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QUALIDADE PERCEBIDA NOS SERVIÇOS DE VENDAS PRESTADOS POR CONCESSIONÁRIAS AUTOMOTIVAS: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DOS GAPS DE PERCEPÇÃO DA TRÍADE CLIENTE, CONCESSIONÁRIA E MONTADORA. Veridiana Rotondaro Pereira; José Joaquim do Amaral Ferreira; Roberto Gilioli Rotondaro; Marly Monteiro de Carvalho Departamento de Engenharia de Produção – Escola Politécnica – USP RESUMO O processo de globalização e a revolução tecnológica vêem transformando o setor automobilístico, alterando as relações dentro da cadeia produtiva. Porém quando se aprofunda no elo montadora-concessionária, nota-se uma lacuna no entendimento do que é essencial para o cliente. Além dessa lacuna, ao se comparar a percepção desses elos da cadeia com a percepção do cliente, verifica-se a existência de uma terceira lacuna. Assim, o objetivo deste estudo é identificar e medir essas lacunas. A abordagem metodológica utilizada pautou-se na qualidade percebida como unidade de medição e no modelo de lacunas da qualidade como referência de análise. Os resultados mostraram que a tríade pesquisada entende a qualidade percebida em relação ao serviço de vendas de maneira distinta. Para o cliente a dimensão mais importante é a ‘competência’, enquanto que os vendedores e gerentes das concessionárias acreditam ser a ‘confiabilidade’ e a montadora entende que para cliente o mais importante é a ‘cortesia’. Palavras-chave: Satisfação do cliente; Qualidade percebida; Setor automobilístico 1. INTRODUÇÃO O ranking de liderança das montadoras de veículos automotivos vem se alterando nas últimas décadas com a inclusão de novos players no mercado bem como na adoção de novas estratégias por parte das montadoras já existentes. Líderes que ajudaram a construir essa indústria como a Ford e a General Motors (GM) perderam a liderança para os concorrentes,

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  • QUALIDADE PERCEBIDA NOS SERVIOS DE VENDAS PRESTADOS

    POR CONCESSIONRIAS AUTOMOTIVAS: UMA ANLISE

    COMPARATIVA DOS GAPS DE PERCEPO DA TRADE CLIENTE,

    CONCESSIONRIA E MONTADORA.

    Veridiana Rotondaro Pereira; Jos Joaquim do Amaral Ferreira; Roberto Gilioli

    Rotondaro; Marly Monteiro de Carvalho

    Departamento de Engenharia de Produo Escola Politcnica USP

    RESUMO

    O processo de globalizao e a revoluo tecnolgica vem transformando o setor

    automobilstico, alterando as relaes dentro da cadeia produtiva. Porm quando se aprofunda

    no elo montadora-concessionria, nota-se uma lacuna no entendimento do que essencial

    para o cliente. Alm dessa lacuna, ao se comparar a percepo desses elos da cadeia com a

    percepo do cliente, verifica-se a existncia de uma terceira lacuna. Assim, o objetivo deste

    estudo identificar e medir essas lacunas. A abordagem metodolgica utilizada pautou-se na

    qualidade percebida como unidade de medio e no modelo de lacunas da qualidade como

    referncia de anlise. Os resultados mostraram que a trade pesquisada entende a qualidade

    percebida em relao ao servio de vendas de maneira distinta. Para o cliente a dimenso mais

    importante a competncia, enquanto que os vendedores e gerentes das concessionrias

    acreditam ser a confiabilidade e a montadora entende que para cliente o mais importante a

    cortesia.

    Palavras-chave: Satisfao do cliente; Qualidade percebida; Setor automobilstico

    1. INTRODUO

    O ranking de liderana das montadoras de veculos automotivos vem se alterando nas ltimas

    dcadas com a incluso de novos players no mercado bem como na adoo de novas

    estratgias por parte das montadoras j existentes. Lderes que ajudaram a construir essa

    indstria como a Ford e a General Motors (GM) perderam a liderana para os concorrentes,

  • 2

    em especial os asiticos. Os critrios que afetam o posicionamento de uma montadora dentro

    deste ranking so influenciados por uma grande variedade de fatores, que envolvem eficincia

    e eficcia. No entanto, a percepo do cliente no somente quanto ao produto, mas tambm

    quanto aos servios prestados, so aspectos-chave para um bom posicionamento.

    Indcios significativos mostram que nveis mais altos de satisfao podem ser associados

    lealdade e impacto nos lucros (AAKER; JACOBSON, 1994; ZEITHAML; BITNER, 2003).

    Adicionalmente, Cronin e Taylor (1992) identificaram que a satisfao do cliente tem efeito

    significativo nas intenes de compra. Estudos mostram ainda que exista uma relao positiva

    e estatisticamente significativa entre preo e qualidade percebida e entre marca e qualidade

    percebida (RAO e MONROE, 1989). Para Hoffman e Bateson (2003), esperar que o cliente

    reclame ou basear-se no nmero de queixas recebidas uma atitude ingnua, deste modo, a

    considerao de que as percepes dos clientes so o pilar tanto da qualidade em servio

    quanto da satisfao do cliente so o foco para o estudo em questo (ZEITHAML et al.,

    1990). Assim torna-se um risco minimizar a importncia da satisfao do cliente.

    O contato do cliente com os servios prestados pela montadora ocorre, em geral,

    indiretamente, atravs de sua rede de concessionrios. Esse contato acontece em dois

    momentos distintos, no ato de venda e na utilizao dos servios da oficina. No primeiro, o

    desafio encontra-se em oferecer ao cliente um atendimento que alm de convenc-lo a

    adquirir o produto oferecido deve estabelecer uma relao de confiana de modo fidelizar o

    cliente. O segundo momento refere-se aos servios de ps-venda onde o grande desafio est

    em provar que as concessionrias oferecem o melhor custo benefcio e assim manter o cliente

    mesmo depois do trmino da garantia do carro.

    Assim, para manter-se no topo desse ranking importante para a montadora possuir

    mecanismos de identificao da percepo do cliente quanto aos servios oferecidos por sua

    rede de concessionrios, de modo a obter subsdios que permitam alinhar sua estratgia com a

    expectativa de seus clientes.

    Deste modo, este estudo prope a identificao das necessidades dos clientes de

    concessionrias automotivas quanto aos servios de vendas oferecidos e anlise dos dados

    obtidos perante a viso das concessionrias e montadora. Para isto o presente trabalho adotar

    como medida de satisfao a qualidade percebida pelo cliente e o modelo de lacunas da

    qualidade em servio proposto por Parasuraman et al. (1985) como base terica para

    comparao dos resultados.

