a educação ambiental como paradigma no turismo
TRANSCRIPT
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 1 de 26
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO PARADIGMA NO TURISMO
Mayara Ferreira de Farias1 Janaina Luciana de Medeiros2
Judson Daniel Januario da Silva3 Mayane Ferreira de Farias4
Resumo A preocupação com a problemática ambiental vem merecendo atenção em todos os países. Diante disso, vê-se na educação ambiental uma ação imprescindível, já que é por meio desta, que poderemos colaborar na compreensão das inter-relações entre o homem e o meio ambiente, objetivando uma interação maior entre o homem e a natureza. Destacamos a relevância da utilização da educação ambiental como uma educação de expansão voltada para uma gestão participativa no turismo. Desta forma, o presente artigo consiste em abordar questões que levem a uma reflexão do quanto à prática da educação ambiental pode contribuir na formação e manutenção de uma sociedade responsável capaz de promover por meio de uma consciência ambientalista o bem estar de todos os povos. Ao término da pesquisa, verificou-se que a relação entre os elementos da gestão participativa e da educação ambiental são essenciais para a dinâmica bem como para o bom funcionamento das questões ambientais que interferem diretamente na atividade turística, assim como a educação ambiental mesmo ainda não consolidada no seio social, tende a ser uma das principais colunas para um turismo sustentável, propiciando ao mesmo usufruir dos espaços e dos recursos naturais de forma a não comprometer os mesmos para o usufruto das gerações futuras. Palavras-Chave: Educação Ambiental. Paradigma. Sustentabilidade. Abstract Concern over environmental issues has had the attention in all countries. Thus, it is seen in environmental education action imperative, since it is through this that we can contribute to the understanding of the interrelationships between man and the environment, aiming at a greater interaction between man and nature. We underscore the importance of using environmental education as an education expansion toward participatory management in tourism. Thus, the present article is to address issues that lead to a reflection on the practice of environmental education can contribute to the formation and maintenance of a responsible society can promote through environmental awareness the well being of all people. At the end of the survey, it was found that the relationship between the elements of participatory management and environmental education are essential to the dynamics as well as for the proper functioning of the environmental issues that directly affect the tourism industry as well as environmental education have not even consolidated within social, tends to be one of the main pillars for sustainable tourism, providing the same advantage of space and natural resources in order not to compromise them for the enjoyment of future generations. Keywords: Environmental Education. Paradigm. Sustainability.
1 Bacharel em Turismo pela UFRN, Técnico em informática pelo IFRN, Técnico em Guia de Turismo Regional pelo SENAC/RN e Mestranda em Turismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, [email protected]. 2 Bacharel em Turismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, Técnico contábil pelo Colégio Comercial de Currais Novos/RN, Discente do Curso de Segurança do Trabalho (EAD) pelo Instituto Federal do Rio Grande do Norte – IFRN, Mestranda em Turismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. [email protected]. 3 Bacharel em Turismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. [email protected] 4 Discente do Curso de Licenciatura em Computação e Informática na Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA e Técnico em Informática pelo Instituto Federal do Rio Grande do Norte – IFRN. [email protected].
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 2 de 26
Apresentação
As questões ambientais vêm sendo amplamente discutida como um fator de suma
importância na sociedade atual, haja vista, os impactos no meio natural causados em sua maioria pela ação do ser humano serem cada vez mais constantes em nosso contexto social.
Dessa forma, a situação acima mencionada é preocupante, visto que, não se veem medidas
enérgicas sendo tomadas com o intuito de minimizar os impactos causados ao meio ambiente, nem de estratégias voltadas para o desenvolvimento sustentável dos espaços.
Porém, é relevante ressaltar que, antes de se tomar quaisquer medidas que diminuam a ação
do homem no meio natural, se faz necessário adquirir toda uma consciência ambientalista no qual o indivíduo venha a cauterizar a sua mente de que realmente se não for feito nada em prol da natureza o mesmo sofrerá irremediáveis danos, sem o qual será impossível reverte-los. E, nessa problemática insere-se um instrumento que ao se consolidar como um meio de informação e consequentemente transformação na vida cotidiana da população, implicará em grandes benefícios para a humanidade, fala-se da Educação Ambiental, que vem aos poucos se consolidando, mesmo que de maneira modesta no cotidiano das sociedades.
Porquanto, “a educação ambiental constitui-se uma atividade fim, na qual se destina a
despertar e a formar uma consciência ecológica para o exercício da cidadania”, (AMARAL 2008, p. 209).
Muitas atividades que estão ligadas diretamente ao meio ambiente, e dele usufruem para
dinamizar sua conjectura, necessitam de adequações para minimizar ao máximo sua ação de degradação dos espaços naturais, e uma dessas atividades é o turismo, que vem em constante expansão nas últimas décadas.
Para De La Torre (1994 apud DIAS, 2003, p.29) o Turismo :
[...] é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos e grupos de pessoas que fundamentalmente por motivos de recreio, descanso, cultura ou saúde, se deslocam de seu lugar de residência habitual para outro no qual não exercem nenhuma atividade remunerada, gerando múltiplas relações de importância social, política e econômica.
Como relatado na visão de De La Torre, o turismo envolve uma série de elementos, que
interligados formam um conjunto holístico que interage em diversas esferas: Econômica, Social, Cultural e Ambiental, na qual há de se ter uma visão de planejamento estratégico acoplando todas essas esferas citadas para um melhor desenvolvimento do turismo.
O conceito de desenvolvimento vem sendo definido por estudiosos que acreditam que a
chave desse processo está baseada sob uma ótica sistêmica e qualitativa das atividades sócio econômicas e no contexto do desenvolvimento turístico, por conseguinte, não seria diferente (MEDEIROS e FARIAS, 2012b).
A problemática ambiental está cada vez mais em evidência, não só no Brasil, mas também
no resto do mundo, tornando-se um tema amplamente debatido em toda a sociedade tendo em vista a crescente degradação ambiental existente atualmente e o surgimento de grandes catástrofes que vieram refletir na qualidade de vida da população mundial, tornando-se necessário se repensar a forma de ser, agir e pensar.
A diversidade de recursos disponíveis na natureza levou as sociedades ao errôneo
entendimento de que estes seriam inesgotáveis (BECK, et. al., 2009). Os desequilíbrios ambientais
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 3 de 26
globais da atualidade já demonstram este grave erro de percepção no qual emerge uma grande necessidade de mudança de comportamento da sociedade e de paradigma no que se refere à visão econômica, empresarial, social e ecológica (LIRA; CÂNDIDO, 2008).
Nesse sentido, cabe destacar que a educação ambiental assume cada vez mais uma função
transformadora, na qual a co-responsabilização dos indivíduos torna-se um objetivo essencial para promover um novo tipo de desenvolvimento – o desenvolvimento sustentável, (JACOBI 2003, p. 197).
Para isso, antes de se tomar iniciativas se faz necessário desenvolver na mente humana a
conscientização a respeito desse assunto, na qual uma vez inserida dar-se-á o processo de desenvolvimento das atividades educacionais, envolvendo tanto a comunidade como os agentes públicos e privados para a otimização da atividade.
O grande desafio da prática de educação ambiental é desenvolver novos conhecimentos e
habilidades, valores e atitudes, que objetivam a melhoria do desenvolvimento ambiental, em que de forma participativa a sociedade e suas instituições (públicas e privadas) venham fomentar estratégias de conscientização e sensibilização para a conservação do ambiente pra o usufruto das gerações presentes e futuras.
Porém, é cabível de ressalva que: “a educação ambiental é condição necessária para
modificar um quadro de crescente degradação socioambiental, mas ela ainda não é suficiente, apenas se converte em mais uma ferramenta de mediação necessária entre culturas, comportamentos diferenciados e interesses de grupos sociais para a construção das transformações desejadas”, (JACOBI 2003, p. 201).
É indispensável, porém, que a educação ambiental desperte nas pessoas o sentimento de
que estas são corresponsáveis pela mudança de atitude, que não só promovam a preservação da vida, mas uma nova mentalidade essencial para promover um novo tipo de desenvolvimento: o desenvolvimento sustentável, na qual vem sendo amplamente discutido, tanto na academia quanto pelos chefes de estado por meio de conferências realizadas para se tentar definir medidas que venha a contribuir para o desenvolvimento sustentável, que ao mesmo tempo não prejudique a economia e nem tão pouco comprometa a conservação ambiental.
Nesse sentido, é indispensável que a sustentabilidade venha a ser um tema cada vez mais
presentes em debates públicos orientando a construção de uma ordem ético-política que venha a nortear os trilhos da sustentabilidade global, (SANTOS 2005).
A ideia defendida por este trabalho consiste em discutir como a educação no processo de
gestão pode auxiliar na construção de uma sociedade mais consciente e alicerçada em uma visão mais crítica e transformadora de realidades que interferem n a atividade turística.
Contexto histórico da educação ambiental
Em se tratando de questões socioambientais, despertou-se nos últimos anos em meio a
sociedade, crescentes inquietações a respeito das degradações ambientais, por se tratar de uma preocupação mundial.
Historicamente, a forma adotada na busca do desenvolvimento socioeconômico vem
causando danos alarmantes não só ao meio ambiente, mas também à humanidade como um todo (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012).
Dessa forma, é pertinente afirmar que mesmo uma economia voltada para as necessidades
sociais básicas causam profundo impacto ao meio ambiente, haja vista, que por meio dele é retirado os recursos que são transformados em produtos para a comercialização, e a partir daí os impactos
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 4 de 26
são sentidos tanto no meio natural quanto no meio social devido muitas vezes a não reposição daquilo que foi retirado.
Portanto, não se pode radicalizar quanto à restrição da extração de recursos provenientes
do meio natural, e nesse sentido, insere-se um importante instrumento na dinâmica da conservação e preservação do meio ambiente, na qual denomina-se: educação ambiental, em que:
Quando trabalhada corretamente, contribui para a tomada de consciência crítica, tanto que, atualmente é a educação-ação contra a degradação ambiental. Entretanto, muitas vezes ela é entendida e trabalhada da maneira como foi vista inicialmente, ou seja, como ato educacional informativo, voltada apenas e especificamente para informações físicas e biológicas do meio ambiente, o que é um equívoco já que se trata de uma educação voltada para a sensibilização da coletividade, (CASCINO 2007, p. 39).
Desse modo, a educação ambiental é mais do que um elemento informativo e
sensibilizatório, ela é um meio de transformação de uma realidade inconsciente para uma realidade consciente da população no que diz respeito a questões ambientais.
