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A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ENQUANTO ÁREA DO CONHECIMENTO, PARA A FORMAÇÃO DO ALUNO CONCLUINTE DA EDUCAÇÃO BÁSICA Adriana Furlanetto 1 Carmem Elisa Henn Brandl 2 Resumo: O presente trabalho tem por finalidade analisar a contribuição da Educação Física, enquanto área do conhecimento, para a formação geral do aluno concluinte da Educação Básica. A pesquisa foi desenvolvida em Estabelecimentos da Rede Pública de Ensino, em um município da região oeste do Estado do Paraná, através da técnica de coleta de dados por meio de questionário, aplicado em turmas da 3ª série do Ensino Médio do período matutino. Os dados levantados apresentaram a predominância nas práticas pedagógicas, do Esporte sobre os demais conteúdos que compõem a disciplina, ou seja, sobre a ginástica, a dança, as lutas e os jogos, além de evidenciar que a grande maioria dos alunos considera importante a presença da disciplina de Educação Física na Educação Básica, participando das aulas sempre ou freqüentemente, tanto no Ensino Fundamental, quanto no Médio. Abstract: This study aims to examine the contribution of Physical Education, as a field of knowledge, the general training of the student concluinte of Basic Education. The research was conducted at establishments of the Public Education Network, a municipality in the region west of the state of Parana, through the technique of collecting data through a questionnaire, applied to classes of 3rd grade of high school in the morning. The data collected showed the dominance in the educational practices of Sports on the other contents that make up the discipline, that is, on the gymnastics, dance, the struggles and games, in addition to evidence that the vast majority of students considered important the presence of the discipline of Physical Education in Basic Education, participating school always or frequency, both in elementary school, as in the Middle. Palavras – chave: Educação Física Escolar. Área do Conhecimento. Práticas Corporais 1 Professora PDE / NRE de Cascavel. Licenciada em Educação Física / UEL. Especialista em Educação Motora / UNICENTRO. 2 Doutora em Educação Física/Pedagogia do Movimento. UNICAMP/FEF. Docente do Curso de Educação Física na Universidade do Oeste do Paraná / UNIOESTE, campus de Marechal Cândido Rondon. Pesquisadora e Líder do GEPEFE. 1

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Page 1: A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ENQUANTO ÁREA … · legitimação da Educação Física através da aptidão física, justificando sua importância na escola “pela necessidade

A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ENQUANTO ÁREA DO CONHECIMENTO, PARA A FORMAÇÃO DO ALUNO CONCLUINTE

DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Adriana Furlanetto1

Carmem Elisa Henn Brandl2

Resumo:

O presente trabalho tem por finalidade analisar a contribuição da Educação Física, enquanto área do

conhecimento, para a formação geral do aluno concluinte da Educação Básica. A pesquisa foi

desenvolvida em Estabelecimentos da Rede Pública de Ensino, em um município da região oeste do

Estado do Paraná, através da técnica de coleta de dados por meio de questionário, aplicado em

turmas da 3ª série do Ensino Médio do período matutino. Os dados levantados apresentaram a

predominância nas práticas pedagógicas, do Esporte sobre os demais conteúdos que compõem a

disciplina, ou seja, sobre a ginástica, a dança, as lutas e os jogos, além de evidenciar que a grande

maioria dos alunos considera importante a presença da disciplina de Educação Física na Educação

Básica, participando das aulas sempre ou freqüentemente, tanto no Ensino Fundamental, quanto no

Médio.

Abstract: This study aims to examine the contribution of Physical Education, as a field of knowledge, the general

training of the student concluinte of Basic Education. The research was conducted at establishments

of the Public Education Network, a municipality in the region west of the state of Parana, through the

technique of collecting data through a questionnaire, applied to classes of 3rd grade of high school in

the morning. The data collected showed the dominance in the educational practices of Sports on the

other contents that make up the discipline, that is, on the gymnastics, dance, the struggles and games,

in addition to evidence that the vast majority of students considered important the presence of the

discipline of Physical Education in Basic Education, participating school always or frequency, both in

elementary school, as in the Middle.

Palavras – chave: Educação Física Escolar. Área do Conhecimento. Práticas

Corporais

1 Professora PDE / NRE de Cascavel. Licenciada em Educação Física / UEL. Especialista em Educação Motora / UNICENTRO.2 Doutora em Educação Física/Pedagogia do Movimento. UNICAMP/FEF. Docente do Curso de Educação Física na Universidade do Oeste do Paraná / UNIOESTE, campus de Marechal Cândido Rondon. Pesquisadora e Líder do GEPEFE.

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Page 2: A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ENQUANTO ÁREA … · legitimação da Educação Física através da aptidão física, justificando sua importância na escola “pela necessidade

1 INTRODUÇÃO

A Educação Física, desde sua inclusão no currículo escolar brasileiro, a partir

do século XIX, vem buscando propostas pedagógicas que a legitimem enquanto

prática educativa fundamental para o desenvolvimento humano.

Neste contexto, analisando as concepções pedagógicas desenvolvidas ao

longo da história, até os dias atuais, constata-se que, apesar das alterações

ocorridas nas propostas educacionais da Educação Física, as práticas pedagógicas

dos profissionais da área ainda sofrem influência de tendências que foram

historicamente construídas e foram significativas em determinadas épocas e

contextos, mas muitas não satisfazem as atuais necessidades e concepções da

educação.

Em virtude da formação da maioria dos profissionais de Educação Física, que

foi eminentemente voltada para o desporto, a principal concepção norteadora, ainda

hoje, das aulas de Educação Física na escola é a esportivista, a qual prioriza o

movimento mecânico e repetitivo e que restringe o corpo ao biológico, ao

mensurável.

Apesar do considerável crescimento da área enquanto campo de

conhecimento e sua contribuição nas reflexões da Educação Física dentro e fora da

escola e, de ter a importância reconhecida pela Lei nº 9394/96 (LDB)3, através da

sua obrigatoriedade como componente curricular da educação básica, a Educação

Física ainda hoje, ocupa um lugar secundário no processo educativo, não tendo sido

reconhecido o seu devido valor na construção do conhecimento e formação do aluno.

Esta desvalorização é constatada em várias situações que ocorrem com

freqüência no cotidiano escolar, como por exemplo, o entendimento generalizado

(senso comum) de que a Educação Física é um apêndice das demais disciplinas; as

aulas de Educação Física são para o aluno descansar, compensando as atividades

e tarefas realizadas em sala de aula; na falta de professores de outras disciplinas,

utiliza-se os espaços e o professor de Educação Física para “atender” os alunos.

3 Art. 26. ... § 3º - A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: (...) (Redação dada pela Lei nº 10.793 de 1º. 12.2003).

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Nesta perspectiva, Soares et al (1993: p. 214) esclarece que “a escola tem

privilegiado, historicamente, conteúdos escolares que se ligam diretamente ao

mundo produtivo, julgando assim, ‘aproveitar’ melhor o tempo da criança na escola,

especialmente no ensino fundamental”. Frisa ainda que pedagogos de diferentes

matizes teóricas e ideológicas têm utilizado este argumento para justificar a retirada

da Educação Física e da Educação Artística do currículo escolar. Por outro lado, há

educadores e pesquisadores da área “batalhando” constantemente para justificar

sua presença no ambiente escolar.

