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MANUALBOAS PRÁTICASPARA CULTURAS EMERGENTES

A CULTURA DO MARACUJÁ

Pensar Global,pela Competitividade,Ambiente e Clima

Cofinanciado por:

A CULTURA DO MARACUJÁ

Ficha técnica

Título: Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes

A Cultura do Maracujá

Autor: Associação dos Jovens Agricultores de Portugal

Lisboa | 2017

Grafismo e Paginação: Miguel Inácio

Impressão: GMT Gráficos

Tiragem: 250 ex.

Depósito Legal: 436274/18

ISBN: 978-989-8319-26-5

Distribuição Gratuita

Índice

Introdução

1 - Origem

2 - Taxonomia e Morfologia

3 - Requisitos Edafoclimáticos3.1 - Clima

3.1.1 - Temperatura3.1.2 - Precipitação3.1.3 - Humidade relativa3.1.4 - Vento3.1.5 - Exposição solar

3.2 - Solos

4 - Ciclo Biológico

5 - Tecnologias de Produção

6 - Sistemas de Produção

7 - Material Vegetal7.1 - Variedades

8 - Particularidades do Cultivo8.1 - Escolha da parcela8.2 - Preparação do terreno8.3 - Sistemas de condução8.4 - Plantação8.5 - Desenho de plantação8.6 - Polinização8.7 - Fertilização8.8 - Rega8.9 - Poda

9 - Pragas e Doenças

10 - Colheita

11 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

Bibliografia

Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

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Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Maracujá

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Introdução

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Maracujá

Introdução

No âmbito da candidatura �Pensar Globalpela Competitividade, Ambiente eClima�, inserida na operação 2.1.4 � Açõesde informação, com o objetivo de reunir,divulgar e disseminar informação técnica,organizacional e de mercados, valori-zando o ambiente e o clima, foi definidocomo meta a elaboração de um conjuntode elementos nos quais se inclui o pre-sente �Manual de Boas Práticas paraCulturas Emergentes�.

Este manual, a par dos outros elementosprevistos neste projeto, visa dotar osagentes do setor agrícola, em particularos associados da AJAP, de um conhe-cimento mais aprofundado sobre 15culturas emergentes aliadas às boaspráticas agrícolas.

A cultura do maracujá insere-se noreferido conjunto de culturas consi-deradas emergentes, o qual foi aferidoatravés da realização de inquéritos a nívelnacional, por parte dos técnicos da AJAP,junto de organismos e instituições dereferência do setor, tendo em conta aatual conjuntura, ou seja, considerandoas culturas que se destacam pela com-ponente de inovação aliada à rentabili-dade da exploração agrícola, aumentan-do assim a competitividade do setor.

Para a elaboração deste manual, foramconsultadas diferentes fontes bibliográ-ficas, bem como produtores e especialis-tas que contribuíram de forma deter-minante para a valorização da cultura domaracujá.

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1 - Origem

1 - Origem

A cultura do maracujá, quer do roxo querdo amarelo, é proveniente da região tropicalda América, mais especificamente do Brasil,Argentina e Paraguai. Contudo, atualmentea cultura está presente em várias regiõestropicais e subtropicais, como por exemplo,a região Sul da Califórnia nos EUA ou a regiãoSudeste de Queensland na Austrália.

Atualmente o maior país produtor demaracujá é o Brasil, responsável por cercade 59% da produção mundial, segundodados da USAID relativos ao ano de 2013,seguindo-se a Indonésia e a Índia com 10 e9%, respetivamente.

Em Portugal, o maracujá é principalmentecultivado na Madeira e nos Açores, come-çando a surgir explorações de maracujá emalgumas regiões do Sul e do Norte Litoralde Portugal continental.

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2 - Taxonomia e Morfologia

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2 - Taxonomia e Morfologia

O maracujazeiro é uma planta tropical comampla variabilidade genética. A sua família,Passifloraceae, é formada por 18 géneros e630 espécies, sendo o género Passiflora omais importante economicamente, compos-to de 24 subgéneros e quase 600 espécies.As formas utilizadas comercialmente daespécie Passiflora edulis são a P. edulis f.

edulis descrita e classificada por Sims, quecorresponde ao maracujá roxo, e a P. edulis

f. flavicarpa, descrita por Degener, quecorresponde ao maracujá amarelo. Hoje emdia, muitos especialistas consideram omaracujá amarelo uma espécie distinta.

O maracujazeiro é uma trepadeira lenhosaou herbácea com grande vigor vegetativo,podendo atingir entre 5 a 10 m de compri-mento, com um crescimento vigoroso econtínuo. Nas condições ideais apresentauma grande amplitude de produção anual,ocorrendo a floração e frutificação durantevários meses do ano. Esta cultura inicia asua produção 6 a 9 meses após a plantaçãodefinitiva, em condições ideais, e tem umavida produtiva média de 3 anos. Os maracu-jazeiros podem produzir durante bastantesmais anos, mas a produção vai diminuindocom o decorrer do tempo. Dentro da espé-cie Passiflora edulis existe uma grandevariabilidade em termos dos formatos, corese tamanhos das folhas, flores e frutos.

O sistema radicular é muito superficial,sendo que cerca de metade das raízes estãoa uma profundidade inferior a 30 cm. Osistema radicular da cultura do maracujádesenvolve-se a uma temperatura do soloideal entre 23 e 28°C.

