a famÍlia dennstaedtiaceae pic. serm. sensu lato...
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A FAMÍLIA DENNSTAEDTIACEAE PIC. SERM. SENSU LATO
(POLYPODIOPSIDA) NO ESTADO DE MINAS GERAIS,
BRASIL
Francine Costa Assis
Dissertação apresentada ao Instituto de Ciências
Biológicas da Universidade Federal de Minas
Gerais como requisito parcial para obtenção do
título de Mestre em Biologia Vegetal.
Orientador: Dr. Alexandre Salino
Belo Horizonte – Minas Gerais
Fevereiro – 2008
Dedico este trabalho aos meus queridos pais
AGRADECIMENTOS
Ao Alexandre Salino pela orientação.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa
concedida em parte do curso.
A Myrian Morato Duarte, pelos desenhos que ilustram este trabalho.
A todos os pteridólogos do Laboratório de Sistemática Vegetal da Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG).
A todos os professores e funcionários, por todo auxílio.
A todos do Laboratório de Sistemática Vegetal da Universidade Federal de Minas
Gerais.
A todos os colegas da Pós-graduação em Biologia Vegetal da UFMG.
A todos os meus amigos que estiveram ao meu lado e àqueles que mesmo distantes
torceram por mim. Adoro todos vocês.
A família Abrigo da Luz, que me recebeu de braços abertos, dando-me a oportunidade
de melhorar como pessoa.
Aos meus pais, pela oportunidade de aprimoramento, em todos os campos da vida.
A minha amada família, que sempre esteve ao meu lado e, principalmente, acreditando
em mim.
SUMÁRIO
RESUMO........................................................................................................................................I
ABSTRACT .................................................................................................................................. II
INTRODUÇÃO..............................................................................................................................1
MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................................3
DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO....................................................................................3
AMOSTRAGEM E ANÁLISE DE DADOS...............................................................................4
RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................................5
TRATAMENTO TAXONÔMICO...............................................................................................5
Dennstaedtiaceae Pic. Serm. .............................................................................................5
Chave para os gêneros de Dennstaedtiaceae em Minas Gerais........................................7
1. Blotiella R.M. Tryon..........................................................................................................8
1.1. Blotiella lindeniana (Hook.) R.M. Tryon........................................................................8
2. Dennstaedtia Bernh. .......................................................................................................9
Chave para as espécies de Dennstaedtia em Minas Gerais...............................................9
2.1. Dennstaedtia cicutaria (Sw.) T. Moore.......................................................................10
2.2. Dennstaedtia cornuta (Kaulf.) Mett. ...........................................................................11
2.3. Dennstaedtia dissecta (Sw.) T. Moore........................................................................12
2.4. Dennstaedtia globulifera (Poir.) Hieron. .....................................................................14
3. Histiopteris (J. Agardh) J. Sm. ......................................................................................16
3.1. Histiopteris incisa (Thunb.) J. Sm. .............................................................................17
4. Hypolepis Bernh. ..........................................................................................................18
Chave para as espécies de Hypolepis em Minas Gerais..................................................19
4.1. Hypolepis aquilinaris (Fée) Christ...............................................................................19
4.2. Hypolepis mitis............................................................................................................22
4.3 Hypolepis repens (L.) C. Presl.....................................................................................23
4.4.. Hypolepis stolonifera Fée..........................................................................................24
5. Lindsaea Dryand. ex Sm. .............................................................................................27
Chave para as espécies de Lindsaea em Minas Gerais...................................................27
5.1. Lindsaea arcuata Kunze.............................................................................................28
5.2. Lindsaea bifida (Kaulf.) Mett. ex Kuhn........................................................................30
5.3. Lindsaea botrychioides A.St.-Hil. ...............................................................................31
5.4. Lindsaea divaricata Klotzsch......................................................................................32
5.5. Lindsaea guianensis (Aubl.) Dryand. ssp. lanceastrum K.U. Kramer.........................36
5.6. Lindsaea lancea (L.) Bedd. var. lancea......................................................................37
5.7. Lindsaea ovoidea Fée................................................................................................39
5.8. Lindsaea quadrangularis Raddi ssp. quadrangularis.................................................41
5.9. Lindsaea stricta (Sw.) Dryand. var. stricta..................................................................42
5.10. Lindsaea virescens Sw. var. virescens.....................................................................45
6. Paesia A.St.-Hil. ............................................................................................................46
6.1. Paesia glandulosa (Sw.) Kuhn....................................................................................48
7. Pteridium Gled. ex Scop. ..............................................................................................49
7.1. Pteridium arachnoideum (Kaulf.) Maxon....................................................................49
8. Saccoloma Kaulf. ..........................................................................................................52
Chave para as espécies de Saccoloma em Minas Gerais................................................52
8.1. Saccoloma elegans Kaulf. .........................................................................................52
8.2. Saccoloma inaequale (Kunze) Mett. ..........................................................................54
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E AMBIENTES DE OCORRÊNCIA................................56
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................................79
I
RESUMO
Dennstaedtiaceae sensu lato é formada por cerca de 20 gêneros e 175 espécies. A família é
caracterizada pelo caule ereto, raramente arborescente, curto a longo-reptante, com tricomas
e/ou escamas, folhas geralmente pinadas, raro simples, soros indusiados e marginais,
submarginais ou raramente abaxiais, esporângios curto a longo-pedicelados, ânulo
interrompido pelo pedicelo, esporos sem clorofila. Foram encontrados no estado de Minas
Gerais oito gêneros e 24 espécies de Dennstaedtiaceae: Blotiella lindeniana (Hook.) R.M.
Tryon, Dennstaedtia cicutaria (Sw.) T. Moore, D. cornuta (Kaulf.) Mett., D. dissecta (Sw.) T.
Moore, D. globulifera (Poir.) Hieron., Histiopteris incisa (Thunb.) J. Sm., Hypolepis aquilinaris
(Fée) Christ, H. repens (L.) C. Presl, H. stolonifera Fée, H. mitis Kunze, Lindsaea arcuata
Kunze, L. bifida (Kaulf.) Mett. ex Kuhn, L. botrychioides St.-Hil., L. divaricata Klotzsch, L.
guianensis ssp. lanceastrum K.U. Kramer, L. lancea (L.) Bedd. var. lancea, L. ovoidea Fée, L.
quadrangularis Raddi ssp. quadrangularis, L. stricta (Aubl.) Dryand. var. stricta, L. virescens
Sw. var. virescens, Paesia glandulosa (Sw.) Kuhn, Pteridium arachnoideum (Kaulf.) Maxon,
Saccoloma elegans Kaulf. e S. inaequale (Kunze) Mett. São apresentadas descrições, chaves
de identificação, ilustrações, comentários e distribuição geográfica dos táxons.
Palavras-chave: Brasil, Dennstaedtiaceae, florística, Pteridófitas, taxonomia
II
ABSTRACT
Dennstaedtiaceae sensu lato is a family contains about 20 genera and 175 species. The family
is characterized by stem erect, short or very long-creeping, bearing trichomes or scales, or both,
leaves pinnate or rarely simple, indusiate and marginal, submarginal or rarely abaxial sori,
sporangia short to usually long-stalked, annulus interrupted by the stalk, spores lacking
chlorophyll. Eight genera and twenty four species were found: Blotiella lindeniana (Hook.) R.M.
Tryon, Dennstaedtia cicutaria (Sw.) T. Moore, D. cornuta (Kaulf.) Mett., D. dissecta (Sw.) T.
Moore, D. globulifera (Poir.) Hieron., Histiopteris incisa (Thunb.) J. Sm., Hypolepis aquilinaris
(Fée) Christ, H. repens (L.) C. Presl., H. stolonifera Fée, H. mitis Kunze, Lindsaea arcuata
Kunze, L. bifida (Kaulf.) Mett. ex Kuhn, L. botrychioides St.-Hil., L. divaricata Klotzsch, L.
guianensis ssp. lanceastrum K.U. Kramer, L. lancea (L.) Bedd. var. lancea, L. ovoidea Fée, L.
quadrangularis Raddi ssp. quadrangularis, L. stricta (Aubl.) Dryand. var. stricta, L. virescens
Sw. var. virescens, Paesia glandulosa (Sw.) Kuhn, Pteridium arachnoideum (Kaulf.) Maxon,
Saccoloma elegans Kaulf., and S. inaequale (Kunze) Mett. Descriptions, identification keys,
illustrations, geographical distribution, and comments of taxa are provided.
Key words: Brazil, Dennstaedtiaceae, Ferns, floristics, taxonomy.
1
INTRODUÇÃO
Dennstaedtiaceae Pic. Serm. é formada por cerca de 20 gêneros e 175 espécies (Tryon
& Stolze, 1989). O nome da família foi usado primeiramente por Herter (1940), porém não
publicado validamente até 1970 (Pichi Sermolli, 1970). Está largamente distribuída no mundo e,
embora seja predominantemente pantropical, possui algumas espécies boreais ou de regiões
temperadas austrais (Tryon & Stolze, 1989).
Dennstaedtiaceae pode ser caracterizada pelo caule longo-reptante, coberto por
tricomas, folhas decompostas, soros indusiados e marginais ou submarginais, e a presença
freqüente de gema epipeciolar (Tryon & Stolze, 1989).
Os estudos filogenéticos com representantes de Dennstaedtiaceae com base em dados
moleculares (Hasebe et al., 1994, Wolf et al., 1994, Hasebe et al., 1995) apontaram que: a)
Dennstaedtiaceae emerge no clado basal de samambaias leptosporangiadas; b) todos os três
estudos sugerem que os gêneros lindseóides ocupam um clado separado de Dennstaedtiaceae
sensu stricto. De acordo com Wolf et al. (1994), Dennstaedtiaceae sensu lato é parafilética,
sendo que de acordo com Hasebe et al. (1994, 1995) a família sensu lato é polifilética.
Smith et al. (2006) apresentam uma nova classificação para as famílias e gêneros de
pteridófitas, baseada numa hipótese filogenética que utiliza tanto dados morfológicos quanto
moleculares na análise. Segundo Smith et al. (2006), Dennstaedtiaceae sensu lato deve ser
segregada em Dennstaedtiaceae (ca. 11 gêneros), Saccolomataceae (apenas um gênero) e
Lindsaeaceae (ca. oito gêneros). O presente estudo utilizou para a família a circunscrição de
Dennstaedtiaceae sensu lato adotada por Tryon & Tryon (1982).
Do total de gêneros, cerca de seis ocorrem em somente um ou dois continentes
(Kramer, 1990). Segundo Tryon & Tryon (1982), cerca de 12 gêneros de Dennstaedtiaceae
ocorrem na região Neotropical, dos quais 10 possuem representantes no Brasil. Desses 10
gêneros, apenas três possuem revisões taxonômicas, porém desatualizadas: Dennstaedtia
(Tryon, 1960), Lindsaea (Kramer, 1957) e Pteridium (Tryon, 1941). Apesar disso, muitas
espécies da família foram tratadas em trabalhos florísticos/taxonômicos para diversas regiões
da América: América Central como um todo (Moran, 1995), México (Smith, 1981; Mickel &
Beitel, 1988; Mickel & Smith, 2004), Pequenas Antilhas (Proctor, 1977), Cuba (Duek, 1968),
Jamaica (Proctor, 1985) Porto Rico (Proctor, 1989), Guatemala (Stolze, 1981), Venezuela
(Smith, 1995), Peru (Tryon & Stolze, 1989), Guianas (Cremers & Kramer, 1991) e Suriname
(Kramer, 1978).
Os trabalhos disponíveis sobre as espécies brasileiras de Dennstaedtiaceae são
geralmente antigos como a Flora Brasiliensis (Baker 1870), Flora Ilustrada Catarinense
(Sehnem 1972), ou regionais como Ilha de Maracá (Edwards 1998), Rio Grande do Sul
(Kieling-Rubio & Windisch 2002, apenas Dennstaedtia), Flora do Maciço da Juréia (Prado
2
2004a), Parque Estadual das Fontes do Ipiranga – SP (Prado 2004b), Reserva do Rio das
Pedras – Mangaratiba (Mynssen & Windisch 2004), Reserva Ducke - Manaus (Prado 2005) e
Parque Estadual de Vila Velha – Ponta Grossa (Schwartsburd & Labiak 2007), nos quais
somente algumas espécies são tratadas, o mesmo ocorrendo para Minas Gerais nos trabalhos
da Serra do Cipó (Prado & Windisch 1996), Grão Mogol (Prado & Labiak 2003) e Estação
Ecológica do Panga – Uberlândia (Arantes et al. 2008).
O objetivo desse trabalho foi realizar um estudo taxonômico da família
Dennstaedtiaceae no Estado de Minas Gerais, elaborando descrições, chaves de identificação
e ilustrações dos táxons, bem como fornecer dados sobre distribuição geográfica, ambientes
de ocorrência e comentários taxonômicos, contribuindo assim para a ampliação do
conhecimento da flora pteridofítica de Minas Gerais.
3
MATERIAIS E MÉTODOS DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O estado de Minas Gerais está situado na região sudeste do Brasil, entre as latitudes
14°10` e 22° 55` S e as longitudes 39° 52` e 51° W, limitando-se ao norte e nordeste com o
estado da Bahia, a noroeste com o estado de Goiás, ao sul com os estados de São Paulo e Rio
de Janeiro, a sudeste com o estado do Rio de Janeiro, a sudoeste com o estado de São Paulo,
a leste com o estado do Espírito Santo, a oeste com o estado de Goiás e uma pequena porção
do estado de Mato Grosso do Sul. O estado de Minas Gerais ocupa uma área de 588.384 km2,
que corresponde a cerca de 7% do território brasileiro. Cerca de 90% de sua área está drenada
por cinco grandes bacias (São Francisco, Grande, Paranaíba, Doce e Jequitinhonha), e os 10%
restantes por 10 bacias que abrangem pequenas áreas (Drummond et al., 2005).
O relevo de Minas Gerais é bastante variado e fortemente acidentado em algumas
porções, destacando-se as elevações expressivas, como a serra da Mantiqueira, na divisa com
os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a cadeia do Espinhaço, na porção central do
território, na direção norte–sul, e a serra do Caparaó, na divisa com o Espírito Santo (Costa et
al., 1998). O estado apresenta altitudes que variam de 79 metros, no município de Aimorés, a
2890 metros, no pico da Bandeira, na divisa com o Espírito Santo (Costa et al., 1998), sendo
que 57% do território está acima dos 600 metros de altitude, sendo considerado o estado mais
elevado do país.
O estado de Minas Gerais apresenta uma grande diversidade climática. Adotando a
classificação de Köppen, quatro regiões climáticas são reconhecidas: Cwb (clima subtropical de
altitude), Cwa (clima temperado chuvoso), Aw (clima tropical úmido) e BSw (clima seco com
chuvas no verão) (Antunes, 1986). O estado também apresenta grande variação geológica e
conseqüentemente de tipos de solo. Os latossolos, solos profundos típicos dos chapadões,
ocorrem em grande parte do estado. Os cambissolos, mais rasos, ocorrem principalmente em
áreas acidentadas, associados geograficamente aos latossolos. Os solos podzólicos, situados
entre os latossolos e os cambissolos, caracterizam-se pelo aumento no teor de argila com a
profundidade. Também rasos, os solos litólicos em geral apresentam uma fina camada de
material terroso sobre a rocha. Os solos hidromórficos e aluviais ocupam geralmente as partes
que contêm depressões, estando esses últimos associados às calhas dos rios (Resende,
1985).
Dos cinco biomas brasileiros, três estão representados em Minas Gerais: Mata Atlântica,
Cerrado e Caatinga. Na porção leste-sudeste há predomínio de formações vegetacionais da
Mata Atlântica. Na parte centro-ocidental, há predomínio das formações do bioma Cerrado e na
porção norte uma influência de formações da Caatinga. Nas áreas do bioma Mata Atlântica no
4
estado encontramos predomínio das formações florestais, representadas por Floresta
Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista e Floresta Estacional Semidecidual, além das
formações campestres (campos de altitude). Nas áreas do bioma Cerrado em Minas Gerais há
formações florestais (mata ciliar, mata de galeria, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta
Estacional Decidual, Cerradão), formações savânicas (Cerrado sentido restrito, Parque de
Cerrado, Palmeiral e Vereda) e formações campestres (campo rupestre, campo limpo, campo
sujo). Nas áreas do bioma Caatinga predominam as “Matas Secas” (Floresta Estacional
Decidual). Além disso, há as formações vegetacionais nas áreas de transição entre os biomas
(A. Salino, com. pessoal.).