    Este artigo est estruturado em 6 sees. A seo 2 apresenta um referencial terico. Em

    seguida, na seo 3, apresenta-se a abordagem metodolgica utilizada na pesquisa. As sees

  • 3

    4 e 5 apresentam os dados obtidos na pesquisa de campo, discusses e anlises dos resultados.

    Finalmente, a seo 6 traz as concluses e limitaes do estudo.

    2. REFERENCIAL TERICO

    Esta seo traz a sntese do quadro terico da pesquisa estruturado sob os pilares de qualidade

    percebida e do modelo das lacunas.

    2.1 QUALIDADE NA PERSPECTIVA DE SERVIOS

    A prestao do servio ocorre por meio de um ciclo de servio, que realizado dentro de um

    processo operacional especificado e projetado. A percepo do cliente forma-se pela

    somatria das percepes que este tem ao longo dos momentos de contato vivenciados

    durante a prestao do servio. A maneira pela qual o cliente percebe os servios est atrelada

    s suas expectativas e uma vez que estas so dinmicas, a avaliao da qualidade de um

    servio varia ao longo do tempo, de pessoa para pessoa e entre culturas diferentes (CORRA;

    CAON, 2002; ZEITHAML; BITNER, 2003). importante destacar, no entanto que, tanto a

    qualidade em servio quanto a satisfao do cliente so baseadas nas percepes dos clientes

    do servio e no nos critrios que determinam como um servio deveria ou no ser

    (ZEITHAML e BITNER, 2003).

    A satisfao do cliente o retorno que o consumidor d ao atendimento recebido, sendo a

    avaliao de uma caracterstica do servio ou do prprio servio (OLIVER apud ZEITHAML

    e BITNER, 2003). Fatores como percepes da qualidade, contrapartidas emocionais dos

    clientes, causas percebidas para o sucesso ou fracasso dos servios e suas percepes de

    ganho, tambm fazem parte da satisfao. Para Solomon (2008) a satisfao/insatisfao

    determinada pelas sensaes ou atitudes gerais que um cliente possa ter em relao a um

    servio aps adquiri-lo. O consumidor envolve-se em um processo de avaliao constante dos

    servios que compram na medida em que os mesmos so incorporados ao seu consumo.

    Olhando para a Qualidade na perspectiva de Servios tem-se um tema complexo que depende

    de fatores relacionados tanto ao prestador quanto ao cliente. Seu construto abstrato de difcil

    definio e medio. Alguns autores (ZEITHAML et al., 1988; HESKETT et al., 1994;

    FITZSIMMONS e FITZSIMMONS, 2005) acreditam que o conceito de qualidade em servio

    baseia-se na diferena entre a expectativa de um cliente com o servio a ser prestado e sua

    percepo de como ele prestado. Apesar de freqentemente aplicada essa abordagem tem

    sido alvo de crticas e debates. Babakus e Boller (1992), por exemplo, sugerem que a medio

  • 4

    das expectativas acrescenta pouca informao alm do que obtido a partir da medio das

    percepes servio sozinho. Da mesma maneira, Dabholkar et al. (2000), identificaram que as

    percepes tm um melhor desempenho do que a diferena entre expectativa e percepo,

    quando se comparam essas duas abordagens. Cronin e Taylor (1992) e Carman (1990)

    tambm defendem a adoo de um sistema de avaliao de desempenho da qualidade em

    servio baseado somente na percepo dos clientes.

    A qualidade percebida definida por Zeithaml (1988) e Kapferer (2004), como o julgamento

    ou percepo do consumidor quanto qualidade geral e superioridade de um servio

    pretendido em relao s alternativas. Na viso de Aaker (1998) a qualidade percebida

    intangvel, um sentimento geral sobre uma marca, determinada em relao a um propsito

    pretendido e a um conjunto de alternativas. Para Garvin (1987), um dos primeiros trabalhos a

    mencionar o termo, o consumidor nem sempre tem informao completa sobre os atributos do

    servio e, portanto se vale de medidas indiretas, com base em vrios aspectos tangveis e

    intangveis, como forma de inferir sobre qualidade.

    Apesar de muitas vezes serem consideradas da mesma forma, alguns autores (ZEITHAML e

    BITNER, 2003; BITNER, 1990; BOLTON e DREW, 1991) indicam que cada vez maior o

    consenso de que satisfao e qualidade so fundamentalmente diferentes quanto s suas

    causas bsicas e quilo que produzem como resultado. Enquanto satisfao vista geralmente

    como um conceito mais amplo, a determinao da qualidade em servio concentra-se

    especificamente nas dimenses do servio que dependem da percepo do cliente, j a

    satisfao influenciada no s pelas percepes acerca da qualidade dos servios, mas

    tambm por fatores como a qualidade do produto, preo e pelas percepes a respeito de

    fatores situacionais e pessoais. Assim, a qualidade percebida em servios um componente da

    satisfao do cliente (ZEITHAML e BITNER, 2003), sendo definida pelo modelo de lacunas

    da qualidade em servio (PARASURAMAN et al., 1985), como a diferena entre o que os

    clientes esperam e o que eles recebem, configurando a lacuna do cliente (Figura 1).

    A qualidade percebida tem sido apontada como diferencial competitivo em empresas que

    visam o sucesso estratgico. Buzzell e Gale (1987) concluram que a qualidade (relativa

    percebida) dos produtos e servios em relao s possibilidades o fator isolado de maior

    importncia a afetar o desempenho de uma unidade de negcio. J Aaker e Jacobson (1994)

    encontraram uma relao positiva entre o retorno financeiro e mudanas nas percepes da

    qualidade.

    Na dcada de 80 foram propostos dois trabalhos de destaque para a medio da Qualidade em

    Servio, um modelo conceitual de Qualidade em Servio (PARASURAMAN et al., 1985) e a

  • 5

    ferramenta SERVQUAL (PARASURAMAN et al., 1988). Em 1992, Cronin e Taylor fizem

    uma anlise sobre a ferramenta SERVQUAL propondo um modelo simplicado, SERVPERF,

    que segundo eles seria mais eficiente. Outra ferramenta tambm citada na literatura a

    Tcnica do Incidente Crtico (TIC), desenvolvida por FLANAGAN (1954) para a rea

    mdica, mas que acabou sendo adotada na avaliao da Qualidade em Servio, que usa o

    cliente como fonte para definir suas prprias necessidades.

    Muitos trabalhos abordam a adaptao de ferramentas clssicas da Qualidade para o ambiente

    de servios (STUART e TAX, 1996; LONGO e COX, 1997; SAMSON et al., 1999; BRAH et

    al., 2000; KUNST e LEMMINK, 2000; CHOW e LUI, 2001; MEYER e COLLIER, 2001;

    HSIEH et al., 2002; GUSTAFSSON, 2003; BOU e BELTRAN, 2005) e alguns tratam

    diretamente de modelos de gesto da Qualidade em Servio (Quality Management System

    QMS) (SURESHCHANDAR et al., 2001 e ZAHO et al., 2004).