As folhas da P. edulis são simples e trilobadasde base arredondada, dentadas esubcoriáceas, com duas glândulas na basedo pecíolo. As folhas jovens, em algumasvariedades, são inteiras com limbo verde--brilhante na página superior e um verdemais claro na página inferior.

As flores são solitárias, muito perfumadase hermafroditas. Apresentam um pedúnculocomprido e fino, são verdes exteriormentee brancas no interior. A corola tem cincopétalas brancas e finas, mais pequenas queas sépalas. A flor possui numerosos filetescom 2 a 4 verticilos sendo a parte da baseroxo-escura e a parte terminal branca.

As flores do maracujá caracterizam-se peloseu perfume extremamente agradável queatrai insetos florícolas. As flores abrem,normalmente nas primeiras horas da tarde,necessitando, algumas espécies, de diaslongos para induzir o florescimento.

As flores são hermafroditas, mas geralmenteé necessário recorrer à polinização cruzada.A polinização na cultura do maracujá deveocorrer entre flores de plantas diferentes,no caso do maracujá roxo para beneficiar a

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a qualidade dos frutos e volume daprodução, já que é autofértil, e no caso domaracujá amarelo é imprescindível, vistoque esta forma é autoestéril.

O fruto é uma baga ovoide com 5 a 7 cm dediâmetro, com a cor da casca amarela ouroxa. O fruto tem 53% de casca, 33% de polpae 14% de semente, e pesa entre 30 a 45 g,no caso da variedade roxa, e entre 60 a 90g no caso da forma amarela. As sementesem grande número, são escuras e cobertaspor um arilo amarelo, translúcido, polposo,suculento, levemente ácido e perfumado.A casca através da sua elevada dureza eresistência permite diminuir os danos demanuseamento e transporte em longospercursos, não sendo necessário recorrer agrandes cuidados.

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3 - Requisitos Edafoclimáticos

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3 - Requisitos Edafoclimáticos

3.1 - Clima

O maracujá é um fruto de clima tropical,contudo a variedade roxa encontra-se adap-tada a condições subtropicais, resistindo acondições de temperaturas invernais, ondepossa ocorrer a formação de gelo, sem quehajam danos na cultura. Contudo, a culturanão tolera condições de frio e gelo severas.

Os fatores climáticos com maior importânciana cultura do maracujá são a temperatura,precipitação, humidade relativa, vento eexposição solar.

3.1.1 - Temperatura

A cultura do maracujá, uma vez que é umacultura tropical, necessita de temperaturasmédias diárias elevadas, para que ocorra aprodução dos frutos. A temperatura médiadiária que garante maior produtividade dacultura encontra-se entre 23 a 25°C. A am-plitude térmica diária ótima para o cresci-mento e desenvolvimento dos frutos deveser entre 6 a 10°C.

Durante a floração e frutificação a presençade temperaturas médias diárias inferioresa 12°C leva à queda de botões florais e defrutos jovens, comprometendo a produti-vidade da cultura. Contudo, a temperaturamáxima diária não deve ultrapassar os 29°Cpois, caso aconteça, provocará a evapo-

transpiração excessiva das folhas da cultura,que levará ao aparecimento ou agra-vamento de danos por stress hídrico nasplantas. É importante a aspersão das folhasda planta nos meses quentes durante amanhã, para simular o ambiente tropical eproteger as plantas de pragas como oaranhiço vermelho.

Temperaturas noturnas elevadas, acima de23°C, devem ser evitadas por inibirem oflorescimento. Por outro lado, temperaturasdiárias inferiores a 12°C, atrasam o desenvol-vimento, o crescimento vegetativo e o po-tencial produtivo, devendo também serevitadas, de modo a garantir a produtividadee qualidade desejada da cultura.

A maioria das variedades de maracujá nãosuporta invernos severos, com exceção dasvariedades roxas que estão mais adaptadasa temperaturas de inverno de climas subtro-picais, suportando temperaturas até -1°Cesporadicamente e leves geadas sem queocorram danos que comprometam a quali-dade e produtividade da cultura.

3.1.2 - Precipitação

Tratando-se de uma cultura tropical, acultura do maracujá necessita de precipita-ções anuais elevadas. A necessidade deprecipitação média anual de uma plantaçãode maracujá, situa-se entre 800 a 1700 mm,distribuídos uniformemente ao longo doano. Estes quantitativos de água devem-se

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à necessidade de equilibrar as perdas porevapotranspiração das folhas, promovidaspelas temperaturas elevadas, de modo anão expor a cultura a situações de stress hí-drico, o que pode levar à paralisação da ativi-dade vegetativa, atrasos durante o floresci-mento e à queda de flores, frutos e, emcasos extremos, de folhas.

Pelo contrário, a presença de chuvas inten-sas dificulta a polinização, ao causar danosnos grãos de pólen, a par de dificultar a açãodos insetos polinizadores, com impactonegativo ao nível do vingamento dos frutos.Este fator aumenta, também, a probabilida-de de aparecimento de problemas fitos-sanitários nas plantas.