AMOSTRAGEM E ANÁLISE DE DADOS
Este estudo foi realizado com base em material proveniente de herbários nacionais,
bem como em espécimes obtidos em excursões de coleta.
Foram examinados materiais dos seguintes herbários: BHCB: Herbário do
Departamento de Botânica da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG; F:
Field Museum of Natural History, E.U.A.; HB: Herbário Bradeanum, Rio de janeiro, RJ; HUFU:
Herbário da Universidade Federal de Uberlândia, MG; MBM: Museu Botânico Municipal de
Curitiba, PR; MBML: Museu de Biologia Melo Leitão, ES; OUPR: Herbário da Universidade
Federal de Ouro Preto, MG; R: Museu Nacional, Rio de janeiro, RJ; RB: Herbário do Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, RJ; SJRP: Herbário UNESP - São José do Rio Preto, SP; SPF:
Herbário do Instituto de Botânica da Universidade de São Paulo, SP. As siglas dos herbários
estão segundo Holmgren et al. (1990).
Foram realizadas excursões para coleta e registro de dados, nas regiões Noroeste e
Norte de Minas, Baixo Vale do Jequitinhonha, Central Mineira, Triângulo Mineiro, Vale do Rio
Doce, Zona da Mata, Sudeste e Sul de Minas Gerais. As excursões foram realizadas pela
equipe do grupo de pesquisa em Sistemática e Biogeografia de Pteridófitas da Universidade
Federal de Minas Gerais. As amostras foram coletadas e preparadas segundo técnicas usuais
de herborização. As unicatas foram depositadas no acervo do herbário BHCB.
A descrição da família foi elaborada com base nos trabalhos de Tryon & Tryon (1982),
Tryon & Stolze (1989) e Kramer (1990). As descrições dos gêneros foram elaboradas com base
nos trabalhos de Kramer (1957), Sehnem (1972), Tryon & Tryon (1982), Mickel & Beitel (1988),
Tryon & Stolze (1989), Moran (1995), Smith & Kramer (1995), Navarrete & Øllgaard (2000),
Kieling-Rubio & Windisch (2002) e Mickel & Smith (2004), além das exsicatas analisadas. As
descrições da família e gêneros apresentam amplitude nacional.
As descrições das espécies foram elaboradas exclusivamente com base no material
examinado. As informações sobre o habitat foram retiradas das etiquetas de herbário e de
5
observações de campo. Nas descrições e na citação do material examinado foram utilizadas as
seguintes abreviações: compr.= de comprimento, diâm.= de diâmetro, s.d.= sem data, s.n.=
sem número de coleta, ou sem número de registro em herbário e s.c.= sem coletor
determinado na etiqueta.
A distribuição geográfica dos táxons foi elaborada com base nos materiais examinados,
fotos de material depositado em herbários nacionais, além de informações obtidas na mesma
literatura utilizada para as descrições dos gêneros. As medidas das estruturas foram realizadas
em materiais férteis; o comprimento das pinas corresponde ao das medianas; o comprimento
das pínulas refere-se ao das medianas das pinas medianas; a largura das pinas e pínulas foi
medida na parte média. A medida do diâmetro do caule foi realizada próxima ao pecíolo, e para
o diâmetro do pecíolo a medida foi feita na base. Para a descrição da morfologia em geral,
foram utilizados os termos propostos no glossário de Lellinger (2002), com modificações.
Para o estudo do padrão de venação e do tipo de indumento (tricomas, escamas,
glândulas) foram preparadas lâminas semipermanentes utilizando a técnica descrita por Foster
(1949), com modificações.
As ilustrações dos táxons foram feitas pela desenhista Myrian Morato Duarte.
Os mapas foram elaborados baseando-se exclusivamente no material examinado e
mostram apenas a distribuição dos táxons na área de estudo. Os pontos nos mapas
correspondem às coordenadas geográficas retiradas das etiquetas presentes nas exsicatas,
quando a informação não estava disponível foi utilizada a coordenada correspondente à sede
do município onde a coleta foi feita.
No tratamento taxonômico, os táxons estão arranjados em ordem alfabética. A
abreviação dos nomes dos autores dos táxons está de acordo com Pichi Sermolli (1996).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
TRATAMENTO TAXONÔMICO
Dennstaedtiaceae Pic. Serm., Webbia 24: 704. 1970.
Plantas terrestres ou rupícolas, raro epífitas. Caule ereto, raramente arborescente,
curto a longo-reptante, com tricomas e/ou escamas. Folhas ca. 20 cm a 7 m compr., raro 12 m
compr., de vernação circinada, geralmente pinadas, raro simples e cordadas a sagitadas,
geralmente monomorfas; nervuras livres a completamente anastomosadas, sem vênulas livres
nas aréolas. Soros marginais, submarginais, ou raramente abaxiais, nas extremidades das
nervuras ou sobre uma comissura vascular; indúsio em forma de taça ou bolsa, ou formado por
segmento modificado da margem da lâmina revoluta sobre os esporângios, ou indúsio abaxial
estendido lateralmente, ou ainda um indúsio marginal bem desenvolvido e outro interno abaxial
6
menos desenvolvido; esporângios curtos a geralmente longo-pedicelados, com ângulo
longitudinal a levemente oblíquo, ânulo interrompido pelo pedicelo, isosporados, esporos
monoletes ou triletes, sem clorofila.
Foram reconhecidas no estado de Minas Gerais 19 espécies, três variedades e três
subespécies, distribuídas em oito gêneros (tabela 1).
Tabela 1. Lista dos táxons de Dennstaedtiaceae ocor rentes no estado de Minas Gerais.
1. Blotiella lindeniana (Hook.) R.M. Tryon
2. Dennstaedtia cicutaria (Sw.) T. Moore
3. D. cornuta (Kaulf.) Mett.
4. D. dissecta (Sw.) T. Moore
5. D. globulifera (Poir.) Hieron.
6. Histiopteris incisa (Thunb.) J. Sm.
7. Hypolepis aquilinaris (Fée) Christ
8. Hypolepis mitis Kunze, Linnaea 36: 105. 1869.
9. H. repens (L.) C. Presl
10. H. stolonifera Fée
11. Lindsaea arcuata Kunze
12. L. bifida (Kaulf.) Mett. ex Kuhn
13. L. botrychioides A.St.-Hil.
14. L. divaricata Klotzsch
15. L. guianensis (Aubl.) Dryand. ssp. lanceastrum K.U. Kramer
16. L. lancea (L.) Bedd. var. lancea
17. L. ovoidea Fée
18. L. quadrangularis Raddi ssp. quadrangularis
19. L. stricta (Sw.) Dryand. var. stricta
20. L. virescens Sw. var. virescens
21. Paesia glandulosa (Sw.) Kuhn
22. Pteridium arachnoideum (Kaulf.) Maxon
23. Saccoloma elegans Kaulf.
24. S. inaequale (Kunze) Mett.
7
Chave para os gêneros de Dennstaedtiaceae em Minas Gerais
1. Uma única nervura em cada soro.
2. Caule ereto, com escamas ............................................................................. 8. Saccoloma
2’. Caule reptante, sem escamas.
3. Esporos monoletes; indúsio formado pela margem da lâmina revoluta e modificada
...................................................................................................................... 4. Hypolepis
3’. Esporos triletes; indúsio em forma de taça ou bolsa ............................. 2. Dennstaedtia
1’. Duas ou mais nervuras em cada soro.
4. Pinas ou pínulas dimidiadas, flabeladas ou ovadas .......................................... 5. Lindsaea
4’. Pinas ou pínulas lineares, elípticas, lanceoladas, raro deltóides.
5. Nervuras livres.
6. Lâmina com tricomas glandulares ..................................................................6. Paesia
6’. Lâmina sem tricomas glandulares
7. Segmentos estéreis e porção estéril de segmentos férteis com margem
modificada similar ao indúsio; indúsio abaxial presente ..........................7. Pteridium
7’. Segmentos estéreis e porção estéril de segmentos férteis com margem não
modificada similar ao indúsio, somente porção fértil do segmento com margem
modificada em indúsio; indúsio abaxial ausente ........................................ 1. Blotiella
5’. Nervuras anastomosadas.
8. Caule com escamas; lâmina geralmente glabra, usualmente glauca na face abaxial
............................................................................................................... 3. Histiopteris
8’. Caule sem escamas; lâmina sempre pilosa, não glauca na face abaxial
........................................................................................................................................1. Blotiella
8
1. Blotiella R.M. Tryon, Contr. Gray Herb. 191: 96. 1962.
Plantas terrestres; caule reptante, com tricomas e sem escamas. Folhas com até 6 m
compr., eretas, às vezes escandentes, sem espinhos; pecíolo com tricomas; lâmina 2-pinado-
pinatífida, pubescente, sem escamas e gemas, abaxialmente não glaucas, raque não flexuosa;
nervuras geralmente completamente anastomosadas, sem vênulas livres, raramente livres.
Soros marginais, em comissura vascular que conecta o ápice de mais de uma nervura; indúsio
marginal bem modificado; indúsio abaxial ausente; esporos monoletes.
Blotiella é um dos poucos gêneros de pteridófitas fortemente centrados na África (ca. 15
espécies), apresentando uma única espécie na região Neotropical: Blotiella lindeniana (Hook.)
R.M. Tryon (Tryon & Tryon 1982; Kramer 1990). Difere dos outros gêneros de
Dennstaedtiaceae por apresentar pinas pubescentes com nervuras livres a anastomosadas e
esporos monoletes.
1.1. Blotiella lindeniana (Hook.) R.M. Tryon, Contr. Gray Herb. 191: 99. 1962. Lonchitis
lindeniana Hook. Sp. Fil. 2: 56. 1851.
Figura 1A – C.
Plantas com caule 8,24 – 10,95 mm diâm., piloso ou pubescente com tricomas
catenados. Folhas 135,8 – 180,5 cm compr.; pecíolo 32 – 54,6 x 0,70 – 0,89 cm, sulcado
adaxialmente, com tricomas aciculares, catenados ou clavados; lâmina 103,8 – 125,9 cm
compr., 2-pinado-pinatífida, membranácea, lanceolada ou elíptica, ápice agudo ou cuneado;
raque sulcada adaxialmente, com tricomas aciculares, catenados e clavados; pinas 17,2 – 33,3
cm compr., sésseis, lanceoladas a elípticas, ápice cuneado, às vezes caudado; costa sulcada
adaxialmente, pilosa ou pubescente; pínulas 2,1 – 5,2 x 0,99 – 1,7 cm, sésseis, lineares, ápice
cuneado, às vezes caudado, margem crenada, as basais reduzidas ou ausentes no lado
acroscópico, reduzidas ou não no lado basioscópico; cóstula sulcada ou não adaxialmente,
pilosa ou pubescente; indumento de tricomas aciculares e clavados na costa, cóstula, tecido
laminar e margens dos segmentos, tricomas catenados na costa e cóstula, nervuras glabras.
Soros reniformes, nos enseios ou nos lados acroscópico e basioscópico; indúsio
membranáceo, crenada, pubescente com tricomas aciculares ou catenados.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Santa Maria do Salto, Distrito de Talismã, Fazenda Duas Barras,
16°24’16,5” S e 40°03’27,4” W, X.2003, A. Salino et al. 9236 (BHCB). Simonésia, RPPN Mata do Sossego,
20°04’2,0” S e 42°04’40,4” W, V.2006, A. Salino et al. 11027 (BHCB).
9
Material adicional examinado: BRASIL. SÃO PAULO: Eldorado, Parque Estadual Intervales, 24°16’39” S e
48°24’25” W, 16.IV.2003, A. Salino et al. 8481 (BHCB).
Distribuição geográfica: Blotiella lindeniana ocorre na Costa Rica, Jamaica, Haiti, Republica
Dominicana, Venezuela, Colômbia, Bolívia e Brasil (Tryon & Tryon 1982). No Brasil ocorre nos
estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. Figura
8.
Habitats preferenciais: ocorre geralmente em locais muito úmidos, em Floresta Ombrófila
Densa Montana, entre 750 e 1600 m de altitude.
Comentários: Segundo Tryon & Stolze (1989), Blotiella lindeniana apresenta nervuras
completamente anastomosadas, entretanto, no material analisado ocorrem nervuras
anastomosadas e livres. Em Minas Gerais, a espécie é considerada ameaçada de extinção.
2. Dennstaedtia Bernh., J. Bot. 1800(2): 124. 1800 [1801].
Plantas terrestres, raro rupícolas; caule reptante a ascendente, com ou sem tricomas,
sem escamas. Folhas com ca. 20 cm a 4 m, raro até 7 m compr., eretas, às vezes
escandentes, sem espinhos; pecíolo com tricomas; lâmina 1-4-pinado-pinatífida, pubescente ou
glabra, sem escamas, às vezes com gemas, abaxialmente não glauca, raque não flexuosa;
nervuras livres. Soros marginais formados na extremidade de uma única nervura, nos enseios;
indúsio em forma de bolsa ou taça, com margem crenada; esporos triletes.
Dennstaedtia é um gênero tropical e extratropical, com ca. 45 espécies, sendo 12 delas
encontradas na América (Tryon & Tryon 1982). No estado de Minas Gerais ocorrem quatro
espécies. Difere dos outros gêneros de Dennstaedtiaceae por apresentar uma nervura em
cada soro e indúsio em forma de taça ou bolsa.
Chave para as espécies de Dennstaedtia em Minas Gerais
1. Eixo dos penúltimos segmentos com aletas herbáceas no lado basioscópico da face adaxial
perpendiculares ao plano do segmento; caule piloso ...................................2.4. D. globulifera
1’. Eixo dos penúltimos segmentos sem aletas herbáceas; caule glabro ou pubescente
2. Com gemas nas pinas e pínulas; lâmina membranácea a papirácea; pínulas sésseis
10
3. Base do pecíolo com raízes; pinululas 0,34 – 0,52 cm de largura ..........2.3. D. dissecta
3’. Base do pecíolo sem raízes; pinululas 0,15 – 0,28 cm de largura ...........2.2. D. cornuta
2’. Sem gemas nas pinas e pínulas; lâmina cartácea; pínulas pecioluladas ....2.1. D. cicutaria
2.1. Dennstaedtia cicutaria (Sw.) T. Moore, Index Fil. 97. 1857. Dicksonia cicutaria Sw., J. Bot.
1800(2): 91. 1801.
Figura 1D – F.
Plantas terrestres; caule reptante 8,18– 12,23 mm diâm., pubescente com tricomas
aciculares e catenados, ou glabro. Folhas 159,5 – 250,5 cm compr.; pecíolo 69 – 150 x 0,68 –
1,24 cm, sulcado adaxialmente, sem raízes na base, pubescente com tricomas aciculares;
lâmina 90,5 – 100,5 cm compr., 2-pinado-pinatífida a 3-pinado-pinatissecta, cartácea,
lanceolada a elíptica, ápice agudo; raque sulcada adaxialmente, pubescente com tricomas
aciculares e catenados; pinas 18,4 – 54 cm compr., pecioluladas, lanceoladas a lineares, ápice
cuneado a agudo, sem gemas; costa sulcada adaxialmente, pubescente ou pilosa; pínulas 2,6
– 9 x 0,73 – 2 cm, pecioluladas, lanceoladas a lineares, ápice cuneado a agudo, às vezes
caudado, as basais não reduzidas, sem gemas; cóstula sulcada adaxialmente, pubescente ou
pilosa; pinululas 0,89 – 1,11 x 0,32 – 0,45 cm, sésseis, sem aletas na base, lineares,
dimidiadas ou quadrilaterais, ápice redondo, margem crenada a inteira, plana ou recurvada,
glabra, as basais não reduzidas; nervuras bifurcadas, as estéreis clavadas no ápice; indumento
de tricomas catenados na costa, cóstula, tecido laminar e nervuras. Soros oblongos ou
arredondados; indúsio em forma de bolsa, membranáceo, glabro.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Nova Lima, RPPN Mata do Jambreiro, 19°58’15,9” S e 43°53’15,7”
W, 23.III.2004, J.B. Figueiredo 369 (BHCB). Patos de Minas, Cascata, 01.IX.1935, A.P. Duarte 3077 (RB). Sabará,
RPPN de Cuiabá, Base da Serra da Piedade, 19°51’8,7” S e 43°44’38,1” W, 18.VII.2006, T.E. Almeida & D.T. Souza
237 (BHCB). São Roque de Minas, Parque Nacional da Serra da Canastra, Casca d’Anta, 20°18’20” S e 46°31’12,8”
W, 14.VII.1997, A. Salino 3196 (BHCB).
