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CONCURSO PAPIES 2015 FALECEU FUNDADOR DA REVISTA «VISÃO» O jornalista fundador da revista «Visão», Daniel Ri- cardo, morreu na manhã do dia 13 de Fevereiro. // P. 15 Março 2015 Director: Hernâni Almeida • “Nocias que marcam” é uma publicação da Funchalense, Empresa Gráfica, S. A. UM PERCURSO HISTÓRICO DA COMUNICAÇÃO IMPRESSA Dossier História da Imprensa // P. 7 HERNÂNI ALMEIDA Concorrências leais e desleais // P. 2 Estão abertas as inscrições para o concurso Papies 2015, que em 2015 se organiza sob o mote «Liberdade de Criar». // P. 4 N.º 7

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CONCURSO PAPIES 2015

FALECEU FUNDADOR DA REVISTA «VISÃO»

O jornalista fundador da revista «Visão», Daniel Ri-cardo, morreu na manhã do dia 13 de Fevereiro.

// P. 15

Março 2015 • Director: Hernâni Almeida • “Notícias que marcam” é uma publicação da Funchalense, Empresa Gráfica, S. A.

UM PERCURSO HISTÓRICODA COMUNICAÇÃO IMPRESSA

Dossier História da Imprensa // P. 7

HERNÂNIALMEIDA

Concorrênciasleais e desleais

// P. 2

Estão abertas as inscrições para o concurso Papies 2015, que em 2015 se organiza sob o mote «Liberdade de Criar».

// P. 4

N.º 7

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NOTÍCIAS QUE MARCAM2 | Março 2015

A FUNCHALENSEEDITORIAL

No meu último editorial no «Notícias que Marcam», referi a necessidade de nos deixarmos de lamechices e trabalhar, no sentido de enfrentar as dificuldades que são colocadas a nível económico nacional e ao nível do sector editorial.

Num país onde os jornais se vêm confrontados com todo o tipo de obstáculos, a quem são sucessivamente retirados apoios, a luta é quase desigual, sobretudo no que respeita aos jornais regionais.

Não bastaria já a «guerra» que por vezes estes têm necessidade de travar entre si, quando se implementam numa mesma área geográfica, no que à conquista de publicidade diz respeito, na maior parte das vezes o seu único sustentáculo, como se veêm ainda na eminência de lutar contra “jornais” (que o não são), suportados por interesses que nada têm a ver com comunicação social.

Vem isto a propósito de uma publicação editada por uma cadeia de supermercados, que se iniciou como um meio de divulgar as promoções nas respectivas lojas e agora se apresenta praticamente como um “jornal” regional de distribuição gratuita em vários distritos, e que inclusive se compara, pasme-se, com os jornais generalistas de distribuição nacional.

Não haveria problema se o mesmíssimo “jornal”, se limitasse a publicitar os seus produtos, e lhe juntasse além de meia dúzia de notícias “requentadas”, uma ou outra receita culinária (onde os produtos que comercializam são utilizados, claro está), e alguns “conselhos para o lar”. Só que está também, literalmente, a sugar mercado publicitário aos jornais já ali implementados.

Perante um grande grupo económico, com fundos estrangeiros, que vende espaço publicitário ao «preço da chuva», que hipóteses podem ter os restantes jornais?

Mas a culpa é também dos investidores, que na sua maior parte procuram os jornais regionais para divulgarem as suas iniciativas, mas depois adjudicam a sua publicidade a este tipo de “jornais”, que lhes oferecem um preço baixo e têm meios para realizarem uma tiragem mais elevada e uma distribuição mais alargada.

Sabemos que várias queixas foram apresentadas à Entidade Reguladora da Comunicação Social sobre este tipo de «tubarões» que desta forma parecem pretender acabar com a imprensa local e regional.

Esperamos que quando esta entidade finalmente actue, não seja já tarde demais para salvar ou proteger os órgãos de comunicação social locais e regionais.

Hernâni AlmeidaEmpresa Gráfica Funchalense

FICHA TÉCNICADIRECTOR: Hernâni Almeida • e-mail: [email protected]: Empresa Gráfica Funchalense, S.A. | TLF. 219 677 450 • FAX 219 677 459 | Morada: Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, n.º 50 - Morelena 2715-028 Pêro Pinheiro - PortugalCONCEPÇÃO: Paginação - Sofia Rosa • Jornalista - Carmo TorresDEPÓSITO LEGAL n.º 270578/08 | Isento de registo no ICS ao abrigo do artigo 9º da Lei de Imprensa n.º 2/99 de 13 de Janeiro

CONCORRÊNCIAS LEAISE DESLEAIS

PERGUNTA & RESPOSTAP: Que papel desempenha este

sector na empresa?R: O sector da Logística, revela-

-se muito importante no contri-buto diário que dá para o suces-so da nossa empresa. É aqui que se faz a gestão operacional (pla-no de aquisição, recepção, arma-zenagem e distribuição) de todos os materiais e matérias-primas e que vão desde as várias quali-dades, larguras e gramagens de papel para a impressão dos jor-nais, às tintas, chapas, cautchus, materiais de embalamento, eti-quetas e fitas para a colagem das bobinas de papel, aos mais varia-dos químicos, etc… Tratamos de todo o desperdício de papel que vai para a reciclagem e fazemos também a entrega dos jornais lo-cais e regionais aos nossos clien-tes, resumidamente são estas as funções da Logística.

P: Em relação aos clientes, nota alguma alteração de pe-didos em termos de qualidade, face à crise?

R: Há 5 anos atrás imprimía-mos cerca de 30 jornais locais / regionais e apenas 5 deles é que estavam a imprimir com papel de elevada qualidade. Estamos a falar de um produto de nome GraphoBright de 52 gramas que tem uma brancura de 72 % com resultados de impressão exce-lentes.

Actualmente estamos a impri-mir cerca de 50 jornais locais / regionais, sendo que 10 desses jornais estão a imprimir com papel GraphoBright de 52 gra-mas e temos ainda 2 clientes que imprimem com um papel GraphoCrystal de 60 gramas que tem uma brancura de 75 %, mas a grande maioria dos nos-sos clientes imprime com papel de 45 gramas em que o papel é mais fino e a brancura é de ape-nas 60 %.

