a doutrina da eleiÇÃo - o estandarte de...
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A DOUTRINA DA ELEIO A. W. Pink
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Traduzido do original em Ingls
The Doctrine of Election
By A. W. Pink
Via: PBMinistries.org
(Providence Baptist Ministries)
Traduzido por William Teixeira, Camila Almeida e Amanda Ramalho
Reviso por William Teixeira e Camila Almeida
Capa por William Teixeira
1 Edio: Janeiro de 2015
Salvo indicao em contrrio, as citaes bblicas usadas nesta traduo so da verso Almeida
Corrigida Fiel | ACF Copyright 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bblica Trinitariana do Brasil.
Traduzido e publicado em Portugus pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida permisso
do ministrio Providence Baptist Ministries, sob a licena Creative Commons Attribution-
NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.
Voc est autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,
desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que tambm no altere o seu contedo
ne m o utilize para quaisquer fins comerciais.
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Sumrio
Prefcio ........................................................................................................................ 4
Uma Biografia de A. W. Pink, por Erroll Hulse .................................................................... 14
1 Introduo ............................................................................................................. 22
2 Sua Fonte .............................................................................................................. 28
3 Sua Grandiosa Origem .............................................................................................. 35
4 Sua Veracidade ....................................................................................................... 48
5 Sua Justia ............................................................................................................. 61
6 Sua Natureza .......................................................................................................... 74
7 Seu Propsito ......................................................................................................... 88
8 Sua Manifestao ...................................................................................................102
9 Sua Percepo .......................................................................................................124
10 Sua Bem-Aventurana ...........................................................................................150
11 Sua Oposio .......................................................................................................157
12 Seu Anncio ........................................................................................................171
Apndices:
Parte I Doutrinria
A Soberania de Deus na Salvao dos Homens - Jonathan Edwards .....................................191
Quem So Os Eleitos? - C. H. Spurgeon ...........................................................................209
Eleio e Vocao - R. M. MCheyne ................................................................................223
A Gloriosa Predestinao - C. H. Spurgeon .......................................................................229
Eleio e Santidade - C. H. Spurgeon ..............................................................................244
A Doutrina da Eleio, Artigo - A. W. Pink ........................................................................259
A Doutrina da Eleio - Joo Calvino ...............................................................................273
Feliz s Tu, Israel! - R. M. MCheyne ............................................................................283
Parte II Apologtica
O Som Alegre do Evangelho da Graa de Deus - Augustus Tolpady ......................................301
O Mito do Livre-Arbtrio - Walter J. Chantry ......................................................................323
Objees Soberania de Deus Respondidas - A. W. Pink ...................................................328
Como Toda a Doutrina da Predestinao Corrompida pelos Arminianos - John Owen ............338
Eleio Particular - C. H. Spurgeon .................................................................................355
A Prerrogativa Real - C. H. Spurgeon ..............................................................................368
O Que Calvinismo? - B. B. Warfield, John A. Broadus & Patrick Hues Mell .........................383
Uma Defesa do Calvinismo - C. H. Spurgeon ....................................................................385
Na Casa do Oleiro - A. W. Pink .......................................................................................397
Uma Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a Doutrina da Eleio .........................418
Referncias da Biografia e dos Apndices: .......................................................................436
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Prefcio
DEUS decretou em Si mesmo, desde toda a eternidade, pelo mui sbio e santo Conselho
de Sua prpria vontade, ordenou livre e imutavelmente todas as coisas, seja o que for que
venha a acontecer (Isaas 46:10; Efsios 1:11; Hebreus 6:17; Romanos 9:15, 18); ainda
assim, de modo que nem Deus o autor do pecado, nem tem comunho com algo nisso
(Tiago 1:13; 1 Joo 1:5); nem violentada a vontade da criatura, nem ainda eliminada a
liberdade ou contingncia das causas secundrias, antes estabelecidas (Atos 4:27-28; Joo
19:11); nas quais demonstra-se a Sua sabedoria em dispor de todas as coisas, e poder e
fidelidade em efetuar os Seus decretos (Nmeros 23:19; Efsios 1:3-5). Embora Deus
conhea tudo o que possa ou venha a ocorrer, sobre todas as circunstncias imaginveis
(Atos 15:18; Isaas 45:9-10; 48:3-5); ainda assim Ele no decretou qualquer coisa porque
Ele a previu como futura, ou como aquilo que poderia ocorrer em tais condies (Romanos
9:11, 13, 16, 18).
Por meio do decreto de Deus e para manifestao da Sua glria, alguns homens e anjos
so predestinados ou preordenados para a vida eterna por meio de Jesus Cristo (1 Timteo
5:21; Mateus 25:34), para o louvor de Sua gloriosa graa (Efsios 1:5-6); outros so deixa-
dos a agir em seus pecados para a sua justa condenao, para o louvor da Sua gloriosa
justia (Romanos 9:22-23; Judas 4). Esses anjos e homens, assim predestinados e preor-
denados, so particular e imutavelmente designados; e o seu nmero to certo e definido,
que no pode ser aumentado ou diminudo (2 Timteo 2:19; Joo 13:18).
Aqueles da humanidade que so predestinados para a vida, Deus, antes da fundao do
mundo, de acordo com o Seu propsito eterno e imutvel, e o secreto conselho e beneplci-
to de Sua vontade, os escolheu em Cristo, para a glria eterna, por Sua pura livre graa e
amor (Efsios 1:4, 9, 11; Romanos 8:30; 2 Timteo 1:9; 1 Tessalonicenses 5:9), no por
qualquer outra coisa na criatura, como condies ou causas que O movessem a isso
(Romanos 9:13, 16; Efsios 2:5, 12).
Assim como Deus destinou os eleitos para a glria, assim tambm, pelo propsito eterno e
mui livre de Sua vontade, preordenou todos os meios para isso (1 Pedro 1:2; 2 Tessaloni-
censes 2:13). Portanto, aqueles que so eleitos, estando cados em Ado, so remidos por
Cristo (1 Tessalonicenses 5:9-10), so eficazmente chamados para a f em Cristo pelo Seu
Esprito, que opera no tempo devido; so justificados, adotados, santificados (Roma-nos
8:30; 2 Tessalonicenses 2:13) e preservados pelo Seu poder por meio da f para a salvao
(1 Pedro 1:5). Nem so quaisquer outros redimidos por Cristo, eficazmente chamados,
justificados, adotados, santificados e salvos, seno somente os eleitos (Joo 10:26, 17:9,
6:64).
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A doutrina deste elevado mistrio da predestinao deve ser tratada com especial prudn-
cia e cuidado, para que os homens, atendendo vontade de Deus revelada em Sua Pala-
vra, e prestando obedincia a esta, possam, a partir da certeza do seu chamado eficaz, cer-
tificar-se de sua eleio eterna (1 Tessalonicenses 1:4-5; 2 Pedro 1:10). Portanto, esta dou-
trina deve motivar o louvor (Efsios 1:6; Romanos 11:33), reverncia e admirao a Deus;
e humildade (Romanos 11:5, 6, 20), diligncia e consolao abundante para todos os que
sinceramente obedecem ao Evangelho (Lucas 10:20).
Estas palavras acima so a transcrio do Captulo III, Sobre os Decretos de Deus, da
Confisso de F Batista de 1689. Sinto como se o meu corao fosse explodir de gratido
e alegria no Senhor, cada vez que leio estas palavras e medito em como elas chegaram
at a mim. Desde ento tenho me alegrado muitssimo nestas verdades gloriosas, e me sen-
tido como quem poderia viver e morrer por elas. Eu acreditaria, amaria, viveria e anunciaria
estas doutrinas mesmo que ningum no mundo acreditasse nelas alm de mim, pois, creio,
elas nada mais so do que a verdade ensinada pelo Senhor Jesus Cristo, e depois por
Seus apstolos e profetas, segundo o testemunho do Esprito Santo, nas Escrituras.
Por todas estas coisas, e por tudo que nosso Deus tem nos proporcionado nos ltimos tem-
pos, muito nos alegramos no Senhor e O louvamos por nos conceder fazer esta publicao,
que nossa de nmero 300, e por meio dela dar testemunho do que seja a verdade de
Deus tal como ela em Jesus Cristo, segundo o Esprito testifica nas Escrituras.
Vivemos em uma poca em que poucas pessoas se preocupam em dar testemunho de sua
f. Poucos so aqueles que possuem firmes convices a respeito da verdade bblica ou
que esto dispostos e lutar e sofrer por ela. De fato, a grande maioria dos que se dizem
Cristos, esto embaraados com negcios desta vida e seduzidos pelos encantos do mun-
do, querem estar em paz com o mundo e uns com os outros, mas recusam-se a lutar pela
verdade e sofrer as aflies, como bons soldados de Jesus Cristo (2 Timteo 2:3-5).
E no de admirar; vendo que nos coube viver na escria dos tempos. Estes, sendo os
ltimos dias, s podem ser os piores. E como poderia haver piores, vendo-se que a vaidade
no sabe como pode ser mais v, nem a iniquidade como pode ser mais inqua?1, estas
palavras so do piedosssimo Lewis Bayly, e foram ditas h mais de trezentos anos, e se
eram aplicveis ao tempo em que foram ditas pela primeira vez, agora o so muito mais.
A grande maioria dos que se dizem Cristos em nossos dias pensa que melhor escutar
__________
[1] BAYLY, Lewis. A Prtica da Piedade. Diretrizes para o cristo andar de modo que possa agradar a Deus.
1 Ed. [Traduo: Odayr Olivetti]. So Paulo: PES, 2010, p 37-38.
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um evangelho falso do que no escutar Evangelho nenhum, que melhor estar dentro de
uma igreja que no bblica do que estar no mundo, essas mesmas pessoas tambm
devem pensar que melhor beber veneno do que ficar com sede.
a profunda e firme convico de quem escreve que poucas coisas so to urgentes e ne-
cessrias como nos voltarmos para as veredas antigas, para o bom caminho, para que an-
demos nele e venhamos a encontrar descanso para as nossas almas (Jeremias 6:16). Este
bom caminho ao qual me refiro no pode ser outro seno o antigo Evangelho, os Cinco
Solas, as Doutrinas da Graa e da Soberania de Deus, segundo as Escrituras testificam.
