a boa sorte e a atenção farmacêutica
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A Boa Sorte e a Atenção FarmacêuticaEscrito por: Manuel Machuca González, Tradução: Gladys Marques Santana
Em 2004, Alex Rovira Celma e Fernando Trias de Bes publicaram o livro A Boa Sorte - Chaves da
Prosperidade, Edições Urano. Foram vendidos milhares de exemplares e traduzidos a uma grande
quantidade de idiomas, convertendo-se em um dos grandes êxitos dos últimos tempos. Na contracapa do
livro está uma citada uma frase de Bernard Shaw que diz que “somente triunfa no mundo quem se levanta
e busca as circunstâncias, e as cria se não as encontra”.
Conta a historia de Sid, o cavaleiro do cavalo branco e capa branca, e de Nott, o cavaleiro do cavalo
negro e capa negra, em busca do trevo mágico de quatro folhas, que iria nascer em algum lugar do reino
que eles habitavam e também de outro protagonista, o mago Merlin. Quando chegou a minhas mãos fiz
uma extrapolação, não podia ser de outra forma, ao momento em que a profissão se encontra com
respeito à atenção farmacêutica. Por isso, aqui quero adaptar as dez regras da boa sorte que os autores
descreveram ao mundo farmacêutico, baseado na realidade da Espanha.
Primeira regra
Na primeira regra, os autores começam diferenciando a “sorte” da “boa sorte”. A “sorte” não se cria, vem
em forma de loteria, em seu sentido literal, incluídas variantes, ou figurado, sem que ninguém haja feito
nada para atrai-la. Este tipo de sorte vem sem que se espere e se vai como chegou. Os autores estimam
que até noventa por cento daqueles que se tornaram milionários com algum tipo de jogo de azar apenas
dez anos depois são tão pobres ou mais do que antes deste pretendido golpe de “sorte”.
E a “boa sorte”, diferente da anterior, é aquela que a pessoa faz para si mesmo, com sua perseverança e
seu trabalho. Este tipo de sorte dura para sempre por que depende da pessoa que a cria.
O que me diz a primeira regra da boa sorte a respeito da farmácia? Pois que, nos últimos vinte e cinco
anos, a profissão farmacêutica incrementou muito seus ingressos, com conseqüência da universalização
da Seguridade Social na Espanha, isto fez com que nos convertêssemos em um negócio próspero. Muito
mais para uns do que para outros, porém próspero ao final. As boas farmácias não necessariamente
eram dos melhores profissionais, mas sim as melhores situadas, de acordo com o mapa sanitário que se
foi criando. Isto foi assim. Não há que perder a razão por isso, nem sentir-se culpável de nada.
Simplesmente, estávamos no lugar certo e no momento preciso e a história nos deu nosso “golpe de
sorte” que deveríamos administrar futuramente e que, como qualquer futuro, sempre é transformável.
E o futuro, a que levou a universalização da atenção sanitária e o crescente desenvolvimento de novos
medicamentos, levaria a um problema que antes não se dava com tal magnitude, nem era tão evitável:
os problemas da farmacoterapia, em suas variadas formas.
Logo vão surgindo outros problemas, o questionamento do modelo farmacêutico, a diminuição das
margens de lucros, os genéricos. Mas não quero deixar de contar a história, para seguir melhor o fio de
minha argumentação e dar continuidade às nove regras da boa sorte que ainda faltam.
A história é assim:
“Era uma vez, em um lugar muito distante, um mago chamado Merlin, que propôs um desafio aos dois
cavaleiros do reino: o trevo mágico de quatro folhas, aquele da sorte ilimitada, iria nascer em sete dias no
reino e eles deveriam ir buscá-lo”.
Ainda que os cavaleiros do reino, desejosos pelo desafio, gritavam de alegria, de pronto caíram no
desânimo: o trevo iria nascer no bosque encantado, um bosque tão grande e extenso que todos os
cavaleiros, salvo Nott, o cavaleiro da capa negra e cavalo negro, e Sid o cavaleiro da capa branca e
cavalo branco, decidiram por aceitar o desafio. Quem poderia encontrar algo tão pequeno em um lugar
tão grande, em apenas uma semana?
Segunda regra
“Muitos querem ter sorte, porém poucos decidem ir buscá-la”. E aplicada à atenção farmacêutica poderia
dizer-se: “Muitos querem fazer atenção farmacêutica, porém quando chega o momento da verdade,
poucos iniciam a caminhada”.
