, ligação com as árvores e com os espíritos que as habitam. Ele é extremamente temido e respeitado, mas, ao mesmo tempo, é indispensável, com uma atuação muito grande dentro dos rituais do Candomblé.

Todos o temem, por enviar as doenças, muitas vezes, como castigo ou como desígnios divinos para uma renovação da vida. Da mesma forma que ele traz as enfermidades (como lepra, peste, eczemas, varíola, malária, etc., que provocam alteração na temperatura corporal), traz também a cura para elas.

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Segundo as antigas lendas, Obaluaê nasceu com o corpo todo coberto por chagas, que ficavam escondidas sob suas vestes de palha. Foi através da sua própria força interior que ele conseguiu curar-se e também desvendar os segredos das doenças que atingem os seres criados. Assim como Ossain, que usa as folhas para curar, Obaluaê usa seu xaxará para limpar a Terra de todas as doenças e pragas.

Esse orixá também tem um papel fundamental nos ebós realizados pelo Candomblé, que são rituais especificamente utilizados para afastar espíritos obsessores ou influências maléficas. É Omulu quem vai fazer afastar essa negatividade e trazer energia positiva para essa pessoa.

Depois do ebó, ou limpeza, é imprescindível que se faça uma oferenda para esse orixá.

Obaluaê tem um grande poder sobre os eguns (espíritos desencarnados) e ancestrais, controlando-os com seu xaxará. Ele é um ser tão misterioso quanto a própria morte, com a qual tem uma íntima ligação.

Conhece todos os seus segredos, sendo muitas vezes confundido com Ikú, o senhor da morte. Omulu é quem faz a limpeza do corpo logo após a morte, permitindo, assim, que as pessoas falecidas se desprendam desse plano de existência. Por esse motivo, é denominado "o senhor das coisas pútridas".

Na África, ele é venerado e temido por seus desígnios, sendo considerado uma figura repressora e perigosa, que pode trazer facilmente a morte, mas, por outro lado, é o grande redentor de todas as mazelas que atingem os seres humanos. Ele é cultuado e adorado com todo o respeito, evitando-se, inclusive, pronunciar seu nome sem um motivo real.

As vestes desse vodun são muito especiais e de extrema importância para o seu culto. Suas sacerdotisas ou noviços vestem-se com palhas da costa, não deixando transparecer nenhum detalhe de seu corpo. São figuras misteriosas e austeras, que escondem os segredos da reciclagem da vida.

Seu principal símbolo é o xaxará, feito com a palha extraída da folha da palmeira nova; o lagidigbá, feito com o fruto da palmeira ou de chifre de búfalo; e o brajá, cordão confeccionado inteiramente com búzios.

Além disso, ele também usa um longo cajado, onde se prendem as três cabaças que contêm os segredos da criação. Esse cajado é muito importante para os feiticeiros dahomeanos.

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No mês de agosto, nas tradicionais casas de Candomblé do Brasil, são realizadas cerimônias em sua homenagem. Nesse mesmo período, também são reverenciados Nanan e Obessen.

Os desígnios de Obaluaê nos faz refletir sobre o valor da vida humana e o quanto ela é frágil. Infelizmente, o ser humano só dá valor ao que tem quando está perdendo, como a saúde, por exemplo. Dia da semana: segunda-feira. Cores: preto, branco e vermelho. Gêge: nesta nação denomina-se SAPATÁ. Angola: KAJANJA. Domínios: terra, árvores, cemitérios, estradas abandonadas, universo das doenças. Oferendas: pipoca, sarapatel, cuscuz, inhame, etc. PERFIL DO ORIXÁ Esta pesquisa se dedica ao Orixá da Doença ou Orixá da Varíola. Ambos os nomes surgem quando nos referimos à esta figura, seja Omolu seja Obaluaê. Para a maior parte dos devotos do Candomblé e da Umbanda, os nomes são praticamente intercambiáveis, referentes a um mesmo arquétipo e, correspondentemente, uma mesma divindade. Já para alguns babalorixás, porém, há de se manter certa distância entre os dois termos, uma vez que representam tipos diferentes do mesmo Orixá.

São também comuns as variações gráficas Obaluaê e Abaluaê. Em termos mais estritos, Obaluaê é a forma jovem do Orixá Xapanã, enquanto Omolu é sua forma velha. Como porém, Xapanã é um nome proibido tanto no Candomblé como na Umbanda, não devendo ser mencionado pois pode atrair a doença inesperadamente, a forma Omolu é a que mais se popularizou e acabou sendo confundida não apenas com a forma mais velha do Orixá, mas com sua essência genérica em si.

Esta distinção se aproxima da que existe entre as formas básica de Oxalá: Oxalá (o Crucificado), Oxaguiã a forma jovem e Oxalufã a forma mais velha.

A figura de Omolu-Obaluaê, assim como seus mitos, é completamente cercada de mistérios e dogmas indevassáveis. Em termos gerais, a essa figura é atribuído o controle sobre todas as doenças, especialmente as epidêmicas. Faria parte da essência básica vibratória do Orixá tanto o poder de causar a doença como o de possibilitar a cura do mesmo mal que criou.

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Em algumas narrativas mais tradicionalistas tentam apontar-se que o conceito original da divindade se referia ao deus da varíola, tal visão porém, nos parece uma evidente limitação.

A varíola não seria a única doença sob seu controle, simplesmente pôr ser a epidemia mais devastadora e perigosa que conheciam os habitantes da comunidade original africana, onde surgiu Omolu-Obaluaê, o Daomé.

Assim, sombrio e grave como Iroco, Oxumarê (seus irmãos) e Nanã (sua Mãe), Omolu-Obaluaê é uma criatura da cultura jeje, posteriormente assimilada pelos iorubas. Enquanto os Orixás iorubanos são extrovertidos, de têmpera passional, alegres, humanos e cheios de pequenas falhas que os identificam com os seres humanas, a figuras daomeanas estão mais associadas a uma visão religiosa em que distanciamento entre deuses e seres humanos é bem maior.

Quando há aproximação, há de se temer, pois alguma tragédia está para acontecer, pois os Orixás do Daomé são austeros no comportamento mitológico, graves e conseqüentes em suas ameaças.

A visão de Omolu-Obaluaê é a do castigo. Se um ser humano falta com ele ou um filho-de-santo seu é ameaçado, o Orixá castiga com violência e determinação, sendo difícil uma negociação ou um aplacar, mais prováveis nos Orixás iorubas.

Pierre Verger, nesse sentido, sustenta que a cultura do Daomé é muito mais antiga que a ioruba, o que pode ser sentido em seus mitos: A antigüidade dos cultos de Omolu- Obaluaê e Nanã (Orixá feminino), freqüentemente confundidos em certas partes da África, é indicada por um detalhe do ritual dos sacrifícios de animais que lhe são feitos.

Este ritual é realizado sem o emprego de instrumentos de ferro, indicando que essas duas divindades faziam parte de uma civilização anterior à Idade do Ferro e à chegada de Ogum.

Como parte do temor dos iorubas, eles passaram a enxergar a divindade (Omolu-Obaluaê) mais sombria dos dominados como fonte de perigo e terror, entrando num processo que podemos chamar de malignação de um Orixá do povo subjugado, que não encontrava correspondente completo e exato (apesar da existência similar apenas de Ossâim). Omolu-Obaluaê seria o registro da passagem de doenças epidêmicas, castigos sociais, já que atacariam toda uma comunidade de cada vez.

Existe uma grande variedade de tipos de Omolu-Obaluaê, como acontece praticamente com todos os Orixás. Existem formas guerreiras e não guerreiras,

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de idades diferentes, etc., mas resumidos pelas duas configurações básicas do velho e do moço. A diversidade de nomes pode também nos levar a raciocinar que existem mitos semelhantes em diferentes grupos tribais da mesma região, justificando que o Orixá é também conhecido como Skapatá, Omolu Jagun, Quicongo, Sapatoi, Iximbó, Igui. CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OMOLU-OBALUAÊ

Ao senhor da doença é relacionado um arquétipo psicológico derivado de sua postura na dança: se nela Omolu-Obaluaê esconde dos espectadores suas chagas, não deixa de mostrar, pelos sofrimentos implícitos em sua postura, a desgraça que o abate. No comportamento do dia-a-dia, tal tendência se revela através de um caráter tipicamente masoquista.

Pierre Verger define os filhos de Omolu como pessoas que são incapazes de se sentirem satisfeitas quando a vida corre tranqüila para elas. Podem até atingir situações materiais e rejeitar, um belo dia, todas essas vantagens por causa de certos escrúpulos imaginários.

São pessoas que, em certos casos, se sentem capazes de se consagrar ao bem-estar dos outros, fazendo completa abstração de seus próprios interesses e necessidades vitais.

No Candomblé, como na Umbanda, tal interpretação pode ser demais restritiva. A marca mais forte de Omolu-Obaluaê não é a exibição de seu sofrimento, mas o convívio com ele.

Ele se manifesta numa tendência autopunitiva muito forte, que tanto pode revelar-se como uma grande capacidade de somação de problemas psicológicos (isto é, a transformação de traumas emocionais em doenças físicas reais), como numa elaboração de rígidos conceitos morais que afastam seus filhos-de-santo do cotidiano, das outras pessoas em geral e principalmente os prazeres.

Sua insatisfação básica, portanto, não se reservaria contra a vida, mas sim contra si próprio, uma vez que ele foi estigmatizado pela marca da doença, já em si uma punição.

Em outra forma de extravasar seu arquétipo, um filho do Orixá , menos negativista, pode apegar-se ao mundo material de forma sôfrega, como se todos estivessem perigosamente contra ele, como se todas as riquezas lhe fossem negadas, gerando um comportamento obsessivo em torno da necessidade de enriquecer e ascender socialmente.

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Mesmo assim, um certo toque do recolhimento e da autopunição de Omolu-Obaluaê serão visíveis em seus casamentos: não raro se apaixonam por figuras extrovertidas e sensuais (como a indomável Iansã, a envolvente Oxum, o atirado Ogum) que ocupam naturalmente o centro do palco, reservando ao cônjuge de Omolu-Obaluaê um papel mais discreto. Gostam de ver seu amado brilhar, mas o invejam, e ficam vivendo com muita insegurança, pois julgam o outro, fonte de paixão e interesse de todos.

Assim como Ossâim, as pessoas desse tipo são basicamente solitárias. Mesmo tendo um grande círculo de amizades, freqüentando o mundo social, seu comportamento seria superficialmente aberto e intimamente fechado, mantendo um relacionamento superficial com o mundo e guardando sua intimidade ara si própria. Não raro são pessoas que julgam. Ter características detestáveis, que vivem criticando, motivo de vergonha.

O filho do Orixá oculta sua individualidade com uma máscara de austeridade, mantendo até uma aura de respeito e de imposição, de certo medo aos outros. Pela experiência inerente a um Orixá velho, são pessoas irônicas. Seus comentários porém não são prolixos e superficiais, mas secos e diretos, o que colabora para a imagem de terrível que forma de si próprio.

Um último, mas importante detalhe; em diversas de suas lendas, o Orixá da varíola é apresentado como uma divindade que perdeu uma perna. Isso se refletiria em seus filhos como um defeito congênito em uma das pernas ou a tendência a sofrer, durante sua vida, por um problema de relativa gravidade em seus membros inferiores, a partir de quedas ou desastres que podem ou não ser curados e ultrapassados. XAPANÃ Abao! Papai. Este Orixá conhecido por sua fúria e vingança contra malfeitores e pessoas que tratam as coisas sem o devido respeito e honestidade, é muito respeitado em todas as Nações da África ao Brasil.

Pertence a Xapanã todas as doenças materiais e espirituais, principalmente as doenças de pele, como varíola e a lepra, com estas normalmente castiga quem merece. Uma de suas missões no mundo material e espiritual, é varrer as coisas que não tem mais utilidade, por este e outros motivos, é um dos Orixás que responde junto com Xangô e Iansã pelos processos de desencarnação, pelos cemitérios, pela destruição e em defesa dos espíritos maléficos.

Sua Mãe, Nanã Burukun, abandonou-O na praia quando pequeno por suas feridas em grande quantidade.

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Xapanã foi recolhido as profundezas do oceano, cuidado e criado por Iemanjá, que fez para Ele uma roupa de palha-da-costa, cobrindo-O da cabeça aos pés. Ficou forte e saudável, porém as cicatrizes nunca desapareceram. Normalmente os filhos deste Orixá são marcados pelo corpo, com pequenas feridas, espinhas, manchas e secreções que assim como aparecem, desaparecem, ficando neste processo pelo resto da vida.