3.1.3 - Humidade Relativa

A humidade relativa do ar, para a cultura domaracujá, deve situar-se entre 30 e 60%,uma vez que constitui o intervalo de humi-dade em que há um maior crescimentovegetativo, e em que se garante a manuten-ção da taxa de transpiração das plantas,impedindo a seca de folhas e ramos dacultura.

Quando a humidade relativa do ar é inferiora 30% há um aumento excessivo da transpi-ração das plantas, acompanhada da reduçãoda fotossíntese o que provocará uma dimi-nuição do crescimento vegetativo das plan-tas e consequente diminuição da produtivi-dade da cultura.

Quando a humidade relativa do ar apresentavalores superiores a 60%, favorece oaparecimento de doenças na parte aéreadas plantas, como a antracnose e a bacte-riose, e desfavorece a polinização e fertiliza-ção das flores, uma vez que estes valoresde humidade estão normalmente associa-dos à presença de chuvas fortes e intensas,que, como referido anteriormente, prejudi-cam a polinização das flores e danificam osgrãos de pólen.

3.1.4 - Vento

A cultura do maracujá é muito suscetível adanos pelo vento, sendo imprescindível autilização de quebra-ventos em regiõesonde se verifique a presença de ventosintensos. Alguns dos danos relacionadoscom a presença de ventos fortes são aqueda de flores, frutos e até de plantas, eo aumento da dificuldade na polinização efecundação das flores pelo impacto nega-tivo na ação dos insetos.

A presença de ventos frios afeta o flores-cimento e o crescimento da planta, promovea queda de flores e frutos, e pode ser respon-sável pelo aparecimento de queimadurasnas folhas da cultura. Por outro lado, osventos quentes promovem o murchamentodas folhas e a diminuição da quantidade equalidade dos frutos.

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3.1.5 - Exposição Solar

A cultura do maracujá apresenta umanecessidade elevada de exposição solar.Quanto maior for a exposição solar, maiorserá a atividade fotossintética o que pro-moverá o aumento do vigor da planta, bemcomo o aumento do tamanho e da qualida-de dos frutos.

Por outro lado, se a exposição solar forinferior à requerida pela planta, haverá umadiminuição do desenvolvimento radicular eum aumento na produção dos ramos emvez do crescimento de folhas, flores e frutos,que determina uma diminuição doflorescimento e produtividade da cultura.

A cultura do maracujá necessita em médiade 2.200 horas de luz anualmente, sendoque as variedades amarelas são as queexigem mais horas de luz, chegando,durante a época produtiva, a necessitar de11 ou mais horas de luz por dia.

3.2 - Solos

Para o ótimo desenvolvimento da culturado maracujá, os solos devem ser ligeiramen-te ácidos, com um pH entre 5 e 6, e arenososou ligeiramente argilosos. Apesar dos solosargilosos permitirem uma maior capacidadede retenção de água e nutrientes, dificultamo desenvolvimento do sistema radicular domaracujazeiro. Assim, se o cultivo for reali-zado em solos arenosos é necessário que

sejam bem adubados, uma vez que a culturado maracujá é muito exigente na quantidadee disponibilidade de nutrientes.

Uma vez que o sistema radicular do mara-cujazeiro é muito sensível ao excesso deágua no solo, deve ser bem drenado, masnão seco, dado que a falta de humidade nosolo promove a queda de folhas e frutos,na fase inicial de desenvolvimento da planta,e a diminuição do crescimento dos ramos,consequências que levam a uma quebra naprodutividade da cultura. Os solos devemser profundos, o que impedirá que as raízesalcancem o lençol freático. A presença dematéria orgânica natural ou adicionada émuito importante para esta cultura origináriade habitats ricos em húmus.

4 - Ciclo Biológico

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4 - Ciclo Biológico

A cultura do maracujá tem um ciclo pro-dutivo muito curto, iniciando a sua produçãosete meses após a plantação, em condiçõesideais, e mantendo a produtividade emníveis rentáveis para o produtor apenasdurante três anos, devendo depois dissoproceder-se à replantação do pomar.

A fase inicial da cultura de maracujá, desdea plantação dos maracujazeiros e duranteos sete primeiros meses é caracterizada porum crescimento lento das raízes, conse-quência da reduzida produção de matériaseca, que aumenta exponencialmente entreo sétimo e décimo mês.

O crescimento dos ramos ocorre de formaconstante entre o 6º e 12º mês após a plan-tação, enquanto que o crescimento do caulee das folhas ocorre maioritariamente entreo 8º e 11º mês.

O ciclo anual da cultura do maracujá inicia--se com a diferenciação das gemas no inícioda primavera e termina com a diminuiçãoda atividade vegetativa das plantas duranteos meses de inverno. Contudo, as plantasdesta cultura não chegam a parar completa-mente o seu crescimento vegetativo.

A floração ocorre no final da primaveraquando as temperaturas médias diáriasatingem 20°C, temperatura ideal para ocultivo do maracujá, e decorre enquanto as

condições climáticas o permitirem. Apresença de temperaturas noturnaselevadas durante o verão, pode levar umainibição da floração durante os meses maisquentes do ano, podendo ressurgir quandoas temperaturas voltarem a ser ótimas paraa rebentação floral da cultura.