O fenômeno da globalização, a transformação dos processos de produção e suas
consequências na educação, trazem à tona novas exigências quanto à conscientização das pessoas, objetivando reverter a atual situação em que se encontra a conjuntura ambiental, situação esta, que de forma geral causa preocupação na sociedade, haja vista, não se ter medidas mais enérgicas que venham de fato coibir o avanço da degradação do ambiente, e isso se deve em parte a omissão da maioria dos governos mundiais em não sancionar e coagir de forma mais incisiva grandes empresas que utilizam os recursos naturais sem a preocupação de restituir aquilo que foi tirado, apenas a favor do lucro que as mesmas irão obter com a comercialização da matéria.
Assim sendo, medidas iminentes se fazem necessárias para restringir ações efusivas em
meio à natureza, de forma que essas viessem a coibir em parte a degradação ao meio ambiente, e educação ambiental nos proporciona conhecimentos técnicos e qualidades que levam à nossa mudança de conduta e faz com que participemos ativamente na proteção do meio ambiente, melhorando nossa qualidade de vida de forma correta e ética, (DIAS, 2004).
No decorrer da história, diversas são as situações de degradação ambiental, no entanto o
aparecimento de práticas de intervenção sobre esta problemática é bastante recente, coisa de umas quatro décadas atrás, devido a não se ter uma preocupação mais contundente a respeito dessa temática.
Assim, a inquietação com a degradação dos recursos naturais deve ser interesse de todos e
por meio da Educação Ambiental pode-se obter resultados como a crise ambiental, não é crise ecológica, mas crise da razão. Os problemas ambientais são, fundamentalmente, problemas do conhecimento. Daí podem ser derivadas fortes implicações para toda e qualquer política ambiental – que deve passar por uma política do conhecimento -, e também para a educação. Aprender a complexidade ambiental não constitui um problema de aprendizagem do meio, e sim de compreensão do conhecimento sobre o meio (LEFF, 2006).
Entretanto, é importante ressaltar que a educação ambiental deve passar de uma mera
educação informativa para uma educação interdisciplinar, complexa, processual, com caráter instrumental, fundamental na sensibilização e tomada de consciência crítica dos seres humanos para que mudem a relação antropocêntrica com o meio ambiente, adquirindo uma postura ética, de valorização e preservação ambiental, (CARVALHO e KAWASAKI, 2009).
Desse modo, ao inserir-se determinados elementos contidos dentro da educação ambiental,
proporcionar-se-á um equilíbrio entre extração e reposição dos recursos naturais com vista à sustentabilidade, em que à medida que o debate da sustentabilidade vai se tornando mais complexo
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 5 de 26
e é difundido socialmente, ele vai sendo apropriado por diferentes forças sociais que passam a lhe imprimir o significado que melhor expressa seus valores e interesses particulares, (ARRUDA e QUELBAS 2010).
A crise ambiental se tornou mais evidente a partir do século XX, refletindo-se na
irracionalidade ecológica dos padrões dominantes de produção e consumo, marcando os limites do crescimento econômico e iniciando um debate teórico e político para valorizar a natureza e internalizar as externalidades socioambientais ao sistema econômico (LEFF, 2001).
Nesse sentido, a educação ambiental tem como um de seus fundamentos, a transformação
da consciência, que visa entre outras coisas ao se tomar medidas: a superação dos déficits sociais, nas necessidades básicas e na alteração de padrões de consumo, principalmente nos países desenvolvidos, para poder manter e aumentar os recursos-base, sobretudo os agrícolas, energéticos, bióticos, minerais, ar e água, (JACOBI, 2003).
No final da década de 1960 e início da década de 1970, a problemática ambiental passa a
ser avaliada em uma perspectiva mais global, tornando-se tema de inquietação entre autoridades governamentais de diversos países (PEDRINI, 2008).
Assim sendo, a problemática ambiental se tornou um objeto de estudo a ser avaliado em
sua forma holística, devido a uma série de estudos levantados nesse período que apontaram para mudança de paradigma no que diz respeito a essa questão, como preservação, conservação, educação e sustentabilidade ambiental como forma de garantir recursos de maneira que garanta o usufruto do mesmo para as futuras gerações.
Dois eventos foram significativos para a transformação de perspectiva em relação aos
problemas ambientais – a reunião do Clube de Roma (1968) e a Conferência de Estocolmo (1972). Onde tais eventos foram responsáveis por colocar a discussão da problemática ambiental em uma dimensão planetária (REIGOTA, 2007).
Esse contexto gerou condições de maior repercussão para um questionamento do processo
em curso, que busca articular desenvolvimento e meio ambiente a partir do momento em que os enfoques dos organismos internacionais passam a internalizar a problemática da preservação e a defesa do meio ambiente, (JACOBI, 1996).
Portanto, em decorrência desses dois eventos, as questões ambientais passaram a ser
encaradas de uma maneira mais incisiva na medida em que os chefes de estado visionavam o futuro do planeta como incerto se não houvesse medidas que inibissem a atividade humana na natureza no que diz respeito a extração de recursos desenfreados.
O Clube de Roma formou-se em 1968, quando inúmeros especialistas de diversas áreas
reuniram-se em Roma para discutir os problemas ambientais e o futuro da humanidade, com relação ao crescimento demográfico e econômico, resultando na elaboração de um relatório que alertava para os prováveis riscos decorrentes do consumo dos recursos naturais, em função dos modelos de desenvolvimento econômico adotados pela sociedade (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012).
Porquanto, décadas depois foi realizada no Brasil a conferência denominada Eco 92, que
reuniu representantes de 170 países com a finalidade de promover a conservação ambiental por meio da sustentabilidade inserindo-se nela a educação ambiental, em que: deseja estabelecer uma nova relação entre a humanidade e o meio ambiente, desenvolvendo um novo elo que não leve à autodestruição, mas que seja ético, em todas as suas relações, (REIGOTA, 2006).
Porém, duas décadas antes a Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente,
realizada em 1972 em Estocolmo foi a responsável pelo surgimento de um plano de ação mundial
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 6 de 26
para orientação dos governos em relação à questão ambiental, resultando em um programa internacional de Educação Ambiental. A declaração de Estocolmo exerceu grande influencia em todos os outros documentos sobre o meio ambiente (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012).
De fato, a conferência de Estocolmo realizada na Suécia foi um marco na problemática
ambiental, pois em decorrência dela foram avaliados, ou até mesmo reformulados documentos que norteavam a atividade ambiental com a premissa de diminuir a ação do homem ante ao meio natural que culminaria em impactos também no meio social.
Entre diversos assuntos debatidos na conferência, destacou-se um, em que até os dias
atuais ainda vem sendo destaque como prioridade em questões ambientais no qual refere-se: a vinculação que existe entre o crescimento econômico, poluição dos bens globais (ar, água e oceanos) e o bem-estar dos povos de todo o mundo. Outro fator relevante foi a recomendação para que fosse criado um programa internacional fundamentado na Educação Ambiental, com a finalidade de educar nossa sociedade para que esta saiba manejar e controlar nosso ambiente, (CASCINO, 2007).
Parafraseando Abreu, Maracajá e Farias (2012) a Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Cultura - UNESCO em 1975 promoveu o encontro internacional sobre a Educação Ambiental em Belgrado elaborando a Carta de Belgrado. O evento teve como foco central divulgar a importância de uma política de Educação Ambiental de alcance internacional e regional, cujos objetivos definidos foram: conscientização, conhecimentos, comportamento, competência, capacidade de avaliação e participação. Além disse, a Carta de Belgrado recomenda que a Educação Ambiental seja organizada como educação formal e não formal como processo contínuo e que tenha caráter interdisciplinar.
Porquanto, a educação ambiental deve ter um caráter interdisciplinar, apoiando-se em
outras ciências para solucionar questões a ela atribuídas, no qual a educação ambiental deve entender a interdisciplinaridade não apenas como o ato de comparar e relacionar “coisas” parecidas, mas sim, de constituir diálogos fundados na diferença, abraçando concretamente a riqueza derivada da diversidade, (CASCINO 2007).
Em 1977, realizou-se em Tibilisi, na Geórgia, a Conferência Intergovernamental sobre
Educação Ambiental, preparada pela UNESCO com colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA, onde foram estabelecidos os princípios, objetivos, estratégias e recomendações para a Educação Ambiental. Essas recomendações, ainda hoje, são aceitas em todo mundo (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012).
Com a realização do congresso de Estolcomo, abriram-se as portas para que a discussão
sobre a temática ambiental fosse difundida e novas conferências fossem criadas, como foi o caso da conferência intergovernamental sobre a educação ambiental, que era um tema novo no contexto do ambientalismo e que tratou de como estabelecer elementos subjetivos na forma de normas para regular a atividade ambiental na qual estar em vigor até os dias atuais.
Em decorrência, não só dessa, mas como de outras conferências, aumentou-se a pressão de
ativistas, ecologistas e ambientalistas por medidas mais enérgicas em favor da preservação e conservação do meio ambiente, em que no Brasil a pressão desses grupos também foi efusiva, principalmente contra o governo, em que:
A pressão dos movimentos ecologistas, amplificada pela mídia, e a inserção do tema no discurso político, a par do desenvolvimento técnico nos institutos oficiais de defesa do meio ambiente e científico nas universidades, levou as autoridades governamentais, em todos os níveis, a editarem leis, decretos, normas técnicas e demais instrumentos de enforcement, isto é, de controle ambiental. No Brasil, aproveitou-se a própria Assembleia Nacional Constituinte
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 7 de 26
para inserir um moderno e abrangente capítulo sobre meio ambiente na Constituição Federal, (ZULAUF 2000, p. 87).
Em agosto de 1987, aconteceu em Moscou o Congresso Internacional Sobre Educação e
Formação Ambiental, organizado pelo PNUMA/UNESCO, objetivando avaliar o desenvolvimento da Educação Ambiental desde a Conferência de Tibilisi, debatendo-se também, nesse momento, o planejamento para a década de 90 (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012).
Assim sendo, a educação ambiental viria a ser a premissa das ações ambientais, uma vez
que, a transformação só se dá em virtude do conhecimento, e como transformar sem tê-lo? Dessa forma, a educação ambiental passaria a assumir um dos fundamentos mais relevantes na temática ambiental voltada para a preservação e a conservação, (SOUZA 2011).
Na Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida
como ECO-92, realizada no Rio de Janeiro em 1992, contando com a participação de cento e setenta países, também foi elaborada a Agenda-21, que é um programa global que visa regulamentar o processo de desenvolvimento com base nos princípios da sustentabilidade (LEFF, 2001).