Saudação: Abao! Dia da Semana: Quarta-feira Número: 07 e seus múltiplos Cor: Vermelho e Preto Guia: 01 conta vermelha, 01 conta preta, 01 conta vermelha Oferenda: Pipoca, feijão torrado e amendoim torrado Adjuntós: Xapanã Jubeteí com Oiá ou com Obá, Xapanã Belujá com Iansã ou com Oxum Olobá, Xapanã Sapatá com Iansã ou com Obá. Ferramentas: Xaxará, vassoura, cachimbo, revolver (todas armas de fogo), favas, moedas e búzios. Ave: Galo Carijó preto e branco Quatro pé: Cabrito Branco

Sincretismo: Xapanã Jubeteí: São Roque quando faz adjuntó com Oiá, São Lázaro quando faz adjuntó com Obá. Xapanã Belujá: Jesus Cristo crucificado quando faz adjuntó com Oxum Olobá, Senhor dos Passos quando faz adjuntó com Iansã. Xapanã Sapatá: Jesus Cristo crucificado quando faz adjuntó com Iansã, São Lázaro quando faz adjuntó com Obá. Gostaria de salientar que as características, animais e ferramentas podem obter uma pequena diferença conforme cada Nação, assim como os adjuntós e sincretismo, estas diferenças podem ser manifestadas, no jogo de búzios, como peculiaridades de cada Orixá. XAPANÃ Assagero iafuao abauorumalé Responder: Assagero iafuao abauorumalé Elemobelefa chorou imobelefa chorou Responder: Elemobelefa chorou imobelefa chorou Eleafamã balanã Responder: Assagero baoni oniobá assagero baoni Ae ae ocorumã ocuramã alábami baorô

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Responder: Ae ae ocorumã ocorumã afábami baorô Assuiça selo selo Responder: Assuiça selo selo Assuiça colo colo Responder: Assuiça selo selo Lepô lepô lepô Responder: Colejam jan colejan Ninha ninha ninha Responder: Cole janjan colejan Emudiá mudiá mudiá cotan Responder: Emudiá mudiá mudia cotan Acaraloque loquê loque Responder: Acaraloque loquê loque Xapanã obéao Orixá obéleo Responder: A ae orumaléo Sapatá cutami Responder: Olomilao Sapatá coebami Responder: Olomilao Sapatá obenite Responder: Sapatá obeni obenite Elebaráonite obelao baráonite obelao Responder: Ele dandá baráonite obelao Belojá belojó ololinha Responder: Belojá belojó ololinha Vamo dela ibaba lecho Responder: Vamo dela ibaba lecô Lebô lebô lebô lebô Responder: Carembó carembó Xapanã ae xapanã mandou quere xapanã mandou quere eo quere ae ae Responder: Xapanã ae Xapanã mandou quere Xapanã mandou quere ae ae Equereque maitá Responder: Equereque maitá A copa oadê Responder: Lonoribá lonorixé Sapatá sabauê anaisô onisobô Responder: Sapatá sabauê anaisò onisobô Sabauê sapatá manda sunsê obochiche na suréba Xapanã abeçae Responder: Sabauê sapatá manda sunsê obochiche na suréba Xapanã abeçae Bará Bará nichorô sapatá luquelema nichorô Responder: Bará Bará nichorô sapatá luquelema nichorô Bará serácunê sassaruê onipéo bará seracundê sassaruê onipéo

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Responder: Bará serácunê sassaruê onipéo bará seracundê sassaruê onipéo Oara moquelema cobeoara moquelema moquelema cobeoara moquelema co Responder: Oara moquelema cobeoara moquelema moquelema cobeoara moquelema co Mocequéba mocequéba amorisô eae mocequêba mocequéba amorisô aeae mocequéba mocequéba amorisô ae ae omocequéba mocequéba amorisô olebará Responder: Mocequéba mocequéba amorisô eae mocequêba mocequéba amorisô aeae mocequéba mocequéba amorisô ae ae omocequéba mocequéba amorisô olebará JEJE Iemanjá chegou sumabeum amarerô Responder: Iemanjá chegou sumabeum amarerô Gamarusu beo eo Responder: Gamarusu beo eo Quando gama chegou calmai o pepe calmai o pepe sapatá quando gama chegou Responder: Quando gama chegou calmai o pepe calmai o pepe sapatá quando gama chegou Abonisô sapataniséo ae Responder: Aguaniséo ae sapataniséo ae Sabauê sabauê amorisô ae amorisô nanaberequeti amorisô Responder: Sabauê sabauê amorisô ae amorisô nanaberequeti amorisô Soi soi sapatami soi soi sapatami Responder: Ariaraue Ogum lai lai lai Baia quebaiaiô Responder: Baia quebaiaiô Gama jarro jarrô gama jarro jarrô sapatá cutami Responder: Gama jarrô jarrô gama jarrô jarrô sapatá cutami Alupô Responder: Pá pá Alupô Responder: Amasepé

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OGUM

(Texto e ilustração extraídos do livro Os Orixás, publicado pela Editora Três) O PERFIL DO ORIXÁ

Divindade masculina ioruba, figura que se repete em todas as formas mais conhecidas da mitologia universal. Ogum é o arquétipo do guerreiro. Bastante cultuado no Brasil, especialmente por ser associado à luta, à conquista, é a figura do astral que, depois de Exu, está mais próxima dos seres humanos. Foi uma das primeiras figuras do candomblé incorporada por outros cultos, notadamente pela Umbanda, onde é muito popular. É Sincretizado com São Jorge ou com Santo Antônio, tradicionais guerreiros dos mitos católicos, também lutadores, destemidos e cheios de iniciativa.

A relação de Ogum com os militares (é considerado o protetor de todos os guerreiros) tanto vem do sincretismo realizado com São Jorge, sempre associado às forças armadas, como da sua figura de comandante supremo ioruba.

Dizem as lendas que se alguém, em meio a uma batalha, repetir determinadas palavras (que são do conhecimento apenas dos iniciados), Ogum aparece imediatamente em socorro daquele que o evocou.

Porém, elas (as palavras) não podem ser usadas em outras circunstâncias, pois, tendo excitado a fúria por sangue do Orixá, detonaram um processo violento e incontrolável; se não encontrar inimigos diante de si após te sido evocado, Ogum se lançará imediatamente contra quem o chamou.

Ogum não era, segundo as lendas, figura que se preocupasse com a administração do reino de seu pai, Odudua; ele não gostava de ficar quieto no palácio, dava voltas sem conseguir ficar parado, arrumava romances com todas as moças da região e brigas com seus namorados.

Não se interessava pelo exercício do poder já conquistado, por que fosse a independência a ele garantida nessa função pelo próprio pai, mas sim pela luta.

Ogum, portanto, é aquele que gosta de iniciar as conquistas mas não sente prazer em descansar sobre os resultados delas, ao mesmo tempo é figura imparcial, com a capacidade de calmamente exercer (executar) a justiça ditada por Xangô.

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É muito mais paixão do que razão: aos amigos, tudo, inclusive o doloroso perdão: aos inimigos, a cólera mais implacável, a sanha destruidora mais forte.

Segundo as pesquisas de Monique Augras, na África, Ogum é o deus do ferro, a divindade que brande a espada e forja o ferro, transformando-o no instrumento de luta.

Assim seu poder vai-se expandindo para além da luta, sendo o padroeiro de todos os que manejam ferramentas: ferreiros, barbeiros, tatuadores, e, hoje em dia, mecânicos, motoristas de caminhões e maquinistas de trem.

É, por extensão o Orixá que cuida dos conhecimentos práticos, sendo o patrono da tecnologia.

Do conhecimento da guerra para o da prática: tal conexão continua válida para nós, pois também na sociedade ocidental a maior parte das inovações tecnológicas vem justamente das pesquisas armamentistas, sendo posteriormente incorporada à produção de objetos de consumo civil, o que é particularmente notável na industria automobilística, de computação e da aviação.

Assim, Ogum não é apenas o que abre as picadas na matas e derrota os exércitos inimigos; é também aquele que abre os caminhos para a implantação de uma estrada de ferro, instala uma fábrica numa área não industrializada, promove o desenvolvimento de um novo meio de transporte, luta não só contra o homem, mas também contra o desconhecido.

É pois, o símbolo do trabalho, da atividade criadora do homem sobre a natureza, da produção e da expansão, da busca de novas fronteiras, de esmagamento de qualquer força que se oponha à sua própria expansão. Tem, junto com Exu, posição de destaque logo no início de um ritual.

Tal como Exu, Ogum também gosta de vir à frente. A força de Ogum está tanto na coragem de se lançar à luta como na objetividade que o domina nesses momentos (e o abandona nos momentos de prazer e gozo).

É fácil, nesse sentido, entender a popularidade de Ogum: em primeiro lugar, o negro reprimido, longe de sua terra, de seu papel social tradicional, não tinha mais ninguém para apelar, senão para os dois deuses que efetivamente o defendiam: Exu (a magia) e Ogum (a guerra); segundo Pierre Verger.

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Em segundo lugar, além da ajuda que pode prestar em qualquer luta, Ogum é o representante no panteão africano não só do conquistador mas também do trabalhador manual, do operário que transforma a matéria-prima em produto acabado: ele é a própria apologia do ofício, do conhecimento de qualquer tecnologia com algum objetivo produtivo, do trabalhador, em geral, na sua luta contra as matérias inertes a serem modificadas.

Ogum gosta do preto no branco, dos assuntos definidos em rápidas palavras, de falar diretamente a verdade sem ter de preocupar-se em adaptar seu discurso para cada pessoa.

Ogum gosta de dormir no chão, precisa que o corpo entre em contato sempre direto com a natureza e dispensa roupas elaboradas e caras, que possam ser complicadas de vestir ou que exijam muito espaço na mochila. Não tem compromisso com ninguém, nem com seus próprios objetos.

A violência e a energia, porém não explicam Ogum totalmente. Ele não é o tipo austero, embora sério e dramático, nunca contidamente grave. Quando irado, é implacável, apaixonadamente destruidor e vingativo; quando apaixonado, sua sensualidade não se contenta em esperar nem aceita a rejeição. Ogum sempre ataca pela frente, de peito aberto, como o clássico guerreiro.

Existem sete tipos diferentes de Ogum, mas Ogum Xoroquê merece um destaque específico, pois é um Orixá masculino duplo, ou seja possui duas formas diferentes de manifestação. É associado à irmandade e afinidade estreita de Ogum com Exu, pois passa seis meses do ano como Ogum e os outros como Exu, sendo considerado guerreiro feroz, irascível e imbatível.

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OGUM

Não é difícil reconhecer um filho de Ogum. Tem um comportamento extremamente coerente, arrebatado e passional, aonde as explosões, a obstinação e a teimosia logo avultam, assim como o prazer com os amigos e com o sexo oposto.

Os homens e mulheres que têm Ogum como seu Orixá de cabeça, vão ter comportamentos diferentes, de acordo com os segundos e terceiros Orixás que os influencia ajuntós (adjutores). De qualquer forma , terão alguns traços comuns: são conquistadores, incapazes de fixar-se num mesmo lugar, gostando

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de temas e assuntos novos, conseqüentemente apaixonados por viagens, mudanças de endereço e de cidade.

Um trabalho que exija rotina, tornará um filho de Ogum um desajustado e amargo. São apreciadores das novidades tecnológicas, são pessoas curiosas e resistentes, com grande capacidade de concentração no objetivo em pauta; a coragem é muito grande, a franqueza absoluta, chegando mesmo à falta de tato. Na mitologia yorubana, Ogun é um orixá filho, ou eborá. Olokun, senhor dos oceanos, e Oduduwa, orixá mais importante dessa cultura, são seus pais, ou criadores. Existem outras vertentes de conhecimento que dizem ser Ogun, filho de Orinshala (Oxalá)e Oduduwa, ou ainda Yemonjá e Oxalá.

Ogun é o que vem primeiro, o que está sempre à frente, um líder nato. Ele conhece e domina todos os caminhos, por isso nunca se perde e está sempre ajudando, quando corretamente evocado.

É detentor do metal ferroso, com o qual fabrica suas armas e ferramentas com muita habilidade. Tornou-se especialista nessa arte, pois, a cada caminho que desbravava, ou a cada guerra que empreendia, precisava inventar uma ferramenta apropriada.

