a conservaÇÃo do patrimÔnio pÚblico escolar · é vista como um processo político-pedagógico...
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A CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO ESCOLAR: uma questão de ética
e de cidadania
Autora: Claudia Madalena Machado1
Orientadora: Carla Christina Imenes de Morais2
Resumo
A conservação do prédio escolar, assim como dos bens móveis, é um importante fator para que o ensino se concretize e também um meio eficaz para se exercer a cidadania na prática. No entanto, no Colégio Estadual Antonio Marcos Cavanis foi possível observar pinturas das paredes mal conservadas, carteiras pichadas, após a sua limpeza, desperdício de material de higiene, descuido com o piso das salas e do pátio. Em 2011, com o desenvolvimento deste projeto, originário do Programa de Desenvolvimento Educacional, as principais causas dos atos contra a conservação escolar foram identificadas e a importância da sensibilização da comunidade, tornou-se legítima, sobretudo, a dos alunos no que se referiu à participação na conservação do patrimônio em questão. Realizou-se uma pesquisa do tipo exploratória com os alunos do Ensino Fundamental e Médio, tendo como foco a relação que eles estabeleciam com esta escola. A partir da coleta de dados foram criados dois grupos de estudo, análise e discussão. O primeiro, com alunos monitores de turma do Ensino Fundamental, que auxiliou tanto no processo de comunicação, quanto no de reflexão de seus pares para promoção da conservação do prédio escolar. O segundo, composto por professores, equipe pedagógica, funcionários e instâncias colegiadas (Conselho Escolar, APMF e Grêmio Estudantil) o qual discutiu e aprofundou o conhecimento na perspectiva de questões ligadas à ética e à cidadania com a finalidade de fomentar ações que contribuíssem com a formação do aluno cidadão. Com a adesão dos alunos e educadores nos encontros planejados, constatou-se um movimento em prol da conservação do prédio escolar com o indicativo de mudança de atitude dos alunos em relação à escola. Os professores sentiram-se motivados a incluir, em suas aulas, atividades de incentivo à participação coletiva, enfatizando o papel de cada um dos membros da comunidade na conservação do patrimônio escolar.
Palavras-chave: Educação; Formação do Cidadão; Conservação do Prédio Escolar.
Abstract
The conservation of the school building, as well as its movables, is an important factor so that education materialize itself and it is also an efficient way to practice citizenship. However, in the Colégio Estadual Antonio e Marcos Cavanis it was possible to observe paintings of the walls badly conserved, desks with graffiti, even after cleaning, waste of hygiene supplies, negligence with the floor of the rooms and the courtyard. In 2011, with the development of this project, originary from the Program of Educational Development, the main causes of the acts against the school
1 Professora Especialista em Língua Portuguesa, graduação em Letras/Português, atua no Colégio
Estadual Antonio e Marcos Cavanis. 2 Mestre em Educação pela UERJ e professora assistente na UEPG.
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conservation had been identified and the awareness of the community, became legitimate, over all, to the pupils regarding to the participation in the conservation of the present property. An exploratory research with the pupils of Ensino Fundamental e Médio was held, having as focus the relation that they established with this school. From the collection of data two groups of study had been created, to analyse and to discuss the matter. The first one, with monitor pupils of Ensino Fundamental, that helped in the communication process, as well as in the reflection of its colleagues for conservation promotion of the school building and its movables. The second, with teachers, pedagogical team, employees and instances student body (Conselho Escolar, APMF and Grêmio Estudantil) which argued and deepened knowledge in the perspective of ethic questions and the citizenship with the purpose to foment actions that contributed with the formation of a citizen pupil .The pupils and educators support in the planned meeting and a movement for the conservation of the school building with an indicative of changing pupils attitude in relation to the school was evidenced. The teachers had felt themselves motivated to include, in their lessons, activities to encourage the collective participation, emphasizing the role of each member of the community in the conservation of the school patrimony.
Keywords: Education; Formation of the Citizen; Conservation of the Pertaining to
school Building.
Introdução
A conservação do prédio escolar, bem como dos bens móveis, é um importante fator
para que a educação escolar se concretize e também um meio eficaz para se
exercer a cidadania na prática. Zelar pelo patrimônio público é propiciar condições
físicas para que toda a comunidade escolar se beneficie do bem público e exerça
sua cidadania. O esforço de todos os envolvidos, alunos, pais, professores,
funcionários, neste zelo pelo patrimônio escolar é o que fundamenta também a
participação coletiva, que é de vital importância para a instalação de um ambiente
democrático3 na escola.
Sabe-se o quanto é necessário mobilizar a participação de todos neste
sentido, nos dias atuais, em que se percebe a escassez de valores como respeito
pelo outro e pelo que é público no meio estudantil. São comuns na escola hoje,
atitudes de descaso com o prédio escolar como descascar uma pintura, que foi 3 A gestão democrática ganhou mais expressão a partir da Constituição Federal de 1988, assim como
com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei n.9.394/96 que preveem um trabalho em conjunto entre estado e família, visando o desenvolvimento da cidadania, através da participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e da participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares. Assim, a gestão democrática é vista como um processo político-pedagógico de discussão, decisão, execução e avaliação de ações voltadas para o desenvolvimento da escola.
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realizada recentemente ou rabiscar as carteiras, que foram limpas no dia anterior;
desperdício de material de higiene; e também atitudes de desrespeito para com o
colega e para com as coisas que lhe pertence como o material escolar. Já houve
situações no Colégio Estadual Antonio e Marcos Cavanis, em Castro, como o
sumiço de cadernos de alunos, que posteriormente foram encontrados rasgados,
riscados ou mesmo numa lixeira da escola.
Diante dessas situações, questiona-se: Quem é o nosso aluno? Que
referências sociais e culturais são levadas para a escola? Que aluno a escola quer
formar e para qual sociedade? Se o aluno desrespeita o patrimônio escolar e
aqueles que fazem parte da comunidade escolar, o que ele respeita quando está
fora dos muros da escola?
O aluno é fruto do seu tempo histórico, das relações sociais em que está
inserido, mas é também um ser singular, que atua no mundo do modo como o
compreende e como dele lhe é possível participar (DCEs, 2008, p.14). É nesta
perspectiva que a escola busca uma maior conscientização de seus alunos no que
tange à ética e à cidadania, que juntamente com a socialização do conhecimento
produzido pela humanidade, cumpre a sua função social. Não se trata de uma tarefa
fácil para esta escola, que já faz algum tempo, tem priorizado mais o ensino do
conhecimento científico, o cumprimento do currículo, em detrimento da formação
para a cidadania.