Desse modo, o termo sustentabilidade começa ganhar força no cenário da discussão
socioambiental, haja vista, que os estudiosos entenderam que não era só preciso inibir a atividade humana sobre a natureza, era necessário que a ação humana viesse acompanhada de estratégias que pudesse garantir as futuras gerações os recursos imprescindíveis a sua sobrevivência, e nesse ponto entra a sustentabilidade na qual visa repor aquilo que foi tirado de maneira a manter a qualidade do que foi extraído.
Para tal situação, foi elaborada a agenda 21 que tem como objetivos: O cumprimento dos
objetivos da Agenda 21 acerca de desenvolvimento e meio ambiente exigirá um fluxo substancial de recursos financeiros novos e adicionais para os países em desenvolvimento, destinados a cobrir os custos incrementais necessários às ações que esses países deverão empreender para fazer frente aos problemas ambientais mundiais e acelerar o desenvolvimento sustentável, (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 1995).
A Agenda 21 constitui um plano de ação estratégico, que regulamentou a mais ousada e
abrangente tentativa já feita de realizar, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Com isso, vem estabelecendo uma parceria entre governos e sociedades, ou seja, um programa estratégico, universal, para se alcançar o desenvolvimento sustentável no século XXI. Com isso, a implantação da Agenda 21 pode proporcionar um meio ambiente equilibrado para as futuras gerações (ABREU, 2009).
A construção e implementação de alguns processos da Agenda 21 tem o intuito de
sensibilizar a população através da educação ambiental, transformando e impulsionando as políticas públicas ambientais, levando-se em consideração as demandas populares pela equidade de um desenvolvimento social, econômico e ambiental. O papel da educação na promoção do desenvolvimento sustentável é tratado mais especificamente no Capítulo 36 da Agenda 21, que trata da promoção do ensino, da conscientização e do treinamento, propondo um esforço global para fortalecer atitudes, valores e ações que sejam ambientalmente saudáveis e que subsidiem o desenvolvimento sustentável (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012).
Corroborando com o que as autoras acima citadas relatam em questão de políticas públicas
para o desenvolvimento sustentável, deve-se atentar para o fato de que: diversas experiências, principalmente das administrações municipais, mostram que, havendo vontade política, é possível viabilizar ações governamentais pautadas pela adoção dos princípios de sustentabilidade ambiental conjugada a resultados na esfera do desenvolvimento econômico e social (JACOBI, 2003).
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 8 de 26
Porquanto, é evidente que a incorporação desta nova noção de desenvolvimento (Desenvolvimento Sustentável) nas discussões políticas, econômicas e sociais mundiais reflete a atual tendência das nações, desenvolvidas ou em desenvolvimento, de atentarem com maior interesse e consciência para o fato da imprescindibilidade das questões referentes ao meio ambiente, seja no seu aspecto mais restrito, seja no seu aspecto global, (ALBUQUERQUE e BATISTA 2007).
Apesar da realização de várias conferências nacionais e internacionais sobre o meio
ambiente apresentando propostas e estratégias para a implantação da educação ambiental para a melhoria da qualidade de vida no planeta é possível perceber que a mesma é um campo de ações que ainda se encontra em construção. Nesse cenário, o papel da educação poderá ser decisivo, se puder contribuir com a formação de cidadãos capazes de atuar, individual e coletivamente, na busca de soluções para os problemas decorrentes da crise ambiental que ameaça o planeta (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012).
A educação ambiental deve estabelecer uma nova aliança entre a humanidade e a natureza
que deverá ser baseada no diálogo entre gerações e culturas na procura da tripla cidadania: local, continental e planetária, e da liberdade na sua mais completa tradução, tendo subentendida a perspectiva de uma sociedade mais justa tanto em nível nacional quanto internacional. Como educação política, a educação ambiental prepara o cidadão para exigir justiça social, autogestão e ética nas relações sociais e com a natureza, onde a educação ambiental fortalece a ideia de uma prática de educação crítica aos sistemas autoritários, populistas e tecnocráticos (REIGOTA, 2006). “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988).
Dessa maneira, a educação ambiental tem como uma de suas finalidades dar subsídios
subjetivos em forma de ações estratégicas que venham a contribuir com a preservação e a conservação do meio ambiente, de modo que, o desenvolvimento sustentável seja a base e a principal coluna da equidade ambiental, (YOUNG, 2001).
Dessa forma, é dever do estado prover aos cidadãos um ambiente propício a sadia
qualidade de vida, porém não é só dever do estado a prerrogativa de e defende-lo e preservá-lo, como também é de toda a coletividade visando o uso sustentável dos recursos ambientais.
A inserção da educação ambiental em todos os níveis de ensino, como proposto pela
Constituição Brasileira, assim como Política Nacional de Educação Ambiental, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) apontam que o Brasil tem demonstrado empenho de que a educação ambiental seja estabelecida em todo território nacional (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012).
Portanto, seria essencial que fosse inserido no contexto educacional brasileiro a prática da
educação ambiental, na qual desde as séries mais infantis os alunos tomariam consciência da importância de se conservar os recursos disponíveis, e em tese, tomariam uma posição de defesa contra políticas liberalistas de extração não controlada que ocasionariam em um desequilíbrio ambiental.
Parafraseando Brasil (2001) os PCN’s trouxeram sugestões, objetivos, conteúdos e
fundamentação teórica dentro de cada área, com o intuito de subsidiar o fazer pedagógico. Os parâmetros se referem ao tema Meio Ambiente como um conteúdo que deve ser trabalhado não como disciplina, mas como tema transversal e interdisciplinar permeando assim toda a prática educacional.
Dessa forma, a interdisciplinaridade e a transversalidade devem ser componentes
fundamentais na norteadora da educação ambiental, haja vista, que a mesma deve ter sempre um
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 9 de 26
caráter prático em que os indivíduos ao se depararem com esse tema remeter-se-á a ações de conservação não ficando restritos a conceitos que viessem a ser apreendidos em sala de aula.
Portanto, a educação ambiental deve está arraigada na consciência dos indivíduos, em que a
todo e qualquer momento os mesmos venham a se sentirem coagidos ante uma postura desfavorável ao meio ambiente, em que: a prática da educação ambiental nas escolas deve vir acompanhada de um envolvimento direto com a comunidade, fazendo com que ambos interajam e construam estratégias de conservação e sustentabilidade local e regional, (RAMOS e RIBEIRO, 1999).
A intenção deste documento é que a perspectiva ambiental oferece instrumentos para que
o aluno possa compreender problemas que afetam a sua vida, a de sua comunidade, a de seu país e a do planeta. Para que essas informações os sensibilizem e provoquem o início de um aprendizado seja significativo, isto é, os alunos possam estabelecer ligações entre o que aprendem e a sua realidade cotidiana, e o que já conhecem, e com isso, o ensino deve ser organizado de forma a proporcionar oportunidades para que os alunos possam utilizar o conhecimento sobre meio ambiente, para compreender a sua realidade e atuar sobre ela, por meio do exercício da participação em diferentes instâncias (BRASIL, 2001).
Porquanto, a sensibilização do indivíduo depende inteiramente de como ele compreende a
realidade em que o cerca. Dessa maneira, as estratégias de sensibilização devem ter como premissa a realidade de uma determinada localidade enfocando sempre os aspectos objetivos e subjetivos dos impactos causados pela ação do homem no meio ambiente. A partir desse ponto, ele compreenderá na prática as questões negativas causadas ao meio natural e social, e unirá sua experiência aos conceitos aprendidos tomando posição pela causa ambientalista.
Os parâmetros definidos nos PCN vêm fortalecer a importância de se trabalhar a educação
ambiental como forma de transformação da conscientização dos indivíduos. Assim, é plausível entender a educação ambiental como um processo de construção de valores sociais, de conhecimentos e atitudes voltadas para alternativas sustentáveis de desenvolvimento, por todos os indivíduos e pela coletividade no decorrer da história (BRASIL, 2001).
A nova racionalidade social, entendida como racionalidade ambiental deve ser construída
sob uma nova ética entre a existência humana e a transformação social voltada a uma reorientação do progresso científico e tecnológico. Um novo saber científico e tecnológico deve brotar em virtude da crise planetária e civilizatória, exigindo a construção do conhecimento por meio da educação ambiental, onde práticas produtivas e atividades políticas intervenham na práxis educativa das relações entre o homem e a natureza (LEFF, 2001).
Assim sendo, a ciência e a tecnologia tem um papel fundamental no processo de
reorientação e formulação da consciência humana para uma nova conjuntura no que diz respeito as questões ambientais, e o estado e a iniciativa privada trabalhando conjuntamente tem a responsabilidade de incutir aos indivíduos normas advindas de toda uma política integrada que regulem a interação entre o ser humano e o meio natural.
Dessa forma, o ensino voltado para a educação ambiental se faz imprescindível, haja vista,
que a mesma constitui o principal meio de transformação da consciência humana no seu papel ante as questões ambientais, (BEDANTE, 2004).
A educação, assim como a educação ambiental não se restringe apenas uma mera
transferência de conhecimentos, mas sim um ato de compromisso, de conscientização e de testemunho de vida. Por conseguinte, a educação terá um papel determinante na criação da sensibilidade social necessária para reorientar a humanidade (ASSMANN, 2001).
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 10 de 26
Legitimando a afirmação da autora supracitada, a educação ambiental deve ter um caráter prático que resulte em ações voltadas a conscientização de uma comunidade, sensibilizando seus moradores visando a inibição do uso desenfreado dos recursos naturais, bem como a degradação do meio ambiente.
Parafraseando Abreu, Maracajá e Farias (2012) a Educação Ambiental pode ser indicada
como um dos possíveis instrumentos interdisciplinares capaz de capacitar e ao mesmo tempo sensibilizar a população em geral acerca dos problemas ambientais nos quais se deparam a humanidade na atualidade. Através desta, torna-se possível a elaboração de métodos e técnicas que facilitam a tomada de consciência das pessoas a respeito da gravidade e necessidade da implementação de providências urgentes no que diz respeito aos problemas ambientais globais.
Neste sentido, o pensar e fazer sobre o meio ambiente esta diretamente vinculada ao
diálogo entre os saberes, à participação, aos valores éticos como valores essenciais para fortalecer a complexa interação entre a sociedade e a natureza (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012). Porquanto, é nesse ponto que entra a educação ambiental como um elemento de interação entre o homem e a natureza norteando as atividades realizadas pelos mesmos em relação ao meio ambiente.