Como já foi referido anteriormente, paraque ocorra frutificação é necessário queexista polinização das flores, sendo queestas só estão aptas para a polinizaçãodurante umas horas, sendo depois abor-tadas caso não ocorra fecundação.

O crescimento e desenvolvimento dosmaracujás ocorre durante cerca de 60 a 80dias, estando a maturação completa no finaldeste tempo. Durante grande parte desteperíodo a cor do fruto mantém-se igual sóse alterando no estágio final da maturação,pouco tempo antes de atingir a maturaçãocompleta.

5 - Tecnologias de Produção

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5 - Tecnologias de Produção

O maracujá é uma cultura tradicionalmentecultivada ao ar livre, nas regiões tropicaisonde as condições climáticas são as maisadequadas para a cultura. Contudo, têmsurgido vários estudos sobre o efeito dautilização de estufas que apontam para umamaior produtividade e qualidade dos frutos.As principais vantagens encontradas nestetipo de tecnologia foram o aumento dastemperaturas noturnas (em zonas onde aamplitude térmica era superior à desejadapara esta cultura), o aumento da sanidadedas plantas e da polinização em dias chu-vosos, a diminuição de danos por exposiçãosolar excessiva, a antecipação da produçãode frutos em cerca de um mês, e o aumentoda longevidade da cultura para cerca de 5anos, caso seja realizada uma poda anualadequada à cultura.

Por outro lado, as principais desvantagensencontradas na produção de maracujás emestufa prendem-se com:

1) O aumento do investimento inicialnecessário para a implementação dasestufas;

2) O aumento da necessidade de regapara satisfazer as necessidades deágua da cultura que nesta tecnologiade produção não podem ser satisfei-tas pela precipitação local;

3) A necessidade da polinização serrealizada manualmente devido àausência de insetos polinizadores nointerior da estufa.

Estes aspetos têm como consequência oaumento dos custos de produção, o queimplicará a necessidade de maiores produ-tividades para que haja viabilidade eco-nómica da cultura e um rápido retorno doinvestimento inicial.

O QUE DIZEM OS PRODUTORES:

A tela anti-geada é uma boa opção paraproteger uma plantação de maracujás,em zonas onde o vento não é demasiadocomum e forte. As estufas poderão ga-rantir uma maior proteção e segurançaà exploração, mas com custos iniciais ede manutenção mais elevados. Duas dasquestões que têm origem na produçãoem estufas são a necessidade de manterum nível de humidade adequado e evitaro aparecimento de pragas que se propa-gam com baixa humidade, como a moscabranca e o aranhiço vermelho.(João Franco, 2017)

6 - Sistemas de Produção

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6 - Sistemas de Produção

Como já foi referido, o maracujá é umacultura típica de regiões tropicais, apesarde existirem variedades adaptadas a climassubtropicais, o que implica que não existagrande tradição de produção de maracujásno continente europeu.

Apesar do maracujá não ser uma culturatipicamente europeia, há uma grandeprocura do fruto a nível europeu, sendo agrande maioria dos maracujás consumidosna europa importados. Os fornecedores demaracujá para o mercado europeu, na suagrande maioria, conseguem produçõesdurante quase todo o ano, como é possívelobservar no quadro abaixo.

Colômbia

Quénia

Malásia

Vietname

África do Sul

Israel

Tailândia

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fonte: Gerbaud, 2013

Calendário de oferta de maracujá na Europa consoante o país produtor

7 - Material Vegetal

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7 - Material Vegetal

O material vegetal utilizado para a plantaçãode maracujá pode ser proveniente demétodos de propagação por sementes oupor reprodução assexuada através deestaquia ou enxertia, sendo a propagaçãopor semente a mais utilizada mundialmente.

Na propagação de material vegetal porreprodução sexuada, deve optar-se porretirar sementes provenientes de plantasvigorosas, produtivas, precoces e queproduzam frutos grandes e sumarentos.As sementes são depois semeadas emviveiros até que os rebentos tenhamcondições para serem transplantados parao local definitivo.

Por outro lado, a reprodução assexuadaatravés de estacas permite obter pomarescom as características desejadas, maisuniformes em tamanho, forma e qualidadedos frutos, ou seja, fiéis à variedade da plan-ta-mãe. Contudo, devido às característicasde fecundação das flores, os pomares nãopodem ser todos provenientes da mesmaplanta-mãe, uma vez que o maracujazeiroé uma cultura que necessita ou beneficiada polinização cruzada. As estacas devemser obtidas de ramos vigorosos e saudáveiscom pelo menos dois nós e cerca de 8 a 10cm. O método de enraizamento das estacasmais utilizado e que garante os melhoresresultados é a hidroponia, apesar do mé-todo tradicional também ser utilizado.

Outro método de obtenção de materialvegetal por reprodução assexuada é atravésda propagação por enxertia que permitecriar pomares mais resistentes a pragas edoenças, e uma melhor manutenção dascaracterísticas agronómicas.

7.1 - Variedades

Apesar de existirem cerca de 600 espéciesdentro do género Passiflora, as espéciescom maior interesse agronómico e as maiscultivadas mundialmente são:

� Maracujá Roxo - Passiflora edulis var.edulis

� Maracujá Amarelo - Passiflora edulis

var. flavicarpa

� Maracujá Gigante - Passiflora quadran-

gularis L.