Este projeto de intervenção pedagógica na escola teve por objetivo buscar
alternativas no trabalho pedagógico que levassem os alunos a terem uma formação
mais humana, que auxiliassem nas relações interpessoais dentro da escola, e que
os tornassem mais reflexivos, atuantes e responsáveis em suas atitudes referentes à
conservação do espaço escolar, fazendo com que se sentissem parte deste e mais,
que os saberes construídos pela escola não fossem apenas usados para ingressar
na universidade ou passar num concurso, mas que servissem para tomar
consciência da sua humanitude, ou seja, de sua verdadeira natureza
(DURKHEIM,1974, apud SETTON, 1999, p. 75).
Este projeto foi implementado no Colégio Estadual Antonio e Marcos
Cavanis, do município de Castro, PR, no período de agosto a dezembro de 2011.
Este estabelecimento oferta Ensino Fundamental e Médio, contando com 887 alunos
distribuídos em dois turnos, matutino e vespertino. O prédio onde funciona a escola
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pertence à Congregação Cavanis é e locado pela SEED desde 1991. Desde a sua
inauguração, o Colégio Cavanis tem crescido ano a ano em número de alunos e
também nas avaliações externas como Prova Brasil e Enem nas quais ocupa o
primeiro lugar entre as escolas públicas do município.
Porém, juntamente com esse crescimento todo, vieram a indisciplina e o
descuido com o patrimônio público escolar, motivos estes que levaram à elaboração
deste projeto de intervenção pedagógica. Para participar da implementação foram
convidados os alunos monitores de turma do Ensino Fundamental, professores,
funcionários, equipe pedagógica, instâncias colegiadas, APMF (Associação de Pais,
Mestres e Funcionários), Conselho Escolar e Grêmio Estudantil para compor dois
grupos de estudos distintos: o primeiro com alunos, com o objetivo de sensibilizar e
repensar sobre a importância da conservação do patrimônio escolar para o bem da
coletividade; e outro, formado por professores, equipe pedagógica, funcionários e
instâncias colegiadas (Conselho Escolar, APMF e Grêmio Estudantil) para ler,
aprofundar o conhecimento e discutir questões ligadas à ética e à cidadania,
buscando formas de incluí-las no currículo de maneira a auxiliar na formação do
aluno cidadão.
O desenvolvimento das ações do projeto de implementação seguiram várias
etapas. Primeiramente, o projeto de intervenção pedagógica foi apresentado à
comunidade escolar: à direção, equipe pedagógica, professores e funcionários,
durante a Semana Pedagógica de julho de 2011; aos alunos, no primeiro dia de aula
do segundo semestre, na reunião de boas-vindas realizada pela escola; e aos
órgãos colegiados em reunião própria, realizada na primeira semana de agosto de
2011.
Durante a apresentação do projeto a professores, pais e funcionários, foi feito
o convite para quem desejasse fazer parte do grupo de estudos, que ocorreria de
quinze em quinze dias, de agosto a novembro, totalizando oito encontros. O convite
aos alunos monitores de turma deu-se em momento diferente do da apresentação
do projeto.
Numa 2ª etapa, foi feito o convite aos alunos monitores de turma, do Ensino
Fundamental, para participarem do projeto com a devida autorização dos pais.
Depois, foi aplicado um questionário sobre indisciplina e destruição do patrimônio
escolar com 107 alunos das 8ªs séries do Ensino Fundamental e 121alunos das 3ªs
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séries do Ensino Médio, totalizando 228 entrevistados. Após a aplicação do
questionário foram tabulados os dados e posteriormente feita uma análise minuciosa
do que eles representam. A pesquisa inicialmente quantitativa, ou seja, partiu do
maior número de alternativas apontadas pelos alunos. Posteriormente, foi realizada
uma investigação mais profunda dos dados, com alguns alunos pesquisados com o
intuito de se descobrir os motivos que os levaram a assinalar tais questões,
realizando assim, uma pesquisa qualitativa dos dados coletados através de
entrevista semiestruturada.
Os dados já tabulados foram levados para análise dos participantes dos dois
grupos de estudos para se avaliar como está a relação do aluno com o patrimônio
escolar. Além desta atividade foram realizadas outras como: análise de vídeos,
filmes e charges, todos estes ligados ao cotidiano escolar no que se refere à
conservação do patrimônio, relação professor-aluno, violência, ética e cidadania.
Conceitos de patrimônio, vandalismo e violência
Segundo o Dicionário Aurélio (1986, p.1282), patrimônio é “um conjunto de
bens, materiais ou não, direitos, obrigações, posses e tudo mais que pertença a uma
pessoa ou entidade e seja suscetível de apreciação econômica”. Portanto,
patrimônio público é o conjunto de bens à disposição da coletividade.
Podemos caracterizar patrimônio ainda como material e imaterial:
Material: são os bens móveis e imóveis, isto é, tangíveis, que podem ser
vistos, tocados e ainda, preservam a memória dos fatos e são responsáveis pela
formação da identidade de uma nação. São os bens denominados de “pedra e cal”
(MORAES, 2004, p. 12).
Imaterial: patrimônio cultural intangível, que abrange as expressões culturais
e as tradições preservadas pelas pessoas em respeito aos seus ancestrais, por
exemplo, os saberes, as formas de expressão, as festas, as danças populares, as
músicas, os costumes e outras tradições. Segundo Gomes (2008, p.169) o
patrimônio imaterial relaciona-se a aspectos ideais e de valor da vida social e
cultural que se apoia no sentimento de pertença da população em relação ao bem.
Quando aqui se aponta para a conservação do patrimônio refere-se à
valorização do material e do imaterial; material relativo ao espaço físico e ao que ele
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representa para o coletivo da escola; e imaterial que se caracteriza pelo respeito aos
saberes, à cultura escolar, aos horários, às normas da instituição e ao sentimento de
pertença da comunidade em relação à escola.
Se perguntássemos ao nosso aluno hoje sobre o que é patrimônio escolar e
se já agiu de modo intencional para a destruição deste patrimônio, o que ele nos
responderia? Os atos cometidos por muitos alunos na escola são brincadeiras ou
vandalismo?
Segundo o Dicionário Aurélio (1986, p. 1752), vandalismo é a “ação própria
de vândalo; destruição daquilo que, por sua importância tradicional, pela antiguidade
ou pela beleza, merece respeito.” E vândalo “é o indivíduo que tudo destrói, quebra,
rebenta; aquele que destrói monumentos e objetos respeitáveis”.
As escolas têm sido reconhecidas pela comunidade a que pertencem como
um monumento respeitável? Elas têm sido alvo de vandalismo?
Marília Sposito (2001) advertiu que a maioria das ações violentas contra a
escola são as depredações, os furtos e as invasões aos prédios escolares. É como
se a escola não fosse vista como um bem público a ser preservado. A autora ainda
ressaltou que estas depredações quase não ocorrem em relação aos postos de
saúde por exemplo. Esta diferença pode ser interpretada como uma forma de
vingança cometida por ex-alunos excluídos do processo educacional pela escola.