Estamos certos de que esta preciosa obra, este tratado sistemtico e exegtico sobre a
eleio e predestinao Divinas, com a bno de Deus, ser de muita valia, para que retor-
nemos f dos eleitos de Deus, e o conhecimento da verdade, que segundo a piedade
(Tito 1:1).
Agora, se a pregao doutrinria, em geral, to impopular, a doutrina da eleio
particularmente e preeminentemente assim. Sermes sobre a predestinao so, com
rarssimas excees, acaloradamente ressentidos e amargamente denunciados. Pa-
rece haver um preconceito inevitvel na mente humana contra esta doutrina, e embora
a maioria das outras doutrinas sejam recebidas por Cristos professos, algumas com
cautela, outras com prazer, contudo esta parece ser mais frequentemente desconside-
rada e descartada. Em muitos de nossos plpitos seria considerado um grande peca-
do e traio pregar um sermo sobre a eleio (C. H. Spurgeon). Se esse era o caso
h cinquenta anos, muito mais o agora.
Mesmo nos crculos declaradamente ortodoxos a simples meno da predestinao
como o acenar de um pano vermelho diante de um touro. Nada faz to rapidamente
manifesta a inimizade da mente carnal no presunoso religioso e no fariseu hipcrita
quanto o faz a proclamao da Soberania Divina e Sua graa distintiva; e, agora, pou-
cos de fato so os homens remanescentes que se atrevem a lutar bravamente pela
verdade (A. W. Pink, Cap. 12, Seu Anncio).
Vivemos em tempos de ignorncia profunda, em dias de trevas que se podem apalpar, nos
quais aqueles que se opem a esta verdade so mais do que ns, que a defendemos com
nossas vidas. Aqueles que desprezam e odeiam esta verdade arrumaram uma maneira
muita astuta de neg-la ao afirmar que a Eleio ou Predestinao para a vida acontece
pela prescincia de Deus, que corporativa, e que a Eleio no incondicional, mas con-
dicional e dependente da vontade da criatura e no do Criador. Mas o que de fato significa
eleio condicional por prescincia?
No nosso objetivo oferecer neste prefcio uma refutao completa desta aberrao
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doutrinria, pois os excelentes escritos dos autores que se seguem faro isso mil vezes
melhor do que este pobre pecador que escreve estas linhas. Contudo, desejo somente ofe-
recer alguns poucos pensamentos para mostrar o absurdo que necessariamente envolve o
conceito pelagiano/papista/arminiano de eleio condicional por prescincia.
Antes de tudo, errneo por que distorce a ordem dos acontecimentos dizendo que a f da
criatura a causa da eleio e da salvao, quando as Escrituras nos informam claramente
que a eleio precede a f e a salvao: E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glori-
ficavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida
eterna (Atos 13:48).
Este conceito ilgico, um insulto razo e ao bom senso. ilgico porquanto, postula
que o efeito vem antes da causa, ou que a eleio que aconteceu na eternidade passada,
foi causada pela f, arrependimento e perseverana em santidade, no tempo. Assim, a elei-
o que aconteceu antes da fundao do mundo (Efsios 1:4-5) o efeito causado pelo
homem que diferencia a si mesmo e usa seu livre-arbtrio para se converter e assim salvar-
se, depois, no tempo. Seria como se eu dissesse que matei a fome hoje (efeito) pelo fato
de ter comido amanh (causa). Mas o absurdo no para por a, este conceito tambm impli-
ca que se eu crer hoje, ento Deus me elegeu na eternidade passada para isso, mas se
amanh eu deixar de crer, ento o que Deus decidiu na mesma eternidade passada acerca
da minha eleio muda, e agora eu passo a no ser mais eleito, mas se eu voltar a crer de
novo, ento, novamente, o Deus imutvel (Malaquias 3:6) muda de opinio antes da funda-
o do mundo e volta a me eleger para salvao. E assim quantas vezes eu mudar agora,
Deus muda (Tiago 1:17) na eternidade passada. Desta forma, eu mudo a minha vontade
diretamente e mudo a vontade de Deus indiretamente, ou por consequncia. Isso parece
lgico para voc?
[...] no a previso de Deus dessas coisas nos homens que O levou a eleg-los. A
prescincia de Deus do futuro est fundamentada sobre a determinao de Sua von-
tade em relao ao mesmo. O decreto Divino, a prescincia Divina e a predestinao
Divina a ordem estabelecida nas Escrituras. Em primeiro lugar, que so chamados
segundo o seu propsito; segundo, por que os que dantes conheceu; terceiro, tam-
bm os predestinou (Romanos 8:28-29). O decreto de Deus, como precedente de
Sua prescincia tambm afirmado em a este que vos foi entregue pelo determinado
conselho e prescincia de Deus (Atos 2:23). Deus prev tudo o que acontecer,
porque Ele ordenou tudo o que h ocorrer; portanto, estamos colocando a carroa na
frente dos bois quando fazemos da prescincia a causa da eleio de Deus (A. W.
PINK, Cap. 2, Sua Fonte).
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Este conceito anula qualquer coisa como eleio Divina, sim, pois, diz que a eleio no
segundo o beneplcito da vontade de Deus (Efsios 1:5), mas, sim, segundo a vontade
da criatura. Assim de fato, quem elege um homem para a salvao no Deus, mas ele
mesmo. Portanto, nega que Deus tenha elegido algum desde o princpio para a salva-
o (2 Tessalonicenses 2:13), e estabelece eleio humana, ao dizer que o homem
quem elege a si mesmo ao crer.
Este conceito nega o Sola Gratia, distorce o Sola Fide e etc., uma mentira que, como o
fermento, levedar toda a massa da verdade, a menos que seja retirado. Esta aberrao
transforma a f e o arrependimento salvficos, que so totalmente dons de Deus e frutos do
Esprito Santo (Efsios 2:8, Atos 11:18), em meras obras humanas que podem ser desen-
volvidas por qualquer homem sem que a interferncia especial, livre e imediata de Deus
seja sua causa necessria e eficaz. E desta forma, a f e o arrependimento para a vida, e
a salvao passam a depender do que quer, e do que corre, e no somente de Deus,
que se compadece (Romanos 9:16). O que isso seno negar as Escrituras e dizer que a
salvao pertence ao homem?
As Escrituras so claras ao declarar que a salvao pertence ao Senhor, e isto no vem
de vs, dom de Deus (Jonas 2:9; Efsios 1:8), e Ele a d a quem Ele quiser! Ou mau
ao teu olho que o grande Deus faa o que quiser com o que dEle?
Assim como a Salvao do Senhor, assim tambm a eleio de Deus (1 Tessaloni-
censes 1:4). Pois, Ele a causa eficaz dela, e as pessoas escolhidas so denominadas
seus escolhidos (Lucas 18:7; cf. Romanos 8:33).
Tambm dito por aqueles que negam a eleio incondicional, que ela no somente
condicional e por prescincia, mas que tambm uma eleio corporativa, contudo, isso
nada mais do que uma tentativa de minar qualquer sentido do verdadeiro conceito bblico
de eleio. Basta apenas dizer que no livro da vida do Cordeiro, que o registo Divino da
eleio, est escrito o nome de pessoas, pessoas particulares e no de naes ou povos;
e que o Bom pastor chama Suas ovelhas pelo nome e no pela nacionalidade ou comunida-
de em que esto inseridas. Quando os setenta voltaram de sua viagem missionria, euf-
ricos, porque os prprios demnios se sujeitaram a eles, Cristo disse: alegrai-vos antes
por estarem os vossos nomes escritos nos cus (Lucas 10:20 e cf. Filipenses 4:3; Hebreus
12:23). Ou se for alegado que, no Antigo Testamento, Israel, como nao e no como indiv-
duos, era o povo eleito de Deus, responderemos que mesmo dentre o favorecido Israel
nacional, havia o eleito e verdadeiro Israel de Deus, que consistia em indivduos particulares
eleitos, um remanescente, segundo a eleio da graa (Romanos 11:5) como Paulo clara-
mente demonstra em Romanos 9:6-8: No que a palavra de Deus haja faltado, porque
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nem todos os que so de Israel so israelitas; nem por serem descendncia de Abrao so
todos filhos; mas: Em Isaque ser chamada a tua descendncia.
A grande verdade por detrs do conceito de eleio condicional, por prescincia, corpo-
rativa nada mais do que a negao de que haja qualquer eleio ou predestinao Divina.
O que eleio condicional significa? Na prtica, no significa nada. O que significa ser
eleito condicionalmente por Deus? O que significa ser eleito corporativamente? Nada,
pois nestes casos o termo bblico eleito, escolhido, perde toda a sua fora e anulado
por tal conceito humano. E no exatamente isso que eles querem? Voc j ouviu algum
falando sobre eleio condicional por prescincia, tendo algum outro objetivo seno negar
a eleio incondicional?
Para finalizar esta parte, citaremos algumas palavras do Prncipe dos telogos Puritanos:
Somos ns mais excelentes que outros?, De maneira nenhuma, pois j dantes de-
monstramos que, tanto judeus como gregos, todos esto debaixo do pecado (Roma-
nos 3:9). Porque no h diferena. Porque todos pecaram e destitudos esto da
glria de Deus, (vv. 22-23); estando todos mortos em delitos e pecados (Efsios
2:1); sendo por natureza filhos da ira, como os outros tambm, (v. 3); separados,
mas agora em Cristo Jesus, vs, que antes estveis longe, j pelo sangue de Cristo
chegastes perto (vv. 12-13); ramos inimigos de Deus (Romanos 5:10; Tito 3:3)
[...] se a predestinao for por f prevista, estas trs coisas, com diversos tais absur-
dos, necessariamente seguiro: Em primeiro lugar, que a eleio no por aquele
que chama, como o apstolo fala em Romanos 9:11, ou seja, a partir do beneplcito
de Deus, que nos chama com uma santa vocao, mas por aquele que chamado;
pois, se depender da f prevista, deve ser daquele a quem pertence a f, ou seja, de
quem cr. Em segundo lugar, Deus no pode ter misericrdia de quem quer ter mise-
ricrdia, pois a prpria finalidade da mesma est assim vinculada s qualidades da f
e obedincia, de modo que Ele deve ter misericrdia somente dos crentes anteceden-
temente ao Seu decreto. O que, em terceiro lugar, impede-O de ser um agente livre e
absoluto, e fazer o que Ele quer com o que Seu, tambm O impede de ter um tal
poder sobre ns como o oleiro tem sobre o barro; pois Ele nos encontra sendo de
matrias diferentes, um homem de argila, o outro homem de ouro e etc., quando
Ele vem a nos designar para diferentes usos e fins.
