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Darcilia Simes,
Luiz Karol &Any Cristina Salomo
(orgs.)
PORTUGUSSEAPRENDECANTANDO
2007
Portugus se aprende cantando
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Copyrigth @ 2005 Darcilia SimesPublicaes Dialogarts
(http://www.darcilia.simoes.com)
Coordenadora/autora do volume:
Darcilia Simes [email protected] do projeto:Flavio Garca [email protected] de divulgao:Cludio Cezar Henriques: [email protected] e Reviso:Darcilia Simes [email protected]: Rogrio CoutinhoCentro de Educao e HumanidadesFaculdade de Formao de Professores DELEInstituto de Letras LIPOUERJ- DEPEXT SR3 - Publicaes Dialogarts2007
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Darcilia Simes, Luiz Karol e Any Cristina Salomo (orgs.)
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FICHA CATALOGRFICA
S407 Portugus se aprende cantando. Estratgias para oensino da lngua nacional.Darcilia Simes, Luiz Karol & Any Cristina Salomo.(orgs.)Rio de Janeiro: Dialogarts, 2007. p. 325Publicaes DialogartsBibliografia.
ISBN 978-85-86837-29-61. Lngua portuguesa. 2. Gramtica. 3. Ensino. 4.Semitica.
I. Simes, Darcilia - II. Luiz Karol III Any CristinaSalomo I - Universidade do Estado do Rio de Janeiro.II - Departamento de Extenso. III. Ttulo.
CDD.410.415
Correspondncias para:UERJ/IL - a/c Darcilia Simes
R. So Francisco Xavier, 524 sala 11.139-FMaracan - Rio de Janeiro: CEP 20 569-900
Contatos: [email protected]@globo.com
[email protected]: http://www.dialogarts.uerj.br
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EQUIPES DE PESQUISA DO PROJETO AMSICA E OENSINO
DE LNGUA PORTUGUESA(2004-2007):
PROGRAMA DE INICIAO CIENTFICANatlia Rocha Correia (UERJ/FAPERJ)Thas de Arajo da Costa (FAPERJ)Manuela Trindade Oiticica (Voluntria)Marilza Maia de Souza (Voluntria)Guilherme da Rocha Baslio (Voluntrio)
MESTRES E DOUTORANDOSAdriane Gomes FarahClaudia Moura da RochaIone Moura MoreiraLcia Deborah A. de Salles CunhaMarcelo Beauclair
Maria Nomi Freire da Costa Freitas
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AGRADECIMENTOS
Esta a sesso mais importante dessa obra e de qualquer obra. indispenssvel agradecer a Deus por nos dar vida e
intelignciapara que produzamos tudo o que necessitamos para nosso
confortoespiritual e material.
No plano das realizaes intelectuais, o esprito queenriquece.Muito mais rico se torna o esprito quando tem a oportunidade
de reunir-se com outros tantos na busca do aperfeioamentosociocultural.
Impem-se ento outros agradeimentos. equipe de trabalho que tornou possvel a existncia desse
livro.
Equipe complexa, contudo, nica nos seus propsitos decontribuir para a
subrea lngua portuguesa, oferecendo caminhos outros para aproduo
de aulas proficientes porque dinmicas e agradveis.H quem diga que aprender demanda sofrimento, mas se
possvelamenizar o sofrimento na direo da aprendizagem, por que
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no faz-lo?Assim sendo, agradecemos equipe de Iniciao Cientfica
bolsistas e voluntrios - Natlia Rocha Correia, Thas deArajo da Costa, Manuela Trindade Oiticica,
Marilza Maia de Souza e Guilherme da Rocha Baslio, quepropiciaram estudos compartilhados de grande valia para todos
ns, ao mergulharem na tarefade selecionar letras-de-msica e discutir-lhes a estruturao
verbal.Agradecemos aos alunos da turma de Mestrado 2004-1 -Adriane Gomes Farah
Claudia Moura da Rocha, Ione Moura Moreira, Lcia DeborahA. de Salles Cunha1
Marcelo Beauclair2e Maria Nomi Freire da Costa Freitas pelaousadia
das incurses semiticas em suas anlise, desafiando uma
discussoque era alvo de desconfiana de muitos, por fora da novidadeda abordagem.
Aos parceiros Luiz Karol e Any Cristina Salomo que vm nosacompanhando
na trajetria de explorao das letras-de-msica desde aproduo de Lngua e estilo de Elomar.
A todos, Muito Obrigada!
Rio de Janeiro, dezembro 2007Darcilia Simes
www.darcilia.simoes.com
1Doutoranda da turma 2006.2Doutorando da turma 2006.
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podem ficar de fora de qualquer estudo textual maisaprofundado.Por isso, aparecem letras-de-msica bastante diversificadasquanto ao uso lingstico, com vistas a propiciar no s ocontraste entre estruturas comunicativas semanticamentecorrespondentes apesar de estruturalmente distintas, mastambm a observao do tipo de sujeito sociocultural que semanifesta em tais textos, numa leitura semitica dos cenrios,dos contextos.A obra est a, disposio dos leitores.
A equipe de produo se pe ao dispor para futuras conversas.Boa leitura.Rio da Janeiro, 26 de novembro de 2007.
Darcilia M. P. SimesCoord do Curso de Doutorado em Lngua Portuguesa - UERJ
Representante Nacional na Federao Latino Americana de Semitica FELSMembro da Diretoria da Associao Internacional de Lingstica do Portugus -
AILPLder do GrPesq Semitica, Leitura e Produo de Textos SELEPROT CNPq
Coord do Projeto de Extenso Publicaes Dialogarts -UERJ
www.darcilia.simoes.com & www.dialogarts.uerj.br
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NDICE
NO ACASO DA CANO,ENSINA-SE A LNGUA7
( guisa de Prefcio) 7
Por que ensinar portugus com msica? 17
Sons: nas palavras e nas msicas 22
Extra, Extra! Uma abordagem fonolgica que ultrapassa os
muros da semntica. 28
S o me Uma abordagem lxico-fontica e semitico-estlstica. 32
S o me 32
Sodade, meu bem, sodade: lngua e cultura na letra demsica 36
Ai, palavras! Ai, palavras! Que estranha potncia a vossa! 42
Morfologia em A novidade e Nega do cabelo duro 50
A Novidade 58
A cura 66
Verbo tempo e posio 66
Funes e valores: a Morfossintaxe. 74
Timoneiro 77
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Alm do espelho 88
Mais uma vez o que 99
Mais Uma Vez 99
Faz parte do nosso show: reflexes sobre o emprego dospronomes oblquos no Brasil 104
Quando o sol se for 118
O quebra-cabea das formas e funes 128
A sorte cega 132
Estudando a formao dos significados e sentidos... 140
Lenda das sereias - Estudos Semnticos 144
Lavadeira do Rio 150
Metfora: o que se diz, o que se entende 155
Agora ou nunca: estudos semnticos, produo de textos eleitura 162
Quereres: o que quer, o que pode essa lngua! 168
O texto e as Individualidades 177
Cho de estrelas 179
Noite cheia de estrelas 181
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Somos ns 184
Somos ns 184
Suburbano corao 188
Linha de Passe 194
Madame Roquefort tambm tem approach 202
Vozes em Monte Castelo 207Outros Estudos 212
Um estudo semitico da lngua portuguesa a partir de letrasde Zeca Baleiro 213
Lenha 217
O parque de Juraci 219
Maldio 222
O hacker 224
Heavy Metal do Senhor 225
A msica na sala de aula: um espelho da lngua 229
Tempo de Dondon 238
Festa de Arromba 240
Malandragem d um tempo 241
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Intil 242
Asa Branca 243
Cuitelinho 243
To Seu 244
Rosa 245
Samba do Approach 246Arer 247
O mundo um moinho 248
As Rosas no Falam 248
Maria-fumaa o Brasil de Kleiton e Kledir 251
Maria Fumaa 252
Ensino de lngua materna: a msica como elemento deinterao e de apredizagem 260
Bola de Meia Bola de Gude 262
Msica e lngua portuguesa: uma parceria de sucesso 278
Deserana 285
Corban, de Elomar: uma toada entre a morte e a vida 292
Corban 294
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A versatilidade lingstica de Aldir Blanc*309
O Ronco da cuca 318
Carta de pedra 323
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Referncias bibliogrficas.SIMES, Darcilia. Consideraes sobre a fala e a escrita. Fonologia emnova chave. So Paulo: Parbola, 2006.VILELA, Mrio. (1995)Lxico e gramtica. Coimbra: Almedina.
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EXTRA,EXTRA!UMA ABORDAGEM FONOLGICA QUEULTRAPASSA OS MUROS DA SEMNTICA.
Pode-se dizer que a lngua um sistema abstrato que se apiabasicamente em quatro planos: fonolgico, morfolgico,sinttico e semntico. Entretanto, como meio de comunicao,outros traos devem ser considerados.A partir da letra de Gilberto Gil, Extra, regravada recentementepor uma banda de reggae, Cidade Negra, possvel trabalharcom oplano fonolgico, que diz respeito estruturao do somda fala, em um sistema de relaes opositivas e combinatriaspara a constituio dos signos de uma lngua. Contudo, como onosso objeto de estudo uma letra-de-msica, no poderemosexcluir totalmente certas caractersticas essenciais a esse tipode texto, como o estilo, que a apropriao dos recursosdisponveis no sistema para realar um discurso (Martins;2003; 1-3), e as possibilidades de significados explorados pela
semntica (conotao), que perpassa todos os planos da lngua.Assim sendo, apesar de neste captulo privilegiarmos o estudode um plano que concebe a lngua como um sistema abstrato,relacionaremos a este fatores que visam tambm ao processocomunicativo; voltando, dessa forma, a uma questo muitodiscutida desde a didtica diviso de Saussure (in Curso delingstica geral) entre lnguaefala.