Sabemos que estes atos de vandalismo não são cometidos somente por ex-alunos,
mas por aqueles que estão dentro da escola.
Os anos 90 mostram mudanças no padrão da violência observada nas
escolas públicas representadas não apenas por atos de vandalismo como agressões
interpessoais, sobretudo entre os estudantes, sendo agressões verbais e ameaças
as mais frequentes. A relação entre a violência e a escola se estabelece através da
influência do aumento da criminalidade e da insegurança geral sobre os alunos que
convivem numa sociedade onde predominam a quebra das garantias, a impunidade
e a incerteza.
De acordo com Medrado (1998), os fatos que podem ser causadores da
violência contra a escola são: o fechamento da escola em si mesma, distanciando-
se da comunidade em que se localiza; o alto número de alunos por turma que
favorece o aparecimento da violência; a população que vê na escola um braço do
Estado, portanto exige dela ações de assistência e organização social que não
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competem a ela, assim, a população projeta na escola os fracassos e a
incompetência dos governos em forma de depredação; a falta de vagas nas escolas
do país que gera instabilidade e incerteza; a evasão escolar que propicia a revolta
de ex-alunos que veem a escola como responsável pela sua exclusão do sistema de
ensino; as diferenças sociais onde uns têm mais que os outros que criam uma
hierarquia entre os grupos que disputam poder dentro do espaço escolar. Aqui se
inclui a questão da influência do consumo e do tráfico de drogas.
Diante desta situação, o que a escola pode fazer para restabelecer valores
como respeito e paz?
É um caminho nada fácil, que não depende somente da boa vontade do
diretor ou dos professores, pois esta é uma questão que envolve outros segmentos
da sociedade civil e depende de políticas públicas que priorizem a segurança, o
acesso e a permanência na escola. Mas enquanto educador, aluno ou membro da
comunidade escolar, não se pode mais fechar os olhos e continuar indiferente em
relação à violência sofrida na e pela escola.
A escola sofre a violência quando há pichação, depredação, desrespeito
para com professores, funcionários e alunos. Existe ainda a violência que ocorre fora
da escola, mas que nela desemboca através de acertos de contas de gangues rivais
ou de desentendimentos pessoais em festas que acontecem em finais de semana,
mas cujos conflitos aparecem dentro da escola, no recreio, na sala de aula ou na
saída dos alunos. Por fim, temos a violência promovida pela escola, que é a
chamada violência simbólica, quando esta em determinadas situações procura
anular a capacidade do aluno, seja de aprender ou de participar mais efetivamente
das decisões da instituição. Esta violência acontece muitas vezes dentro da sala de
aula, quando ainda existe a formação de filas de crianças com dificuldade de
aprendizagem ou quando o professor critica o desempenho do aluno diante da
classe toda, mesmo que seja em tom de brincadeira.
A violência simbólica é a mais difícil de ser percebida porque é exercida pela sociedade quando esta não é capaz de encaminhar seus jovens ao mercado de trabalho, quando não lhes oferece oportunidades para o desenvolvimento da criatividade e de atividades de lazer; quando as escolas impõem conteúdos destituídos de interesse e de significado para a vida dos alunos; ou quando os professores se recusam a proporcionar explicações suficientes, abandonando os estudantes à sua própria sorte, desvalorizando-os com palavras e atitudes de desmerecimento. A violência simbólica também pode ser contra o professor, quando este é agredido em
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seu trabalho pela indiferença e desinteresse do aluno. (ABRAMOVAY,2002, apud MARCELOS, 2009).
Entendemos que dificilmente a relação professor-aluno será horizontal e que
o trabalho pedagógico é permeado de relações de conflito. Esta é uma questão
histórica e lembremos que a hierarquia na escola já foi construída através de
castigos físicos como a palmatória. Mas o que fazer para construir uma relação mais
harmônica na escola hoje?
Uma alternativa é quebrar o silêncio que existe em relação a isto, e fazer com
que todos os envolvidos: alunos, pais, professores, funcionários e equipe
pedagógica falem sobre o que acontece, sem negar as realidades existentes.
Portanto, pressupõe a participação de todos, o que não é nada fácil.
Para Vasconcelos (2004), é necessário parar com este jogo de “empurra-
empurra” em que os professores culpam os pais pela falta de limites e de educação
dos alunos; os pais culpam os professores e a escola por não ter pulso firme com
seus filhos; e a escola culpa o sistema por não dar condições para solucionar tais
problemas. O autor ainda argumentou que a separação entre as pessoas e a
passividade diante destas situações vivenciadas na escola e na sociedade se
encontra na própria relação social, onde as pessoas são vistas como coisas,
portanto não há como culpar esta ou aquela pessoa pela violência na escola.
Destaca-se que este processo de “violência coisificada” ocorre quando:
Ao não perceber que o processo de alienação e coisificação é um processo social, que se dá nas relações entre as pessoas, o educador sucumbe. Passa a ver nos alunos a culpa, ao invés de compreendê-los como vítimas que, igual a ele, encontram-se triturados e amortecidos pela “morte em vida” da alienação. (VASCONCELLOS, 2004, p. 66).
Como vimos não se trata de buscar o culpado, mas de fazer da educação um
meio de romper com o imobilismo docente e discente, pois a disciplina é algo que se
constrói dia-a-dia, coletivamente. O professor precisa lutar contra a alienação do
aluno ao mesmo tempo em que luta contra a sua própria.
Muitas vezes, a indisciplina e a violência presente na escola é fruto da falta de
sentido das atividades escolares para o aluno. Ele precisa ver um sentido para a
escola e cabe a nós, educadores, encontrarmos esse caminho. Vivemos num
mundo, cujo sistema sócio-político-econômico é excludente, portanto é preciso
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mostrar ao aluno que de nada adianta ter acesso ao conhecimento científico apenas
para benefício próprio, para entrar na faculdade ou para arrumar um bom emprego.
É muito mais do que isso, é preciso olhar para este mundo em que vivemos,
buscando com os conhecimentos adquiridos torná-lo mais justo e menos excludente.
E se o aluno precisa sair de sua alienação, o professor, o funcionário, a
escola de um modo geral também precisa. Temos que refletir sobre nosso papel na
educação: o que queremos com nosso trabalho? Que sociedade, que aluno
almejamos? De que forma temos contribuído para formar este aluno?
Cidadania e ética: algumas aproximações
Quando a escola se propõe a criar seu Projeto Político Pedagógico estas
perguntas são respondidas de maneira muito clara, que o objetivo da escola é
preparar o aluno para o exercício da cidadania, de modo consciente e crítico, e que
possa lutar por uma sociedade mais justa e igualitária. Também queremos que
nosso aluno seja ético em suas ações, que saiba diferenciar o que é bem próprio do
que é bem comum, que a coletividade prevaleça sobre o individualismo.