Isso provocou uma grande revolução nesse meio, pois, com o advento do ferro, as antigas ferramentas de madeira e pedra lascada ficaram obsoletas, sendo substituídas pela precisão desse metal. Isso despertou o interesse dos outros orixás, que vieram aprender, com Ogun, essa técnica. Costuma-se colocar, em seus assentamentos, uma bigorna para realçar essa habilidade. Ogun representa o trabalhador manual, aquele que transforma a matéria prima em produto acabado.

É o senhor da guerra, que, por vezes, se enfurece, devastando tudo que atrapalhar seu caminho. Ele derrota o inimigo em seu campo de batalha. Sua ira é incontrolável!

A guerra que Ogun trava nem sempre é destruidora. Ao contrário, se essa energia for bem canalizada, poderá ser utilizada para alcançar objetivos nobres, traçar novas diretrizes e vencer os obstáculos da vida.

Além de poderoso guerreiro, é também um exímio caçador, assim como Odé, seu irmão. Ogun, que conhece os caminhos como ninguém, sabe onde

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encontrar sua caça. Ele não fica parado esperando, vai atrás dela, até conseguir capturá-la.

É protetor da agricultura, juntamente com o orixá Oko, reinando nas profundezas da terra, onde irá fertilizá-la com seu extremo poder.

Uma outra faceta, pouco conhecida, desse orixá, dá conta de que Ogun é profundo conhecedor dos segredos das árvores, havendo, inclusive, a tradição de enterrar seu assentamento no pé de algumas delas.

Ogun tem uma ligação muito grande com o orixá Exú, sendo, às vezes, confundido com ele. A confusão existe porque os dois orixás dominam todos os caminhos e estão sempre na dianteira. É Exú quem consegue aplacar a ira de Ogun.

Enquanto guerreiro, Ogun nunca dá as costas aos inimigos, para evitar surpresas desagradáveis. Ele é o protetor de uma casta de generais africanos chamados OKAKANFOS.

Por causa da violência desse orixá, não se deve evocá-lo para a destruição, pois, se ele não encontrar o inimigo, irá voltar-se contra quem o chamou. Ogun é o patrono do culto a Egungun, ou dos ancestrais, que, em tempos remotos, era privilégio apenas das mulheres, ou iya-mi, onde Oyá reinava absoluta.

Esse culto e o dos orixás são totalmente separados, possuindo sacerdotes exclusivos para esse fim. As duas roças podem coabitar o mesmo espaço, desde que sejam separadas por folhas pertencentes ao orixá Ogun. As folhas da palmeira, ou mariwo, são muito apreciadas por ele, fazendo parte de sua indumentária.

Embora Ogun tenha feito aliança com alguns orixás, como Oxun e Oyá, estava sempre sozinho, por estar constantemente envolvido em guerras e empreitadas. Ele não suporta ficar preso, precisa lutar. É difícil acompanhar esse orixá.

Dia da semana: terça-feira. Cores: azul escuro, verde e branco. Gêge: nesta nação denomina-se GU. Angola: INKOSSI. Domínios: caminhos, profundezas da terra, jazidas de ferro, praias, etc. Oferendas: feijoada, vatapá, inhame com feijão preto, farofa de carne de

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frango desfiada, etc.

LENDAS Ogum foi caçar na floreesta, como fazia todos os dias. De repente, um búfalo veio em sua direção rápido como um relâmpago; notando algo de diferente no anomal, Ogum tratou de segui-lo.

O búfalo parou em cima de um formigueiro, baixou a cabeça e despiusua pele, transformando-se numa linda mulher. Era Iansã, coberta por belos panos coloridos e braceletes de cobre. Iansã fez da pele uma trouxa, colocou os chifres dentro e escondeu-a no formigueiro, partindo em direção ao mercado, sem perceber que Ogum tinha visto tudo.

Assim que ela se foi, Ogum se apoderou da trouxa, guardando-a em seu celeiro. Depois foi a cidade, e passou a seguir a mulher até que criou coragem e começou a cortejá-la. Mas como toda mulher bonita, ela recusou a corte.

Quando anoiteceu ela voltou à floresta e, para sua surpresa, não encontrou a trouxa. Retornou à cidade e encontrou Ogum, que lhe disse estar com ele o que procurava. Em troca de seu segredo (POIS ELE SABIA QUE ELA NÃO ERA UMA MULHER E SIM ANIMAL), Iansã foi obrigada a se casar com ele: Apesar disso, conseguiu estabelecer certas regras de conduta, dentre as quais proibi-lo de comentar o assunto com qualquer pessoa.

Chegando em casa, Ogum explicou explicou as suas esposas que Iansã iria morar com ele e que em hipótese alguma deveriam insultá-la. Tudo corria bem; enquanto Ogum saía para trabalhar, Iansã passava o dia procurando sua trouxa.

Desse casamento nasceram nove filhos, o que despertou ciúmes nas outras esposas, que eram estéreis. Uma delas, para vingar-se, conseguiu embriagar Ogum e ele acabou relatando o mistério que envolvia Iansã. Depois que Ogum dormiu as mulheres passaram a insultar Iansã, dizendo que ela era um animal e revelando que sua trouxa estava escondida no celeiro.

Iansã encontrou então sua pele e seus chifres. Assumiu a forma de búfalo e partiu para cima de todos, poupando apenas seus filhos.

Decidiu voltar para a floresta, mas não permitiu que os filhos a acompanhassem, porque era um lugar perigoso. Deixou com eles seus chifres e

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orientou-os, para em caso de perigo, deveriam bater os chifres um contra o outro; com esse sinal ela iria socorrê-los imediatamente.

É por esse motivo que os chifres estão presentes nos assentamentos de Iansã/Oya. OGUM Ogum ario ario Ogum quere RESPONDER: Ogum ario ario Ogum quere Amajocô Ogun Io RESPONDER: Orumalé amajocô Ogum o orumalé Abolelai oabachame siogun o oabachame siaolê Ogum RESPONDER: Abolelai oabachame siogun o oabachame siaolê Ogum Ogum orum odô oamaconi ebó eloaboum anaisô oajabomiô RESPONDER: Ogum orum odô oamaconi ebó eloaboum anaisô oajaba mio Ara Ogum orum odô RESPONDER: Ario ara Ogum orum odô ario Erunde ococoeiro leoagareo RESPONDER: Erunde ococoeiro leoagareo Ogum Ogum afoiba RESPONDER: Oamoro amofererê Ogum Ogum o afabami RESPONDER: Oamoro amofererê Iemanjá Lupetéo RESPONDER: Ogum Onira anaisô quereque Sô sô sô RESPONDER: Ogum Onira anaisô quereque Ogum adeiba RESPONDER: Adepa Ogum farerê Ogum talabaichoro obeçeo Ogum o RESPONDER: Ogum talabaichoro obeçeo Ogum o Ogum talajô RESPONDER: Ogum Iai Ogum lai Ogum Ogum onira oaçeço ebó RESPONDER: Ogum onira oaçeço ebó Oromiotala de orumalé RESPONDER: Oromiotala de orumalé Ogum tala de tala Ogum RESPONDER: Oromiotala de orumalé Onira opeê onira opê Ogum anirê Ogum onira ecoateuá Ogum anirê Ogum onira eoateuá Ogum anirê

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RESPONDER: Onira epeê onira opê Ogum anirê Ogum onira ecoateuá Ogum anirê Ogum onira eoateuá Ogum anirê E Ogum feremi RESPONDER: Ara Ogum Ogum dê E Ogum feriamã RESPONDER: Ara Ogum Ogum dê Ara no areo ara no areo eoamaféqueoé RESPONDER: Ara Ogum Ogum dê E oamaféqueoé RESPONDER: Ara Ogum Ogum dê Ogum ademio RESPONDER: Eléfa tala ademio E a ademio RESPONDER: Eléfa tala ademio Ogum onira Ogum loro Ogum dalócha epê Ogum onira Ogum loro Ogum dalócha arumalé RESPONDER: Ogum onira Ogum loro Ogum dalócha epê Ogum onira Ogum loro Ogum dalócha arumalé Ogum de anirê irê irê Ogum ló acaradeo anirê ire ire Ogum ló RESPONDER: Ogum de anirê irê irê Ogum ló acaradeo anirê ire ire Ogum ló Abela muja abela mure RESPONDER: Abela muja oquereo Oquereo RESPONDER: Oquicoro Fará riri mafara biá mafara biá mafara Ogum RESPONDER: Fará riri mafara biá mafara biá mafara Ogum Ogum talajó RESPONDER: Ogum ló Ogum ló Ogum Ogum fará fará fará Ogum fará marajó RESPONDER: Ogum fará fará fará Ogum fará marajó Onira opeê onira opeê Ogum anirê Ogum onira eoateuá Ogum anirê Ogum onira eoateuá Ogum anirê RESPONDER: Onira opeê onira opeê Ogum anirê Ogum onira eoateuá Ogum anirê Ogum onira eoateuá Ogum anirê Calulu RESPONDER: Óia a bela muja JEJE Ogum fará fará fará Ogum fará marajó RESPONDER: Ogum fará fará fará Ogum fará marajó Ogum Dae ae ae

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RESPONDER: Ogum dae anaisô Ogum onira alasebó RESPONDER: Ogum dae anaisô Ogum abeô Ogum anicéo Ogum anicéo Ogum anicéo Ogum RESPONDER: Ogum abeô Ogum anicéo Ogum anicéo Ogum anicéo Ogum Ogum Macá Macá Cabecini Abeô RESPONDER: Ogum Macá Macá Cabecini Abeô Ogum eléfa lai lai Ogum eléfa la lai RESPONDER: É de lai lai lai Ogum eléfa lai lai lai É de lai lai Xangô edeue RESPONDER: É de lai lai Xangô edeue é de lai lai Xangô edeue RESPONDER: É de lai lai Xangô edeue é de lai lai Ogum edeue RESPONDER: É de lai lai Xangô edeue é de lai lai Ogum onira Ogum loro RESPONDER: Oemaquere quere quere Ogum loro

OBÁ

(Texto extraído do livro Os Orixás, publicado pela Editora Três)

O PERFIL DO ORIXÁ

Orixá ioruba semelhante à Oya. Orixá do rio Obá, foi a terceira das esposas de Xangô, e também mulher de Ogum. Segundo uma lenda de Ifá, Obá era muito enérgica e forte, mais que alguns orixás masculinos, vencendo na luta, Oxalá, Xangô e Orunmilá.

A rivalidade surgiu entre ela e Oxum. Esta jovem e elegante. Obá mais velha e sem muita vaidade, mas com pretensão ao amor de Xangô. Sabendo o quanto este era guloso, procurava sempre surpreender os segredos da receitas de cozinha utilizada por Oxum, que irritada decidiu-se pregar-lhe uma peça, quando um dia pediu-lhe que viesse assistir a preparação de determinado prato, que, segundo Oxum, Xangô, o esposo comum, adorava.

Quando Obá chegou, Oxum, estava com a cabeça coberta com um pano que lhe escondia as orelhas, e, cozinha uma sopa na qual boiavam dois cogumelos. Oxum mostrou dizendo que havia cortado as próprias orelhas, colocando na sopa, para preparar o prato predileto de Xangô. Quando lhe foi servido, tomou com apetite e satisfação, retirando-se, todo gentil na companhia de Oxum.

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Na semana seguinte que era a vez de Obá cuidar de Xangô, decidiu fazer a receita predileta de Xangô, cortou uma de suas orelhas e cozinhou com a sopa. Xangô ficou repugnado e furioso com a cena.

Neste momento apareceu Oxum, retirou seu lenço, onde Obá viu que as orelhas de Oxum nunca haviam sido cortadas, sendo por esta caçoada, seguiu-se violenta luta corporal, Xangô mostrou toda sua irritação e furor.

Oxum e Obá, fugiram apavoradas e transformaram-se nos rios que levam seus nomes. Motivo pelo qual, quando Obá se manifesta em alguma das suas iniciadas, leva a mão para cobrir a orelha esquerda, ou ata-se um torço (turbante), a fim de esconder uma das orelhas.

ARQUÉTIPO: São pessoas valorosas e incompreendidas. Suas tendências são um pouco viril. As suas atitudes militantes e agressivas são conseqüências de experiências infelizes ou amargas por elas vividas. Os seus insucessos devem-se, freqüentemente, a um ciúme um tanto mórbido. Entretanto, encontram compensação para as frustrações sofridas em sucessos materiais, onde a sua avidez de ganho e o cuidado de nada perder dos seus bens tornam-se garantia de sucesso.