Face à conjuntura actual, não

• MÁRIO PEREIRA• RESPONSÁVEL DO SECTOR

DE LOGISTICA

seria de estranhar que grande parte dos nossos clientes que estavam a imprimir com papel de qualidade superior, envere-dassem pela redução de custos, optando por imprimir com pa-pel de qualidade inferior, mas o que se tem vindo a assistir nos últimos anos é que o número de clientes a optar por papel de qualidade superior, subiu.

P: Na sua opinião, o jornal em suporte de papel tem tendência para acabar?

R: Com o surgimento da inter-net e o acesso fácil à informação disponibilizada por esta, temos vindo a presenciar uma dimi-nuição nas tiragens e também na paginação dos jornais a cada ano que passa. Há 15 anos atrás as tiragens dos jornais nacionais eram o triplo do que temos ac-tualmente e o jornal em suporte digital tem vindo a ganhar cada vez mais terreno, ao contrário do jornal em suporte de papel, mas acredito que este ultimo não irá acabar definitivamente, porque existem ainda muitos leitores (e vão continuar a existir) que não trocam o jornal em papel pelo jornal digital. Penso que num fu-turo próximo ficarão um reduzi-do número de jornais nacionais com suporte em papel, com tira-gens muito pequenas.

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Março 2015 | 3

7.ª EDIÇÃO DO PRÉMIO DIGNITAS DE JORNALISMO

Estão abertas até ao dia 31 de Março as candidatura à 7.ª edição do Prémio Dig-nitas de jornalismo, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Deficientes. Ao primeiro prémio é atribuído um valor de 4 mil euros.

O Prémio Dignitas, da Associação Por-tuguesa de Deficientes (APD), com o apoio da MSD e da Escola Superior de Comunicação Social, destina-se a pre-miar os melhores trabalhos, publicados ou difundidos nos órgãos de comunica-ção social portugueses, realizados por profissionais da comunicação social, su-bordinados ao tema da deficiência e que promovam a dignidade das pessoas com deficiência, os seus direitos humanos e a sua inclusão social.

As candidaturas deverão ser formaliza-das até ao dia 31 de Março de 2015, jun-to da sede da APD, pessoalmente ou por correio.

Podem concorrer profissionais da co-municação social portugueses ou resi-

dentes em Portugal e as candidaturas poderão ser individuais ou colectivas. Podem igualmente candidatar-se ao Pré-mio Dignitas estudantes de Comunica-

ção das Escolas Superiores e Faculdades de todo o País. Os trabalhos nas catego-rias de Jornalismo e de Estudante não são acumuláveis.

Criado em 2009, o Prémio Dignitas assinala este ano a sua sétima edição. As matérias a concurso, publicadas em 2014, terão necessariamente que ser edi-

NOTÍCIAS DE IMPRENSA

«AS NOVAS GERAÇÕES DE JORNALISTAS EM PORTUGAL»

O estudo «As Novas Gerações de Jornalistas em Portugal» foi lançado no dia 18 de Fevereiro, da autoria de uma equipa coor-denada por José Rebelo, do ISC-TE – Instituto Universitário de Lisboa, no Salão Ideal, em Lis-boa.

A presidente do Sindicato dos Jornalistas, Sofia Branco, apre-sentou o estudo, que revelou que 63 por cento dos jovens jorna-listas já admitiram abandonar a profissão.

O estudo é o resultado de uma investigação sobre os jornalistas que entraram na profissão depois do ano 2000, que revelou que 63 por cento dos jovens jornalis-tas já admitiram abandonar a profissão.

Após a apresentação do livro, foi apresentada a ante-estreia em Portugal do documentário «Os Cartoonistas – Soldados de Infantaria da Demo-cracia», filme de Stéphanie Valloatto que inte-grou a selecção oficial do Festival de Cannes e foi nomeado para o César de Melhor Documentário

de 2015.A sessão apresentação do livro e ante-estreia

do filme foi organizada pela Editora Mundos So-ciais, pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL) e pela Midas Filmes, com o apoio da Casa da Imprensa.

Fonte: Sindicato dos Jornalistas

O Clube de Jornalistas abriu as candidatu-ras aos Prémios Gazeta 2014.

Os trabalhos a concurso devem ter sido publicados durante o ano de 2014 e os seus autores devem possuir carteira profissional de jornalista.

Serão atribuídos oito Prémios Gazeta de Jornalismo: Mérito, Imprensa, Televisão, Rádio, Fotografia, Multimédia, Revelação e Imprensa Regional.

Todos os trabalhos concorrentes devem ser enviados por correio, ou entregues por mão própria, na sede do Clube de Jornalis-tas, até ao dia 30 de Abril de 2015.

Os Prémios Gazeta de Jornalismo, insti-tuídos pelo Clube de Jornalistas evocam, na sua designação, o primeiro jornal português, a «Gazeta», cuja publicação se iniciou em 1641.

Fonte: Clube dos Jornalistas

ABERTAS CANDIDATURAS AOS PRÉMIOS GAZETA

tadas em português. Ao 1º Prémio é atri-buído um valor pecuniário de 4.000,00 euros e às restantes categorias 2.000,00 euros a cada uma (Imprensa, Rádio, Te-levisão e Jornalismo Digital). No caso do Prémio Dignitas Jornalismo Universitá-rio, o prémio é de 1.500,00 euros. O Júri poderá ainda atribuir Menções Honrosas.

Fonte: Sindicato dos Jornalistas

NOTÍCIAS QUE MARCAM

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CONCURSO PAPIES 2015Estão abertas as inscrições para o con-

curso Papies 2015, que em 2015 se orga-niza sob o mote «Liberdade de Criar». O concurso dirige-se a profissionais ligados à indústria gráfica e tem inscrição gratuita. Os trabalhos podem ser submetidos à apre-ciação do júri até ao dia 3 de Abril de 2015.