De acordo com Mininni (1994), a Educação Ambiental enfatiza o desenvolvimento de
valores e comportamentos diferentes na inter-relação homem e meio ambiente, defendendo a necessidade de um conhecimento integrado da realidade e procedimentos baseados na investigação dos problemas ambientais, utilizando estratégias interdisciplinares.
Assim sendo, a educação ambiental deve assumir um caráter interdisciplinar, no qual: formatando suas práticas, condiz com os verdadeiros problemas que atingem à comunidade, que deve ser analisado tais problemas sob a óptica da interdisciplinaridade e de maneira globalizada, permitindo uma justa compreensão dos problemas ambientais, (DIAS, 2003).
Dessa maneira, a educação ambiental vem a contribuir para uma nova forma de
pensamento na interação entre o ser humano e o meio natural, de modo que as estratégias interdisciplinares tem um papel fundamental na composição de uma nova conjuntura dentro das questões ambientais.
A interdisciplinaridade vem fazer um contraponto com o paradigma científico moderno,
que se caracterizou pela compartimentalização de saberes e o distanciamento racional entre o sujeito e o objeto de conhecimento. Assim a prática interdisciplinar nos envolve no processo de aprender a aprender. Neste sentido, a interdisciplinaridade se converteu num princípio metodológico privilegiado da educação ambiental (LEFF, 2001).
É imprescindível que a interdisciplinaridade seja percebida como um processo coletivo e
que a solução dos problemas ocorra especialmente na relação com os outros. Desta maneira, no processo interdisciplinar não se ensina nem se aprende: vive-se, exerce-se. A responsabilidade individual é a marca do projeto interdisciplinar, mas essa responsabilidade está imbuída do envolvimento – envolvimento esse que diz respeito ao projeto em si, às pessoas e às instituições a ele pertencentes (FAZENDA, 2005).
O processo de conscientização e sensibilização acerca das questões sociais, econômicas e
ambientais necessita do envolvimento e participação dos sujeitos, que por meio das responsabilidades buscarão a ação e participarão na tomada de decisões para a solução dos problemas ambientais. Sendo a educação ambiental, nesse contexto, pode contribuir de forma significante na formação da cidadania crítica e responsável, capaz de participar de forma democrática das decisões políticas, econômicas do desenvolvimento das presentes e futuras gerações (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012).
Corroborando com as autoras acima citadas, a educação ambiental também tem a premissa
de:
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 11 de 26
Mostrar que o ser humano é capaz de gerar mudanças significativas ao trilhar caminhos que levam a um mundo socialmente mais justo e ecologicamente mais sustentável. A educação ambiental deve sempre trabalhar o lado racional e estruturado juntamente com o sensível e de valores, a fim de propiciar oportunidades mais significativas que possam ampliar o interesse, a autoconfiança o engajamento e a participação de indivíduos em promover benefícios socioambientais (MARCATTO 2002, p. 4).
Neste sentido, é indispensável observar que a educação ambiental deve despertar nas
pessoas o sentimento de que estas são corresponsáveis pela mudança de atitude, que não só promova a preservação da vida, mas uma nova mentalidade essencial para criar um novo tipo de desenvolvimento onde as sociedades sustentáveis combatem o desperdício, levam em conta o processo coletivo, e o bem comum sem violar os direitos individuais das pessoas. Portanto, a educação ambiental adquire um significado estratégico na direção do processo de transição para uma sociedade sustentável (LEFF, 2001).
Não se pode exigir da sociedade uma nova mudança de mentalidade no que diz respeito as
questões ambientais, se a mesma não for instigada nem incentivada à isso. Assim sendo, a educação ambiental se torna um elemento imprescindível na inserção de valores ante a comunidade para que se venha a ter uma consciência ambientalista.
A educação ambiental é, pois, um elemento imprescindível para despertar no cidadão
atitudes, e procedimentos relacionados a uma cultura de sustentabilidade essencial a preservação e resgate da qualidade ambiental, cujas reflexões se possa então discutir acerca de uma educação voltada ao gerenciamento adequado e sustentável dos recursos naturais (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012).
Portanto, para se adquirir uma cultura voltada ao meio ambiente em termo de
sustentabilidade, é necessário antes ser moldado por conceitos e valores decorrentes de reflexões volvidas da educação ambiental, e que tem como um de seus fundamentos a gestão participativa no âmbito dos recursos naturais, para uma melhor otimização desses recursos decorrentes da ação do homem ante a natureza. Gestão participativa no turismo
O turismo é uma atividade que vem crescendo constantemente nos últimos anos,
contribuindo significativamente com o Produto Interno Bruto (PIB) dos países onde sua atividade é exercida com mais intensidade. Porquanto, antes de se adentrar em suas particularidades, faz-se necessário conceituar o mesmo, em que segundo Dias (2005, p. 29) turismo é:
[...] é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos e grupos de pessoas que fundamentalmente por motivos de recreio, descanso, cultura ou saúde, se deslocam de seu lugar de residência habitual para outro no qual não exercem nenhuma atividade remunerada, gerando múltiplas relações de importância social, política e econômica.
Portanto, o turismo é um fenômeno que envolve os mais diversos aspectos de uma
comunidade, sejam aspectos objetivos ou subjetivos, em que na figura abaixo demonstrar-se-á todos os elementos a ele ligados.
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 12 de 26
Figura 1. Composição do turismo. Fonte: Medeiros e Farias, 2012a.
Percebe-se, que a cadeia turística se apropria de diversos elementos para dar dinâmica a sua
atividades como fonte geradora de receitas, sem os quais o turismo não se manteria. A figura acima também enfatiza a importância da gestão participativa no turismo, em que por meio da integração de todos esses instrumentos a atividade turística poderá se desenvolver de forma equilibrada, pois a gestão participativa é a chave para uma harmonia entre todos elementos que compõe o turismo, tendo em vista que a mesma tem como premissa inserir tudo e todos no planejamento, execução, controle e ação corretiva da atividade, (COSTA e PINTO, 2008).
O Planeta Terra enfrenta problemas nas diversas esferas (naturais, sociais, culturais,
econômicas e políticas), dificuldades com dimensões planetárias e que comprometem diretamente a vida de milhões de pessoas em todo o mundo. Souza Junior (2004) afirma que o paradigma que vem norteando a sociedade moderna tem sido o da dominação e apropriação da natureza, tendo como base a lógica capitalista da acumulação, na qual esse que transmite uma visão errônea de que os recursos naturais são inesgotáveis e que se podem explorá-los indefinidamente.
Nesse sentido, há uma negligência e porque não dizer uma falta de planejamento, em que
não se toma estratégias de restrição dos impactos causados pela ação do homem ao meio ambiente, já que planejamento consiste em:
Um processo de organização de tarefas para se chegar a um fim, com fases características e sequenciais que, em geral, estão na seguinte ordem: identificar o objeto do planejamento, criar uma visão sobre o assunto, definir o objetivo do planejamento, determinar uma missão ou compromisso para se atingir o objetivo do planejamento, definir políticas e critérios de trabalho, estabelecer metas, desenvolver um plano de ações necessárias para se atingir as metas e cumprir a missão e objetivos, estabelecer um sistema de monitoramento, controle e análise das ações planejadas, definir um sistema de avaliação sobre os dados controlados e, finalmente, prever a tomada de medidas para prevenção e correção quanto aos desvios que poderão ocorrer em relação ao plano, (FLORIANO 2004, p. 8).
Porquanto, planejar exige definir estratégias de maneira a executá-las seguindo uma
metodologia previamente traçada com a finalidade de alcançar um determinado objetivo. Nesse sentido, pode-se subentender que a preocupação com as questões provenientes da
atividade humana sobre a natureza se tornou uma das preocupações primordiais no cenário atual (2013). O clima é um dos focos centrais nas discussões sobre a conjuntura ambiental em que:
Discussões acerca das Mudanças Climáticas e do Aquecimento Global ganham um grande destaque na sociedade, onde as previsões realizadas pelo Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas (IPCC, 2007) afirmam que o
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 13 de 26
Aquecimento é um fato, e que há mais de 90% de chances de que o homem seja o catalisador desse aquecimento (FERNANDES & SILVA 2010, p. 5).
Diante disso, constata-se a necessidade cada vez maior de proteção do meio ambiente,
sendo notada uma mobilização por parte dos atores sociais e governantes para garantir o uso adequado dos recursos naturais e dos ecossistemas, de modo a respeitar sua capacidade de reprodução e sua utilização de maneira sustentável. É importante reafirmar, que através da gestão participativa se pode chegar a um processo de desenvolvimento sustentado, despertando a conscientização dos atores sociais em relação a um melhor gerenciamento dos recursos naturais (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012).
Porquanto, a gestão participativa vem a contribuir significativamente para a
sustentabilidade de um local, haja vista, o seu engajamento com os atores públicos e privados na adoção de medidas para uma otimização dos recursos disponíveis visando o desenvolvimento sustentável. No qual o mesmo é encarado como um processo de mudanças, no qual se compatibiliza a exploração de recursos, o gerenciamento de investimento tecnológico e as mudanças institucionais com o presente e o futuro, (CANEPA, 2007).
Sendo assim, a gestão pode ser identificada como uma das possibilidades para contribuir na
construção de uma sociedade, que vai do plano individual para o coletivo, cooperando para uma nova forma de uso, proteção, conservação e gerenciamento dos recursos naturais, proporcionando assim, a melhoria da qualidade de vida para todos os cidadãos (LOUREIRO, et al. 2005).
Figura 2. Relações envolvidas no Planejamento do Turismo Participativo. Fonte:
Medeiros e Farias, 2012a. Como explícito na figura, a gestão envolve uma gama de elementos que interligados
formam um conjunto coeso no planejamento do turismo participativo, na medida em que os mesmos são acoplados em sua dinâmica holística e se tornam instrumentos de gerenciamento dos recursos naturais.
No Art. 225 da Constituição Federal atribui ao poder público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Com isso, o processo de gestão dos recursos naturais deve envolver uma nova cultura, uma nova consciência que nos leve a pensar e adotar outras maneiras de viver o agora, pensando o amanhã, tendo como premissa de que os recursos naturais dependem de atos e ações responsáveis que devem ser conduzidas por uma ação
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 14 de 26
coletiva das instituições, dos governos e da sociedade civil organizada (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012).
Porquanto, políticas públicas voltadas às questões socioambientais, especificamente, e a
diminuição da extração de recursos naturais, as quais têm por finalidade abrir espaços que possam contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos seres humanos e de todas as espécies e sistemas naturais com os quais compartilhamos o planeta ao longo dos tempos, venham a ser efetivas de fato, (FERRARO JUNIOR, MENDONÇA e SORRENTINO, 2005).