Extra(Gilberto Gil - 1983)
Baixa (V. 1)Santo salvador (V. 2)Baixa (V. 3)Seja como for (V. 4)Acha (V. 5)Nossa direo (V. 6)Flecha (V. 7)Nosso corao (V. 8)Puxa (V. 9)
Baixa (V. 21)Santo ou orix (V. 22)Rocha (V. 23)Chuva, laser, gs (V. 24)Bicho (V. 25)Planta, tanto faz (V. 26)Brecha (V. 27)Faa-se abrir (V. 28)Deixa (V. 29)
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(Fragmento de Clari, de ElomarFigueira Melo)
O uso popular com duplo sentido (passando aochulo)
A malandro... vamos despertar essa veiapotica quevoc tem adormecida. vamos interar essarima a! masintera com carinho
cuidado pra no me comprometer!
Olha a rima o negocio rimar, olha rimaque d,olha rima, o negocio rimarPerigosa a rima que d!
(Fragmento de Olha a rima, de Dicr)
O estrangeirismoVenha provar meu brunchSaiba que eu tenho approachNa hora do lunchEu ando de ferryboat
(Fragmento de Samba do Approach, de Zeca Baleiro)
O uso popular
Se ela dana eu danoSe ela dana eu dano
Se ela dana eu dano,falei com o DJ
Pra fazer diferenteBotar chapa quente pra gente danarMe diz quem a menina que dana e
fascina
Que alucina querendo beijar
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(fragmento de Se ela dana, eu dano,de MC Leozinho)
Popular potico-metafrico
Garimpeira da beleza te achei na beirade voc me acharMe agarra na cintura, me segura e juraque no vai soltarE vem me bebendo toda, me deixandotonta de tanto prazerNavegando nos meus seios, mar partindo
ao meio, no vou esquecer.Eu que no sei quase nada do mardescobri que no sei nada de mimClara noite rara nos levando alm daarrebentaoJ no tenho medo de saber quem somosna escurido
(Fragmento de Eu que no sei quase nada do mar, de
Ana Carolina e Jorge Vercilo)
E nessa trilha, a msica brasileira se oferece ao estudo combeleza e exuberncia, permitindo ao estudante uma viagem pelapluralidade da fala brasileira que se reflete na produopotico-musical.Vamos aos estudos lexicais para entender os mecanismos deproduo e produtividade dos vocbulos em portugus,
mediante o levantamento de aspectos semnticos especficos,ao indispensvel tanto clareza da recepo, quanto preciso da produo textual.
Referncias bibliogrficas
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FONSECA, Fernanda Irene & Fonseca Joaquim. Pragmtica lingstica eensino do portugus. Coimbra: Almedina, 1990.GIL, Beatriz Daruj. O amor no lxico de canes populares. Inhttp://gel.org.br/4publica-estudos-2006/sistema06/999.pdfNEVES, M. H. M. Que gramtica estudar na escola?So Paulo: Contexto,2004.OLIVEIRA, Joo Batista Arajo e. Avaliao em Alfabetizao. Ensaio:aval. pol. pbl. Educ., Rio de Janeiro, v.13, n.48, p. 375-382, jul./set. 2005.
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MORFOLOGIA EM ANOVIDADEE NEGA DO CABELODURO
A morfologia nos permite observar a formao das palavras,como elas se estruturam, que conseqncias podem causar oacrscimo, a comutao ou a substituio de morfemas(mudanas de classe, ou significado, o que ocorre no acrscimode afixos, ou, como no caso das desinncias, mudana degnero, modo, tempo, nmero ou pessoa).Comearemos o estudo da morfologia atravs de duas msicas:
A novidade de Gilberto Gil e Nega do cabelo duro deDavid Nasser e Rubens Soares. Na primeira, daremos nfase anlise de substantivos e adjetivos, na segunda, daremos nfaseaos verbos.Partamos, ento, para os morfemas, iniciando por suadefinio.
Morfema - Menor unidade significativa que constitui oelemento ou elementos integrantes do vocbulo. Omorfema pode ter significao externa ou interna.
Significao externa refere-se ao mundoextralingstico, biossocial (morfema-lexical).
Significao interna refere-se a noes puramentegramaticais (morfema gramatical).
Os morfemas dividem-se em: radical, vogal temtica, afixos edesinncias.
Radical
Parte lexical de um vocbulo referente realidadeextralingstica. Corresponde ao elemento irredutvel, partecomum, de mesmo significado, de palavras de uma mesma
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vejamos: As meninas inteligentes estudam muito. As einteligentesconcordam com o substantivo meninasem gneroe nmero, uma vez que, esto subordinadas a ele; e a forma
verbal estudamconcorda em nmero e pessoa com o sujeitoAsmeninas inteligentes.Ao contrrio dos sufixos, as desinncias tm uso obrigatriocondicionado aos mecanismos de concordncia.Os morfemas desinenciais, responsveis pela marcao daconcordncia, dividem-se em nominaise verbais.
Sufixos flexionais nominais ou desinncias nominais
As nominais, por sua vez, subdividem-se em:
De gnero Morficamente utiliza-se a desinncia degnero feminino aem oposio ao morfema zero parao masculino. Ex: menina/ menino.
De nmero Efetuando comparao entre osvocbulospente/pentesverificamos que, enquanto oplural caracterizado pelo acrscimo do s, o singularno apresenta nenhuma desinncia especfica. Osingular , portanto, caracterizado pelo morfema zero eo plural pela desinncia de nmero plural s.
Sufixos flexionais verbais ou desinncias verbais
Estas se desdobram em dois tipos que cumulam noes: asnmero-pessoais, carreiam noo nmero e pessoa; e as modo-temporais indicam os tempos e modos durante conjugaoverbal.
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Desinncias modo temporais da primeira conjugaoPessoa Pres.
Ind.Pret.Imp.
Pret.Perf.
P.Mais-q- Perf.
Fut.Pres.
Fut.Pret.
Pres.Subj.
P.Imp.Subj.
Fut.Subj.
Inf.Pes.
1 P VA RA RE RIA E SSE R R
2 P VA RA RA RIA E SSE RE RE
3 P VA RA RA RIA E SSE R R
4 P VA RA RE RIA E SSE R R
5 P VE RE RE RIE E SSE R R
6 P VA RA R RIA E SSE RE RE
Desinncias modo-temporais da segunda conjugao
Pessoa Pres.Ind.
Pret.Imp.
Pret.Perf.
P.Mais-q- Perf.
Fut.Pres.
Fut.Pret.
Pres.Subj.
P.Imp.Subj.
Fut.Subj.
Inf.Pes.
1 P IA RA RE RIA A SSE R R
2 P IA RA RA RIA A SSE RE RE
3 P IA RA RA RIA A SSE R R
4 P IA RA RE RIA A SSE R R
5 P IE RE RE RIE A SSE R R
6 P IA RA R RIA A SSE RE RE
Desinncias modo-temporais da terceira conjugao
Pessoa Pres.Ind.
Pret.Imp.
Pret.Perf.
P.Mais-q- Perf.
Fut.Pres.
Fut.Pret.
Pres.Subj.
P.Imp.Subj.
Fut.Subj.
Inf.Pes.
1 P IA RA RE RIA A SSE R R
2 P IA RA RA RIA A SSE RE RE
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3 P IA RA RA RIA A SSE R R
4 P IA RA RE RIA A SSE R R
5 P IE RE RE RIE A SSE R R
6 P IA RA R RIA A SSE RE RE
Desinncias nmero-pessoais
Pessoa Pres.
Ind.
Pret.
Imp.
Pret.
Perf.
P.Mais-
q- Perf.
Fut.
Pres.
Fut.
Pret.
Pres.
Subj.
P.Imp.
Subj.
Fut.
Subj.
Inf.
Pes.1 P O I I
2 P S S STE S S S S S S S
3 P U
4 P MOS MOS MOS MOS MOS MOS MOS MOS MOS MOS
5 P IS IS STES IS IS IS IS IS DES DES
6 P M M RAM M M M M M M M
Comearemos a aprofundar nossos estudos em morfologia,utilizando-nos da letra A novidade de Gilberto Gil,
observaremos no s a estruturao dos vocbulos, comotambm as alteraes de significado e classe gramaticalprovocadas pelos acrscimos de afixos no vocbulo.
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ANOVIDADE(Gilberto Gil)
A novidade veio dar praia(v.1)Na qualidade rara de sereia (v.2)
Metade o busto de uma deusa Maia (v.3)Metade um grande rabo de baleia (v.4)
A novidade era o mximo (v.5)Do paradoxo estendido na areia (v.6)
Alguns a desejar seus beijos de deusa (v.7)Outros a desejar seu rabo pra ceia (v.8)
mundo to desigual (v.9)Tudo to desigual (v.10)
De um lado este carnaval (v.11)De outro a fome total (v.12)
E a novidade que seria um sonho (v.13)O milagre risonho da sereia (v.14)
Virava um pesadelo to medonho (v.15)
Ali naquela praia, ali na areia (v.16)A novidade era a guerra (v.17)Entre o feliz poeta e o esfomeado (v.18)Estraalhando uma sereia bonita (v.19)
Despedaando o sonho pra cada lado (v.20)
Anlise morfologica de alguns vocbulos:
Vocbulo Prefixo RadicalVogal
temticaDesinnciade gnero
SufixoDesinnciade nmero
Praia ----------- Prai- -a ----------- ----------- Sereia ----------- Serei- -a ----------- ----------- Busto ----------- Bust- -o ------------ ----------- Deusa ----------- Deus- ------------- -a ----------- Beijos ----------- Beij- -o ------------ ----------- -sMundo ----------- Mund- -o ----------- ----------- Desigual Des- Igual ----------- ----------- ----------- carnaval ----------- carnaval ----------- ----------- ----------- Sonho ----------- Sonh- -o ----------- -----------
Milagre----------- Milagr- -e ----------- -----------
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Guerra ----------- Guerr- -a ----------- ----------- Feliz ----------- feliz ----------- ----------- ----------- Poeta ----------- Poet- -a ----------- ----------- Bonita ----------- Bonit- ----------- -a -------------
Agora, podemos comparar sufixos e prefixos, observando amodificao que o acrscimo de cada um deles pode produzir.Os prefixos no alteram a classe da palavra como podemosobservar nos exemplos abaixo:
ADJETIVOS ADJETIVOS
Igual desigual(v.9)real irreal
honesto desonesto
fazer refazer
Os sufixospodem modificar a classe das palavras.