Os Papies surgem para premiar a criativi-dade e execução dos melhores projetos grá-ficos, criados por profissionais e empresas portuguesas. São mais de 20 as categorias a concurso, onde se incluem os jornais, as revistas, as embalagens, os rótulos, os dis-plays ponto-de-venda e as brochuras. Cate-gorias que refletem objetos com que todos nos deparamos diariamente e que surgem da mestria de um profissional gráfico. Não faltam ainda as distinções para a inova-ção gráfica, para as medidas ambientais ou para as empresas e personalidades que mais de destacaram.

Os Papies são organizados anualmen-

te e funcio-nam como uma montra do me-lhor trabalho de designers, agências de co-m u n i c a ç ã o , publicidade e marketing, grá-ficas e empresas que se dedicam aos acabamen-tos. É o reconhe-cimento para uma indústria que trabalha nos bastidores para fazer brilhar as peças de comunicação de todas as outras. O concurso culmina com uma grande noite de gala, que este ano de-corre no Casino da Figueira da Foz, a 28 de Maio, onde se podem apreciar as obras a

NOTÍCIAS DE IMPRENSA

DOIS JORNALISTAS FRANCESES DETIDOS

E EXPULSOS DE MARROCOSDois jornalistas franceses foram detidos,

no mês de Fevereiro, em Rabat, nas insta-lações da Associação Marroquina dos Di-reitos Humanos (AMDH), onde estavam se encontravam a realizar uma entrevista. Os dois jornalistas foram depois deporta-dos para França, alegadamente por falta de autorização para filmarem em Marro-cos.

Jean-Louis Perez e Pierre Chautard, jor-nalista e repórter de imagem da agência Premières Lignes, estavam a fazer um do-cumentário para a France 3 sobre a econo-mia de Marrocos.

O equipamento foi também apreendido por parte dos agentes de polícia, incluindo os telemóveis, segundo referiu à agência de notícias francesa AFP um responsável da AMDH, Youssef Rissouni, que explicou terem sido contactados antes para que en-tregassem os dois jornalistas, o que se re-cusaram a fazer.

Os polícias «não mostraram qualquer identificação ou mandado de captura, mas disseram-nos que os jornalistas não

tinham autorização legal para filmar em Marrocos», precisou.

Os jornalistas tinham pedido há várias semanas uma autorização em Rabat, mas não obtiveram resposta, o que os levou a crer que podiam trabalhar de forma legal.

A detenção dos dois repórteres ocorreu no dia seguinte ao da visita a Marrocos do ministro francês do Interior, Bernard Ca-zeneuve, após um ano de conflitos diplo-máticos entre os dois países e a suspen-são da cooperação judiciária, que só foi restabelecida no final de Janeiro, após um acordo entre os dois Governos.

Fonte: TVI24

concurso e conhecer os responsáveis pela execução das mesmas.

Fonte: Do Papel

O Sindicato dos Jornalistas irá promo-ver um ciclo de debates sobre o estado do jornalismo em Portugal, para impulsionar a reflexão sobre o estado da profissão, que serão transmitidos pela TSF.

O primeiro «Conversas Sem Gravata» foi dedicado ao tema «Segredos» e contou com a participação de João Aibéo, procura-dor-geral-adjunto, São José Almeida, pre-sidente do conselho deontológico do Sin-dicato dos Jornalistas e Eduardo Dâmaso, director-adjunto do Correio da Manhã.

Sofia Branco, presidente da Direcção do SJ, foi a moderadora.

Os debates, de entrada livre, realizam-se na sede nacional do SJ (Rua dos Duques de Bragança, 7E, ao Chiado), cumprindo um dos compromissos da nova direcção: con-vocar os sócios à reflexão e abrir o sindicato a quem não é sócio e à sociedade em geral.

As «Conversas Sem Gravata» acontecem uma vez por mês, sempre às 21h00, na sede ou nas delegações do SJ.

O essencial dos debates será transmitido pela TSF no dia seguinte, quinta-feira, de-pois do noticiário das 21h00.

Fonte: Sindicato dos Jornalistas

«CONVERSAS SEM GRAVATA»

NOTÍCIAS QUE MARCAM4 | Março 2015

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Março 2015 | 7NOTÍCIAS QUE MARCAM

DOSSIER IMPRENSA

EÇA DE QUEIROZ

“A imprensa é composta de duas ordens de periódicos: os noticiosos e os políticos.”

Principal veículo para a difu-são das ideias durante os últimos quinhentos anos, a imprensa está ligada a todas as esferas da acti-vidade humana. Nenhum evento político, constitucional, eclesiásti-co e económico, nem movimentos sociais, filosóficos e literários po-dem ser compreendidos sem levar em conta a influência da imprensa sobre eles.

O conceito de jornalismo como

«quarto poder» surgiu no contex-to das revoluções liberais, da luta da burguesia contra o Absolutis-mo e o poder da nobreza, especifi-camente na Inglaterra do final do século 18.

O ideal liberal iluminista pressu-punha, além da liberdade de ex-pressão individual, uma imprensa independente, livre da censura do Estado, formadora da opinião pú-blica e exercendo o papel de «con-

trapoder» em relação aos três poderes concebidos por Montes-quieu: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.

A imprensa evoluiu também com a modernização dos processos tecnológicos, que melhoraram os processos de impressão por ra-zões comerciais dos impressores ou editores ou, devido a mudanças sociais, incluindo mudanças no gosto do público leitor e na moda.

DIHISTÓRIA DA

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NOTÍCIAS QUE MARCAM8 | Março 2015

As primeiras reproduções da escrita foram obtidas sob um suporte de cera ou de argila com os selos cilíndricos e cunhas, encontrados nas mais antigas cidades da Suméria e da Mesopotâmia do século XVII a. C.

A primeira publicação regular de que se tem notícia foi a Acta Diurna, que o imperador Augusto mandava colocar no Fórum Romano no século I d.C., grava-da em tábuas de pedra, que foi fundada em 59 a.C. por ordem de Júlio César, trazendo a listagem de eventos ordena-dos pelo Ditador (conceito romano do termo).