    2.2 MODELO DE LACUNAS DA QUALIDADE EM SERVIO

    O modelo de lacunas da qualidade em servio (Figura 1), proposto por Parasuraman et al.

    (1985) usado para analisar os desafios dos servios, tratando das estratgias e dos processos

    que as organizaes podem usar para atingir a excelncia em servio. O modelo baseia-se na

    Lacuna do cliente (ou Lacuna 5), diferena entre as expectativas e as percepes do cliente e

    nas lacunas da empresa, que esto dividas em Lacuna 1, no conhecer a expectativa do

    cliente, Lacuna 2, no selecionar a proposta e os padres de servios corretos, lacuna 3, no

    executar os servios dentro dos padres estabelecidos e Lacuna 4, no cumprir o prometido.

    Figura 1 Modelo de lacunas da qualidade de servios. (Adaptado: Zeithaml e Bitner, 2003)

    Servio esperado

    Servio percebido

    Execuo do servio

    Formatos e padres de servios voltados a clientes

    Percepes da empresa acerca das expectativas dos consumidores

    Lacuna 2

    Lacuna 3

    Lacuna 4

    Lacuna do cliente (Lacuna 5)

    CLIENTE

    EMPRESA

    Lacuna 1

    Comunicaes externas com clientes

  • 6

    Lacuna do cliente ou Lacuna 5 - Esta lacuna o foco principal do modelo de lacunas e baseia-

    se na diferena entre as expectativas e as percepes dos clientes. As expectativas constituem-

    se por fatores que podem ser influenciados pela empresa como propaganda e por fatores que

    esto subordinados ao cliente como suas necessidades pessoais inatas. Num estado ideal as

    expectativas e as percepes deveriam ser idnticas, mas na prtica isto no acontece, o que

    forma a lacuna do cliente. Os fatores-chave propostos por Zeitham e Bitner (2003) para esta

    lacuna so o no conhecimento da expectativa do cliente, a seleo de proposta e padres de

    servios incorretos, no executar os servios dentro dos padres estabelecidos e no cumprir

    com o que foi prometido ao cliente.

    Lacuna 1 da empresa: No conhecer a expectativa do cliente a diferena entre as

    expectativas do cliente e a compreenso da empresa acerca do servio. Os executivos nem

    sempre compreendem quais caractersticas representam alta qualidade para os consumidores e

    existem vrias razes para isto, como a no disposio para indagar sobre as expectativas dos

    clientes ou no estarem preparados para lidarem com as mesmas.

    Lacuna 2 da empresa: No selecionar a proposta e os padres de servio corretos - Trata-se da

    dificuldade que as empresas tm de transformar as expectativas dos clientes em

    especificaes da qualidade dos servios.

    Lacuna 3 da empresa: no executar os servios dentro dos padres estabelecidos define-se

    pela discrepncia entre o desenvolvimento de padres de servios voltados a clientes e o

    desempenho efetivo desses servios por parte dos funcionrios da empresa. Os fatores-chave

    para a lacuna 3 da empresa propostos por Zeitham e Bitner (2003) so deficincias nas

    polticas de recursos humanos, falha em compatibilizar oferta e demanda, clientes no

    desempenham seus papis e problemas com os intermedirios dos servios.

    Lacuna 4 da empresa: no cumpre o que foi prometido Propagandas na mdia e outras

    formas de comunicao com a equipe de vendas afetam diretamente as expectativas dos

    clientes. Discrepncias entre os servios entregues e a comunicao externa (promessas

    exageradas, coordenao inadequada entre operaes e marketing) podem afetar a qualidade

    do servio.

    3. MTODO

    Conforme apresentado na seo introdutria deste artigo, este estudo focaliza o conceito de

    qualidade percebida, em um ambiente de prestao de servios de vendas em concessionrias

    de veculos. O estudo parte da viso de qualidade percebida dos consumidores nas

  • 7

    concessionrias. Posteriormente, confronta-se essa viso com a dos stakeholders dos dois

    ltimos elos da cadeia automobilstica: a concessionria e a montadora, que detm a

    governana da cadeia.

    Alm da reviso da literatura apresentada na seo anterior, o trabalho mesclou estratgias de

    pesquisa qualitativa e quantitativa, desenvolvida em cinco fases. A fase I, Incidentes Crticos,

    refere-se ao procedimento de identificao dos incidentes crticos, o qual foi realizado em

    duas partes. A primeira consistiu da obteno de informaes especficas do servio atravs

    de entrevistas com os clientes e a segunda parte, na classificao destas informaes em

    grupos, onde cada grupo refletisse uma dimenso da Qualidade. Na fase II, Dimenses da

    Qualidade, foram determinadas as diretrizes a serem seguidas para o desenvolvimento do

    Questionrio de Satisfao do Cliente. A fase III, Concessionrias, teve por objetivo

    identificar os mecanismos e aes das concessionrias para avaliar e manter a satisfao do

    cliente, para isto realizou-se entrevistas individuais e presenciais com representantes das

    concessionrias. Por fim, a fase IV, Montadora, identificou as aes da montadora

    relacionadas satisfao do cliente com os servios de vendas das concessionrias, para isto

    foram realizadas entrevistas com o diretor de Marketing e Vendas e gerente regional de

    vendas da montadora.

    Adotou-se para este trabalho a tcnica do incidente crtico como mtodo para elaborao do

    instrumento de pesquisa devido s suas vantagens como a utilizao do cliente como fonte de

    informao, sua flexibilidade de uso e possibilidade de propor aes baseadas em aspectos

    identificados como importantes pelos clientes e no somente em padres pr-determinados

    por um determinado mtodo ou pela organizao.

    O escopo desse trabalho foi o estudo da qualidade percebida dentro do conceito de servios,

    onde o servio avaliado ser a venda de veculos automotivos, considerando pontos tangveis

    (aspecto dos vendedores e show room), atendimento do vendedor, e outras necessidades

    identificadas pelo cliente, para uma montadora e sua rede de revendas. A pesquisa teve como

    foco todos os clientes atendidos pelos vendedores, incluindo tanto aqueles que compraram

    como aqueles que no adquiriram um veculo.