Bracht et al al (2005) apresenta alguns argumentos que geralmente são

usados para justificar a presença da Educação Física no currículo escolar. O

primeiro trata da contribuição da Educação Física para a formação integral do ser

humano. Para o autor, este discurso se constitui como argumento não só da

Educação Física, mas também presente na história da Educação brasileira, que

tinha como principal objetivo fugir da dicotomia corpo e mente, contrapondo-se a

posições biologicistas advindas dos fundamentos teóricos das Ciências Biológicas.

Entretanto, como assinala Bracht et al (2005: p. 55), “(...) a formação integral tornou-

se algo óbvio que dispensa a necessidade de questionar sobre o que significa (...)’.

E ainda, “o fato de ter se tornado ‘lugar comum’ na área gera um fenômeno

preocupante, pois esse discurso se naturaliza e se dissemina como verdade

inquestionável”.

O segundo argumento apontado por Bracht el al (2005: p. 56), refere-se à

legitimação da Educação Física através da aptidão física, justificando sua

importância na escola “pela necessidade de ensinar noções de saúde ou mesmo

por acreditar que esse componente curricular pode evitar o envolvimento do aluno

com drogas e alcoolismo e, desta forma, contribuir para a formação de hábitos

considerados saudáveis”.

E por fim, atribui-se à Educação Física, a tarefa de socialização, surgindo no

imaginário social, como uma especialidade da Educação Física no contexto escolar,

trabalhada principalmente através do esporte, não havendo referência alguma que a

tarefa socializadora também seja uma incumbência de outras disciplinas

curriculares, ou seja, uma função inerente à própria escola (BRACHT el al: 2005).

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No entanto, é necessário romper estes paradigmas, que qualificam a

Educação Física como disciplina reprodutora e repetidora de movimentos

esportivistas, e reconhecê-la como uma disciplina capaz de influenciar diretamente

na formação de todos os indivíduos, tornando-os sujeitos autônomos e críticos.

No Brasil, desde sua inclusão no currículo escolar, a Educação Física tem

sofrido influência de várias concepções pedagógicas ao longo da história, sendo que

a mais forte e que ainda hoje influencia a prática pedagógica docente é a tecnicista,

que prioriza o movimento mecânico e repetitivo. Entretanto, já existem diferentes

abordagens que vem discutindo e criticando o modelo mecanicista, ainda muito

presente nas aulas de Educação Física, objetivando propor novas práticas

pedagógicas que satisfaçam as necessidades educacionais da sociedade atual.

Neste sentido, Darido e Sanches Neto (2005: 5/6) esclarecem que:

Atualmente, coexistem na área da Educação Física várias concepções, todas elas tendo em comum a tentativa de romper com o modelo mecanicista, esportivista e tradicional. São elas, Humanista, Fenomenológica, Psicomotricidade, baseada nos Jogos Cooperativos, Cultural, Desenvolvimentista, Interacionista-construtivista, Crítico-superadora, Sistêmica, Crítico-emanciatória, Saúde Renovada, baseada nos Parâmetros Curriculares Nacionais.

Deste modo, é imprescindível que o profissional de Educação Física Escolar,

trabalhe em busca da superação da dimensão meramente motriz a fim de imprimir

às aulas, uma dimensão histórica, cultural e social, priorizando o conhecimento

sistematizado, “como oportunidade para reelaborar idéias e práticas que ampliem a

compreensão do aluno sobre os saberes produzidos pela humanidade e suas

implicações para a vida” (PARANÁ, 2006: p. 21).

Para que o aluno tenha possibilidade de compreender a sociedade em que

está inserido e suas constantes mudanças, e, sistematizar o conhecimento adquirido

e vivenciado através das aulas de Educação Física, é necessário, também,

propiciar-lhe experiências que conduzam à consciência corporal, pois como defende

o português Manuel Sérgio é necessária a “criação da consciência corporal do povo

e do reconhecimento generalizado da importância e do significado do corpo”

(SÉRGIO, 1993: p, 101).

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Neste viés, Lino Castelani Filho apud Manuel Sérgio (1993: p. 101/102)

define o conceito de consciência corporal do homem, como sendo

(...) a sua compreensão a respeito dos signos tatuados em seu corpo, pelos aspectos sócio-culturais de momentos históricos determinados. E fazê-lo sabedor de que seu corpo sempre estará expressando o discurso hegemônico de uma época e que a compreensão do significado desse discurso, bem como de seus determinantes, é condição para que ele possa vir a participar do processo de construção de seu tempo e, por conseguinte, da elaboração dos signos a serem gravados em seu corpo.

Assim sendo, a consciência corporal, é um dos aspectos que irá conduzir o

aluno em direção ao autoconhecimento, e, principalmente, ao conhecimento

sistematizado e historicamente produzido pelas relações sociais, políticas e

econômicas da sociedade na qual ele está inserido, possibilitando-lhe a leitura crítica

do mundo que o cerca.

É importante ressaltar que, a Educação Física, enquanto componente

curricular da Educação Básica deve ser compreendida como área que produz

conhecimento formal e sistematizado, onde, conforme esclarece Soares et al (1993:

p. 217), “(...) há a integração de conhecimentos que vão desde aqueles elaborados a

partir das ciências biológicas até aqueles próprios das ciências sociais, passando

pelas questões culturais”.

Para Soares et al. (1993) a Educação Física escolar não deve preocupar-se

com o desenvolvimento e aprimoramento de habilidades motoras, a fim de tornar os

alunos mais velozes, ágeis e fortes, mas sim, se ater em atividades concretas do

universo da cultura corporal.

Defende ainda que “a preocupação deverá ser a apreensão crítica da

expressão corporal enquanto linguagem através do trato do conhecimento sobre os

grandes temas da cultura corporal como o jogo, a dança, o esporte, a ginástica,

etc.”, frisando, que a Educação Física escolar deve propiciar ao aluno da educação

básica a “competência para apreender as possibilidades e os limites da expressão

corporal enquanto linguagem no tempo histórico” (SOARES, 1993: p. 218/219).

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Portanto, este texto tem como objetivo principal, analisar a contribuição da

Educação Física para a formação geral do aluno concluinte da Educação Básica.

Buscar-se-á cumprir esta meta a partir dos seguintes objetivos específicos:

Identificar o perfil do aluno concluinte da Educação Básica das escolas pesquisadas;

Verificar a freqüência com que os conteúdos estruturantes e específicos da

disciplina de Educação Física, previstos nas Diretrizes Curriculares (2006), foram

trabalhados ao longo da escolarização dos alunos da 3ª série do Ensino Médio;

Verificar a importância dada pelos alunos da 3ª série do Ensino Médio à Educação

Física, enquanto área do conhecimento, para o seu desenvolvimento e formação;

Verificar quais conhecimentos da Educação Física foram adquiridos pelos alunos na

Educação Básica.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho caracteriza-se como uma Pesquisa Descritiva, com

abordagem qualitativa, através da técnica de coleta de dados por meio de

questionário.

Cervo e Bervian (1996: p. 49) esclarecem que, “a pesquisa descritiva observa,

registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”. E

ainda, “busca conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na vida social,

política, econômica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do

indivíduo tomado isoladamente como de grupo e comunidades mais complexas”.