Dessa maneira, a integração se faz necessária entre governo e sociedade civil organizada
para promover ações de conservação do meio ambiente de modo que a utilização dos recursos do meio ambiente atualmente não venha a comprometer o usufruto de futuras gerações, haja vista, que a sustentabilidade dever ser o elemento norteador na extração e utilização dos recursos naturais, porquanto, o desenvolvimento sustentável: é um desenvolvimento baseado em relações de respeito e de solidariedade inter-geracionais, em que a sociedade teria que desenvolver a capacidade de alcançar um alto grau de desenvolvimento e atender às necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações vindouras de atenderem às suas próprias necessidades, (ABRANJA e ALMEIDA, 2007). E nesse sentido, um importante instrumento, que é a educação ambiental, se torna essencial na inclusão da gestão participativa como fomento de ações para a conservação da natureza. A educação ambiental como instrumento para a gestão participativa
A educação ambiental assume um importante papel na política da gestão participativa, visto
que, é por meio dela que se inicia o processo de ordenamento e planejamento das ações a serem implantadas nas comunidades, no qual entre outros atributos é competência da educação ambiental: Estimular e apoiar processos na construção de valores e relações sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências que contribuam para a participação de todos na gestão participativa, (SOUZA, 2011).
A problemática ambiental global em tese é uma das temáticas mais refletidas atualmente
pela sociedade contemporânea. O envolvimento e a participação dos diversos setores da sociedade na busca pela gestão dos recursos naturais são imprescindíveis para garantir a conservação das riquezas naturais encontradas no planeta (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012).
Em decorrência desse problema e de toda essa conjuntura, há um desequilíbrio acelerado
na apropriação e uso dos recursos e do capital ecológico, que sistematicamente favorece o centro dominante do sistema econômico, que tem a força potencial de concentrar os problemas do meio ambiente e do desenvolvimento, causando danos quase irreparáveis ao meio natural, (JACOBI, 1996).
Dessa forma, a problemática ambiental ganhou destaque nesses últimos anos devido a toda
essa conjuntura de escassez de recursos naturais bem como a degradação dos mesmos. Para isso, se torna necessário o envolvimento participativo da comunidade juntamente com os órgãos responsáveis para conscientizar, promover e manter ações de desenvolvimento em prol da minimização dos impactos ambientais e da maximização da riquezas naturais.
Parafraseando Abreu, Maracajá e Abreu (2012) a gestão nasce no contexto da crise
ambiental que se intensificou a partir da década de 70 do século passado em todo mundo, se estabelecendo em um saber que objetiva a articulação das ações dos diversos agentes sociais que interagem em um dado espaço com vistas a garantir o ajustamento dos meios de exploração dos recursos naturais, econômicos, sociais e culturais às especificidades do meio ambiente, com base em princípios e diretrizes antecipadamente definidos nas regiões.
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 15 de 26
Phillippi Jr. et al. (2004) afirma que pode ser compreendida como um processo que se origina quando há adequações ou modificações no ambiente natural, de modo a ajustá-lo às necessidades individuais ou coletivas, gerando dessa forma ambientes nas suas mais diversas variedades de adaptação e escala.
Desse modo, cabe a comunidade em conjunto com o poder público e até mesmo a
iniciativa privada a inserir a gestão participativa em seus processos de planejamento visando à sustentabilidade da região, na qual a mesma tem como base em sua essência: planejamento, avaliação e controle, (SOUZA, 1997).
Ela é um processo que admite aos atores sociais e as comunidades participarem na
elaboração de novos valores éticos e sociais, desenvolvendo mudança de atitudes, habilidades e competências direcionadas a preservação e utilização sustentável dos recursos naturais, sendo importante, dar-se conta que a prática da gestão, configura-se como uma importante forma de estabelecer um relacionamento mais harmônico entre a sociedade e o meio ambiente (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012).
Portanto, a gestão participativa é imprescindível no planejamento e ordenamento turístico,
pois a mesma irá direcionar as ações a serem executadas pelos agentes responsáveis: comunidade, poder público e iniciativa privada, em que ambos exercerão seus papéis de maneira conjunta e integrada na formulação de um alto grau de otimização da atividade inserindo em sua dinâmica valores que venham a harmonizar todas as esferas envolvidas em suas metas traçadas para o desenvolvimento turístico de uma região. Na figura abaixo, é demonstrado a integração dos principais agentes de uma gestão participativa no desenvolvimento turístico de uma localidade.
Como evidenciado na figura 3 abaixo, para se ter uma gestão participativa de fato, não se
pode deixar no encargo de apenas um setor a responsabilidade do desenvolvimento turístico de uma localidade, deve-se envolver todos os agentes que estão diretamente ligados ao turismo do local.
Portanto, gestão participativa permite a interação entre os agentes públicos, privados e a
comunidade no desenvolvimento de uma nova conscientização e consequentemente na criação de estratégias que venham a ser direcionadas a conservação ambiental e a utilização dos recursos naturais de forma sustentável.
Para que estas relações sejam viáveis, é necessário que haja uma educação integrada no
processo de gestão dos recursos naturais que proporcione as condições necessárias para a produção e aquisição de conhecimentos e habilidades, e, que desenvolva atitudes, visando à participação individual e coletiva na gestão do uso de recursos ambientais e na concepção e aplicação das decisões que afetam a qualidade dos meios físico-natural e sociocultural (QUINTAS, 2000).
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 16 de 26
Figura 3. Stakeholders envolvidos no processo de desenvolvimento turístico local. Fonte: Medeiros e Farias, 2012a.
Nesse contexto a educação ambiental, entendida como um dos instrumentos básicos e
indispensáveis à sustentabilidade dos processos de gestão dos recursos naturais, tendo em vista que a eficiência da gestão de uma área depende do grau de educação da sociedade envolvida (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012).
Dessa forma, antes da inclusão da gestão participativa é fundamental a comunidade possuir
em seus princípios a educação ambiental, haja vista, que a eficácia da gestão depende do nível de educação da sociedade. Philippi Jr. (2004) afirma que a educação é a transformação do sujeito que ao transformar-se, transforma o seu entorno, onde a educação deve fazer parte da prática da gestão como um conhecimento, reflexão e mudança indispensável ao tratamento da questão ambiental.
Desse modo, para direcionar ações voltadas as questões ambientais se faz necessário antes
toda uma gama de conhecimento que venha a fazer com o que o indivíduo reflita em sua filosofia e em seus princípios transformando a realidade (caso necessário) que o cerca, para só após tomar a iniciativa de gestão relacionada ao meio ambiente.
Loureiro (2002) afirma que a Educação Ambiental é uma práxis educativa e social que tem
por finalidade a construção de valores, conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade de vida e a atuação lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente. Nesse sentido, contribui para a tentativa de implementação de um padrão civilizacional e societário distinto do vigente, pautado numa nova ética da relação sociedade-natureza.
Porquanto, a educação ambiental é a gênese de todo e qualquer desenvolvimento
sustentável, em que por meio dela, será desenvolvida ações de conscientização e posteriormente de execução no que diz respeito a sustentabilidade e a conservação do espaço.
Portanto, a educação ambiental vem a modificar a realidade vivida no contexto social,
pautada na criação de valores e entre outros elementos que possam contribuir para uma nova filosofia padronizada no que diz respeito às questões ambientais.
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 17 de 26
Portanto, a educação ambiental deve ser norteada por um pensamento crítico e inovador
que promova a transformação e a construção de uma sociedade ambientalmente sustentável. E para isso, é imprescindível que a educação tenha como prioridade formar cidadãos com uma consciência local e global, cujo processo de ensino e aprendizagem deve ser desenvolvido numa perspectiva dialógica, holística e interdisciplinar. Para que tudo isso aconteça de forma prática, se faz necessário a participação de todos os agentes envolvidos nessa temática (sociedade, poder público e poder privado), iniciando com programas governamentais de incentivo a sustentabilidade em questões do dia a dia, aonde a comunidade poderia se familiarizar melhor com a prática da educação ambiental, pois não basta apenas exigir que a comunidade modifique seus hábitos culturais repentinamente, antes a mesma tem de se acostumar naturalmente com as técnicas ambientais.
Outra forma de praticidade da educação ambientar inserida no contexto social é a inserção
da mesma no ambiente escolar, em que os alunos teriam desde sua tenra infância práticas educacionais voltadas para o ambientalismo, na qual ao longo de seu crescimento físico e intelectual poriam em exercício aquilo que aprenderam. Convém, no entanto, ressaltar que a concepção de que: a educação ambiental é um processo contínuo, voltada a toda sociedade, proporciona uma vinculação estreita com as práticas sociais e políticas, assim como com as nossas formas de intervir na realidade.
Porquanto, a educação ambiental assume cada vez mais uma função transformadora, na
qual a co-responsabilização dos indivíduos torna-se um objetivo essencial para promover um novo tipo de desenvolvimento – o desenvolvimento sustentável (JACOBI 2003). A educação ambiental como instrumento para a gestão participativa dos recursos naturais, deve ser crítica e emancipatória, direcionada para a democratização e o exercício pleno da cidadania e, assim, promover uma mudança de paradigma, uma transformação integral do cidadão de modo a sensibilizar a população a utilizar a natureza de maneira sustentável garantindo sua preservação.
Porquanto, a preservação da natureza deve ser encarada com a máxima rigidez em nossa
sociedade, pois os recursos naturais, ao contrário do que muitos pensam não são inesgotáveis, e ao se apropriarem desses recursos não tendo a consciência de repô-los imediatamente, corre-se o risco de extinguir determinado material (Geológico, Mineral, Biológico).
Com este propósito, a educação no processo de gestão requer profissionais habilitados nas
áreas de educação e gestão ambiental, que tenham conhecimentos e prática pedagógica reflexiva, integrativa, crítica, criativa, transformadora, participativa, contextualizadora e emancipatória, objetivando um desenvolvimento de ações que tenham como prioridade uma postura inovadora ética no tratamento das questões ambientais de modo contínuo e sustentável (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012).
Outro importante fator, que deve ser evidenciado no contexto ambiental é a utilização
sustentável dos recursos renováveis e principalmente dos recursos não renováveis, em que subentende-se como:
As fontes de energia não renováveis, são aquelas que se encontram na natureza em quantidades limitadas e se extinguem com a sua utilização. Uma vez esgotadas, as reservas não podem ser regeneradas. São elas: carvão, petróleo bruto e gás natural. Todas estas fontes de energia têm reservas finitas, uma vez que é necessário muito tempo para repô-las, e a sua distribuição geográfica não é homogênea, ao contrário das fontes de energia renováveis, originada graças ao fluxo contínuo de energia proveniente da natureza, (COSTA e ROCHA 2011, p. 02).