    O estudo realizou-se em trs concessionrias de uma mesma montadora localizadas na cidade

    de So Paulo. A escolha da montadora baseou-se em termos de sua representatividade no

    mercado brasileiro, que est entre as primeiras de seu setor e tambm por possuir mecanismos

    padronizados de coleta de satisfao de cliente para sua rede de concessionrios. As

    concessionrias escolhidas para a pesquisa foram selecionadas utilizando o critrio de

    desempenho das mesmas com relao pesquisa de satisfao de cliente realizada pela

  • 8

    montadora, sendo uma concessionria bem avaliada outra com servios considerados

    medianos e outra com baixa avaliao por parte dos clientes. As concessionrias sero

    denominadas na pesquisa como concessionria A, B e C, sendo que esta ordem no tem

    relao com o desempenho das mesmas. A Figura 2 representa o escopo desse estudo.

    Figura 2 O escopo do trabalho na cadeia automotiva. (Adaptado de Aligleri et al., 2002)

    4. PESQUISA DE CAMPO

    A pesquisa de campo realizou-se em quatro fases: a primeira teve por objetivo a coleta dos

    incidentes crticos nas concessionrias A, B e C e sua classificao em dimenses da

    qualidade. A segunda fase permitiu a identificao das dimenses da qualidade priorizadas

    pelos clientes, vendedores e gerente nas concessionrias A e B. Para poder comparar os

    resultados obtidos nas duas primeiras fases com as estratgias adotadas pelas concessionrias

    e montadora, esse estudo desdobrou-se em mais duas fases, uma para levantar mecanismos e

    aes adotados pelas concessionrias A e B para pesquisa e manuteno da satisfao do

    cliente. E por fim a ltima fase coletou as impresses e aes da montadora quanto

    importncia dos mecanismos de coleta de satisfao dos clientes das concessionrias.

    4.1 DETALHAMENTO DAS FASES DA PESQUISA DE CAMPO

    Fase I: Coleta dos incidentes crticos e classificao em dimenses da qualidade

    A coleta dos incidentes crticos foi realizada em trs sbados nas concessionrias A, B e

    C respectivamente. Nesta fase foram entrevistados 43 clientes, gerando um total de 180

    incidentes crticos.

    As necessidades dos clientes resultantes foram Competncia, Confiabilidade, Cortesia,

    Flexibilidade e Show room. A estas cinco dimenses incluiu-se um item de Satisfao Geral,

    INSUMOS

    Indstria de Insumos

    Fornecedores

    Indstria de Extrao

    Indstria de autopeas

    Indstria Automobilstica

    Distribuidor / Varejista

    Concessionria

    Consumidor final

    Cliente

    MONTADORA SERVIOS

    Fabricante / Transformador

    Escopo do trabalho

    BENEFICIADORA

  • 9

    definida como a extenso com que o cliente est satisfeito com o servio em termos gerais,

    pela forma com que foi tratado pela empresa (HAYES, 1996, p. 190).

    Fase II: Identificao das dimenses da qualidade priorizadas pelos clientes, vendedores e

    gerentes

    Aps a coleta dos incidentes crticos a etapa seguinte constitui-se da elaborao do

    questionrio de satisfao do cliente. Esta fase realizou-se em quatro partes. Primeiro

    determinou-se os itens a serem usados no questionrio, sendo que em sua maioria foram

    selecionados os prprios itens de satisfao, porm alguns deles tiveram de ser reescritos de

    modo a refletir uma declarao mais neutra. Para isto foram utilizados alguns critrios de

    seleo, procurando-se ter itens concisos e no ambguos. A Tabela 1 apresenta os itens

    selecionados para o questionrio, separados por dimenso da qualidade.

    A segunda parte correspondeu seleo do formulrio de respostas. Selecionou-se a

    pontuao Likert de cinco pontos para o questionrio, devido possibilidade que oferece ao

    entrevistado de selecionar graus variados de satisfao, alm de fornecer coeficientes de

    confiabilidade mais altos do que outras escalas (HAYES, 1996). Para permitir a estimativa

    dos ndices de consistncia interna foram selecionados itens mltiplos na medio.

    A elaborao da redao da introduo ao questionrio correspondeu terceira parte do

    processo de construo do questionrio onde se elaborou uma introduo curta em forma de

    carto avulso, uma vez que o questionrio seria aplicado por um entrevistador, no permitindo

    ao cliente acesso ao mesmo. Por ltimo houve a consolidao do contedo do formulrio

    definitivo. Para a seleo dos itens a serem usados no questionrio utilizou-se o mtodo de

    seleo por avaliao, procurando-se captar os itens que melhor representavam cada

    dimenso.

  • 10

    Dimenso da Qualidade Item de Satisfao

    O vendedor esclareceu minhas dvidasO vendedor me atendeu de maneira adequadaO vendedor passou informaes detalhadas sobre o veculo e as formas de pagamentoO vendedor tem bons conhecimentos tcnicosAs informaes sobre os veculos expostos so suficientesEsta concessionria me inspira confianaO vendedor ofereceu test driveO vendedor mostrou transparncia na negociaoO vendedor preocupou-se em mostrar o veculoSempre tem o produto que eu procuroFui atendido imediatamente aps a minha chegadaO vendedor foi atenciosoO vendedor foi educadoO vendedor foi simpticoO vendedor me deixou vontade para realizar a compraO vendedor se preocupou em dar o melhor atendimentoO vendedor mostrou-se interessado em fechar negcioO vendedor ofereceu alternativas para atender s minhas necessidadesO vendedor teve disponibilidade de tempo para passar informaes detalhadasSempre me oferecem boas condies nesta concessionriaTive um atendimento diferenciado quando precisei

    Estou satisfeito com o atendimento que recebiO atendimento ficou dentro das minhas expectativasO veculo que eu desejava estava disponvel no show roomA disposio dos veculos no show room adequadaNo me incomodo de ir at o pteo para ver o veculo que eu desejo comprarO ambiente do show room me agradouOs modelos de veculos disponveis no show room so suficientes

    Flex

    ibilid

    ade

    Satis

    fa

    o G

    eral

    com

    o

    Serv

    io

    Show

    room

    Com

    pet

    ncia

    Con

    fiabi

    lidad

    eC

    orte

    sia

    Tabela 1 Itens de Satisfao agrupados por Dimenso da Qualidade e Satisfao Geral

    Fase III: mecanismos e aes para levantamento da satisfao do cliente - concessionrios

    Nesta fase o objetivo era identificar os mecanismos e aes adotadas pelas concessionrias na

    avaliao e manuteno da satisfao do cliente e para isto foram realizadas entrevistas

    individuais e presenciais com representantes das concessionrias A e B. A concessionria

  • 11

    C no participou desta fase do estudo, pois no apresentou interesse em continuar com a

    pesquisa.

