6. afecções do sistema digestivo i

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CLÍNICA DE RUMINANTES AFECÇÕES DO SISTEMA DIGESTIVO I

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Page 1: 6. afecções do sistema digestivo i

CLÍNICA DE

RUMINANTES

AFECÇÕES DO SISTEMA DIGESTIVO I

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ESTOMATITE

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Estomatite

É uma inflamação da mucosa bucal que consiste em glossite, palatite e gengivite. Clinicamente é caracterizada por perda de apetite parcial ou

total, ulcerações dos lábios e salivação profunda. Normalmente ocorre como um

acompanhante de doença sistêmica.

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ETIOLOGIA

Agentes físicos

Traumatismos decorrentes de uso de sonda oral

Laceração da língua

Lesão por corpo estranho

Má oclusão dos dentes

Talos ou espinhos pontiagudos de plantas

As lesões mais comuns são nos incisivos, onde as gramíneas duras são puxadas ao redor do canto da arcada incisiva

Ingestão de alimentos gelados ou de água quente, apesar de pouco provável, é relatada com causa.

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Etiologia

Agentes químicos

Medicamentos irritantes em altas concentrações

Contra-irritantes aplicados sobre a pele sem proteção e lambidos pelo animal

Substâncias irritantes administradas por engano

Manifestação de infecções sistêmicas

Intoxicação por mercúrio

Intoxicação por samambaia (Heraclum mantegazzianum), furazolidina e alguns fungos (Fusarium sp. e cogumelos) causam uma combinação de hemorragias focais e úlceras necróticas ou erosões.

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Etiologia

Agentes infecciosos Bovinos

Necrobacilose oral (Fusobacterium necrophorus) Actinobacilose (não é uma estomatite, mas pode causar úlceras

no dorso e nos lados da língua) Actinomicose (podem ocorrer lesões ulcerativas e

granulomatosas nas gengivas) Febre Aftosa e Estomatite Vesicular Diarréia Viral dos Bovinos, Febre Catarral Maligna,

Rinotraqueíte Infecciosa (terneiros novos) e Língua Azul (raramente);

Lesões proliferativas ocorrem em casos de estomatite papular, estomatite proliferativa e rinosporidiose e papilomatose

Necrose da mucosa bucal associada com a doença da “sudorese bovina”

Lesões que variam de erosões a úlceras ocorrem nos estágios finais de quase todas as doenças anteriormente citadas, quando bactérias secundárias invadem a boca do animal.

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Etiologia

Agentes infecciosos

Ovinos

Lesões erosivas em casos de Língua azul, Peste Bovina e Peste dos Pequenos Ruminantes

Lesões vesiculares podem ocorrer de forma bem rara no curso da Febre Aftosa

Lesões granulomatosas causadas pelo Ectima, são bastante observadas, principalmente em cordeiros.

Lesões bucais podem aparecer em casos de Varíola Ovina, Dermatose Ulcerativa, Exantema do Coito e Dermatite Micótica

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PATOGÊNESE

Estomatite Primária

Originam-se por meio de ação direta dos agentes etiológicos na mucosa;

Escoriações diretas na mucosa;

Estomatite Secundária

Ocorre em casos de viremia, onde existe ocorrência comum de lesões semelhantes em outros órgãos ou em outras partes do corpo, bem como de doença sistêmica.

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SINAIS CLÍNICOS

Primária Anorexia

Apatia

Mastigação lenta e dolorida

Dificuldade de deglutição

Salivação

Hálito de odor fétido

Linfoadenopatia regional

Incômodo à manipulação

Secundária Necrose tecidual

Toxemia

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Características das Lesões

Erosões São áreas de necrose superficiais, onde o tecido pode desprender-se,

deixando uma descontinuidade superficial na mucosa com uma base vermelho-escura.

Vesículas São dilatações de 1 -2 cm de diâmetro, com parede fina, preenchidas

com líquido seroso claro. São muito sensíveis e sua ruptura causa formação de úlceras superficiais de borda aguda.

Lesões ulcerativas São erosões que penetram mais profundamente na lâmina própria

Estomatite necrótica de bezerros causada por Fusobacterium necrophorus

Em cordeiros, a língua pode apresentar-se edemaciada e conter vários microabscessos infectados por Corynebacterium pyogenes, com abscedação de linfonodos faríngeos.

Lesões proliferativas Aumento de volume anormal acima da superfície mucosa, como na

papilomatose oral. Lesões traumáticas

São descontinuidades da superfície (normalmente de ocorrência solitária)

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Características das Lesões

Estomatite catarral Inflamação difusa da mucosa bucal

Normalmente causada por agressão direta de agentes químicos ou físicos

Estomatite micótica Intensa deposição de material branco e aveludado

Pequenas inflamações ou lesões da mucosa Perda da extremidade da língua

Ocorre em cordeiros recém-nascidos devido a ataque de predadores

Síndrome crônica da mastigação e da deglutição do alimento, de modo que este está sempre saindo por entre os lábios.