Dessa forma, ao se extrair recursos não renováveis da natureza em grande escala, corre-se
o risco de em pouco tempo ser extinto os mesmos sem possibilidades de se reverter esse quadro. Nesse sentido, é que a educação ambiental torna-se fundamental no processo de conscientização
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 18 de 26
das populações, e isso feito por profissionais capacitados no qual os mesmos precisam estar preparados, pois lidarão com mentes, tentando inserir uma ideia onde muitas vezes parece inviável para a maioria dos indivíduos. Dessa maneira, educar ambientalmente os profissionais implica em:
Apropriar conceitos e processos que digam respeito ao ambiente, a aquisição de visões de mundo que possibilitem o respeito a todas as formas de vida e o entendimento de que a vida só se dá pelas complexas teias tecidas pelos elementos naturais e socioculturais que se entrelaçam (KINDEL & LISBOA 2012, p. 25).
Portanto, a educação ambiental mais do que um elemento conscientizador é também um
instrumento inovador na problemática ambiental. Parafraseando Abreu, Maracajá e Farias (2012), pensar o desenvolvimento da educação ambiental como instrumento de gestão dos recursos da natureza é vital e indispensável e que estão indissoluvelmente ligados, assegurando assim, uma gestão responsável e inteligente dos recursos naturais do planeta, utilizando-se de um processo pedagógico dialógico, conscientizador e participativo.
Pensamento fundamentado no respeito de todas as formas de vida, afirmando valores e
muitas ações que cooperam para a formação social do ser humano e a preservação do meio ambiente visando à promoção das ações da sustentabilidade. Nesse aspecto a formação de uma consciência crítica em relação a este processo é fundamental para a busca de soluções que não sejam somente mitigadoras, passando a ter um caráter mais preventivo e educativo.
Assim sendo, a educação ambiental se utiliza do seu caráter pedagógico para incutir na
gestão de recursos naturais a premissa da conservação e a utilização desses recursos de forma sustentável.
A construção de um sujeito crítico, nesse contexto, é essencial para uma educação para o
desenvolvimento sustentável. Por meio dela o ser social reflete acerca da consciência ambiental imprescindível para o exercício da cidadania transformadora (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012).
A educação para o Desenvolvimento Sustentável constitui-se, portanto em um conceito
emergente, mas dinâmico que inclui a visão da educação permanente, fortalecendo as pessoas de todas as idades para assumirem a responsabilidade de criar e desfrutar de um futuro sustentável. (UNESCO, 2005).
Nesse sentido, a utilização sustentável da natureza no turismo depende de uma
conscientização prévia advinda da educação ambiental, e isso em se tratando de todas as classes para a implementação e manutenção da sustentabilidade.
A educação para o desenvolvimento sustentável deve ser direcionada para todos, e a sua
perspectiva de aprendizagem é para a vida toda, envolvendo todas as etapas da vida humana, desde a infância até a fase adulta, haja vista, que não é apenas em um período da existência do indivíduo que ele deve se preocupar com essas questões, pois, a harmonia ambiental é imprescindível para a manutenção da vida no planeta (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012).
E, ao não se começar iminentemente o processo de educação ambiental na sociedade, a
possibilidade de se ter uma sustentabilidade real em sua essência ficará quase que inviável para um futuro próximo.
Dessa forma, os valores ambientais difundidos por meio da educação ambiental deve ter
um caráter permanente, haja vista, que o fator sustentabilidade é essencial em qualquer período da vida humana na perspectiva de otimizar e minimizar os recursos provenientes da natureza.
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 19 de 26
É relevante dizer que, na prática da gestão do turismo utilizando da educação ambiental torna-se um importante instrumento no processo de conscientização ambiental. Com isso, compreender a importância da educação ambiental voltada principalmente para a sustentabilidade dos recursos planetários é o novo desafio de todos os atores envolvidos no processo de gestão participativa na atividade turística. Educação ambiental como novo paradigma do turismo
Há mais de um século o fenômeno turístico constitui importante meio de distribuição e
geração de renda, sendo o principal ponto focado por muitos estudiosos do assunto da maneira geral, onde os malefícios do turismo são esquecidos, originando assim uma visão fragmentada e superficial desse fenômeno, que necessita de uma interpretação minuciosa, fugindo dos textos acadêmicos reducionistas que simplesmente abordam uma ou duas de suas facetas (PANOSSO NETTO, 2011).
Portanto, o que o autor acima citado afirma é que o turismo é um elemento
demasiadamente complexo para ficar restrito apenas a observações, deduções e prescrições superficiais na qual não dão margem para um estudo mais aprofundado sobre esse fenômeno.
Corroborando, com essas afirmações o autor (SILVA 2012, p. 26) afirma:
Esse novo Fenômeno que está se consolidando chamado Turismo, ainda necessita de investigações acuradas para se estabelecer conceitos e julgamentos sobre a sua dinâmica e como ela está inserida no contexto atual, sua importância e suas implicações na economia, na vida cotidiana dos seres humanos e do meio que o cerca.
Sobre o turismo, acrescenta-se que sua história recente é marcada por atentados terroristas,
novas epidemias, crises econômicas e financeiras, surgimento de novos países no fluxo turístico internacional e colapso de empresas e áreas que serviam de paradigma de eficiência até bem poucos anos. Dinamismo, inovação, resiliência tornaram-se palavras-chave para um mercado tão volátil e desafiador. Reflexão, processos e estratégias são elementos norteadores para uma sociedade que não se preocupa apenas com novas tecnologias e métodos de gestão, lucros e controles de mercados. A agenda atual inclui obrigatoriamente questões como sustentabilidade, ética, patrimônio cultural, responsabilidade social, inclusão de pessoas e melhoria da qualidade de vida para o coletivo. “Para se atingir um patamar metodológico e fundamentado da articulação desses desafios tão complexos, a filosofia é um instrumento privilegiado de análise.” (TRIGO apud PANOSSO NETTO, 2011).
Assim sendo, os autores supracitados defendem a ideia de que devem ser levados em conta
aspectos não só objetivos, como também os subjetivos na medida em que outros elementos estão incluídos na dinâmica da sociedade com relação ao seu desenvolvimento.
Porquanto, o turismo como um fenômeno social, necessita fundamentalmente para
dinamizar a sua atividade do envolvimento da comunidade, tornando-se um turismo participativo, em que englobe diversos agentes no planejamento de suas diretrizes, (LOCH e WALKOWISKI, 2009).
Necessita-se, por conseguinte, que essa responsabilidade social seja estimulada e praticada
de acordo com princípios éticos que contribuam, principalmente, na preservação da vida de todos os seres. Neste sentido, é necessário o entendimento sobre paradigmas ambientais e sua evolução para a construção de um conhecimento mais aprofundado diante das ações voltadas para a conscientização, reflexão e mudanças a serem realizadas.
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 20 de 26
O autor (KUHN, 2006) defende que, para que um paradigma seja efetivado ele tem que ser aceito e seguido como padrão, sendo articulado e precisado em condições novas e mais rigorosas, atualizando antigos paradigmas. Isso significa, pois, que novas idéias surgem como forma de tentar explicar melhor determinado pensamento transmitido.
Nesse sentido, a educação ambiental deve ser introduzida iminentemente no contexto
social, pois ao não ocorrer dessa forma, a mesma nunca irá quebrar antigos paradigmas existentes na sociedade e por conseguinte não irá cauterizar na mente dos indivíduos novos conceitos e novas formas de enxergar as questões ambientais, haja vista que, para que a educação ambiental seja um paradigma consolidado na sociedade, se faz necessário apresenta-la perante a mesma, de maneira que o seu conceito, a sua gênese, e as suas bases filosóficas venham a causar um impacto positivo diante do social como um todo, em que a mesma deve ser vista como algo a transformar uma realidade.
O surgimento de novos paradigmas contribui, neste contexto, para o desenvolvimento de
revoluções científicas, que são episódios de desenvolvimento não cumulativos, nos quais um paradigma mais antigo é total ou parcialmente substituído por um novo, incompatível com o anterior (KUHN, 2006).
No turismo a definição de paradigmas requer uma série de avaliações e contextualizações,
tendo em vista sua complexidade e grande abrangência de temáticas. E, para melhor entender sobre a sistemática de desenvolvimento sustentável como paradigma vigente no turismo, é necessário que questões como desenvolvimento local e sustentável sejam evidenciados (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012).
Os processos estratégicos de desenvolvimento local + integrado + sustentável são
impactados por fatores como desgaste conceitual, desgaste dos métodos participativos e dos chamados “consensos vazios”, a articulação de comunidades de interesses esbarrar em limites concretos de poder, nas falácias da despolitização das iniciativas e na exacerbação das potencialidades e virtualidades locais, os consensos sobre temas como geração de emprego e renda, a descontinuidade política, as dificuldades de articulação governo + governo, governo + sociedade e sociedade + sociedade não serem triviais e muito menos metodológicas, a construção “externa” das estratégias de desenvolvimento local, as fragilidades metodológicas dos tipos de intervenção em desenvolvimento local, modismos e mimetismos, estruturas de interesses na constituição de agências promotoras do desenvolvimento local e consultores que substituem meios por fins, superposição de programas e projetos de diferentes instituições, e avaliação inexistente ou inadequada de processos, resultados e impactos, que reforça equívocos, impede e limita a reconstrução de cursos de ação (FISCHER, 2004).
Portanto, as agências promotoras cometem grandes erros ao não levarem em conta
enfoques de gestão e planejamento na formulação de estratégias visando o desenvolvimento sustentável em âmbito local, assim como equivocam-se na metodologia aplicada para se chegar a o objetivo pré-estabelecido.
Sabe-se, porém, que nem sempre os interesses voltados para um desenvolvimento
sustentável são atendidos e dispostos como deveria, mas uma participação ativa das comunidades em fóruns, reuniões e movimentações certamente pressionariam os atores envolvidos (Público e Privado) a tomarem iniciativas de promoção da educação ambiental, pois com a promoção de práticas educativas ajudariam na sensibilização da coletividade, (SOUZA, 2011).
A gestão participativa para a utilização do paradigma de desenvolver com sustentabilidade
é, portanto, fundamental para a manutenção de novas visões sobre a atividade turística, sendo essa participação de fundamental importância para os autóctones.