    Primeiro representantes da alta administrao e gerentes das concessionrias responderam ao

    mesmo questionrio de satisfao aplicado aos clientes. Os representantes das concessionrias

    responderam ao questionrio colocando-se no papel de seus clientes, isto considerando no

    a viso da concessionria, mas a viso que esta acreditava que seus clientes tinham em relao

    ao servio de vendas. Esse processo permitiu a comparao dos questionrios aplicados aos

    clientes com os resultados obtidos nos concessionrios.

    Fase VI: impresses e aes da montadora

    Esta fase teve dois objetivos, identificar as aes da montadora relacionadas satisfao do

    cliente com os servios de vendas das concessionrias, como diretrizes para medio

    satisfao do cliente, suporte s concessionrias, aes junto ao cliente entre outros, para isto

    foram realizadas entrevistas com o diretor de Marketing/Vendas e com o gerente regional de

    vendas. Para atingir o segundo o objetivo que era identificar a viso da montadora quanto

    satisfao do cliente, aplicou-se aos entrevistados da alta administrao (diretor e gerente de

    vendas) e representantes de vendas, o questionrio elaborado para o cliente final. Da mesma

    maneira realizada nas concessionrias, as pessoas que responderam ao questionrio deveriam

    colocar-se no papel dos clientes finais, isto considerando no a viso da montadora, mas a

    viso que esta acreditava que os clientes tinham em relao ao servio de vendas pelas

    montadoras.

    4.2 APLICAO DO QUESTIONRIO DE SATISFAO CLIENTES,

    CONCESSIONRIOS E MONTADORA

    Os questionrios foram aplicados nas concessionrias A e B, para 43 clientes, 22

    vendedores e 4 gerentes. A concessionria C foi excluda da segunda fase da pesquisa,

    devido impossibilidade de se aplicar o questionrio final aos clientes e vendedores. Os

    dados coletados foram consolidados e resumidos em ndices estatsticos conforme a Tabela 2.

  • 12

    Competncia Confiabilidade Cortesia Flexibilidade Show

    room

    Satisfao

    Geral

    Clientes ( n = 43 )

    Mdia 4,58 4,15 4,67 4,41 4,23 4,58

    Desvio Padro 0,72 1,22 0,63 0,92 1,07 0,69

    Vendedores e Gerentes ( n = 26 )

    Mdia 4,42 4,32 4,59 4,56 3,86 4,38

    Desvio Padro 0,55 0,80 0,55 0,57 0,80 0,53

    Montadora ( n = 5 )

    Mdia 3,55 3,53 3,63 3,36 3,76 3,2

    Desvio Padro 0,83 1,14 0,96 1,19 0,97 0,92

    Tabela 2 Resumo de ndices estatsticos dos dados coletados na pesquisa de campo

    Aparentemente os valores de mdia (Tabela 1) apresentam pequena variao, mas isto s

    poderia ser comprovado com estudos estatsticos mais aprofundados. A fim de determinar

    qual dimenso apresenta maior grau de correlao com a satisfao geral, optou-se por usar

    uma anlise estatstica mais ampla.

    De acordo com Hayes (1996), ao desenvolvermos um questionrio de satisfao de cliente

    importante assegurar que os dados obtidos reflitam efetivamente informaes vlidas e

    confiveis. O presente estudo adotou a estimativa do alfa de Cronbach para medir a

    confiabilidade dos dados obtidos.

    O clculo da estimativa realizado tomando-se como base as tabelas de correlao feitas

    entre as respostas de uma questo comparativamente a outras, dentro de uma mesma

    dimenso da qualidade. Esse coeficiente definido conforme Equao (1):

    Onde

    Z dimenso da qualidade K nmero de itens dentro de uma determinada dimenso

    Xii e Xij elementos da matriz de correlao i j

    Utilizando-se os dados obtidos atravs dos questionrios foram elaboradas anlises estatsticas

    do clculo da mdia, determinao da consistncia interna dos valores obtidos para as

    dimenses da qualidade e satisfao para cada instrumento de medio atravs da estimativa

    alfa de Cronbach (1) apresentados na Tabela 3. A confiabilidade () deve apresentar valores entre 0,6 e 0,8 (NUNNALLY, 1978) para escalas novas.

    z = (K/(K-1))*(1-[(Xii)/( K + Xij )]) (1)

  • 13

    Alvo n

    Dimenso /

    Satisfao Geral Mdia r (coef. de

    correlao)

    r2 (coef. de

    determinao)

    Valor

    de p

    Con

    cess

    ion

    ria

    Clie

    ntes

    43

    Competncia 0,875 4,58 0,875 0,766 0,000

    Cortesia 0,902 4,67 0,836 0,700 0,000

    Confiabilidade 0,822 4,15 0,763 0,581 0,000

    Flexibilidade 0,857 4,41 0,751 0,564 0,000

    Show room 0,795 4,23 0,688 0,474 0,000

    Satisfao Geral 0,840 4,58 - - -

    Ven

    dedo

    res G

    eren

    tes

    26

    Competncia 0,728 4,42 0,618 0,382 0,001

    Cortesia 0,718 4,59 0,608 0,369 0,001

    Confiabilidade 0,720 4,32 0,679 0,461 0,000

    Flexibilidade 0,634 4,56 0,507 0,257 0,008

    Show room 0,536 3,86 0,211 0,044 0,301

    Satisfao Geral 0,744 4,38 - - -

    Mon

    tado

    ra

    Ger

    nci

    a e

    Dir

    etor

    ia

    5

    Competncia 0,258 3,55 0,980 0,961 0,003

    Cortesia 0,806 3,63 0,995 0,989 0,000

    Confiabilidade 0,831 3,53 0,963 0,927 0,009

    Flexibilidade 0,799 3,36 0,936 0,875 0,019

    Show room 0,895 3,76 0,754 0,569 0,141

    Satisfao Geral 0,912 3,20 -

    Tabela 3 Resumo de ndices estatsticos dos dados coletados na pesquisa de campo

    Os estudos mostram que o questionrio aplicado ao cliente consistente uma vez que os

    ndices de confiabilidade de todas as dimenses e satisfao geral ficaram acima do valor

    estipulado como vlido. As anlises de varincia indicam a existncia de regresso

    significativa, uma vez que os valores de p so menores que 0,05.

    Os ndices de confiabilidade resultantes dos questionrios aplicados aos vendedores e gerentes

    das concessionrias obtiveram valores dentro do limite estipulado e as anlises de varincia

    mostram que os dados so estatisticamente vlidos e todos apresentaram correlao linear

    positiva com a satisfao geral. Exceo dimenso Show room, que apresentou o menor

    valor de confiabilidade e p maior que 0,05 e coeficiente alfa de 0,536. A mesma situao

    ocorreu com os questionrios aplicados montadora, porm afetando as dimenses

    Competncia e Show room.