Portanto, pode-se dizer que a pesquisa descritiva procura desvendar a

constância com que um fenômeno ocorre, sua relação com outros, sua natureza e

peculiaridades sem alterar suas características básicas, trabalhando com os fatos

colhidos da própria realidade.

A pesquisa foi desenvolvida em um município da região oeste do Estado do

Paraná que conta com 35 Instituições da Rede Pública de Ensino que ofertam o

Ensino Médio Regular, nos períodos matutino e noturno, em 340 turmas, perfazendo

um total de 12.045 alunos matriculados (conforme Dados de Matrícula do mês de

fevereiro de 2007, do Núcleo Regional de Educação).

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Considerando o número elevado de escolas e de alunos deste Município e,

em razão da pesquisa enfocar o aluno concluinte da Educação Básica, optou-se em

pesquisar alunos da 3ª série do Ensino Médio, sendo que das 94 turmas de 3ª série

do Ensino Médio ofertadas nos períodos matutino e noturno, num total de 3.253

alunos. 52 turmas atenderam 1.815 alunos no período matutino e 42 turmas

atenderam a 1.438 alunos no período noturno. A presente pesquisa limitou-se a

abrangência das 3ª séries do Ensino Médio do período matutino, de colégios da

região central desse município, totalizando 03 escolas, envolvendo a população de

530 alunos, organizados em 12 turmas. Dessas, a amostra foi constituída por 191

alunos, de 06 turmas, ou seja, 02 turmas de cada escola. Para a seleção dos alunos,

optou-se pela pesquisa em turmas com aula geminadas, em razão da quantidade de

perguntas do questionário e em 02 turmas que tivessem aulas de Educação Física

no mesmo dia, a fim de otimizar o tempo e não prejudicar a organização escolar.

O Instrumento utilizado para a coleta das informações foi um questionário

com 23 questões, das quais 15 são fechadas, 05 são abertas e 03 são mistas. Foi

elaborado pela pesquisadora juntamente com a orientadora, sendo testado em uma

turma de 3ª série de escola particular e avaliado por dois professores da UNIOESTE

de Marechal Cândido Rondon, com a finalidade de verificar sua clareza e

objetividade.

A Coleta de Dados ocorreu, a partir segundo período do Programa PDE (2º

semestre/2007), mediante autorização da Direção dos Estabelecimentos de Ensino e

dos professores que ministravam aulas nas turmas pesquisadas. Neste sentido, o

questionário foi aplicado em duas turmas de 3ª série do Ensino Médio, do período

matutino de cada Colégio.

A análise dos dados foi feita a partir da freqüência relativa das respostas

fechadas e uma análise qualitativa, a partir da elaboração de categorias, com o

objetivo de organizar e compreender as respostas às questões abertas e mistas.

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49,74

42,41

7,85

Escolas Pesquisadas Escolas Estaduais Escolas Particulares

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste tópico serão apresentados os resultados da pesquisa, seguidos da

discussão, com o objetivo principal de analisar a contribuição da Educação Física

para a formação geral do aluno concluinte da Educação Básica.

1 IDENTIFICAÇÃO DO ALUNO

O primeiro bloco de questões tem por finalidade a identificação do aluno,

levantando dados referentes ao Estabelecimento de Ensino onde cursou o Ensino

Fundamental, desde que série estuda nas escolas pesquisadas, faixa etária e sexo.

Gráfico 1 – Demonstrativo das Escolas onde os alunos freqüentaram o Ensino Fundamental.

Quando perguntados onde cursaram o Ensino Fundamental, 49,74% dos

alunos responderam nas escolas pesquisadas, 42,41% em outras escolas estaduais,

tanto do município como de outras localidades e, somente 7,85% dos alunos são

oriundos de escolas particulares. Verifica-se, portanto, que 92,15% dos alunos

cursaram o Ensino Fundamental em estabelecimentos da rede pública de ensino.

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46,07%

2,09%

24,08%

7,33%6,81%

9,42% 4,19%

5ª série do Ensino Fundamental

6ª série do Ensino Fundamental

7ª série do Ensino Fundamental

8ª série do Ensino Fundamental

1ª série do Ensino Médio

2ª série do Ensino Médio

3ª série do Ensino Médio

19,37%

70,68%

9,95%

16 Anos17 Anos18 Anos ou mais

O gráfico 2 apresenta, série a série, o percentual de alunos que estudaram

nas escolas pesquisadas no decorrer do Ensino Fundamental e Médio.

Gráfico 2 - Período em que os alunos começaram a estudar nas Escolas Pesquisadas.

Analisando o resultado da pesquisa, pode-se constatar que quase metade

dos alunos estudou toda a Educação Básica nas escolas pesquisadas.

Gráfico 3 – Idade dos alunos.

Em relação à faixa etária do grupo pesquisado, 70,68% dos alunos tinha 17

anos da data da pesquisa, o que denota que a maioria está cursando a 3ª série do

Ensino Médio em idade escolar adequada à legislação vigente.

O gráfico a seguir aponta o percentual de alunos do sexo masculino e

feminino nas escolas pesquisadas no qual, dos 191 alunos pesquisados, mais da

metade é do sexo feminino.

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35,60%

64,40%

MasculinoFeminino

87,43

9,42

3,140

71,20

21,99

6,810

81,15

13,09

5,760

38,22 38,74

21,47

1,57

36,13 35,0827,75

1,05

Ginástica Ritmica Ginástica Academia Ginástica Olímpica Relaxamento Ginástica Geral

Nunca

Pouco

Suficiente

Excessivo

Gráfico 4 – Sexo dos alunos.

2 CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESTUDADOS ENSINO FUNDAMENTAL DE 5ª A 8ª SÉRIES E ENSINO MÉDIO

A seguir serão apresentados os resultados da pesquisa quanto à freqüência

com que os conteúdos estruturantes e específicos da Educação Física, previstos

nas Diretrizes Curriculares do Paraná (2006), foram estudados pelos alunos, ao

longo da Educação Básica.

Gráfico 5 – Freqüência com que a Ginástica foi trabalhada nas aulas de Educação Física.

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A ginástica, enquanto conteúdo da Educação Física, prevista nas Diretrizes

Curriculares do Paraná tem por finalidade “dar condições ao aluno de reconhecer as

possibilidades de seu corpo, ou seja, as diferentes formas de representação das

ginásticas devem ser objeto de ensino nas aulas de Educação Física” (PARANÁ,

2008: p. 22).

Neste sentido Soares et al (1992: p. 77) afirma que “a presença da ginástica

no programa se faz legítima na medida em que permite ao aluno a interpretação

subjetiva das atividades ginásticas, através de um espaço amplo de liberdade para

vivenciar as próprias ações corporais”.

Portanto, é inegável a importância do trabalho da ginástica na escola, tanto

pelo seu caráter educativo, como histórico e social, considerando que ela é,

praticamente, o marco inicial que justificou a presença da Educação Física como

componente curricular obrigatório em todos os estabelecimentos de ensino do país.

Apesar de ter sua importância reconhecida pela literatura atual da área,

verifica-se, pelos dados apresentados, que a ginástica ainda é pouco trabalhada na

escola, considerando o alto percentual de alunos que nunca teve contato com ela

nas aulas de Educação Física.