Lacerações da língua Ruptura parcial ou total, com projeção da porção lacerada para

fora da boca

Em bovinos, interfere diretamente na preensão do alimento e ocorre excessiva perda de saliva devido à interferência na deglutição

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PATOLOGIA CLÍNICA E ACHADOS DE NECRÓPSIA

Bactérias e fungos

Exame e cultura do material da lesão

Vírus

Colheita de material através de swab ou raspado das lesões

Transmissão experimental

Determinação das lesões necroscópicas

Primárias – apenas na cavidade bucal

Secundárias – em outros órgãos ou sistemas

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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Como a estomatite ocorre em diversas doenças virais altamente infecciosas, exames clínicos e necroscópicos cuidadosos devem ser realizados para definir o tipo e extensão das lesões

Em bovinos, o linfoma do ramo da mandíbula pode espalhar-se extensamente através dos tecidos da porção submucosa da boca, causando inflamação marcante das gengivas, queda dos dentes, incapacidade de fechar a boca e salivação abundante, com aumento acentuado dos linfonodos craniais

Para diferenciação das causas de salivação excessiva é obrigatório um exame cuidadoso da boca do animal, além do conhecimento sobre o volume excessivo de saliva em certas intoxicações, doenças víricas (raiva) e hipertermia.

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TRATAMENTO

Isolamento dos animais doentes e utilização de utensílios separados, bem como procura imediata dos serviços de vigilância (inspetoria veterinária) em casos de suspeita de agentes infecciosos

Tratamento tópico Colutório anti-séptico suave, com solução de

sulfato de cobre a 2%, suspensão de boro a 2% ou sulfonamida glicerinada a 1%.

As úlceras indolentes requerem tratamento mais rigoroso e respondem bem à curetagem ou cauterização com nitrato de prata ou tintura de iodo

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OBSTRUÇÕES

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OBSTRUÇÃO DA FARINGE

As causas mais comuns são corpos estranhos ou edema tecidual

São sempre acompanhadas por estertores respiratórios, tosse e dificuldade de deglutição

Os corpos estranhos são os mais variados, desde osso a sabugos de milho e pedaços de plástico duro e metal

Edemas teciduais em bovinos Linfoadenopatia retrofaríngea ou abscessos por

tuberculose, actinobacilose e leucose

Pólipos fibrosos ou mucóides, geralmente pediculares.

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Patogenia Redução do calibre do lúmen interfere diretamente na

respiração e deglutição

Sinais clínicos Dificuldade de deglutição de sólidos

Consegue ingerir líquidos

Animal faminto, tenta alimentar-se e, à deglutição expele o alimento

Sem aumento de volume do esôfago

Pouca ou nenhuma regurgitação pelas narinas

Respiração ressonante, alta. Inspiração prolongada e acompanhada por esforço abdominal

Emaciação (quando o curso da doença é longo)

Diagnóstico Manual

Endoscópico

Raios X

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Patologia clínica Teste de tuberculina em bovinos

Diagnóstico diferencial

Tuberculose e actinobacilose

Faringite é acompanhada por dor intensa e outros sinais sistêmicos

Diferenciação de paralisia da faringe (raiva)

Na obstrução do esôfago, também ocorre regurgitação alimentar, porém, sem dificuldade respiratória

Na estenose da laringe a deglutição pode não estar prejudicada

Na obstrução nasal também ocorre respiração ruidosa, porém, o volume respiratório de uma ou ambas as narinas fica reduzido e o ruído respiratório mostra-se mais sibiloso que ressonante

Tratamento

Remoção através da boca

Remoção cirúrgica no caso de abscesso retrofaríngeo

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OBSTRUÇÃO DO ESÔFAGO

Pode ser aguda ou crônica, sendo caracterizada clinicamente por incapacidade de deglutição, regurgitação de alimentos e água, sialorréia contínua e timpanismo.

Os casos agudos são sempre acompanhados de angústia.

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Obstruções Intraluminais Ingestão de alimentos de tamanho impróprio que se alojam no esôfago

Obstruções sólidas por batatas, pêssegos, laranjas, maçãs, etc.

Corpos estranhos como plásticos ou metais

Obstruções Extraluminais

Linfonodos tuberculosos ou neoplásicos localizados no mediastino ou na base do pulmão

Abscessos cervicais ou mediastinais

Timoma

Persistência do arco aórtico

Paralisia de esôfago

Anomalias congênitas ou adquiridas Hipertrofia congênita da musculatura

Fístula esofagotraqueal

Encefalite

Megaesôfago

Dilatação e atonia do corpo do esôfago, sendo associada à assincronia funcional do órgão e do esfíncter.

Comumente é de ocorrência congênita e causa regurgitação e pneumonia por aspiração.