Sua cor é vermelha ou marrom rajado Sua saudação: Oba sire (Obá xirê). QUALIDADES: Obá Gideo: Xangô, Oyá, Oxum = Iemanjá Obá Rewá: Oyá e Xangô DIA: quarta-feira DATA: 30 e 31 de maio METAL: cobre COR: marrom rajado PARTES DO CORPO: audição, orelha e junto com EWA, protege o consciente. SÍMBOLO: ofangi (espada) e um escudo de cobre. SACRIFÍCIO: = (Oyá) ELEMENTO: fogo FOLHAS: Candeia, negamina, folha de amendoeira.

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OBÁ Erunselé erunselé babairaô RESPONDER: Erunselé erunselé Jabairaô Anagorô anagorô babairao RESPONDER: Anagorô anagorô babairaô Erunré olegobunlero coquinabá RESPONDER: Erunré olegobunlero coquinabá Labata RESPONDER: Alabata Labata RESPONDER: Cochererê Acachopadomirô coco acachapadomirô é inho RESPONDER: Labae acachopadomirôé inho Oconi chaléu RESPONDER: Iá iá ode Sapadoro RESPONDER: Cominhãnhã Sapadoro RESPONDER: Caminhãnhã Sapadoro RESPONDER: Cominhãnhã sapadoro c ominhãnhã Obabaomi RESPONDER: Oiassueni Obabaomi RESPONDER: Oiassueni Obabaomi RESPONDER: Oiassueni obabaomi oiassueni JEJE Obá Onixangô Xangô de Obá obá Nerim RESPONDER: Obá Onixangô Xangô de Obá obá Nerim

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NANÃ

Texto e ilustração extraídos do livro Os Orixás, publicado pela Editora Três) O PERFIL DO ORIXÁ

Esta é uma figura muito controvertida do panteão africano. Ora perigosa e vingativa, ora praticamente desprovida de seus maiores poderes, relegada a um segundo plano amargo e sofrido, principalmente ressentido, Nanã possui não dois lados, como tantos Orixás, mas sim um Orixá dentro do outro, um conceito que foi sendo gradativamente substituído por outro, dando margem a muita confusão e contestação no jeito de se defini-la.

Nanã, é um Orixá feminino de origem daomeana, que foi incorporado há séculos pela mitologia ioruba, quando o povo nagô conquistou o povo do Daomé (atual Republica do Benin) , assimilando sua cultura e incorporando alguns Orixás dos dominados à sua mitologia já estabelecida.

Resumindo esse processo cultural, Oxalá (mito ioruba ou nagô) continua sendo o pai e quase todos os Orixás.

Iemanjá (mito igualmente ioruba) é a mãe de seus filhos (nagô) e Nanã (mito jeje) assume a figura de mãe dos filhos daomeanos, nunca se questionando a paternidade de Oxalá sobre estes também, paternidade essa que não é original da criação das primeiras lendas do Daomé, onde Oxalá obviamente não existia. Os mitos daomeanos eram mais antigos que os nagôs (vinham de uma cultura ancestral que se mostra anterior à descoberta do fogo).

Tentou-se, então, acertar essa cronologia com a colocação de Nanã e o nascimento de seus filhos, como fatos anteriores ao encontro de Oxalá e Iemanjá.

Muitas pesquisas apontam ainda que os iorubas começaram a ter um conceito de Deus Supremo antes inexistente, e que esse conceito pode (fato não comprovado) ser conseqüência da influência dos maometanos do norte da África sobre a população negra mais próxima.

Assim Nanã assume, como outros Orixás femininos, o conceito de maternidade como função principal. É neste contexto, a primeira esposa de Oxalá, tendo com ele três filhos: Iroco (ou Tempo), Omolu (ou Obaluaê) e Oxumarê.

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Pierre Verger aponta que Nanã, no culto daomeano, teria um posto hierárquico semelhante ao de Oxalá ou até mesmo do Deus Supremo Olorum.

Neste contexto, era uma figura feminina mas às vezes também alguém acima das distinções macho e fêmea, pois constituía, num par completo, pai e mãe unificados de todas as coisas, fossem os seres humanos, fossem os Orixás. Nanã faz o caminho inverso da mãe da água doce.

É ela quem reconduz ao terreno do astral, as almas dos que Oxum colocou no mundo real. É a deusa do reino da morte, sua guardiã, quem possibilita o acesso a esse território do desconhecido.

A senhora do reino da morte é, como elemento , a terra fofa, que recebe os cadáveres, os acalenta e esquenta, numa repetição do ventre, da vida intra-uterina.

É, por isso, cercada de muitos mistérios no culto e tratada pelos praticantes da Umbanda e do Candomblé, com menos familiaridade que os Orixás mais extrovertidos como Ogum e Xangô, por exemplo.

Muitos são portanto os mistérios que Nanã-terra esconde, pois nela entram os mortos e através dela são modificados para poderem nascer novamente. Só através da morte é que poderá acontecer para cada um a nova encarnação, para novo nascimento, a vivência de um novo destino – e a responsável por esse período é justamente Nanã.

Ela é considerada pelas comunidades da Umbanda e do Candomblé, como uma figura austera, justiceira e absolutamente incapaz de uma brincadeira ou então de alguma forma de explosão emocional. Por isso está sempre presente como testemunha fidedigna das lendas.

Jurar por Nanã, por parte de alguém do culto, implica um compromisso muito sério e inquebrantável, pois o Orixá exige de seus filhos-de-santo e de quem o invoca em geral a mesma e sempre relação austera que mantém com o mundo.

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE NANÃ

Uma pessoa que tenha Nanã como Orixá de cabeça (mãe no Eledá), pode levar em conta principalmente a figura da avó: carinhosa às vezes até em excesso, levando o conceito de mãe ao exagero, mas também ranzinza, preocupada com detalhes, com forte tendência a sair censurando os outros.

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Não tem muito senso de humor, o que a faz valorizar demais pequenos incidentes e transformar pequenos problemas em grandes dramas.

Ao mesmo tempo, tem uma grande capacidade de compreensão do ser humano, como se fosse muito mais velha do que sua própria existência.

Por causa desse fator, o perdão aos que erram e o consolo para quem está sofrendo é uma habilidade natural. Nanã, através de seus filhos-de-santo, vive voltada para a comunidade, sempre tentando realizar as vontades e necessidades dos outros.

Às vezes porém, exige atenção e respeito que julga devido mas não obtido dos que a cercam. Não consegue entender como as pessoas cometem certos enganos triviais, como optam por certas saídas que para um filho de Nanã são evidentemente inadequadas. É o tipo de pessoa que não consegue compreender direito as opiniões alheias, nem aceitar que nem todos pensem da mesma forma que ela.

Suas reações bem equilibradas e a pertinência das decisões, mantém-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça. Todos esses dados indicam também serem os filhos de Nanã, um pouco mais conservadores que o restante da sociedade, desejarem a volta de situações do passado, modos de vida que já se foram. Querem um mundo previsível, estável ou até voltando para trás: são aqueles que reclamam das viagens espaciais, dos novos costumes, da nova moralidade, etc. Quanto à dados físicos, são pessoas que envelhecem rapidamente, aparentando mais idade do que realmente têm.

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LOGUNEDÉ

Este orixá é pouco cultuado atualmente na África, mas tem muitos filhos-no-santo no Brasil.

Vive seis meses sobre a terra e outros seis meses sobre a água de um rio. Assim como Oxumarê, nos primeiros seis meses é uma divindade masculina, e nos outos, feminina.

Segundo as lendas, no primeiro ciclo, alimenta-se exclusivamente de caça, enquanto que no segundo sobrevive de peixes.

Filho de Oxóssi com Oxum, seria a síntesse das características de cada um deles alternadamente.

Essa síntese está presente em suas cores (o azul-claro de Oxóssi e o amarelo-ouro de Oxum).

O arquetipo psicológico de Logunedê seria a síntese dos tipos ligados a Oxóssi e a Oxum.

É um orixá cultuado na região de Ijexá, na Nigéria. Segundo a mitologia, Logun é filho de outros dois orixás, que são Oxun Pondá e Odé Inlé (ou Imbualama).

É considerado o príncipe dos orixás. Possui o conhecimento dos elementos da natureza, onde reinam seus pais, como florestas, matas, rios, cachoeiras, etc.

Seu próprio domínio está situado nas margens de rios, córregos e cursos d’água em geral, desde que tenham vegetação, ou seja, o encontro dos dois reinados. Esse orixá vem sendo erroneamente associado à dualidade sexual.

Muitos estudiosos no assunto afirmam que Logun vive seis meses como homem, igual ao seu pai Odé, e, nos outros seis meses, transforma-se numa mulher, como sua mãe Oxun.

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Logun é um orixá soberano e não passa por transformações sexuais. Isso acontece, com freqüência, aqui na Terra, com os seres humanos. Os orixás estão anos-luz adiante dessas questões.

Na verdade, esse orixá tem livre acesso aos dois reinados, adquirindo o conhecimento de ambos. Consegue adaptar-se, com facilidade, aos mais diversos ambientes, agindo e comportando-se de diferentes formas, dependendo da situação.

Ele herdou, também, muitas das características de seus pais, como a habilidade de caçar e conseguir fortuna, o encanto e a beleza, bem como um grande conhecimento de feitiçaria, como sua mãe. Além desses atributos, é, também, responsável pela fertilização das terras, através da irrigação, contribuindo, assim, com a agricultura.

Esse orixá possui muita riqueza e sabedoria, não admitindo a imperfeição em suas oferendas e rituais. Tem aparência doce e calma, mas, quando contrariado, torna-se muito enfurecido.

Uma outra característica de Logun é a de importar-se com o sofrimento dos outros, distribuindo riquezas e caças para os que não têm.

Suas ferramentas são o abebe e o ofá.

Seu símbolo é uma balança, representando o equilíbrio. Dia da semana: quinta-feira e sábado. Cores: azul turquesa e amarelo ouro. Gêge: nesta nação denomina-se AGUE-ETALA-AZIRI. Domínios: margens dos rios, várzeas, cachoeiras, cursos de água, florestas e matas. Oferendas: papa de milho com coco, milho cozido com feijão fradinho, ipeté, papa de coco, etc.

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IANSÃ

(Texto e ilustração extraídos do livro Os Orixás, publicado pela Editora Três) O PERFIL DO ORIXÁ

Iansã é um Orixá feminino muito famoso no Brasil, sendo figura das mais populares entre os mitos da Umbanda e do Candomblé em nossa terra e também na África, onde é predominantemente cultuada sob o nome de Oyá.

É um dos Orixás do Candomblé que mais penetrou no sincretismo da Umbanda, talvez por ser o único que se relaciona,, na liturgia mais tradicional africana, com os espíritos dos mortos (Eguns), que têm participação ativa na Umbanda, enquanto são afastados e pouco cultuados no Candomblé.

Em termos de sincretismo, costuma ser associada à figura católica de Santa Bárbara, talvez por causa do raio, já que a santa é sempre invocada para proteger um fiel de uma tempestade.

O mesmo acontece com Oyá, que deve ser saudada após os trovões, não pelo raio em si (propriedade de Xangô ao qual ela costuma ter acesso), mas principalmente porque tem sido Iansã uma das mais apaixonadas amantes de Xangô, o senhor da justiça não atingiria quem se lembrasse do nome da amada. Ao mesmo tempo, ela é a senhora do vento e, conseqüentemente, da tempestade.

Nas cerimônias da Umbanda e do Candomblé, Iansã, ela surge quando incorporada a seus filhos, como autêntica guerreira, brandindo sua espada, ameaçando os outros, prometendo a guerra, sempre guerreira e, ao mesmo tempo, feliz.

Ela sabe amar, e gosta de mostrar seu amor e sua alegria contagiantes da mesma forma que desmedida com que exterioriza sua cólera.

Como a maior parte dos Orixás femininos cultuados inicialmente pelos nagôs (ou iorubas, outro nome para a mesma cultura) é a divindade de um rio conhecido internacionalmente como rio Níger, ou Oyá, pelos africanos, isso, porém, não deve ser confundido com um domínio sobre a água.

A figura de Iansã sempre guarda boa distância das outras personagens femininas centrais do panteão mitológico africano, se aproxima mais dos terrenos consagrados tradicionalmente ao homem, pois está presente tanto nos

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campos de batalha, onde se resolvem as grandes lutas, como nos caminhos cheios de risco e de aventura - enfim, está sempre longe do lar; Iansã não gosta dos afazeres domésticos.