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 21 de 26
E, isso passa por um processo chamado produção do conhecimento, que tem entre suas inúmeras funções: contemplar as inter-relações do meio natural com o social, incluindo a análise dos determinantes do processo, o papel dos diversos atores envolvidos e as formas de organização social que aumentam o poder das ações alternativas de um novo desenvolvimento, numa perspectiva que priorize novo perfil de desenvolvimento, com ênfase na sustentabilidade socioambiental, (JACOBI, 2003).
Um turismo saudável e sustentável deve se valer de reflexões sobre o contexto ambiental-
social, das possibilidades políticas, culturais e sociais que melhorem a qualidade de vida das pessoas. Os próprios conceitos de prazer, de entretenimento, de lazer e de saúde precisam ser analisados no contexto dos avanços inerentes às sociedades preocupadas com a valorização da vida, da multiplicidade e das maiorias opções do bem viver. Deve-se entender e administrar o presente de maneira a trabalhar desafios locais e globais; planejar o futuro com base nos recursos atuais e latentes, garantindo que as novas gerações tenham um mundo a desfrutar, de preferência melhor do que aquele legado até então (PANOSSO NETTO, 2006).
Corroborando com a afirmação do autor supracitado, o turismo sustentável deve ser o
modelo da atividade turística não mais do futuro e sim do presente, haja vista, a degradação em massa dos recursos naturais no atual momento da sociedade (2013), e que compromete efusivamente as gerações futuras no que diz respeito ao usufruto desses recursos, (LOCH e WALKOWISKI, 2009).
Portanto, para se ter um turismo saudável e sustentável é necessário analisar todas as
variáveis que implicam para um bom funcionamento do mesmo procurando sempre por meio de planos e estratégias a evolução de um turismo que ao mesmo tempo gere receitas para a localidade aonde estiver inserido, também promova a conservação desse espaço, pois só assim as futuras gerações também se beneficiarão dos bens e serviços utilizados pela geração atual.
O turismo, embora como atividade que impacta negativamente na cultura da localidade
onde se realiza, e positivamente quando referido à economia local, deveria ser observado através de uma perspectiva mais complexa. O Paradigma vigente ao turismo, e a muitas outras atividades é o de progredir pensando nas gerações que virão. Ideia defendida repassada a diante os princípios voltados a uma Educação Ambiental que cada vez mais necessita ser entendida como uma ação que carece da participação de cada um que compõe a sociedade (ABREU, MARACAJÁ e FARIAS, 2012).
Nesse sentido, a educação ambiental funciona como um elemento que agrega valor a dinâmica do turismo, visto que, a mesma como um instrumento de conscientização e sensibilização da população quanto a conservação, preservação e ao uso sustentável dos recursos naturais contribui diretamente no desenvolvimento de um turismo sustentável, (SOUZA, 2011).
Porquanto, a atividade turística deve ser encarada como algo contínuo que transforma a
localidade onde se insere, trazendo valores que muitas vezes causam rejeição da comunidade local, mas, por outro lado o fator econômico em tese será bem aceito pelos autóctones, na qual por meio de ações educativas (Educação Ambiental) os residentes possam garantir que os recursos utilizados em sua comunidade sejam usufruídos de forma sustentável para a manutenção da atividade turística à futuras gerações.
O paradigma de utilização de uma educação ambiental voltada para o desenvolvimento
sustentável no turismo é, por conseguinte, fundamental para que a atividade turística se mantenha a longo prazo. Sem essa premissa, em tese pode-se afirmar que todos envolvidos pela atividade sejam prejudicados, direta e indiretamente.
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 22 de 26
Considerações finais A relação interpessoal entre o ser humano e a natureza sofreu inúmeras modificações ao
longo do tempo. Grandes transformações ocorreram, seja no cenário socioeconômico, político, cultural. Científico e principalmente no cenário ambiental.
O referido trabalho teve como centro a educação ambiental e a gestão participativa no
turismo, em que se fundamentou uma gestão dos recursos naturais baseada na educação ambiental, tendo como meta o progresso de uma cidadania com todos os agentes sociais envolvidos.
Evidenciou-se também, a atividade turística com relação aos seus extremos, tanto no que
diz respeito a sua degradação do meio ambiente, como da sua possibilidade de evolução para um turismo altamente sustentável por meio da educação ambiental.
Nesse sentido, a educação ambiental e a gestão participativa assumiram um caráter de
desenvolvimento de uma consciência ambiental altamente evoluída com a finalidade de formar atitudes e valores que venham a modificar o cenário prático-educacional na qual é essencial na administração do meio ambiente visando a sua sustentabilidade.
E dentro da gestão participativa no turismo, estão envolvidos nesse contexto como
instrumentos essenciais no planejamento, ordenamento e desenvolvimento do mesmo, o poder público, a iniciativa privada, os turistas e principalmente a comunidade na qual deve ter ampla participação nos processos decisórios da atividade, haja vista, que sem a parcela de contribuição de cada agente envolvido a dinâmica turística ficaria comprometida ao fracasso por não haver integração entre os setores.
Dessa maneira, os atores envolvidos nessa problemática tem uma função fundamental a
desempenhar na formação de um ser humano crítico, reflexivo, modificador e principalmente transformador da sua realidade, tendo como principal objetivo a visão da renovação no contexto sócio-político e ambiental de uma sociedade que saiba o que é sustentabilidade.
Dessa forma, se faz necessário inquirir equilíbrio entre o ser humano e o meio ambiente,
ansiando uma sociedade consciente em seus comportamentos e atitudes com relação à natureza. E nesse ponto, o quesito sustentabilidade vem a ser imprescindível na formulação de estratégias visando um turismo que ao mesmo tempo propicie entretenimento aos turistas, e utilize os recursos naturais de maneira que não venha a comprometer a utilização desses mesmos recursos pelas gerações futuras, ou seja, um turismo sustentável baseado na conservação da natureza.
A educação ambiental é um elemento fundamental da regulação dos recursos naturais, na
qual possibilita que indivíduos conheçam, interajam e participem de ações de gestão, adquirindo uma responsabilidade de mudança de postura na interação ser humano e o meio natural.
Pode-se dizer, que essa perspectiva se torna um novo paradigma a ser fomentado em que
se quer almejar uma educação voltada para uma gestão participativa no turismo, exigindo modificações culturais de âmbito individual e coletivo e principalmente o comprometimento e responsabilidade de toda a comunidade.
Nesse contexto, a atividade turística deve ser compreendida como uma ação humana que
carece de execução com base nas premissas da educação ambiental que venha a cooperar para a efetiva utilização dos termos que conceituam desenvolvimento sustentável, em que se expande cada dia a mais com uma maior intensidade ante a sociedade, mostrando os impactos causados pela degradação do ambiente advindo da atividade humana.
Por isso, a educação ambiental deve estar presente não só na conjuntura acadêmica das
universidades, mas, está presente no dia a dia das comunidades, fortalecendo e instigando o
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 23 de 26
pensamento dos mesmos para exercerem a sustentabilidades nas mínimas coisas. A educação ambiental funciona no turismo como um meio de o mesmo ter uma ideia repassada a comunidade, ideia essa de conservação e sustentabilidade que implicará caso aceita no desenvolvimento sustentável dos espaços, e como o turismo necessita desses espaços para dinamizar a sua atividade, a educação ambiental vem a ser um baluarte da atividade turística garantindo continuidade e perpetuidade a mesma.
A interação entre educação ambiental e gestão participativa no turismo é primordial para o
surgimento de novos valores em que deve prevalecer a integralidade de todos os agentes envolvidos com a finalidade de otimizar as práticas ambientais, e a discussão sobre essa problemática, para que assim se possa construir e transformar a realidade ambiental no que diz respeito a atividade turística, na qual o que deve imperar é o desenvolvimento de instrumentos para a fomentação e desenvolvimento responsável e principalmente sustentável do turismo.
Desse modo, a educação ambiental é um novo paradigma no turismo, um modelo a ser
seguido em busca da preservação, conservação e da sustentabilidade dos recursos naturais, em que ao se desenvolver esse novo modelo e se impuser por meio da persuasão a população, o turismo se beneficiará de maneira a não mais ele ser o responsável pela promoção e difusão das ideias de sustentabilidade, ficando apenas restrito a executá-las, pois a educação ambiental por meio de seus agentes ficará responsável pela propagação da ideia da utilização dos recursos naturais de forma a não comprometer o seu usufruto pelas gerações futuras, ou seja, um turismo altamente sustentável.