Material adicional examinado: BRASIL. RIO DE JANEIRO: Parati, Parque Nacional da Serra da Bocaina, Serra do
Mar 23°18’14,4” S e 44°47’16,3” W, 07.VIII.2001, A. Salino et al. 7344 (BHCB). SÃO PAULO: Bananal, Estação
Ecológica de Bananal, 22°47’32,2” S e 44°21’32,6” W, 11.IX.2001, A. Salino et al. 7521 (BHCB). Barra do Turvo,
Cachoeira Véu da Noiva, borda imediata do Parque Estadual de Jacupiranga, Núcleo Cedro, 24°43’12” S e
48°27’01” W, 30.III.2005, A. Salino et al. 10306 (BHCB).
Distribuição geográfica: Dennstaedtia cicutaria ocorre no México, América Central, Grandes
Antilhas e Venezuela até a Argentina (Mickel & Smith 2004). No Brasil ocorre no Pará, Ceará,
11
Mato Grosso, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa
Catarina. Figura 9.
Habitats preferenciais: ocorre geralmente no interior de formações florestais como matas de
galeria, em Florestas Estacional Semidecidual Montana e Floresta Ombrófila Densa Montana,
entre 700 e 1200 m de altitude.
Comentários: Dennstaedtia cicutaria distingue-se das demais espécies de Dennstaedtia que
ocorrem em Minas Gerais por apresentar lâmina cartácea densamente pubescente, ausência
de aletas na base das pínulas e de gemas nas pinas e pínulas.
2.2. Dennstaedtia cornuta (Kaulf.) Mett., Ann. Sci. Nat. 5. 2: 260. 1864. Dicksonia cornuta
Kaulf., Enum. Fil. 227. 1824.
Figura 1G – H.
Plantas rupícolas ou terrestres; caule geralmente ascendente ou reptante com ápice
elevado, 3,46 – 11,77 mm diâm., glabro. Folhas 39,5 – 142,5 cm compr.; pecíolo 15,5 – 47 x
0,17 – 0,74 cm, sulcado adaxialmente, sem raízes na base, pubescente com tricomas
catenados; lâmina 24 – 98,5 cm compr., 2-pinada a 3-pinado-pinatífida, membranácea a
papirácea, lanceolada a elíptica, ápice agudo a cuneado; raque sulcada adaxialmente,
pubescente com tricomas catenados; pinas (3,8)10,4 – 27,6 cm compr., sésseis, elípticas a
lineares, ápice cuneado-caudado, ou redondo, com gemas pubescentes com tricomas
catenados, sem gemas; costa sulcada adaxialmente, pubescente ou glabra; pínulas (0,64) 1,2
– 3,2 x 0,42 – 1 cm, sésseis, lanceoladas, lineares ou elípticas, ápice redondo ou cuneado,
caudado ou não, as basais reduzidas ou não, com gemas pubescentes com tricomas
catenados; cóstula sulcada ou não adaxialmente, pubescente ou glabra; pinululas 0,39 – 0,61 x
0,15 – 0,28 cm, sésseis, sem aletas na base, ovadas, ápice redondo ou agudo, margem inteira
ou levemente crenada, geralmente plana, glabra, as basais reduzidas ou não; nervuras
geralmente bifurcadas, as estéreis clavadas no ápice; indumento de tricomas catenados na
costa, cóstula, tecido laminar e nervuras, ou tecido laminar e nervuras glabros. Soros oblongos
ou arredondados; indúsio em forma de bolsa, membranáceo, glabro.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Bandeira, Mata do Boi Rajado, 15°47’55,7” S e 40°31’35,2” W,
05.X.2003, A. Salino et al. 9058 (BHCB). Conceição do Mato Dentro, Parque Natural Municipal do Ribeirão do
Campo, 19°06’19,4” S e 43°34’4,9” W, 30.V.2003, A. Salino et al. 8749 (BHCB). Lambari, Parque Estadual de Nova
Baden, trilha das Sete Quedas, 21°56’15,2” S e 45°19’2 3,9” W, 13.VII.2007, A. Salino et al. 12539 (BHCB). Santa
Maria do Salto, Distrito de Talismã, Fazenda Duas Barras, 16°24’1 6,5” S e 40°03’27,4” W, 10.X.2003, A. Salino et al.
12
9261 (BHCB). Simonésia, RPPN Mata do Sossego, 20°03’55,3” S e 42°04’25,9” W, 21.V.2006, A. Salino et al. 11110
(BHCB). Idem, 20°04’18,7” S e 42°04’13,1” W, 23.V.2006, A. Salino et al. 11181 (BHCB).
Distribuição geográfica: Dennstaedtia cornuta ocorre no México, América Central e
Venezuela até a Bolívia (Mickel & Smith 2004). A distribuição no Brasil é incerta. Em Minas
Gerais ocorre geralmente em locais muito úmidos, à margem de cursos d’água, muitas vezes
sobre rochas úmidas junto a cachoeiras, em Floresta Ombrófila Densa Submontana e Montana
(em fundo de vale e interflúvios) e matas de galeria, entre 620 e 1600 m de altitude. Figura 9.
Habitats preferenciais: ocorre geralmente em locais muito úmidos, à margem de cursos
d’água, muitas vezes sobre rochas úmidas junto a cachoeiras, em Floresta Ombrófila Densa
Submontana e Montana (em fundo de vale e interflúvios) e matas de galeria, entre 620 e 1600
m de altitude.
Comentários: Dennstaedtia cornuta é facilmente confundida com D. dissecta, que também
ocorre em Minas Gerais. No entanto, Dennstaedtia cornuta distingue-se principalmente por ser
geralmente rupícola e apresentar a base do pecíolo sem raízes, enquanto D. dissecta é
raramente rupícola e apresenta raízes na base do pecíolo. Dennstaedtia cornuta apresenta
todos os eixos castanho-escuros, o que a distingue de todas as outras espécies de
Dennstaedtia ocorrentes em Minas Gerais.
2.3. Dennstaedtia dissecta (Sw.) T. Moore, Index Fil. 305. 1861. Polypodium dissectum Sw.,
Prodr. 134. 1788.
Figura 1I – L.
Plantas terrestres, raro rupícolas; caule reptante, 2,02 – 18,67 mm diâm., pubescente
com tricomas catenados ou glabro. Folhas 35 – 316 cm compr.; pecíolo 11 – 118 x 0,21 – 1,12
cm, sulcado adaxialmente, com raízes na base, pubescente com tricomas catenados, clavados
ou aciculares; lâmina 53,5 – 198 cm compr., 2-pinada a 3-pinado-pinatífida, membranácea a
papirácea, lanceolada a elíptica, ápice agudo a cuneado, às vezes caudado; raque sulcada
adaxialmente, pubescente com tricomas catenados; pinas 5,9 – 56,3 cm compr., sésseis, ou
curto-pecioluladas, elípticas, lanceoladas ou lineares, ápice cuneado-caudado, agudo, ou
redondo, com gemas pubescentes com tricomas catenados; costa sulcada adaxialmente,
pubescente ou glabra; pínulas 0,53 – 10,1 x 0,79 – 9,18 cm, sésseis, lanceoladas ou lineares,
ápice redondo ou cuneado, às vezes caudado, as basais reduzidas ou não, com gemas
pubescentes com tricomas catenados; cóstula sulcada ou não adaxialmente, pubescente ou
glabra; pinululas 0,55 – 1,06 x 0,34 – 0,52 cm, sésseis, sem aletas na base, oblongas, ápice
13
redondo ou quadrangular, margem crenada a inteira, plana às vezes recurvada, glabra, as
basais reduzidas ou não; nervuras geralmente bifurcadas, às vezes 2-3-bifurcadas, as estéreis
clavadas no ápice; indumento de tricomas catenados na costa, cóstula, tecido laminar e
nervuras, ou tecido laminar e nervuras glabros. Soros arredondados; indúsio em forma de
bolsa, membranáceo, glabro.
Material examinado selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Alto Caparaó, Parque Nacional do Caparaó, Vale
Verde, 20°25’08,7” S e 41°50’33,0” W, 22.XI.2006, A. Salino et al. 11352 (BHCB). Araponga, Parque Estadual da
Serra do Brigadeiro, trilha do Pico do Boné, 26.V.2000, A. Salino et al. 5481 (BHCB). Antônio Carlos, VIII.1980, L.
Krieger s.n. (BHCB 4307). Idem, 31.I.1980, L. Krieger s.n. (BHCB 4340). Aiuruoca, Vale do Matutu, RPPN do Matutu,
Cachoeira do Fundo, 22°10’02” S e 44°54’49,9” W, 12. X.2004, A. Salino et al. 9816 (BHCB). Belo Vale, 20°26’37” S
e 43°56’10” W, 23.X.2001, A. Salino & F.A. Carvalho 7652 (BHCB). Camanducaia, mata da nascente do rio
Camanducaia, 22°42’50” S e 45°56’12” W, 20.VI.2000, A. Salino 5612 (BHCB). Idem, Mata ciliar do Canelá (Família
Barbosa), 06.II.2002, L.C.N. Melo 183 (BHCB). Caratinga, Estação Biológica de Caratinga, Jaó, 24.III.2000, A.
Salino 5120 (BHCB). Catas Altas, Parque Natural do Caraça, Mata do Engenho, 20°07’ S e 43°27’ W, 20.XI.2004,
N.F.O. Mota et al. 78 (BHCB). Conceição do Mato Dentro, Capão do Felipe, no entorno do Parque, 19°03’13,8” S e
43°37’4,1” W, 08.VIII.2003, A. Salino & R.C. Mota 8882 (BHCB). Descoberto, Reserva do Grama, Grota do Murilo,
15.VI.2005, C.M. Mynssen et al. 732 (RB). Idem, 15.VI.2005, C.M. Mynssen et al. 733 (RB). Itabirito, área da Serra
da Moeda, 20°19’09,9” S e 43°56’17” W, 14.VI.2001, A. Salino et al. 7091 (BHCB). Idem, Serra da Moeda,
09.IX.2006, G. Heringer 110 (BHCB). Jequeri-Canaã, área da Usina de Cachoeira Grande, 28.IX.1997, A. Salino
3494 (BHCB). Marliéria, Parque Estadual do Rio Doce, Margens do Rio Pardo, 25.III.2002, A. Salino 7971 (BHCB).
Nova Lima, Bacia do Córrego Capitão do Mato, 24.IX.1995, A. Salino 2227 (BHCB). Idem, RPPN Mata do Jambreiro,
19°58’41,9” S e 43°53’10,6” W, 17.IX.2003, J.B. Figueiredo et al. 58 (BHCB). Novo Cruzeiro, Fazenda Araras,
17°36’47,6” S e 41°57’49,3” W, 10.II.2004, J.R. Stehmann et al. 3598 (BHCB). Ouro Preto, 1904, Schwacke s.n.
(BHCB 1402). Idem, Estação Ecológica do Tripuí, 19.X.2002, A. Salino 8093 (BHCB). Idem, Serra do Frasão, 1936,
J. Badini 319 (RB). Palmira, Mata da represa, 30.IX.1937, Brade 15904 (RB). Passa Quatro, 03.IV.1948, Brade & S.
Araújo 18955 (RB). Poté, Fazenda Nossa Senhora de Fátima, 17°44’35” – 43’5 2” S e 41°43’13” – 56” W,
20.VIII.2004, J.A. Lombardi et al. 6070 (BHCB). Sabará, RPPN de Cuiabá, Base da Serra da Piedade, 19°51’8,7” S e
43°43’45,7” W, 18.VIII.2006, T.E. Almeida & D.T. Souza 385 (BHCB). Idem, 19°51’8,7” S e 43°43’45,7” W,
18.VII.2006, T.E. Almeida & D.T. Souza 235 (BHCB). Santa Maria do Salto, Distrito de Talismã, Fazenda Duas
Barras, 16°24’16,5” S e 40°03’27,4” W, 09.X.2003, A. Salino et al. 9173 (BHCB). Sapucaí-Mirim, Bairro Juncal, Sítio
Queda D’água, 22°43’50,3” S e 45°54’33,9” W, 19.VIII .2001, L.C.N. Melo et al. 112 (BHCB). Turmalina, Estação
Ecológica de Acauã, Grota do Jambreiro, 17°10’58,2” S e 42°45’58,2” W, 03.VII.2006, A. Salino et al. 11251 (BHCB).
Distribuição geográfica: Dennstaedtia dissecta ocorre no México, América Central, Antilhas,
Trinidad a Colômbia, Brasil, Bolívia e Paraguai (Tryon & Tryon 1989). No Brasil ocorre nos
estados da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul. Figura 10.
Habitats preferenciais: ocorre geralmente em locais muito úmidos, muitas vezes até
alagados, em matas de galeria e ciliares, Floresta Estacional Semidecidual Submontana,
Montana e Altomontana e Floresta Ombrófila Densa Montana, entre 370 e 1900 m de altitude.
14
Comentários: Dennstaedtia dissecta é facilmente confundida com D. cornuta, que também
ocorre em Minas Gerais. No entanto, Dennstaedtia dissecta distingue-se principalmente por ser
raramente rupícola e apresentar raízes na base do pecíolo, enquanto D. cornuta é geralmente
rupícola e apresenta a base do pecíolo sem raízes.
2.4. Dennstaedtia globulifera (Poir.) Hieron., Bot. Jahrb. Syst. 34. 455. 1904. Polypodium
globuliferum Poir., In Lam., Encycl. 5: 554. 1804.
Figura 2A – C.
Plantas terrestres, caule reptante, 1,89 – 12,69 mm diâm., piloso com tricomas
catenados ou aciculares. Folhas 109 – 323,8 cm compr.; pecíolo 48 – 130 x 0,36 – 0,95 cm,
sulcado adaxialmente, sem raízes na base, piloso com tricomas catenados e aciculares,
pubescente com tricomas catenados; lâmina 61 – 193,8 cm compr., 3-pinada, raro 2-pinado-
pinatífida, membranácea, lanceolada ou elíptica, ápice agudo ou lanceado; raque sulcada
adaxialmente, pubescente, pilosa ou não com tricomas catenados; pinas 19 – 42,1 cm compr.,
pecioluladas ou curto-pecioluladas, elípticas, lanceoladas ou lineares, ápice cuneado ou agudo,
caudado ou não, sem gemas; costa sulcada adaxialmente, pubescente ou glabra; pínulas 2,4 –
8,4 x 0,48 – 2 cm, pecioluladas a sésseis, lanceoladas a lineares, ápice cuneado, agudo, ou
redondo, às vezes caudado, as basais reduzidas ou não, sem gemas; cóstula sulcada
adaxialmente, pubescente ou glabra; pinululas 0,50 – 0,99 x 0,24 – 0,51 cm, sésseis, com
aletas herbáceas no lado adaxial e na base da penúltima pinulula, ovadas ou dimidiadas, ápice
redondo, margem crenada, recurvada ou não, glabra, as basais reduzidas ou não; nervuras
bifurcadas, raro simples, estéreis clavadas no ápice; indumento de tricomas aciculares na costa
e cóstula, tricomas catenados na costa, cóstula, tecido laminar e nervuras, ou tecido laminar e
nervuras glabros. Soros arredondados ou oblongos; indúsio em forma de taça, membranáceo,
pubescente com tricomas catenados, principalmente na base.
15
Figura 1 : A-C. Blotiella lindeniana (A. Salino 9236). A. Pina mediana. B. Detalhe da face abaxial dos segmentos e cóstula. C. Detalhe da face adaxial dos segmentos e da cóstula. D-F. Dennstaedtia cicutaria (T.E. Almeida 237). D. Pina mediana. E. Detalhe da face abaxial dos segmentos e da cóstula. F. Detalhe da face adaxial dos segmentos e da cóstula. G-H. Dennstaedtia cornuta (A. Salino 12539). G. Detalhe da face abaxial dos segmentos e da cóstula. H. Detalhe da base do pecíolo e caule. I-L. Dennstaedtia dissecta (A. Salino 2227). I. Pinas medianas com gemas na base. J. Detalhe da face abaxial dos segmentos e da cóstula. K. Detalhe da face adaxial dos segmentos e da cóstula. L. Detalhe da base do pecíolo.