É extremamente sensual, apaixona-se com freqüência e a multiplicidade de parceiros é uma constante na sua ação, raramente ao mesmo tempo, já que Iansã costuma ser íntegra em suas paixões; assim nada nela é medíocre, regular, discreto, suas zangas são terríveis, seus arrependimentos dramáticos, seus triunfos são decisivos em qualquer tema, e não quer saber de mais nada, não sendo dada a picuinhas, pequenas traições. É o Orixá do arrebatamento, da paixão.

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE IANSÃ

Arquetipicamente, Iansã é a mulher guerreira que, em vez de ficar no lar, vai à guerra. São assim os filhos de Iansã, que preferem as batalhas grandes e dramáticas ao cotidiano repetitivo.

Costumam ver guerra em tudo, sendo portanto competitivos, agressivos e dados a ataques de cólera. Ao contrário, porém, da busca de certa estratégia militar, que faz parte da maneira de ser dos filhos de Ogum, que enfrentam a guerra do dia-a-dia, os filhos de Iansã costumam ser mais individualistas, achando que com a coragem e a disposição para a batalha, vencerão todos os problemas, sendo menos sistemáticos, portanto, que os filhos de Ogum.

São quase que invariavelmente de Iansã, os personagens que transformam a vida num buscar desenfreado tanto de prazer como dos riscos. São fortemente influenciados pelo arquétipo da deusa aquelas figuras que repentinamente mudam todo o rumo da sua vida por um amor ou por um ideal.

Faz parte dos filhos de Iansã a maior arte dos militantes políticos não cerebrais por excelência.

Ao mesmo tempo, quando rompem com uma ideologia e abraçam outra, vão mergulhar de cabeça no novo território, repudiando a experiência anterior de forma dramática e exagerada, mal reconhecendo em si mesmos, as pessoas que lutavam por idéias tão diferentes.

Talvez uma súbita conversão religiosa, fazendo com que a pessoa mude completamente de código de valores morais e até de eixo base de sua vida, pode acontecer com os filhos de Iansã num dado momento de sua vida.

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Da mesma forma que o filho de Iansã revirou sua vida uma vez de pernas para o ar, poderá novamente chegar à conclusão de que estava enganado e, algum tempo depois, fazer mais uma alteração - tão ou mais radical ainda que a anterior.

O temperamento dos que têm Oyá como Orixá de cabeça, costuma ser instável, exagerado, dramático em questões que, para outras pessoas não mereceriam tanta atenção e, principalmente, tão grande dispêndio de energia.

São do tipo Iansã, aquelas pessoas que podem ter um desastroso ataque de cólera no meio de uma festa, num acontecimento social, na casa de um amigo - e, o que é mais desconcertante, momentos após extravasar uma irreprimível felicidade, fazer questão de mostrar, à todos, aspectos particulares de sua vida.

Como esse arquétipo que gera muitos fatos, é comum que pessoas de Iansã surjam freqüentemente nos noticiários.

Ao mesmo tempo, é um caráter cheio de variações, de atitudes súbitas e imprevisíveis que costumam fascinar (senão aterrorizar) os que os cercam e os grandes interessados no comportamento humano.

Os Filhos de Iansã são atirados, extrovertidos e chocantemente diretos. Às vezes tentam ser maquiavélicos ou sutis, mas só detidamente. A longo prazo, um filho de Iansã sempre acaba mostrando cabalmente quais seus objetivos e pretensões.

Eles têm uma tendência a desenvolver vida sexual muito irregular, pontilhada por súbitas paixões, que começam de repente e podem terminar mais inesperadamente ainda.

São muito ciumentos, possessivo, muitas vezes se mostrando incapazes de perdoar qualquer traição - que não a que ele mesmo faz contra o ser amado.

Ao mesmo tempo, costumam ser amigos fiéis para os poucos escolhidos ara seu círculo mais íntimo.

Um problema, porém, pode atrapalhar tudo: a inconstância com que vê sua vida amorosa; outros detalhes podem também contaminar os aspectos profissionais.

Todas essas características criam uma grande dificuldade de relacionamentos duradouros com os filhos de Iansã.

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Se por um lado são alegres e expansivos, por outro, podem ser muito violentos quando contrariados; se têm a tendência para a franqueza e para o estilo direto, também não podem ser considerados confiáveis, pois fatos menores provocam reações enormes e, quando possessos, não há ética que segure os filhos de Iansã, dispostos a destruir tudo com seu vento forte e arrasador. Princesa yorubana cultuada nas regiões de Nupe e Tapa. Ao lado de Xangô, seu primo e marido, conquistou um vasto império.

Grande Senhora, domina os raios e as tempestades, é a divindade que conhece a força dos ventos, evocando-os quando necessário.

Oyá recebeu, de Olorun, a missão de transformar e renovar a natureza através do vento, que ela sabe manipular. O vento nem sempre é tão forte, mas, algumas vezes, forma-se uma tormenta, que provoca muita destruição e mudanças por onde passa, havendo uma reciclagem natural.

Normalmente, Oyá sopra a brisa, que, com sua doçura, espalha a criação, fazendo voar as sementes, que irão germinar na terra e fazer brotar uma nova vida. Além disso, esse vento manso também é responsável pelo processo de evaporação de todas as águas da terra, atuando junto aos rios e mares. Esse fenômeno é vital para a renovação dos recursos naturais, que, ao provocar as chuvas, estarão fertilizando a terra.

Apesar de dominar o vento, Oyá originou-se na água, assim como as outras iyabas, que possuem o poder da procriação e da fertilidade. Na Nigéria, existe um rio com seu nome, que assim se originou, segundo conta essa antiga lenda: Oyá foi desafiada pelos sacerdotes de sua aldeia, que duvidaram de sua capacidade de irrigar a terra.

Para eles, sua única função era a de levantar o vento para espalhar as sementes. Sentindo-se muito ultrajada, resolveu mostrar a eles do que era capaz. Na frente de todos, rasgou ao meio um pano escuro de sua indumentária. Usando seus pés, sulcou uma grande extensão de terra, onde esses panos foram jogados e, ao entrarem em contato com o solo, transformaram-se num grande rio.

Oyá possui um grande conhecimento, adquirido através da convivência com muitos orixás, como Ogun, com quem aprendeu os caminhos; Iroko, que a ensinou a evocar o vento; Odé, com quem aprendeu a caçar; Xangô, seu eterno companheiro; Obaluaiê, com quem compartilha o reino dos Eguns; Orunmilá e Oxalá, entre outros.

Vivia com eles o tempo necessário para aprender o que precisava, deixando-os em seguida, para continuar com suas andanças pelo mundo. Alguns tentaram,

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em vão, prendê-la, mas é impossível segurar o vento. A liberdade é muito importante para ela.

Foi com Xangô, seu marido, que passou mais tempo, pois os dois se completavam. Mas, apesar disto, ergueu-se contra ele em defesa de seu povo, fazendo com que recuasse. Nem mesmo Xangô conseguiu dobrá-la. Guerreira poderosa, é também detentora de poderes de feitiçaria, não temendo nada nem ninguém. Nunca fugiu das batalhas, agindo sempre com uma força devastadora.

Ela se transforma com muita rapidez para destruir o inimigo, voltando ao normal logo em seguida, como se nada tivesse acontecido. Segundo a lenda, Oyá teria abandonado seus nove filhos para partir em novas empreitadas. Isso não quer dizer que ela não os amava. Ao contrário, ela precisava lutar para ter condições de criá-los e defendê-los, além disso, não podia levá-los consigo nessas guerras.

Foi Yansan quem introduziu a casa nas roças de orixás. Antes, as festas eram realizadas ao ar livre. Por isso, nas cumeeiras das casas são realizadas oferendas, tanto para ela, como para Ogun.

Com Oxalá, grande orixá fun-fun, aprendeu sobre o uso do raciocínio e o dom da paciência. Por isso ela não desiste facilmente de seus objetivos, sabendo esperar o momento certo para conquistá-los.

Oyá é puro movimento. Não pode ficar parada, para não extinguir sua energia. O vento nunca morre, ele está sempre percorrendo novos espaços. Erroneamente, alguns babalorixás deixam as sacerdotisas de Oyá paradas no barracão, ou mesmo sentadas, enquanto os outros orixás fazem sua dança ritual. Isso vai contra tudo o que ela representa.

Ela tem o domínio e o conhecimento sobre os eguns (espíritos desencarnados). Após a morte e a limpeza do corpo, que é realizada por Omolu, Oyá encarrega-se de levá-los até os portais do orun (mundo paralelo). É Oyá, também, quem se encarrega de apagar as memórias das pessoas que irão renascer no aiye (Terra).

Quando nós renascemos na Terra ainda conseguimos lembrar de algums fatos de nossa existência passada. Aos poucos, ainda na infância, nossa memória vai se apagando, até que todas as imagens desapareçam.

Oyá, em tempos remotos, era patrona (ou matrona) de uma sociedade secreta feminina, que cultuava os ancestrais (pessoas já desencarnadas pertencentes à religião), que denominamos Egungun. Foi o orixá Ogun que conseguiu acabar

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com a primazia das mulheres nesse culto, que passou a ser exclusivamente masculino.

Mas, apesar disto, Oyá ainda é reverenciada nessa sociedade. Oyá, segundo a mitologia, é um orixá muito forte, enfrentando a tudo e a todos por seus ideais. Não aceita a submissão ou qualquer tipo de prisão.

A prostituição está ligada à Terra, e não aos orixás. Faz parte de sua indumentária a espada curva (alfanje), o erukere, que usava para sua defesa, além de muitos braceletes e objetos de cobre.

Sua dança é muito expansiva, ocupando grande espaço e chamando muita atenção. Dia da semana: quarta-feira. Cores: vermelho terra, marrom, branco e rosa. Gêge: nesta nação denomina-se ABÉ. Angola: MATAMBA. Domínios: ventos, cemitérios, taquaral, caminhos, águas, etc. Oferendas: acarajé, inhame, broto de bambu, etc. LENDAS

Ogum foi caçar na floreesta, como fazia todos os dias. De repente, um búfalo veio em sua direção rápido como um relâmpago; notando algo de diferente no anomal, Ogum tratou de segui-lo. O búfalo parou em cima de um formigueiro, baixou a cabeça e despiusua pele, transformando-se numa linda mulher. Era Iansã, coberta por belos panos coloridos e braceletes de cobre.

Iansã fez da pele uma trouxa, colocou os chifres dentro e escondeu-a no formigueiro, partindo em direção ao mercado, sem perceber que Ogum tinha visto tudo.

Assim que ela se foi, Ogum se apoderou da trouxa, guardando-a em seu celeiro. Depois foi a cidade, e passou a seguir a mulher até que criou coragem e começou a cortejá-la. Mas como toda mulher bonita, ela recusou a corte.

Quando anoiteceu ela voltou à floresta e, para sua surpresa, não encontrou a trouxa. Retornou à cidade e encontrou Ogum, que lhe disse estar com ele o que procurava. Em troca de seu segredo (POIS ELE SABIA QUE ELA NÃO ERA UMA MULHER E SIM ANIMAL), Iansã foi obrigada a se casar com ele: Apesar disso, conseguiu estabelecer certas regras de conduta, dentre as quais proibi-lo de comentar o assunto com qualquer pessoa.

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Chegando em casa, Ogum explicou explicou as suas esposas que Iansã iria morar com ele e que em hipótese alguma deveriam insultá-la. Tudo corria bem; enquanto Ogum saía para trabalhar, Iansã passava o dia procurando sua trouxa.

Desse casamento nasceram nove filhos, o que despertou ciúmes nas outras esposas, que eram estéreis. Uma delas, para vingar-se, conseguiu embriagar Ogum e ele acabou relatando o mistério que envolvia Iansã.

Depois que Ogum dormiu as mulheres passaram a insultar Iansã, dizendo que ela era um animal e revelando que sua trouxa estava escondida no celeiro. Iansã encontrou então sua pele e seus chifres. Assumiu a forma de búfalo e partiu para cima de todos, poupando apenas seus filhos.

Decidiu voltar para a floresta, mas não permitiu que os filhos a

acompanhassem, porque era um lugar perigoso. Deixou com eles seus chifres e

orientou-os, para em caso de perigo, deveriam bater os chifres um contra o

outro; com esse sinal ela iria socorrê-los imediatamente. É por esse motivo que

os chifres estão presentes nos assentamentos de Iansã/Oya.