Na Roma Antiga e no Império Roma-no, a «Acta Diurna» era afixada nos es-paços públicos, e trazia factos diversos, notícias militares, obituários, crónicas desportivas, entre outros assuntos.

O primeiro jornal em papel, sob o tí-tulo «Notícias Diversas», foi publicado como um panfleto manuscrito a partir de 713 d.C., em Kaiyuan, Pequim.

Kaiyuan era o nome dado ao ano em que o jornal foi publicado. Em 1041, também na China, foi inventado o tipo móvel. O alfabeto chinês, entretanto, por ser ideográfico e não fonético, uti-liza um número de caracteres muito maior que o alfabeto latino europeu.

No ano de 1908, os chineses comemo-raram o milenário do jornal Ta King Pao (Gazeta de Pequim), apesar de a infor-mação não ter comprovação absoluta.

Em 1440, Johannes Guttenberg de-senvolve a tecnologia da prensa móvel, utilizando caracteres avulsos gravados em blocos de madeira ou chumbo, que eram rearrumados numa tábua para formar palavras e frases do texto.

Na Baixa Idade Média, as folhas es-critas com notícias comerciais e econó-micas eram muito comuns nas ruidosas ruas das cidades burguesas. Em Vene-za, as folhas eram vendidas pelo preço de uma «gazeta», moeda local, de onde surgiu o nome de muitos jornais pu-blicados na Idade Moderna e na Idade Contemporânea.

Esta arte propagou-se com uma ra-

pidez impressionante pelo vale do Rio Reno e por toda a Europa. Entre 1452 e 1470, a imprensa conquistou nove ci-dades germânicas e várias localidades italianas, bem como Paris e Sevilha.

Dez anos depois, registava-se a exis-tência de oficinas de impressão em 108 cidades; em 1500 o seu número era de 226.

Durante o século XVI os centros mais produtivos eram as cidades universi-

tárias e as cidades comerciais. Veneza continuou a ser a capital da imprensa, seguida de perto por Paris, Frankfurt e Antuérpia. A Europa tipográfica co-meçava a deslocar-se de Itália para os países do Norte da Europa, onde fun-cionava como elemento difusor do hu-manismo e da Reforma oriunda das ci-dades italianas.

A IMPRENSA

DOSSIER IMPRENSA

ATRAVÉS DOS TEMPOS

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Março 2015 | 9NOTÍCIAS QUE MARCAM

Há 565 anos, Johannes Gutenberg im-primiu o primeiro exemplar da Bíblia, em tipos móveis, o que viria a revolucio-nar a impressão em massa e abrir cami-nho para a imprensa.

No entanto, a técnica de imprimir com caracteres móveis é, na verdade, asiáti-ca, e muito mais antiga. Tudo começou com a criação do papel, obra de chi-neses no ano 105 da era cristã. O novo material abriu caminho para a produ-ção artesanal de um maior número de

livros, que se tornaram mais prácticos para manusear e muito mais baratos.

Desde tempos imemoriais que o Ho-mem tentou deixar a sua marca por es-crito. Das pinturas rupestres à gravação em pedra, tudo servia para transmitir as mensagens às futuras gerações.

No Oriente surgiu a xilografia, pratica-da principalmente na China e, depois, na Coreia e no Japão do século VII, usando uma placa de madeira para gravar ima-gens e textos, que podiam ser reproduzi-dos por estampagem.

A técnica foi aperfeiçoada no século XI, com ensaios de impressão por meio de caracteres móveis, só que de terracota, e que não podiam voltar a ser utilizados.

Entre 1041 e 1048, os caracteres fo-ram sendo aprimorados pelo chinês Bi Sheng, ferreiro e alquimista, mas o cus-to destes continuava a ser bastante ele-vado.

Quase 200 anos depois, a Coreia to-mou a dianteira no processo, já com in-centivo público. Os caracteres móveis metálicos disseminaram-se e, em 1377, foi publicado o primeiro livro impresso nesse padrão.

No século XV, o monarca coreano Htai-Tjong investiu na ideia e promul-gou um decreto cujo texto é uma home-nagem à informação: «Para governar, é preciso propagar o conhecimento das leis e dos livros de modo a satisfazer a razão e endireitar o coração dos ho-mens. Quero que se fabriquem caracte-res de cobre que sirvam para a impres-são, a fim de ampliar a difusão de livros: será uma vantagem sem limites».

A história da impressão por tipos mó-veis, da tipografia, pode ser dividida em três períodos:

1) 1450-1550, o século criativo, que testemunhou a invenção e o começo de tudo o que caracteriza as modernas pe-ças de impressão.

2) 1550-1800, a era da consolidação, que desenvolveu e refinou o acabamen-to do período precedente com espírito predominantemente conservador.

3) 1800 até nossos dias, período de tremendo avanço tecnológico, com mu-danças radicais nos métodos de produ-ção e distribuição, bem como nos hábi-tos dos produtores e leitores.

IMPRESSÃOPELO MUNDO

PAI DA TIPOGRAFIA PRENSA DE GUTENBERG

Johannes Gutenberg (1400-1468) ga-nhou o direito de ser intitulado como o pai da tipografia . O primeiro fruto do seu trabalho foi uma bíblia impressa em Mo-gúncia, entre 1425 e 1456, o primeiro li-vro produzido na Europa com a ajuda de caracteres móveis, com tiragem de 180 exemplares dos quais ainda existem 48 conservados em museus e bibliotecas.

Desde o primeiro livro impresso por esse processo, até o final do século XV, o in-vento espalhou-se pela Europa civilizada, multiplicando-se as edições, sobretudo de livros religiosos e autores clássicos. Só em Veneza havia mais de 200 tipografias, en-tre outras a famosa Aldina, cujas impres-sões de qualidade notável abrangeram em poucos anos quase todos os autores gre-

gos, além dos latinos e hebraicos.Johannes Gutenberg, filho de uma famí-

lia abastada alemã, teve inúmeras oportu-nidades de aprender o maior número de coisas que estavam ao seu alcance.