Referências ABRANJA, Nuno Alexandre; ALMEIDA, Isabel Duarte de. Turismo e sustentabilidade. Cogitur, 2007. Disponível em: http://recil.grupolusofona.pt/bitstream/handle/10437/1874/506-1760-1-PB.pdf?sequence=1. Acesso em: 26 de Abril de 2013. ABREU, B. S. Gestão e resíduos sólidos e seus aspectos sociais econômicos e ambientais. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Campina Grande, 2009. ABREU, I. G. ; MARACAJÁ, K. F. B.; FARIAS, Mayara Ferreira de . Gestão participativa dos recursos naturais e a educação ambiental: inter-relação necessária para o surgimento de um novo paradigma no turismo. Revista Querubim, v. 2, p. 04-16, 2012. AMARAL, Wlamir do. A educação ambiental e a consciência da solidariedade ambiental. Revista internacional de direito e cidadania, 2008. Disponível em: http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/files/journals/2/articles/33272/public/33272-42366-1-PB.pdf. Acesso em: 20 de Abril de 2013. ALBUQUERQUE, Carlossandro Carvalho de; BATISTA, Ieda Hortêncio. Desenvolvimento sustentável: novos rumos para a humanidade. Escola superior de artes e turismo, 2007. Disponível em: http://www.revistas.uea.edu.br/old/abore/artigos/artigos_3/Ieda%20Hortencio%20Batista.pdf. Acesso em: 24 de Abril de 2013. ARRUDA, Luis; QUELBAS, Osvaldo Luiz Gonsalves. Sustentabilidade: um longo processo histórico de reavaliação crítica da relação existente entre a sociedade e o meio ambiente. Senac, Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: http://www.senac.br/BTS/363/artigo6.pdf. Acesso em: 23 de Abril de 2013. ASSMANN, H. Reencantar a educação: Rumo à sociedade aprendente. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. 251p. BENI, Mario Carlos. Análise estrutural do Turismo. 11ª ed. ver. atualiz. São Paulo: Editora Senac, 2006. BECK, C. G; et. al. Problemática dos Resíduos Sólidos Urbanos do Município de João Pessoa: Aplicação do Modelo P-E-R. Qualit@s Revista Eletrônica, v.8. n. 3, 2009. BEDANTE, Gabriel Navarro. A influência da consciência ambiental e das atitudes em relação ao consumo sustentável na intenção de compra de produtos ecologicamente embalados. Dissertação de mestrado, UFRGS. Porto Alegre, 2004. disponível em:
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 24 de 26
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/3904/000450535.pdf?sequence=1influencia. Acesso em: 25 de Abril de 2013. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasilia: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 1997. ______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Meio Ambiente e Saúde. Brasília: MEC/SEF, 2001. CÂMARA DOS DEPUTADOS. Conferência das nações sobre o meio ambiente e desenvolvimento. Biblioteca digital da câmara dos deputados, 1995. Disponível em: http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/agenda21.pdf. Acesso em 23 de Abril de 2013. CANEPA, Carla. Cidades Sustentáveis: o município como lócus da sustentabilidade. São Paulo: Editora RCS, 2007. CASCINO, Fabio. Educação Ambiental: princípios, história, formação de professores. 4ª ed. – São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2007. CARVALHO, Luiz Marcelo de. KAWASAKI, Clarice Sumi. Tendências da pesquisa em Educação Ambiental. Belo Horizonte: Educação em revista. v.25. n. 03. p.143- 157. 2009. COSTA, Miriam Brum da Silva; PINTO, Miguel Luiz Marun. Gestão participativa: a trajetória no Brasil. Disponível em: http://www.uff.br/rpca/Volume%205/Gestao.pdf. Acesso em: 25 de Abril de 2013. COSTA, Rosanda Guedes da Silva; ROCHA, Laís Shavion Da. As vantagens e desvantagens das energias renováveis e não renováveis. UNIGRANRIO, 2011. Disponível em: http://www.unigranrio.br/recursos/documentos/ICJr/12ICJr.pdf. Acesso em 27 de Abril de 2013. DIAS, Reinaldo. Introdução ao turismo. São Paulo: atlas, 2005. DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas – 9.ed. – São Paulo: Gaia, 2004. FAZENDA, Ivani (Org.) Práticas Interdisciplinares na Escola. 10 ed. São Paulo: Cortez, 2005. FERNANDES, Ermínio; SILVA, Ralyne Evelyn Cavalcante. Mudanças climáticas: um panorama das discussões atuais. Natal: Sociedade e território, 2010. FERRARO JUNIOR, Luiz Antônio; MENDONÇA, Rachel Trajber Patrícia; SORRENTINO, Marcos. Educação ambiental como política pública. Educação e pesquisa. São Paulo, 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n2/a10v31n2.pdf. Acesso em 25 de Abril de 2013. FISCHER, Tânia. Poderes locais, desenvolvimento e gestão (2004). In: ABDL - Associação Brasileira para o desenvolvimento de lideranças. Desenvolvimento Sustentável. Disponível em <http://www.abdl.org.br/article/articleview/389/1/81/>. Acesso em nov. de 2012. FLORIANO, Eduardo Pagel. Planejamento ambiental. Caderno didático. Santa Rosa, 2004. Disponível em: http://www.bvsde.paho.org/bvsacd/cd51/planejamento.pdf. Acesso em: 26 de Abril de 2013. GODARD, O. A gestão integrada dos recursos naturais e do meio ambiente: conceitos, instituições e desafios de legitimação. In: VIEIRA, P. F., WEBER, J. (Orgs.). Gestão de recursos renováveis e desenvolvimento: novos desafios para a pesquisa ambiental. São Paulo: Cortez, 2002. JACOBI, Pedro. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de pesquisa, 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/n118/16834.pdf. Acesso em: 23 de Abril de 2013. ____________. Meio ambiente e sustentabilidade. Cenários e Perspectivas, 1996. Disponível em: http://franciscoqueiroz.com.br/portal/phocadownload/desenvolvimento%20sustentavel.pdf. Acesso em: 20 de Abril de 2013. KINDEL, Eunice Aita Isaia; LISBOA, Cassiano Pamplona. Educação ambiental. Porto Alegre: Mediação, 2012. KUHN, Thomas S. A Estrutura das Revoluções Científicas. 9ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2009. 260 p. Tradução Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira. Título original: The Structure of Scientific Revolutions. 2006.
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 25 de 26
LEFF, E. Saber Ambiental: sustentabilidade, racionalidade, Complexidade, Poder. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. ______. Epistemologia Ambiental. 4ed. São Paulo: Cortez, 2006. LIRA, W. S.; CÂNDIDO, G. A. Análise dos Modelos de Indicadores no Contexto do Desenvolvimento Sustentável. Revista Perspectivas Contemporâneas, Campo Mourão, v. 3, n. 1, p. 31-45, 2008. LOCH, Carlos; WALKOWISKI, Marinês da Conceição. O processo participativo no planejamento turístico do espaço rural de Alfredo Wagner-SC. Revista Brasileira de pesquisa e turismo. Florianópolis-SC, 2009. Disponível em: http://revistas.univerciencia.org/turismo/index.php/rbtur/article/viewFile/132/165. Acesso em: 28 de Abril de 2013. LOUREIRO, C. F. B. et al. (Orgs.). Educação Ambiental: repensando o espaço da cidadania. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2002. LOUREIRO, C. F. B. et al. Educação Ambiental e gestão participativa em unidades de conservação. 2° ed. (revisada e atualizada). Rio de Janeiro: IBAMA, 2005. MARCATTO, Celso. Educação ambiental: conceitos e princípios. Belo Horizonte, MG: Fundação estadual do meio ambiente, 2002. Disponível em: http://preajf.files.wordpress.com/2009/07/educac3beoo-ambiental-conceitos-e-princypios.pdf. Acesso em: 22 de Janeiro de 2013. MEDEIROS, Janaina Luciana de; FARIAS, Mayara Ferreira de. Planejamento participativo, desenvolvimento local e turismo religioso na cidade de Santa Cruz (Rio Grande do Norte). In: A Conferência da Terra – Fórum Internacional do Meio Ambiente: qualidade de vida, mobilidade e segurança nas cidades. João Pessoa. 2012a. ______. Geoturismo, Geodiversidade e Desenvolvimento: Perspectivas sobre o Geoturismo no Seridó/RN. In: A Conferência da Terra – Fórum Internacional do Meio Ambiente: qualidade de vida, mobilidade e segurança nas cidades. João Pessoa. 2012b. MININNI, N.M. Elementos para a introdução da dimensão ambiental na educação escolar - 1º. grau. In: BRASIL. Ministério do Ambiente e da Amazônia Legal. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Amazônia: uma proposta interdisciplinar de educação ambiental. Documentos metodológicos. Brasília: IBAMA, 1994. PANOSSO NETTO, Alexandre. Filosofia do turismo: teoria e epistemologia. 2 ed. rev. E ampl. São Paulo: Aleph, 2011. PEDRINI, Alexandre de Gusmão (org). Educação ambiental: reflexões e práticas contemporâneas. 6.ed. Petrópolis: Vozes, 2008. PHILLIPPI JR, A. et al. Uma introdução à questão ambiental. In: Curso de Gestão Ambiental. Barueri: Manole, 2004. QUINTAS, J. S.(org) - Pensando e praticando a educação ambiental na gestão do meio ambiente. IBAMA. Brasília. 2002. QUINTAS, J. S. e GUALDA, M. J. A Formação do Educador para Atuar no Processo de Gestão Ambiental. Brasília: Edições IBAMA, 1995..(Série Meio Ambiente em Debate 1). 29p RAMOS, Fernando Antônio Guimarães; RIBEIRO, Marizélia Rodrigues Costa. Educação ambiental no cotidiano escolar: estudo de caso etnográfico. Caderno de pesquisa. São Luís, MA, 1999. Disponível em: http://www.pppg.ufma.br/cadernosdepesquisa/uploads/files/Artigo%203(13).pdf. Acesso em: 25 de Abril de 2013. REIGOTA, M. Meio Ambiente e representação social. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2007.coleção Questões de nossa época. ______. O Que é educação ambiental. São Paulo: Brasiliense, 2006. – (coleção primeiros passos; 292). SANTOS, José Manuel Figueiredo. Trilhos da sustentabilidade turística. Disponível em: http://recil.grupolusofona.pt/bitstream/handle/10437/1874/506-1760-1-PB.pdf?sequence=1. Acesso em: 23 de Abril de 2013. SEIFFERT, M. E. B. Gestão Ambiental: instrumentos, esferas de ação e educação ambiental. São Paulo: Atlas, 2007.
Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e Ciências Sociais – Ano 09 – 2013 ISSN 1809-3264
Página 26 de 26
SILVA, Judson Daniel Januário da. A percepção dos alunos do ensino médio em relação ao curso de turismo oferecido pela UFRN- campus de Currais Novos. 2012. 96 f. Monografia (Graduação em Turismo)- Centro de Ensino Superior do Seridó, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Currais Novos, 2012. SOUZA, Cláudio Gomide de. Gestão participativa: conceitos e operações fundamentais. Faculdade de ciências e letras- UNESP, 1997. Disponível em: http://portal.fclar.unesp.br/publicacoes/revista/polit_gest/edi1_artigoclaudiogomide.pdf. Acesso em: 26 de Abril de 2013. SOUZA, Maria Cristina da Cunha. Educação ambiental em unidades de conservação: análises dos processos desenvolvidos pela estação ecológica do Caiuá-PR. Trabalho de conclusão de curso, UNESP. Rosana: São Paulo, 2011. Disponível em: http://biblioteca.rosana.unesp.br/upload/MarianaCristinadaCunhaSouza.pdf. Acesso em: 22 de Abril de 2013. SOUSA JUNIOR, W. C. de. Gestão das Águas no Brasil: Reflexões, Diagnósticos e Desafios/IEB . São Paulo: Petrópolis, 2004. TRIGO, Luiz Gonzaga Godoi. Apresentação. In: PANOSSO NETTO, Alexandre. Filosofia do turismo: teoria e epistemologia. 2 ed. rev. E ampl. São Paulo: Aleph, 2011. UNESCO, Década da educação das Nações Unidas para um desenvolvimento sustentável, 2005-2014: documento final do esquema internacional de implementação. – Brasília: 2005. YOUNG, Hilda Pon. Preservação ambiental: uma retórica no espaço ideológico da manutenção do capital. Revista Fae. Curitiba, 2001. Disponível em: http://www.unifae.br/publicacoes/pdf/revista_da_fae/fae_v4_n3/preservacao_ambiental_uma.pdf. Acesso em: 22 de Abril de 2013. ZULAUF, W;E. O meio ambiente e o futuro. Estudos avançados, 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ea/v14n39/v14a39a09. Acesso em: 21 de Abril de 2013.