16
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Alto Caparaó, Parque Nacional do Caparaó, XI.2006, A. Salino et
al. 11421 (BHCB). Araponga, Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, nas proximidades da Sede, 10.VII.1999, A.
Salino 4891 (BHCB). Arcos, Fazenda Faroeste, próximo ao Rio São Miguel, 20°16 ’08,8” S e 45°39’38,3” W,
11.IV.2004, A. Salino et al. 9569 (BHCB). Idem, Fazenda Faroeste, ao lado da Calciolândia, 20°16’ 14” S e 45°39’34”
W, 15.XII.2007, A. Salino et al. 13107 (BHCB). Bandeira, área a ca. 14 km da sede de Bandeira, 15°49’30,2” S e
40°31’15,8” W, 06.X.2003, A. Salino et al. 9123 (BHCB). Camanducaia, Mata do Chico Rei, 07.II.2002, L.C.N. Melo
202 (BHCB). Caratinga, Estação Biológica de Caratinga, trilha da Gameleira, 12.XII.1995, A. Salino 2388 (BHCB).
Idem, Matão, 25.III.2000, A. Salino et al. 5146 (BHCB). Coronel Pacheco, Fazenda da Argentina, 20.V.1944, E.P.
Heringer 1269 (RB). Dores de Guanhães, Margem do Rio Guanhães, 19°00’13,3” S e 42°56’44” W, 14.VIII.2005,
T.E. Almeida et al. 74 (BHCB). Itabirito, Serra da Moeda, próximo à BR 040, 09.IX.2006, G. Heringer 107 (BHCB).
Januária, vale do Rio Peruaçu, a caminho do Janelão, 15°07’2 3” S e 44°14’34” W, 20.VII.1997, A. Salino 3251
(BHCB). Marliéria, Parque Estadual do Rio Doce, trilha do Vinhático, 29.III.1996, A. Salino 2666 (BHCB). Idem,
13.IX.1997, A. Salino & L.C.N. Melo 3418 (BHCB). Idem, 02.III.1999, A. Salino 4463 (BHCB). Nova Lima, Estação
Ecológica de Catarina, 20°04’09,8” S e 44°00’07,3” W, 08.XI.2001, L.C.R.S Teixeira et al. 41 (BHCB). Ouro Preto,
1935, J. Badini 131 (BHCB). Idem, 1936, J. Badini 199 (RB). Idem, 1968, L. Rennó s.n. (BHCB 471). Idem, Parque
Estadual do Itacolomi, Fazenda do Manso, 29.X.2003, L.B. Rolim & J.L. Silva 76 (BHCB). Santa Maria do Salto,
Distrito de Talismã, Fazenda Duas Barras, 16°24’16,5 ” S e 40°03’27,4” W, 09.X.2003, A. Salino et al. 9179 (BHCB).
Distribuição geográfica: Dennstaedtia globulifera ocorre nos Estados Unidos, América
Central, Caribe até a Argentina (Tryon & Tryon 1989). No Brasil ocorre nos estados do Ceará,
Bahia, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina,
Rio Grande do Sul e Espírito Santo (Salino 13486 – BHCB). Figura 11.
Habitats preferenciais: ocorre geralmente no interior de formações florestais como matas
ciliares, Florestas Estacionais Deciduais e Semideciduais, e Floresta Ombrófila Densa
Submontana e Montana, entre 450 e 1400 m de altitude.
Comentários: Dennstaedtia globulifera distingue-se das demais espécies do gênero, que
ocorrem em Minas Gerais principalmente pelo caule piloso, aletas herbáceas presentes no lado
basioscópico da face adaxial do eixo dos penúltimos segmentos e indúsio em forma de taça.
3. Histiopteris (J. Agardh) J. Sm., Hist. Fil.: 294. 1875.
Plantas terrestres, raro rupícolas; caule longo-reptante, com escamas e tricomas.
Folhas com até 12 m compr., geralmente escandentes, às vezes eretas, sem espinhos; pecíolo
com escamas e tricomas na base e glabro distalmente; lâmina 2-4-pinada, pinas opostas a
subopostas, sésseis ou subsésseis, sem escamas, essencialmente glabras, sem gemas,
abaxialmente glauca, raque não flexuosa; nervuras anastomosadas, sem vênulas livres. Soros
marginais, formados sobre comissura vascular que conecta o ápice de várias nervuras; indúsio
17
formado pela margem da lâmina revoluta e modificada; indúsio abaxial ausente; esporos
monoletes.
Histiopteris é um gênero com distribuição pantropical e temperada, representado por
cinco espécies. Em Minas Gerais ocorre Histiopteris incisa (Thunb.) J. Sm. Difere dos outros
gêneros de Dennstaedtiaceae por apresentar lâmina usualmente glauca na face abaxial,
nervuras anastomosadas e tecido laminar essencialmente glabro.
3.1. Histiopteris incisa (Thunb.) J. Sm., Hist. Fil.: 295. 1875. Pteris incisa Thunb., Prodr. Pl.
Cap.: 171. 1800.
Figura 2D – F.
Plantas com caule 2,04 – 7,08 mm diâm., com escamas lanceoladas, às vezes
filiformes, de ápice acuminado, não ciliadas, subclatradas, piloso ou pubescente com tricomas
aciculares e catenados. Folhas (32,5) 48,7 – 238,5 cm compr.; pecíolo (6) 11 – 70 x (0,18) 0,25
– 0,70 cm, sulcado ou não adaxialmente, com escamas lanceoladas, de ápice acuminado a
filiforme, não ciliadas, subclatradas, somente na base, ou sem escamas, pubescente com
tricomas aciculares ou catenados, ou sem tricomas; lâmina 26,5 – 166,2 cm compr., 2-pinado-
pinatífida a pinatissecta, raro 3-pinada, membranácea a papirácea, elíptica ou lanceolada,
ápice agudo ou cuneado; raque geralmente sulcada adaxialmente, pubescente com tricomas
catenados ou glabra; pinas (4,3) 9,2 – 55,8 cm compr., sésseis, lanceoladas, elípticas ou
lineares, ápice agudo ou cuneado-caudado, glabras; costa sulcada ou não adaxialmente,
glabra; pínulas (0,67) 1,1 – 14,7 x 0,39 – 4 cm, sésseis, lanceoladas, lineares, elípticas ou
oblongas, ápice cuneado-caudado, oblongo, ou agudo, as basais reduzidas geralmente no lado
basioscópico; cóstula geralmente sulcada adaxialmente; pinululas quando presentes 0,5 – 2,1 x
0,31 – 0,72 cm, sésseis, margem inteira ou crenada, recurvada, as basais reduzidas no lado
basioscópico; nervuras anastomosadas. Soros oblongos ou lineares nos lados acroscópico e
basioscópico; indúsio linear, membranáceo, margem crenada, glabro.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Belo Vale, 20°26’37” S e 43°56’10” W, 23.X.2001, A. Salino & F.A.
Carvalho 7667 (BHCB). Camanducaia, mata da nascente do rio Camanducaia, 22°42’50” S e 45°56’12” W,
20.VI.2000, A. Salino 5619 (BHCB). Idem, Patrimônio São Domingos, estrada para Cantagalo, 22°42’40,8” S e
45°55’50,2” W, 29.III.2001, A. Salino & L.C.N. Melo 6396 (BHCB). Catas Altas, Parque Natural do Caraça, Bocaína,
07.X.2000, A. Salino 5746 (BHCB). Idem, Gruta Nossa Senhora de Lourdes, 11.XI.2000, A. Salino 5814 (BHCB).
Idem, na trilha para Pico do Sol, 20°06’31,1” S e 43°27’3 1,2” W, 19.V.2001, A. Salino et al. 6840 (BHCB). Conceição
do Mato Dentro, Parque Natural Municipal do Ribeirão do Campo, 19°06’20,9” S e 43°34’0,6” W, 13.IX.2002, R.C.
Mota et al. 1798 (BHCB). Diamantina, Parque Estadual do Biribiri, Várzea do Cocho, Córrego afluente do Rio
Cristais, 18°10’40” S e 43°35’23,6” W, 02.X.2006, F.C. Assis et al. 01 (BHCB). Felício dos Santos, APA Felício,
18
região da Mata do Isidoro, entorno do Parque Estadual do Rio Preto, nas proximidades do Pico Dois Irmãos,
18°11’48,1” S e 43°17’13,7” W, 30.X.2004, A. Salino et al. 9945 (BHCB). Itamarandiba, Parque Estadual da Serra
Negra, 18°0’55,4” S e 42°45’14,8” W, 04.VII.2006, A. Salino et al. 11277 (BHCB). Lima Duarte, 26.VIII.1978, L.
Krieger 15917 (BHCB). Idem, 26.VIII.1978, L. Krieger 15917 (MBM). Idem, Serra do Ibitipoca, Pico do Pião,
15.V.1970, D. Sucre & L. Krieger 6861 (RB). Idem, Parque Estadual do Ibitipoca, Janela do Céu, 21°40’ S e 43°52’
W, 11.VIII.2005, C.M. Mynssen et al. 862 (RB). Mariana, Distrito de Alegria, Mina de Conta História (CVRD),
20°12’30,4” S & 43°26’13,4” W, 10.IX.2003, A. Salino & P. Rocha 8925 (BHCB). Idem, Parque Estadual do Itacolomi,
Sertão, 20°25’39,4” S e 43°27’26,3” W, 05.IV.2006, L.B. Rolim et al. 289 (BHCB). Ouro Preto, 1952, M. Lisboa & L.
Rennó s.n. (BHCB 1438). Idem, Morro de São Sebastião, s.d., L. Damazio s.n. (RB 36555). Idem, Serra de Ouro
Preto, 1904, Schwacke 10430 (BHCB). Idem, 1968, J.M.P. Sobrinho s.n. (BHCB 2940). Idem, 1964, J.M.P. Sobrinho
s.n. (BHCB 3508). Idem, Parque Estadual do Itacolomi, 13.V.1998, A. Salino et al. 4225 (BHCB). Idem, Gambá,
1937, J. Badini 147 (BHCB, RB). Rio Vermelho, Serra do Ambrósio, 18°07’ S e 43°01’ W, 10.I.2006, P.L Viana et al.
2414 (BHCB). Santa Bárbara, Estrada Rio Acima - Fazenda de Gandarela, 30.X.1966, L. Duarte 928 (HB). Santa
Maria do Salto, Distrito de Talismã, Fazenda Duas Barras, 16°24’16 ,5” S e 40°03’27,4” W, X.2003, A. Salino et al.
9185 (BHCB). Santana do Riacho, Serra do Cipó, km 131, 27.IV.1950, A.P. Duarte 2709 (RB). Santo Antônio do
Itambé, Parque Estadual do Pico do Itambé, Trilha da cachoeira do Neném para Capivari, 04.X.2006, F.C. Assis et
al. 11 (BHCB). Idem, trilha Capivari para o Pico do Itambé, 06.X.2006, F.C. Assis et al. 15 (BHCB). São Gonçalo do
Rio Preto, Parque Estadual do Rio Preto, Região da Lapa, próximo ao Pico Dois Irmãos, 18°12’02,4” S e 43°20’18,4”
W, 06.VIII.2003, A. Salino et al. 9321 (BHCB).
Distribuição geográfica: Histiopteris incisa ocorre no arquipélago de Juan Fernandez,
Sudeste da Ásia, África, Nova Zelândia, Tasmânia, México, América Central, Caribe,
Venezuela até a Bolívia (Mickel & Smith 2004). No Brasil ocorre nos estados da Bahia, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Figura 12.
Habitats preferenciais: ocorre em formações florestais e campestres, como campos
rupestres, matas de galeria e capões de mata da Cadeia do Espinhaço, Florestas Estacionais
Semideciduais Montana e Altomontana entre 1100 e 1900 m de altitude.
Comentários: de acordo com Moran (1995), Histiopteris incisa é uma das espécies de
pteridófitas mais amplamente distribuídas em todo o mundo. Distingue-se pelas pinas sésseis
ou subsésseis, glaucas na face abaxial e com nervuras parcialmente anastomosadas (Prado &
Windisch 1996).
4. Hypolepis Bernh., Neues J. Bot. (Schrad.) 1(2): 34. 1806.
Plantas terrestres, raro rupícolas; caule longo-reptante, com tricomas, com ou sem
estolões, sem escamas. Folhas com até 7 m compr., eretas a escandentes, com ou sem
espinhos; pecíolo com tricomas na base e glabro distalmente; lâmina 2-4-pinado-pinatífida,
membranácea a subcoriácea, pinas alternas, pecioluladas ou sésseis, glabras a usualmente
19
pubescentes, sem escamas, sem gemas, abaxialmente não glauca, raque levemente flexuosa
ou não; nervuras livres. Soros marginais ou submarginais, formados sobre a extremidade de
uma única nervura; indúsio formado pela margem da lâmina revoluta e modificada; indúsio
abaxial ausente; esporos monoletes.
Segundo Moran (1995), Hypolepis é um dos gêneros menos estudados em pteridófitas
e várias espécies deverão ser descritas ainda, sendo necessário um estudo mais abrangente.
É composto por aproximadamente 50 espécies e distribui-se nos neotrópicos e regiões
temperadas meridionais. Em Minas Gerais está representado por quatro espécies. Difere dos
demais gêneros de Dennstaedtiaceae por apresentar uma única nervura em cada soro, indúsio
formado por margem da lâmina revoluta e modificada e esporos monoletes.
Chave para as espécies de Hypolepis em Minas Gerais
1. Pecíolo, raque e costa com espinhos...................................................................4.2. H. repens
1’. Pecíolo, raque e costa sem espinhos.
2. Pecíolo e lâmina com tricomas glandulares...............................................4.3. H. stolonifera
2’. Pecíolo e lâmina sem tricomas glandulares.
3. Lâmina lanceada a elíptica; base do pecíolo piloso com tricomas setiformes..................
..............................................................................................................4.1. H. aquilinaris
3’. Lâmina deltóide; pecíolo sem tricomas setiformes..............................4.4. Hypolepis sp.
4.1. Hypolepis aquilinaris (Fée) Christ, Bull. Boiss. II. 2. 636. 1902. Cheilanthes aquilinaris Fée,
Crypt. Vasc. Brés. II: 37. 1872-73.
Figura 2G – H.
Plantas com caule 1,33 – 3,17 mm diâm., pubescente com tricomas catenados, piloso
ou não com tricomas setiformes, sem estolões. Folhas 15,5 – 234 cm compr., eretas; pecíolo
4,5 – 51 x 0,04 – 0,48 cm, sulcado adaxialmente, piloso com tricomas setiformes na base do
pecíolo, pubescente com tricomas aciculares e catenados, sem espinhos; lâmina 11 – 183 cm
compr., 2-3-pinado-pinatisecta, raro 4-pinada, membranácea a papirácea, lanceolada a elíptica,
ápice agudo a cuneado; raque levemente flexuosa ou não, sulcada adaxialmente, pubescente
com tricomas aciculares ou catenados sem espinhos; pinas 3,5 – 61,1 cm compr., pecioluladas
ou sésseis, elípticas ou lanceoladas, ápice cuneado ou agudo; costa sulcada adaxialmente,
20
pubescente, sem espinhos; pínulas 0,89 – 13 x 0,41 – 4,66 cm, sésseis a curto-pecioluladas,
lanceoladas, elípticas ou lineares, ápice redondo, cuneado ou agudo, as basais reduzidas ou
não; cóstula sulcada adaxialmente, pubescente, sem espinhos; pinululas 0,32 – 1,52 x 0,182 –
0,57 cm, sésseis, lanceoladas, lineares, ovadas, ou elípticas, ápice redondo, cuneado ou
agudo, margem crenada, recurvada a plana, as basais reduzidas ou não; nervuras 1(2)-
bifurcadas; indumento de tricomas aciculares na costa, cóstula, tecido laminar, nervuras e
margens dos segmentos, tricomas catenados na costa e cóstula, tricomas clavados no tecido
laminar e nervuras. Soros e indúsio não vistos.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Aiuruoca, Parque Estadual da Serra do Papagaio, região do
Garrafão, 22°02’32,5” S e 44°38’32,1” W, 19.V.2005, A. Salino & T.E. Almeida 10476 (BHCB). Bandeira, Mata do Boi
Rajado, 15°47’55,7” S e 40°31’35,2” W, 05.X.2003, A. Salino et al. 9040 (BHCB). Idem, 15°48’18,7” S e 40°30’59,8”
W, 01.III.2004, A. Salino et al. 9406 (BHCB). Caldas, 1873, Mosén s.n. (R 21041). Catas Altas, Parque Natural do
Caraça, Serra do Caraça, 20°07’52,8” S e 43°51’48,7” W, 21.VIII.2005, A. Salino et al. 10546 (BHCB). Conceição do
Mato Dentro, Parque Natural Municipal do Ribeirão do Campo, 19°06’03,1” S e 43°34’26,9” W, 13.IX.2003, A. Salino
et al. 8939 (BHCB). Diamantina, Trinta Réis, 13.III.1989, R.F. Novelino 631 (BHCB). Itabirito, Serra da Moeda,
07.IX.2006, G. Heringer 92 (BHCB). Itamarandiba, Parque Estadual da Serra Negra, 18°00’55,4” S e 42°45 ’14,8” W,
04.VII.2006, A. Salino et al. 11290 (BHCB). Moeda, Serra da Moeda, 20°19’22,1” S e 43°56’30,2” W, 07.I X.2006, G.