[...] Deus no v em qualquer homem nenhuma f, nenhuma obedincia, nem perse-
verana, enfim nada, seno o pecado e a maldade, e o que Ele mesmo intenciona
graciosa e livremente conferir-lhes; pois a f no vem de vs, dom de Deus (Efsios
2:8); a obra de Deus esta: Que creiais (Joo 6:29). Ele nos abenoou com todas
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as bnos espirituais nos lugares celestiais em Cristo (Efsios 1:3). Agora, todos
esses dons e graas Deus concede apenas queles que Ele preordenou para a vida
eterna, porque: os eleitos o alcanaram, e os outros foram endurecidos (Romanos
11:7); acrescentava o Senhor igreja aqueles que se haviam de salvar (Atos 2:47).
Portanto, certamente, Deus nos escolhe no porque Ele prev essas coisas em ns,
visto que, ao invs disso a verdade que Ele concede aquelas graas por Ele ter nos
escolhido. Portanto, diz Agostinho, Cristo diz: No me escolhestes vs a mim, mas
eu vos escolhi a vs [Joo 15:16], mas justamente porque eles no O escolheram
que Ele deveria escolh-los; contudo Ele os escolheu para que eles pudessem
escolh-lO. Ns escolhemos a Cristo pela f; Deus nos escolhe por Seu decreto da
eleio (JOHN OWEN, Como Toda a Doutrina da Predestinao Corrompida pelos
Arminianos).
Quando uma pessoa diz que Deus no soberano na salvao dos homens, automatica-
mente ela est dizendo que ela mesma ou a pessoa o . Quando algum diz que no
Deus quem d a palavra final na salvao dos homens, ento, ela est dizendo que a pala-
vra final na salvao de um homem no pertence a Deus, mas a alguma criatura. Quando
algum diz que falso dizer que a salvao de um homem no depende dele querer ou
correr, que no depende da criatura, mas apenas de Deus usar de misericrdia, ela est
ousadamente negando a Palavra de Deus e estabelecendo a sua prpria palavra humana
(Romanos 9:11-23). A grande verdade que quem delira sonhado tomar o cetro da mo
do Grande Rei, porque quer colocar este mesmo cetro real na mo da criatura, para que
ela seja semelhante ao Altssimo. E o que tudo isso seno a mais srdida desonra lana-
da sobre o Rei dos reis e Senhor dos senhores? O que isso, seno o vmito de uma men-
te humana sobre a veste real do criador, preservador e governador do Cu e da terra?
Do que depende a salvao de um homem? Ns respondemos que depende de Deus so-
mente, da Sua misericrdia, e dEle salvar por Sua graa, por meio da f, sem obras huma-
nas. E condenamos como antibblica toda resposta que negue ou que se oponha a esta.
Aqueles que esto em um estado de salvao atribuem graa soberana somente, e
do todo o louvor Ele, que os faz diferente dos outros. Piedade no motivo para se
gloriar, a no ser em Deus: Para que nenhuma carne se glorie perante ele. Mas vs
sois dele, em Jesus Cristo, o qual para ns foi feito por Deus sabedoria, e justia, e
santificao, e redeno; para que, como est escrito: Aquele que se gloria glorie-se
no Senhor (1 Corntios 1:29-31). Tal no , por qualquer meio, em qualquer grau atri-
budo sua piedade, seu estado e condies seguras e felizes, a qualquer diferen-a
natural entre eles e os outros homens, ou a qualquer fora ou justia prpria. Eles no
tm nenhum motivo para exaltar-se, no mnimo grau; mas Deus o Ser a quem eles
devem exaltar. Eles devem exaltar a Deus, o Pai, que os escolheu em Cristo, que ps
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o Seu amor sobre eles, e deu-lhes a salvao, antes deles nascerem e mesmo antes
que o mundo existisse. Se perguntarem, por que Deus colocou Seu amor sobre eles,
e os escolheu, em vez de outros, se eles pensam que podem ver qualquer causa fora
de Deus esto muito enganados. Eles devem exaltar a Deus o Filho, que levou seus
nomes em Seu corao, quando Ele veio ao mundo, e foi pendurado na Cruz, e no
Qual somente eles possuem justia e fora. Eles devem exaltar a Deus, o Esprito
Santo, que por graa soberana os chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz; que
por Sua prpria operao imediata e livre, levou-os a uma compreenso do mal e do
perigo do pecado, e os resgatou de sua justia prpria, e abriu-lhes os olhos para
contemplarem a glria de Deus, e as maravilhosas riquezas de Deus em Jesus Cristo,
e os santificou, e os fez novas criaturas
Vamos, portanto, laborar para nos submetermos soberania de Deus. Deus insiste,
que a Sua soberania seja reconhecida por ns mesmo neste grande assunto, um as-
sunto que to de perto e infinitamente nos interessa, como a nossa prpria salvao
eterna. Esta a pedra de tropeo na qual milhares caem e perecem; e se continuar-
mos discutindo com Deus sobre a Sua soberania, isto ser nossa runa eterna. abso-
lutamente necessrio que ns venhamos a nos submeter a Deus, como nosso sobe-
rano absoluto, e o soberano sobre as nossas almas; como algum que pode ter miseri-
crdia de quem quer ter misericrdia, e endurecer a quem Ele quiser (JONA-THAN
EDWARDS, A Soberania da Deus na Salvao dos Homens).
Eu peo que aqueles que pensam que a doutrina da eleio uma doutrina abstrata, te-
rica, que no possui qualquer carter prtico ou relevante, medite nas seguintes palavras:
Em uma recente conversa com um crente eminente, h algumas semanas, ele dizia-
me: senhor, sabemos que no devemos pregar a doutrina da eleio, porque ela no
tem a capacidade de converter os pecadores. Eu lhe respondi: Mas quem se atreve
a identificar falhas na verdade de Deus? Voc est de acordo comigo em que a eleio
uma verdade e, entretanto, voc afirma que no deve preg-la. Eu no ousaria afir-
mar algo assim. Considero que uma arrogncia suprema ousar dizer que uma doutri-
na no deve ser pregada, quando Deus, em Sua suprema sabedoria, quis revel-la
aos homens! Alm disso, todo o objetivo do Evangelho converter os pecadores?
Existem certas Verdades que Deus abenoa para converso dos pecadores, mas,
acaso no existem outras verdades destinadas a trazer consolo aos santos? E, no
deveriam estas verdades, ser objeto do ministrio da pregao, como as demais? De-
vo considerar uma e descartar outras? No: se Deus diz: Consolai, consolai ao meu
povo!, se a eleio consola o povo de Deus, ento devo preg-la. Porm, no estou
to convencido de que a doutrina da eleio no possa converter pecadores. O grande
Jonathan Edwards nos diz que, no momento culminante de um dos seus avivamentos,
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pregava sobre a Soberania de Deus tanto na salvao como na condenao do ho-
mem, e mostrava que Deus era infinitamente justo se enviasse os homens ao Inferno!
Que Ele era infinitamente misericordioso se salvasse alguns, e que tudo vinha da Sua
prpria livre graa. E dizia: No tenho encontrado nenhuma outra Doutrina que pro-
mova tanta reflexo, nada adentra mais profundamente ao corao do que a procla-
mao desta verdade (C. H. SPURGEON, Sermo 34, Pregar o Evangelho).
OU talvez voc esteja aflito e ansioso acerca da seguinte questo: Eu sou um eleito de
Deus?. Se este caso, aqui est a resposta.
Como pode um crente verdadeiro saber se ele um dos eleitos de Deus? Ora, o pr-
prio fato de que ele um Cristo genuno o evidencia, pois uma crena em Cristo a
consequncia segura de Deus t-lo ordenado para a vida eterna (Atos 13:48). Porm,
para ser mais especfico. Como posso conhecer a minha eleio? Em primeiro lugar,
pela Palavra de Deus tendo chegado em poder Divino alma, de forma que a minha
auto-complacncia quebrada e minha justia prpria renunciada. Em segundo lugar,
pelo Esprito ter me convencido de minha condio lamentvel, de culpado e perdido.
Em terceiro lugar, por ter me revelado a adequao e suficincia de Cristo para aten-
der o meu caso desesperado, e por uma concesso Divina de f, levando-me a lanar
mo de e descansar sobre Ele como minha nica esperana. Em quarto lugar, pelas
marcas da nova natureza dentro de mim: o amor a Deus, um apetite pelas coisas espi-
rituais, um anelo por santidade, uma busca por conformidade com Cristo. Em quinto
lugar, pela resistncia que a nova natureza faz velha natureza, levando-me a odiar
o pecado e abominar-me por isso. Em sexto lugar, por diligentemente evitar tudo o
que condenado pela Palavra de Deus, e por sinceramente arrepender-me e hmil-
demente confessar cada transgresso. A falha neste ponto mui certa e rpida-mente
trar uma nuvem escura sobre a nossa segurana, fazendo com que o Esprito rete-
nha o Seu testemunho. Em stimo lugar, empregando toda a diligncia para cultivar
as graas Crists, e usando todos os meios legtimos para essa finalidade. Assim, o
conhecimento da eleio cumulativo (A. W. PINK, Cap. 9, Sua Percepo).
Por fim desejo exortar a todos os que lerem estas linhas a decidirem-se pela verdade e fir-
marem-se na doutrina de Cristo. apenas a verdade que capacita qualquer alma a glorificar
a Deus, e a doutrina da eleio parte essencial e fundamental da verdade bblica. Bem
disse John A. Broadus: Irmos, ns devemos pregar as doutrinas; devemos enfatizar as
doutrinas; devemos voltar s doutrinas. Temo que a nova gerao no conhece as doutri-
nas como nossos pais as conheciam. dever dos cristos se firmarem na doutrina.
obrigao dos cristos serem firmes na doutrina da f. O apstolo afirma: Ora, o Deus de
toda a graa..., Ele mesmo vos h de aperfeioar, firmar, fortificar e fundamentar (1 Pe
5:10)2. Nossa f a nossa vida.
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Assim como ficar exposto luz do sol aquece o corpo, aqueles que ficam expostos luz do
verdadeiro ensino da Escritura esquentam suas afeies e tornam-se fervorosos no amor,
na f e na verdade. O calor e fervor da piedade deve vir das brasas vivas da ortodoxia
bblica.