� Maracujá Banana - Passiflora tarmi-

niana, Passiflora tripartita, entre outras

� Maracujá Doce - Passiflora alata

� (Maracujá) Granadilha - Passiflora

ligularis

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Apesar das espécies referidas acima teremvalor comercial e serem exploradas emmenor ou maior escala nos trópicos, a únicaespécie que tem sido explorada e commaior valor comercial em Portugal é aPassiflora edulis nas suas duas formas, demaracujá roxo e amarelo, sendo o maracujároxo a forma mais comum em Portugal,uma vez que é capaz de suportar tempera-turas invernais moderadas. Algumas cultiva-res desta espécie de maracujá que apresen-tam atualmente interesse são a Misty Gems,

Swetheats, Panama Red, Panama Gold,

Kahuna, Black Knight, Frederick, Golden Giant

e Brazilian Golden.

Fonte: www.fiel.pt

Maracujá Amarelo e Maracujá Roxo

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8 - Particularidades do Cultivo

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8 - Particularidades do Cultivo

8.1 - Escolha da parcela

Uma vez que esta é uma cultura muitoexigente em termos de clima, a escolha daparcela deve ter em consideração os requi-sitos edafoclimáticos da cultura, principal-mente a exposição solar e o tipo de solo.

Para a produção de maracujá não é acon-selhável que o terreno tenha um declivesuperior a 12% e que seja propício à acumula-ção de água. Aquando da escolha da parceladevem ser tidas em conta as característicasfísicas e químicas do solo de modo a enten-der quais as operações de preparação doterreno a realizar. Um dos aspetos a con-siderar na avaliação química do solo prende--se com a salinidade do solo, uma vez queos solos salinos inviabilizam a cultura domaracujá, devendo ser evitados.

Para além das características descritasquanto ao tipo de solo adequado para acultura, deve igualmente ter-se em consi-deração a profundidade do lençol freático,que deve estar pelo menos a dois metrosde profundidade.

8.2 - Preparação do terreno

Na preparação do terreno para a instalaçãoda cultura do maracujá, poderá ser neces-sário realizar trabalhos de nivelamento, demodo a facilitar o movimento de máquinas

e a operação de colheita, bem comotrabalhos de drenagem. Dependendo dotipo de solo, poderá igualmente sernecessário instalar a cultura em camalhões,aumentando dessa forma o volume de soloexplorável pelas raízes.

Deve ser realizada uma limpeza do terreno,seguida de aeração e gradagem. A mobili-zação do solo tem como objetivo promovera descompactação e o arejamento do solo,operação importante no sentido de propor-cionar as melhores condições para o desen-volvimento da cultura.

Com a adequada antecedência devem serrealizadas análises de solo, para que sejapossível definir as necessidades de correçãode pH, assim como de fertilização de fundo,de modo a adequar o teor de matériaorgânica do solo às necessidades da cultura,colocando à disposição das plantas osnutrientes necessários.

Nesta fase e antecedendo a plantação,podem ser instalados o sistema de rega eo sistema de suporte das plantas.

8.3 - Sistemas de condução

Uma vez que o maracujazeiro é uma plantatrepadora, necessita de um sistema desuporte que, para além de dar sustentação,proporciona uma boa distribuição dosramos, garantido uma maior produção efacilitando algumas das operações culturais,como a adubação, irrigação e poda.

Na cultura do maracujá são normalmenteutilizados dois tipos de sistemas de suporteverticais, em sebe simples ou em formatode Y.

Os sistemas em sebe simples, apesar deterem um custo de instalação reduzido epermitirem podas de inverno mais rápidase menos complexas, oferecem menosproteção contra danos pelo vento,produzem frutos de menor qualidade eexigem uma colheita mais frequente parao mercado em fresco.

Este tipo de sistema de suporte é compostopor postes, com 2 m de altura, que devemestar distanciados entre 5 a 6 m na linha eentre 2 a 3 m na entrelinha, e por aramesque devem estar distanciados em cerca de0,4 m, sendo que o cabo superior não deveultrapassar 1,8 m de altura.

Por outro lado, os sistemas de sebe emformato de Y permitem diminuir a regula-ridade da colheita de frutos para proces-samento industrial, uma vez que permi-tem diminuir os danos por queimadurasolar nos frutos, após a sua queda, eaumentar a proteção contra danos pelosventos. Contudo, este tipo de sistemade condução necessita de um maiorinvestimento inicial e de mais operaçõesde poda e condução da cultura.

O sistema de condução em formato deY é composto por postes em formatode Y, com 2 m de altura, que devem estardistanciados em 6 m na linha e em 3,5 mna entrelinha. Os arames que suportamas plantas devem estar distanciados em0,5 m, sendo que o cabo superior, talcomo no sistema anterior, não deve ul-trapassar 1,8 m de altura.

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Fonte: www.spo.cnptia.embrapa.br

Fonte: http://www.passionfruit.org.nz

2,0 m

0,4 m

1,6 m

0,4 m

1,6 m

0,4 m

4,0 - 6,0 m

Sistema de condução em sebe simples Sistema de condução em Y

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8.4 - Plantação

A plantação da cultura de maracujá deveser realizada através de mudas obtidas porreprodução sexuada ou assexuada comcerca de 15 a 20 cm de altura. A plantaçãodeve ocorrer no início do outono, assimque surgirem as primeiras chuvas, podendohaver a necessidade de, como referido,realizar a plantação em camalhões, demodo a criar condições que irão promovero desenvolvimento radicular das plantas.Durante a transplantação é necessário tercuidado no manuseamento das plantas demodo a não danificar o sistema radicular.