Desde jovem revelou ter uma forte incli-nação pela leitura, na altura livros escritos à mão, por monges, alunos e escribas, que demorava meses a ser preparado, sendo o seu preço elevadíssimo e impossível de su-portar para a maioria das pessoas.

Em 1428 Gutenberg começa a trabalhar no desenho e fabrico de jóias, o que lhe permitiu aprender a desenhar sobre me-tais e pedras, começando, assim, a ponde-rar a possibilidade de criar uma máquina que conseguisse imprimir palavras auto-maticamente e fazer cópias de livros em

série.De 1436 a 1460 Gutenberg dedicou-se

inteiramente à invenção da prensa, em-bora enfrentando muitos problemas, mas persistiu na ideia de adaptar técnicas do trabalho em metal, tais como moldagem, corte preciso e carimbagem para a produ-ção técnica de livros.

Embora não sendo uma técnica nova (os chineses já a utilizavam), a forma como a utilizou é que foi inovadora: o molde das letras com tinta é colocado numa platafor-ma que desliza até à parte inferior de uma estrutura metálica; uma prensa é accio-nada através de uma barra que provoca a compressão, fazendo com que a estrutu-ra que suporta o papel o «carimbe» com aquelas letras com toda a força, fazendo,

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NOTÍCIAS QUE MARCAM10 | Março 2015

assim, a impressão da letra no papel. Como as letras eram metálicas e amoví-

veis, cada caracter era separado e podia facilmente ser removido se se estragas-se ou se houvesse necessidade de alterar algo no texto.

Gutenberg inovava ao transpor para a prensa tabuleiros que continham todo o tipo de caracteres normalmente usados na escrita manual: letras maiúsculas e minúsculas, sinais de pontuação, abre-viaturas, etc., postas em conjunto para formar palavras, linhas e páginas intei-ras de texto impresso. Com tal estrutura montada, Gutenberg concluiu que seria perfeitamente possível imprimir cerca de 300 páginas por dia.

Embora o desenho original da sua prensa permaneça ainda um mistério, os seus elementos básicos permaneceram quase inalterados em quase todas as im-pressões feitas desde a segunda metade do século XV até 1800.

A prensa de Gutenberg permitiu o re-nascer do interesse pela aprendizagem e pelos clássicos na época do Renascimento.

Esta invenção mudou drasticamente o mundo: para além de aperfeiçoar a es-crita e facilitar a leitura, os textos pode-riam facilmente ser feitos de uma forma rápida e eficaz. O mundo começava, as-sim, a partilhar o seu conhecimento.

A comprovar a magnificência deste inventor europeu do século XV, reali-za-se anualmente, nos Estados Unidos da América, o «Festival Gutenberg», uma espécie de Feira de demonstrações e inovações nas áreas do desenho gráfi-co, da impressão digital, da publicação e da conversão de texto - que só compro-va que a invenção do mestre Gutenberg consegue, ainda hoje, cultivar seguido-res que, da sua experiência-base, tentam superar o invento e adaptar as tecnolo-gias modernas às exigentes necessidades do mundo actual.

No século 17, na Alemanha, começam a circular as primeiras «Folhas Volantes», com informações oficiais do Governo, opi-niões políticas e algumas notícias sobretu-do de desporto.

A primeira publicação impressa periódica regular (semanal), o «Nieuwe Tijdinghen», aparece em 1602, na Antuérpia. Os primei-ros periódicos em alemão são fundados em 1609. São eles o «Relation aller fürnemmen und gedenckwürdigen Historien» (Relação de todas as notícias notáveis e rejubilan-tes), em Estrasburgo, e o Avisa Relation oder Zeitung. Em 1615, surge o Frankfurter Journal, primeiro periódico jornalístico, também semanal e em alemão.

Em 1621, surgiu em Londres o primeiro jornal particular de língua inglesa, «The Corante». No ano seguinte, um pacto entre 12 oficinas de impressão inglesas, holande-sas e alemãs determinou um intercâmbio sistemático de notícias, criando o que terá sido a primeira agência noticiosa do mun-do.

No mesmo ano, Nathaniel Butler fundou também em Londres o primeiro semanário: o «Weekly News», que, a partir de 1638, seria o primeiro jornal a publicar notícias internacionais. Antes disso, circulavam em Inglaterra os «Current», folhas com infor-mação pagas pelo Governo.

Em França, no ano de 1631, surge «La Gazette», de Théophraste Renaudot cujo primeiro número foi publicado em 30 de Maio, e na Holanda pelo «Courante uyt Ita-lien ende Duytschlandt», em 1632.

O jornal mais antigo do mundo ainda em circulação foi o sueco «Post-och Inrikes Tidningar», que teve início em 1645. Até então, estas publicações tinham periodici-dade semanal, quinzenal, mensal ou irre-gular. Foi só a partir de 1650 que surgiu o primeiro jornal impresso diário do mundo, o «Einkommende Zeitungen» (Notícias Recebidas) fundado na cidade alemã de Leipzig.

A primeira revista, em estilo almanaque, foi o «Journal des Savants» (Diário dos Sá-bios), fundado na França em 1665.

No Novo Mundo, o primeiro jornal apare-ceu nas colónias britânicas da América do

IMPRENSAREGULAR

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Março 2015 | 11NOTÍCIAS QUE MARCAM

Norte (futuros Estados Unidos), publicado em Boston: o «Publick Occurrences, Both Forreign and Domestick», que só teve uma edição.

De 1702 a 1735 circulou o primeiro jornal diário em inglês, o «Daily Courant», de Sa-muel Buckley.

Benjamin Franklin fundou em 1729, o «Pennsylvania Gazette», o primeiro jornal a manter-se através da venda de publicidade.

No mesmo ano eram fundados a «Gaceta de Guatemala» e «Las Primicias de la Cul-tura de Quito», os primeiros jornais latino--americanos.