SUBSTANTIVOS ADJETIVOS
Sonho (v.13) sonhado
milagre (v.13) milagroso
Medo medonho (v.14)
Riso risonho (v.13)
ADJETIVOS SUBSTANTIVOSNovo Novidade (v.1)
Desigual (v.9) desigualdade
O falante de uma lngua pratica operaes mrficasinconscientemente. comum, aps uma explicao, ouvir-sedo aluno que ele nem sabia que sabia o que estava sendo
explicado. Isso corolrio da gramtica internalizada que todos
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temos em realo lngua materna (em especial).A produo de formas da lngua, seja para dar nomes ou paradescrever coisas, acontece de modo automtico. Ilustrando:
Voc s fala mentira, Joo! Voc um mentiroso!Observe-se que a mentira (coisa abstrata) de Joo fica maisforte quando transformada em qualidade do sujeito com oemprego da palavra mentiroso no lugar de mentira. O falanterealiza a derivao sem que pense sobre isso. Dessatransformao ainda se pode obter a informao de que osufixo pode ao criar palavra de classe diferente promovermudana sinttico-funcional. Retomemos as oraes:
Voc s fala mentira, Joo! mentira substantivoe objetode falar.Voc um mentiroso! mentiroso adjetivoe predicativode voc (pronome-sujeito).Aps esse breve estudo acerca da estruturao mrfica desubstantivos e adjetivos, vejamos a seguir a estruturao dosverbos.A lngua portuguesa vista como complexa pela maioria dosbrasileiros, e os verbos no se encontram fora desseimaginrio. So considerados complexos, principalmentequanto classificao de tempo e modo. A anlise a seguirserve para denunciar esse esteretipo e mostrar ao aluno aimportncia de se traar paradigmas e efetuar comparaes.
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Nega do Cabelo Duro(David Nasser e Rubens Soares)
Nega do cabelo duro (v.1)Qual o pente que te penteia?Qual o pente que te penteia?Qual o pente que te penteia?
Quando tu entras na roda (v.5)O teu corpo serpenteiaTeu cabelo est na moda:
Qual o pente que te penteia?
Misampli a ferro e fogo (v.9)No desmancha nem na areiaTomas banho em BotafogoQual o pente que penteia?
A msica Nega do cabelo duro (fruto de uma poca em que ono era preciso recorrer a formas politicamente corretas para
expressar idias sobre as coisas) gira em torno de duas idiasopostas: cabelo duro de pentear (cabelo ruim) & cabelonaturalmente penteado (cabelo bom). Por esse motivo o verbopentearse destaca ao longo da msica sendo repetido inmerasvezes. O verbo pentear ser nosso ponto de partida para umestudo morfolgico dos verbos. necessrio ressaltar que os verbos, em sua maioria, seguemum paradigma. Os verbos terminados em -ear, por exemplo, nopresente do indicativo se conjugam da seguinte forma:
Singular PluralEu penteioTu penteiasEle penteia
Ns penteamosVs penteaisEles penteiam
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Verbo RadicalVogal
temtica
Desinnciamodo-
temporal
Desinncianmero-pessoal
penteio pentei- -openteias pentei- -a -spenteia pentei- -a penteamos pente- -a -mospenteais pente- -a -ispenteiam pentei- -a -m
A epntese do [i] em meio ao ditongo -EAr da forma deinfinitivo decorrente de um fato fonolgico equivalente ao
que ocorrera historicamente com palavras como*europea > europia[1]; Andra > Andria, nas quais o ditongoEA era rejeitado pela nossa pronncia, e o [i] apareciaindependentemente da vontade do falante. Verifica-se entonas formas rizotnicas (com a slaba tnica no radical) ainsero do [i].(Nogueira, )
No podemos confundir os verbos terminados em -earcom osverbos terminados em -iar, que seguem este paradigma:
Singular PluralEu maquioTu maquiasEle maquia
Ns maquiamosVs maquiaisEles maquiam
Verbo Radical Vogal
temtica
Desinncia
modo-temporal
Desinncia
nmero-pessoalemaquio maqui- -omaquias maqui- -a -smaquia maqui- -a maquiamos maqui- -a -mosmaquiais maqui- -a -ismaquiam maqui- -a -m
H, no entanto, excees que contribuem para enriquecer ainda
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D ili Si L i K l A C i ti S l ( ) P t d t d
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KEHDI, Valter.Morfemas do portugus. 6 ed. So Paulo: tica, 2003LIMA, Carlos Henrique da Rocha. Gramtica Normativa da lnguaportuguesa. 42 ed Rio de Janeiro: Jos Olympio, 2002MONTEIRO, Jos Lemos. Morfologia Portuguesa. 4. ed. Campinas:Pontes, 2002.NOGUEIRA, Rodriogo de S. Dicionrio de verbos portuguesesconjugados. 6 ed. Lisboa: Livraria Clssica, s/d.
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ACURA
VERBO TEMPO E POSIO
A lngua portuguesa oferece inmeros recursos para que ocompositor, em sua letra, alcance o objetivo comunicativodesejado. Na msica A cura de Lulu Santos, veremos como otempo verbal e sua posio na orao podem modificar o focoe a intensidade da ao.
A CURA(Lulu Santos e Nelson Motta)ExistirEm todo porto tremularA velha bandeira da vidaAcenderTodo farol iluminar (V. 5)Uma ponta de esperanaE se virSer quando menos se esperar
Da onde ningum imaginaDemolir (V. 10)Toda certeza vNo sobrarPedra sobre pedraEnquanto issoNo nos custa insistir (V. 15)Na questo do desejoNo deixar se extinguir
Desafiando de vez a nooNa qual se crQue o inferno aqui (V. 20)ExistirE toda raa ento experimentarPara todo malA cura (V. 24)
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suspenso de um jogo ou evento combinado, em virtude de umdos colegas ter-se machucado.
Podemos propor duas verses para o bilhete: dando nfase ao jogo; dando nfase ao machucado do jogador.
Na prxima msica, continuaremos a explorar o emprego dasvozes verbais.
Referncias bibliogrficas:
CUNHA, Celso e Lus F. Lindley Cintra. Nova gramtica do portuguscontemporneo. 3 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.GARCIA, Othon M. Comunicao em prosa moderna: aprenda a escrever,aprendendo a pensar. 23 ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003.HENRIQUES, Cludio Cezar. Sintaxe portuguesa para a linguagem cultacontempornea. 3 ed. Rio de Janeiro: Oficina do autor, 2003.LIMA, Carlos Henrique da Rocha. Gramtica Normativa da lnguaportuguesa. 42 ed Rio de Janeiro: Jos Olympio, 2002
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FUNES E VALORES:A MORFOSSINTAXE.
E como ficou chato ser moderno. / Agora serei eterno. / Eterno! Eterno!O Padre Eterno, / a vida eterna, / o fogo eterno.
(Le silence ternel de ces espaces infinis m'effraie.) O que eterno, Yay Lindinha? / Ingrato! o amor que te tenho.Eternalidade eternite eternaltivamente / eternuvamos / eternissssimo
A cada instante se criam novas categorias do eterno.(fragmento Eterno.Carlos
Drummond de Andrade. In Fazendeirodo Ar. Rio de Janeiro:
Jos Olympio, 1954
Mais uma vez recorremos literatura para demonstrar aversatilidade de nossa lngua. Drummond, em seu poemaEterno, materializa o potencial morfossemntico dosvocbulos portugueses, por meio do verso Eternalidade eterniteeternaltivamente / eternuvamos / eternissssimo , em que o
radical etern- d origem a: eternalidade* substantivo abstrato derivado do
adjetivo eternal, que, por sua vez, derivado deeterno.
eternite* substantivo concreto (derivado do adjetivoeterno) designador de nomes mdicos em que o ite(suf. derivacional) significa inflamao (eternite seria
uma doena desejo de ser eterno) eternaltivamente * eterno + altivo + mente
formao que d margem a duas interpretaes:
a. (a) adjetivo + adjetivo + suf.adverbial = modode ser simultaneamente eterno e altivo;
b. (b) adjetivo + adjetivo + substantivo = mente
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(6) [quem me navega] [Subordinada Substantiva Subjetiva] de (5)
(7) [(Que) eu no sou de] [Principal] de (8)[Coordenada Sindtica Explicativa] de (6)
(8) [velejar] [Subordinada Substantiva Predicativa]
Num perodo complexo, as oraes se relacionam entre si. Porisso, uma mesma orao pode ser simultanemente classificadade mais de uma forma. Em outras palavras, numa srie de trsoraes, a segunda pode ser subordinada primeira, e principalem relao terceira. Depende de qual orao enfocamos.Para demonstrar o que afirmamos quanto simultaneidade defunes na classificao oracional, vamos analisar duas a duasas oraes dos versos selecionados. Dessa forma, ver-se- queuma determinada orao passa a ter mais de uma classificao.Tomemos aqui o seguinte exemplo:
(1) [(E) quanto mais remo]
[Subordinada Adverbial Proporcional] de (2)
(2) [mais rezo]
[Principal] em relao a (1) e (3)
(3) [pra nunca mais se acabar essa viagem]
[Subordinada Adverbial Final] de (2)
(4) [que faz o mar em torno do mar.]