Conforme o Dicionário Aurélio (1986, p.403), cidadania significa: “qualidade
ou estado de cidadão”. Mas o que é ser cidadão? “Cidadão: Indivíduo no gozo dos
direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para
com este”.
Será que todo cidadão brasileiro goza de seus direitos civis e políticos?
Pablo Gentili (2007) apontou que muitas vezes a sociedade segrega incluindo, ou
seja, o indivíduo, que o autor chama de subcidadão são os sem-teto, boa parte da
população negra, crianças de rua, que não são presos nem exterminados, que tem o
direito de conviver com os incluídos, porém de maneira inferiorizada e subalterna,
não participando plenamente da vida social.
Romper com o egocentrismo, com o individualismo, com a busca de seus
próprios interesses, com a indiferença frente às injustiças do mundo seria um dos
caminhos para o exercício da cidadania. Mas será que cidadania é algo que se
aprende na escola?
Para Perrenoud (2005, p. 34), a educação para a cidadania, “assim como
toda educação passa por experiências de vida e de relação com o saber que têm
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efeitos formativos. Assim como a língua, a cidadania se aprende na prática”. Gentili
(2007) também defendeu que o papel da escola é de ajudar o aluno a questionar e a
compreender os fatores que têm contribuído para a negação dos direitos humanos e
sociais da grande maioria. E mais, ao dar nome a esta exclusão, a escola está
contribuindo com a luta política contra a exploração e as desigualdades sociais.
Para isso, é importante aprender a ter responsabilidade, o que não exige
estruturas muito complexas, porém passa pela confiança, pela delegação de poder,
de assumir e exercer responsabilidades, pequenas ou grandes. É como aprender a
andar de bicicleta, primeiro a criança precisa da ajuda de outrem, e à medida que vai
adquirindo habilidade, esta pessoa que a auxilia vai se afastando. A aprendizagem
da cidadania pelos alunos se dá da mesma maneira.
Aprender cidadania pressupõe a existência de um ambiente democrático na
escola. O termo democrático deriva de democracia, que segundo o dicionário Aurélio
(1986, p.534) significa “distribuição equitativa de poder de decisão e de execução
através do ato eleitoral”.
O Brasil enquanto nação democrática apresenta uma história muito recente,
pois nasce como colônia, progride para império ainda sob o jugo português e mesmo
após a independência não se desenvolve como nação soberana. Durante o regime
escravocrata, tem-se a clara visão de que os negros não são vistos como cidadãos,
quando lhe são negados os mais variados direitos que afrontam a dignidade
humana. E mesmo após a abolição da escravatura, a situação se perpetua. Já no
século XX, o país passa ora, por breves momentos de construção da democracia
como a promulgação da Constituição de 1934, ora por longos períodos de regime
autoritário, como a era Vargas e o governo militar, instaurado a partir de 1968,
através do golpe de estado. Na década de 80, a crise econômica e o regime de
governo autoritário provocam uma reação dos movimentos sociais, que culmina com
a promulgação da Constituição de 1988, que “celebra no país um novo pacto sócio-
político” (CURY, 2000, p.575) na busca da construção da democracia.
Se a história da democracia brasileira é ainda recente, que dirá da gestão
democrática nas escolas, que surge no cenário nacional pela primeira vez, por meio
da Constituição de 1988, no Art.206, inciso VI e com mais enfoque ainda a partir de
1996, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que prevê a
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participação da comunidade escolar na gestão das escolas através da criação de
conselhos.
Paro (2005) informou que a participação democrática não se dá
espontaneamente, sendo antes um processo histórico de construção coletiva. Ele
também discutiu sobre a necessidade de se preverem mecanismos institucionais
que incentivem práticas participativas dentro da escola pública.
O que se percebe é que ainda hoje predominam em algumas práticas
educativas situações em que não se ensina os alunos a trabalharem juntos, a
descobrir por e com os outros, o que impede a participação coletiva, a discussão e a
proposição de sugestões para as questões relativas à escola ou à sala de aula.
Philippe Meurieu (2002, p.67) comentou que:
é possível haver, ao mesmo tempo, aprendizagem e socialização; é possível aprender “coisas verdadeiras”, a “verdadeira” matemática, o “verdadeiro” francês, os “verdadeiros” saberes, aprendendo, ao mesmo tempo, a respeitar o outro, a conversar com ele, mesmo sem concordar.
Portanto, podemos concluir que é possível ter acesso ao conhecimento
científico e ao mesmo tempo aprender a conviver, a ouvir e a respeitar a opinião de
outrem e também a expor a sua opinião, através de uma argumentação consistente.
Pablo Gentili (2007) apontou que há diferenças de pensar em relação ao
educar para a cidadania, que para alguns significa levar o indivíduo ao
conhecimento de seus direitos, seus deveres e suas obrigações, capacitando-o para
a participação política consciente. Já para outros, formar cidadãos é dotar o
indivíduo de competências necessárias para se adaptar às transformações do
mundo produtivo. Gentili ao citar Will Kymlicka e Wayen Norman, afirma que a
cidadania pode ser pensada em duas dimensões: como condição legal e como
atividade desejável.
A cidadania como condição legal é reconhecida através do pertencimento
dos indivíduos a uma comunidade política na qual são portadores de direito, portanto
são os direitos que configuram a cidadania. Esta ideia, também é confirmada pelo
sociólogo inglês, T. H. Marshall,
A cidadania consiste em assegurar que cada qual seja tratado como um membro pleno de uma sociedade de iguais. A maneira de assegurar esse
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tipo de condição consiste em outorgar aos indivíduos um número crescente de direitos de cidadania. (In Gentili, 2007, p.70)
Compreendemos que cidadania e exercício de direitos são indicados como
sinônimos por ambos os autores, logo quando se apela para os indivíduos enquanto
cidadãos refere-se aos seus direitos e não ao cumprimento de deveres e
responsabilidades. Dentro desta dimensão, educar para a cidadania seria socializar
e difundir os direitos através do conhecimento das leis, da Constituição e ainda mais
próximo dos alunos, do Regimento Escolar.4
Sabe-se que o fato de difundir os direitos existentes, não concede a
cidadania, embora a faça mais consciente. A outra dimensão de cidadania, como
atividade desejável, combina a posse de direitos com o reconhecimento de certas
responsabilidades derivadas de um conjunto de valores, que pode ser definido como
campo da ética cidadã. Assim, a cidadania é construída socialmente como um
espaço de valores e de ações, onde os sujeitos são reconhecidos como membros de
uma comunidade de iguais, fundamentada em valores como igualdade, respeito às
diferenças, solidariedade e tolerância.