Em 1728, é criado o «St. Peterburgo Ve-domosti», o jornal mais antigo da Rússia, ainda em circulação.

Nos Estados Unidos, Joseph Pulitzer e William Randolph Hearst criaram gran-des jornais destinados à venda em massa. Em 1833, foi fundado o «New York Sun», o primeiro jornal “popular”, vendido a um centavo de dólar. Já o «The Guardian», um dos jornais mais vendidos do Reino Unido até hoje, surge em 1821.

Acompanhando a industrialização oci-dental, o Japão ganha o seu primeiro jor-nal em 1871, com o «Yokohama Shimbun» (Notícias Diárias de Yokohama). Actual-mente, o Japão é o país com maior índice de circulação per-capita no mundo.

O primeiro jornal português foi fundado em 1641, «A Gazeta da Restauração», um periódico mensal que durou seis anos. An-teriormente circulavam as «Relações de Novas Gerais» ou «Notícias Avulsas», sur-gidas em 1612.

Nos séculos XVIII e XIX, os líde-res políticos tomaram consciência do grande poder que os jornais pode-riam ter para influenciar a população e proliferaram os jornais de facções e partidos políticos. O «The Times», de Londres, começa a circular em 1785, com o nome de «The Daily Universal Register» passando ao nome actual três anos depois.

No século XIX os empresários des-

cobriram o potencial comercial do jornalismo como negócio lucrativo e surgiram as primeiras publicações se-melhantes aos diários actuais.

Depois da criação da prensa com ca-racteres móveis, por Gutenberg, um dos grandes marcos aconteceu com o início da Guerra Civil dos Estados Unidos, em 1861, pelas inovações téc-nicas e novas condições de trabalho.

MARCOS DA IMPRENSA

Repórteres e fotógrafos recebem cre-denciais para cobrir o conflito. De lá, desenvolvem o lead para assegurar que a parte principal da notícia chega-rá à redação pelo telégrafo. Os jornais inventam as manchetes, títulos em le-tras grandes na primeira página, para destacar as novidades da guerra. O pri-meiro jornal a enviar correspondentes para dois lados de uma guerra foi o The Guardian, de Manchester, na Guerra Franco-Prussiana, em 1871.

Em 1844, a invenção do telégrafo por Samuel Morse revoluciona a transmis-são de informações, e permite o envio de notícias a longas distâncias. Mas o telégrafo só ganharia um aumento ex-ponencial da sua capacidade a partir da instalação dos cabos submarinos, na se-gunda metade do século XIX, que unem os continentes.

Também aparecem novidades nas téc-nicas de impressão. A primeira rotativa começa a funcionar em 1847, nos EUA. No ano seguinte, o «The Times» de Londres cria uma rotativa que imprime

dez mil exemplares por hora. O linótipo foi inventado em 1889, por Otto Mer-ganthaler, revolucionando as técnicas de composição de página com o uso de tipos de chumbo fundidos para gerar li-nhas inteiras de texto.

A fotografia começou a ser usada na imprensa diária em 1880. A Alemanha foi o primeiro país a produzir revistas ilustradas graficamente com fotografias.

Em 1919, surge o «New York Daily News», o primeiro jornal em formato tablóide.

Em 1962, o jornal norte-americano «Los Angeles Times» utiliza fitas perfu-radas para agilizar a composição em li-notipos. Naquele mesmo ano, entrou no ar o Telstar 1, primeiro satélite de tele-comunicações específico para os média e sete anos depois, realizou-se a trans-missão da chegada da missão Apollo 11à Lua.

Em 1973, apareceram os primeiros terminais computadorizados para edi-ção jornalística. A fotocomposição co-meçava a substituir a linotipia.

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NOTÍCIAS QUE MARCAM12 | Março 2015

No jornal «Minneapolis Star» foi testa-do um sistema que possibilitava a pagi-nação electrónica e o envio das páginas directamente para a impressão, elimi-nando o processo de composição manual.

Com o advento da Internet, a imprensa

mundial começou a apresentar as suas notícias através deste meio, de forma livre ou com acesso pago, uma opção a que recorrem cada vez mais meios de imprensa, tendo em conta a diminuição de custos que esse meio implica.

Se isto significa o fim da imprensa em papel? Só o futuro o dirá. No entanto, se por um lado existem cada vez mais meios de acesso à notícia de forma imediata, muitos são os que não dispensam a lei-tura do seu jornal em formato de papel.

Fontes:

História Viva http://www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/gutenberg_nao_inventou_a_imprensa.html

Wikipedia pt.wikipedia.org/wiki/Imprensa

www.infopedia.pt

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Março 2015 | 13NOTÍCIAS QUE MARCAM

IMPRENSA EM PORTUGAL

A «Gazeta, em que se relatam as novas todas, que ouve nesta corte, e que vieram de várias partes no mês de Novembro de 1641» foi o pri-meiro periódico a ser publicado em Portugal.

A responsabilidade da redacção foi concedida a Manuel de Galhegos por privilégio real.

A primeira edição data de Novem-bro de 1641, mas só veio a lume no mês seguinte. Esta primeira edição teve a marca tipográfica da Oficina de Lourenço de Anveres (Lourenço

de Antuérpia) (1599 - 1679) sediada em Lisboa.

O seu objectivo era dar notícia dos acontecimentos da guerra com Es-panha e da aclamação de D. João IV como Rei de Portugal, procurando igualmente auxiliar a consolidação da independência. Esta publica-ção tem também sido denominada como «Gazeta da Restauração».

Em Julho de 1642, a «Gazeta» foi suspensa devido à lei promulgada a 19 de Agosto de 1642, que proibia as gazetas «com notícias do reino ou de fora, em razão da pouca verdade de muitas e do mau estilo de todas elas. Mas na realidade, a «Gazeta» terá sido suspensa pelo poder ré-gio devido ao «excesso de verdade», com informações que os regentes consideravam como podendo vir a ser utilizadas pelo inimigo caste-lhano.

As seguintes publicações foram impressas na tipografia de Domin-gos Lopes Rosa um cristão-velho, filho de Simão Lopes e de Eulália Antunes.