[Subordinada Adjetiva Restritiva]
Utilizando outro trecho da msica, depreendemos tambm umperodo correspondente a partir do qual possvel uma ricaanlise dos processos de subordinao.
E quando algum me pergunta
Como se faz pra nadar
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Explico que eu no navego
Quem me navega o mar
Temos, ento:(1) [(E) quando algum me pergunta]
[Subordinada Adverbial Temporal] de (4)
[Principal] de (2)
(2) [como se faz]
[Subordinada Substantiva Objetiva Direta] de (1)
[Principal] de (3)(3) [pra nadar,]
[Subordinada Adverbial Final] de (3)
(4) [explico]
[Orao principal] de (1), (5), (6) e
[Coordenada Sindtica Aditiva] da orao englobada pelosversos 2 e 3.
(5) [que eu no navego,]
[Subordinada Substantiva Objetiva Direta] de (4)
(6) [quem me navega]
[Subordinada Substantiva Subjetiva] de (7)
(7) [ o mar]
[Principal] de (6).
[Coordenada Assindtica] de (5)
As oraes (4); (5); (6) e 7 podem ser dispostas da seguinteforma:
[Explico (que eu no navego)], [ o mar (quem menavega)]
[Coordenada Assindtica] [CoordenadaAssindtica]
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(Subordinada Substantiva Objetiva Direta) (Subordinada SubstantivaSubjetiva)
Neste ponto, podemos fazer analogia entre os constituintes
imediatos, da morfologia, e os perodos compostos porsubordinao e coordenao. Na morfologia, temos mais de umconstituinte numa palavra derivada ou numa composta. Setemos dois radicais, trata-se de composio; radical e afixos,derivao(Henriques: 2007, 113).Pode-se dizer, antes da concluso, que o principal liame entreas estrofes e oraes se materializa pela seleo lexical,concentrada em dois campos semnticos, cujos significados serelacionam graas s estruturas frasais escolhidas decoordenao e subordinao.
Concluso
Timoneiro uma letra que passeia tanto pelas possibilidades daregncia verbal, quanto pelos significados do lxico
empregado, para questionar as relaes existentes entre ohomem e seu destino, minorando as diferenas semnticasentre agente e paciente.
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ALM DO ESPELHO
Para tratar do texto Alm do Espelho, enfocamosprincipalmente os pronomes: reflexivos, indefinidos,substantivos, adjetivos e relativos. Destes, o pronome relativoquefoi analisado tambm sintaticamente. Ainda nos domniosda morfologia, discutimos as classes gramaticais verbo esubstantivo, atentado para a iconicidade.
Alm do Espelho(Joo Nogueira e Paulo Csar Pinheiro)
A vida sempre uma missoA morte, uma ilusoS sabe quem viveuPois quando o espelho bomNingum jamais morreu
Quando eu olho o meu olho alm do espelhoTem algum que me olha e no sou euVive dentro do meu olho vermelho o olhar de meu pai que j morreuO meu olho parece um aparelhoDe quem sempre me olhou e protegeuComo agora meu olho d conselhoQuando eu olho no olhar de um filho meu
A vida sempre uma misso (etc.)
Sempre que um filho meu me d um beijoSei que o amor de meu pai no se perdeuS de ver seu olhar sei seu desejoAssim como meu pai sabia o meuMas meu pai foi-se embora no cortejoE eu no espelho chorei porque doeuS que olhando meu filho agora eu vejoEle o espelho do espelho que sou eu
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utilizao desses pronomes contribui para a idia do texto deno se determinar exatamente quem reflete ou se v refletido.Conseqentemente, ao depararmos com substantivos que soacompanhados por pronomes indefinidos, vamos consolidandoa confuso de imagens que a letra sugere.Temos aqui exemplos de pronomes indefinidos explorados notexto e podemos perceber o grau de indeterminao que elesdo s sentenas.
Ningumjamais morreu Tem algumque me olha e no sou eu Todaimagem no espelho refletida Tem milfaces que o tempo ali prendeu * Todostm qualquer coisa repetida
Pronomes substantivos e pronomes adjetivos
Os pronomes indefinidos, assim como todos os pronomes,
recebem a classificao de Pronome Substantivo e PronomeAdjetivo, podendo variar em funo do contexto frasal.
Pronome substantivo substitui um substantivo, representando-o. Pronome adjetivo acompanha um substantivo, determinando-o.
Retomando a definio de pronome indefinido (aqueles que ou
acompanham o substantivo sem que o determinem de formaprecisa ou substituem um substantivo trazendo consigo altacarga de indeterminao), pode-se identificar quais dospronomes indefinidos explorados tm funo substantiva equais tm funo adjetiva.
Ningumjamais morreuPronome substantivo
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Tem algumque me olha e no sou euPronome Substantivo
Todaimagem no espelho refletidaPronome Adjetivo (determina o substantivo imagem)
Expandindo a classificao para os demais pronomes do texto,temos as seguintes ocorrncias:
S sabe quem viveuPronome Substantivo
Quando eu olhoPronome Substantivo
O meu olho alm do espelhoPronome Adjetivo
Tem algum que me olhaPronome Substantivo
Tem algum que me olhaPronome Substantivo
O meu olho parece um aparelho de quem sempre me olhouPronome Substantivo
Pronome relativo QUE.
O estudo dos pronomes neste texto no se restringe aos casos
de pronome reflexivo e de pronome indefinido. possveltambm o estudo dos pronomes relativos aqueles que sereferem, de regra geral, a um termo anterior atravs daanlise da partcula que, em uso pronominal. Sabendo que essapartcula pode ser pertencer a diversas classes gramaticais:depender de sua funo na frase, selecionamos trechos em queaparece na categoria de pronome relativo. Retomando, termos:
[Tem algum] [queme olha]
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Diviso em dois perodos:Tem algum. Algum me olha.
Termo expresso na primeira orao e retomado na segundapelo pronome que:Algum.
[ o olhar de meu pai] [quej morreu]Diviso em dois perodos: olhar de meu pai. Meu pai jmorreu.
Termo expresso na primeira orao e retomado na segundapelo pronome que:Meu pai.
[Ele o espelho do espelho] [quesou eu]Diviso em dois perodos:Ele o espelho do espelho. O espelhosou eu.
Termo expresso na primeira orao e retomado na segundapelo pronome que: O espelho.
[Tem mil faces] [que o tempo ali prendeu]Diviso em dois perodos:Tem mil faces. O tempo ali prendeumil faces.
Termo expresso na primeira orao e retomado na segunda pelo pronomeque:Mil faces.
[Vou cumprir a misso] [que Deus me deu]Diviso em dois perodos:Vou cumprir a misso. Deus me deu amisso.
Termo expresso na primeira orao e retomado na segunda
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pelo pronome que:A misso.
Chama-se antecedente o termo que o pronome relativo retomae substitui na orao subordinada e a funo sinttica exercida
pelo antecedente em nada influencia a funo sinttica dopronome relativo: so independentes. Todavia, com exceo dopronome relativo cujo, que concorda com o termo dasubordinada a que est ligado, os pronomes relativos, emborainvariveis. conservam o gnero e nmero do antecedente: Ohomem que foi seguidoera baixo :: A mulher que foi seguidaera alta.
a) Tem algum // que me olha
antecedente (=algum)
CG vb pron. indef. pron. relat. pron. pessoal vb
FS n.p. o.d. // suj./conec. o.d. n.p.
b) o
olhar
de meu pai // que j morreu
antecedente (=meupai)
CG vb art. +
subst
prep. pron.
poss.adj.
subst. pron. rel. adv. vb
FS n.p. pred.
suj.
conec. adj. adn. adj.
adn.
// suj./conec. adj.adv. n.p.
c) Ele o
espelho
de o espelho // que sou eu
antecedente (= o
espelho)
CG pron.
subst.
vb art +
subst.
prep. art + subst. pron. rel. n.p. pron.
subst.
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FS suj n p pred conec adj adn // suj /conec vb pred
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FS suj. n.p. pred.
suj.
conec. adj. adn. // suj./conec. vb pred.
suj.
d) Tem mil faces // que o tempo ali prendeu
antecedente (=mil faces)
CG vb num. subst. pron. rel. subst. adv. vb
FS n.p. adj.adn. o.d. obj. dir/conec. sujeito adj. adv. n.p.
e) Vou cumprir a misso // que Deus me deu
antecedente (=a misso)
CG vb art. + subst. pron. rel. subst. pron. pess. vb
FS n.p. obj. dir. obj. dir/conec. sujeito obj. ind. n.p.
Mediante o uso desses esquemas, percebe-se que, mesmoquando so coincidentes, no h relao entre a funosinttica do pronome relativo e a do seu antecedente, mas omais importante que a funo sinttica (FS) e a classegramatical (CG) mantm uma relao de constanteinterdependncia. Em outras palavras, a funo sinttica dencleo do sujeito, do objeto direto e do indireto, ser sempreexercida por um nome ou pronome substantivo; artigos,numerais, nomes e pronomes adjetivos exercero sempre afuno de adjunto adnominal; advrbios, de adjunto adverbial;preposio e conjuo, de conectivo; verbo, quando com
significao plena, de ncleo do predicado, quando de ligao,exercer funo semelhante aos conectivos. A interjeio umcaso parte, cujo estudo poder ensejar uma reflexo sobre avalidade da classificao gramatical.Um trabalho produtivo construir uma tabela como a seguinte,distribui-la para os alunos para que a completem:
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Classe gramaticalCG)
Funo sinttica(FS)
Exemplos Propriedades
adjetivo
advrbio
artigo
conjuno
interjeio
numeral
preposio
pronome
substantivo
verbo
O aluno, sob a superviso do docente, dever, a partir dosexemplos dados diariamente em sala de aula, construir a tabelae utiliz-la sempre em suas atividades. Olhando-se o exemplo(c) acima, poderia o aluno preencher a linha referenta preposio, da seguinte forma:
Classe gramaticalCG)
Funo sinttica(FS)
Exemplos Propriedades
preposio conectivo de Junta-se com oartigo (de + o =do),Transforma osubstantivo emadjunto adnominal.