Os cursos da atenção farmacêutica têm sido um êxito nos últimos anos. Surgiram muitos cursos à
distância, presenciais, on-line, de todo tipo. Não houve Faculdade, empresa de distribuição de
medicamentos, conselho profissional ou indústria farmacêutica que se preze que não tenha organizado
algum evento relacionado com o tema. Entretanto, se pode dizer, sem muito temor a equivocar-nos, que a
enorme participação nos cursos de atenção farmacêutica foi inversamente proporcional à implantação
real do serviço.
Por que tem sido assim? Por muitas razões, porém, a principal, de acordo com a segunda regra, foi que a
maioria tampouco tentou. Ainda que muita gente sim tenha feito, creio que não da forma mais adequada.
Inclusive a atenção farmacêutica que alguns praticavam se convertia em álibi para os que não faziam
nada.
“Depois de dois dias cavalgando separadamente até o bosque encantado, decidiram descansar. Na
manhã do terceiro dia, Nott decidiu perguntar ao gnomo do bosque, príncipe da terra, conhecedor de
todas as suas raízes e segredos, onde iria nascer o trevo de quatro folhas. Tinha certeza que ele saberia.
Porém o gnomo lhe respondeu: nunca neste bosque nasceu um trevo de quatro folhas. Quem lhe disse
isso te enganou.
Sid teve a mesma idéia e também foi buscar o gnomo. A resposta obviamente foi a mesma. Entretanto
Sid quis conhecer por que:
– Como teria que ser a terra, tu que sabes tudo?
– O trevo necessita de terra fresca, bem arejada e não dura e compacta como esta.
– E onde posso encontrar esta terra?
– Na terra das ‘cowls’, as vacas anãs, essa sim é terra boa.
E nosso cavaleiro se dirigiu a este local e encheu suas bolsas desta terra e buscou um lugar onde a
despejou e depois espalhou. Era pouca terra, era difícil que ali fosse o lugar onde nasceria o trevo, porém
estava feliz: sabia mais que ontem sobre seu desafio. E amanhã saberia mais ainda. Era difícil acertar,
mas... E esta noite sonhou que o trevo germinaria”.
Terceira regra
Se agora não tens boa sorte, talvez seja por que as circunstâncias sejam as mesmas de sempre. Para
que a boa sorte chegue é preciso criar novas circunstâncias”. Isto é, se quer fazer atenção farmacêutica,
não poderá fazê-la sobre a mesma estrutura. Por que nunca germinará a semente. Assim, se pretende
fazer algo novo, tem que criar algo novo.
Não se pode fazer em uma organização criada para outra coisa. Tentamos introduzir algo novo, que
necessita um tipo específico de organização, em outro muito diferente, que cumpria outra missão. Não
fizemos as mudanças necessárias para que o novo pudesse se acomodar. A partir daí surgiram
implantações que não deram os frutos desejados e muitos farmacêuticos que sinceramente tentaram logo
abandonaram. Não se trata aqui de criticar ninguém e sim de colocar os problemas sobre a mesa. E um
deles foi que se subestimou a transcendência, a dificuldade e a importância da atenção farmacêutica. É
muito fácil, dissemos, e depois não foi assim.
“Ao quarto dia, Nott, o cavaleiro da capa negra e do cavalo negro, foi beber água no rio e despertou a
Dama do Lago, e perguntou lhe:
– Dama do Lago, sabe onde crescerá o trevo de quatro folhas, aquele de sorte ilimitada?
– Nunca cresceu nenhum por aqui. É impossível que nasça algum neste bosque.
E Nott se foi muito bravo e temeroso de não conseguir sua sorte. Por que os que crêem que merecem a
sorte pensam que não é necessário fazer nada para obtê-la. Sid também se encontrou com a Dama do
Lago, que estava preocupada por que deste não sai mais água e com a terra tão firme, porque ninguém
trabalhou nela durante anos, se o lago transbordasse poderia afogar as plantas e animais do bosque. Sid
lhe perguntou quanta água necessitava para fazer o trevo crescer. A rainha respondeu que necessitaria
de muita água, e água fresca, de um riacho. Então pediu permissão para que, com sua espada e seu
cavalo, pudesse fazer um sulco até seu campo. Assim ele teria água e a Dama teria um riacho onde
desaguar a água e evitar o transbordamento. Sid trabalhou duro até a noite e, por fim, conseguiu que a
água chegasse a sua terra fresca e a Dama do Lago pôde descansar, já que nunca mais iria temer uma
inundação. Estava muito feliz, por que sabia que estava fazendo o que devia e amanhã saberia mais. E
sonhou como o trevo germinava e brotava da terra. Era difícil, mas...”.