Quando tinha a idade de 40 anos, foi acusado de «impressão de car-ta sem licença do Santo Ofício», e sentenciado pelo auto-de-fé de 13 de Abril de 1647 com a suspensão, por um ano, do exercício de seu ofício de impressor, além de condenado a pagar 20 cruzados para despesas dos papéis impressos queimados e pagamento de custas. Foi preso em 27 de Março de 1647.

Iniciou a sua actividade em 1641 e retirou-se em 1659.

Com a trigésima edição da gazeta, em Setembro de 1647, terminou a publicação deste jornal que foi pu-blicado com a dimensão2 de 20 cm x 14 cm.

«GAZETADE LISBOA»

Foi no ano de 1715, que o primeiro jor-nal oficial português iniciou a sua publi-cação. Embora seja geralmente conheci-do como «Gazeta de Lisboa», ao longo da sua publicação tem ostentado títulos muito diversos.

No dia 10 de Agosto, o jornal apresen-tava o seu primeiro número com a de-nominação de «Notícias do Estado do Mundo». O seu redactor era José Freire

de Monterroio Mascarenhas, que dirigiu o jornal até à sua morte, em 1760.

Em 17 de Agosto de 1715, o número dois aparecia já com o título de «Gazeta de Lisboa», título que se manteve até 30 de Dezembro de 1717.

No ano de 1718, no dia 6 de Janeiro, o título passou para «Gazeta de Lisboa Ocidental» até 31 de Agosto de 1741.

Em 7 de Setembro de 1741, retomou o título de «Gazeta de Lisboa», que perdu-raria até 31 de Janeiro de 1760. Durante este período, das muitas notícias que fo-ram sendo publicadas, destacou-se a des-crição, curiosamente bastante sóbria, do terramoto de 1755 que devastou Lisboa, bem como uma grande parte do Algarve.

Em 22 de Julho de 1760, o título mudou para «Lisboa», sendo seu redactor o po-eta Pedro António Correia Garção. Este título vai manter-se até 15 de Junho de 1762.

Por ordem do ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal, o jornal esteve suspenso de Ju-nho de 1762 a Agosto de 1778. Não se sa-

bendo a causa imediata e concreta desta suspensão, todos os estudiosos da ma-téria invocam o desagrado do ministro com alguns artigos menos favoráveis à sua governação. O facto é que o jornal não voltou a publicar-se durante o reina-do de D. José.

No início do reinado de D. Maria I, no dia 4 de Agosto de 1778, a «Gazeta de Lisboa» reapareceu, conservando este tí-tulo até 30 de Dezembro de 1820. Foi seu redactor inicial Félix António Castrioto.

Durante o período que duraram as in-vasões francesas, era o Intendente Geral da Polícia, Pierre Lagarde, quem dirigia a «Gazeta», ditando em francês os arti-gos que eram depois traduzidos por ofi-ciais portugueses às suas ordens. Foi ele igualmente quem mandou substituir as armas reais portuguesas no cabeçalho do jornal, pela águia imperial francesa.

No ano de 1820, no início do governo liberal, entre os dias 16 de Setembro e 30 de Dezembro, publicaram-se simultane-amente a «Gazeta de Lisboa» e o «Diário do Governo».

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NOTÍCIAS QUE MARCAM14 | Março 2015 DOSSIER IMPRENSA

O «Diário do Governo» publicou-se de 16 de Setembro de 1820 a 10 de Fevereiro de 1821. A 12 de Fevereiro de 1821, o jor-nal passou a «Diário da Regência», título que se manteve apenas até 4 de Julho do mesmo ano, dia do desembarque em Lis-boa de D. João VI.

Em 5 de Julho de 1821, foi retomado o título de «Diário do Governo» até 4 de Maio de 1823.

Tendo sido derrubada a Constituição de 1822 pelo movimento que levou ao poder D. Miguel, o título do jornal oficial mudou de novo, passando a denominar-se, a par-tir do dia 5 de Junho de 1823, «Gazeta de Lisboa». Este título irá permanecer du-rante a década de governação miguelista, com vários redactores, até 23 de Julho de 1833.

Em 25 de Julho de 1833, com o início da restauração constitucional, o jornal saiu com o título «Crónica Constitucional de Lisboa» que perdurou até 30 de Junho de 1834.

De 1 de Julho a 4 de Outubro de 1834, o título vai ser alterado para “Gazeta Oficial

do Governo”. Ainda nesse ano, entre 6 de Outubro e 31 de

Dezembro, reapareceu o título de «Gazeta do Governo».

A partir de 1 de Janeiro de 1835 e até 31 de Outubro de 1859, o jornal manteve o mesmo título «Diário do Governo». Em 1835, o escri-tor Alexandre Herculano foi seu redactor. De 1 de Novembro de 1859 a 31 de Dezembro de 1868, o título passou para «Diário de Lisboa».

Em 2 de Janeiro de 1869 foi retomado o anterior título de «Diário do Governo», até 9 de Abril de 1976. Durante cento e sete anos, o jornal oficial manteve o seu título, que sobre-viveu intacto à passagem da era monárquica para a era republicana.

Desde 1 de Janeiro de 1914 que são publi-cadas três séries, destinadas a primeira às disposições legislativas, despachos, acórdãos do Supremo Tribunal de Justiça, de carácter genérico; a segunda, a disposições de carácter não genérico; e a terceira, a avisos, anúncios, etc.

Em 10 de Abril de 1976, o título passou para «Diário da República» mantendo-se assim até aos dias de hoje.

Pese embora o facto de que o jornalismo sempre foi considerado como profissão de ho-mens, uma mulher marcou o mundo da im-prensa de língua portuguesa. Antónia Gertru-des Pusich, conhecida como a «jornalista de ferro», nasceu na Ilha de São Nicolau (Cabo Verde), em 1805, e morreu em Lisboa em 1885, deixando uma carreira na área do jor-nalismo.