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vez que explora a idia de espelho mediante a repetio do
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Plasticidade
A seleo vocabular tambm incide sobre a questo do
espelhamento, pois ela apresenta muitas repeties que, quandocolocadas no mesmo verso ou em versos prximos, sugerem aimagem repetida que se forma quando algum est diante deum espelho. Com isso, temos contemplada a noo deplasticidade, definida como propriedade da matria de adquirirformas sensveis a partir de uma imagem sugerida aoobservador (SIMES, 1994). interessante perceber como as diferentes classes gramaticaisdos vocbulos derivados do radical olh- contribuem para aformao da simetria entre os corpos refletidos, como se umverbo se refletisse em substantivo que se refletisse num verboetc.
a) Quando eu olho o meu olho alm do espelho Verbo; Substantivob) Tem algum que me olha e no sou eu Verboc) Vive dentro do meu olho vermelho Substantivod) o olhar de meu pai que j morreu Substantivoe) O meu olho parece um aparelho Substantivof) De quem sempre me olhou e protegeu Verbog) Como agora meu olho d conselho
Substantivoh) Quando eu olho no olhar de um filho meu Verbo; Substantivo
Concluso
Alm do Espelho pode ser considerado um texto que,estilstica e sintaticamente, se justifica pelo prprio ttulo, uma
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vez que explora a idia de espelho, mediante a repetio doradical olh-, pois essas so as duas idias imediatamenteassociadas palavra espelho: olhar e repetir. Afinal, o espelhono repete e nos devolve a nossa imagem?Com relao ao emprego da partcula que, veja o prximoestudo que foi desenvolvido a partir da letra Mais uma vez,de Renato Russo.
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KURY, Adriano da Gama. Novas lies de anlise sinttica. 7 ed. SoPaulo: tica, 1997.
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QUANDO O SOL SE FOR
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CUNHA, Celso. Lngua Portuguesa e realidade brasileira. 7 ed. RJ:Editora Tempo Brasileiro, 1977.
BAGNO, Marcos. Portugus ou Brasileiro? um convite pesquisa. 4 ed. So Paulo: Parbola Editorial, 2004.CUNHA, Celso e Lindley Cintra. Nova gramtica do portuguscontemporneo. 3 ed. RJ: Nova Fronteira, 2001.
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QUANDO O SOL SE FOR
Um assunto tratado pela maioria das gramticas atuais diz
respeito (in)dependncia entre morfologia e sintaxe. Sabe-seque morfologia o estudo dos processos de estruturao daspalavras, dos morfemas (unidades mnimas significativas) ecompreende os processos de formao, flexo e classificaodas palavras; ao passo que a sintaxe o estudo dorelacionamento que as palavras mantm entre si na orao, ouseja, o estudo da frase e sua organizao (Cmara Jr. s.u.),que, por sua vez, serve de base para o estudo da relao que asoraes mantm entre si no perodo. (Henriques, 2003: 29).Depreende-se, portanto, que a separao entre morfologia esintaxe pode ser considerada inadequada (quando tomada comoprocedimento geral), visto que, no caso da concordncia, porexemplo, tanto verbal quanto nominal, o fenmeno sinttico sematerializa em interao com o plano morfolgico, pois tantoh alterao das palavras por flexo, quanto h alteraes
sintticas, em decorrncia da escolha dos vocbulos utilizados,para que haja harmonia no enunciado, segundo a gramtica dalngua.Segundo a NGB, h dez classes gramaticais: verbo,substantivo, adjetivo, pronome, advrbio, numeral, artigo,conjuno, preposio e interjeio, sendo invariveis somenteos advrbios, conjunes, interjeies e preposies, salvo oscasos de substantivos como lpis, trax; adjetivos como
simples; pronomes como eu, tudo, quem e numerais como trs,que tambm no se submetem a processos de flexo (Ib. 2003:15).A NGB reconhece tambm onze funes sintticas: sujeito,predicado, predicativo, objeto direto, objeto indireto, agente dapassiva, complemento nominal, adjunto adverbial, adjuntoadnominal, aposto e vocativo (Ib. 2003: 16) .Em relao orao e aos termos que a compem, estes se
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distribudos categorias sintticas. Como se v, um exercciode decomposio da frase.Assim se constitui a sintaxe E como disse Gladstone Chaves
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ASORTE CEGA
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Assim se constitui a sintaxe. E, como disse Gladstone Chavesde Melo, a operao da anlise sinttica no pode ser encarada
como um bicho-de-sete-cabeas. Portanto, a viagem quefaremos pela estruturao sinttica de letras-de-msicapretende orientar o raciocnio dos estudantes quanto necessidade de entendimento da organizao textual e dosrecursos usados pelos compositores para mais bemexpressarem suas idias.
Referncias bibliogrficas.
CMARA Jr. J. Mattoso da.Dicionrio de Lingstica e Gramtica. 8 ed.Petrpolis: Vozes. 1978.MELO NETO, Joo Cabral de. A educao pela pedra. Rio de Janeiro: JosOlympio. 1979, p.26
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A simplicidade da anlise sinttica
Para vencer prevenes iniciais, vou dizer muitodespachadamente que quem entende o que ouve ou o que l,
analisa. (Gladstone Chaves de Melo, 1971: 17-18)
A maioria dos alunos considera a sintaxe algo extremamentecomplexo, de difcil compreenso. Seu aprendizado pode, noentanto, se tornar mais prazeroso se mtodos mais dinmicosforem utilizados. A partir da msica A sorte cega de LuizGonzaga, veremos como pode ser mais simples explicar o que uma orao e como ela se estrutura.
A SORTE CEGA.Luiz Gonzaga
Meu amor quando no te vejo (v.1)Fico a suspirar (v.2)
Por que tu no v, (v.3)Que eu vivo a te esperar (v.4)
Passarinho, na gaiola, vive sempre a cantar (v.5)Passa fome, passa sede (v.6)
Sem pedir, sem reclamar, (v.7)Mas existe a diferena (v.8)Passarinho eu no sou, (v.9)
Minha fome e minha sede (v.10) teu carinho teu amor (v.11)
Dizem que a sorte cega (v.12)S agora acreditei (v.13)Por que tu gosta de mim (v.14)Meu amor isso eu no sei (v.15)
Se ao menos eu pudesse alimentar esta iluso (v. 16)Que ficou dentro de mim (v.17)Machucando o corao. (v.18)
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2) Dizem que a sorte cega (v.12)Pergunta-se:
Quantos e quais so os processos representados?
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no vque eu vivo a teesperar
[Orao Subordinada Substantiva Objetiva Direta]
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Q q p pR: So dois: dizem e
Qual a ao principal?R: Dizem Que pergunta pode ser feita para ser respondida com a
orao que a sorte cega?R: O que dizem?
Assim, temos a seguinte estrutura:
Dizem que a sorte cegaOrao principal Orao Subordinada Substantiva Objetiva Direta
3) Por que que tu no v que eu vivo a te esperar (v.e e v.4)
Pergunta-se:
Quantos e quais so os processos representados nesse perodo?
R: So trs: ve vivo a esperar. Nesta orao a locuo queexpletiva, de realce, visto que pode ser retirada sem alterar o
significado da pergunta: Por que tu no v que eu vivo a teesperar?.
Qual a ao principal?
R: v
Que pergunta poderia ser feita para ser respondida com a oraoque eu vivo a te esperar?
R: O que que tu no v?
Assim, tem-se a seguinte estrutura:
Por que ( que) tu [Orao principal]
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ate esperar [Orao Subordinada Adverbial Modal Reduzida deInfinitivo]
4) Por que tu gosta de mim meu amor isso eu no sei (v.14 e 15)
Pergunta-se:
Quantos e quais so os processos representados nesse perodo?
R: So dois: gostae sei.
Qual a ao principal?
R: No h.
Como podemos ento analisar o fragamento, visto que h ligaoentre as duas oraes?
R: Macedo (1991, 296) elucidativo ao dizer que o apostopode se referir a uma orao inteira, assim, temos:[isso eu no
sei]
[Por que tu gosta
de mim, meuamor,]
Orao absoluta
isso OD direto de seiOrdem DiretaEu no sei
= Por que tu gostade mim, meuamor,
Aposto resumitivo de Por quetu gosta de mim, meu amor,
O elemento coesivo entre as duas oraes o pronomedemonstrativo isso que, ao mesmo tempo, serve de objetodireto para a orao em que se encontra e de aposto para a
primeira orao.
Nessa letra, como emA curainvertemos a ordem para facilitara compreenso. No entanto, o falante pode se utilizar tanto daordem direta quanto da ordem inversa. Para ficar mais claro: ha ordem lgica que sujeito + verbo + complemento,conhecida como ordem direta (OD) e h a ordem psicolgica,
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Darcilia Simes, Luiz Karol e Any Cristina Salomo (orgs.)
contemporneo. 3 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.GARCIA, Othon M. Comunicao em prosa moderna: aprenda a escrever,aprendendo a pensar. 23 ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003.
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ESTUDANDO A FORMAO DOS SIGNIFICADOS ESENTIDOS...