IANSÃ - OYÁ

Oiá madê oário acarao oi jacoló

RESPONDER: Oiá madê oário acarao oi jacoló

Oi ucadeo oiá docô oi jocoló

RESPONDER: Oiá madê oário acarao oi jacoló

Oberece manicéo

RESPONDER: Oia docô obecéo

Osonireo oberece cari de Ogum

RESPONDER: Osonireo oberece cari de Ogum

Oberece cari de Ogum oanireu eoateuá

RESPONDER: Oberece cari de Ogum oanireu eoateuá

Ogum oiá mauerutê

RESPONDER: Obecéo oro corô

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Ogum onira eloatauô

RESPONDER: Ario onira obecéo

Ogum onira eloatomio

RESPONDER: Ario onira obecéo

Eloatauao

RESPONDER: Ario onira obecéo

Eloatomio

RESPONDER: Ario onira obecéo

Amaia maia maia jarô jarô amaia omocepéo jarô jarô

RESPONDER: Amaia maia maia jarô jarô amaia omocepéo jarô jarô

Ogum méla méla deu

RESPONDER: Aliança é de loiá

Oiá calulu Iansã cenin ebó

RESPONDER: Oiá calulu oiá cenin ebó

Ogum siribó paco taco maraçó Ogum siribó paco taco maracó Ogum siribó

orixá oriocô

RESPONDER: Ogum siribó paco taco maraçó Ogum siribó paco taco maracó

Ogum siribó orixá oriocô

Ogum Ogum siribó

RESPONDER: Orixá oriocô

Iansã Ogum siribó

RESPONDER: Orixá oriocô

Aliança é deloiá paliança aquilodá

RESPONDER: Aliança é deloiá paliança aquilodá

Aliança é deloiá aliança é deloiá aliança é deloiá é orumalé emodibau

RESPONDER: Aliança é deloiá aliança é deloiá aliança é deloiá é orumalé

emodibau

Aliança e deloiá parananfo aquilojá

Page 78: 59637034 Lendas e Cacteristicas Dos Orixas

RESPONDER: Aliança e deloiá parananfo aquilojá

Obiaodoa oiadê obiaodoa oiadê eleuará epê obiaidia oiadê

RESPONDER: Obiaodoa oiadê obiaodoa oiadê eleuará epê obiaidia oiadê

Açageuae

RESPONDER: Adeuae

Açageuemi

RESPONDER: Adeuae

Oidoni Totô Iansã adupê Odocoo Marejo

RESPONDER: Oidoni Totô Iansã adupê Odocoo Marejo

Ogum Laçapadô Iansã

RESPONDER: Ococô Minhanhã Oiá

Ogum lepafune

RESPONDER: Epa

Ogum elebará

RESPONDER: Epa

Iansã com Ogum

RESPONDER: Epa

Ogum com Iansã

RESPONDER: Epa

Beléu eléu eléu elisô

RESPONDER: Beléu eléu eléu elisô

Oiarebete

RESPONDER: Arepê

Onicororô oquibiloiará aminilaba loquiloiá

RESPONDER: Onicororô oquibiloiará aminilaba loquiloiá

Écodoéco onicorô

RESPONDER: Oiadocô oianiqué

Oia e eae

Page 79: 59637034 Lendas e Cacteristicas Dos Orixas

RESPONDER: Oia e eae

Fará Ogum fará Ogum fará daumiceró eró

RESPONDER: Fará Ogum fará Ogum fará daumiceró eró

Ogum alaie

RESPONDER: Fará Ogum fará

Oloire é para amao oloiré é paratô

RESPONDER: Oloire é para amao oloiré é paratô

Erundê aoiadocô eró

RESPONDER: Erundê aoiadocô eró

Oiadocô

RESPONDER: Eró eró

JEJE

Obilaia obilaia

RESPONDER: Oiá maque quere

Xangô Loiá

RESPONDER: Oquere quere ouquese

Xangô Iansã

RESPONDER: Oquere quere ouese

Oiá oiá oiá nogodô oiá nigodô sapata nigodô

RESPONDER: Oiá oiá oiá nogodô oiá nigodô sapata nigodô

Xangô Baí oiá Docô Aganjú cabecile Xangô Baí

RESPONDER: Xangô Baí oiá Docô Aganjú cabecile Xangô Baí

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IEMANJÁ

(Texto e ilustração extraídos do livro Os Orixás, publicado pela Editora Três) O PERFIL DO ORIXÁ

Comparada com as outras divindades do panteão africano, o Orixá feminino ioruba Iemanjá é uma figura extremamente simples.

Ela é uma das figuras mais conhecidas nos cultos brasileiros, com o nome sempre bem divulgado pela imprensa, pois suas festas anuais sempre movimentam um grande número de iniciados e simpatizantes, tanto da Umbanda como do Candomblé.

Pelo sincretismo, porém, muita água rolou. Os jesuítas portugueses, tentando forçar a aculturação dos africanos e a aceitação, por parte deles, dos rituais e mitos católicos, procuraram fazer casamentos entre santos cristãos e Orixás africanos, buscando pontos em comum nos mitos.

Para Iemanjá foi reservado o lugar de Nossa Senhora, sendo, então, artificialmente mais importante que as outras divindades femininas, o que foi assimilado em arte por muitos ramos da Umbanda.

Mesmo assim,não se nega o fato de sua popularidade ser imensa, não só por tudo isso, mas pelo caráter, de tolerância, aceitação e carinho.É uma das rainhas das águas, sendo as duas salgadas: as águas provocadas pelo choro da mãe que sofre pela vida de seus filhos, que os vê se afastarem de seu abrigo, tomando rumos independentes; e o mar, sua morada, local onde costuma receber os presentes e oferendas dos devotos.

São extremamente concorridas suas festas. É tradicional no Rio de Janeiro, em Santos (litoral de São Paulo) e nas praias de Porto Alegre a oferta ao mar de presentes a este Orixá, atirados à morada da deusa, tanto na data específica de suas festas, como na passagem do ano. São comuns no reveillon as tendas de Umbanda na praia, onde acontecem rituais e iniciados incorporam caboclos e pretos-velhos, atendendo a qualquer pessoa que se interesse.

Na África, a origem de Iemanjá também é um rio que vai desembocar no mar. De tanto chorar com o rompimento com seu filho Oxóssi, que a abandonou e foi viver escondido na mata junto com o irmão renegado Ossaim. Iemanjá se derreteu, transformando-se num rio que foi desembocar no mar.

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É a mãe de quase todos os Orixás de origem ioruba (com exceção de Logunnedê), enquanto a maternidade dos Orixás Daomeanos é atribuída a Nanã.

É portanto semelhante às outras mães da água, o que é compreensível, já que as diferentes tribos e nações acabaram por desenvolver o culto a um Orixá feminino específico, que relacionavam com um rio da região. No caso de Iemanjá, as lendas africanas já a identificavam com o mar, como podemos perceber pela narrativa recolhida por Pierre Verger:

Iemanjá seria a filha de Olokum, deus (no Daomé, atual Benin) ou deusa (em Ifé) do mar. Em uma história de Ifé ela aparece casada pela primeira vez com Orunmilá, senhor das adivinhações, depois com Olofin, rei do Ifé, com o qual teve supostamente dez (10) filhos. Iemanjá, cansada de sua permanência em Ifé, foge mais tarde em direção ao oeste. Outrora, Olokum lhe havia dado, por medida de precaução, uma garrafa contendo um preparado (...) com a recomendação de quebrá-la no chão em caso de extremo perigo. E assim Iemanjá foi instalar-se no Entardecer-da-Terra, o Oeste.

A lenda diz que Olofin, rei de Ifé, lançou o exercito à sua procura, o que fez Iemanjá, no esconderijo, quebrar a garrafa. Teria, então, na mesma hora, se formado um rio que a tragou, levando-a para Okum, o oceano - morada de seu pai Olokum.

Apesar dos preceitos tradicionais relacionarem tanto Oxum como Iemanjá à função da maternidade, pôde estabelecer-se uma boa distinção entre esse conceitos. As duas Orixás não rivalizam (Iemanjá praticamente na rivaliza com ninguém, enquanto Oxum é famosa por suas pendências amorosas que a colocaram contra Iansã e Oba). Cada uma domina a maternidade num momento diferente.

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE IEMANJÁ

No arquétipo psicológico, expandem-se as características insinuadas pela descrição dos mitos e lendas de Iemanjá.

Também fica fácil entender os conceitos principais se mantivermos a comparação com o Orixá Oxum. Como os filhos da mãe da água doce, os de Iemanjá, também gostam de luxo, das jóias caras e dos tecidos vistosos.

Gostam de viver num ambiente confortável e, mesmo quando pobres, pode-se notar uma certa sofisticação em suas casas, se comparadas com as demais da comunidade de que fazem parte.

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Enquanto os filhos de Oxum são diplomatas e sinuosos, os de Iemanjá se mostram mais diretos. São capazes de fazer chantagens emocionais, mas nunca diabólicas. A força e a determinação fazem parte de seus caracteres básicos, assim como o sentido da amizade e do companheirismo.

Como são pessoas presas ao arquétipo da mãe, a família e os filhos têm grande importância na vida dos filhos de Iemanjá. A relação com eles pode ser carinhosa, mas nunca esquecendo conceitos tradicionais como respeito e principalmente hierarquia.

São pessoas que não gostam de viver sozinhas, sentem falta da tribo, inconsciente ancestral, e costumam, por isso casar ou associar-se cedo. Não apreciam as viagens, detestam os hotéis, preferindo casas onde rapidamente possam repetir os mecanismos e os quase ritos que fazem do cotidiano. Apesar do gosto pelo luxo, não são pessoas obcecadas pela própria carreira, sem grandes planos para atividades a longo prazo, a não ser quando se trata do futuro de filhos e entes próximos.

Todos esses dados nos apresentam uma figura um pouco rígida, refratária a mudanças, apreciadora do cotidiano. Ao mesmo tempo, indicam alguém doce, carinhoso, sentimentalmente envolvente e com grande capacidade de empatia com os problemas e sentimentos dos outros. Mas nem tudo são qualidades em Iemanjá, como em nenhum Orixá.

Seu caráter pode levar o filho desse Orixá a ter uma tendência a tentar concertar a vida dos que o cercam - o destino de todos estariam sob sua responsabilidade. Os filhos de Iemanjá demoram muito para confiar em alguém, bons conhecedores que são da natureza humana.

Quando finalmente passam a aceitar uma pessoa no seu verdadeiro e íntimo círculo de amigos, porém, deixam de ter restrições, aceitando-a completamente e defendendo-a, seja nos erros como nos acertos, tendo grande capacidade de perdoar as pequenas falhas humanas.

Um filho de Iemanjá pode tornar-se rancoroso, remoendo questões antigas por anos e anos sem esquecê-las jamais. Divindade cultuada pelos yorubás da nação Egbá. Na África, o orixá que reina nos oceanos é Olokun e, segundo consta, é o pai de Iemanjá. Ela, por sua vez, fixou seu reinado nos lagos (de água doce e salgada), enseadas, quebra-mares e na junção entre rios e mares (pororoca).

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No Brasil, Olokun é praticamente desconhecido, ao passo que Iemanjá é a grande senhora dos mares. Os pescadores brasileiros têm por ela verdadeira adoração, sendo uma poderosa protetora nos momentos de perigo, e companheira, quando a solidão do mar os invade.

Eles acreditam que, se morrerem no mar, Iemanjá, em pessoa, irá conduzi-los para sua derradeira morada, e, nessa hora, poderão apreciar a deslumbrante beleza dessa mãe das águas.

Orixá responsável pela concepção da vida, pela fertilidade, é totalmente ligada às águas, sendo denominada a mãe dos filhos peixes. Como sabemos, tanto pelas descobertas científicas como pelas antigas lendas africanas, a vida desenvolveu-se primeiro na água. Por isso, Iemanjá é detentora do poder da criação, ou concepção dos seres vivos.

Na mitologia, ela foi mãe de Ogun e Odé, além de adotar como filhos outros orixás, como Obaluaiê e Omolu, que foram rejeitados por sua verdadeira mãe. Iemanjá possui um grande instinto maternal, sabendo cuidar com muito zelo de seus protegidos.

É, muitas vezes, associada às sereias, mas, na verdade, é um orixá, e, como tal, não tem forma humana nem animal. Em todo mundo, diversos povos cultuam essas divindades que habitam as águas do mar, assumindo as mais diversas formas.