Quarta regra
“Preparar as circunstâncias para a boa sorte não significa somente buscar o próprio benefício. Criar
circunstâncias para que outros também ganhem também atrai a boa sorte”.
Na atenção farmacêutica, embora houvesse muitos programas para ensinar como se deveria fazer,
realmente pouquíssimo foi feito. Não se abriram os sulcos necessários para favorecer a disseminação.
Pensou-se que o único problema para sua implantação era o conhecimento técnico, sem desenhar um
novo modelo de atuação profissional na farmácia, que facilitasse realmente a ambiciosa aposta que isto
supunha. Houve muita gente que ensinou como fazer sem havê-la exercido realmente e, pior ainda,
também quem já deixou de apostar por ela ainda pretende dizer como se faz. Cabe perguntar se alguma
vez eles acreditaram nela.
“No quinto dia, Nott foi ao encontro da Sequóia, a rainha das árvores. Seus mais de 1.000 anos de idade,
sua experiência lhe diriam se Merlin o estava enganando. Porque os que acreditam que não devem fazer
nada para ter sorte pensam que os outros são os culpados de sua desgraça. A Sequóia confirmou o que
o gnomo e a Dama lhe disseram: nunca cresceu trevo neste bosque.
Sid também foi ao encontro da Sequóia, rainha das árvores, e lhe perguntou:
– Sequóia, rainha das árvores, quanto sol necessita um trevo para crescer neste bosque?
– Metade de sol, metade de sombra. Este bosque é muito escuro, porque seus habitantes são muito
preguiçosos e nunca o podaram. Por isso está tão sombrio.
– A senhora me permite podar alguns ramos de suas árvores?
– Pode os ramos mortos, os que já não servem. Qualquer árvore te agradecerá. Livrar-se do que já não
serve é sempre um impulso para a vida de uma árvore e de tudo que a rodeia. E podou até conseguir a
luz adequada para seu campo. E sonhou vendo como crescia o trevo...”.
Quinta regra
"Se você deixa para amanhã a preparação das circunstâncias a boa sorte talvez nunca chegue. Criar
circunstâncias requer dar o primeiro passo... Dê este passo hoje!”.
A jornada de trabalho é a que é e nenhuma reforma, por mais ambiciosa e necessária que seja, poderá
somar um minuto a mais nas 24 horas que tem o dia. Portanto, se você quer fazer algo novo, tem que
podar os ramos mortos, aquilo que já não é o centro da profissão. De maneira alguma se discutiu se na
farmácia havia algum ramo que podar, algo que fosse obsoleto. É como se os médicos ainda lutassem
por serem aqueles que devem dar as injeções. E se não se traz terra nova, se não se cria o entorno
necessário que representa a água, se não se podam os ramos mortos, toda a razão será dada a Nott:
nunca cresceu um trevo nesse bosque e nunca crescerá. E isto passou para os profissionais, para seus
representantes, para as Faculdades de Farmácia... Todos pretenderam semear trevos (atenção
farmacêutica) sem podar seus ramos velhos.
“No sexto dia, Nott visitou a Ston, a mãe das pedras:
– É impossível que cresçam trevos entre as pedras, confirmou Ston”.
As pessoas que pensam que não têm sorte sempre buscam outros que lhes confirmem sua desgraça. Ser
vítima não é bom, porém exime aparentemente da responsabilidade de sua desgraça.
“Sid pensava que talvez faltasse algo, aparentemente desnecessário, porém imprescindível. Necessitava
perspectiva. Tinha terra fresca, úmida, a luz adequada. Parecia ter tudo, porém não podia deixar-se ir. E
subiu ao local mais alto do bosque para, de longe, pensar se faltava algo. Ao sentar-se sobre Ston, a mãe
das pedras, esta lhe disse o mesmo que ao cavaleiro Nott:
– É impossível que nasça um trevo entre as pedras.