Heringer 91 (BHCB). Nova Lima, RPPN Mata Samuel de Paula, 20°0’52,8” S e 43°51’48,7” W, 24.VIII.2005, A.
Salino et al. 10571 (BHCB). Ouro Preto, Parque Estadual do Itacolomi, 13.V.1998, A. Salino et al. 4240 (BHCB). Rio
Acima, RPPN Capitão do Mato, 20°07’55,7” S e 43°54’55,6” W, 16.VI.2004, J.B. Figueiredo & S.G. de Lima 192
(BHCB). Idem, RPPN de Andaime, 20°09’27,7” S e 43°47’39,1” W, 14.V. 2004, J.B. Figueiredo & E.A. Rodrigues 478
(BHCB). Idem, 14.V.2004, J.B. Figueiredo & E.A. Rodrigues 481 (BHCB). Idem, RPPN de Andaime, 18.II.2004, J.B.
Figueiredo & J.C. Queiroz 254 (BHCB). Santa Maria do Salto, Distrito de Talismã, Fazenda Duas Barras, 16°24’16 ,5”
S e 40°03’27,4” W, 10.X.2003, A. Salino et al. 9238 (BHCB). São Roque de Minas, Parque Nacional da Serra da
Canastra, Capão Forro, 20°15’11,9” S e 46°24’26,1” W , 31.I.2007, A. Salino et al. 11603 (BHCB).
Distribuição geográfica Espécie aparentemente endêmica do Sudeste do Brasil com registros
para o estado do Rio de Janeiro (Fée 1873) e Minas Gerais. Figura 13.
Habitats preferenciais: espécie comum em áreas de formações florestais que foram
queimadas, formações savânicas e campestres do bioma Cerrado, entre 620 e 1700 m de
altitude.
21
Figura 2 : A-C. Dennstaedtia globulifera (A. Salino 9569). A. Detalhe da face abaxial dos segmentos e da cóstula. B. Detalhe da face adaxial dos segmentos e da cóstula. C. Detalhe da base do pecíolo e caule. D-F. Histiopteris incisa (F.C. Assis 01). D. Pina mediana. E. Detalhe da face abaxial dos segmentos e da cóstula. F. Detalhe da base do pecíolo e caule. G-H. Hypolepis aquilinaris (J.B. Figueiredo 481). G. Detalhe da face abaxial da raque, costa e pínulas. H. Detalhe da base do pecíolo e caule. I-K. Hypolepis repens (J.B. Figueiredo 398). I. Detalhe da base do pecíolo e caule. J. Detalhe da face abaxial da raque, costa e pínulas. K. Detalhe da face abaxial dos segmentos e da cóstula.
22
Comentários: Hypolepis aquilinaris distingue-se das demais espécies do gênero que ocorrem
em Minas Gerais por apresentar tricomas setiformes no caule, na base do pecíolo e nas raízes,
coloração dos eixos bege, sendo somente a base do pecíolo castanha, e raque levemente
flexuosa. Todos os materiais estudados estavam estéreis.
4.2. Hypolepis mitis Kunze, Linnaea 36: 105. 1869.
Fig. 3 E-F.
Plantas terrestres; caule 2,6 – 4,25 mm diâm., piloso ou pubescente com tricomas
aciculares ou catenados, sem estolões. Folhas 75 – 302 cm compr.; pecíolo 38 – 145 x 0,40 –
0,57 cm, sulcado adaxial e abaxialmente, piloso com tricomas aciculares e catenados,
pubescente com tricomas catenados, sem espinhos; lâmina 37 – 157 cm compr., 3-pinada a 3-
pinado-pinatífida na base, às vezes 4-pinada, papirácea, deltóide, ápice agudo; raque
levemente flexuosa na base, sulcada adaxialmente, pubescente com tricomas catenados, sem
espinhos; pinas 11,6 – 48,2 cm compr., pecioluladas, deltóides ou lanceoladas, ápice agudo;
costa sulcada adaxialmente, pubescente ou pilosa, sem espinhos; pínulas (1,94) 6 – 15 x (0,57)
1,3 – 6,6 cm, pecioluladas a sésseis, elípticas a lineares, ápice agudo a cuneado, as basais
não reduzidas; cóstula sulcada ou não adaxialmente, pubescente ou pilosa, sem espinhos;
pinululas 0,75 – 3,1 x 0,18 – 0,92 cm, pecioluladas a sésseis, lineares, ápice redondo ou agudo
a cuneado, as basais não reduzidas; segmentos 0,40 – 0,55 x 0,17 – 0,25 cm, sésseis,
lineares, ápice redondo, margem crenada, geralmente plana, glabra, os basais não reduzidos;
nervuras geralmente bifurcadas; indumento de tricomas aciculares e catenados na costa,
cóstula, nervuras e tecido laminar, ou clavados nas nervuras e tecido laminar. Soros marginais,
oblongos ou arredondados, nos enseios ou próximo dele; indúsio membranáceo, margem
crenada e pubescente com tricomas aciculares e catenados.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Aiuruoca, Parque Estadual da Serra do Papagaio, 22°02’32,5” S e
44°38’32,1” W, 19.V.2005, A. Salino & T.E. Almeida 10502 (BHCB). Alagoa, Parque Estadual da Serra do Papagaio,
22°12’57,1” S e 44°44’41,8” W, 12.XII.2007, A. Salino et al. 12984 (BHCB). Alto Caparaó, Parque Nacional do
Caparaó, região próxima a Torre Repetidora, 20°26’2 0,4” S e 41°51’04,8” W, 24.XI.2006, A. Salino et al. 11461
(BHCB). Camanducaia, mata da nascente do rio Camanducaia, 22°42’50” S e 45°56’12” W, 20.VI.2000, A. Salino
5596 (BHCB).
Distribuição geográfica: Hypolepis mitis é endêmica do Brasil ocorrendo em Bahia, Minas
Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro.
23
Habitats preferenciais: ocorre geralmente no interior de formações florestais como Floresta
Estacional Semidecidual Montana e Altomontana, e Floresta Ombrófila Densa Montana e
Altomontana, entre 1000 e 1900 m de altitude. Figura 15.
Comentários: Hypolepis mitis é a única espécie do gênero ocorrente em Minas Gerais a
apresentar a lâmina deltóide e tricomas aciculares e catenados densos na margem do indúsio.
Hypolepis mitis difere de H. aquilinaris pela ausência de tricomas setiformes na base do
pecíolo, de H. repens pela ausência de espinhos nos eixos, e de H. stolonifera pela ausência
de tricomas glandulares.
4.3. Hypolepis repens (L.) C. Presl, Tent. Pterid. 162. 1836. Lonchitis repens L., Sp. Pl. 2: 1078.
1753.
Figura 2I – K.
Plantas terrestres; caule 1,8 – 6,2 mm diâm., piloso ou pubescente com tricomas
aciculares e catenados, sem estolões. Folhas 66,5 – 286 cm compr.; pecíolo 24,5 – 145 x 0,23
– 0,71 cm, sulcado adaxialmente, com espinhos, piloso com tricomas aciculares, pubescente
com tricomas catenados ou aciculares; lâmina 42 – 157 cm compr., 3-pinado-pinatífida, raro 4-
pinada, papirácea a cartácea, raro membranácea, lanceolada a elíptica, ápice cuneado ou
agudo; raque não flexuosa, sulcada adaxialmente, com espinhos, pubescente com tricomas
catenados; pinas 7,9 – 49 cm compr., pecioluladas, elípticas a lanceoladas, ápice cuneado ou
agudo; costa sulcada adaxialmente, pubescente ou pilosa, com espinhos; pínulas 0,85 – 9,7 x
0,51 – 6,6 cm, pecioluladas a sésseis, lanceoladas, elípticas, ou lineares, ápice cuneado ou
redondo, às vezes caudado, as basais reduzidas ou não; cóstula sulcada adaxialmente,
pubescente ou pilosa, com ou sem espinhos; pinululas 0,27 – 3,5 x 0,04 – 1,19 cm, sésseis ou
pecioluladas, lanceoladas, lineares ou ovadas, ápice redondo ou cuneado (nas folhas 4-
pinadas), margem geralmente crenada, recurvada, glabra, as basais reduzidas ou não;
segmentos 0,5 – 0,54 x 0,22 – 0,23 cm, sésseis, lineares, ovados, ou lanceados, ápice redondo
ou truncado, os basais não reduzidos; nervuras 1-2-bifurcadas; indumento de tricomas
aciculares ou catenados na costa, cóstula, tecido laminar e nervuras, tricomas clavados no
tecido laminar e nervuras. Soros marginais, arredondados, oblongos, ou flabelados, nas
laterais dos segmentos; indúsio membranáceo, margem crenada, pubescente com tricomas
clavados ou aciculares, somente na margem, ou glabro.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Almenara, Fazenda Limoeiro, 16°04’47,1” S e 40°50’22,6” W,
29.II.2004, A. Salino et al. 9400 (BHCB). Araponga, Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, trilha do Pico do Boné,
26.V.2000, A. Salino et al. 5482 (BHCB). Bandeira, Mata do Boi Rajado, 15°48’18,7” S e 40°30’59,8” W, 04.X.2003,
24
A. Salino et al. 8944 (BHCB). Barão de Cocais, Mina de Gongo Soco (CVRD), 19°56’40,8” S e 43°36’59” W,
07.V.2003, A. Salino et al. 8685 (BHCB). Diamantina, Parque Estadual do Biribiri, Fazenda Duas Pontes, Porteirão
de São Miguel, 18°09’37,8” S e 43°35’03,3” W, 02.X.20 06, F.C. Assis et al. 03 (BHCB). Mariana, Parque Estadual do
Itacolomi, Caberão, 20°25’27,2” S e 43°28’56,1” W, 1 3.II.2006, L.B. Rolim & J.L. Silva 268 (BHCB). Nova Lima,
RPPN Capitão do Mato, 20°07’55,7” S e 43°54’55,6” W, 0 3.V.2004, J.B. Figueiredo & S.G. de Lima 398 (BHCB).
Ouro Preto, s.d., J. Badini 311 (RB). Idem, Parque Estadual do Itacolomi, Estrada do Cibrão, 09.VI.2005, C.E.
Jascone et al. 409 (HB). Idem, 28.XI.1965, M. Rolla & A.F. Tryon 6869 (HB). Passa Vinte, Distrito Carlos Euler,
Usina Hidrelétrica de Paes Leme, 15.XI.2000, A. Salino & L.C.N. Melo 5935 (BHCB). Santa Maria do Salto, Distrito
de Talismã, Fazenda Duas Barras, 16°24’50,0” S e 40° 02’57,4” W, 07.III.2004, A. Salino et al. 9462 (BHCB). São
Gonçalo do Rio Abaixo, Estação de Pesquisa e Desenvolvimento Ambiental de Peti, próximo à casa de força,
19°53’00,2” S e 43°22’10,4” W, 26.IX.2002, A. Salino 8051 (BHCB).
Distribuição geográfica: Hypolepis repens ocorre nos Estados Unidos, sul do México,
América Central, Caribe até a Argentina (Mickel & Smith 2004). No Brasil, ocorre nos estados
do Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo
(Salino 13339 – BHCB).Figura 14.
Habitats preferenciais: ocorre em formações florestais e campestres, como campos rupestres
quartzíticos e ferruginosos, Florestas Estacionais Semideciduais Submontana, Montana,
Altomontana, entre 620 e 1400 m de altitude.
Comentários: Hypolepis repens distingue-se das outras espécies do gênero que ocorrem em
Minas Gerais pelos eixos espinescentes e pecíolo com coloração castanho avermelhada no
seu terço inferior.
4.4. Hypolepis stolonifera Fée, Crypt. Vasc. Brés. II: 35. 1872-73.
Figura 3A – D.
Plantas terrestres; caule 1,78 – 4,45 mm diâm., piloso com tricomas aciculares,
pubescente com tricomas aciculares, catenados e glandulares, com estolões pilosos com
tricomas aciculares ou catenados. Folhas 76 – 146,7 cm compr.; pecíolo 32 – 55,8 x 0,22 –
0,49 cm, sulcado adaxialmente, piloso com tricomas aciculares, pubescente com tricomas
glandulares e catenados, sem espinhos; lâmina 44 – 102,2 cm compr., 3-pinado-pinatífida,
membranácea a levemente papirácea, lanceolada a elíptica, ápice cuneado; raque não
flexuosa, sulcada adaxialmente, pubescente com tricomas catenados e glandulares, sem
espinhos; pinas 10,5 – 19 cm compr., pecioluladas, elípticas, ápice cuneado; costa sulcada
adaxialmente, pubescente, sem espinhos; pínulas 1,9 – 3,5 x 0,55 – 1,26 cm, sésseis, lineares
a elípticas, ápice agudo a redondo, as basais não reduzidas; cóstula sulcada ou não
adaxialmente, pubescente, sem espinhos; pinululas 0,35 – 0,67 x 0,16 – 0,33 cm, sésseis,
25
lineares, ápice arredondado, margem crenada, plana, as basais não reduzidas; nervuras
geralmente bifurcada, às vezes 2(3)-bifurcadas; indumento de tricomas glandulares e
catenados na costa, cóstula, tecido laminar, nervuras e margens dos segmentos. Soros
marginais ou submarginais, redondos, em enseios ou próximo a eles; indúsio membranáceo a
papiráceo, com margem crenada, levemente recurvada e pubescente com tricomas glandulares
e catenados.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Alagoa, Parque Estadual da Serra do Papagaio, 22°12’38” S e
44°45’35,1” W, 11.XII.2007, A. Salino et al. 12932 (BHCB). Camanducaia, Bairro do Mato, Sítio do mato, 22°43’18,8”
S e 45°35’45,4” W, 31.III.2001, A. Salino & L.C.N. Melo 6432 (BHCB). Catas Altas, Parque Natural do Caraça, no
alto do Pico do Inficcionado, 20°08’01,9” S e 43°27’1 1,2” W, 25.V.2004, A. Salino & R.C. Mota 9579 (BHCB).
Itamonte, Parque Nacional do Itatiaia, na estrada para o abrigo Rebouças, 22°22’19,3” S e 44°45’04,2” W,
10.VII.2007, A. Salino et al. 12389 (BHCB). Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, trilha para a Janela do Céu,
passando pelo Pico da Lombada e pela Gruta dos Três Arcos, 21°40’38” S e 43°52’58,3” W, 22.VI.2007, T.E.
Almeida et al. 1223 (BHCB).
Distribuição geográfica: Hypolepis stolonifera é aparentemente endêmica do Brasil, com
registro para Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do
Sul e Espírito Santo (Salino 13739 – BHCB). Figura 8.
Habitats preferenciais: ocorre geralmente nas bordas de formações florestais úmidas
(Floresta Ombrófila Densa Montana e Altomontana), entre 1600 e 2100 m de altitude.