Verifica-se ainda, que os conteúdos específicos de relaxamento (21,47%) e

ginástica geral (27,75%) foram mais abordados que os demais, o que leva a crer que

existe a preocupação dos professores em trabalhar com estes conteúdos, porém o

tempo destinado ainda é muito pequeno, principalmente com a ginástica rítmica, de

academia e a olímpica.

O próximo gráfico apresentado refere-se à freqüência com que o Esporte foi

trabalhado nas aulas de Educação Física.

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2,09

26,18

54,97

17,28

6,28

40,84

49,74

3,14 0

18,85

67,54

13,61

4,19

39,27

52,88

3,66

70,68

24,08

5,24

0

Futebol Handebol Voleibol Basquetebol Atletismo

NuncaPoucoSuficiente Excessivo

Gráfico 6 – Freqüência com que os Esportes foram trabalhados nas aulas de Educação Física.

Quanto ao esporte, a pesquisa demonstra que este é o conteúdo estruturante

mais desenvolvido na escola, tendo em vista que, com exceção do Atletismo

(5,24%), todos foram trabalhados suficientemente nas aulas de Educação Física,

inclusive, tanto o conteúdo de futebol, como o voleibol tiveram consideráveis índices

de trabalho excessivo.

O gráfico comprova, conforme acima explicitado, que o atletismo foi o único

esporte que apresentou baixo percentual na freqüência, demonstrando que este

conteúdo praticamente não é trabalhado nas aulas de Educação Física, o que pode

ensejar algumas justificativas, tais como: falta de preparo dos professores e/ou

condições físicas e materiais inadequadas.

Este resultado evidencia que os profissionais da área possuem uma

formação eminentemente esportivista, o que favorece o enfoque do esporte como

conteúdo da Educação Física. Neste contexto, Daólio apud Darido (2003: p. 26), ao

discutir a formação profissional, “considera que no currículo das faculdades que

preparam os professores de Educação Física, de maneira geral, predominam as

disciplinas técnico-esportivas, levando os profissionais a uma falta de embasamento

teórico, falta essa que impediria a transformação da prática dos professores”.

Entretanto, é importante salientar que, os profissionais da área não podem

recusar-se em trabalhar com os conteúdos básicos da Educação Física, utilizando-

se do pretexto de não possuírem a formação específica e adequada para

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desenvolver determinado conteúdo, privando o aluno do direito ao conhecimento

formal e sistematizado.

Neste sentido, Bracht et al (2005, p. 41) enfatiza, “a formação inicial não pode

responder por todas as limitações da formação do professor (...)”, complementando

que,

Ao assinalar que a maior parte dos profissionais tem um modelo tradicional-esportivo na sua formação inicial não deve ser motivo para daí extrair, de forma direta, desdobramentos dessa formação na sua prática pedagógica. A formação do educador é um contínuo bem mais abrangente que o momento de sua formação inicial.

Ressalta-se que, este trabalho não tem por objetivo, a negação do Esporte,

enquanto conteúdo curricular, considerando que, além de ser o conteúdo

predominante nas aulas de Educação Física, ele é parte integrante da própria

história da disciplina no país, possuindo importância histórica, social e cultural para

a sociedade nacional e internacional.

Porém, a escola, respeitada a realidade social na qual está inserida, deve

propiciar ao aluno o conhecimento sistematizado, através de práticas pedagógicas

que trabalhem com os conteúdos da Educação Física, quais sejam a ginástica, a

dança, as lutas, os jogos e brincadeiras e o esporte.

Assim, as Diretrizes Curriculares do Paraná (2008: p. 20) norteiam o trabalho

com o conteúdo esporte esclarecendo que, “Garantir aos alunos o direito de acesso

e reflexão sobre as práticas esportivas, além de adaptá-las à realidade escolar,

devem ser ações cotidianas na rede pública de ensino”.

Em relação à dança, como se constatou anteriormente na ginástica, também

se verifica o elevado percentual de alunos que nunca tiveram contato com este

conteúdo, considerando que o gráfico 7 assinala que, menos de 10% dos alunos

teve este conteúdo trabalhado nas aulas de Educação Física.

Verifica-se também, que as danças mais trabalhadas nas escolas

pesquisadas, são as danças folclóricas (7,33%) e a expressão corporal (6,28%), o

que leva a concluir que estas, direcionam o conteúdo às atividades expressivas e de

dramatização e aquelas, trabalham enfocando mais, a quadrilha, dança folclórica

típica das festas juninas.

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75,92

22,51

1,57 0

65,45

26,70

7,33

0

78,53

17,80

3,66 0

61,26

35,60

3,140

71,73

21,99

6,280

Dança Regional Dança Folclórica Dança Internacional Dança de Salão Expressão Corporal

NuncaPoucoSuficiente Excessivo

Gráfico 7 - Freqüência com que a Dança foi trabalhada nas aulas de Educação Física.

O gráfico a seguir, apresenta a freqüência com que as lutas foram

trabalhadas na escola.

100

0 0 0

99,48

0,52

0 0

97,38

2,62

0 0

83,77

14,14

1,570,52

100

0 0 0

Jiu-Jitsu Judô Karatê Capoeira Taekondo

NuncaPoucoSuficiente Excessivo

Gráfico 8 - Freqüência com que as Lutas foram trabalhadas nas aulas de Educação Física.

A análise do gráfico 8 leva a concluir que as lutas praticamente não foram

trabalhadas nas escolas pesquisadas, sendo que a capoeira apresenta o maior

percentual de freqüência de alunos que tiveram contato com este conteúdo.

Os dados apontam a realidade das escolas pesquisadas, contudo, há

evidências de que esta não é uma realidade isolada destas instituições, mas sim,

uma realidade quase geral.

Neste contexto, Carreiro (2005, p. 244) assinala que,

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Dentre os conteúdos que podem ser apresentados na Educação Física escolar, as lutas são um dos que possivelmente encontram mais resistência, levantados geralmente os argumentos de que há falta de espaço físico, falta de material, falta de roupa adequada e, sobretudo, pela associação às questões de violência.

Assim, as lutas devem estar inseridas na proposta curricular da disciplina de

Educação Física, respeitada a especificidade da comunidade escolar, devendo ser,

de acordo com as Diretrizes Curriculares, “(...) abordadas de forma reflexiva,

direcionada a propósitos mais abrangentes do que somente desenvolver

capacidades e potencialidades físicas”, de forma a garantir que os alunos vivenciem

“essa manifestação corporal de maneira crítica e consciente, procurando, sempre

que possível, estabelecer relações com a sociedade em que vive” (PARANÁ, 2008:

p. 24).

Quanto aos jogos, verifica-se através do gráfico, que depois do esporte, este

é o conteúdo mais trabalhado nas aulas de Educação Física, tendo em vista que os

Jogos de Salão (52,88%), Tênis de Mesa (41,36%) e Jogos Cooperativos (26,18%)

apresentam um percentual considerável de freqüência com que foram trabalhados

pela disciplina, o que leva a concluir em relação aos dois primeiros conteúdos acima

citados, que as escolas pesquisadas dispõem dos materiais necessários à prática

destes jogos e, quanto aos Jogos Cooperativos, o resultado leva a crer, que existe

uma preocupação do professor em resgatar o lúdico, em despertar nos alunos a

consciência da necessidade do trabalho coletivo, em equipe; do brincar com o

colega e não contra o colega; de oportunizar ao aluno a criação e adaptação das

regras de acordo com a necessidade do jogo, em busca de um objetivo comum.