É importante salientar que o estabelecimento desses valores é um processo
construtivo, realizado por todos os membros da comunidade escolar, porque a
simples transmissão predeterminada de valores impede que os indivíduos se tornem
protagonistas efetivos de sua própria cidadania e quando a cidadania se fecha em
um “dever ser” deixa de ser cidadã.
Quando o assunto é estabelecimento de valores, normas e direitos adentra-
se ao campo da ética e da moral na formação cidadã. A moralidade é um saber
prático e racional que dá motivo às pessoas para viverem e agirem de determinada
maneira. Sua construção intersubjetiva se dá socialmente num complexo e
conflitante processo. É pela moral que se ama ou odeia, simpatiza ou antipatiza,
tomam-se decisões ou omite-se. A moralidade pressupõe valores, normas e direitos
que o indivíduo ou o grupo reconhece como próprios em sua prática social.
A moralidade está vinculada a um tempo e a um espaço específicos, logo os
sujeitos estão submetidos a constantes processos de reconstrução social de sua
moralidade. Pode-se afirmar que a escola é uma agência moral, porque ela forma e
4 Documento oficial da escola que estipula direitos e deveres relacionados aos alunos, professores,
equipe pedagógica, funcionários e pais de alunos ou responsáveis e que rege a conduta destes.
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marca a dimensão moral da subjetividade de quem a frequenta; é nela que aluno
aprende a ser aluno, e educador, a ser educador.
Neste sentido a escola pode ser transmissora de uma moralidade autoritária
ou democrática. A moralidade autoritária se caracteriza pela imposição de valores,
de normas e de princípios morais. Já a moralidade democrática se constrói através
do reconhecimento dos indivíduos de maneira livre e autônoma, impondo o princípio
da autoridade horizontal e não vertical.
Diante dessas concepções, fica claro que é preferível a participação
democrática à obediência resultante da aplicação de normas autocráticas (GENTILI,
2007, p.93).
E como se consegue fazer isto na escola?
Através da criação de espaços educativos em que os sujeitos sociais possam
refletir, questionar e assumir os valores, normas e os direitos morais existentes na
escola, mesmo aqueles que são tidos como os mais democráticos.
Mas o que é ética? Segundo o Dicionário Aurélio (1986, p.733) ética “é o
estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de
qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada
sociedade, seja de modo absoluto”.
Através da ética é possível analisar os diversos valores presentes na
sociedade, bem como, problematizar os conflitos existentes nas relações humanas.
Esses valores devem ter características universais e ser válidos para todas as
pessoas e para sempre. Goergen (2005) acredita que o homem como um ser social
necessita de normas que regulem seus instintos impondo assim respeito aos direitos
dos outros.
E quando refletimos, questionamos ou assumimos valores e direitos morais
presentes na escola adentramos no campo da Ética do Discurso desenvolvida por
Habermas5, na década de 80 e que está inserida na Teoria da Ação Comunicativa,
na qual se busca fundamentar o conceito de verdade a partir do processo
comunicativo, através do entendimento mútuo.
5 Jürgen Habermas, filósofo e sociólogo alemão, pertencente à Escola de Frankfurt e que trata da
fundamentação dos códigos (princípios e normas), numa perspectiva ética, através duma reflexão sistemática sobre os códigos e ações morais.
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A Ética do Discurso procura resgatar uma visão da sociedade em que os
atores sociais estão conscientes do que fazem e são responsáveis por suas ações,
que são colocadas em discussão.
Busca-se também, superar a filosofia da subjetividade, porque é através das
convenções morais que os sujeitos constroem os conceitos que orientam suas
ações. Para Habermas, é possível distinguir normas válidas de normas em vigor
numa determinada sociedade. E é por meio da Ética do Discurso que é possível
averiguar a efetiva validade das normas em vigor e estabelecer sanções, assim
como explicitar as expectativas das pessoas umas em relação às outras, fixar
normas de comportamento, zelar pela sua manutenção (GOERGEN, 2005, p.43).
Com o objetivo de restabelecer a verdade, através da razão, livre de coação,
Habermas distingue duas formas de discurso; o teórico e o prático. O discurso
teórico baseia-se no melhor argumento para provar ou refutar uma verdade. E o
discurso prático examina a justeza e a validade das normas de um sistema
normativo. A norma necessita de justificativa para que ninguém seja coagido a
cumpri-la apenas por tradição, hábito ou porque é imposta por alguém superior.
Portanto, uma norma só é válida e de aceitação universal se passar por um
processo dialógico, racional e democrático.
É dentro desta perspectiva de Habermas que este trabalho se baseou,
usando a Ética do discurso, que pretende através do diálogo, analisar a normas
válidas e as normas em vigor, para que os participantes refletissem sobre como
questões como estas interferem no cotidiano escolar. E a partir dessa análise, seguir
para a elaboração de um Manual de Convivência, que seria como um acordo interno
ou contrato pedagógico entre os membros da comunidade escolar.
Para o professor Ulisses F. de Araújo, do Departamento de Psicologia
Educacional da Unicamp – Universidade Estadual de Campinas – valores morais
não são ensinados nem inatos no sujeito. Ele parte da teoria do construtivismo onde
esses valores são construídos a partir das experiências que o sujeito estabelece
com o mundo. Ele ainda lembrou o papel da escola nessa construção:
Sua responsabilidade encontra-se em propiciar a oportunidade para que seus alunos e alunas interajam reflexivamente sobre valores e virtudes vinculados à justiça, ao altruísmo, à cidadania e à busca virtuosa da felicidade. Assim, valores calcados, por exemplo, na violência, no preconceito e na intolerância devem ser rechaçados. Se ela objetiva que seus alunos construam valores universalmente desejáveis, estes devem
15
estar implícitos nos conteúdos abordados nas diversas disciplinas escolares e nas relações interpessoais que predominam na escola. (ARAÚJO, 1999, p. 44).
Aqui o professor Ulisses nos dá uma grande dica de como trabalhar temas
como a ética e a cidadania na escola, ou seja, se nós enquanto educadores
almejamos que os alunos construam valores universalmente desejáveis, estes
devem estar implícitos nos conteúdos abordados em sala de aula, independente da
disciplina. E também estes temas podem ser abordados nos momentos de relação
interpessoal na escola, não deixando escapar oportunidades de educar socialmente
a partir de situações reais que acontecem quase todos os dias no cotidiano escolar.