Comentários: Hypolepis stolonifera distingue-se das outras espécies que ocorrem em Minas
Gerais pela coloração castanho-acobreada dos eixos, tricomas glandulares no caule e folhas, e
tricomas geralmente ausentes nas raízes.
26
Figura 3 : A-D. Hypolepis stolonifera (A. Salino 12389). A. Pina mediana. B. Detalhe da face abaxial dos segmentos e da cóstula. C. Detalhe da face abaxial do segmento, mostrando tricomas glandulares. D. Detalhe da base do pecíolo e caule com estolões. E-F. Hypolepis mitis (A. Salino 12984). E. Hábito. F. Detalhe da face abaxial dos segmentos e da cóstula.
27
5. Lindsaea Dryand. ex Sm., Mem. Acad. Roy. Sci 5: 413.1793.
Plantas terrestres ou rupícolas, raro epífitas; caule reptante, com escamas ovadas a
lanceoladas, pubescente ou sem tricomas. Folhas geralmente eretas, sem espinhos; pecíolo
paleáceo a preto, escuro na base, com escamas lanceoladas, na base do pecíolo, pubescente
ou sem tricomas; lâmina 1-3-pinada, com ápice conforme ou não, pubescente, sem escamas e
gemas, abaxialmente glauca ou não, raque não flexuosa, pinas basais geralmente ascendentes
e não reduzidas, último segmento geralmente dimidiado, às vezes flabelado ou ovado;
nervuras livres. Soros submarginais, ovados ou lineares em comissura vascular, sobre o final
de várias nervuras; indúsio geralmente linear, que se abre em direção à margem dos
segmentos; esporos triletes ou monoletes.
O gênero Lindsaea foi revisado por Kramer (1957) e possui ca. 150 espécies com
distribuição pantropical e extratropical. Em Minas Gerais ocorrem 10 espécies. Muitas espécies
do gênero podem ser eventualmente confundidas com espécies de Adiantum (Pteridaceae)
que apresentam segmentos dimidiados e soros lineares. No entanto, as espécies deste gênero
apresentam o indúsio formado pelas margens modificadas. Difere dos demais gêneros de
Dennstaedtiaceae por apresentar pinas e pínulas dimidiadas, flabeladas ou ovadas com soro
em indúsio que se abre em direção à margem dos segmentos.
Chave para as espécies de Lindsaea em Minas Gerais
1. Lâmina 1-2 pinada, raro 3-pinada.
2. Pinas (lâmina 1-pinada) ou pínulas (lâmina 2-pinada) medianas flabeladas a ovadas.
3. Lâmina 1-pinada, raro 2-pinada; margem do indúsio crenada ou ondulada
..........................................................................................................5.3. L. botrychioides
3’. Lâmina 2-pinada, raro 1-pinada; margem do indúsio fortemente serreada
..................................................................................................................5.7. L. ovoidea
2’. Pinas (lâmina 1-pinada) ou pínulas (lâmina 2-pinada) medianas dimidiadas.
4. Costa abaxialmente angulada.
5. Pecíolo e raque abaxialmente angulados.
28
6. Esporos monoletes ..............................5.8. L. quadrangularis ssp. quadrangularis
6’. Esporos triletes ..............................................................5.6. L. lancea var. lancea
5’. Pecíolo e raque abaxialmente cilíndricos ........................................5.4. L. divaricata
4’. Costa abaxialmente cilíndrica.
8. Pínulas até 2,5 vezes mais compridas que largas.
9. Raque com tricomas catenados, pinas 2,5 – 3,5 cm larg.
......................................................................5.5. L. guianensis ssp. lanceastrum
9’. Raque sem tricomas catenados, pinas 0,25 – 2 cm larg.
........................................................................................5.9. L. stricta var. stricta
8’. Pínulas mais que 2,5 vezes mais compridas que largas .....................5.1. L. arcuata
1’. Lâmina 2-pinado-pinatífida ou (2)3-pinado-pinatissecta, raro 1-pinado-pinatífida
10. Último segmento pinatissecto, com ápice bifurcado; pínula basal dividida igualmente às
pínulas medianas ............................................................................................5.2. L. bifida
10’. Último segmento pinatífido, com ápice não bifurcado; pínula basal mais vezes dividida que
as pínulas medianas ...................................................................5.10. L. virescens var. virescens
5.1. Lindsaea arcuata Kunze, Linnaea 9: 86.1835.
Figura 4A – C.
Plantas terrestres ou rupícolas; caule 0,95 – 3,6 mm diâm., com escamas lanceoladas,
de ápice acuminado a filiforme, sem tricomas. Folhas 17,5 – 80,9 cm compr.; pecíolo 6,5 –
50,7 x 0,08 – 0,35 cm, sulcado ou não adaxialmente, cilíndrico ou angulado abaxialmente, com
escamas lanceoladas, de ápice acuminado a filiforme, pubescente com tricomas catenados,
clavados, ou sem tricomas; lâmina 10 – 33 cm compr., 2-pinada, raro 1-pinada, membranácea,
rombiforme, raro linear, abaxialmente não glauca; raque sulcada, alada ou não adaxialmente,
angulada a cilíndrica abaxialmente, pubescente com tricomas catenados ou clavados, ou
glabra; pinas 5,7 – 19 x 1,1 – 3,4 cm, pecioluladas, elípticas a lineares, ápice cuneado ou
agudo, às vezes caudado, as basais não reduzidas; costa sulcada adaxialmente, cilíndrica
abaxialmente, pubescente; pínulas 0,84 – 2,8 x 0,33 – 0,76 cm, pecioluladas, dimidiadas, ápice
29
redondo, agudo ou truncado, margem inteira a crenada, glabra, as basais reduzidas; nervuras
(1)2-bifurcadas; indumento de tricomas catenados e clavados na costa e tecido laminar;
nervuras glabras. Soros oblongos ou lineares na margem acroscópica, às vezes no ápice das
pínulas; indúsio membranáceo a papiráceo com margem ondulada, glabro; esporos triletes.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Catas Altas, Parque Natural do Caraça, 20°05’46” S e 43°28’45” W,
30.VIII.1997, A. Salino 3373 (BHCB). Idem, acima da Cascatinha, 02.X.1998, A. Salino 4374 (BHCB). Idem, Gruta do
Padre Caio, 15.IV.2000, A. Salino 5254 (BHCB). Idem, Mata do Engenho, 20°07’ S e 43°27’ W, 20.XI.2004, N.F.O.
Mota et al. 80 (BHCB). Idem, Serra do Caraça, 1907, L. Damazio 1853 (RB). Conceição do Mato Dentro, Parque
Natural Municipal do Ribeirão do Campo, 01.VIII.2002, R.C. Mota et al. 1562 (BHCB). Idem, 19°06’19,4” S e
43°34’04,9” W, 30.V.2003, A. Salino et al. 8760 (BHCB). Idem, 19°05’14,1” S e 43°35’33,9” W, 07.VIII.2003, A.
Salino & R.C. Mota 8867 (BHCB). Descoberto, Reserva Biológica do Grama, Ribeirão do Grama, 15.VI.2005, C.E.
Jascone et al. 423 (RB). Felício dos Santos, APA Felício, Mata do Isidoro, entorno do Parque Estadual do Rio Preto,
18°11’48,1” S e 43°17’13,7” W, 30.X.2004, A. Salino et al. 9937 (BHCB). Idem, 18°12’37,4” S e 43°17’05,2” W,
31.X.2004, A. Salino et al. 9982 (BHCB). Formoso, Parque Nacional do Grande Sertão Veredas, Cabeceira do Rio
Preto, 15°23’26,8” S e 45°53’04,4” W, 07.II.2006, A. Salino et al. 10801 (BHCB). Itamarandiba, Parque Estadual da
Serra Negra, 18°01’42,5” S e 42°54’27,6” W, 05.VII.20 06, A. Salino et al. 11337 (BHCB). Lima Duarte, Parque
Estadual do Ibitipoca, 21°42’11” S e 43°53’06” W, 10. VIII.2005, C.M. Mynssen et al. 843 (RB). Mariana, Área da
Mina Fábrica Nova (CVRD), 20°12’30,4” S e 43°26’13,4” W, 22.X.2002, A. Salino 8103 (BHCB). Nova Lima, RPPN
Mata do Jambreiro, 19°58’41,9” S e 43°53’10,6” W, 21 .V.2003, J.B. Figueiredo & F.A. Carvalho 31 (BHCB). Idem,
RPPN Capitão do Mato, 20°55’ S e 43°55’ W, 16.VI.2004, J.B. Figueiredo & S.G. de Lima 560 (BHCB). Ouro Preto,
Serra do Ouro Preto, 1904, Schwacke 13603 (BHCB). Idem, Serra do Itacolomi, 1937, J. Badini 236 (BHCB). Idem,
Distrito de Lavras Novas, 21-22.I.1996, A. Salino 2428 (BHCB). Idem, Serra de Antônio Pereira, s.d., L. Damazio s.n.
(RB 36256). Rio Acima, RPPN Andaime, 25.XI.2003, J.B. Figueiredo 195 (BHCB). Rio Pardo de Minas, Distrito de
Serra Nova, Parque Estadual da Serra Nova. Cadeia do Espinhaço, 15°36’55,7” S e 42°44’09,0” W, 12.III.2007, A.
Salino et al. 11715 (BHCB). Sabará, Mina de Cuiabá da Anglogold Ashanti, Base da Serra da Piedade, 19°51’10,7”
S e 43°44’00,9” W, 06.V.2006, D.T. Souza 49 (BHCB). Santa Maria do Salto, Distrito de Talismã, Fazenda Duas
Barras, 16°24’16,5” S e 40°03’27,4” W, 10.X.2003, A. Salino et al. 9291 (BHCB). Idem, 16°24’14,9” S e 40°03’26,2”
W, 22.II.2005, A. Salino et al. 10042 (BHCB). Santa Rita do Itueto, Parque Estadual de Sete Salões, 19°16’42,0” S e
41°22’22,6” W, 09.V.2006, A. Salino et al. 10986 (BHCB). Idem, 19°16’42,0” S e 41°22’22,6” W, 09.V.2006, A. Salino
et al. 10988 (BHCB). São José da Barra, Região da Represa de Furnas, morro próximo à Pousada do Rio Turvo,
beira da Represa, 30.IX.2005, A.A. Arantes et al. 1500 (BHCB). Simonésia, RPPN Mata do Sossego, 20°04’18,7” S
e 42°04’13,1” W, 23.V.2006, A. Salino et al. 11175 (BHCB).
Distribuição geográfica: Lindsaea arcuata ocorre no México, América Central, Cuba,
Hispaniola, Venezuela até a Bolívia (Mickel & Smith 2004). No Brasil ocorre nos estados de
Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Figura 16.
Habitats preferenciais: ocorre geralmente, em locais muito úmidos, muitas vezes até
alagados em matas ciliares e de galeria, Floresta Estacional Semidecidual Montana e Floresta
Ombrófila Densa Montana e Altomontana, veredas e formações campestres como campos
rupestres, entre 750 e 1600 m de altitude.
30
Comentários: Lindsaea arcuata pode ser facilmente confundida com L. quadrangularis ssp.
quadrangularis, que também ocorre em Minas Gerais. No entanto, Lindsaea quadrangularis
ssp. quadrangularis difere deste táxon por apresentar costa abaxialmente angulada e esporos
monoletes.
5.2. Lindsaea bifida (Kaulf.) Mett. ex Kuhn, Festschr. 50 Jahr. Jub. Real. Berlin 26. 1882.
Davallia bifida Kaulf., Enum. 222. 1824.
Figura 4D – E.
Plantas terrestres, raro rupícolas; caule 1,15 – 3,13 mm diâm., com escamas
lanceoladas, de ápice filiforme, sem tricomas. Folhas 13 – 41,5 cm compr.; pecíolo 5,5 – 24,4
x 0,05 – 0,16 cm, sulcado ou alado adaxialmente, cilíndrico a angulado abaxialmente, com
escamas lanceoladas, de ápice filiforme, pubescente com tricomas clavados ou sem tricomas;
lâmina 7 – 22 cm compr., 3-pinado-pinatissecta, raro 2-pinado-pinatissecta, membranácea,
lanceolada a rombiforme, abaxialmente não glauca; raque sulcada adaxialmente, angulada
abaxialmente, pubescente com tricomas clavados ou glabra; pinas 1,15 – 8,5 x 1,41 – 1,80 cm,
pecioluladas, lanceoladas ou rombiformes, ápice agudo a cuneado, as basais não reduzidas;
costa geralmente sulcada adaxialmente, geralmente cilíndrica na base da face abaxial,
pubescente ou glabra; pínulas 0,64 – 1,67 x 0,39 – 2,7 cm, pecioluladas, lanceoladas, ápice
bifurcado, as basais não reduzidas; pinululas 0,36 – 0,61 x 0,12 – 0,34 cm, pecioluladas, ápice
bifurcado, margem crenada ou não, glabras, as basais não reduzidas; nervuras 1(2)-bifurcadas;
indumento de tricomas clavados na costa e tecido laminar, geralmente tecido laminar e
nervuras glabros. Soros oblongos a flabelados no ápice das pínulas e pinululas; indúsio
membranáceo com margem crenada, glabro; esporos triletes.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Caeté, Serra da Piedade, s.d., L. Damazio 1185 (RB). Carangola,
Fazenda Neblina, Serra da Grama, 11.IX.1987, L.S. Leoni 76 (BHCB). Idem, 10.IX.1988, L.S. Leoni 405 (R).
Carrancas, Serra de Carrancas, trecho da Serra das Broas na Chapada dos Perdizes, 21°36’17,2” S e 44°36’19,2”
W, 19.VI.2007, A. Salino et al. 12305 (BHCB). Catas Altas, Parque Natural da Serra do Caraça, Trilha para Gruta do
Padre Caio, 15.IV.2000, A. Salino 5245 (BHCB). Idem, Gruta do Padre Caio, 02.XII.2000, A. Salino 5956 (BHCB).
Conceição do Mato Dentro, Serra do Cipó km 152, 07.II.1938, M. Barreto 8853 (BHCB, RB). Idem, 05.II.1938, F.M.
Moreira s.n. (BHCB 74482). Idem, 05.II.1938, F.M. Moreira s.n. (BHCB 74492). Idem, Parque Natural Municipal do
Ribeirão do Campo, 01.VIII.2002, R.C. Mota et al. 1499 (BHCB). Lima Duarte, Distrito de Conceição de Ibitipoca,
Parque Estadual do Ibitipoca, 29.VI.2004, E. Medeiros et al. 300 (RB). Idem, 21°42’11” S e 43°53’06” W, 10.III.2004,
R.C. Forzza et al. 3153 (RB). Idem, 22.XI.2004, R.C. Forzza et al. 3606 (RB). Idem, 21°42’11” S e 43°53’06” W,
10.VIII.2005, C.M. Mynssen et al. 830 (RB). Idem, 16.III.2005, R. Dias-Mello et al. 220 (RB). Nova Lima, RPPN Mata
do Jambreiro, 19°58’41,9” S e 43°53’10,6” W, 17.IX.2 003, J.B. Figueiredo et al. 66 (BHCB). Ouro Preto, Morro de
São Sebastião, 26.VI.1902, L. Damazio 1938A (RB). Idem, Morro de São Sebastião, 1912, H. Souza Araújo s.n. (R
121989). Idem, 1904, Schwacke s.n. (BHCB1442). Idem, Serra de Antônio Pereira, s.d., L. Damazio 1938 (RB).
31
Idem, Distrito de Lavras Novas, 21-22.I.1996, A. Salino 2430 (BHCB). Idem, Tripuhy, 1932, J. Badini 07 (BHCB, R).
Rio Acima, RPPN Andaime, 29.III.2004, J.B. Figueiredo 306 (BHCB). Simonésia, RPPN Mata do Sossego,
20°04’18,7” S e 42°04’13,1” W, 23.V.2006, A. Salino et al. 11174 (BHCB).
Distribuição geográfica: Lindsaea bifida ocorre apenas no Brasil, com registros para os
estados da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa
Catarina (Kramer 1957). Figura 17.
Habitats preferenciais: ocorre geralmente, em locais muito úmidos, muitas vezes até
alagados, em matas ciliares, Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa
Altomontana, e formações campestres como campos rupestres, entre 770 e 1700 m de altitude.