O ensino das ss palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e da doutrina que segundo a
piedade (1 Timteo 6:3) no podem resultar em outra coisa, seno em um corao puro e
amoroso, numa boa conscincia e numa f no fingida (1 Timteo 1:5). Se o seu conheci-
mento no produz estas coisas porque voc no possui a f dos eleitos de Deus, e
ignorante, pois tambm no possui o conhecimento da verdade, que segundo a piedade
(Tito 1:1). Infelizmente muitas pessoas esto firmemente decididas a no aprender, e isso
triste. Eu espero que no seja assim com voc, leitor. Se voc est duvidoso e coxeia em
dois pensamentos, se voc est ansioso para descobrir a verdade e abra-la, custe o que
custar, eu te suplico e desejo ardentemente que examines os textos deste volume, com o
corao sincero, e dizendo somente: fala, Senhor, porque o teu servo ouve. Examine e
veja se estas coisas so assim ou no, se de fato o que voc l est escrito ou no.
Jesus Cristo te ilumine,
Pelo Seu Esprito Santo,
Para a glria de Deus Pai,
Amm e amm!
William Teixeira, EC
28 de novembro de 2014
__________
[2] WATSON, Thomas. A F Crist: Estudos baseados no Breve Catecismo de Westminster [O seu Clssico,
A Body Of Divinity]. 1 edio. So Paulo: Cultura Crist. 2009. p 15.
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Uma Biografia de A. W. Pink, por Erroll Hulse
Arthur Walkington Pink (1886 1952) e sua esposa Vera E. Russell (1893 1962)
Quanto ao Calvinismo e Arminianismo durante a primeira metade do sculo XX, um estudo
de caso mui interessante a experincia de Arthur W. Pink. Ele foi um pregador e escritor
de talento excepcional que ministrou na Gr-Bretanha, Amrica e Austrlia. Quando mor-
reu, em 1952, em isolamento na ilha de Lewis, no nordeste da Esccia, ele era pouco co-
nhecido fora de uma pequena lista de assinantes de sua revista, Studies in the Scriptures
(Estudos nas Escrituras). No entanto, na dcada de 1970, havia grande demanda por seus
livros e seu nome era muito conhecido entre os editores e ministros. Na verdade, nesse
perodo, seria difcil encontrar um autor reformado cujos livros fossem mais lidos.
O ministrio de pregao de A. W. Pink fora notavelmente abenoado nos Estados Unidos,
mas foi na Austrlia que ele parece ter atingido o pice de seu ministrio pblico, e ali, em
particular, o seu ministrio de pregao alcanou grandes alturas. Ele foi ento confrontado
com o credenciamento pela Unio Batista e foi rejeitado por causa de suas opinies Cal-
vinistas. Depois, ele ministrou em uma igreja Batista do tipo Batista Estrita. Dali ele foi des-
vinculado, uma vez que o consideraram um Arminiano! Um grupo considervel, no entanto,
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apreciava Pink, reconhecia o seu valor, e separaram-se daquela Igreja Batista Estrita para
formarem uma nova igreja de 27 membros. Ento, de repente, em 1934, Pink pediu demis-
so e voltou Gr-Bretanha. Sabe-se que uma rejeio o bastante para prejudicar a vida
de um ministro, mas duas, em rpida sucesso, podem destruir um pastor completamente.
Assim isso se evidenciou para Arthur Pink. Ele nunca mais encontrou entrada significativa
para o ministrio, embora ele tentasse o seu melhor. Ele buscou aber-turas tanto no Reino
Unido e nos EUA, sem sucesso. Ele tornou-se cada vez mais isolado. Ele terminou seus
dias como um recluso evanglico na Ilha de Stornoway na costa da Esccia. Dizia-se que
no mais do que dez almas compareceram ao seu funeral.
H muito que podemos aprender com a vida de A. W. Pink. Em primeiro lugar, delinearemos
a sua infncia, em linhas gerais. Em segundo lugar, descreveremos a sua experincia na
Austrlia, e traaremos os efeitos adversos disso em sua vida. Em terceiro lugar, considera-
remos o impacto de seu ministrio de escrita.
1. Incio da vida
Arthur Pink nasceu em Nottingham, Inglaterra, em 1886. Seus pais eram piedosos. Eles
viviam conforme a Bblia e santificavam o dia do Senhor. Arthur foi o primeiro dos trs filhos
educados no temor e na admoestao do Senhor. Para a tristeza de seus pais, os trs filhos
caram em vida de incredulidade. Mas o pior estava por vir: Arthur abraou a Teosofia, um
culto esotrico que reivindicava poderes do ocultismo! Lcifer era o nome da principal
revista de Teosofia. A marca natural da personalidade de Arthur era a entrega sincera e
completa ao que fazia, e ele adentrou na Teosofia com zelo. A liderana foi oferecida a ele,
o que significava que ele teria que visitar a ndia. Ao mesmo tempo, um amigo que era um
cantor de pera, observou que Arthur possua uma aguda voz tipo bartono; ele instou com
Pink para avaliar uma carreira na pera. Depois, de repente, numa noite, durante 1908,
Arthur foi convertido. Sua primeira ao foi pregar o Evangelho ao grupo Tesofo.
Simultaneamente converso de Pink, ocorreu um chamado para o ministrio Cristo. Mas
as faculdades estavam nas mos de liberais empenhados na destruio das Escrituras.
Arthur, porm, ouviu falar do Instituto Bblico Moody, que fora fundada por D. L. Moody em
1889 e em 1910, com 24 anos, Pink partiu para Chicago a fim de comear um curso de dois
anos. Todavia, seu tempo em Moody durou apenas seis semanas. Ele decidiu que estava
perdendo tempo, e que ele deveria entrar diretamente em um pastorado e seus profes-
sores concordaram! Ele no estava descontente, mas, antes, frustrado, que o ensino esti-
vesse lanado a um nvel to primrio, de modo que este ensino no fez nada por ele.
Ao longo de 1910, ele iniciou seu primeiro pastorado em Silverton, Colorado, um campo de
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minerao nas montanhas de San Juan. Ns possumos poucos detalhes deste perodo,
mas sabemos que a partir de Silverton, Pink mudou-se para Los Angeles. Ele sempre foi
um trabalhador, e isso ilustrado pelo fato de que de uma vez, em Oakland, ele esteve
envolvido no evangelismo em tendas em seis noites por semana, durante 18 semanas!
De Los Angeles, ele se mudou para Kentucky. Foi ali que ele conheceu e se casou com
Vera E. Russell. No poderia ter havido um melhor presente do cu. Vera era totalmente
comprometida com o Senhor. Ela era trabalhadora, talentosa, inteligente e perseverante.
Ela morreu apenas dez anos aps morte de Arthur, na ilha de Stornoway.
A prxima mudana foi para Spartanburg, Carolina do Sul, de 1917 a 1920. O edifcio desta
igreja consistia em uma pequena e frgil estrutura de madeira, enquanto ele e Vera viviam
em uma pequena casa de madeira sustentada por colunas de madeira. O aquecimento era
inadequado e, no inverno gelado a casa era como uma caixa de gelo.
Foi durante esse tempo que Pink comeou a escrever livros. Houve dois significativos: um
com o ttulo Divine Inspiration of the Bible (A Inspirao Divina da Bblia), e segundo The
Sovereignty of God (A Soberania de Deus), cujo prefcio datado em junho de 1918. Este
foi o livro posteriormente publicado pelos editores de The Banner of Truth. A primeira
edio, de acordo com I. C. Herendeen, seu primeiro editor na poca, foi apenas de 500
cpias, e foi uma luta vender esse nmero. Quando o livro chegou a Banner, foi editado por
Iain Murray e melhorou bastante. Tornou-se um dos mais populares livros impressos da
The Banner of Truth. Em 1980, haviam sido vendidos 92 mil exemplares.
Aps cerca de um ano em Spartanburg, Pink quase veio a sofrer. Ele sentiu uma forte con-
vico de desistir do ministrio e dedicar-se apenas a escrever, e num dado momento, este-
ve desconsolado. Vera escreveu a uma amiga dizendo que o marido estava mesmo pen-
sando em deixar o ministrio e entrar em negcios, para ganhar dinheiro para o Reino como
uma melhor maneira de servir a Deus. Em 1920, Arthur renunciou ao pastorado em Spar-
tanburg. Ele e Vera mudaram-se e se estabeleceram em Swengel, Pensilvnia, a fim de
estarem perto do editor I. C. Herendeen.
Em meados de julho de 1920, ele permitiu-se realizar uma srie de reunies na Califrnia.
Grandes multides se reuniram e muitos foram salvos. Em dado momento, 1.200 se reuni-
am para ouvir o Evangelho. Outras cruzadas e conferncias ocorreram a seguir; era eviden-
te que Pink era eminentemente adequado para este tipo de ministrio. Olhando para trs,
ao longo de sua vida, evidente que ele experimentou mais bno no ministrio itinerante
do que ele o fez em um total de 12 anos no pastorado de igrejas. Isso relacionava-se ao
seu temperamento; ele preferia gastar seu tempo estudando mais do que fazendo visitas.
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Em 1921, Arthur e Vera voltaram Pensilvnia. A compilao mensal, os Estudos nas
Escrituras, apareceu pela primeira vez em 1922. Esta revista esteve ativa de forma cont-
nua, sem interrupo por 32 anos, at a morte de Arthur em 1952. Inicialmente, esta era
uma revista de 24 pginas, contendo de 4 a 6 artigos, como pores de uma srie. Escrever
material expositivo em um elevado padro, a este ritmo, a cada ms, um tremendo teste-
munho de sua compreenso das Escrituras, e da beno e capacitao do Senhor. Todos
os seus artigos tinham que ser escritos mo e finalizados para impresso pelo menos
dois meses antes da data de publicao. Estudos nas Escrituras tinha cerca de 1.000 exem-
plares em circulao, inicialmente, mas na maior parte de sua existncia, o nvel de subscri-
o pairava em cerca de 500. O aspecto financeiro sempre foi precrio, com apenas o
suficiente para cobrir os custos de impresso de um ms ao outro. Pink corres-pondia-se
com alguns de seus assinantes; eventualmente, isso comps o seu trabalho pas-toral. Du-
rante todo o tempo, ele foi auxiliado por sua trabalhadora esposa, que atuava como secre-
tria. Eles nunca tiveram filhos, sempre viveram mui humildemente, e sempre conse-guiam
quitar suas despesas. Isso foi possvel por meio de uma modesta herana deixada para ele
por seus pais e por meio de ofertas que ele recebia de seus leitores.