Então Sid correu e correu até seu campo, que tinha muitas pedras entre sua terra. E trabalhou duramente
até deixá-lo limpo de pedras”.
Sexta regra
“Ainda sob circunstâncias aparentemente necessárias, às vezes a boa sorte não chega. Busque nos
pequenos detalhes circunstâncias aparentemente desnecessárias... Mas imprescindíveis!”.
A atenção farmacêutica se mostra necessária para uma sociedade que aumentou sua esperança de vida
enormemente nos últimos 100 anos, ainda que à custa de consumir medicamentos e durante mais tempo.
Ainda que não seja nada mais, por um mero efeito probabilístico, surgem os problemas
farmacoterapêuticos.
Existe a tecnologia necessária para afrontá-los, baseada nos métodos propostos por diferentes escolas.
Existe legislação que respalda esta atuação. Portanto, a terra, a água e a luz já existem. O que falta para
que isto aconteça? Quais são essas outras circunstâncias das quais depende o êxito? Talvez possam ser
várias e aqui vão algumas das que ocorrem:
• Os profissionais que podem realizar esta prática não tiveram atitude necessária, ou não criaram as
circunstâncias para que pudessem realizá-la. Cabe pensar se atenção farmacêutica, entendida como
método para atender os problemas da farmacoterapia, é inerente e indissociável da farmácia, ou por outra
parte é inerente e indissociável da profissão farmacêutica. É do profissional ou do estabelecimento?
Temos claro o que devemos fazer e o que podemos deixar de fazer para afrontar o desafio?;
• A administração sanitária, que garante o direito à saúde prevista na constituição espanhola, se limitou a
legislar e não fomentou a realização das experiências necessárias para verificar até que ponto essa
tecnologia resolve o problema que tem a sociedade e que, além disso, parece evitável. Caberia
questionar-se se conhecer que existe essa tecnologia sanitária e não aplicá-la poderia lesionar o direito
dos pacientes ou descumprir princípios biomédicos como o da beneficência ou o da não maleficência. Em
todo caso, isto não seria imputável unicamente às administrações sanitárias, porém estas poderiam ter
mais responsabilidade por serem as que devem garantir o direito à saúde;
• Os médicos desconhecem este serviço profissional e suas hierarquias e, como todos neste País, são
reticentes às mudanças que vêm de fora e que lhes podem levar a perder cotas de protagonismo. Pode-
se dizer que este é um problema de comunicação política, pois os políticos profissionais não querem
perder o controle da situação e querem ser os que protagonizam as relações entre as profissões. Assim,
comunica a boa nova da atenção farmacêutica quem não sabe do seu exercício profissional e os que
exercem de verdade são vistos, com freqüência, como inimigos da profissão por esta hierarquia e, às
vezes, cometem o mesmo erro, porém, ao contrario, tentando ser políticos quando sua função é
assistencial. Sobram zelos e faltam
sinergias;
• Os pacientes não conhecem a atenção farmacêutica e, portanto, não sabem o que podem esperar, nem
do que poderia livrar-se se tirassem partido dela. Uma necessidade não percebida que se tem que
transmitir. Algo muito claro para os especialistas em marketing;
• E, finalmente, no entanto, existem muitos pontos obscuros no método de trabalho para garantir a
continuidade do serviço. Porque a atenção farmacêutica é, fundamentalmente, uma atividade sanitária
preventiva e, todavia, existe muita cultura de buscar os profissionais da saúde quando se tem problemas,
ao invés de busca-los para evita-los. Nosso sistema de saúde também é ainda muito paternalista e
paliativo e a atenção farmacêutica supõe também transformação nos modelos sanitários. Mudanças, por
outra parte, demandadas por outros profissionais da saúde, já que a medicina do século XXI, ao menos
na atenção primária, necessitará, sem dúvida, uma atuação e coordenação transdisciplinar e deverá
aprofundar ainda mais no preventivo.
“Os cavaleiros se encontraram no bosque. Nott não podia acreditar que Sid pensasse que o pequeno
campo feito por Sid pudesse ser o lugar elegido de todo o bosque para que ali crescesse o trevo. E se foi
enfurecido pela ignorância de Sid”.
Sétima regra
“Aos que acreditam somente no azar, criar circunstâncias lhes parece absurdo. Aos que se dedicam a
criar circunstâncias, o azar não lhes preocupa”.