Nós, seres humanos, também somos formados por água, possuindo uma pequena parte desse elemento de Iemanjá em nosso corpo. Por causa disto, é que no obori (dar comida à cabeça), ritual realizado tanto para fortalecimento do corpo da pessoa (que irá receber a energia do orixá) como para compensar o adiamento de uma obrigação do Candomblé, serão feitas oferendas também para Iemanjá, além do próprio orixá da pessoa.

Todos os seres têm uma grande ligação com esse orixá, inclusive os filhos de orixás pertencentes ao elemento fogo, como Xangô.

Os iawôs têm sua cabeça e os pés pintados de azul em homenagem à Iemanjá, porque ela, segundo algumas lendas, queria que todo ser humano fosse azul, como a cor de suas águas, ao invés dessa cor que se assemelha à terra.

A maior parte das qualidade ou formas desse orixá são fun-funs, tendo o predomínio da cor branca. Mas existe uma qualidade, muito ligada a Exú, que usa cores escuras, como o vermelho.

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Essa forma de Iemanjá recebeu, de Exú, poderes de premonição, em gratidão a um favor prestado.

Segundo as lendas, Oxalá tem muita atracão por Iemanjá, mas não por essa qualidade. Se um filho desse orixá sair no barracão incorporado, nenhum noviço de Oxalá pode estar em transe, para não haver problemas.

Yemanjá tem dias especiais de culto no calendário brasileiro, onde são realizadas muitas festas religiosas, com oferendas de barcos enfeitados, flores, espelhos, pentes, etc.

Geralmente, os pratos à base de peixes e frutos do mar são oferendas tradicionais para Iemanjá. Eu, particularmente, não ofereço esse tipo de comida, pois os peixes são filhos desse orixá, e nenhuma mãe iria gostar de receber, como oferenda, um filho morto. Estou certo de que muitas pessoas não irão concordar com esse meu conceito, mas acredito que a minha afirmação é muito lógica.

O domínio de Yemanjá compreende a zona de arrebentação das ondas ou quebra-mar, e não a praia. O mar despeja todo o seu lixo na areia da praia, que é um lugar onde não devem ser feitas oferendas, a não ser para o orixá Ogun Xoroque. Essa qualidade de Ogun se encarrega de levar ebós, e de fazer a limpeza do universo. Yemanjá é o orixá da paz, da ausência de conflitos e da fartura.

Dia da semana: Sábado.

Cores: branco, prata, transparências de azul e verde.

Gêge: nesta nação denomina-se ABOTÔ.

Angola: KAITUMBÁ.

Domínios: lagoas, mares (quebra-mar) e pororocas.

Oferendas: manjar branco, canjica amarela, milho branco com mel, etc.

IEMANJÁ

Iemanjá seleodô babaoromiô Iemanjá eleissaéo babaoromiô

RESPONDER: Iemanjá seleodô babaoromiô Iemanjá eleissaéo babaoromiô

Iemanjá pase que pasejo aelemanjá sessum orun ao aebalva aoxum dipéo

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ebabaoromiô

RESPONDER: Iemanjá pase que pasejo aelemanjá sessum orun ao aebalva

aoxum dipéo ebabaoromiô

Elemioxum iabaránireo

RESPONDER: É oao abéo écum amaraiso é ao abéleo

Adeoo abéleo

RESPONDER: É ao abéleo

Oromilá oque é oque é oia aganjú oxumlá oque é oque é oiá óia oélé oelé

RESPONDER: Oromilá oque é oque é oia aganjú oxumlá oque é oque é oiá

óia oélé oelé

Acaorô oque é oque é óia aganjú oxumlá oque é oque é oiá oiá oelê oelê

RESPONDER: Acaorô oque é oque é óia aganjú oxumlá oque é oque é oiá oiá

oelê oelê

Oquerê oassésum e o

RESPONDER: Oquere Orixá

Oquerê iojabao

RESPONDER: Oqueré Orixá

Iemanjá Ogum oforilabatá omi forilao

RESPONDER: Iemanjá Ogum oforilabatá omi forilao

Iemanjá Ogum

RESPONDER: Aorô

Iemanjá Bomi

RESPONDER: Aorô

Aorô Aorô

RESPONDER: Aorô

Iemanjá tomi tomi tomio

RESPONDER: Atonirê emire emi

Oiaba adela babaelê Iemanjá Ogum ia babaelê

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RESPONDER: Oiaba adela babaelê Iemanjá Ogum ia babaelê

Iemanjá elao

RESPONDER: Iemanjá que bata batababaelê

Quetu nené quetu nené Iemanjá elaô quebaodé

RESPONDER: Quetu nené quetu nené Iemanjá elaô quebaodé

Tototô oiabeniqué oiabeni oiabeni oiabeniqué

RESPONDER: Tototô oiabeniqué oiabeni oiabeni oiabeniqué

Iemanjá seleolodô

RESPONDER: Iemanjá seleclodô

Orocumailê orocumailó

RESPONDER: Iemanjá seleolodô

Iemanjá marilê

RESPONDER: Iemanjá seleolodô

Iemanjá marilê Iemanjá mariló

RESPONDER: Iemanjá seleolodô

Odocumailê odocumailó

RESPONDER: Iemanjá seleolodô

Iemanjá seleolodô

RESPONDER: Iemanjá seleolodô

Omofiro eredéo omofiro eredéo anacum bêo omofiro eredéo anacumdêo

RESPONDER: Omofiro eredéo

Anacum béo

RESPONDER: Omofiro eredéo

JEJE

Anareuá anareuaeo

RESPONDER: Anareuá anareuaeo

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Ie Iemanjá anareuaeo

RESPONDER: Ie Iemanjá anareuaeo

Etumaladidê tumaladidê nanaborocuma oconssula etumaladideo

RESPONDER: Etumaladidê tumaladidê nanaborocuma oconssula

etumaladideo

Nanaborocuma oconssula

RESPONDER: Etumaladidê

Oniopé oassairema

RESPONDER: Ebó oniopé oassairema ebó

Bará cotim cotim cotim cotim bará

RESPONDER: Bará cotim cotim cotim cotim bará

Bará quebará quebará baio

RESPONDER: Bará quebará quebará baio

Ogum bará quebará baio

RESPONDER: Ogum bará quebará baio

Emire emire emire emire equeoê nanaborocuma equeoê

RESPONDER: Emire emire emire emire equeoê nanaborocuma equeoê

Emire emire equeoê

RESPONDER: Nanaborocuma equeoê

Amaquere quere eoese

RESPONDER: Anareuá

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EXÚ

(Texto e ilustração extraídos do livro Os Orixás, publicado pela Editora Três) O PERFIL DO ORIXÁ

Exu é a figura mais controvertida dos cultos afro-brasileiros e também a mais conhecida. Há, antes de mais nada, a discussão se Exu é um Orixá ou apenas uma Entidade diferente, que ficaria entre a classificação de Orixá e Ser Humano.

Sem dúvida, ele trafega tanto pelo mundo material (ayé), onde habitam os seres humanos e todas as figuras vivas que conhecemos, como pela região do sobrenatural (orum), onde trafegam Orixás, Entidades afins e as Almas dos mortos (eguns).

Esse Orixá (ou Entidade) não deve ser confundido com os eguns, apesar de transitar na mesma Linha das Almas (uma das três linhas independentes) sendo o seu dia a segunda-feira; ficando sob o seu controle e comando, os Kiumbas (espíritos atrasadíssimos na evolução).

Exu é figura de status entre os Orixás, que apesar de ser subordinado ao poder deles, constitui uma figura tão poderosa que freqüentemente desafia as próprias divindades.

Sua função e condição de figura-limite entre o astral e a matéria, se revela em suas cores, o negro e o vermelho, sendo esta última a vibração de menor freqüência no espectro do olho humano, abaixo do qual tudo é negro, há ausência de luz.

Seus aspectos contraditórios também podem ser analisados sob outro ponto de vista: o negro significa em quase todas as teologias o desconhecido; o vermelho é a cor mais quente, a forte iluminação em oposição à escuridão do negro.

Até em suas cores, Exu é o símbolo das grandes contradições, do amplo terreno de atuação.

Os Exus são considerados entidades poderosas, mas nem sempre conscientes dessa força, desconhecendo seus limites e suas conseqüências ao envolver os seres humanos vivos.

Assim ao utilizar-se de suas vibrações, um iniciado precisa tomar cuidado para não permitir que Exu, mesmo com o propósito de ajudá-lo, provoque um descontrole energético que possa ser prejudicial ao ser humano.

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Sua função mítica é a de mensageiro - é o que leva os pedidos e oferendas do homens aos Orixás, já que o único contato direto entre essas diferentes categorias só acontece no momento da incorporação, quando o corpo do ser humano é tomado pela energia e pela consciência do seu Orixá pessoal (quando a consciência de quem carrega o Orixá desaparece).

É Exu quem traduz as linguagens humanas para a das divindades. Por isso, é imprescindível para a realização de qualquer ritual, porque é o único que efetivamente assegura em uma dimensão (ayé ou orum) o que está acontecendo na outra, abrindo os caminhos para os Orixás se aproximarem dos locais onde estão sendo cultuados.

O poder de comunicar e ligar, confere à ele também o oposto; a possibilidade de desligar e comprometer qualquer comunicação. Se possibilita a construção, também permite a destruição.

Esse poder foi traduzido mitologicamente no fato de Exu habitar as encruzilhadas, passagens, os diferentes e vários cruzamentos entre caminhos e rotas, e ser o senhor das porteiras, portas entradas e saídas. Isso não entra em contradição com o fato de Ogum, o Orixá da guerra, ser considerado o senhor dos caminhos. Além da grande afinidade entre as duas figuras míticas (que são irmãos, de acordo com as lendas), Ogum é responsável pelo desbravamento, pelo desmatar e o criar de novos caminhos, pela expansão do reino, enquanto Exu é o senhor da força que percorre esses caminhos.

Como, então, essa imagem de menino brincalhão, mesmo que imprudente, se coaduna com a imagem popular que associa Exu ao Diabo? Mesmo em cultos de Umbanda (alguns) Exu é freqüentemente considerado um representante do mal, das forças perigosas e não totalmente recomendáveis.

QUAL A VISÃO ESTÁ CORRETA?

A rigor, ambas ou nenhuma delas. Exu realmente brinca e se diverte, possibilitando brincadeiras e prazeres aos seres humanos. Também mexe com forças terríveis, provoca acontecimentos dramáticos, causando o mal. Em termos históricos, as culturas africanas que cultuam os Orixás - muito diversificadas, conseqüência evidente de uma sociedade dividida em raças, tribos, muito pouco centralizada para os parâmetros ocidentais - são muito mais antigas que as que conhecemos.

Há lendas de Orixás que se explicam como respostas socialmente criativas a acontecimentos perdidos num longínquo passado, como a substituição do matriarcado pelo patriarcado, o surgimento do primeiro conceito de sociedade agrária, em oposição a uma cultura nômade e caçadora.

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Assim, como encontrar uma figura que representa o mal numa cultura onde não existe a dicotomia bem-mal? A moralidade ou imoralidade portanto, não está nas figuras dos Orixás, nem principalmente em Exu, mas sim nas interpretações que nós, ocidentais, fazemos a respeito de seus desígnios.

Para a cultura africana, politeísta, onde os deuses brigam entre si, cada um tomando atitudes radicalmente opostas às dos outros, não existe um certo e um errado, mas vários.

Cada ser humano é filho de dois Orixás e, para ele, suas atitudes serão as mais corretas, enquanto um filho de outro Orixá deverá manter postura diferente, mas adaptada ao arquétipo de comportamento associado ao seu próprio Orixá.

Outra razão de confusão vem do fato de os negros terem chegado ao Brasil na condição de escravos, tratados como subumanos e sem os mínimos direitos.

Nenhuma hipótese havia, portanto, para que Exu e outras figuras míticas do Candomblé e da Umbanda, fossem aceitas como independentes: os negros tinham de ser convertidos ao Deus Único, aos mitos cristãos.

Uma divindade africana ao ser capturada pelas explicações católicas, teria no máximo o status de santo, divindade menor, praticamente humana, na teologia cristã.

Como precisavam de um Diabo, os jesuítas encontraram na figura de Exu, o Orixá que poderia, meio forçadamente, vestir a sua roupa, provavelmente porque sendo o mais humano dos Orixás, à ele se pede interferência nas questões mais mundanas e práticas, o que resulta que a maior parte das oferendas do culto vá, para ele.

Exatamente por isso, Exu era a divindade que protegia, na medida do possível, os negros dos repressivos senhores. Era para Exu que pediam desgraças para seus senhores.