Durante 1923, Arthur caiu em uma profunda depresso, que culminou em um colapso ner-
voso. Neste momento um jovem casal que fora muito abenoado pelo ministrio de Pink
veio a auxilia-lo, e Arthur foi cuidado por um perodo de vrios meses de descanso forado,
que o trouxe de volta sade normal.
Em 1924, uma importante nova direo veio em forma de cartas de convite, de uma editora
em Sydney, na Austrlia. Antes de partir para a Austrlia, no menos que a preparao de
quatro meses teve que ser feita em Estudos. Em seu caminho para a Austrlia, Pink envol-
veu-se em mais conferncias bblicas, pregando no Colorado, depois em Oakland, Califr-
nia, e tambm So Francisco de onde ele e Vera embarcaram, atravs do Pacfico, para
Sydney.
2. A Experincia de Pink na Austrlia
O casal Pink esteve por um total de trs anos e meio na Austrlia. Esse perodo foi para
eles o melhor, mas tambm tornou-se o pior. Aps a chegada, Arthur teve mais convites do
que ele, possivelmente, cumpriria. Inicialmente o seu ministrio na Austrlia foi um grande
sucesso. Uma multido se reuniu; igrejas foram preenchidas; crentes foram reavivados; e
almas foram conduzidas ao Salvador.
A audincia crescia em todo lugar que ele pregava. No primeiro ano na Austrlia, Arthur
pregou por 250 vezes. Ele costumava trabalhar at 2:00 da manh para manter a Studies
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in the Scriptures em atividade. O casal Pink realmente deve ter sentido que, finalmente,
havia encontrado o lugar de realizao permanente. Havia um poder evidente em seu minis-
trio. Um crente maduro declarou que ele atraa as pessoas como um m, e que ele
pregava todo o conselho da Palavra de Deus, e era capaz de pregar um sermo de cada
palavra do texto.
Este perodo revelou-se de grande alegria. Pink tinha neste momento 40 anos de idade. Ele
esteve pregando quase diariamente por mais de uma hora. Ele poderia chegar em casa s
22:00 horas e, em seguida, trabalhar at s 02:00 horas. Ele escreveu, nunca antes, du-
rante nossos 16 anos no ministrio, ns experimentamos tal bno e alegria em nossas
almas, tal liberdade de expresso, e uma resposta to animadora quanto experimentamos
nesta poro altamente favorecida da vinha de Cristo.
Podemos ter certeza de que um vvido e poderoso ministrio que salva almas despertar a
fria de Satans. E assim isso provou ocorrer, neste caso, quando a antiga serpente, o Dia-
bo, montou um astuto contra-ataque. Os lderes da Unio Batista eram fundamentalmente
opostos ao Calvinismo. Esses lderes convidaram Arthur Pink para ler um artigo sobre A
Responsabilidade Humana. Infelizmente, Pink no sabia que isso era um compl para
rebaix-lo diante dos olhos do pblico, e em seu fervor sincero ele caiu na armadilha. Em
vez de recusar o convite, ele apresentou o artigo e, em seguida, respondeu a perguntas por
mais de uma hora. O resultado disso foi que a Unio Batista de New South Wales publi-cou
uma declarao de que eles concordavam, por unanimidade, em no apoiar o seu minist-
rio. O que eles realmente queriam dizer (pois que eles mesmos no esclareceram qualquer
doutrina) que eles no concordavam com a doutrina reformada de Pink. Eles eram funda-
mentalmente Arminianos. O efeito de tudo isso foi que os convites minguaram, e o amplo e
eficiente ministrio do Pink na Austrlia foi reduzido drasticamente.
Foi neste momento que uma das trs Igrejas Batistas Restritas e Particulares convidaram
Pink para tornar-se o seu pastor. Esta igreja era conhecida como a igreja da Rua Belvoir
(Belvoir Street Church). Ali Pink ocupou-se como nunca em sua vida. Ele pregou 300 vezes
at o fim do ano, em 1926. Alm de pregar trs vezes por semana em Belvoir Street, ele
pregava em trs lugares diferentes em Sydney a cada semana, para uma mdia de 200
pessoas em cada reunio. Ele ainda conseguia manter Studies in the Scriptures pela
queima do leo da meia-noite.
Tribulao, no entanto, era iminente. A primeira parte do sculo XX foi um perodo de falta
de clareza doutrinria. Uma das evidncias disso era a confuso sobre o Calvinismo,
Arminianismo e hiper-Calvinismo. Muitas igrejas estavam polarizadas. A Unio Batista era
Arminiana, e os Batistas Restritas Particulares tendiam a ser hiper-Calvinistas. Este provou
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ser o caso da Rua Belvoir. At por volta de maio de 1927, os Pinks criam que haviam encon-
trado uma igreja permanente.
3. O Impacto do Ministrio de Escrita de Pink
Se a histria tivesse progredido normalmente, Arthur Pink teria sido esquecido. H vrios
lderes em cada gerao, que so bem conhecidos, mas pouco provvel que seus nomes
sero lembrados por muito tempo. Quando Arthur Pink morreu, ele era conhecido por um
pequeno crculo de leitores, cerca de 500 dos que liam os seus peridicos mensais, Studies
in the Scriptures, os quais ele havia produzido fielmente com a ajuda de sua esposa Vera,
por 31 anos. No entanto, aps sua morte, medida que seus escritos foram reunidos e pu-
blicados como livros, seu nome se tornou muito conhecido no mundo evanglico de Lngua
Inglesa. Durante os anos de 1960 e 70, houve uma escassez de escritos expositivos fiis;
os escritos de Pink preencheram uma importante necessidade. Suas exposies so cen-
tradas em Deus, teologicamente convincentes e fiis, bem como prticas e experimentais.
Isso era precisamente o necessrio durante um perodo de seca espiritual. Os editores
descobriram o valor de seus escritos. O resultado foi impactante.
Por exemplo, Baker Book House publicou vinte e dois ttulos diferentes por Pink, com um
total combinado de vendas em 1980 de 350.000 exemplares. Por volta da mesma data,
apenas trs livros (Soberania de Deus, A Vida de Elias, e Enriquecendo-se com a Bblia)
somaram 211.000. No entanto, como autores reformados contemporneos tm se multi-
plicado, ento a demanda por livros de Pink diminuiu.
Devemos lembrar que com o advento do sculo XX, as principais denominaes j sofreram
perdas enormes para a alta crtica e o modernismo. Tal era o avano do modernismo no
final do sculo XIX e na primeira metade do sculo XX, que a maioria das faculdades e
seminrios bblicos perderam-se para uma contempornea incredulidade e anti-Cristianis-
mo. Em vez de produzir pregadores/pastores para as igrejas, eram enviados homens que
esvaziavam as igrejas. O exemplo mais marcante o Metodismo. A adeso global ao Meto-
dismo cresceu de modo a ser a maior das igrejas No-Conformistas. No entanto, esta deno-
minao foi praticamente aniquilada pelo modernismo.
Os escritos de Pink tm suprido no somente alimento para o espiritualmente faminto, mas
como Iain Murray afirma em sua obra The Life of Arthur W. Pink: Pink tem sido extrema-
mente importante na revitalizao e no estmulo leitura doutrinria em nvel popular. O
mesmo pode ser dito de poucos outros autores do sculo XX.
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Ora, eleio e predestinao so apenas o exerccio da
soberania de Deus nos assuntos da salvao, e tudo o que
sabemos sobre elas o que tem sido revelado a ns nas
Escrituras da Verdade. A nica razo para que algum
acredite na eleio que ela se acha claramente ensinada na
Palavra de Deus. Nenhum homem ou grupo de homens nunca
originou esta Doutrina. Como o ensino da punio eterna, ela
entra em conflito com os ditames da mente carnal e
incompatvel com os sentimentos do corao no regenerado.
E, como a doutrina da Santssima Trindade e do nascimento
milagroso de nosso Salvador, a verdade da eleio deve ser
recebida com f simples, inquestionvel.
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Dou-lhes a Vida Eterna e Nunca Ho de Perecer
Eu sou o Bom Pastor e desci pra resgatar
As ovelhas do Meu pasto que andavam a vaguear.
Para as Minhas ovelhas Eu Me fao conhecer
E dou-lhes a vida eterna e nunca ho de perecer
E dou-lhes a vida eterna e nunca ho de perecer,
Ningum as arrebatar da Minha mo.
Eu conheo as Minhas ovelhas e delas sou conhecido.
Eu as chamo pelo nome e elas Me seguiro.
E dou-lhes a vida eterna e nunca ho de perecer,
Ningum as arrebatar da Minha mo.
Foi Meu Pai, que mas deu, para a Mim Me pertencer;
Ningum pode arrebat-las e nunca se perdero.
William Teixeira
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1 Introduo
Eleio uma doutrina fundamental. No passado, muitos dos professores mais hbeis esta-
vam acostumados a comear sua teologia sistemtica com uma apresentao dos atributos
de Deus, e, em seguida, uma contemplao de Seus decretos eternos; e nossa examina-
da convico, aps ler os escritos de muitos de nossos contemporneos, que o mtodo
seguido por seus antecessores no pode ser melhorado. Deus existia antes do homem, e
Seu propsito eterno longamente antecedeu Suas obras no tempo. Conhecidas por Deus
so todas as suas obras desde o princpio do mundo (Atos 15:18). Os conselhos Divinos
vieram antes da criao. Como um construtor desenha seus planos antes de comear a
construir, assim o grande Arquiteto predestinou tudo antes que uma nica criatura fosse
trazida existncia. Deus tambm no manteve isso como um segredo trancado em Seu
prprio seio; aprouve a Ele dar a conhecer em Sua Palavra, os conselhos eternos da Sua
graa, Seu desgnio na mesma, e a grande finalidade que Ele tem em vista.