15

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36,65

52,36

10,47

0,52

74,35

21,99

3,66

0

3,14

41,88

52,88

2,09

25,13

51,83

21,74

1,57

21,99

58,64

19,37

0

7,85

48,69

41,36

2,09

71,73

24,08

3,66

0,52

32,98

40,80

26,18

0

Brincadeira de RuasPopulares

Construção deBrinquedos

Alternativos comSucatas

Jogos de Salão(Xadrez, Dama, Trilha,

etc)

Jogos Derivados dosEsportes Pré-Desportivos

Jogos de Raquete ePeteca

Tênis de Mesa Jogos Draamáticos ede Interpretação

Jogos Cooperativos

NuncaPoucoSuficiente Excessivo

Gráfico 9 - Freqüência com que os Jogos foram trabalhados nas aulas de Educação Física.

As Diretrizes Curriculares tratam do tema atividade física relacionada à

saúde, como elemento articulador dos conteúdos estruturantes da Educação Básica,

podendo ser abordado em qualquer dos conteúdos da Educação Física, atentando-

se que, “os cuidados com a saúde não podem ser atribuídos tão-somente a uma

responsabilidade do sujeito, mas sim, compreendidos no contexto das relações

sociais, por meio de práticas e análises críticas dos discursos a ela relativos

(PARANÁ, 2008: p. 15)”.

Quando questionados sobre a freqüência como que o elemento articulador,

atividade física e saúde, foi trabalhado nas aulas de Educação Física, contatou-se

que 50,79% dos alunos das escolas pesquisadas responderam satisfatoriamente,

conforme demonstra o gráfico 10.

Assim, evidencia-se a preocupação dos professores da área em despertar no

aluno a consciência da necessidade da prática de atividades físicas além da escola,

para a manutenção de uma vida saudável e com qualidade.

16

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6,28

42,4150,79

0,52

NuncaPoucoSuficiente Excessivo

66,49

31,41

2,09

0

10,47

37,17

47,64

4,71

51,31

42,41

5,76

0,52

86,39

12,57

0,520

16,75

46,07

35,08

2,09

Ginástica Esporte Dança Lutas Jogos

NuncaPoucoSuficiente Excessivo

Gráfico 10 - Freqüência com que o conteúdo (elemento articulador) atividade física e saúde foi trabalhado nas aulas de Educação Física.

O gráfico seguinte apresenta a freqüência com que os conteúdos

estruturantes da Educação Física foram trabalhados teoricamente, nas escolas

pesquisadas, enfocando aspectos históricos, sociais e culturais.

Gráfico 11 - Freqüência com que os conteúdos estruturantes foram trabalhados, teoricamente, nas aulas de Educação Física

17

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Através da análise do gráfico 11, confirma-se o que ficou comprovado nos

dados anteriores, onde se constatou que o conteúdo mais trabalhado nas aulas de

Educação Física foi o esporte, seguido dos jogos.

Assim, o gráfico ora apresentado, novamente demonstra que o esporte

(47,64%) e os jogos (35,08%), em menor escala, também foram os conteúdos mais

trabalhados teoricamente, mantendo uma seqüência lógica, uma vez que foram os

conteúdos que apresentaram o maior percentual nas escolas pesquisadas.

E também, como evidenciado anteriormente, os conteúdos de ginástica,

dança e lutas, novamente não foram trabalhados satisfatoriamente, conforme os

dados da pesquisa.

Este resultado não surpreende, considerando que demonstra uma prática

ainda muito presente nas aulas de Educação Física, que prioriza a dimensão

procedimental sobre as demais. Neste sentido, Darido apud Darido (2005: p. 67)

realizou pesquisa, onde constatou que “os professores pesquisados, todos com pós-

graduação, não trabalharam os conteúdos numa dimensão conceitual, embora

afirmasse que um dos objetivos da Educação Física refere-se à busca da autonomia

do aluno após o término da escolarização formal”.

Segundo a autora, existe ainda, uma grande dificuldade em selecionar e

trabalhar com os conteúdos na dimensão conceitual, considerando que os

professores não recebem muito apoio da comunidade escolar. Além disso,

(...) os alunos são bastante resistentes a propostas que incluam uma discussão mais sistematizada sobre a dimensão conceitual e atitudinal nas suas aulas, até porque há uma tradição muito acentuada na escola de que Educação Física é muito divertida porque se resume ao fazer, ao brincar, e não ao compreender os seus sentidos e significados (DARIDO, 2005: p. 67).

Apesar das dificuldades acima apontadas, a escola não deve negar aos

alunos o conhecimento sistematizado e contextualizado, onde ele realiza a atividade

ou o movimento compreendendo sobre as implicações para a sua vida e para a

sociedade na qual está inserido. Nesta linha de raciocínio, Darido (2005: p. 67) frisa

que

18

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5,22%

66,96%

13,04%

2,61%

11,30% 0,87%

Ginástica

EsporteDançaLutas

Jogos

Qualidade de Vida

(...) Não basta ensinar aos alunos a técnica dos movimentos, as habilidades básicas ou, mesmo, as capacidades físicas. É preciso ir além e ensinar o contexto em que se apresentam as habilidades ensinadas, integrando o aluno na esfera da sua cultura corporal. No entanto, como alertou Betti (1994), não é propor que a Educação Física na escola se transforme num discurso sobre a cultura corporal, mas uma ação pedagógica com ela.

O gráfico abaixo apresenta a preferência dos alunos em relação aos

conteúdos estruturantes trabalhados nas aulas de Educação Física.

Gráfico 12 – Preferência dos alunos em relação aos conteúdos estruturantes.

Ao serem questionados sobre qual conteúdo preferem nas aulas de

Educação Física, 66,96% dos alunos das escolas pesquisadas responderam preferir

o esporte, seguido da dança, com percentual de 13,04%. Neste quesito, o número

de respostas excedeu, considerando que muitos alunos escolheram mais de um

conteúdo estruturante.

Quando indagados para justificarem a escolha do conteúdo favorito, os

alunos responderam: ginástica - porque relaxa, desenvolve todo o corpo e ajuda na

respiração, para manter a boa forma e saúde, melhora os aspectos mentais e

corporais; esporte – porque gostam, contribui à cultura, saúde e qualidade de vida,

se identificam com determinada modalidade esportiva, é divertido, é mais praticado,

estimula a disciplina e o autocontrole, movimenta o corpo todo, estimula o aluno à

competição, trabalha o corpo e a mente, são mais populares, interativos e

dinâmicos, proporcionam diversão e cooperação e incentivam o trabalho em equipe;

dança - porque gostam, faz bem ao corpo, é mais interativa e descontraída, trabalha

19

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a coordenação motora, equilíbrio e a expressão corporal de forma divertida, distrai,

relaxa e alegra, movimenta o corpo todo e é uma pena que não é trabalhada; lutas -

porque gostam, estimulam a disciplina e autocontrole, ensinam a se defender

exigem o trabalho mental e corporal, pela competitividade; jogos - porque gostam e

desenvolvem o raciocínio e a concentração. Alguns alunos deficientes visuais das

escolas pesquisadas optaram pelo xadrez como preferência, justificando que além

de gostarem, é mais fácil, pois não precisa muita adaptação para jogar. Os (as)

alunos (as) que responderam preferir o conteúdo (elemento articulador) qualidade

de vida justificaram sua escolha respondendo que ajuda a cuidar melhor do corpo e

acentua o conhecimento sobre os benefícios da Educação Física em sua vida.