Comentários: Lindsaea bifida distingue-se das espécies de Lindsaea que ocorrem em Minas
Gerais por apresentar lâmina 3-pinado-pinatissecta, raro 2-pinado-pinatissecta e pelo ápice das
pinas e pínulas bifurcado. Lindsaea stricta pode às vezes ocorrer com lâmina 3-pinada, porém
não apresenta ápice das pinas e pínulas bifurcado. Lindsaea virescens pode aparentar ápice
das pinas e pínulas bifurcado, porém apresenta lâmina 2-pinado-pinatífida, raro 1-pinado-
pinatífida.
5.3. Lindsaea botrychioides A.St.-Hil., Voy. Distr. Diam. 1: 379.1833.
Figura 4F.
Plantas terrestres; caule 0,94 – 2,09 mm diâm., com escamas lanceoladas, de ápice
filiforme, pubescente com tricomas catenados ou clavados, ou sem tricomas. Folhas 30,8 –
59,1 cm compr.; pecíolo 08,9 – 22,4 x 0,07 – 0,22 cm, geralmente sulcado adaxialmente e
angulado abaxialmente, com escamas lanceoladas, de ápice filiforme, pubescente com
tricomas catenados ou clavados; lâmina 17,3 – 38,2 cm compr., 1-pinada, raro 2-pinada,
membranácea ou papirácea, linear (1-pinada) ou rombiforme, abaxialmente não glauca; raque
sulcada adaxialmente com sulco interrompido pelo peciólulo das pinas, levemente angulada
abaxialmente, pubescente com tricomas catenados ou clavados; pinas 0,97-2,1(22,7 nas folhas
2-pinadas) x 0,63 – 1,8 cm, pecioluladas, redondas, flabeladas (1-pinada) ou lineares (2-
pinada), ápice redondo ou cuneado, as basais não reduzidas; costa sulcada ou não
adaxialmente, pubescente; pínulas quando presentes 0,78 – 0,93 x 0,55 – 0,58 cm,
pecioluladas, flabeladas, ápice redondo, margem fértil inteira a levemente crenada, estéril
crenada, as basais reduzidas ou não, glabras; nervuras 2-3-bifurcadas; indumento de tricomas
catenados, clavados ou aciculares, na costa. Soros lineares na margem acroscópica; indúsio
membranáceo ou papiráceo, com margem crenada ou ondulada, glabro; esporos triletes.
32
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Aiuruoca, Serra do Papagaio, 21.VI.1943, G.M. Magalhães 5773
(BHCB). Idem, RPPN do Matutu e Parque Estadual da Serra do Papagaio, 22°08’1,06” S - 22°07’66” S e 44°66’30,6”
W - 44°68’38,5” W, 10.X.2004, A. Salino et al. 9724 (BHCB). Antônio Carlos, 09.I.1980, L. Krieger s.n. (BHCB 4198).
Barbacena, do lado da Cabana da Mantiqueira na BR 040, XII.2002, A. Salino & V.A.O. Dittrich 8223 (BHCB). Catas
Altas, Parque Natural do Caraça, região da Cascatinha, 20°06’32” S e 43°28’43” W, 19.IV.1997, A. Salino 3018
(BHCB). Idem, Gruta do Padre Caio, 15.IV.2000, A. Salino 5246 (BHCB). Idem, caminho do Tanque Grande,
20°05’45,5” S e 43°28’54,1” W, 10.VII.2004, A. Salino et al. 9620 (BHCB). Idem, próximo ao Tanque Grande,
07.VII.2005, R.C. Mota 2927 (BHCB). Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, 21°42’24” S e 43°53’ 25” W,
09.VIII.2005, C.M. Mynssen et al. 780 (RB). Montes Claros, Serra do Clattoni, 10.XI.1938, Markgrat et al. 3233 (RB).
Ouro Preto, 1904, Schwacke s.n. (BHCB 1443). Idem, 1938, L. Rennó s.n. (BHCB 3755). Idem, Parque Estadual do
Itacolomi, 13.V.1998, A. Salino et al. 4242 (BHCB). Idem, Serra do Itacolomi, 1933, J. Badini 20 (BHCB). Idem,
Morro de São Sebastião, 1902, L. Damazio s.n. (RB 36245 e HB 36245). Idem, Morro de São Sebastião, III.1912, H.
Souza Araújo s.n. (R 121969). Idem, Morro de São Sebastião, s.d., L. Damazio 161 (R). Santa Bárbara, Serra do
Caraça, 11.IX.1990, J.R. Stehmann et al. s.n. (BHCB 28389). Idem, Serra do Caraça, caminho para Gruta do Padre
Caio, 24.V.1987, D. Zappi & V.L. Scatena s.n. (BHCB 104983). Idem, s.d., J. Badini 20 (R).
Distribuição geográfica: Lindsaea botrychioides é uma espécie endêmica do Brasil ocorrendo
em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Figura 18.
Habitats preferenciais: ocorre geralmente no interior de formações florestais como Floresta
Ombrófila Densa Altomontana e Floresta Estacional Semidecidual Montana, entre 1200 e 1850
m de altitude.
Comentários: Segundo Kramer (1957), Lindsaea botrychioides pode ser confundida com L.
ovoidea, que também ocorre em Minas Gerais. No entanto, Lindsaea ovoidea difere pelo
pecíolo bege a castanho, pela lâmina (1)2-pinada e uma incisão na porção mediana do lado
acroscópico das pínulas.
5.4. Lindsaea divaricata Klotzsch, Linnaea 18: 547. 1844.
Figura 4G – I.
Plantas terrestres ou rupícolas; caule 1,27 – 3,89 (7,17) mm diâm., com escamas
lanceoladas, de ápice acuminado a filiforme, pubescente com tricomas aciculares ou
catenados, ou sem tricomas. Folhas 12,8 – 96,1 cm compr.; pecíolo 8,5 – 55,7 x 0,10 – 0,34
cm, alado ou não, sulcado ou não adaxialmente, cilíndrico abaxialmente, com escamas
lanceoladas, de ápice filiforme, pubescente com tricomas clavados, aciculares ou catenados,
ou sem tricomas; lâmina 14,3 – 40,4 (50,4) cm compr., 2-pinada, membranácea a papirácea,
rombiforme ou linear, abaxialmente glauca ou não; raque alada adaxialmente, não sulcada,
33
cilíndrica abaxialmente, pubescente com tricomas aciculares, catenados, ou clavados, ou
glabra; pinas 9 – 19,3 x 1,5 – 3,2 cm, pecioluladas ou curto-pecioluladas, elípticas a lineares,
ápice cuneado-lanceado, agudo-lanceado, ou truncado, raro caudado, as basais não
reduzidas; costa alada, não sulcada, angulada abaxialmente, pubescente ou glabra; pínulas
0,68 – 1,49 x 0,3 – 0,63 cm, curto-pecioluladas a pecioluladas, dimidiadas, ápice redondo a
truncado, margem inteira ou crenada principalmente no ápice, glabras, as basais levemente
reduzidas a flabeladas; nervuras 1-2-bifurcadas; indumento de tricomas clavados na costa e
tecido laminar, ou tecido laminar glabro, nervuras glabras. Soros lineares na margem
acroscópica, às vezes no ápice das pínulas; indúsio membranáceo a papiráceo com margem
ondulada a crenada, glabro; esporos triletes.
34
Figura 4 : A-C. Lindsaea arcuata. A. Pina mediana (A. Salino 5254). B. Detalhe da face abaxial das pínulas (A. Salino 10988). C. Detalhe da face abaxial das pínulas (A. Salino 5254). D-E. Lindsaea bifida (J.B. Figueiredo 66). D. Hábito. E. Detalhe da face abaxial dos segmentos. F. Lindsaea botrychioides (A. Salino 3018), hábito e detalhe da face abaxial da pina. G-I. Lindsaea divaricata. G. Pina mediana; detalhe da forma da raque e costa em corte transversal (A. Salino 10802). H. Detalhe da face abaxial das pínulas (A. Salino 10860). I. Detalhe da face abaxial das pínulas (A. Salino 8852).
35
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Botumirim, Estrada Canta Galo – Caçaratiba, Cadeia do Espinhaço,
Vargem da Estiva, 17°08’34,0” S e 43°05’01,2” W, 16.II I.2007, A. Salino et al. 11816 (BHCB). Buenópolis, Serra do
Cabral, 17°53’ S e 44°15’ W, 12.X.1988, R.M. Harley et al. 24895 (BHCB). Idem, Parque Nacional das Sempre
Vivas, 17°54’27,7” S e 43°45’24,2” W, 01.V.2007, T.E. Almeida et al. 977 (BHCB). Carmópolis de Minas, Estação
Ecológica Mata do Cedro, 20°27’30,5” S e 44°37’21,2” W, 11.XII.2004, T.E. Almeida 33 (BHCB). Chapada Gaúcha,
Parque Nacional do Grande Sertão Veredas, 15°23’39,4” S e 45°54’01,9” W, 08.II.2006, A. Salino et al. 10802
(BHCB). Conceição do Mato Dentro, Parque Natural Municipal do Ribeirão do Campo, 19°04’20,2” S e 43°32’23,3”
W, 06.VIII.2003, A. Salino & R.C. Mota 8852 (BHCB). Idem, Mata do Córrego da Mina, 19°06’19,4” S e 43°34’04, 9”
W, 30.V.2003, A. Salino et al. 8762 (BHCB). Diamantina, estrada para Gouveia, 15.I.1969, H.S. Irwin et al. 22040
(HB). Idem, Parque Estadual do Biribiri, Fazenda São José, trilha do Córrego do carrapato, 18°08’33,7” S e
43°30’51,4” W, 03.X.2006, F.C. Assis et al. 08 (BHCB). Felício dos Santos, APA Felício, Mata do Isidoro, entorno do
Parque Estadual do Rio Preto, 18°12’37,4” S e 43°17’05 ,2” W, 31.X.2004, A. Salino et al. 9968 (BHCB). Formoso,
Parque Nacional do Grande Sertão Veredas, Cabeceira do Rio Preto, 15°23’26,8” S e 45°53’04,4” W, 07.II.20 06, A.
Salino et al. 10800 (BHCB). Idem, próximo a Casa da Furnatura, 15°23’26,8” S e 45°53’0 4,4” W, 07.II.2006, A.
Salino et al. 10801 (BHCB). Idem, Vereda Terra Vermelha, 15°11’30,8” S e 45°53’06,5” W, 06.II.2006, A. Salino et al.
10760 (BHCB). Fronteira, Fazenda Retiro Velho, 29.X.1994, Sena & Truisan 02 (SJRP). Grão Mogol, Córrego da
Bonita, subida para o morro do Jambreiro, 16°35’ S e 42°56’ W, 07.IX.1990, J.R. Pirani et al. s.n. (BHCB 104985).
Itambé do Mato Dentro, Distrito de Santana do Rio Preto, 19°24’54,0” S e 43 °25’40,6” W, 06.VIII.2006, T.E. Almeida
& D.T. Souza 334 (BHCB). Joaquim Felício, Serra do Cabral, 17°41’53,5” S e 44°16’08,6” W, 11.II.2006, A. Salino et
al. 10861 (BHCB). Idem, 17°41’34,7” S e 44°11’39,4” W, 11.II.2006, A. Salino et al. 10838 (BHCB). Idem, 17°41’53,5”
S e 44°16’08,6” W, 11.II.2006, A. Salino et al. 10860 (BHCB). Idem, cachoeira na área urbana, 17°45’28,5” S e
44°10’44,0” W, 11.II.2006, A. Salino et al. 10870 (BHCB). Leme do Prado, Estação Ecológica de Acauã, 17°09’42,8”
S e 42°46’38,3” W, 02.VII.2006, A. Salino et al. 11209 (BHCB). Santa Rita do Itueto, Parque Estadual de Sete
Salões, Trilha para Gruta de Sete Salões e Pico do Garrafão, 19°16’42” S e 41°22’22,6” W, 09.V.2006, A. Salino et
al. 10987 (BHCB). Santana do Riacho, Parque Nacional da Serra do Cipó, trilha para a Cachoeira da Farofa,
13.VII.1987, J. Prado et al. s.n. (BHCB 104987). Idem, 19°22’45,5” S e 43°34’34,2” W, 17.I.2006, T.E. Almeida &
D.T. Souza 162 (BHCB). Santo Antônio do Itambé, Parque Estadual do Pico do Itambé, trilha da Cachoeira do
Neném, 04.X.2006, F.C. Assis et al. 13 (BHCB). Idem, 04.X.2006, F.C. Assis et al. 12 (BHCB). São Gonçalo do Rio
Preto, Areal do Córrego da Lapa, 18°05’27,5” S e 43°20’29, 8” W, 07.IV.2000, A. Salino et al. 5186 (BHCB). Idem,
Parque Estadual do Rio Preto, 17.XI.1999, L.C.N. Melo 01 (BHCB). Serro, Milho Verde, 24.VII.2002, R.C. Mota 1487
(BHCB).
Distribuição geográfica: Lindsaea divaricata ocorre na Guatemala, Panamá, Guiana Francesa
até o Paraguai (Kramer 1957). No Brasil ocorre nos estados do Amazonas, Mato Grosso,
Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais e São Paulo (Assis & Salino 2007). Figura 19.
Habitats preferenciais: ocorre preferencialmente em matas ciliares e de galeria, em terrenos
brejosos ou periodicamente alagados, às vezes, em Floresta Estacional Semidecidual de
encosta, ou Submontana, entre 600 e 1300 m de altitude.
Comentários: Lindsaea divaricata apresenta duas variações morfológicas em Minas Gerais: a)
plantas com pinas congestas que apresentam pínulas com ápice truncado; b) plantas com
pinas laxas que apresentam pínulas com ápice redondo. Lindsaea divaricata pode ser
36
facilmente confundida com três táxons que ocorrem em Minas Gerais: L. guianensis ssp.
lanceastrum, L. lancea var. lancea. No entanto, Lindsaea divaricata difere dos táxons por
apresentar pecíolo e raque abaxialmente cilíndricos e costa angulada na face abaxial, muitas
vezes aladas, além de face abaxial das pínulas, às vezes, glauca. Lindsaea divaricata com a
variação do tipo b) pode ser confundida com L. quadrangularis ssp. terminalis K.U. Kramer.
Segundo Kramer (1957) é muito difícil diferenciar os dois táxons, principalmente os que
ocorrem na parte sul da sua distribuição. No presente trabalho todos os espécimes foram
determinados como Lindsaea divaricata por apresentarem maior correspondência com este
táxon.
5.5. Lindsaea guianensis (Aubl.) Dryand. ssp. lanceastrum K.U. Kramer, Acta Bot Neerl. 6: 216.
1957.
Figura 5A – B.
Plantas terrestres; caule 0,95 – 3,51 mm diâm., com escamas lanceoladas, de ápice
filiforme, sem tricomas. Folhas 23,4 – 77,7 cm compr.; pecíolo 5,6 – 44,7 x 0,14 – 0,27 cm, não
sulcado, angulado a cilíndrico abaxialmente, com escamas lanceoladas, de ápice filiforme,
pubescente com tricomas clavados ou catenados; lâmina 17,8 – 37,3 cm compr., 2-pinada, raro
1-pinada, membranácea ou papirácea, rombiforme ou elíptica, abaxialmente não glauca; raque
alada ou não adaxialmente, não sulcada, cilíndrica abaxialmente, pubescente com tricomas
clavados ou catenados; pinas (13)10 – 23,5 x 2,5 – 3,5 cm (pinas 1,13 – 1,62 x 0,61 – 0,75 cm
nas plantas 1-pinadas), pecioluladas, elípticas a lineares, ápice cuneado a lanceado, as basais
não reduzidas; costa alada ou não, não sulcada, cilíndrica abaxialmente, pubescente ou glabra;
pínulas 0,53 – 1,82 x 0,34 – 0,73 cm, pecioluladas, dimidiadas, ápice redondo ou truncado,
margem inteira a levemente ondulada, ou crenada no lado acroscópico, as basais reduzidas;
nervuras 1-2-bifurcadas; indumento de tricomas aciculares ou catenados na costa, tricomas
clavados na costa e tecido laminar, ou tecido laminar glabro, nervuras glabras. Soros lineares
na margem acroscópica e ápice das pínulas; indúsio membranáceo, com margem ondulada a
crenada, glabro; esporos triletes.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Francisco Dumont, Serra do Cabral, 18.V.2001, G. Hatschbach et
al. 72184 (BHCB). Grão Mogol, Córrego da Bonita, subida para o Morro do Jambreiro, 16°35’ S e 42°56’ W,
07.IX.1990, J.R. Pirani et al. s.n. (BHCB 104985). Jaboticatuba, Serra do Cipó, 06.VIII.1972, G. Hatschbach 29983
(HB). Leme do Prado, Estação Ecológica de Acauã, 17°09’42,8” S e 42°46’38 ,3” W, 02.VII.2006, A. Salino et al.