Quando um edifcio est em construo, os espectadores muitas vezes no conseguem
perceber a razo para muitos dos detalhes. At agora, eles no discernem nenhuma ordem
ou propsito; tudo parece estar em confuso. Mas, se eles pudessem examinar cuidadosa-
mente o plano do construtor e visualizar a produo acabada, muito do que era confuso,
se tornaria claro para eles. o mesmo com a realizao do propsito eterno de Deus. A
menos que estejamos familiarizados com os Seus decretos eternos, a histria continua a
ser um enigma insolvel. Deus no est trabalhando de forma aleatria. O Evangelho no
foi enviado em nenhuma misso incerta. O resultado final no conflito entre o bem e o mal
no foi deixado indeterminado. Quantos sero salvos ou perdidos no depende da vontade
da criatura. Tudo foi infalivelmente determinado e imutavelmente fixado por Deus desde o
princpio, e tudo o que acontece no tempo apenas o cumprimento do que foi ordenado na
eternidade.
A grande verdade da eleio, ento, leva-nos de volta para o incio de todas as coisas. A
eleio precedeu a entrada do pecado no universo, a Queda do homem, o advento de
Cristo, e a proclamao do Evangelho. A correta compreenso da mesma, especialmente
em sua relao com a aliana eterna absolutamente essencial se quisermos ser preser-
vados de erro fundamental. Se a prpria fundao estiver com defeito, ento o edifcio cons-
trudo sobre ele no pode ser slido; e se erramos em nossas concepes desta verdade
bsica, ento na mesma proporo ser a impreciso da nossa compreenso de todas as
outras verdades. As relaes de Deus com judeus e gentios, Seu objetivo em enviar Seu
Filho ao mundo, Seu projeto por meio do Evangelho, sim, todo os Seus tratos providenciais,
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no podem ser vistos em sua devida perspectiva at que eles sejam vistos luz da Sua
eleio eterna. Isso se tornar mais evidente medida que prosseguimos.
A doutrina da eleio uma doutrina difcil, e isto em trs aspectos. Em primeiro lugar, no
entendimento dela. A menos que tenhamos o privilgio de sentar-nos sob o ministrio de
algum servo ensinado pelo Esprito de Deus, que nos apresente a verdade de forma siste-
mtica, um grande esforo e empenho so necessrios para o exame das Escrituras, de
modo que possamos coletar e tabular suas declaraes dispersas sobre este assunto. No
agradou ao Esprito Santo nos dar uma definio completa e ordenada da doutrina da elei-
o, mas sim um pouco aqui, um pouco ali, na histria tpica, em salmo e profecia, na
grandiosa orao de Cristo (Joo 17), nas epstolas dos apstolos. Em segundo lugar, a
aceitao da mesma. Isto apresenta uma maior dificuldade, pois quando a mente percebe
que as Escrituras revelam a doutrina da eleio, o corao relutante em receber uma
verdade to humilhante e abatedora da carne. Quo ardentemente precisamos orar a Deus
para subjugar nossa inimizade contra Ele e nosso preconceito contra a Sua verdade. Em
terceiro lugar, na proclamao da mesma. Nenhum iniciante competente para apresentar
o assunto em sua proporo e perspectiva escritursticas.
Mas, no obstante, essas dificuldades no devem desencorajar, e menos ainda deter-nos
de um esforo honesto e srio para entender e sinceramente receber tudo o que Deus se
agradou em nos revelar nesta doutrina. Dificuldades so projetadas para nos humilhar, para
nos exercitar, para nos fazer sentir nossa necessidade da sabedoria do alto. No fcil
chegar a uma compreenso clara e adequada de qualquer uma das grandes doutrinas da
Escritura Sagrada, e Deus nunca pretendeu que fosse assim. A verdade tem de ser com-
prada (Provrbios 23:23); infelizmente to poucos esto dispostos a pagar o preo: dedi-
car, em orao, ao estudo da Palavra o tempo que ele desperdia em jornais ou recreaes
ociosas. Estas dificuldades no so insuperveis, pois o Esprito foi dado ao povo de Deus
para gui-los em toda a verdade. Igualmente assim para o ministro da Palavra: uma espera
humilde em Deus, juntamente com um esforo diligente para ser um obreiro que no tem
do que se envergonhar, que, no devido tempo servir para expor esta verdade para a glria
de Deus e para a bno de seus ouvintes.
Esta uma doutrina importante, como evidente a partir de vrias consideraes. Talvez
possamos expressar mais impressionantemente a importncia desta verdade, apontando
que, parte da eterna eleio nunca teria havido qualquer Jesus Cristo e, portanto, no
haveria Evangelho Divino; porque, se Deus no tivesse escolhido um povo para a salvao,
Ele nunca teria enviado o Seu Filho; e se Ele no tivesse enviado nenhum Salvador, nin-
gum seria salvo. Assim, o prprio Evangelho se originou nesta questo vital da eleio.
Mas devemos sempre dar graas a Deus por vs, irmos amados do Senhor, por vos ter
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Deus elegido desde o princpio para a salvao (2 Tessalonicenses 2:13). E por que
devemos dar graas? Porque a eleio a raiz de todas as bnos, a nascente de cada
misericrdia que a alma recebe. Se a eleio for tirada, tudo levado embora, pois aqueles
que tm qualquer espcie de bnos espirituais so os que tm todas as bnos espiri-
tuais medida que foram eleitos nele antes da fundao do mundo (Efsios 1:3-4).
Foi bem dito por Calvino: Ns nunca seremos claramente convencidos, como deveramos
ser, que a nossa salvao flui da fonte da misericrdia gratuita de Deus, at estarmos fami-
liarizados com a Sua eleio eterna, que ilustra a graa de Deus, por esta comparao; que
Ele no adota todos indiscriminadamente para a esperana da salvao, mas Ele d a al-
guns o que Ele recusa a outros. Ignorncia deste princpio evidentemente desvia a glria
Divina, e diminui a verdadeira humildade. Se, ento, precisamos lembrar que a origem da
eleio prova que no obtemos a salvao de nenhuma outra fonte alm daquela mera boa
vontade de Deus, ento aqueles que desejam extinguir este princpio fazem todo o possvel
para obscurecer o que deveria ser magnificamente e em voz alta celebrado.
A doutrina da eleio uma doutrina abenoada, pois a eleio a fonte de todas as
bnos. Isto feito inequivocamente claro por Efsios 1:3-4. Primeiro, o Esprito Santo de-
clara que os santos foram abenoados com todas as bnos espirituais nos lugares celes-
tiais em Cristo. Ento Ele passa a mostrar como e por que eles foram to abenoados, a
saber, na medida em que Deus nos escolheu em Cristo antes da fundao do mundo. A
eleio em Cristo, portanto, precede o sermos abenoados com todas as bnos espiri-
tuais, pois somos abenoados com elas apenas enquanto estando nEle, e ns apenas esta-
mos nEle na medida em que somos escolhidos nEle. Vemos, ento, que grande e gloriosa
verdade esta, pois todas as nossas esperanas e perspectivas pertencem a isso. Eleio,
embora distinta e pessoal, no , como, por vezes descuidadamente afirmado, uma mera
escolha abstrata de pessoas para a salvao eterna, independentemente da unio com sua
Cabea do Pacto, mas uma escolha deles em Cristo. Isso implica, portanto, todas as outras
bnos, e todas as outras bnos so dadas apenas por meio da eleio e, de acordo
com ela.
Corretamente entendido no h nada to calculado para dar conforto e coragem, fora e
segurana, como uma apreenso cordial desta verdade. Pois ter certeza de que eu sou um
dos altos favoritos do Cu d a confiana de que Deus certamente suprir todas as minhas
necessidades e far com que todas as coisas cooperem para o meu bem. O conhecimento
que Deus me predestinou para a glria eterna fornece uma garantia absoluta que nenhum
esforo de Satans pode, eventualmente, levar minha destruio, pois se o grande Deus
por mim, quem ser contra mim?! Isso traz uma grande paz para o pregador, pois ele
agora descobre que Deus no o enviou para levar um arco em uma aventura perigosa, mas
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que a Sua Palavra far o que Lhe apraz, e prosperar naquilo para que Ele a envia (Isaas
55:11). E que incentivo isso deve dar ao pecador despertado. Quando ele descobre que a
eleio apenas uma questo de graa Divina, a esperana se acende em seu corao;
enquanto ele descobre que a eleio destacou alguns dos mais vis dentre os vis para serem
os monumentos da misericrdia Divina, por que ele deveria se desesperar!?
A doutrina da eleio uma doutrina desagradvel. Algum naturalmente pensou que uma
verdade que honra tanto a Deus, exalta Cristo e to abenoada, teria sido cordialmente
defendida por todos os Cristos professos que tiveram-na claramente apresentada a eles.
Em vista do fato de que os termos predestinados, eleitos e escolhidos, ocorrem com
tanta frequncia na Palavra, algum com certeza concluiria que todos os que pretendem
aceitar as Escrituras como Divinamente inspiradas receberiam com implcita f esta grande
verdade, relacionando o ato em si como convm a criaturas pecadoras e ignorantes
assim fazer boa vontade soberana de Deus. Mas isso est longe de acontecer, muito
longe de ser o caso real. Nenhuma doutrina to detestada pela orgulhosa natureza huma-
na como esta, que faz da criatura nada e do Criador, tudo; sim, em nenhum outro ponto a
inimizade da mente carnal to descarada e acaloradamente evidente.
Ns inicivamos as nossas pregaes na Austrlia, dizendo: Eu falarei hoje noite sobre
uma das doutrinas mais odiadas da Bblia, ou seja, sobre a eleio soberana de Deus.