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HENRIQUES, Cludio Cezar. Sintaxe portuguesa para a linguagem cultacontempornea. 3 ed. Rio de Janeiro: Oficina do autor, 2003.MACEDO, Walmrio.Anlise sinttica em nova dimenso. 5 ed.. Rio dejaneiro: Presena edies, 1991
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Avio sem asa, fogueira sem brasaSou eu assim sem voc
Futebol sem bola. Piu-Piu sem FrajolaSou eu assim sem voc
(Fragmento de Fico Assim sem voc,de Adriana Calcanhoto)
O mundo dos significados deslumbrante e sinistro a um stempo. Isso porque inusitado, flcido, extravagante. Tudopode se tudo e nada. Das palavras se faz o mundo, e o mundo
faz as palavras. Esse o movimento semntico. O processo deconstruo de significados, de valores. De organizao deidias embrulhadas ou encaixotadas em palavras temporrias.O fragmento da letra de Adriana Calcanhoto d mostras decomo podemos transformar o mundo a partir do que fazemoscom as palavras. O eu lrico se redefine a cada verso na letra deCalcanhoto.As palavras so matria voltil. Podem tudo!As palavras de uma lngua so propriedade coletiva. Soressignificadas o tempo todo, por fora do seu uso cotidiano ede sua amoldagem aos anseios de dizer de todos ns e de cadaum de ns.Estudamos semntica com o objetivo de mergulhar no mundodos significados e descobrir como se compem os valores quese inscrevem nas palavras e passam a constituir o nosso
cotidiano. As palavras ganham fora e se tornam emblemticasem determinadas situaes.A Semntica o plano da anlise lingstica que se ocupa dosignificado. Por conseguinte, a parte dos estudos lingsticosque suscita mais discusses pela interface ampla que mantmcom a Filosofia.Mas uma vez o poeta vem iluminar nossa reflexo.
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Darcilia Simes, Luiz Karol e Any Cristina Salomo (orgs.)
leitor no sentido de deixar-lhe claro que a semntica umcampo frtil para ricos estudos e que vale a pena adentrar-lhe.A esta altura de nosso livro, verifica-se o atingimento do mais
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LENDA DAS SEREIAS -ESTUDOS SEMNTICOS
I i i l t t d li ti ti i t
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alto plano da anlise lingstica. Nesse plano fica comprovado
definitivamente o princpio da economia lingstica. O fato deuma mesma forma lingstica poder significar coisas distintas,segundo o contexto em que se realiza torna a lngua cada vezmais rica e verstil.
Referncias bibliogrficas
BRAL, Michel. Ensaio de semntica. Cincia das significaes. SoPaulo: Pontes/ Educ.1992.
MOKVA, Ana Maria Dal Zott. Semntica na sala de aula. Erecehim/RS:Edifapes, 2002.OGDEN C. K. & RICHARDS I. A. O significado do significado. Estudosobre a influncia da linguagem sobre o pensamento e sobre a cincia dosignificado. Rio de Janeiro: Zahar Editores,1972.
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Inicialmente, os estudos lingsticos tiveram seus interesses
voltados para os conhecimentos relativos aos campos dafonologia, da morfologia e da sintaxe. O mesmo, porm, noocorreu com os estudos semnticos, que continuaram sendopouco aprofundados, seja por falta de material seja por falta deesclarecimento, quanto ao seu principal objeto de estudo: osignificado. (cf. Marques, 1990: 7).Isso se deveu, em parte, falta de consenso em relao aosconceitos de significao e sentido, como postula Marques
(1990) na introduo de seu livro intitulado Iniciao Semntica. J se sabe, contudo, que a Semntica pode darconta de aspectos que transcendem o plano gramatical estrito,uma vez que ela sai do nvel do vocbulo e alcana at mesmoo nvel da imagem (cf. Simes, 2004:17). Nas palavras deSimes (2004) a funo lexicolgico-semitica faz daspalavras (signos atualizados em contextos frasais) signosevocadores de imagens.Dada a relevncia dos estudos semnticos com vistas aenriquecer a compreenso de textos, sobretudo os textospoticos, procuramos contribuir com alguns exemplos deestudos que privilegiam o significado das palavras e, porconseguinte, como pode se dar o funcionamento delas em umtexto.Vejamos, ento, uma proposta de anlise da letra-corpusque
se segue:
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Darcilia Simes, Luiz Karol e Any Cristina Salomo (orgs.)
SIMES, Darcilia. cones e ndices na Superfcie Textual. In: DarciliaSimes (org.) Estudos semiticos. Papis avulsos. Rio de Janeiro:Dialogarts, 2004. Disponvel em http://www.darcilia.simoes.comSIMES, Darcilia. De quando a escolha das palavras novelo no
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LAVADEIRA DO RIO
Seleo Vocabular no ato de se produzir textos
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labirinto do texto. Palestra no VI Seminrio de Lngua Portuguesa:
Leituras e Leitores. Publicao da Secretaria Municipal de Educao do Riode Janeiro, 2002. [p. 26-39] Disponvel emhttp://www.darcilia.simoes.com/textos.htm
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Seleo Vocabular no ato de se produzir textos
A seleo e a combinao de palavras so ingredientes queno podem faltar a um redator no ato de se produzir textos,pois a partir dessas operaes que os textos tornar-se-ocoesos e coerentes.Para tanto, necessrio que sejam selecionados elementostextuais que mantenham uma relao semntica de modo quepossibilitem a organizao das palavras e das expresses
escolhidas em grupos afins, chamados grupos semnticos(SIMES, Estudos Semnticos, n6).A partir da letra selecionada, Lavadeira do rio, de Lenine eBrulio Tavares, procuramos demonstrar o modo como otrabalho da seleo vocabular influencia diretamente na relaode sentido entre as palavras e expresses, alm de darmos umaateno especial s palavras que remetem fala despreocupadado dia-a-dia, com o objetivo de apontar a riqueza de
expressividade do nosso idioma, sobretudo, nos camposfonolgico, estilstico e semntico.
Msica: Lavadeira do Rio(Lenine/ Brulio Tavares)
A lavadeira do rio (v.1)Muito lenol pra lavar (v.2)Fica faltando uma saia (v.3)
Quando o sabo se acabar (v.4)Mas corra pra beira da praia (v.5)
Veja a espuma brilhar (v.6)Oua o barulho bravio (v.7)Das ondas que batem (v.8)
Na beira do mar. (v.9)Refro
! O vento soprou! (v.10)
! A folha caiu! (v.11) ! Cad meu amor? (v.12)
Que a noite chegou fazendo frio. (2x)(v.13) Rita, tu sai da janela (v.14)
Deixa esse moo passar (v.15)Quem no rica e bela (v.16)No pode se descuidar (v.17)
Mas, Rita, tu sai da janela (v.18)Que as moa desse lugar (v.19)Nem se demora donzela (v.20)Nem se destina a casar. (v.21)
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Darcilia Simes, Luiz Karol e Any Cristina Salomo (orgs.)
HENRIQUES, Claudio Cezar. Sintaxe Portuguesa para a Linguagem CultaContempornea. 3 ed. Revista. Rio de Janeiro: Oficina do Autor, 2003.MESQUITA, Roberto Melo. Gramtica da Lngua Portuguesa. So Paulo:Saraiva, 1994.SIMES, Darcilia. Sobre Produo de Leitura. Estudos Semnticos n7.
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QUERERES:O QUE QUER,O QUE PODE ESSA LNGUA!
OQUERERES
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Disponvel em http://www.darcilia.simoes.com .
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(Caetano Veloso)
Onde queres revlver soucoqueiro,
onde queres dinheiro sou paixoOnde queres descanso sou desejo,e onde sou s desejo queres noE onde no queres nada, nada falta,e onde voas bem alta eu sou o cho
E onde pisas no cho minha almasalta,e ganha liberdade na amplido.
Onde queres famlia sou maluco,E onde queres romntico, burgusOnde queres Leblon sou Pernambuco,e onde queres eunuco, garanhoE onde queres o sim e o no,
talvez onde vs eu no vislumbrorazoOnde queres o lobo eu sou o irmo,e onde queres cowboy eu sou chins.
Ah, bruta flor do querer, ah, bruta flor,bruta flor
Onde queres o ato eu sou o esprito,
e onde queres ternura eu sou tesoOnde queres o livre decasslabo,e onde buscas o anjo eu sou mulherOnde queres prazer sou o que di,e onde queres tortura, mansidoOnde queres o lar, revoluo,e onde queres bandido eu sou o heri.
Eu queria querer-te e amar o amor,construrmos dulcssima priso
E encontrar a mais justaadequao,
tudo mtrica e rima e nunca dorMas a vida real e de vis,e v s que cilada o amor me armouE te quero e no queres como sou,no te quero e no queres como s.
REFRO
Onde queres comcio, flipper vdeo,e onde queres romance, rock'nrollOnde queres a lua eu sou o sol,
onde a pura natura, o inseticdeoE onde queres mistrio eu sou a luz,onde queres um canto, o mundointeiroOnde queres quaresma, fevereiro,e onde queres coqueiro eu sou obus.
O quereres e o estares sempre a fimdo que em mim de mim to desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal,bem a ti, mal ao quereres assimInfinitivamente pessoal,e eu querendo querer-te sem ter fimE querendo te aprender o total doquerer que h e do que no h emmim.
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Darcilia Simes, Luiz Karol e Any Cristina Salomo (orgs.)
O passe da estilstica j lhe foi dado. Boa viagem!
