7. afecções do sistema digestivo ii
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CLÍNICA DE
RUMINANTES
AFECÇÕES DO SISTEMA DIGESTIVO II

FARINGITE

Faringite
É uma inflamação da faringe que se caracteriza clinicamente por tosse, deglutição dolorosa e
apetite variável.
Em casos graves, pode ocorrer regurgitação através das narinas e sialorréia.
Normalmente ocorre devido a causas traumáticas. A forma infecciosa,
freqüentemente, é parte de uma síndrome com outros sinais evidentes.

ETIOLOGIA
Agentes físicos
Lesões durante aplicação oral de comprimidos ou por pistola injetora de líquidos, ou entubação endotraqueal;
Administração ou ingestão acidental de substâncias irritantes, quentes ou frias;
Corpos estranhos (talos de plantas, arames, ossos)

Agentes infecciosos
Necrobacilose oral e Actinobacilose;
Rinotraqueíte bovina infecciosa (IBR);
Celulite intermandibular por Fusobacterium necrophorum, atingindo os tecidos perifaríngeos sem causar faringite propriamente dita.

PATOGÊNESE
A inflamação da faringe é acompanhada por deglutição dolorosa e relutância em se alimentar;
Se ocorrer edema intenso, pode haver oclusão total ou parcial do órgão;
No caso de traumatismo à mucosa, pode ocorrer perfuração da faringe e do esôfago.

SINAIS CLÍNICOS
Gerais Recusa na alimentação ou água Dor evidente à abertura da boca e palpação local Palpação externa e compressão manual da porção
externa da garganta causa tosse paroxística Pode haver corrimento nasal mucopurulento ou
mesmo sanguinolenta Tosse espontânea Em casos graves, regurgitação de líquidos e comida
pelas narinas Os animais permanecem freqüentemente parados,
com a cabeça estendida Sialorréia evidente Caso ocorra edema local intenso, pode ocorrer
obstrução e edema externo visível da região da garganta

Faringite Traumática dos Bovinos
Hiperemia da faringe
Hiperplasia linfóide
Erosões diftéricas
As lacerações da faringe são visíveis e sua palpação indica presença de restos de alimento ou de ingesta ruminal acumulada em divertículos dos lados da glote
A palpação externa da região superior do pescoço revela tumefações firmes correspondentes aos divertículos contendo restos alimentares

PATOLOGIA CLÍNICA E ACHADOS DE NECRÓPSIA
Agentes biológicos
Coleta de secreção nasal e swabs das lesões faríngeas para identificação laboratorial dos agentes
Determinação das lesões necroscópicas
Flegmão ou celulite de faringe
Edema
Hemorragia
Abscessos
Líquidos fétidos e gás

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
A faringite tem início agudo e dor local;
Na paralisia da faringe, o início é geralmente lento;
A obstrução por corpos estranhos pode instalar-se rapidamente e provoca muito sofrimento e tosse contínua expulsiva, porém, não há sinais sistêmicos;
O exame endoscópico das mucosas da faringe é freqüentemente de grande valia para o diagnóstico.

TRATAMENTO
A doença primária deve ser tratada utilizando-se antimicrobianos por via parenteral
Flegmão
É freqüentemente fatal e requer tratamento precoce com antimicrobianos de amplo espectro, repetido a curtos intervalos

ESOFAGITE

Esofagite
A inflamação do esôfago é acompanhada, inicialmente, por sinais clínicos de espasmos e obstrução, dor à deglutição e à palpação, bem
como de regurgitação de material viscoso sanguinolento.

ETIOLOGIA
Ingestão de irritantes físicos ou químicos e costuma ser acompanhada de estomatite ou faringite
Pode ocorrer laceração da mucosa por corpo estranho ou por procedimento mal-sucedido
Pode ocorrer em muitas doenças específicas, particularmente as que cursam com estomatite, porém, outros sinais clínicos predominam sobre a esofagite
Intoxicação por cogumelo do eucalipto Ramaria flavo-brunnescen


PATOGENIA
A inflamação do esôfago combinada com o edema local, resulta em obstrução funcional e dificuldade de deglutição
A lesão traumática do esôfago provoca edema, hemorragia, laceração da mucosa e possível perfuração do órgão, resultando em celulite periesofágica que se dissemina pela mucosa
A perfuração do esôfago torácico pode provocar pleurite grave e fatal
Ocorre edema intenso e acúmulo de ingesta regurgitada juntamente com gás, que, juntamente à extensa celulite, pode provocar toxemia grave
A disfagia pode provocar pneumonia por aspiração

ACHADOS CLÍNICOS
Na lesão aguda do órgão, há salivação e tentativas de deglutição dolorosas que podem ser seguidas por tosse, regurgitação, dor, ânsia de vômito e contrações vigorosas dos músculos cervicais e abdominais
Sialorréia e ranger de dentes
Sangue no material regurgitado
Se a esofagite for no esôfago cervical, pode ocorrer dor à palpação e sentir-se o edema
Em casos de perfuração, há dor evidente e edema local, bem como crepitação
Podem ocorrer fístulas para o exterior, causando obstrução, pleurite e toxemia graves
Os animais que se recuperam de esofagite traumática, normalmente apresentam estenose acompanhada de dilatação acima do local estenosado
Em doenças específicas, não há sinais evidentes da esofagite e as lesões são essencialmente erosivas


Exames Complementares
Raios X
Podem revelar a presença de corpos estranhos e extensa edemaciação de tecidos moles, normalmente com bolsas de gás
Endoscopia
Revela a localização, extensão e gravidade das lesões.

Patologia Clínica
Esofagite Traumática (grave)
Neutrofilia acentuada (inflamação ativa)
Achados de Necrópsia
Achados das doenças específicas que cursam com esofagite
Nas lesões traumáticas ou causadas por substâncias irritantes, pode ser visto o edema, a inflamação e, quando ocorrer, a perfuração

Diagnóstico Diferencial
Deve ser diferenciada da faringite, onde a tentativa de deglutição não é tão evidente, sendo mais provável que ocorra tosse. A palpação pode auxiliar na localização, embora esofagite e faringite costumem ocorrer de forma simultânea;
Em lesão por corpo estranho, este ainda pode estar localizado no esôfago e deve ser identificado e localizado utilizando sonda nasogástrica ou endoscópio;
A obstrução esofágica completa é sempre acompanhada de timpanismo, aumento palpável do esôfago e por dor menos intensa da região com edema do que ocorre na esofagite;
Não é rara a perfuração do esôfago em bovinos. Ocorre toxemia persistente, febre moderada e leucocitose, edema e tumefação evidentes.

Tratamento
Inicialmente deve-se estabelecer jejum de 2-3 dias;
Terapia hidroeletrolítica pode ser necessária por vários dias
Drogas antimicrobianas parenterais Especialmente em casos de laceração ou perfuração
A reintrodução à alimentação deve ser cuidadosamente monitorada, umidificando todos os constituintes da dieta, evitando ingestão de alimentos secos