Desde ento temos rodeado este globo, e entramos em mais ou menos estreito contato
com milhares de pessoas pertencentes a vrias denominaes, e mais milhares de Cristos
professos que no esto ligados a nenhuma, e hoje a nica mudana que faria nessa
declarao que, enquanto a verdade do castigo eterno mais reprovvel a no-professos,
a da eleio soberana de Deus a verdade mais odiada e insultada pela maioria daqueles
que afirmam ser crentes. Que seja claramente anunciado que a salvao no teve origem
na vontade do homem, mas na vontade de Deus (veja Joo 1:13; Romanos 9:16), que se
no fosse assim, ningum seria ou poderia ser salvo pois por causa da Queda, o homem
perdeu todo o desejo e vontade pelo que bom (Joo 5:40; Romanos 3:11) e que at
mesmo os eleitos precisam ser feitos dispostos (Salmos 110:3) e altos sero os gritos de
indignao levantados contra tal ensino.
neste ponto que a questo distorcida. Os comerciantes de mritos no reconhecero a
supremacia da vontade Divina e a impotncia da vontade humana para o bem; consequen-
temente, aqueles que so os mais implacveis em denunciar a eleio pela vontade sobe-
rana de Deus, so os mais calorosos em declarar o livre-arbtrio do homem cado. Nos de-
cretos do Conclio de Trento em que o Papado definitivamente definiu sua posio sobre
os principais pontos levantados pelos Reformadores, e os quais Roma nunca revogou
ocorre o seguinte: Se algum afirmar que, desde a queda de Ado, o livre-arbtrio do ho-
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mem est perdido, seja antema. Foi por sua fiel adeso verdade da eleio, com tudo
o que ela envolve, que Bradford e centenas de outros foram queimados na fogueira pelos
agentes do Papa. Indescritivelmente triste ver tantos Protestantes professos de acordo
com a me das meretrizes neste erro fundamental.
Mas seja qual for a averso que os homens tenham quanto est bendita verdade, eles
sero obrigados a ouvi-la no ltimo dia, ouvi-la como a voz de deciso final, inaltervel e
eterna. Quando a morte e o inferno, o mar e a terra seca, daro os mortos, ento vir o
Livro da Vida o registo no qual foi gravado antes da fundao de todo o mundo a eleio
da graa que ser aberto na presena dos anjos e demnios, com a presena dos salvos
e dos perdidos, e aquela voz soar dos mais altos arcos do Cu, s mais baixas profun-
dezas do inferno, ao extremo limite ao universo: E aquele que no foi achado escrito no
livro da vida foi lanado no lago de fogo (Apocalipse 20:15). Assim, esta verdade que
odiada pelos no-eleitos acima de todos os outros, o que deve soar nos ouvidos dos
perdidos enquanto eles entram sua condenao eterna! Ah, meu leitor, a razo pela qual
as pessoas no recebem e devidamente apreciam a verdade da eleio, porque elas no
sentem a sua devida necessidade.
A eleio uma doutrina que separa. A pregao da soberania de Deus, como exercida
por Ele em preordenar o destino eterno de cada uma das Suas criaturas, serve como um
mangual eficaz para dividir o joio do trigo. Quem de Deus escuta as palavras de Deus
(Joo 8:47). Sim, no importa quo contrrias sejam s suas ideias. uma das marcas dos
regenerados que eles estabeleceram por seu selo que Deus verdadeiro. Nem eles esco-
lhem no que desejam acreditar, como hipcritas religiosos o fazem, uma vez que eles perce-
bem que uma verdade claramente ensinada na Palavra, mesmo que seja totalmente
oposta sua prpria razo e inclinaes, eles humildemente se curvam a ela e, implici-
tamente, a recebem, e faria assim, embora nenhuma outra pessoa no mundo inteiro acre-
dite nela. Mas muito diferente com os no-regenerados. Como o apstolo declara: Do
mundo so, por isso falam do mundo, e o mundo os ouve. Ns somos de Deus; aquele que
conhece a Deus ouve-nos; aquele que no de Deus no nos ouve. Nisto conhecemos
ns o esprito da verdade e o esprito do erro (1 Joo 4:5-6).
Ns no sabemos de nada que aparte as ovelhas dos bodes como uma exposio fiel des-
sa doutrina. Se um servo de Deus aceita um novo cargo, e ele quer saber quem do seu po-
vo deseja o leite puro da Palavra, e quais preferem substitutos do Diabo, que ele transmita
uma srie de sermes sobre este assunto, e este ser rapidamente o meio de apartares o
precioso do vil (Jeremias 15:19). Foi assim na experincia do Divino pregador, quando
Cristo anunciou Por isso eu vos disse que ningum pode vir a mim, se por meu Pai no
lhe for concedido. Desde ento muitos dos seus discpulos tornaram para trs, e j no an-
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davam com ele (Joo 6:65-66)! Verdade que, de forma alguma nem todos os que rece-
bem intelectualmente o Calvinismo como uma filosofia ou teologia, do provas (em suas
vidas dirias) de regenerao; mas igualmente verdade que aqueles que continuam a
contrariar e firmemente recusar qualquer parte da verdade, no tm direito de serem consi-
derados como Cristos.
A doutrina da eleio uma doutrina negligenciada. Apesar de ocupar um lugar to proe-
minente na Palavra de Deus, pouco pregada, e menos ainda compreendida. Claro, no
de se esperar que os altos crticos e seus ingnuos cegos pregariam aquilo que faz do
homem um nada; mas mesmo entre aqueles que desejam ser vistos como ortodoxos e
evanglicos, h pouqussimos que do a esta grande verdade um lugar real tanto em suas
ministraes no plpito quanto em seus escritos. Em alguns casos, isso devido igno-
rncia, no tendo sido ensinados no seminrio, e certamente nem nos Institutos Bblicos,
eles nunca perceberam sua grande importncia e valor. Mas, em muitos casos, o desejo
de ser popular com os seus ouvintes que amordaa suas bocas. No entanto, nem a igno-
rncia, nem o preconceito, nem inimizade podem acabar com a prpria doutrina, ou diminuir
sua importncia vital.
Ao concluir estas observaes introdutrias, que seja salientado que esta doutrina aben-
oada precisa ser tratada com reverncia. No um assunto a ser discutido ou espe-
culado, mas abordado num esprito de reverncia e devoo. Ele deve ser tratado com se-
riedade: Quando ests em disputa, engajado em uma justa discusso apenas para vindicar
a verdade de Deus da heresia e distoro, olhe para o teu corao, estabelea uma vigiln-
cia em teus lbios, tenha cuidado com o fogo selvagem em teu zelo (E. Reynolds, 1648).
No entanto, esta verdade deve ser tratada com intransigncia e independentemente do
temor ou favor do homem, confiantemente deixando todos os resultados na mo de Deus.
Que seja graciosamente concedido a ns escrevermos de uma maneira que agrade a Deus,
e que voc receba tudo que dEle.
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2 Sua Fonte
Precisamente falando, a eleio um ramo da predestinao, sendo este ltimo um termo
mais abrangente do que o anterior. Predestinao diz respeito a todos os seres, coisas e
eventos; mas a eleio restrita aos seres racionais anjos e humanos. A palavra predes-
tinao significa que Deus desde toda a eternidade, soberanamente ordenou e imutavel-
mente determinou a histria e o destino de todas e cada uma de Suas criaturas. Entretanto
neste estudo nos limitaremos predestinao enquanto ela se relaciona ou diz respeito s
criaturas racionais. E aqui tambm deve ser notado uma outra distino. No pode haver
uma eleio sem uma rejeio, uma seleo sem uma reprovao, uma escolha sem uma
recusa. Como o Salmo 78 expressa: Alm disto, recusou o tabernculo de Jos, e no
elegeu a tribo de Efraim. Antes elegeu a tribo de Jud; o monte Sio, que ele amava (vv.
67-68). Assim a predestinao inclui tanto a reprovao (a preterio ou o passar pelos
no-eleitos, e ento preorden-los para a condenao Judas 4 por causa de seus
pecados) e a eleio para a vida eterna, o primeiro destes ns no discutiremos agora.
A doutrina da eleio significa, ento, que Deus escolheu alguns em Sua mente tanto entre
os anjos (1 Timteo 5:21) e dentre os homens, e ordenou-lhes para a vida eterna e bem-
aventurana; que antes que Ele os criasse, Ele decidiu o destino deles, assim como um
construtor desenha seus planos e determina todas as partes do edifcio antes que qualquer
um dos materiais sejam reunidos para a realizao de seu projeto. A eleio pode ser assim
definida: a parte do conselho de Deus pelo qual Ele, desde toda a eternidade, props em
Si mesmo mostrar a Sua graa sobre algumas de Suas criaturas. Isto foi feito eficaz por um
decreto definitivo relacionado a eles. Agora, em cada decreto de Deus trs coisas devem
ser consideradas: o incio, a matria ou substncia e o fim ou propsito. Vamos oferecer
algumas observaes sobre cada uma.
O incio do decreto a vontade de Deus. Origina-se unicamente em Sua prpria determina-
o soberana. Quanto determinao da condio de Suas criaturas, a prpria vontade de
Deus a causa nica e absoluta da mesma. Como no h nada acima de Deus para
govern-lO, assim tambm no h nada fora dEle mesmo que seja de algum modo uma
causa que o impulsione; dizer o contrrio fazer da vontade de Deus, uma vontade total-
mente nula. Nisto Ele infinitamente exaltado acima de ns, pois no somos apenas sujei-
tos a Algum superior de ns, mas nossas vontades esto sendo constantemente modifica-
das e dispostas por causas externas. A vontade de Deus no poderia ter nenhuma causa
fora de si mesma, ou de outro modo haveria algo anterior a si mesma (pois uma causa
sempre precede o efeito) e algo mais excelente (pois a causa sempre superior ao efeito),
e, portanto, Deus no seria o Ser independente que Ele .
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A matria ou substncia de um decreto Divino o propsito de Deus de manifestar um ou
mais de Seus atributos ou perfeies. Isto verdade para todos os decretos Divinos, mas
como h variedade nos atributos de Deus, assim h nas coisas que Ele decreta trazer
existncia. Os dois principais atributos que Ele exerce sobre as Suas criaturas racionais
so a Sua graa e Sua justia. No caso dos eleitos, Deus determinou exemplificar a riqueza
da Sua maravilhosa graa, mas no caso dos no-eleitos, Ele achou por bem demonstrar a
Sua justia e severidade, retendo Sua graa deles, porque foi a Sua boa vontade faz-lO.
No entanto, no deve ser admitido, sequer por um momento, que este ltimo foi um trao
de crueldade em Deus, pois Sua natureza no somente graa, nem somente justia, mas
os dois juntos; e, portanto, na determinao de exibir os dois no poderia haver um ponto
de injustia.