Referncias bibliogrficas:
CAMARGO, Thas Nicoleti de .A sonoridade das palavras. In Noutras
palavras Folha de So Paulo 01/07/2005 disponvel emhttp://www1 folha uol com br/folha/colunas/noutraspalavras/ult2675u24 sht
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SOMOS NS
Os recursos semnticos como anttese e campo semnticoforam explorados nesta letra de maneira a mostrar comocontribuem estilisticamente para a compreenso do texto
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palavras. Folha de So Paulo, 01/07/2005. disponvel emhttp://www1.folha.uol.com.br/folha/colunas/noutraspalavras/ult2675u24.shtmlCRUZ E SOUSA. Poesia Completa. Florianpolis: Fundao Catarinensede Cultura, 1981.DAMAZO, Francisco Antnio Ferreira Tito. Sobre Catar Feijo, de JooCabral de Melo Neto.MELO NETO, Joo Cabral de.Poesias completas. 3.ed. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1979.SIMES, Darcilia & PEREIRA, Juliana T.Novos estudos estilsticos de I-Juca-Pirama. Incurses
semiticas. Rio de Janeiro: Publicaes Dialogarts, 2005. Disponvel emwww.dialogarts.uerj.br/arquivos/jucapirama2005.pdf
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contribuem estilisticamente para a compreenso do texto.
SOMOS NS(Wanderley Monteiro, Mrio Lago Filho e Paulo Castro
Cada samba que nasce encantamentoUm breve momento acordando o pas
O samba um canto de paz embalando o lamentoUm grito a mais reforando a raiz
Cada samba que brota a flor mais formosaA rosa jogando perfume na dorSempre que um samba floresce
A esperana aparece pelas mos do compositor
E o samba se apresenta no valor das melodiasRimas que o poeta inventa
Prazeres e melancoliasTantas tristezas maquiadas
Nos disfarces lindos truquesQuantas paixes embaladas
Pelos mgicos batuques
Somos mensageiros de vocsMistura de loucura e lucidez
Somos todo mundo e cada umTodos os lugares, lugar nenhum
Por isso quando um samba enfeitar a voz
Aplaudam, pois o samba somos ns
Anttese
Analisando as definies dadas para se referir a samba,notamos que a busca pela abrangncia do termo, o que se
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pelos sentidos deflor.Uma outra explorao de campo semntico encontrada no textonos fala de certa faculdade de enfeite ou fantasia, a qual concluda com maestria no penltimo verso do texto.
Cada samba que nasce encantamentoA j d f d
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SUBURBANO CORAO
Detemo-nos em aspectos morfolgicos para identificar osrecursos de estilo que o autor utilizou para dar expressividadeao seu texto, para tanto, analisamos aspectos verbais e a relao
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q A rosa jogando perfumena dor Tantas tristezas maquiadas Nos disfarces lindos truques Pelos mgicos batuques Por isso quando um samba enfeitar a voz
Concluso
Em Somos ns, percebemos que os campos semnticos so asmargens que delineiam as possibilidades estilsticas do texto.Isso mostra que a escolha de um outro vocbulo deve sersempre bastante criteriosa quando, mais do que transmitir umamensagem, uma letra preocupa-se em como fazer essatransmisso. Veremos novamente essa escolha criteriosa emSuburbano Corao.
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ao seu texto, para tanto, analisamos aspectos verbais e a relaosubstantivo / adjetivo. A fonologia mostrou-se uma boa fontede anlise estilstica, assim como a semitica, que muito nosvaleu para demonstrarmos a iconicidade presente no texto.
Suburbano corao(Chico Buarque)
Isso no so horas, que horas so?
Isso no so horas, que horas so?A casa est bonitaA ltima visita
Balanam os cabidesO amor vai pr os ps
Ser que o amor se sente em casaSer que vai deixar cairQuando aumentar a fitaQue a dona tem visita
Se enroscam persianasO amor est tocandoSer que o amor no tem programa
Mulher virando no sofO amor j vai emboraSer que no reparaQue tanta cerimnia
Vergonha do seu coraoQuem vem l, corao?Quem vem l, corao.
Quem vem l, corao?
Quem vem l, corao.A dona est demaisQuanto tempo faz
Lustres se acenderoNo conjugado coraoOu vai sentar no cho
A brasa no tapete coraoAs lnguas vo falar
E nunca vai casar
Louas se partiroO suburbano coraoOu ama com paixo
Sof virando cama coraoOu perde a conduo
A desarrumaoSe a dona j no tem
Isso no so horas, que horas so?Isso no so horas, que horas so?
Sobre o ttulo
O ttulo principia um processo de interveno entre aquele queporta o corao e o prprio corao. Assim, os atributos doprimeiro sero, automaticamente, os atributos do segundo; ouseja, o corao de um suburbano ser, como tal, suburbano.
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dessa mulher. A repetio, portanto, dessas massas fonolgicassemelhantes confirmam a confuso, a interveno sugeridapelo texto.
Concluso
S b b C d l i id d
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LINHA DE PASSE
A letraLinha de Passe analisada luz de recursos estilsticos,que do conta da expressividade e da singularidade do texto. Aseleo vocabular, processos de substantivao, assonncia e
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Suburbano Coraorequer das palavras sua maior capacidadeassociativa, pois nela que se apia para fazer o jogo devnculos entre casa e mulher. A fora das palavras certamentea base da estilstica e, a partir disso, percebemos que a escolhavocabular muitas vezes o que define o prprio texto. Na letraa seguir, Linha de passe, a escolha vocabular se mostra maisuma vez como um recurso que d ao texto grandeexpressividade.
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aliterao foram os principais assuntos abordados nessetrabalho que levantou ainda, atravs da semitica, questes deplasticidade.
Linha de Passe(Aldir Blanc e Joo Bosco)
Toca de tatu, lingia e paio e boizebu
Rabada com angu, rabo-de-saiaNaco de peru, lombo de porco com
tutuE bolo de fub, barriga d'guaH e no balaio tem tambm
Um som bordo bordando o som,dedo, violao
Diz um diz que viu e no balaio viu
tambmUm pega l no toma-l-d-c, do
sambaUm caldo de feijo, um vatap, e
coraoBoca de siri, um namorado e um
mexilhogua de benz, linha de passe e
chimarro
Babalua, rabo de arraia e confuso...Eh, yeah, yeah...Cana e cafun, fandango e cassul
Sereno e p no cho, bala, candomblE o meu caf, cad? No tem, vai po
com po
J era Tirolesa, o Garrincha, aGaleria
A Mayrink Veiga, o Vai-da-Valsa, ehoje em dia
Rola a bola, sola, esfola, cola, paua pau
E l vem Portela que nem Marqusde Pombal
Mal, isso assim vai mal, mas viva ocarnaval
Lights e sarongs, bondes, louras,King-Kongs
Meu piro primeiro muitamarmelada
Puxa saco, cata-resto, pato, jogo-de-cabresto
E a pedaladaQuebra outro nariz, na cara do juizA, e h quem faa uma cachorrada
E fique na banheira, ou jogue pratorcidaFeliz da vida
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Mas como causar pode seu favorNos coraes humanos amizade,se to contrrio a si o mesmo Amor?
Esse soneto, que rene 14 contradies esplndidas. Todas
juntas representam a irracionalidade do amor apaixonado. Eparece que foi ontem que o poeta que cantara a Morte de Insd li d d
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OUTROS ESTUDOS
Nesta segunda parte do livro, reunimos trabalhos realizados
nos cursos de ps-graduao (stricto sensu), em que ospesquisadores, comprometidos com a linha de pesquisa Ensino
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de Castro comps esse lindo soneto de amor.Como sugesto, vale a pena pedir aos alunos que faam umapesquisa sobre Lus de Cames e sua lrica.A seguir, em ECT, de Nando Reis, daremos continuidade aoestudo da Estilstica da Enunciao, com vis semntico.
Bibliografia:
GARCIA, Othon M. Comunicao em prosa moderna: aprenda a escrever,aprendendo a pensar. 23 ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003.CUNHA, Celso e Lus F. Lindley Cintra. Nova gramtica do portuguscontemporneo. 3 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.MARTINS, Nilce SantAnna. Introduo estilstica: a expressividade nalngua portuguesa. 3 ed. rev. e aum. So Paulo: T. A. Queiroz: 2003.
MELO, Gladstone Chaves de. Novo Manual de anlise sinttica. (Racionale lgica). 3. Ed. revista e melhorada de acordo com a NGB. 2. Tiragem.Rio de Janeiro: Livraria Acadmica. 1971.
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da lngua portuguesa; histria, polticas, sentido social,metodologias e pesquisa, desenvolveram ensaios tcnicos emque as letras de msica fossem trabalhadas didaticamente epermitissem explorar todos os nveis da anlise lingstica.O leitor vai se perguntar Mas isso no foi a meta da primeiraparte do livro?Respondemos que sim, mas esclarecemos que o nvel deanlise muda. Na primeira parte, os estudos contemplaminformaes que se deve adquirir nos ensinos bsico e mdio.Na segunda parte, as explicaes se mostram mais complexaspor serem destinadas no mais ao falnate comum, mas aopesquisador de lngua portuguesa e lingstica.Assim sendo, as pginas seguintes, apresentam estudos
avanados em letras de msica, os quais podem servir desugesto para trabalhos de concluso de curso ou mesmo comoparadigmas para planejamento de aulas no terceiro grau.
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MALANDRAGEM D UM TEMPO
(Popular P. M. Bombeiro e Adelzonilton)
Vou apertarMas no vou acender agoraVou apertar
Mas no vou acender agoraSe segura malandro
Deixa essap de sujeirair emboraE por isso que eu vou apertarMas no vou acender agora (...)
que o 281 foi afastadoO 16 e o 12 no lugar ficou
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INTIL
(Roger Moreira)
A gente no sabemos escolherpresidenteA gente no sabemos tomar conta
da genteA gente no sabemos nem escovar
(REFRO)IntilA gente somos intil
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Se seguramalandro
Prafazer a cabeatem hora, voc no est vendo
Que a bocat assim de corujo
Tem dedo de seta adoidadoTodos eles a fim de entregar osirmos
malandragem d um tempo
O 16 e o 12 no lugar ficouE uma muvucade espertos demais
Deu molee o bicho pegouQuando os homens da lei
grampeiamo coro come a todahora
E por isso que eu vou apertarMas no vou acender agora (...)