Se a atenção farmacêutica é realmente difícil de exercer nas atuais circunstâncias, aqueles que tentam às
vezes são tomados como loucos. O qual faz a aventura, além de complicada no dia-a-dia, mais complexa,
já que se fazem necessárias a moderação e a fé na idéia. A atenção farmacêutica não chegará ao
farmacêutico porque sim. Necessitar-se-ão farmacêuticos dispostos a fazer o caminho e a assumir as
dificuldades acrescentadas do processo.
“E a bruxa Morgana engana a Nott, dizendo-lhe que Merlin lhe havia mentido, porque o trevo mágico iria
nascer no castelo, e que o havia enviado ao bosque porque queria ficar com o trevo mágico. Nott
regressa apressado ao castelo para impedir que Merlin fique com o trevo. Também Morgana tenta com
Sid, porém esse confia em Merlin: não se desespera por que a sorte tarda em chegar. Que importante é
não trocar a empresa própria pela de outros!”.
Oitava regra
“Ninguém pode vender a boa sorte. A boa sorte não se vende. Desconfie dos vendedores de sorte”.
Quando se acaba a paciência e se quer ver o final desta realidade, fundamentalmente para pensar que
não se está equivocado e que escolheu o caminho profissional correto, existem muitos momentos em que
a tentação de abandonar, de atirar a toalha, é grande. Isto ocorreu com muitos farmacêuticos Porém
também inventamos outra atenção farmacêutica para justificar a que praticávamos. Então, muitos
apostaram pela atenção farmacêutica da dispensação ativa ou da indicação farmacêutica, esperando que
a farmácia espanhola tenha melhorado em sua atuação profissional, porém não deu resposta ao
problema original: a resolução dos problemas farmacoterapêuticos dos pacientes.
Há quem, trocando as bolas, afirma que desde a dispensação ou com a indicação farmacêutica se
resolve problemas deste tipo, e é verdade, sem dúvida. Porém não são as formas mais adequadas de
enfrentá-los de maneira sistemática. Ao invés de reconhecer que exercer a atenção farmacêutica não é
tarefa fácil de tentar solucionar os problemas que dificultavam seu exercício, inventamos outra mais de
acordo com as nossas possibilidades.
“Na manhã seguinte o vento, senhor do destino e da sorte, começou a soprar, trazendo uma chuva
estranha de sementes de cor verde e pegajosa, as mesmas que todos os anos caíam um dia sobre o
reino. Caíram sementes e sementes de trevos mágicos por todos os lugares e não somente no bosque
encantado. Por todas as partes. Porém, somente brotaram no terreno que Sid havia semeado, porque
somente ele havia preparado a terra para que germinassem. Sid pôde voltar ao castelo com os trevos”.
Nona regra
“A sorte está para todo mundo, porém nem todos querem aproveita-la”.
Muito se discutiu sobre se é possível realizar atenção farmacêutica e qual é o melhor local para exercê-la.
A atenção farmacêutica está aí e é uma necessidade que tem a sociedade. Todos os anos chegam essas
sementes pegajosas, porém ninguém havia pensado realmente o que eram ou o que significavam. A
atenção farmacêutica, atuar frente aos problemas farmacoterapêuticos dos pacientes, representa uma
oportunidade de redimensionar a profissão que não devemos deixar passar. Falta criar circunstâncias,
afrontar de verdade os problemas, trabalhar em equipe quem realmente aposte por ela e esperar que
floresça sem perder a confiança.
Décima regra
“Criar boa sorte é preparar as circunstâncias à oportunidade. Contudo, a oportunidade não é questão de
sorte: sempre está aí”.
Portanto, deve-se preparar as circunstâncias para que, finalmente, a atenção farmacêutica seja uma
realidade. Não se trata unicamente de aprender uma técnica. Trata-se de não deixar de perseguir o fim
último, de não mudar de objetivo e superar os obstáculos que se encontram no caminho. E tudo mais virá.
Quem estiver disposto, pode contar comigo.
Este artigo é uma reprodução da revista El Farmacéutico, número 388, de 1º de fevereiro 2008, páginas
40 a 51, publicada na Espanha.
Publicado na Revista Racine 103 (Março/Abril 2008)
Atualizado em Sex, 29 de Janeiro de 2010 13:47