Dois outros fatores associam Exu ao Demônio; o fogo - elemento do Diabo e também freqüente nos cultos e oferendas para o mensageiro dos Orixás africanos - e o sexo, território considerado tabu pelos católicos, e o prazer - em geral, as atividades favoritas de Exu.

A sensualidade desenfreada costuma ser atribuída à influência de Exu, que significa a paixão pelo gozo, sendo freqüentemente representado em estatuetas, como figura humana sorridente, debochada.

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Para completar os tabus que marcavam Exu como uma figura que subvertia o conceito de faça o bem e será recompensado, faça o mal e será punido - já que ele podia fazer qualquer coisa e alterar qualquer resultado - mas um fator fez com que fosse não só usado como o Diabo mas reconhecido como sua própria encarnação por parte dos jesuítas: Exu gosta de sangue.

É costume que, em oferendas, o sangue de animais seja o último ingrediente. Como, porém, essa base filosófica africana foi esquecida na prática pelos brasileiros, existe certo temor e preconceito com relação a Exu.

Isso se revela no temor que os babalorixás (sacerdotes que dirigem a Umbanda ou um Candomblé) têm em identificar alguém como filho de Exu, ou seja, como pessoas cuja energia básica é a mesma do mensageiro dos deuses. Reforçam-se assim, os mitos de desgraça que ronda a figura de Exu.

A Pomba-gira, figura comum nos cultos de Umbanda e presente em diversos Candomblés, dada a grande intercomunicação entre as duas vertentes, não passa, de um Exu Feminino, onde estão em destaque o senso de humor debochado, a voluptuosidade e sensibilidade desenfreadas, usando cabelos soltos, saias rodadas e vaidosas flores na cabeça. Sua dança é uma gira frenética, desenfreada, violenta até, com quase nenhum controle - sem compostura, de acordo com a visão ocidental.

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE EXU

São muitas as pessoas que têm Exu, como fonte energética principal, mas são poucas as que o sabem. É comum um certo temor do pai-de-santo em comunicar ao iniciado que é um filho de Exu (englobado na Linha das Almas), após a confirmação do jogo de búzios.

Acontece que os mitos ocidentais e orientais de perigo e desgraça que andam junto de Exu, fazem com que a pessoa que está sob a égide desse Orixá seja considerada uma perseguida da sorte, marcada pelo destino, e são comumente apontados como sofredores, como se ligados ao mal ou ao padecimento.

O arquétipo psicológico associado aos filhos de um Orixá é a síntese das características comportamentais que fazem parte de cada Orixá e que são atribuídas aos seus filhos.

Não deve ser encarado como camisa de força que limite os seres humanos, mas guias de comportamento. Essas guias de comportamento ou matrizes, são os Orixás.

Page 92: 59637034 Lendas e Cacteristicas Dos Orixas

No caso dos filhos de Exu, suas características principais seriam a ambivalência

e o relativismo, a falta de posturas morais rígidas e inabaláveis, preferindo certo

apego à maleabilidade e ao pragmatismo que faz cada situação ser encarada

como totalmente independente de outra, cada uma, portanto, merecendo uma

saída diferente.

As dezesseis formas mais conhecidas desse orixá, que me foram passadas em

meu período de aprendizado, são: Yangí, Âgbâ, Igbá Ketá, Odarâ, Osijê,

Oba Babá, Enú Gbarijó, Elégbará, Bará, Okôtô, Elérù, Odusô, L’onan,

Ol’Obé, El’Ebó e Alafia.

Dia da semana: segunda-feira.

Cores: vermelho e preto.

Gêge: nesta nação denomina-se ELEGBA & BARÁ.

Domínios: caminhos, cruzamentos, alto das montanhas, etc.

Oferendas: padê, inhame com dendê, piquiri, etc.

BARÁ

Amachere onibá Exu abanada amachere onibá Exu abanada.

RESPONDER: Amachere onibá Exu abanada amachere anibá Exu abanda.

Exu ademi chechemirê

RESPONDER: Exu ademi chechemirê

Exu ademi chechemibará

RESPONDER: Exu ademi chechemirê

Exu jalana fuá

RESPONDER: Exu jalana fumalé

Exu jalana didê

Page 93: 59637034 Lendas e Cacteristicas Dos Orixas

RESPONDER: Exu jalana fumalé

Exu o Lodê

RESPONDER: Exu ecuo bará Ianã

Bará Exu

RESPONDER: Bará

Lanã Exu

RESPONDER: Bará

Lodê Exu

RESPONDER: Bará

Alupagema

RESPONDER: Alupagema

Alupao

RESPONDER: Alupagema

Ai o que bará

RESPONDER: Alupagema

Ai bará bará

RESPONDER: Alupagema

Choni choni choni padô

RESPONDER: Gam, gam, gam, gam, choni padô

Bará no ecó choni padô

RESPONDER: Gam, gam, gam, gam, choni padô

Olebarábô alaroiê aexulanã olebarábô alaroiê aexulanã iamadecó eco de bará

ogum talabô bará oeléfa exulanã

RESPONDER: Olebarábô alaroiê aexulanã olebarábô alaroiê aexulanã

iamadecó eco de bará ogum talabô bará oeléfa exulanã

Olebará aléo modibará oelefa epô

RESPONDER: Olebará aléo modibará oelefa epô

Olebará o eléo

Page 94: 59637034 Lendas e Cacteristicas Dos Orixas

RESPONDER: Ae ae olebará

Bará Exu berim

RESPONDER: Exu berim Exu berim ianã

Lanã Exu berim

RESPONDER: Exu berim Exu berim ianã

Ae ae olebaráo ae ae olebará amacelo ogum o amacelo ogum já ae ae olebarao

RESPONDER: Ae ae olebaráo ae ae olebará amacelo ogum o amacelo ogum já

ae ae olebarao

Oiá oiá

RESPONDER: oiá eléfa

Exu Demi modibará com seu ajo modipaim

RESPONDER: Exu Demi modibará com seu ajo modipaim

Baráramo Jecum Ioda baráramo jecum lodá eco barárundeo barárundeo

baráramo jecum reum

RESPONDER: Chegou Ioda

Barámo reum

RESPONDER: Chegou Ioda

Papainhale

RESPONDER: Papainhale

Exulana fomiô barálana fumaléo

RESPONDER: Exulana fomiô exulana fumaléo

JEJE

Olebará iaboduma sanabore oeléba

RESPONDER: Olebará iaboduma sanabore oeléba

Olebará iaboduma oaçaquere equeoue

RESPONDER: Olebará iaboduma oaçaquere equeoue

Page 95: 59637034 Lendas e Cacteristicas Dos Orixas

Ocoro ocoro ocoro quere quere o eléfa iaboduma

RESPONDER: Ocoro ocoro ocoro quere quere ocoro ocoro ocoro e eléfa

iaboduma

Ogum léba Ogum farerê

RESPONDER: Ogum

Ogum dae ae ae

RESPONDER: Ogum dae anaisô

Ogum anira alasebó

RESPONDER: Ogum anira alasebó

Ogum abéo Ogum anicéo Ogum anicéo Ogum

RESPONDER: Ogum abéo Ogum anicéo Ogum anicéo Ogum

AXE DO ECÓ

Exú olodê

RESPONDER: Exú Ecuô Bará lanã

Lanã Exu

RESPONDER: Bará

Lodê Exu

RESPONDER: Bará

Equebau Exú

RESPONDER: Bará

Lodê Exú

RESPONDER: Bará

Amachere oniba Exú abanadá ioamachere onibá Exú abanada

RESPONDER: Amachere oniba Exú abanadá ioamachere onibá Exú abanada

Ademi chechemirê

RESPONDER: Ademi chechemirê

Page 96: 59637034 Lendas e Cacteristicas Dos Orixas

Ademi chechemibará

RESPONDER: Ademi chechemirê

Exu jalana fuá

RESPONDER: Exu jalana fumalé

Exu jalana didê

RESPONDER: Exu jalana fumalé

Lanã Exú berim

RESPONDER: Exu berim Exu berim lanã

Bará Exu berim

RESPONDER: Exu berim Exu berim lanã

Equebau Exu berim

RESPONDER: Exu berim Exu berim lanã

Alalupagema

RESPONDER: Alalupagema

Alalupao

RESPONDER: Alalupagema

Choni choni chonipadô

RESPONDER: gam gam chonipadô

Megê megê

RESPONDER: Ara Ogum megê mireo

Acará medieo

RESPONDER: Ara Ogum megê mireo

Ogum beo aimpara Ogum adio Ogum beo aimpara Ogum adio Ogum vagam

RESPONDER: Ageóra oraóra ageóra

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EWÁ

Energia mágica, universal sagrada do orixá. Energia muito forte, mas que por si só é neutra. Manipulada e dirigida pelo homem através dos orixás e seus elementos símbolos.

Energia mágica, universal sagrada do orixá. Energia muito forte, mas que por si só é neutra. Manipulada e dirigida pelo homem através dos orixás e seus elementos símbolos.

Energia mágica, universal sagrada do orixá. Energia muito forte, mas que por si só é neutra. Manipulada e dirigida pelo homem através dos orixás e seus elementos símbolos. Energia mágica, universal sagrada do orixá. Energia muito forte, mas que por si só é neutra.

Manipulada e dirigida pelo homem através dos orixás e seus elementos símbolos. Energia mágica, universal sagrada do orixá. Energia muito forte, mas que por si só é neutra. Manipulada e dirigida pelo homem através dos orixás e seus elementos símbolos.

Energia mágica, universal sagrada do orixá. Energia muito forte, mas que por si só é neutra. Manipulada e dirigida pelo homem através dos orixás e seus elementos símbolos.

IFÁ

O IFÁ, não tendo de início culto organizado na Umbanda, se identificou com o instrumento de que se serviam os babalaôs e se servem os eluôs para as suas consultas ao Orixá - o Opelê-ifá, o rosário-de-Ifá, feito de búzios da Costa, de forma especial, uns diferentes dos outros, que agora se chama simplesmente Ifá.

Atirado ao acaso sobre o chão, depois de uma série de rezas mágicas, o ledor do futuro decifrava, pela posição em que porventura caíssem os búzios do rosário, o destino que esperava o consulente.

O Rosário pode ser substituído, sem desvantagem, pelos búzios que o compõem - e esta é a regra atualmente.

O Sacerdote do Ifá se valia e se vale hoje em dia de outros materiais, como o obi, o orobós, a pimenta-da-costa (atarê).

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Além deste processo, o mais comum, o sacerdote pode servir-se de uma peneira trançada de palha de bambu (+ / - 50cm), chamada peneira do Ifá que colocada no chão, responde, sem qualquer auxílio exterior, às suas perguntas.

Movendo-se para um lado, diz que sim; movendo-se para o outro, diz que não... O Sacerdote se chama, em alguns cultos, olhador, por olhar o futuro, e daí vem a expressão Olhar com o Ifá.

A existência desse sacerdócio está em sério perigo, ameaçada pela concorrência cada vez maior dos Pais e Mães-de-santo, que entretanto não possuem o treino especial requerido para o trato com o Ifá.

Os chefes de terreiro, conhecidos como Mão-de-Ifá, acendem uma vela sobre a mesa (taramesso), ao lado de um copo com água, e atiram os seus búzios para determinar o Orixá que comanda os neófitos, para prevenir doenças, para resolver disputas conjugais, etc.

Há muitos Pais e Mães-de-santo enriquecidos com essas consultas (que deveriam ser graciosas). É do taramesso, manejado por mãos desonestas, que sai o feitiço, a coisa feita, o bozó; boatos jogados à esmo aos consulentes; que surgem casos de surras, de mortificações, de crimes contra a natureza. Antigamente, porém , o pagamento recebido por esses serviços não ultrapassava de 3, 5 ou 7 vezes a moeda corrente no local (a Lei de Salva), o que não daria para enriquecer ninguém..

Hoje, seria comum a cobrança de R$ 5 ou no máximo R$ 7, para a Lei de Salva, porém com os materiais necessários aos trabalhos de desmanche, preconizam, os ditos leitores de búzios, elevam o custo, até a milhares de reais.

Desta sorte o Culto da Umbanda honesta e sincera se restringe ainda mais, dentro de suas próprias fronteiras, pela supressão deste serviço, prestado em troca de pagamento recebido pelas consultas ao IFÁ, que no entender dos que levam a Umbanda a sério, deverá ser gratuito, pois trata-se em síntese da primeira e primordial caridade à ser prestada.