Esta segunda cano nos apresenta um tipo especfico de gria,a dos malandros, que para no serem compreendidos, criavamseu prprio linguajar. Cumpre lembrar que um dos motivos doaparecimento da gria o desejo de uma comunicao restrita,intragrupo.Em Intil, a questo da concordncia pode ser abordada. Aausncia de concordncia extremamente significativa; sinalda linguagem popular, mas tambm indica, alm dadesigualdade no campo educacional e lingstico, adesigualdade social, poltica, econmica (pois quem no temacesso escola, no tem acesso ao ensino da norma padro,
no tendo, portanto, meios de disputar, em condies deigualdade, as melhores oportunidades).
242
A gente no sabemos nem escovaros dente
Tem gringo pensando que nis indigente
(REFRO)Intil
A gente somos intil
A gente faz carro e no sabe guiarA gente faz trilho e no tem trem
pr botarA gente faz filho e no consegue
criarA gente pede grana e no consegue
pagar
A gente faz msica e no conseguegravar
A gente escreve livro e no conseguepublicar
A gente escreve pea e no consegueencenar
A gente joga bola e no consegueganhar
O ttulo Intil ajuda a corroborar essa idia de inaptido. Amsica, ao fazer uma crtica bem-humorada, conseguedemonstrar que essa inaptido se manifesta at no campolingstico, pois o eu-lrico e o grupo que ele representa, nodominam a norma de prestgio da sociedade.H variedades geogrficas (diatpicas), que podem ser mais
bem exemplificadas com o auxlio do cancioneiro popular e daMPB:
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ARER
(A. Tavares e G. Babilnia)O que mais quero nessa vida
Toda vida
amar vocO seu amor como uma chama
AcesaQueima de prazer, de prazer
Eu j falei com Deus
Qualquer lugarFarei de tudo pra no te perder
Arer, arerUm lobby, um hobby, um lovecom
voc (2X)Cai, cai, cai, cai,cai pra c
Portugus se aprende cantando
OMUNDO UM MOINHO
(Cartola)
Ainda cedo, amorMal comeaste a conhecer a vidaJ anuncias a hora de partidaSem saber mesmo o rumo que irstomar
Preste ateno, o mundo um moinhoVai triturar teus sonhos tomesquinhosVai reduzir as iluses a p...Oua-me bem, amor
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Eu j falei com DeusQue no vou te deixar
Vou te levar pra onde for
, , Tudo, tudo vai rolar
Arer, arer
Diferentemente de Samba do Approach, onde percebida
uma crtica subjacente a este comportamento de subservincialingstica, um tom irnico (de caso pensado), Arer omelhor exemplo da concretizao deste comportamento deimportao lingstica questionvel.A presena de figuras de linguagem nas letras das canes jvem sendo at exaustivamente trabalhada em livros didticos,mas como nosso objetivo catalogar algumas possibilidades douso da msica, nunca demais lembr-las. H a presena demetforas, metonmias, hiprboles, personificao nas canes,podendo-se fazer um contraponto entre linguagem literria elinguagem cotidiana. A seguir apresentamos duas canes dogenial compositor Cartola, que exemplificam o que foi ditoanteriormente:
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Preste ateno, queridaEmbora eu saiba que ests resolvidaEm cada esquina cai um pouco atua vidaE em pouco tempo no sers mais oque s
Preste ateno, queridaDe cada amor tu herdars s ocinismoQuando notares ests beira doabismoAbismo que cavaste com teus ps
AS ROSAS NO FALAM
(Cartola)
Bate outra vezCom esperanas o meu coraoPois j vai terminando o vero,enfim...
Volto ao jardimCom a certeza que devo chorarPois bem sei que no queres voltarPara mim.
Queixo-me s rosas,Mas que bobagem as rosas no falam,Simplesmente as rosas exalamO perfume que roubam de ti, ai...
Devias vir para ver os meus olhostristonhosE quem sabe sonhavas meus sonhos,por fim
Algumas concluses
Aps nossa breve pesquisa sobre a msica em sala de aula,gostaramos de apresentar algumas concluses.A msica pode, e deve, ser adotada como recurso didtico, pois
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campos semnticos.Quadros 1 e 2 A seleo lexical e a identificao dosarquissememas
SEMAS
LEXEMAS
Faz parte do passado
( juventude)
Faz parte de um perodo
de sofrimentoARQUISSEMEMA
contas + +
cantos + +
peito + +
amor + +
Portugus se aprende cantando
tarde da vida + +jornada perdida + -
Quadro 3 Levantamento lexical com a distribuio pelos
campos semnticos obtidos a partir dos arquissememasARQUISSEMEMAS LEXEMAS CAMPOS SEMNTICOS
PASSADO
Contas, cantos, peito, amor,cantigas, tiranas,amiga, viola, luaressuplicantes, janela,manseitude da
JUVENTUDE
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amor
cantigas + +
tiranas + +
amiga + +
viola + +
luares + +
manseitude damanh
+ _
vida + _
diserana + +
sonho + +jornada + +
PASSADO
SEMAS
LEXEMAS
Faz parte do presente(maturidade)
Trazsatisfao
ARQUISSEMEMA
Amor pretrito mais
que perfeito
+ +
peito + -
vida + +diserana + +sonho morto + -
descida + +
PRESENTE
288
manseitude damanh, vida,diserana, sonho,
jornada
PRESENTE
Peito, vida, diserana, sonhomorto, ladeira,descida, tarde da vida,jornada perdida, amorpretrito mais queperfeito
MATURIDADE
A plussignificao do texto
O uso apropriado dos signos permite que o texto literrioadquira mltiplos significados e uma abordagem semiticafornece o suporte necessrio para que essa viso multissgnicaseja captada.Elomar recria os signos lingsticos. No ttulo Deserana, porexemplo, cria um neologismo mrfico por prefixao e queconsistir em um signo orientador para o entendimento do
texto. Por analogia com o verbete herana [ do latim haerentia]: aquilo que se herda; legado , criou o vocbulo deserana,criado a partir do prefixo des + herana, ou seja, privado deherana, destitudo de bens ou qualidades, deserdado. Essaprefixao seria anloga deserdar [ de des+ herdar] : privar-se.
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HOMEM X TERRA
Homem
Terra
vidamortevida
morte
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Vejamos:
TERRA MORTELguasCaminMundo largoVacasGemerCovasChoQumaPTremerPis
FimPesteMil enfermidadesFomeGuerraVentosEstrncios letaisChagasRebentCovasSolOlhares cruisMaus tempos
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morte
MorteEsse guia de leitura no produto de inferncias aleatrias, aocontrrio, o prprio texto que indica essa possibilidadeinterpretativa, atravs do lxico textual e da relao que hentre os itens lexicais. Evidenciaremos, ento, como se constriesse guia-mapa de leitura.Dois vocbulos so chaves para nos abrir os sentidos de
Corban:
terra e
morte. Alm de eles serem recorrentes, uma
grande parte dos vocbulos presentes no texto se subordinasemanticamente a esses dois lexemas, fato que corrobora adepreenso da temtica.
302
grande fimltima veiz
A princpio, os dois lexemas, ento considerados palavras-chave, no denotam sentidos em comum. Entretanto, aoanalisarmos contextualmente os semas que compem cada umdeles, notaremos a relao intrnseca entre terrae morte.
Semas
Lexemas
Superfcie Paraagricultura
Parapecuria
origem Fertilidade Positividade fim destruio
Terra + + + + - - +/- +/-
Morte - - - - - - + +
interessante notar que o n smico, ou seja, a inter-relaosemntica entre um e outro vocbulos se estabelece nainexistncia de fertilidade e de aspectos positivos, enfim, pelaausncia de vida. Notamos, assim, uma inverso do que
culturalmente est vinculado ao semantema terra. Na msica,no se encontra qualquer sinal de fertilidade e/ou vitalidade,pois na terra que o enunciador v a morte a rond.Vejamos, a partir do quadro seguinte, a depreenso dos campossemnticos do texto. Todavia, convm ressaltar que, para acomposio do quadro em questo, foram escolhidos os
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Num tempo em que letras de msica escorregam para discursosfragmentrios, mais que urgente investir num trabalho queapresente qualidade potica e criativa aos nossos alunos,mostrando que um mesmo poeta pode ser verstil e passearentre a expresso popular e alguma erudio sem se perder desi mesmo e sem se afastar de um compromisso com a msica
brasileira de qualidade.
Referncias bibliogrficas
BLANC, Aldir (1996). 50 anos(CD). Rio de Janeiro: Alma.__________ (2001). A poesia de Aldir Blanc: melodias e letras cifradaspara guitarra, violo e teclados. Coord.edit. Roberto Mora; prod. Luciano Alves. So Paulo: Irmos Vitale.KOOGAN/HOUAISS(1993) E i l di di i i il t d Ri d
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KOOGAN/HOUAISS(1993). Enciclopdia e dicionrio ilustrado. Rio deJaneiro: Ed. Delta.HOUAISS, Antonio. Dicionrio eletrnico Houaiss da lngua portuguesa (v1.0). Ed. Objetiva, 2001MPB4 (2000).MPB4 VIVO Melhores momentos. Rio de Janeiro: CidPEIRCE, Charles Sanders (2000). Semitica. So Paulo: Perspectiva.Revista Letristas Brasileiros (n 1, 1996). Aldir Blanc e amigosRio deJaneiro: Alma.SANTAELLA, Lcia. A teoria geral dos signos: como as linguagens
significam as coisas. So Paulo: Pioneira,2000.SIMES, Darcilia. Leitura e produo de textos: subsdios semiticos .In: Valente, A. (org.). Aulas de portugus: perspectivas inovadoras.Petrpolis, RJ:Vozes, 1999.