    Esses fatores foram discutidos em reunio com a alta administrao da montadora e

    concessionrias A e B e foram considerados como relevantes, apesar de no terem sido

    comprovados estatisticamente.

  • 14

    4.3 MECANISMOS E AES DAS CONCESSIONRIAS PARA MEDIO DA

    SATISFAO DO CLIENTE

    Os dados coletados nas pesquisas individuais com a diretoria da montadora e concessionrias

    sero apresentados utilizando-se os elementos estruturais do conceito de servio proposto por

    Fitzsimmons e Fitzsimmons (2005).

    Os elementos estruturais do conceito de servio da concessionria A:

    Sistema de prestao de servio: A concessionria adota uma norma interna que estipula que os gerentes devem sempre ter contato com os clientes. Assim, eles

    podem iniciar um atendimento, participar das negociaes ou apenas serem

    apresentados ao cliente no final de uma negociao.

    Projeto das instalaes: O show room foi projetado com uma pequena recepo na entrada onde as pessoas so atendidas no momento em que entram na loja, evitando

    assim, que os clientes fiquem sem atendimento e que os vendedores disputem a vez.

    A recepcionista identifica a necessidade do cliente e passa para o vendedor mais

    adequado e que esteja disponvel. O show room est dividido em duas reas, uma

    para carros novos e outra para usados. Existe uma rea fora da loja destinada ao test

    drive, incentivando o cliente a testar o veculo e um ptio com mais modelos de

    carros disponveis ao acesso de clientes interessados.

    Localizao: A concessionria localiza-se dentro de um shopping de automveis. Os clientes que entram na loja fazem parte do pblico do shopping e tm por

    objetivo principal adquirir, conhecer ou pesquisar sobre o preo de um veculo.

    Planejamento de capacidade: Por estar em um shopping de automveis, essa concessionria sofre uma grande concorrncia com as demais lojas do shopping,

    mas deve-se levar em considerao que ela a nica do local a comercializar

    veculos da montadora que representa. O shopping localiza-se em uma regio de

    baixa renda caracterizado em sua maioria por clientes de menor poder aquisitivo.

    Os elementos gerenciais do conceito de servio da concessionria A:

    Encontro em servios: A filosofia da empresa fazer a diferena oferecendo qualidade de atendimento. O vendedor deve primar pelo atendimento, mas tambm

    tem que cumprir com as metas de vendas. Quando contratados, os vendedores

    recebem dos gerentes um treinamento inicial sobre a abordagem de atendimento da

  • 15

    concessionria. So realizados tambm treinamentos semestrais (por empresas

    contratadas), quanto s tcnicas de atendimento a cliente e todos os vendedores

    participam do treinamento, seja para aprenderem coisas novas ou apenas

    reciclagem.

    Qualidade: A concessionria participa de um programa de avaliao de servio (venda e ps-venda) realizado pela montadora que envia dois questionrios ao

    cliente, um dez dias aps a compra e outro depois de dez meses. Essa

    concessionria possui um departamento de CRM responsvel por contatar o cliente

    quinze dias aps a compra e mais cinco vezes no decorrer do ano seguinte

    compra. Este departamento tambm realiza uma pesquisa de satisfao atravs de

    um questionrio prprio.

    Gerenciamento de capacidade e demanda: Os clientes so recebidos e distribudos aos vendedores por uma recepcionista.

    Informao: Os clientes que entram na loja e no efetivam a compra so classificados em trs categorias, A (quente), B (morno) e C (frio). Para isto, o

    vendedor preenche uma ficha com os dados do cliente no sistema interno da

    concessionria que realiza um controle automtico de retorno, de acordo com a

    categoria de classificao.

    Os elementos estruturais do conceito de servio da concessionria B:

    Sistema de prestao de servio: A concessionria criou uma rea responsvel por realizar o agendamento das entregas evitando assim o gargalo na entrega do veculo

    que sempre era agendada para a sexta-feira seguinte compra. O atraso na entrega

    ou a no possibilidade de cumprimento dos prazos causava grande

    descontentamento entre os clientes. Todos os funcionrios da concessionria so

    instrudos a atenderem de forma corts e prestativa os clientes, seja para realizar

    uma venda, fazer a entrega de um veculo ou simplesmente dar uma informao.

    Projeto das instalaes: A concessionria possui um show room pequeno, com duas entradas e os clientes so atendidos pelo vendedor que estiver disponvel. Poucos

    veculos novos esto em exposio no interior da loja, porm uma grande variedade

    est disponvel em grande ptio atrs da concessionria e existe um show room de

    usados do outro lado da rua. Assim, se o cliente deseja adquirir um carro usado,

    levado pelo vendedor que o atendeu loja de usados. Existe um local destinado ao

    test drive.

  • 16

    Localizao: A concessionria localiza-se no centro da cidade em uma rua de fcil acesso com grande circulao de pessoas e veculos.

    Planejamento de capacidade: Essa concessionria sofre competio de outras concessionrias da regio e por estar no centro da cidade atende a pessoas de vrios

    nveis sociais.

    Os elementos gerenciais do conceito de servio da concessionria B:

    Encontro em servios: Na concessionria existe uma filosofia denominada trip interno, composto por atendimento (estar bem posicionado, conhecer o produto,

    boa aparncia do vendedor), qualidade (prestao de servio de qualidade da

    oficina) e preo. A empresa criou um programa de premiao dos vendedores, que

    so classificados em vendedor mster e super mster. Uma vez por ms realizado

    um caf da manh em um hotel onde o vendedor ganhador recebe um incentivo

    financeiro por veculo que tenha excedido sua cota. Vendedores, gerentes e

    consultores tcnicos participam de um treinamento de conscientizao sobre a

    satisfao do cliente.

    Qualidade: A concessionria participa de um programa de avaliao de servio (venda e ps-venda) realizado pela montadora que envia dois questionrios ao

    cliente, um dez dias aps a compra e outro depois de dez meses. Essa

    concessionria criou h um ano um departamento de SAC para melhorar o

    resultado de seu desempenho neste questionrio passando de vigsimo stimo para

    o quarto lugar no ranking interno das concessionrias autorizadas pela montadora.

    Recentemente ela implantou um projeto piloto em uma de suas lojas, com dois

    objetivos principais, quantificar o nmero de clientes que entram em sua loja por

    final de semana e identificar a opinio dos clientes quanto ao atendimento recebido

    da equipe de vendas.

    Gerenciamento de capacidade e demanda: Nessa concessionria os clientes so atendidos pelo vendedor que estiver disponvel.