8.5 - Desenho de plantação

Na escolha do espaçamento de plantaçãoé necessário encontrar uma solução ótimaque garanta o rendimento esperado dacultura, tendo em consideração as condi-ções de competição de luz, água e nutrien-tes entre as plantas.

Para a cultura do maracujá o espaçamentoaconselhado é de 3 m na linha por 3 m naentrelinha. Contudo, existem plantaçõescom espaçamentos de 3 a 4,5 m entre plan-tas e de 4,5 a 6 m na entrelinha.

Outro dos fatores a ter em consideração,antes da escolha do desenho de plantaçãoé o sistema de condução a ser utilizado,devendo o espaçamento da cultura estaradequado ao sistema de condução a utilizar.

8.6 - Polinização

A polinização é um dos aspetos particularesdo cultivo do maracujazeiro uma vez queas flores apenas estão recetivas duranteum dia, entre as 12h30, quando se dá o picode abertura das flores e as 18h. Associadoa este facto, tal como referido anterior-mente, em muitas espécies e formas, asflores do maracujazeiro apesar de herma-froditas não são autoférteis (não sendo ocaso do maracujá roxo, que contudo benefi-cia da polinização cruzada em termos dequantidade e qualidade dos frutos), peloque é necessário que ocorra polinizaçãocruzada. Dessa forma, é necessário recorrerà polinização das flores através de métodosnaturais, exigindo a presença de elevadonúmero de abelhões ou besouros (Bombus

spp. e Xylocopus spp.), ou através de méto-dos artificiais, maioritariamente realizadopor polinização manual.

A polinização natural, está dependente dapresença de insetos polinizadores especí-ficos, abelhões e besouros (Bombus spp. eXylocopus spp.), devendo ter-se em atençãoà presença de abelhas domésticas (Apis

mellifera), que devido ao seu tamanho,quando retiram o néctar retiram tambémo pólen da flor sem que o consigam deposi-tar posteriormente noutra flor, diminuindoa quantidade de flores fecundadas nopomar. Existem já empresas especializadasna venda de insetos que podem ser muitoúteis na polinização. Para afastar as abelhas

domésticas das flores do maracujá podemplantar-se bordaduras de urze e rosmani-nho, que captam a atenção das abelhas.

A polinização artificial é realizada de modoa otimizar a produtividade da cultura ou asubstituir a polinização natural na ausênciade insetos polinizadores. Como referido, apolinização deve ser realizada entre floresde plantas geneticamente diferentes, umavez que o maracujazeiro amarelo não é umaespécie autofértil, e embora o maracuja-zeiro roxo o seja, beneficia em tamanho equantidade dos frutos e percentagem depolpa, retirando-se com a ponta dos dedoso pólen das anteras de uma flor e colocan-do-o nos estigmas da outra flor, antes deretirar o pólen presente nas anteras desta.

A polinização artificial é o método queapresenta uma maior taxa de sucesso, con-tudo é também o que apresenta um customais elevado, sobretudo devido à quanti-dade de mão de obra necessária, paragarantir a polinização da maioria as flores.

8.7 - Fertilização

A nutrição mineral é um fator que temum elevado impacto na produtividadeda cultura e na qualidade dos frutos,sendo que quando os elementos mine-rais presentes naturalmente no solo nãosão suficientes é necessário fornecê-losatravés da fertilização, que tem comoobjetivo a otimização da produtividadeda cultura. Os nutrientes com maior im-pacto na cultura são o azoto (N), o potás-sio (K), o cálcio (Ca), o enxofre (S), o fós-foro (P), o magnésio (Mg), o manganês(Mn), o ferro (Fe), o zinco (Zn), o boro(B) e o cobre (Cu), apresentados por or-dem decrescente de quantidades absor-vidas.

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Fonte: Ramos et al., 2002

Estigma

Antera

Polinização manual

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O azoto é o macronutriente com maiorimportância na cultura do maracujá, umavez que é responsável pelo crescimento,pela formação vegetativa e radicular e pelodesenvolvimento de gemas floríferas efrutíferas, que darão origem aos frutos. Acarência deste nutriente levará a umcrescimento lento da cultura, que resultaráem plantas com porte reduzido e comramos pequenos em tamanho e diâmetro.

O potássio tem um papel fundamental naqualidade dos frutos, afetando o com-primento e diâmetro dos frutos e a percen-tagem de sumo e polpa existente nosfrutos. A carência de potássio leva à reduçãodo peso da planta e promove a queda pre-coce de frutos.

O cálcio uma vez que é o principal respon-sável pela estrutura dos tecidos vegetais,quando não está disponível nas quantidadesadequadas leva a deformações nas folhas,devido à desestruturação dos tecidos, quepor sua vez é promovida pela inibição daelongação das células e da divisão celular.