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Estrangulamentos esofágicos

Resultado da deposição de tecido cicatricial ou de granulação, decorrente de laceração anterior do órgão

Outras causas de obstrução

Carcinoma de estômago (obstrução do cárdia)

Hérnia de hiato esofágico

Ruptura traumática

Sondagem

Acidentes

Intoxicação por Samambaia (Pteridium aquilinum) pode causar neoplasias no trato alimentar superior, gerando obstrução de esôfago

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Patogenia

A obstrução caracteriza-se por incapacidade física da deglutição, o que em bovinos, impede a eructação, resultando diretamente em timpanismo.

Em casos de obstrução aguda, ocorrem espasmos do local obstruído, movimentos peristálticos e de deglutição forçados e dolorosos.

As complicações decorrentes da obstrução esofágica são lacerações e ruptura, esofagite, estrangulamento, estenose e divertículos.

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Obstrução aguda ou esgasgamento Geralmente a obstrução ocorre na região esofágica cervical,

logo acima da laringe ou na entrada torácica, podendo ocorrer também na base do coração ou no cárdia.

Parada na alimentação repentina, com ansiedade e inquietação.

Tentativas vigorosas de deglutição, regurgitação, sialorréia, tosse, movimentos mastigatórios contínuos.

Caso ocorra obstrução total, ocorre imediatamente timpanismo, aumentando o desconforto

Com o passar de poucas horas, os sinais agudos costumam desaparecer, devido ao relaxamento do espasmo esofágico inicial, podendo ou não ser acompanhados pelo movimento progressivo à frente da obstrução.

Muitas obstruções passam espontaneamente e outras podem persistir por vários dias ou semanas Incapacidade de deglutição Sialorréia Timpanismo contínuo Necrose compressiva da mucosa seguida ou não de perfuração e

estenose por deposição de tecido fibroso

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Obstrução crônica Não há sinais evidentes de obstrução

Timpanismo crônico, de gravidade moderada e que pode persistir por vários dias

Contrações ruminais dentro do limite normal

Síndrome da deficiência da deglutição Movimentos de deglutição normais

Quando o bolo alimentar alcança o local da obstrução, os movimentos ficam mais vigorosos

O material deglutido passa vagarosamente através da área estenosada ou é regurgitado

A dilatação do esôfago pode causar aumento acentuado de volume da base do pescoço

Nos casos de paralisia do esôfago, não ocorre regurgitação, porém o esôfago é preenchido completamente e a saliva eliminada através da boca e narinas, podendo ocorrer pneumonia por aspiração

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Patologia Clínica

Testes laboratoriais não são utilizados

Raios x são úteis para delimitar o local da estenose, do divertículo ou da dilatação

Pode ser utilizado o Raio x contrastado com bário, principalmente na região do esôfago cervical

O exame de eleição é a endoscopia, visualizando diretamente o local comprometido e coletando amostras de tecido para patologia

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Diagnóstico Diferencial

Obstrução aguda Os sinais dessa afecção são característicos, podendo ser

confundidos com os de esofagite, onde a dor local é mais evidente e, normalmente, acompanhada também por faringite

Obstrução crônica

Histórico de obstrução aguda anterior ou esofagite sugere estenose cicatricial

O aumento do linfonodo mediastínico, em geral, é acompanhado de outros sinais, na tuberculose e linfomatose

O timpanismo ruminal crônico em bovinos pode ser causado por atonia ruminal (ausência ou diminuição dos movimentos ruminais normais)

A hérnia diafragmática também pode conduzir ao timpanismo ruminal crônico, podendo estar acompanhada de obstrução do esôfago pelo bolo alimentar regurgitado parcialmente

Sinais de engasgamento paralítico por raiva (neurogênico) ou por botulismo

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Tratamento

Recomenda-se o monitoramento cuidadoso, exames clínicos periódicos e sedação repetida, retirando por completo o acesso a alimento e água. A importância na tomada de decisões é optar por manobras com risco de lesão à mucosa ou esperar e permitir que o espasmo esofágico relaxe e a obstrução se resolva espontaneamente.

Sedação Na obstrução aguda, havendo evidência de inquietude e dor, o

animal deve ser sedado, antes que se inicie o tratamento específico Xilazina – 0,05-0,30 mg/kg IM

Sondagem

A introdução de sonda nasogástrica é necessária para localizar a obstrução.

Tentativas cuidadosas para empurrar o agente obstrutivo em direção ao estômago, podem ser tentadas, porém, essa prática pode levar a lesões na mucosa

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Remoção por endoscópio Remoção de corpos estranhos específicos (lascas de

madeira)

Remoção manual através da cavidade bucal Obstruções sólidas do esôfago superior Utilização de um espéculo na faringe Um auxiliar pressiona o corpo estranho em direção à

boca Retirada do objeto pela boca, introduzindo a mão

através do espéculo ou utilizando um arame duro encurvado na ponta

Utilização de sonda esofágica de Thygesen com alça cortante para frutas

Trocaterização do rúmen Para alívio do timpanismo (enquanto durar a obstrução)

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Remoção cirúrgica

Esofagostomia

Gastrotomia – para alívio da obstrução da porção caudal do esôfago, próxima ao orifício do cárdia

Sifonagem

Utilizada em casos crônicos para remover acúmulo de líquidos