    Informao: A concessionria implantou por um perodo um programa de fidelidade atravs de indicao, onde o cliente que adquirisse um veculo recebia

    alguns cartes especiais a serem entregues para conhecidos com potencial de

    compra. Ao apresentarem o carto, tanto o potencial comprador quanto a pessoa

    que havia indicado recebiam um bnus. A concessionria implantou um projeto

  • 17

    piloto de coleta de dados com todos os clientes que deixavam a loja e aqueles que

    no haviam comprado eram contatados pelo gerente no mesmo dia indagando o que

    poderia ser feito para que esses fechassem a compra.

    Uma vez identificados os elementos estruturais e gerenciais das concessionrias, passou-se ao

    levantamento dos aspectos mais importantes para as concessionrias, sendo que na

    concessionria A entrevistou-se o diretor proprietrio e na concessionria B, o diretor de

    vendas.

    Apresentaram-se cinco critrios competitivos que podem influenciar o cliente no momento da

    compra Marca, Preo, Qualidade, Condio de Pagamento e Atendimento. Neste contexto, a

    qualidade percebida foi representada pelo critrio Marca. O entrevistado poderia aceit-los,

    exclu-los ou incluir outros. Para avaliar o grau de importncia dos critrios, utilizou-se uma

    escala de 1 a 9, a qual o entrevistado deveria preencher considerando a viso do cliente e da

    empresa, para isto a tabela foi dividida em duas partes, Cliente e Empresa. O entrevistado

    da concessionria respondia no lado Cliente, considerando as necessidades do mesmo e no

    lado Empresa com a perspectiva da concessionria, conforme modelo apresentado na

    Figura 3. 1 3 3 4 5 6 7 8 9 1 3 3 4 5 6 7 8 9

    Marca

    Preo

    Qualidade

    Condio de Pagamento

    Atendimento

    Figura 3 Resumo de ndices estatsticos dos dados coletados na pesquisa de campo

    O entrevistado da concessionria A solicitou a incluso do critrio Ps-Vendas, segundo ele

    fundamental para o cliente no momento da compra e o entrevistado da concessionria B

    solicitou a excluso do critrio Condio de Pagamento, pois para ele esse critrio no era

    relevante.

    4.4 IMPRESSES E AES DA MONTADORA

    Na montadora realizaram-se entrevistas individuais com o diretor de Vendas e Marketing e o

    Gerente Regional de Vendas, alm de aplicao do questionrio de satisfao de cliente com

    trs representantes de vendas, responsveis pelas concessionrias selecionadas para o estudo.

  • 18

    Como havia sido feito nos concessionrios, realizou-se o levantamento dos aspectos mais

    importantes para a montadora, sendo o diretor de Vendas e o Gerente Regional de Vendas.

    Um dos entrevistados solicitou a incluso do critrio Servios Diferenciado, definindo-o

    como servios especiais oferecidos pela concessionria como, por exemplo, horrio de

    abertura da loja e sistema de leva e traz de cliente e o outro entrevistado solicitou a incluso

    dos critrios Design, Aplicabilidade do Produto e Disponibilidade para Pronta Entrega.

    5. ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS

    A anlise dos resultados dividiu-se em duas sees, primeiro considerando apenas os dados

    referentes s necessidades priorizadas pelos clientes, concessionria e montadora e depois os

    aspectos avaliadores priorizados pela concessionria e montadora.

    5.1 DIFERENAS ENTRE AS DIMENSES DA QUALIDADE PRIORIZADAS

    PELOS CLIENTES, CONCESSIONRIA E MONTADORA

    Os resultados permitiram identificar que cada uma das partes pesquisadas entende a qualidade

    percebida em relao ao servio de vendas de maneira distinta. Considerando-se como base os

    coeficientes de correlao e determinao (Tabela 3), a dimenso da qualidade mais

    importante para o cliente a Competncia, enquanto que os vendedores e gerentes das

    concessionrias acreditam ser a Confiabilidade e a montadora entende que para o cliente o

    mais importante a Cortesia. No entanto, torna-se necessrio ressaltar que a definio das

    escalas que compe a qualidade percebida feita de maneira qualitativa existindo uma

    correlao entre elas, como no caso da Cortesia e Competncia.

    As diferentes vises constatadas na pesquisa qualitativa remetem Lacuna 1, No conhecer a

    expectativa do cliente, do modelo de lacunas da qualidade de servios proposto por

    Parasuraman et al. (1985) (Figura 1) que pode ser melhor identificada na Figura 4 a qual

    representa uma adaptao do modelo de lacunas inserido na cadeia automotiva.

    Considerando a Lacuna1, Segundo Zeithaml e Bitner (2003) existem algumas razes para que

    os executivos no sejam consciente daquilo que os clientes esperam. Uma das razes citadas

    a orientao inadequada da pesquisa de marketing. Para este estudo, entende-se por pesquisa

    de marketing os esforos da empresa em identificar a satisfao do cliente. Para a montadora,

    identificou-se que apesar da empresa ter um sistema oficial de avaliao da satisfao dos

    clientes quanto aos servios prestados por sua rede de concessionrias, este na verdade um

  • 19

    instrumento traduzido do modelo usado pela matriz e que para os concessionrios

    entrevistados, no investiga as reais necessidades do cliente. A prpria montadora admitiu a

    ineficincia de seu instrumento de pesquisa e que este estava em processo de remodelamento.

    Figura 4 Lacuna 1 do modelo de lacunas da qualidade de servios aplicado cadeia automotiva. (Zeithaml e

    Bitner, 2003, e Aligleri et al., 2002)

    Os resultados da pesquisa foram apresentados em um workshop na montadora onde

    participaram os representantes das concessionrias A e B e da prpria montadora.

    Quando se apresentou os resultados da pesquisa mostrando a divergncia em relao s

    Dimenses da Qualidade de maior correlao com a satisfao geral, tanto os representantes

    da montadora quanto os das concessionrias mostraram-se espantados com o resultado,

    demonstrando surpresa pelas partes aparentemente no conhecerem as necessidades de seus

    clientes.

    Ainda referente Lacuna1, outro fator que influencia a orientao de marketing o grau de

    interao direta entre administrao e cliente. Neste item nota-se que as concessionrias

    fazem um esforo individual em conhecer e se aproximar de seus clientes, uma vez que ambas

    possuem mecanismos de pesquisa de satisfao de cliente desenvolvidos e gerenciados por

    BENEFICIADORA

    MONTADORA

    SERVIOSConsumidor

    final

    Fornecedores

    Fabricante / Transformador

    Distribuidor / Varejista

    Indstria de Insumos

    Cliente

    Indstria de autopeas

    Indstria Automobilstica

    Concessionria

    Indstria de Extrao INSUMOS

    Servio

    percebido

    Percepes da empresa acerca das expectativas dos consumidores

    Lacuna 1

    = COMPETNCIA

    CORTESIA

    CONFIABILIDADE

  • 20

    elas prprias. A concessionria B criou um departamento com dois objetivos principais,

    melhorar seu desempenho no questionrio aplicado pela montadora e promover maior contato

    com o cliente.