O fósforo tem um papel importante nosprocessos metabólicos, principalmente naredução da matéria seca e no desenvolvi-mento do sistema radicular, durante a faseinicial de desenvolvimento das plantas. Acarência deste nutriente irá afetar ocrescimento radicular, a quantidade dematéria seca e a produção frutífera dacultura.

Na tabela abaixo estão representadas asnecessidades médias anuais de fertilizantesconsoante a idade da cultura. Contudo, estanão é representativa de todo o tipo de solossendo necessário adaptar as quantidadesde fertilizantes às necessidades da cultura,verificadas através das análises realizadasao solo ou à cultura.

A aplicação de nutrientes, de acordocom as quantidades de nutrientes apre-sentadas na tabela acima, deve serrealizada gradualmente ao longo do ano.O azoto deve ser aplicado em três doses,de 1/3 do total anual, em julho ou agosto,dezembro e abril. A aplicação do potás-sio deve ser realizada bianualmente emjulho ou agosto e dezembro, e o fósforodeve ser aplicado apenas uma vez noano entre os meses de julho e agosto.

8.8 - Rega

As necessidades de irrigação da culturavariam consoante o clima da região, no-meadamente a temperatura e a humida-de relativa do ar, assim como do estadode desenvolvimento da cultura. O tipode rega mais adequado à cultura do ma-

Idade

1º Ano

2º Ano

> 3º Ano

Fonte: ARC, 1999

LAN

250

350

450

SuperfosfatoSimples

150

300

450

KCl

150

300

450

K2SO4

180

375

540

Fertilização anual (g/planta)

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racujá são os sistemas de rega localizada,nomeadamente o sistema de rega gota--a-gota ou sistema por microaspersão.

Na fase inicial de desenvolvimento daplanta, desde a plantação até cerca de3 meses, a planta apresenta menoresnecessidades de irrigação, em média,1,3 mm de água por dia.

Por outro lado, durante as fases de flora-ção, frutificação e produção a culturaapresenta uma maior necessidade deágua, devendo esta ser satisfeita demodo a otimizar a produtividade e qua-lidade dos frutos. Nesta fase, cuja dura-ção é de aproximadamente 7 meses, asplantas necessitam de cerca de 10,5 mmde água diários.

Na fase final de produção as necessida-des de rega voltam a diminuir, sendoapenas necessário cerca de 6,5 mm deágua diários por planta.

Apesar destas serem as necessidades deágua habituais da cultura do maracujá,em zonas com climas quentes e secos,as necessidades de rega podem sersuperiores, devido ao aumento deperdas por evapotranspiração. Este fatorimplica um acompanhamento constantedas necessidades hídricas da cultura,bem como do seu estado fitossanitário.

Em Portugal, durante as alturas do ano demaior calor, a cultura do maracujá pode

chegar a necessitar de regas diárias de cerca4 litros de água por planta, distribuídos emdois ou três momentos durante o dia.

8.9 - Poda

Poda de Formação

A cultura do maracujazeiro, durante a faseinicial de desenvolvimento, necessita deuma poda de formação, que promova acriação de uma estrutura adequada para ocrescimento e desenvolvimento de frutossaudáveis e de qualidade.

A poda de formação inicia-se, cerca de quin-ze dias após a plantação, com a eliminaçãodos brotos laterais, mantendo apenas oramo mais vigoroso, que deve ser conduzi-do, com o auxílio de um tutor, até ao fio dearame do sistema de suporte.

O QUE DIZEM OS PRODUTORES:

A fertilização dos maracujazeiros requeratenção especial aos níveis de potássioque têm impacto na floração, e tambémde micronutrientes, em especial magné-sio e ferro, este último para evitar a cloro-se. O maracujazeiro é uma planta quenecessita de regas diárias durante osmeses mais quentes, sempre com boadrenagem, para evitar danificar as raízes.(João Franco, 2017)

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Assim que a planta ultrapassar o aramesuperior do sistema de condução, deveeliminar-se o broto terminal e promover ocrescimento dos brotos laterais, conduzin-do-os para cada um dos lados do sistemade condução. Assim que estes atingiremcerca de 1 a 2,5 metros devem ser podadosde modo a forçar o desenvolvimento dasgemas laterais que, posteriormente, darãoorigem aos ramos produtivos.

Os ramos produtivos, que surgem dosramos laterais, devem crescer livrementeem direção ao solo, devendo eliminar-se asgavinhas, que provocam o entrelaçamentoentre os ramos produtivos. Esta prática,para além de facilitar a colheita dos frutos,permite aumentar o arejamento e a pene-tração de luz na cultura, diminuindo osdanos provenientes de pragas e doenças.

Poda de Renovação

Durante os restantes anos de desenvolvi-mento de produção a cultura deve ser

podada anualmente, de modo a garantir aexistência de ramos produtivos, uma vezque a produção de flores e frutos só ocorreem ramos novos, onde ainda não ocorreua floração. Esta poda anual é denominadade poda de renovação ou de frutificação.

A poda de renovação da cultura do maracujátem dois grandes objetivos, por um lado alimpeza da cultura, promovendo o areja-mento e exposição solar das plantas e, poroutro a renovação de ramos produtivos.

A limpeza da cultura é realizada através daeliminação de ramos mortos, velhos, do-entes e/ou improdutivos, por forma a pro-mover o arejamento e a exposição solar dacultura, diminuindo os problemas causa-dos por pragas e doenças, melhorando oestado fitossanitário das plantas, e aindafacilitar as operações culturais, em especiala adubação e a irrigação da cultura.