Cidadania e Ética: as ações na escola
A partir desta perspectiva de que o ensino de valores universalmente
desejáveis pode acontecer na escola, independente da disciplina e também a partir
das relações interpessoais, as ações da implementação do projeto de intervenção
pedagógica tiveram início na Semana Pedagógica do mês de julho, quando
apresentamos o projeto aos professores e funcionários e também o convite para que
fizessem parte do grupo de estudos que seria criado para discutir questões
referentes à ética e à cidadania e de como incluí-las no currículo. Já de início o
projeto teve boa aceitação e muitos professores e funcionários se inscreveram para
participar.
Depois, veio a divulgação para os alunos monitores de turma do Ensino
Fundamental (público alvo) e seus pais, também houve boa receptividade por parte
do grupo para participar do projeto, porém durante a realização dos encontros
tivemos muita dificuldade para manter a freqüência dos alunos. Os encontros eram
realizados no contraturno escolar, ou seja, no período matutino, às sextas-feiras das
8 às 10 horas, e muitos alunos alegavam que moravam longe, que não tinham quem
os trouxesse ou buscasse. Como na escola há doze turmas de Ensino Fundamental
e em cada uma delas são dois monitores, deveriam participar do projeto pelo menos
vinte e quatro monitores, mas devido a todas as dificuldades apresentadas,
participaram dos encontros apenas dez alunos.
Por último, foi realizada uma reunião para divulgar o projeto entre as
instâncias colegiadas (APMF, Conselho Escolar e Grêmio Estudantil), vários pais se
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animaram para participar e também fizeram sua inscrição, porém não
compareceram, alegando dificuldades quanto ao horário de realização dos
encontros. Estes foram realizados de quinze em quinze dias, às quintas-feiras, das
18h15min às 22h15min, juntamente com o grupo de professores e funcionários.
Um fato marcante que é preciso destacar é que enquanto estava afastada
para os estudos do PDE, a escola em que o projeto foi implementado pegou fogo,
mais precisamente em 28 de fevereiro de 2011. Perdemos dois laboratórios de
informática, o do PROINFO, que ainda não tinha sido utilizado; nossa biblioteca com
mais cinco mil livros; o laboratório de Química, Física e Biologia, totalmente
equipado; seis salas de aula; sala dos professores e muitos equipamentos. Em
agosto, retornei à direção da escola, que está funcionando metade na parte que não
foi atingida pelo incêndio e a outra metade funciona num prédio que é do Estado,
mas que foi cedido para a Prefeitura. São 887 alunos divididos em dois espaços
diferentes.
As dificuldades na implementação começaram por aí, pois não havia sala de
aula para podermos nos reunir com os monitores de turma no período da manhã.
Então, tivemos que emprestar uma das salas de catequese, pertencente à Paróquia
Sant’Ana. Para isso era preciso carregar todo o equipamento de multimídia para
podermos realizar as atividades. Sem levar em consideração a falta de infraestrutura
e a dificuldade dos alunos virem aos encontros, a implementação foi muito produtiva,
os alunos que vieram contribuíram muito com o trabalho.
Primeiramente, foram analisados os gráficos referentes à pesquisa sobre a
destruição do patrimônio público aplicada aos alunos de 8ª série do Ensino
Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio. Depois da análise, os alunos
constataram que as respostas dos entrevistados são muito parecidas, embora sejam
de séries e idades diferentes. Depois, partiu-se para a construção do conceito do
que é “patrimônio público” através de dicionários e também da realização de uma
visita a outra escola estadual, para que os alunos pudessem conhecer outras
realidades. Durante a visita os alunos observaram a organização, a conservação e a
limpeza dos espaços. A proposta era também visitar escolas particulares, porém
estas não nos deram permissão. Depois da visita foi realizado um relatório e uma
comparação entre a escola onde estudam e a visitada no que se refere a estes
aspectos.
17
Refletiu-se também sobre a questão da violência nas escolas através de
vídeos e charges. A seguir, um exemplo de charge utilizada para embasar a
discussão:
Fonte:
http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/File/imagens/5pedagogia/7violência_escola.jp
g
Foi discutido sobre agendamento de brigas entre alunos e uso de detector de
metais nas escolas. Também se discutiu sobre o “autoritarismo”, “autoridade” e
“autonomia” enfocando a existência de escolas democráticas e escolas autoritárias.
Neste momento também foi ressaltado pelos alunos que há professores que são
autoritários e que ainda usam práticas do século passado para manter a disciplina
como deixar de castigo na hora do recreio ou mandar escrever várias vezes uma
frase relacionada a um comportamento que deseja fortalecer no aluno.
Os monitores também realizaram entrevistas com as funcionárias de serviços
gerais a fim de conhecer melhor as pessoas que trabalham diretamente com a
conservação do patrimônio escolar. Após as entrevistas, os alunos concluíram que
as funcionárias gostam do trabalho que realizam, porém apresentam como maior
dificuldade em sua profissão o relacionamento interpessoal.
Após as entrevistas, foi realizada uma leitura atenta do Regimento Escolar
para que os alunos tivessem uma visão mais ampla de seus direitos e de seus
deveres e muitos disseram que desconheciam muitas normas que ali estavam. Este
fato nos levou a refletir, pois se o aluno infringe uma norma que ele desconhece, isto
não pode ser considerado indisciplina. E mais, apesar de todo o empenho da
direção e da equipe pedagógica no início do ano letivo em trabalhar com todas as
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turmas um resumo das principais normas presentes no Regimento Escolar, isto não
tem sido suficiente para que os alunos se apropriem delas.
Para finalizar, passamos à elaboração de um pequeno Manual de
Convivência na escola, fazendo com que o aluno fizesse parte da elaboração da
norma, buscando melhorar a conservação do prédio escolar, bem como as relações
interpessoais.
Com o outro grupo, formado por professores e funcionários de serviços gerais
e administrativos, o trabalho foi bastante produtivo, as discussões em torno das
temáticas como conservação do patrimônio, inclusão da ética e da cidadania como
conteúdo em sala de aula foram enriquecedoras. A cada encontro, o grupo saía
animado e cheio de ideias na cabeça.
O resultado do questionário aplicado aos alunos também foi apresentado aos
professores e houve questionamentos por parte de alguns que consideraram muito
baixo o percentual de alunos que teriam assumido que já teriam agido com intenção
de destruir o patrimônio escolar. Não acreditamos que os alunos tenham mentido ao
responder a questão, visto que não era necessário colocar o nome na folha do
questionário.
Outro momento bem produtivo dos encontros foi quando o grupo assistiu e
analisou o filme “Pro dia nascer feliz”, de Jaime Jardim, pela forma que a escola, os
professores e os alunos são apresentados no documentário. Mesmo mostrando
escolas do nordeste ou do sudeste, é possível encontrar muitas semelhanças com
escolas do sul e mesmo com a Antonio e Marcos Cavanis, principalmente quando o
assunto é conselho de classe, instância colegiada que tem o poder de decisão sobre
a vida escolar do aluno.