Dentre os esportes, os alunos elencaram as modalidades preferidas, sendo

que o voleibol obteve o maior percentual na escolha dos alunos, com 44,81%,

seguido do futebol ( 17,53%), basquetebol (9,09%) e handebol (9,09%). E ainda,

19,48% dos alunos citaram esportes em geral.

É importante esclarecer que, em relação ao conteúdo específico futebol, os

alunos citaram o futsal, considerando que a estrutura física das escolas pesquisadas

somente permite a prática desta modalidade, entretanto, a presente pesquisa

utilizou o termo Futebol, considerando que as Diretrizes Curriculares (2006), que

embasaram o questionário, tratam deste conteúdo de forma genérica.

Além dos conteúdos estruturantes, perguntou-se aos alunos se existiam

outros conteúdos que foram trabalhados nas aulas de Educação Física que

consideravam importante mencionar, os quais, num percentual de 82,28%

responderam que não. 12,57% não responderam e os demais alunos citaram os

seguintes conteúdos, tratados pelas Diretrizes Curriculares como Elementos

Articuladores: alcoolismo e drogas; corpo, movimento e saúde; a sexualidade e o

corpo humano; teatro, conforme aponta o gráfico 13.

20

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82,20%

12,57%0,52%

3,14%1,05%

0,52%

NãoNão ResponderamDrogas:AlcoolismoCorpo, Movimento e SaúdeA Sexualidade e o Corpo HumanoTeatro

Gráfico 13 – Freqüência de conteúdos mencionados além dos estruturantes.

As três questões seguintes referem-se à qualidade dos recursos físicos e

materiais das escolas pesquisadas utilizados nas aulas de Educação Física. 48,17%

dos alunos afirmam que a estrutura física é boa, entretanto, a maioria, 40,84%

respondeu que os recursos materiais são regulares e 16,75% que são ruins, o que

leva à conclusão de que os espaços físicos são bons, porém há necessidade de

melhoria quanto aos materiais utilizados nas práticas pedagógicas.

E, quando perguntados se os recursos físicos e materiais influenciam no

aproveitamento das aulas de Educação Física, 96,34% responderam que sim,

justificando da seguinte forma: sem recursos não há como desenvolver uma boa

aula; melhoram o interesse e aproveitamento das aulas; para melhorar o

desempenho e rendimento dos alunos; incentivam os alunos a fazer Educação

Física; é um dos recursos mais importantes da Educação Física; propiciam a prática

dos esportes; com bons materiais há várias maneiras de praticar outras atividades;

sem bola não se pode praticar a maioria dos esportes e o som deixa as aulas mais

animadas; se forem de boa qualidade, diminuem o risco de acidentes e lesões.

Aqueles que responderam não (3,66%) justificaram que: são ruins; não foi

muito bem aproveitado; estas condições são irrelevantes para uma boa aula; os

materiais são bem cuidados pelos professores e alunos; não á dificuldade para

jogar e constantemente o material é renovado; o espaço é ideal para as aulas.

21

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1,57% 3,14%

36,13%

48,17%

10,99%

Péssim aRuimRegularBoaÓtim a

3,14%

16,75%

40,84%

37,17%

2,09%

Péssima

RuimRegular

BoaÓtima

Gráfico 14 – Avaliação dos alunos quanto à estrutura física (quadras, ginásio, etc.) utilizada para as aulas de Educação Física.

Gráfico 15 – Avaliação dos alunos quanto aos recursos materiais (bolas, jogos, aparelho de som, etc.) utilizados para as aulas de Educação Física.

3 QUANTO À IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA PARA SEU DESENVOLVIMENTO E FORMAÇÃO.

Este bloco de questões tem por finalidade verificar a importância dada pelo

aluno, à disciplina de Educação Física cursada durante o Ensino Fundamental e

Médio, para seu desenvolvimento e formação.

22

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61,26%

27,75%

9,95% 1,05%

Sem preFrequentem enteÀs VezesRaram ente

52,36%

27,23%

16,75%

3,66%

Sem preFrequentem ente

Às VezesRaram ente

Os dois primeiros gráficos (16 e 17) apresentam o percentual de participação

dos alunos nas Aulas de Educação Física no Ensino Fundamental e Médio,

respectivamente, apontando um percentual maior de participação dos alunos no

Ensino Fundamental (61,26%) do que no Médio (52,36%).

Gráfico 16 – Freqüência de alunos que participaram nas aulas de Educação Física no Ensino Fundamental.

Gráfico 17 - Freqüência de alunos que participaram nas aulas de Educação Física no Ensino Médio.

23

Page 24: A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ENQUANTO ÁREA … · legitimação da Educação Física através da aptidão física, justificando sua importância na escola “pela necessidade

82,20%

15,71%0,52% 1,57%

SimNãoRazoávelNão Responderam

O próximo gráfico demonstra o percentual de alunos das escolas pesquisadas

que considera importante a disciplina de Educação Física no Ensino Fundamental e

Médio.

Gráfico 17 – Freqüência de alunos que consideram importante a presença da disciplina de Educação Física na Educação Básica.

Ao serem questionados para justificar sua resposta, sobre a relevância da

presença da disciplina de Educação Física no Ensino Fundamental e Médio, os

alunos que responderam sim, alegam que: gostam; auxilia na melhoria da saúde e

qualidade de vida; estimula o aluno a não se tornar sedentário, fazendo-o perceber

a necessidade do exercício físico; auxilia o aluno a ter consciência de que o corpo

precisa de exercício, que faz bem não só para o corpo, como também para a mente;

oportunidade de praticar esportes semanalmente, pois muitos alunos não se

exercitam ou praticam esportes fora da escola; desenvolve habilidades motoras;

melhora o desenvolvimento do aluno; trabalha a coletividade, a interação e o

respeito entre os alunos; distrai das aulas teóricas, tirando o aluno da rotina

cansativa; sem a Educação Física a escola não tem graça; para poderem praticar

esporte com segurança.

Aqueles que responderam não justificaram da seguinte forma: no Ensino

Fundamental sim, mas no Ensino Médio não; considera importante, mas não na 3ª

série do Ensino Médio, pois é o ano de preparação para o vestibular; existem

disciplinas mais importantes que poderiam ser aproveitadas no horário da Educação

Física que são cobradas no vestibular; a Educação Física não importa, pois muitos

alunos praticam esportes fora da escola; deveria ser uma disciplina opcional.

24

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A última questão deste bloco refere-se à contribuição da disciplina de

Educação Física para a vida dos alunos.