A renovação dos ramos produtivos irágarantir a produção de frutos durante esseano, uma vez que, como já foi referido, afloração e frutificação só ocorre em ramosnovos. Esta prática cultural passa por podaros ramos terciários e quaternários que jáfrutificaram, a cerca de 40 cm do arame su-perior, uma vez que o crescimento de ramosfrutíferos junto ao solo irá diminuir a produ-tividade da cultura e aumentar os danoscausados por problemas fitossanitários.

A poda de renovação deve ser realizada noinício da atividade vegetativa, correspon-dente ao início da rebentação, devendo

Fonte: Lima et al., 2006

A. Eliminação do broto terminal B. Condução dos brotos laterais

C. Poda dos ramos laterais D. Formação de cortina

A B

C D

Poda

Poda Poda

Poda de Formação

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existir água disponível no solo para promo-ver o crescimento dos ramos produtivos.É importante existir um equilíbrio entre ocrescimento vegetativo e reprodutivo dacultura, que irá garantir a qualidade finaldos frutos.

Para além da eliminação de ramos, devemtambém ser eliminadas, anualmente, asgavinhas provenientes dos ramos terciáriose secundários, de modo a que exista o cor-reto arejamento e exposição solar dacultura. Esta etapa, ao contrário dasanteriores, deve ser realizada sempre quese verifique necessária.

Fonte: Ramos et al., 2002

Amarrio Ramo Secundário

2 m

0,40 m

Fio

RamoTerciário

RamoPenteado

Ramo Primário

Barbante de Algodão

Poda de Renovação

Poda de Renovação

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9 - Pragas e Doenças

9 - Pragas e Doenças

A cultura do maracujá, por ainda ser umacultura emergente em Portugal, apresen-ta poucos problemas a nível de pragase doenças. Até à data só foram relatadosproblemas de doenças radiculares, comoa antracnose, mas que não apresentouqualquer efeito prejudicial na qualidadee produtividade da cultura. Contudo, éaconselhável, a utilização de sistema derotação de culturas, como modo de evi-tar a prevalência de doenças na cultura.Quanto a pragas, há que ter atenção aoscaracóis e lesmas, aos ácaros e a outrospequenos parasitas como os pulgões, amosca branca e o aranhiço vermelho.

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O QUE DIZEM OS PRODUTORES:

A poda é muito importante para o areja-mento da planta e indução da floração,sendo que no geral corta-se até cerca de25% da matéria verde da planta. Após aspodas convém fertilizar com adubos ricosem azoto e potássio para fomentar no-vos rebentos. Em relação às pragas, con-vém adotar uma política de prevençãoe controlo, e quanto às doenças é precisoadquirir plantas saudáveis, com certifica-ção fitossanitária.(João Franco, 2017)

10 - Colheita

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10 - Colheita

A colheita ocorre, em média, 70 dias apósa polinização das flores, durante o finaldo mês de maio até ao início do mês dejulho. O método de colheita está direta-mente relacionado com o destino doproduto final, sendo o método de colhei-ta diferente para o maracujá em frescoou para indústria.

Os frutos para indústria são normal-mente colhidos semanalmente após amaturação completa dos frutos, que severifica quando estes caem no chão. Omaior problema deste tipo de colheita éa possibilidade de perdas por queima-duras solares, se os frutos permanece-rem demasiado tempo no campo, ou pordanos provocados por pragas ou animais.

Por outro lado, os frutos para o mercadoem fresco devem ser colhidos da planta,com o pedúnculo, antes de atingirem amaturação completa. Esta colheita deveser realizada duas a três vezes por sema-na, de modo a que os frutos sejam colhi-dos nas condições ótimas para o merca-do em fresco.

11 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

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11 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

As questões relacionadas com apreservação ambiental, manutenção dabiodiversidade, sustentabilidade no usodos recursos naturais e responsabilidadesocial, impulsionadas por uma cada vezmaior consciencialização/exigência porparte dos consumidores, têm sido osgrandes motores do crescimento daagricultura biológica e da produçãointegrada.

Em Portugal, a produção de maracujátem ainda uma fraca expressão, sendode 33 hectares a área dedicada a estacultura, segundo dados de 2015 do GPP.

No que se refere à Produção Integrada,um dos constrangimentos decorre da járeferida fraca expressão que a culturaainda tem no nosso país, pelo que nãoexistem produtos fitofarmacêuticoshomologados, existindo sim autoriza-ções, ao abrigo dos usos menores paraa utilização de alguns produtos fito-farmacêuticos.

No entanto, sendo notório o crescenteinteresse por parte dos consumidores,em que ao aumento do consumo demaracujá se associa um estilo de vidasaudável, a opção por sistemas deagricultura mais sustentáveis, como oModo de Produção Biológico e ProduçãoIntegrada podem ser opções cada vezmais interessantes.

Por outro lado, a obtenção de certifi-cação em Modo de Produção Biológicoou Produção Integrada, permite acres-centar valor, uma vez que os mercadosdo Norte da Europa são muito sensíveis,impondo por vezes a certificação comocondição de entrada dos produtos.

Bibliografia

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