    O marketing de relacionamento outra estratgia usada pelas empresas para reter clientes e

    fortalecer relacionamento com eles. Segundo Zeithaml e Bitner (2003) quando as empresas

    possuem forte relacionamento com seus clientes ativos, existe uma menor probabilidade que a

    Lacuna 1 ocorra. Hoffman e Batson (2003) vo mais alm e apontam que as empresas

    acreditam que clientes queixosos podem ser seus inimigos e, no entanto eles deveriam ser

    vistos como fonte de oportunidade para melhoria de seus servios. Segundo uma das

    concessionrias entrevistadas, os clientes que fazem reclamaes diretamente com a

    montadora atravs do questionrio oficial, muitas vezes permitem que seu nome e dados

    sejam abertos para um futuro contato, porm as concessionrias no recebem esta informao

    espontaneamente e caso queiram receber o processo muito burocrtico.

    Assim entende-se que mais que melhorar o instrumento de pesquisa, a montadora deveria

    rever seus processos e procedimentos internos no que se refere comunicao com as

    concessionrias.

    5.2. CONSOLIDAO DOS ASPECTOS AVALIADORES MAIS IMPORTANTES

    PARA A ORGANIZAO MONTADORA E CONCESSIONRIA

    Para facilitar a anlise dos dados obtidos atravs das entrevistas realizadas com os

    representantes da alta administrao da montadora e das concessionrias, as Tabelas 4 e 5

    sumarizam os aspectos priorizados em suas estratgias pelas concessionrias e pela montadora

    e a dimenso da qualidade de maior correlao com a satisfao geral na opinio dos clientes. Aspectos avaliadores Montadora Dimenso da Qualidade

    (cliente) Entrevistado 1 Entrevistado 2

    Qualidade Preo Competncia

    Tabela 4 Comparativo: aspectos priorizados e dimenses da qualidade Cliente versus montadora Aspectos avaliadores Concessionrias Dimenso da Qualidade

    (cliente) A B

    Atendimento Atendimento Competncia

    Tabela 5 Comparativo: aspectos priorizados e dimenses da qualidade Cliente versus concessionrias

    No caso da montadora percebe-se uma discordncia quanto aos aspectos priorizados pelos

    dois entrevistados, impossibilitando deste modo uma anlise comparativa com a dimenso

  • 21

    priorizada pelos clientes. Um dos motivos desta diferena de vises poderia estar ligado a um

    dos fatores-chave da Lacuna 1, No conhecer a expectativa do cliente, do modelo de

    lacunas da qualidade de servios proposto por Parasuraman et al. (1985), que a Falta de

    comunicao ascendente. Isto pode ocorrer devido s comunicaes insuficientes entre

    funcionrios de contato e administradores ou devido ao fato de existirem demasiados nveis

    hierrquicos entre funcionrios de contato e alta administrao.

    Com relao s concessionrias, foi possvel realizar a anlise comparativa uma vez que

    houve concordncia no aspecto avaliador mais importante, Atendimento. Um aspecto do

    critrio Atendimento est inserido dentro da dimenso Competncia, nas questes que se

    referem ao quesito tcnico do atendimento (Tabela 1).

    6. CONCLUSES

    Os resultados da pesquisa identificam que, apesar de todas as dimenses terem apresentado

    valores positivos de correlao (Tabela 2), os recursos investidos na melhoria da Competncia

    tero maior efeito sobre a Satisfao Geral.

    O confronto sobre as vises da qualidade percebida a partir de stakeholders distintos

    identificou a existncia de um gap de percepo, pois se observou que cada uma das partes

    pesquisadas entende a qualidade percebida em relao ao servio de vendas de maneira

    distinta. Para o cliente a dimenso da qualidade de maior importncia a Competncia,

    enquanto que os vendedores e gerentes das concessionrias acreditam ser a Confiabilidade e a

    montadora entende que para cliente o mais importante a Cortesia.

    Algumas limitaes precisam ser apresentadas. As referncias feitas Lacuna 1 do modelo de

    lacunas da qualidade de servios proposto por Parasuraman et al. (1985), nos casos de

    divergncia de opinies entre os representantes da montadora devem ser mais investigadas em

    estudos futuros uma vez que os aspectos considerados so indicativos.

    O aspecto avaliador mais mencionado tanto pela montadora quanto pelas concessionrias foi

    o Atendimento, j a anlise dos aspectos priorizados, mostrou que para a montadora existe

    uma discordncia quanto ao item considerado de maior importncia para os dois

    entrevistados, impossibilitando deste modo uma anlise comparativa com a dimenso

    priorizada pelos clientes. J para as concessionrias o aspecto avaliador mais importante foi o

    Atendimento que se comparado dimenso Competncia, considerada a de maior

    correlao com a Satisfao para o cliente, percebe-se uma relao no que refere ao tcnico

    do atendimento.

  • 22

    Como recomendao a trabalhos futuros, sugere-se replicar o estudo em outras organizaes

    com caractersticas semelhantes, tornando-se possvel a comparao dos resultados com os

    obtidos neste estudo.

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    AUTORES

    Veridiana Rotondaro Pereira Mestre em Engenharia de Produo e Doutoranda Escola Politcnica da USP Departamento de Engenharia de Produo Av. Prof. Almeida Prado, 128 Tr.2 Binio 2 andar - 05508-900 So Paulo, SP, Brazil Phone (55 11) 3091 5363 Fax (55 11)3091 5399 e-mail [email protected] Jos Joaquim do Amaral Ferreira Doutor em Engenharia Escola Politcnica da USP Departamento de Engenharia de Produo Av. Prof. Almeida Prado, 128 Tr.2 Binio 2 andar - 05508-900 So Paulo, SP, Brazil Phone (55 11) 3091 5363 Fax (55 11)3091 5399 e-mail [email protected] Roberto Gilioli Rotondaro - Doutor em Engenharia Escola Politcnica da USP Departamento de Engenharia de Produo Av. Prof. Almeida Prado, 128 Tr.2 Binio 2 andar - 05508-900 So Paulo, SP, Brazil Phone (55 11) 3091 5363 Fax (55 11)3091 5399 e-mail [email protected] Marly Monteiro de Carvalho Professora Livre Docente Escola Politcnica da USP Departamento de Engenharia de Produo Av. Prof. Almeida Prado, 128 Tr.2 Binio 2 andar - 05508-900 So Paulo, SP, Brazil Phone (55 11) 3091 5363 - R 303 Fax (55 11)3091 5399 e-mail [email protected]