Analisando a resposta dos alunos, verifica-se que a maioria apontou aspectos

positivos. Aqueles que responderam positivamente (82,72%) justificaram da

seguinte forma: boa e muito importante; contribuiu para melhoria do

condicionamento físico, da qualidade de vida e da saúde; mais uma forma de cuidar

da saúde e até prevenir doenças e evitar lesões; conhecimento do corpo; incentiva a

pratica de exercícios físicos e de esportes; estimulou a não ser sedentário;

conhecimento de atividades e incentivo à prática de atividades físicas além da

escola; aprendizagem de diferentes esportes; desenvolvimento da coordenação

motora e equilíbrio; conhecimento e respeito aos limites individuais; companheirismo

e trabalho em equipe; interação com os colegas.

Aqueles que responderam negativamente (11,52%) justificaram da seguinte

forma: desnecessária; não contribuiu em nada, a não ser distração; contribuição

mínima, mais em relação à aprendizagem de determinados jogos; boa para o corpo,

mas não essencial no que se refere à Educação Física como disciplina; é bom fazer

exercícios, mas poderiam ser feitos em casa; as aulas de Educação Física quase

não são levadas à sério; se as aulas fossem trabalhadas com seriedade, a

contribuição seria ótima; as aulas não são programadas.

E ainda, 11,52% dos alunos não responderam à questão.

4 QUANTO AOS OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ATINGIDOS AO LONGO DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO.

O gráfico a seguir evidencia os objetivos da Educação Física que foram

atingidos ao longo da Educação Básica, através da seleção, pelos alunos, dos

conhecimentos adquiridos por meio da disciplina, os quais enfocaram as três

dimensões do conhecimento, respectivamente: procedimental, conceitual e

atitudinal. Além disso, serão apresentados os gráficos que demonstram se os alunos

praticam atividades corporais ou esportes que nas horas vagas e finais de semana e

quais.

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77,49

51,30

44,50

70,68

13,61

4,19

20,42

70,16

63,87

41,88

6,28 5,767,33

53,93

58,12

30,89

35,60

30,89

Identificação das capacidades físicas básicas (força, velocidade, flexibilidade, coordenação motora, equilíbrio, resistência, etc.)

Participação em jogos, lutas e esportes na escola de forma recreativa

Participação em jogos, lutas e esportes na escola de forma competitiva

Aprendizagem do gesto esportivo (saber fazer)

Aprendizagem dos fundamentos da ginástica (saber fazer)

Aprendizagem do gesto nas lutas (saber fazer)

Aprendizagem do movimento expressivo e rítmico nas danças (saber fazer)

Efeitos das atividades físicas sobre o organismo e a saúde

Percepção do próprio corpo e consciência de posturas e movimentos não prejudiciais no cotidiano

Compreensão da história e do papel social dos jogos e esportes mais atuais e relevantes (teoria)

Compreensão da história e do papel social das lutas na atualidade (teoria)

Compreensão da história e do papel social das ginásticas na atualidade (teoria)

Compreensão da história e do papel social das danças na atualidade (teoria).

Utilização dos conhecimentos adquiridos no tempo disponível para o lazer

Respeito a si e ao outro (próprios limites corporais, desempenho, interesse, biotipo, gênero, classe social, habilidade, erro,etc.)Valorização da cultura corporal (educação física) como instrumento de expressão de afetos, sentimentos e emoções

Valorização da cultura corporal (educação física) como possibilidade de obter satisfação e prazer

Valorização da cultura corporal (educação física) como linguagem, como forma de comunicação e interação social.

77,49

51,30

44,50

70,68

13,61

4,19

20,42

70,16

63,87

41,88

6,28 5,767,33

53,93

58,12

30,89

35,60

30,89

Identificação das capacidades físicas básicas (força, velocidade, flexibilidade, coordenação motora, equilíbrio, resistência, etc.)

Participação em jogos, lutas e esportes na escola de forma recreativa

Participação em jogos, lutas e esportes na escola de forma competitiva

Aprendizagem do gesto esportivo (saber fazer)

Aprendizagem dos fundamentos da ginástica (saber fazer)

Aprendizagem do gesto nas lutas (saber fazer)

Aprendizagem do movimento expressivo e rítmico nas danças (saber fazer)

Efeitos das atividades físicas sobre o organismo e a saúde

Percepção do próprio corpo e consciência de posturas e movimentos não prejudiciais no cotidiano

Compreensão da história e do papel social dos jogos e esportes mais atuais e relevantes (teoria)

Compreensão da história e do papel social das lutas na atualidade (teoria)

Compreensão da história e do papel social das ginásticas na atualidade (teoria)

Compreensão da história e do papel social das danças na atualidade (teoria).

Utilização dos conhecimentos adquiridos no tempo disponível para o lazer

Respeito a si e ao outro (próprios limites corporais, desempenho, interesse, biotipo, gênero, classe social, habilidade, erro,etc.)Valorização da cultura corporal (educação física) como instrumento de expressão de afetos, sentimentos e emoções

Valorização da cultura corporal (educação física) como possibilidade de obter satisfação e prazer

Valorização da cultura corporal (educação física) como linguagem, como forma de comunicação e interação social.

Gráfico 18 – Conhecimentos adquiridos ao longo da escolarização dos alunos.

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Em relação à dimensão procedimental, o gráfico deixou transparecer que o

maior percentual de conhecimentos adquiridos pelos alunos refere-se à identificação

das capacidades físicas básicas (77,49%) e a aprendizagem do gesto esportivo

(70,68%). Quanto à dimensão conceitual, constata-se que os efeitos das atividades

físicas sobre o organismo e a saúde (70,16%) e a percepção do próprio corpo e

consciência de posturas e movimentos não prejudiciais no cotidiano (63,87%) foram

os conhecimentos que apresentaram o maior percentual. E finalmente, em menor

proporção, porém relevante, os conhecimentos relacionados à dimensão atitudinal,

que mais foram selecionados pelos alunos são o respeito a si e ao outro (58,12%) e

a utilização dos conhecimentos adquiridos no tempo disponível para o lazer

(53,93%).

Analisando os dados apresentados consta-se que, além maior percentual

referir-se à dimensão procedimental, novamente há a sobreposição do esporte,

sobre os demais conteúdos curriculares, visto que o maior percentual encontra-se

nos conhecimentos adquiridos relacionados a ele.

Portanto, evidencia-se a necessidade de reorganização das práticas

pedagógicas da disciplina de Educação Física, a fim de ampliar os conhecimentos

dos alunos nas três dimensões do conhecimento, de forma igualitária e equilibrada.

Neste sentido, Darido (2005: p. 68) assinala que

O papel da Educação Física ultrapassa o ensinar esporte, ginástica, dança, jogos, atividades rítmicas, expressivas e conhecimento sobre o próprio corpo para todos, em seus fundamentos e técnicas (dimensão procedimental), mas inclui também os valores subjacentes, ou seja, quais atitudes os alunos devem ter nas e para as atividades corporais (dimensão atitudinal). E, finalmente, busca garantir o direito do aluno de saber por que ele está realizando esse ou aquele movimento, isto é, quais conceitos estão ligados àqueles procedimentos (dimensão conceitual).

Nesta linha de raciocínio, Soares et al (1993: p. 219), enfatiza o desejo que

Os alunos terminem o ensino fundamental e médio com competência para apreender as possibilidades e os limites da expressão corporal enquanto linguagem no tempo histórico. Não nos interessa tê-los mais ou menos velozes, ágeis, fortes. Desenvolver flexibilidade, agilidade etc. é opção de cada aluno dentro de limitações determinadas socialmente às atividades corporais e que podem ser reconhecidas a partir do seu conhecimento sobre a cultura corporal e a interdependência com a realidade sócio-política do seu tempo.