Foi a primeira mulher a assinar o cabeçalho de um jornal português, desafiando o sistema ‘machista’ instalado. Até então, as mulheres que assinavam os ‘cabeçalhos’ dos jornais ti-nham que se esconder atrás de uma capa mas-culina, arranjando um pseudónimo. Numa época em que as mulheres estavam confina-das à família, à música e aos bordados, Antó-nia Pusich defendeu que deveriam também aprender a ler e a escrever para poderem par-ticipar na vida social e política do País. Através dos jornais que fundou despertou nas mulhe-res o sentido cívico que viria a ser uma realida-

de nos séculos que se lhe seguiram. A vida de casada e os três casamentos, bem

como as adversidades da vida, só lhe permi-tiram que publicasse pela primeira vez em 1841. A sua obra mais conhecida é «Olinda ou a Abadia de Comnor Place» de 1848, onde não faltam tradição, castelos, subterrâneos, ruínas, narcóticos, fugas, salteadores, mortes, tempestades e até um espectro.

Antónia Gertudes Pusich também escreveu sobre membros da família real, que sempre dedicou à sua família e a ela própria uma gran-de amizade, sendo mesmo íntima amiga da in-

fanta Isabel Maria. A longevidade da escritora permitiu-lhe atravessar diversos reinados - de D. Maria I até ao reinado de D. Luís.

A sua obra literária é extensa e sabe-se que recorreu à escrita para custear as despesas da sua numerosa família. Grande sucesso obteve no Teatro com a pela «Constança ou o Amor Maternal», drama autobiográfico.

Fundou os jornais «A Cruzada», «A Benefi-cência» e «A Assembleia Literária», que teste-munham a sua intervenção na pedagogia e na vida social e política.

«DIÁRIO DO GOVERNO»

A «JORNALISTADE FERRO»

Fontes:https://nosmedia.wordpress.com/2007/04/17/antonia-pusich-a-jornalista-de-ferro/ http://www.leme.pt/biografias/pusich/ Jornalismo em Portugal no alvorecer da modernidade Por Jorge Pedro Sousa

Biblioteca Nacional – Tesouros periódicos - Maria Fernanda Casaca Ferreira - Divisão de Serviços Especiais

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Março 2015 | 15NOTÍCIAS QUE MARCAM

«UM REPÓRTER INCONVENIENTE»Ex-repórter do «Jornal de Notí-

cias» e antigo colaborador do Ex-presso, Aurélio Cunha lançou o li-vro «Um Repórter Inconveniente», no qual revela os bastidores dos pri-mórdios do jornalismo de investiga-ção em Portugal.

Foi um dos grandes e porventura dos mais ousados e atrevidos repór-teres portugueses da segunda meta-de do século XX.

Quando ainda ninguém teorizava sobre jornalismo de investigação, sobretudo num país ainda em di-tadura ou acabado de conquistar a liberdade, Aurélio Cunha assumiu como uma espécie de missão con-tar o que a todos escapava, narrar o inimaginável, destapar escânda-los impensáveis, como a história do sangue contaminado no tempo

de Leonor Beleza como ministra da saúde, mas sempre com uma preo-cupação quase obsessiva: assegurar a veracidade dos factos, garantir a impossibilidade de ser desmentido.

Aurélio Cunha, retirado há alguns anos, começou por escrever para publicações ligadas à Juventude Operária Católica, colaborou com o «Diário do Norte», um jornal muito ligado ao Estado Novo e onde aca-ba por lhe acontecer uma deliciosa história com a censura, e chega ao «Jornal de Notícias» em Março de 1973.

Fonte: Expresso

NOTÍCIAS DE IMPRENSA

FALECEU FUNDADOR DA REVISTA «VISÃO»O jornalista fundador da revista «Visão»,

Daniel Ricardo, morreu na manhã do dia 13 de Fevereiro, aos 73 anos de idade no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde esteve internado alguns dias, revelou a re-vista do grupo Impresa.

Daniel Ricardo, nascido em 1941, desem-penhava actualmente funções de editor executivo do gabinete editorial da «Visão».

A Visão lembra que Daniel Ricardo en-trou para o jornalismo em Fevereiro de 1968, quando interrompeu o curso de Di-reito da Universidade de Lisboa, onde es-tava no 4.º ano, para ingressar no jornal A Capital. Poucos anos depois, de acordo com o perfil disponível na página de Inter-net da revista, passou a desempenhar fun-ções de chefia.

Nessa época, trabalhou, como repórter, nas revistas «Flama» e «Século Ilustrado», e foi ainda chefe de redacção do «Diário de Notícias», editor de «O Diário», chefe de redacção e director adjunto do jornal Sete e editor-chefe de «O Jornal».

Em 1993 fez parte da equipa fundadora da «Visão», onde se manteve até ao fim,

tendo sido o autor do livro de estilo da re-vista. Daniel Ricardo era também membro do secretariado da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista, tendo a cartei-ra profissional número 78, sendo um dos mais antigos da profissão em Portugal.

Fonte: Visão

Está a ser lançado um novo evento que vai de-correr ao mesmo tempo que a FESPA 2015, em Munique, entre 18 e 22 de Maio de 2015.

O Printeriors pretende dar a conhecer o po-tencial da impressão na decoração de interiores, sublinhando o potencial criativo que se atinge quando se utiliza a impressão na decoração de

espaços de comércio, corporativos e residenciais.Os visitantes vão poder apreciar um showcase

físico com impressão em diferentes materiais, espalhado por vários espaços, representando as diferentes aplicações em decoração de espaços comerciais ou domésticos.

As apresentações serão idealizados pelas dife-rentes empresas de impressão e/ou pelos seus clientes, com ênfase para a criatividade e a ino-vação das diferentes tecnologias envolvidas no processo.

No dia 21 de Maio irá decorrer uma conferência sobre as aplicações em interiores, os materiais, o design, as técnicas, e a apresentação de alguns case-studies, dirigida por designers europeus.

Fonte: PrintWeek

PRINTERIORS: A NOVIDADE DA FESPA

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NOTÍCIAS QUE MARCAM16 | Março 2015