Quando foi tratado do assunto da violência, o grupo de professores e
funcionários apontou para a necessidade de a escola se humanizar, pois conforme a
realidade social do aluno, a escola é o único espaço onde este se sente acolhido e
visto como pessoa merecedora de atenção. A partir desta constatação, o grupo
concluiu que o professor hoje pode disciplinar com o olhar, com a firmeza das
palavras, mas que também é necessário mostrar-se carinhoso e atencioso para com
o aluno. Finalizando esta temática o grupo destacou que a escola fechou-se em si
mesma, subiu seus muros, por causa do medo do vandalismo que existe hoje,
principalmente, o externo à escola.
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Para tratar do tema ética, foi utilizado o vídeo “Ética e indiferença”, do
programa Fantástico, da Rede Globo, mas antes da apresentação foi pedido ao
grupo que cada um escrevesse numa folha como definiria a palavra ética. Para uma
professora de língua portuguesa, ética é “um conjunto de valores morais que
promovem o bom relacionamento e o convívio harmonioso entre as pessoas”. Para
outro professor, a ética é “a harmonia entre a razão, as leis externas (sociedade) e
internas (eu próprio)”. Um funcionário colocou que ética é “respeitar o outro, não
fazendo a ele o que não quer que faça com você”. Após assistirem ao vídeo, o grupo
constatou a relevância de se trabalhar em sala de aula com este tema, devido à sua
importância no relacionamento interpessoal dentro da escola.
Para encerrar as atividades do grupo de estudos que envolveu professores e
funcionários foi apresentado a eles o material elaborado pelos monitores de turma
para compor o Pequeno Manual de Convivência na Escola e pedido que este grupo
também compusesse a sua parte. O material dos monitores era composto de
normas sobre o relacionamento entre alunos, funcionários e professores. Para o
segundo grupo foi sugerida a criação de normas sobre o relacionamento professor-
professor, professor-funcionário, professor-equipe pedagógica, professor-diretor,
funcionário-funcionário.
Resultado da pesquisa junto aos alunos do Ensino Fundamental e Médio
Antes mesmo de iniciarmos a implementação do projeto de intervenção na
escola, aplicamos um questionário para os alunos das 8ªs séries do Ensino
Fundamental e para os alunos da 3ªs séries do Ensino Médio. A primeira questão
indagava ao aluno o que ele considerava destruição do patrimônio escolar. O aluno
poderia escolher uma ou mais alternativas. Assim tanto os alunos do Fundamental
como os do Médio colocaram em primeiro lugar nos atos de vandalismo “quebrar
vidro ou lâmpada”, porque é algo mais visível quando ocorre, ou seja, é um ato que
não tem muito como esconder, como no caso do segundo ato mais apontado na
pesquisa, que é “colar chicletes debaixo da carteira”. É interessante observar que
atos como “passar objeto cortante na carteira ou cadeira”, “riscar a parede” ou
“descascar uma pintura” são apontados em menor porcentagem do que “colar
chicletes debaixo da carteira”. Em menor escala apareceram como atos de
20
vandalismo: “jogar lixo no chão”; “destruir um cartaz afixado na parede”; “pegar giz
da caixinha do professor” e por último “Fazer guerrinha de giz ou de bolinha de
papel”. Questionando-se os alunos sobre o porquê destas últimas respostas, alguns
alegaram que estas não se referem necessariamente à destruição do prédio escolar,
mas sim à conservação de sua limpeza.
A seguir foi feita a seguinte pergunta:
Ensino Fundamental
Ensino Médio
Na segunda questão da pesquisa, que reflete se os alunos já agiram
pensando em destruir o patrimônio da escola, percebe-se que mais da metade dos
entrevistados informaram que poucas vezes pensaram em agir desta forma, ou seja,
com o objetivo de depredar a escola e apenas 3 a 4% disseram que muitas vezes
agiram desta forma. É interessante observar a diferença que ocorre na resposta
“sim, frequentemente”, em que o número é bem menor entre os alunos do Ensino
Médio, 1%, enquanto no fundamental são 6%. A maior porcentagem ficou para a
6% 3% 17%
55%
19%
Sim, frequentemente
Sim, muitas vezes
Sim, às vezes Sim, poucas vezes
Nunca
Você já agiu pensando em destruir o patrimônio da escola?
1% 4% 14%
54%
27%
Sim, frequentemente
Sim, muitas vezes
Sim, às vezes Sim, poucas vezes
Nunca
Você já agiu pensando em destruir o patrimônio da escola?
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alternativa “sim, poucas vezes”, o que nos leva a refletir que mais de 50% dos
entrevistados já pensou em destruir o patrimônio, mesmo que poucas vezes.
Assim, buscou-se constatar os motivos que levaram o aluno agir desta
maneira, através da seguinte questão:
Ensino Fundamental
Ensino Médio
Na questão acima, é interessante observar que a maioria respondeu que
quando praticou algum ato contra a escola foi por brincadeira e não para se vingar
dela por algum motivo. Os que agiram com este objetivo foram apenas um por cento
dos entrevistados. O segundo item mais apontado pelos alunos na pesquisa foi a
“falta de consciência” do aluno ao praticar estes atos. Também é possível observar
que a influência dos amigos é bem maior no Ensino Fundamental que no Ensino
Médio. Quando 35% dos alunos entrevistados apontam que agiram dessa maneira
por falta de consciência, destacamos a importância do trabalho com a ética e a
46%
13%
36%
4% 1%
Brincadeira A influência dos amigos
Falta de consciência
Raiva do professor
Vingança contra a escola
Em caso de resposta positiva (questão II), o que o levou a praticar estes atos contra a
escola?
53%
7%
35%
4% 1%
Brincadeira A influência dos amigos
Falta de consciência
Raiva do professor
Vingança contra a escola
Em caso de resposta positiva (questão II), o que o levou a praticar estes atos contra a
escola?
22
cidadania na sala de aula, porque mostra que o aluno não tem consciência dos seus
direitos e muito menos de seus deveres. E também, que ele vê a escola como um
bem próprio e não como um bem comum, e que ele pode fazer dela o que bem
quiser, mesmo que seja destruí-la.
Como já comentamos anteriormente, o fato de difundir os direitos
existentes, não concede a cidadania, mas a faz mais consciente. A dimensão de
cidadania vista como atividade desejável, combina a posse de direitos com o
reconhecimento de certas responsabilidades derivadas de um conjunto de valores,
ou seja, o aluno tem direito à educação de qualidade, de estudar em um ambiente
limpo, organizado e acolhedor, porém tem o dever de zelar por este espaço, que não
é só dele, mas de todos.