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12,10%

13,38%

5,10%

4,46%5,10%

22,29%

22,93%

5,10%

0,64%

0,64%

2,55%

1,27% 2,55%

0,64%

1,27%

AcademiaExercícios FísicosGinásticaCaminhadaCorridaCiclismoDançaFutebolVoleibolBasquetebolHandebolJogosJudôKung FuNatação

A seguir, serão apresentados os gráficos 19 e 20, que demonstram se os

alunos das escolas pesquisadas realizam alguma atividade corporal ou praticam

algum esporte nas horas vagas e finais de semana e, em caso afirmativo, quais,

ressaltando-se que o percentual de alunos que respondeu afirmativamente, é

diverso do percentual de atividades escolhidas pelos alunos, considerando que

muitos praticam mais de uma atividade ou esporte.

62,83%

37,17%

SimNão

Gráfico 19 – Freqüência dos alunos que realizam atividade corporal / praticam esporte.

Gráfico 20 – Atividades / esportes mais praticados pelos alunos.

28

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O gráfico 19 demonstra que a maioria dos alunos, num percentual de 62,83%

realiza atividade corporal ou pratica algum esporte nas horas vagas e finais de

semana e, conforme aponta o gráfico 20, o voleibol (22.93%), seguido do futebol

(22,29%) são os esportes mais praticados pelos alunos.

2 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando a necessidade de refletir sobre a contribuição da Educação

Física, para a formação geral do aluno concluinte da Educação Básica e, diante da

análise dos dados e das considerações efetuadas, chegou-se às conclusões a

seguir apresentadas.

Em relação ao primeiro objetivo, que visava Identificar o perfil do aluno

concluinte da Educação Básica das escolas pesquisadas, evidenciou-se que a

maioria dos alunos possuía idade de 17 anos na data da pesquisa e, cursou o

Ensino Fundamental e Médio em Instituições da Rede Pública de Ensino.

A pesquisa procurou também, verificar a freqüência com que os conteúdos

estruturantes e específicos da disciplina de Educação Física, previstos nas

Diretrizes Curriculares (2006), foram trabalhados ao longo da escolarização, dos

alunos da 3ª série do Ensino Médio, a qual constatou que, de todos os conteúdos

estruturantes (ginástica, esporte, dança, lutas e jogos), o mais foi trabalhado nas

aulas de Educação Física foi o esporte, além de ser o preferido pelos alunos das

escolas pesquisadas.

Quanto à qualidade dos recursos físicos e materiais das escolas pesquisadas,

utilizados nas aulas de Educação Física, a maioria dos alunos classificou a estrutura

física entre ótima e boa, o que leva a crer que esta qualificação se pautou no fato de

que o espaço físico mais utilizado nas aulas são as quadras poliesportivas,

considerando que, conforme demonstrado na pesquisa, o conteúdo predominante

desenvolvido nas aulas é o esporte. Em relação aos recursos materiais, o percentual

apontou, negativamente, índices mais elevados para péssimo, ruim e regular, o que

se conclui que os espaços físicos são adequados para as práticas esportivas,

havendo necessidade de melhoria quanto aos materiais e equipamentos utilizados

nas práticas pedagógicas.

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Atinente à importância dada pelos alunos da 3ª série do Ensino Médio à

Educação Física, enquanto área do conhecimento, para o seu desenvolvimento e

formação, evidenciou-se, após análise dos resultados da pesquisa, que a grande

maioria dos alunos considera importante a presença da disciplina de Educação

Física na Educação Básica, participando das aulas sempre ou freqüentemente, tanto

no Ensino Fundamental, quanto no Médio.

E finalmente, no que se refere aos conhecimentos da Educação Física

adquiridos pelos alunos no decorrer de sua escolarização, a pesquisa deixou

transparecer que os mais apreendidos pelos alunos referem-se ao esporte, na

dimensão procedimental, ou seja, o “saber fazer”, seguido do conhecimento

(dimensão conceitual) sobre os efeitos das atividades físicas sobre o organismo e a

saúde.

Este resultado comprova que os alunos possuem os conhecimentos básicos

para a prática de esportes, além de terem consciência da importância das atividades

corporais para a saúde e qualidade de vida, tendo em vista que, conforme os dados

apresentados, a maioria dos alunos pratica alguma atividade física fora da escola.

Assim, considerando o resultado da pesquisa, pode-se concluir que as

práticas pedagógicas da área ainda estão voltadas, sobretudo à dimensão

procedimental enfocando especialmente o esporte, como principal conteúdo da

disciplina.

Evidencia-se também, esforços dos professores de Educação Física Escolar

em superar a visão fragmentada da área, que prioriza o movimento mecânico e

repetitivo. Essa afirmativa foi possível verificar, quando mais da metade dos alunos

das escolas pesquisadas confirmam que: adquiriram os conhecimentos sobre os

efeitos das atividades físicas sobre o organismo e a saúde, sobre a percepção do

próprio corpo e consciência de posturas e movimentos não prejudiciais no cotidiano,

quanto à utilização dos conhecimentos adquiridos no tempo disponível para o lazer e

o respeito a si e ao outro.

Portanto, é necessário compreender a Educação Física para além mera

prática pedagógica descontextualizada, vislumbrando-a, como área que produz o

conhecimento sistematizado, através de uma aprendizagem significativa e

autônoma, a qual possibilitará ao aluno, a leitura crítica do mundo que o cerca, além

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Page 31: A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ENQUANTO ÁREA … · legitimação da Educação Física através da aptidão física, justificando sua importância na escola “pela necessidade

de fornecer-lhe os conhecimentos necessários para que possa dar continuidade à

prática de atividades corporais após o término de sua escolarização formal.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRACHT, Valter [et al.]. Pesquisa em Ação: Educação Física na Escola. 2ª ed.

Editora Unijuí: Ijuí, 2005.

CUNHA, Manuel Sérgio Vieira e. Motricidade Humana: Um Paradigma Emergente.

In: MOREIRA, Wagner Wey (org.). Educação Física & Esportes: Perspectivas para o Século XXI. Editora Papirus: Campinas, 1993.

PARANÁ. Diretrizes Curriculares de Educação Física para a Educação Básica, 2006

e 2008.

SOARES, Carmem Lúcia. TAFFAREL, Celi Nelza Zulke. ESCOBAR, Micheli Ortega.

A Educação Física Escolar na Perspectiva do Século XXI. In: MOREIRA, Wagner

Wey (org.). Educação Física & Esportes: Perspectivas para o Século XXI. Editora Papirus: Campinas, 1993.

DARIDO, Suraya Cristina. SANCHES NETO, Luiz Sanches. In: DARIDO, Suraya

Cristina (coord.). RANGEL, Irene Conceição Andrade (coord.) Educação Física na escola: implicações para a prática pedagógica. Editora Guanabara Koogan: Rio

de Janeiro, 2005.

_______. Educação Física na escola: questões e reflexões. Editora Guanabara

Koogan: Rio de Janeiro, 2003.

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