O fim ou propsito de cada decreto Divino a prpria glria de Deus, pois nada menos do
que isso poderia ser digno dEle mesmo. Como Deus jura por Si mesmo porque Ele no
pode jurar por ningum maior, assim por que um maior e mais grandioso fim no pode ser
proposto alm de Sua prpria glria, Deus estabeleceu isto como o fim supremo de todos
os Seus decretos e obras. O Senhor fez todas as coisas para atender aos seus prprios
desgnios (Provrbios 16:4), para a Sua prpria glria. Como todas as coisas so dEle
como a primeira causa, ento todas as coisas so para Ele (Romanos 11:36), como a
finalidade ltima. O bem de Suas criaturas apenas o fim secundrio; Sua prpria glria
o fim supremo, e todo o restante subordinado a isso. No caso dos eleitos, a maravilhosa
graa de Deus que ser magnificada; no caso dos rprobos, Sua pura justia ser glorifica-
da. O que se segue neste captulo ser em grande parte uma ampliao destes trs pontos.
A fonte da eleio, ento, a vontade de Deus. Deve ser malmente necessrio salientar
que por Deus, queremos dizer, Pai, Filho e Esprito Santo. Embora existam trs pessoas
na Divindade, h apenas uma natureza indivisvel comum a todas Elas, e assim, apenas
uma vontade. Eles so um, e Eles concordam em um: Mas, se ele resolveu alguma coisa,
quem ento o desviar? (J 23:13). Que tambm seja pontuado que a vontade de Deus
no uma coisa parte de Deus, nem deve ser considerada apenas como uma parte de
Deus, a vontade de Deus o prprio Deus disposto, ou seja, se assim podemos dizer, Sua
prpria natureza em atividade, de forma que a Sua vontade a Sua prpria essncia. Nem
a vontade de Deus sujeita a qualquer flutuao ou mudana, quando afirmamos que a
vontade de Deus imutvel, estamos apenas dizendo que no prprio Deus no h mudan-
a nem sombra de variao (Tiago 1:17). Por isso, a vontade de Deus eterna, pois visto
que o prprio Deus no teve princpio, e posto que a Sua vontade a Sua prpria natureza,
ento Sua vontade deve ser eterna.
Para continuar e dar um passo adiante. A vontade de Deus absolutamente livre, no influ-
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enciada e no controlada por qualquer coisa fora dEle mesmo. Isso aparece a partir da
criao do mundo, bem como de tudo que nele h. O mundo no eterno, mas foi feito por
Deus, mas se esse seria ou no seria criado, foi determinado por Ele mesmo somente. O
momento em que ele foi feito, se mais cedo ou mais tarde; o seu tamanho, se maior ou me-
nor; a durao do mesmo, se para uma poca ou para sempre; a condio dele, se ele per-
maneceria muito bom ou seria contaminado pelo pecado; tudo foi determinado pelo decre-
to soberano do Altssimo. Houvesse Ele se agradado, Deus poderia ter trazido este mundo
existncia milhes de anos mais cedo do que Ele o fez. Se assim Lhe aprouvesse, Ele
poderia ter feito isso e todas as coisas nele em um instante do tempo, em vez de em seis
dias e noites. Houvesse Lhe agradado, Ele podia ter limitado a famlia humana a alguns mi-
lhares ou centenas, ou t-la feito milhares de vezes maior do que . Nenhuma outra razo
pode ser atribuda ao porqu, como e quando Deus o criou assim como ele , alm de Sua
prpria vontade imperial.
A vontade de Deus era absolutamente livre em relao eleio. Na escolha de um povo
para a vida eterna e glria, no havia nada fora de Si mesmo, que moveu Deus a formar
um tal propsito. Como Ele declara expressamente: Compadecer-me-ei de quem me com-
padecer, e terei misericrdia de quem eu tiver misericrdia (Romanos 9:15), a linguagem
no poderia afirmar mais definitivamente o carter absoluto da soberania Divina nesta
questo. E nos predestinou para filhos de adoo por Jesus Cristo, para si mesmo, segun-
do o beneplcito de sua vontade (Efsios 1:5), aqui novamente tudo se resolve no mero
prazer de Deus. Ele concede Seus favores ou os retm como agrada a Si mesmo. Nem Ele
fica em qualquer necessidade de que vindiquemos o Seu procedimento. O Todo-Poderoso
no deve ser levado ao tribunal da razo humana, em vez de tentar justificar a elevada
soberania de Deus, ns somos apenas obrigados a acreditar nela, segundo a autoridade
de Sua prpria Palavra. Graas te dou, Pai, Senhor do cu e da terra, que ocultaste estas
coisas aos sbios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim
te aprouve (Mateus 11:25-26), o Senhor Jesus estava contente em descansar ali, e assim
devemos estar.
Alguns dos expositores mais hbeis desta profunda verdade afirmaram que o amor de Deus
a causa motriz de nossa eleio, citando em amor, nos predestinou (Efsios 1:4-5); ain-
da assim fazendo, ns pensamos isto imputvel de uma ligeira impreciso ou afastamento
da regra de f. Embora concordando plenamente que as duas ltimas palavras de Efsios
1:4 (tal como esto na Verso Autorizada [da KJV]) pertencem adequadamente ao incio
do versculo 5, no entanto, deve ser cuidadosamente observado que o versculo 5 no est
falando de nossa eleio original, mas de nossa predestinao para a adoo de filhos, as
duas coisas so totalmente distintas, atos separados da parte de Deus, o segundo seguindo
o primeiro. H uma ordem nos conselhos Divinos, como existe nas obras da criao de
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Deus, e to importante prestar ateno no que se diz ao primeiro, quanto observar o
procedimento Divino nos seis dias de trabalho de Gnesis 1.
Um objeto deve existir ou subsistir antes que possa ser amado. A eleio foi o primeiro ato
na mente de Deus, no qual Ele escolheu as pessoas dos eleitos para que sejamos santos
e irrepreensveis (v. 4). A predestinao foi o segundo ato de Deus, pelo que Ele ratificou
por decreto a condio daqueles a quem Sua eleio havia dado uma verdadeira subsis-
tncia diante dEle. Tendo os escolhidos em Seu amado Filho para uma perfeio de santi-
dade e justia, o amor de Deus seguiu adiante deles, e lhes concedeu a mais importante e
maior bno que Seu amor pode conferir, torn-los Seus filhos por adoo. Deus amor,
e todo o Seu amor exercido sobre Cristo e sobre os eleitos nEle. Tendo feito a eleio de
Seus prprios, pela soberana escolha de Sua vontade, o corao de Deus foi estabelecido
sobre eles como o Seu tesouro peculiar.
Outros atribuem a nossa eleio graa de Deus, citando Assim, pois, tambm agora
neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleio da graa (Romanos 11:5). Mas
aqui novamente devemos distinguir entre coisas que diferem, ou seja, entre o incio de um
decreto Divino e sua matria ou substncia. verdade, abenoadamente verdade, que os
eleitos so os objetos sobre os quais a graa de Deus especialmente exercitada, mas
isso outra coisa bem diferente de dizer que a Sua eleio teve origem na graa de Deus.
A ordem a que estamos aqui insistindo claramente expressa em Efsios 1. Em primeiro
lugar, Como tambm [Deus] nos elegeu nele [Cristo] antes da fundao do mundo, para
que fssemos santos e irrepreensveis [justos] diante dele (v. 4), esse foi o ato inicial na
mente Divina. Em segundo lugar, em amor, e nos predestinou para filhos de adoo por
Jesus Cristo, para si mesmo. E isso de acordo com o beneplcito de sua vontade (v. 5),
isso foi Deus valorizando aqueles sobre quem Ele havia estabelecido o Seu corao. Em
terceiro lugar, Para louvor da glria de sua graa, pela qual nos fez agradveis a si no
Amado (v. 6), esse foi tanto o sujeito e o propsito do decreto de Deus: a manifestao e
magnificao de Sua graa.
A eleio da graa (Romanos 11:5), portanto, no deve ser entendida como o genitivo de
origem, mas como o objeto ou caracterstica, como em Rosa de Sarom, A rvore da vida,
os filhos da desobedincia. A eleio da igreja, como todos os Seus atos e obras, deve
ser traada de volta no limitada e irreprimvel vontade de Deus. Em nenhum outro lugar
nas Escrituras a ordem dos conselhos Divinos assim definitivamente revelada como em
Efsios 1, e em nenhum outro lugar to forte a nfase sobre a vontade de Deus. Ele pre-
destinou para filhos de adoo segundo o beneplcito de sua vontade (v. 5). Ele fez co-
nhecido a ns o mistrio da sua vontade (no a graa) e isso segundo o seu beneplcito,
que propusera em si mesmo (v. 9). E ento, como se isso no fosse suficientemente expl-
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cito, a passagem termina com Nele, digo, em quem tambm fomos feitos herana, havendo
sido predestinados, conforme o propsito daquele que faz todas as coisas, segundo o
conselho da sua vontade; com o fim de sermos para louvor da sua glria (vv. 11-12).
Detenhamo-nos por mais um momento nesta notvel expresso: daquele que faz todas as
coisas, segundo o conselho da sua vontade (v. 11). Observe bem que no : o conselho
de seu prprio corao, nem mesmo o conselho da sua prpria mente, mas da VONTADE,
no a vontade de seu prprio conselho, mas o conselho da sua prpria vontade. Nisto
Deus difere radicalmente de ns. Nossas vontades so influenciadas pelos pensamentos
de nossas mentes e modificam-se pelos afetos do nosso corao; mas no assim com
Deus. Segundo a sua vontade ele opera com o exrcito do cu e os moradores da terra
(Daniel 4:35). A vontade de Deus suprema, determinando o exerccio de todas as Suas
perfeies. Ele infinito em sabedoria, mas a Sua vontade regula as operaes da mesma.
Ele cheio de misericrdia, mas a Sua vontade determina quando e para quem Ele a de-
monstra. Ele inflexivelmente justo, mas a Sua vontade decide se a Sua justia deve ou
no ser expressada, observe cuidadosamente que no : Que ao culpado no pode ter
por inocente (como to comumente mal interpretado), mas que ao culpado no tem por
inocente (xodo 34:7). Deus em primeiro lugar quer ou determina que uma coisa aconte-
cer, em seguida, Sua sabedoria efetua a execuo da mesma.
Apontemos agora o que tem sido negado. De tudo o que foi dito acima, claro, primeira-
mente, que as nossas boas obras no so o que induziu Deus a nos eleger, pois esse ato
aconteceu na mente Divina na eternidade, muito antes que ns tivssemos qualquer exis-
tncia real. Veja como este ponto posto de lado em: Porque, no tendo eles ainda nas-
cido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propsito de Deus, segundo a eleio, ficasse