Para finalizar o questionário, foi feita a seguinte pergunta aos entrevistados:
Ensino Fundamental
41%
20%
39%
Sim Não Um pouco
A perda de grande parte do patrimônio da escola por causa do incêndio, ocorrido no dia
28/02/2011, afetou sua visão quanto ao cuidado que se deve ter com o patrimônio público
escolar?
23
Ensino Médio
A questão acima foi incluída no momento da aplicação do questionário, pois
quando o projeto de intervenção pedagógica foi elaborado a escola ainda não havia
sofrido o incêndio, mas consideramos importante a sua inclusão na pesquisa para
podermos perceber um pouco mais se este fato influenciou ou não no modo do
aluno se relacionar com a escola onde estuda. Pelas respostas dadas, é possível
perceber que a perda de grande parte do patrimônio da escola influenciou no modo
como aluno cuida do patrimônio escolar. Apenas vinte por cento dos entrevistados
apontaram que a questão do incêndio não mudou sua visão em relação a este tema.
Conclusão
Este estudo foi relevante por tratarmos de um assunto que é comum na
maioria das escolas públicas brasileiras que é a depredação do prédio escolar,
buscando alternativas no trabalho pedagógico que despertem no coletivo o sentido
de pertença à escola através de atitudes éticas e cidadãs.
Foi possível constatar que o trabalho com o Regimento Escolar é muito
importante tanto com alunos como com professores e funcionários, porque é neste
documento que cada um entra em contato com seus direitos e deveres, ou seja,
vivencia na prática a cidadania na escola. O fato de difundir os direitos e deveres
existentes, não concede a cidadania, mas torna as pessoas mais conscientes
destes. Assim, a cidadania é construída socialmente como um espaço de valores e
de ações, onde os sujeitos são reconhecidos como membros de uma comunidade
53%
23% 24%
Sim Não Um pouco
A perda de grande parte do patrimônio da escola por causa do incêndio, ocorrido no dia
28/02/2011, afetou sua visão quanto ao cuidado que se deve ter com o patrimônio público …
24
de iguais, fundamentada em valores como igualdade, respeito às diferenças,
solidariedade e tolerância.
Relembramos que o estabelecimento desses valores é um processo
construtivo, realizado por todos os membros da comunidade escolar, porque a
simples transmissão predeterminada de valores impede que os indivíduos se tornem
protagonistas efetivos de sua própria cidadania e quando a cidadania se fecha em
um “dever ser” deixa de ser cidadã. Como Goergen (2005) também acreditamos que
o homem como um ser social necessita de normas que regulem seus instintos
impondo assim respeito aos direitos dos outros. E é através da Ética do Discurso,
desenvolvida por Habermas que encontramos uma possibilidade de refletir,
questionar e assumir valores morais na escola, buscando fundamentar um conceito
de verdade a partir do processo comunicativo, através do entendimento mútuo. Toda
norma necessita de justificativa para que o aluno não seja coagido a cumpri-la
apenas por tradição ou porque é imposta por alguém superior, por isso é importante
que a escola propicie momentos de diálogo racional e democrático para discutir a
justeza e a validade das normas. Este é um dos caminhos para que as normas da
escola sejam válidas e de aceitação universal. O aluno tem que sentir que ele
também faz parte da elaboração das normas da escola.
Sabemos que nosso aluno é fruto do seu tempo histórico, das relações
sociais em que está inserido, e que por isso mesmo age muitas vezes de forma
irresponsável na escola, chegando a destruir seu patrimônio, seja por influência dos
amigos ou por falta de consciência de seus direitos e deveres.
Estes fatos nos mostram claramente que a função da escola não é somente
a socialização do conhecimento científico produzido pela humanidade, mas também
a inclusão no currículo de temas relevantes como ética, cidadania, violência,
estabelecimento coletivo de normas. É preciso que haja espaço durante as aulas,
independente da disciplina, para se discutir sobre estes temas que são sim
conteúdos escolares, pois fazem parte do dia a dia da escola. Não se trata de uma
tarefa fácil, pois é possível perceber que muitos professores relutam em aceitar tais
temas como conteúdo de sua disciplina e alegam que se abrirem espaço em suas
aulas para discutir tais temas, estarão perdendo tempo de trabalhar os conteúdos
que já estão inseridos em seu planejamento.
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Mas se não possibilitarmos a inclusão destes temas em nossas aulas, de
nada adianta reclamarmos da postura do nosso aluno hoje, que muitas vezes é visto
como irresponsável, alienado e que não tem interesse pelos estudos. Como vimos
anteriormente, parte desse descaso do aluno pela escola é fruto da falta de sentido
das atividades escolares, que estão muito distantes da realidade socioeconômica
deste. Portanto, é necessário dar um sentido à escola que o aluno frequenta, dando-
lhe voz para que possa discutir questões que considere relevantes no ambiente
escolar. Assim, será possível despertar no aluno o sentido de pertença à escola, e
se isto acontecer, dificilmente ele destruirá o patrimônio escolar.
É importante destacar que a conservação do prédio escolar é tarefa de todo o
coletivo, alunos, professores, funcionários, pais, e não apenas do diretor. Cada qual
em sua função deve colaborar para que a escola seja um ambiente agradável e
acolhedor a todos. Com a implementação do projeto de intervenção, foi possível
observar uma melhora na conservação da limpeza dos ambientes como sala, pátio e
banheiros. O que ainda persistem são os escritos nas carteiras. Este fato nos leva a
refletir que não atingimos todo o coletivo escolar, mas sabemos que mexemos com
uma parcela importantíssima e que está ligada diretamente com o aluno, os
professores e os funcionários. Sem eles, é impossível realizar qualquer trabalho que
envolva uma mudança comportamental. Também é importante colocar, que este
trabalho com a ética e com a cidadania, não tem resultado imediato, portanto não
termina por aqui, é preciso continuar jogando a semente, para no futuro colher bons
frutos.
Infelizmente, a participação dos pais na implementação deste projeto só
ocorreu no momento de sua divulgação, o que nos leva a crer que há muito que
fazer para que haja um maior envolvimento da família com a escola. É preciso
encontrar meios para romper com a alienação e o comodismo dos pais. A gestão
realmente democrática está muito longe de acontecer, enquanto os pais não se
envolverem efetivamente com as questões da escola.
Para finalizarmos, gostaríamos de deixar um pensamento do nosso saudoso
educador, Paulo Freire, que acreditava que ensinar exigia a convicção de que a
mudança é possível e de que:
Meu papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre, mas o de quem intervém como sujeito de ocorrências. Não sou apenas objeto da
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História, da cultura, da política, constato não para me adaptar, mas para mudar. [...] Constatando, nos tornamos capazes de intervir na realidade, tarefa incomparavelmente mais complexa e geradora de novos saberes do que simplesmente a de nos adaptar a ela. (FREIRE, 1996, p.77)
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