11208 (BHCB). Ouro Preto, 1904, Schwacke s.n. (BHCB 21442). Idem, 1938, J.M.P. Sobrinho s.n. (BHCB 1441).
Idem, 1937, J. Badini 49 (BHCB). São Gonçalo do Rio Preto, Parque Estadual do Rio Preto, Areal do Córrego da
Lapa, 18°05’27,5” S e 43°20’29,8” W, 07.IV.2000, A. Salino et al. 5184 (BHCB). Idem, 17.XI.1999, L.C.N. Melo 04
(BHCB). São José da Barra, Represa de Furnas, Morro próximo à pousada do Rio Turvo, beira da represa,
37
30.IX.2005, A.A. Arantes et al. 1544 (HUFU). São Roque de Minas, Estrada para a Cachoeira dos Rolinhos,
21.XI.1995, J.N. Nakajima et al. 1573 (BHCB). São Sebastião do Paraíso, Fazenda Cachoeira, 14.IV.1945, Brade &
A. Barbosa 17988 (RB).
Distribuição geográfica: Lindsaea guianensis ssp. lanceastrum ocorre no Brasil e Paraguai
(Kramer 1957). No Brasil ocorre nos estados do Amazonas, Maranhão, Ceará, Pernambuco,
Alagoas, Bahia, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo e Paraná (Assis
& Salino 2007). Figura 20.
Habitats preferenciais: ocorre geralmente em locais encharcados no interior de matas ciliares,
de galeria e veredas, entre 700 e 1150 m de altitude.
Comentários: Kramer (1957) reconheceu para Lindsaea guianensis duas subespécies, sendo
que somente L. guianensis ssp. lanceastrum ocorre em Minas Gerais. Ver comentário de
Lindsaea divaricata.
5.6. Lindsaea lancea (L.) Bedd. var. lancea, Suppl. Ferns S. Ind. 6.1876. Adiantum lancea L.,
Sp. Pl. ed.2. 2: 1557. 1763.
Figura 5C – D.
Plantas terrestres; caule 1,19 – 4,8 mm diâm., com escamas lanceoladas, de ápice
acuminado a filiforme, sem tricomas. Folhas 22,2 – 89,8 cm compr.; pecíolo 6,5 – 60,8 x 0,12 –
0,32 cm, sulcado ou não adaxialmente, angulado abaxialmente, com escamas lanceoladas, de
ápice acuminado a filiforme, pubescente com tricomas clavados, catenados, ou sem tricomas;
lâmina 7 – 34,7 cm compr., 2-pinada, raro 1-pinada, membranácea, rombiforme ou linear,
abaxialmente não glauca; raque sulcada ou alada adaxialmente, angulada abaxialmente,
pubescente com tricomas clavados, ou glabra; pinas 7 – 23,5 x 2 – 3,9 cm (pinas 1,28 – 1,91 x
0,55 – 0,84 cm nas plantas 1-pinadas), pecioluladas, elípticas a lineares, ápice lanceado, as
basais não reduzidas; costa sulcada ou alada adaxialmente, angulada abaxialmente,
pubescente ou glabra; pínulas 1,08 – 1,95 x 0,4 – 0,88 cm, pecioluladas, dimidiadas, ápice
redondo a truncado, margem inteira a crenada, principalmente no ápice das pínulas estéreis,
as basais reduzidas (flabeladas); nervuras 1-2-bifurcadas; indumento de tricomas clavados na
costa e tecido laminar, ou tecido laminar glabro, nervuras glabras. Soros lineares na margem
acroscópica, às vezes no ápice das pínulas; indúsio membranáceo a papiráceo com margem
ondulada, glabro; esporos triletes.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Almenara, Fazenda Limoeiro, Mata da Mamoneira, 16°02’ S e
40°51’ W, 22.II.2003, A. Salino et al. 8290 (BHCB). Idem, 22.II.2003, A. Salino et al. 8295 (BHCB). Araguari, UHE
38
Capim Branco, 04.III.1996, E. Tameirão Neto 1917 (BHCB). Bandeira, Mata do Boi Rajado, 15°47’55,7” S e
40°31’35,2” W, 05.X.2003, A. Salino et al. 9059 (BHCB). Carangola, Fazenda Santa Rita, 22.IX.1987, L.S. Leoni 110
(BHCB). Caratinga, Estação Biológica de Caratinga, Matão, 25.III.2000, A. Salino 5165 et al. (BHCB). Conceição do
Mato Dentro, Parque Natural do Ribeirão do Campo, 19°06’19,4” S e 43°34’04,9” W, 30.V.2003, A. Salino et al. 8761
(BHCB). Idem, Estrada para Morro do Pilar, 19°06’11,46” S e 43°24 ’33,6” W, 25.IX.2005, T.E. Almeida et al. 130
(BHCB). Conselheiro Pena, Parque Estadual Sete Salões, 19°15’09,4” S e 41°23’ 37,1” W, 07.V.2006, A. Salino et al.
10896 (BHCB). Idem, 19°15’30,6” S e 41°22’24,7” W, 07.V.2006, A. Salino et al. 10926 (BHCB). Descoberto,
Reserva do Grama, 15.VI.2005, C.M. Mynssen et. al 726 (RB). Idem, 31.III.2001, R.M. Castro et al. 230 (RB).
Francisco Dumont, Serra do Cabral, 18.V.2001, G. Hatschbach & E. Barbosa 72184 (MBM). Formoso, Parque
Nacional do Grande Sertão Veredas, mata do Córrego do Veado, 15°23’26,8” S e 45°53’04,4” W, 07.II.2006, A.
Salino et al. 10789 (BHCB). Furnas, 06.VII.1995, A. Salino 2194 (BHCB). Ibiraci, Usina Hidrelétrica de Peixoto, Vale
das Borboletas, 20°27’ S e 47°08’ W, 30.X.1999, I.M. Assis 03 (BHCB). Igarapé, Nossa Senhora da Paz, Fazenda da
Mata, 11.I.2000, A. Salino & P.O. Moraes 5030 (BHCB). Itamarandiba, Parque Estadual da Serra Negra, região
Tromba D’ánta, 18°01’42,5” S e 42°54’27,6” W, 05.VII. 2006, A. Salino et al. 11339 (BHCB). Lagoa Santa,
Condomínio Estância da Mata, 08.VIII.1998, P.O. Moraes & A. Salino 04 (BHCB). Idem, Condomínio Estância da
Mata, VIII.2007, A. Salino & A.M. Salino 12838 (BHCB). Marliéria, Parque Florestal do Rio Doce, 15.VI.1995, A.
Salino 2120 (BHCB). Idem, 17.VII.1996, A. Salino 2792 (BHCB). Idem, Trilha do Vinhático, 05.XII.1996, A. Salino
2843 (BHCB). Nova Lima, RPPN Mata do Jambreiro, 19°58’41,9” S e 43°53’10,6” W, 21.V.2003, J.B. Figueiredo &
F.A. Carvalho 32 (BHCB). Idem, RPPN Tumbá, 19.I.2004, J.B. Figueiredo et al. 210 (BHCB). Ouro Preto, Serra do
Frasão, 1934, J. Badini 52 (BHCB, R). Rio Acima, RPPN de Andaime, 18.II.2004, J.B. Figueiredo & J.C. Queiroz 251
(BHCB). Rio Casca, Lagoa Grande, 1936, J. Badini 233 (RB). Sabará, Mina de Cuiabá, Anglogold Ashanti, Base da
Serra da Piedade, 19°51’10,7” S e 43°44’00,9” W, 20.IV .2006, D.T. Souza 09 (BHCB). Sabará – Serra da Piedade,
1920, L. Damazio s. n. (BHCB 1444). Santa Maria do Salto, Fazenda Duas Barras, próximo à Sede, 16°24’18,7” S e
40°03’22,1” W, 22.VIII.2003, J.A. Lombardi et al. 5381 (BHCB). Idem, Distrito de Talismã, Fazenda Duas Barras,
16°24’16,5” S e 40°03’27,4” W, 09.X.2003, A. Salino et al. 9197 (BHCB). Idem, Distrito de Talismã, Fazenda Duas
Barras, 16°24’50,0” S e 40°02’57,4” W, 07.III.2004, A. Salino et al. 9464 (BHCB). Santa Rita do Itueto, Fazenda Três
Pedras, margem do Córrego Querozena, 19°21’59,8” S e 41°20’24,6” W, 08.V.2006, A. Salino et al. 10965 (BHCB).
São Gonçalo do Rio Abaixo, Estação de Pesquisa Ambiental de Peti, 19°53’33” S e 43°21’55” W, 23.IV.2002, A.
Salino 7984 (BHCB). Idem, próximo à casa de força, 19°53’00,2” S e 43°22’10, 4” W , 26.IX.2002, A. Salino 8056
(BHCB). São Gonçalo do Rio Preto, Parque Estadual do Rio Preto,17.XI.1999, A. Salino 4744 (BHCB). Idem, Areal
do Córrego da Lapa, 18°05’27,5” S e 43°20’29,8” W, 07.IV.2000, A. Salino et al. 5185 (BHCB). São Roque de Minas,
Parque Nacional da Serra da Canastra, Casca D’anta, 20°18’20” S e 46°31’12,8” W, 14.VII.1997, A. Salino 3207
(BHCB). Idem, 24.IV.1998, M.F. de Vasconcelos s.n. (BHCB 41443). Idem, 20°12’40,8” S e 46°34’15,1” W,
01.II.2007, A. Salino et al. 11667 (BHCB). Serra da Piedade, s.d., L. Damazio 739 (RB).
Distribuição geográfica: Lindsaea lancea var. lancea ocorre no México, America Central,
Antilhas, Trinidad, Guiana Francesa até o Paraguai (Kramer 1957). No Brasil ocorre nos
estados do Acre, Rondônia, Amazonas, Amapá, Pará, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Bahia,
Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo,
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Assis & Salino 2007). Figura 21.
39
Habitats preferenciais: ocorre geralmente em formações florestais do bioma Cerrado, e
florestais Estacionais Semideciduais Montana e Submontana, e Ombrófilas Densa Submontana
e Montana do bioma Mata Atlântica, entre 250 e 1360 m de altitude.
Comentários: Kramer (1957) reconheceu para Lindsaea lancea cinco variedades, sendo que
somente L. lancea var. lancea ocorre em Minas Gerais. Ver comentário de Lindsaea divaricata.
5.7. Lindsaea ovoidea Fée, Crypt. Vasc. Brés. II: 21. 1872-73.
Figura 5E – F.
Plantas terrestres ou rupícolas; caule 1,25 – 1,61 mm diâm., com escamas lanceoladas,
de ápice filiforme, sem tricomas. Folhas 12,1 – 51,8 cm compr.; pecíolo 4,3 – 21,5 x 0,06 –
0,19 cmm, sulcado ou não adaxialmente, cilíndrico ou angulado abaxialmente, com escamas
lanceoladas, de ápice filiforme, pubescente com tricomas clavados; lâmina 7,8 – 30,3 cm
compr., (1)2-pinada, membranácea a papirácea, rombiforme, abaxialmente não glauca; raque
sulcada ou não adaxialmente, angulada abaxialmente, pubescente com tricomas clavados ou
catenados, ou glabra; pinas 9 – 12,7 x 1,09 – 2,16 cm, subsésseis, lineares, ápice cuneado a
redondo, as basais não reduzidas; costa sulcada adaxialmente, angulada a cilíndrica
abaxialmente, pubescente ou glabra; pínulas 0,68 – 0,7 x 0,42 – 0,45 cm, subsésseis a
pecioluladas, flabeladas a ovadas, ápice redondo, margem crenada a serreada, glabra, as
basais reduzidas ou não; nervuras 2-bifurcadas, às vezes, 1-furcadas; indumento de tricomas
clavados na costa e tecido laminar, raro nas nervuras. Soros oblongos ou lineares na margem
acroscópica e ápice das pínulas; indúsio membranáceo, com margem fortemente serreada,
glabro; esporos triletes.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Ouro Preto, Parque Estadual do Itacolomi, Pico do Itacolomi,
13.V.1998, A. Salino et al. 4236 (BHCB).
Material adicional examinado: BRASIL. SÃO PAULO: Caraguatatuba, estrada da Intermediária, 23°38’44,0” S e
45°40’21,0” W, 25.IV.2000, A. Salino 54140 (BHCB). Ubatuba, Parque Estadual da Serra do Mar, núcleo de
Picinguaba, trilha do Pico do Cuscuzeiro, 23°17’40,3” S e 44°47’40,0” W, 07.VIII.2001, A. Salino et al. 7304 (BHCB).
Idem, trilha do Pico do Corcovado, 23°26’56,6” S e 45°11’ 35,8” W, 01.XI.2001, A. Salino et al. 7781 (BHCB).
40
Figura 5 : A-B. Lindsaea guianensis ssp. lanceastrum (A. Salino 11208). A. Face abaxial das pínulas basais; detalhe da forma da raque e costa em corte transversal. B. Detalhe da face abaxial das pínulas. C-D. Lindsaea lancea var. lancea (A. Salino 10896). C. Hábito, mostrando detalhe da forma da raque e costa em corte transversal. D. Detalhe da face abaxial das pínulas. E-F. Lindsaea ovoidea (A. Salino 4236). E. Hábito. F. Detalhe da face abaxial da pina. G-I. Lindsaea quadrangularis ssp. quadrangularis. G. Pina mediana (T.E. Almeida 57). H. Detalhe da face abaxial das pínulas (F.A. Carvalho 118). I. Detalhe da face abaxial das pínulas (J.B. Figueiredo 285). K-L. Lindsaea stricta var. stricta (A. Salino 3229). K. Pina mediana. L. Detalhe da face abaxial das pínulas.
41
Distribuição geográfica: Lindsaea ovoidea é uma espécie endêmica do Brasil com registros
para Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Figura 21.
Habitats preferenciais: ocorre no interior de matas de galeria e de Floresta Ombrófila Densa
Montana e Altomontana, entre 1000 e 1200 m de altitude.
Comentários: Lindsaea ovoidea difere das demais espécies de Lindsaea que ocorrem em
Minas Gerais por apresentar uma incisão na porção mediana do lado acroscópico das pínulas.
Ver comentário de Lindsaea botrychioides.
5.8. Lindsaea quadrangularis Raddi ssp. quadrangularis, Opusc. Sci. Bol. 3: 294. 1819.
Figura 5G – I.
Plantas terrestres, raro rupícolas; caule 1,6 – 3,99 mm diâm., com escamas
lanceoladas, de ápice filiforme, sem tricomas. Folhas 41,2 – 79 cm compr.; pecíolo 16 – 50,7 x
0,09 – 0,31 cm, alado ou sulcado adaxialmente, angulado abaxialmente, com escamas
lanceoladas, de ápice filiforme, pubescente com tricomas clavados, ou sem tricomas; lâmina
20,7 – 40,4 cm compr., 2-pinada, membranácea, rombiforme ou linear, abaxialmente não
glauca; raque alada, sulcada ou não adaxialmente, angulada abaxialmente, pubescente com
tricomas clavados, ou glabra; pinas 7,3 – 19,6 x 1,3-2,6 cm, curto-pecioluladas a pecioluladas,
lineares, ápice cuneado, caudado ou não, as basais não reduzidas; costa alada ou sulcada
adaxialmente, angulada abaxialmente, pubescente ou glabra; pínulas 0,64 – 1,35 x 0,34 – 0,65
cm, curto-pecioluladas, dimidiadas, ápice truncado, margem crenada a fortemente serreada,
glabra, as basais reduzidas a flabeladas; nervuras 1-3-bifurcadas; indumento de tricomas
clavados na costa e tecido laminar, ou tecido laminar glabro, nervuras glabras. Soros lineares
ou oblongos, na margem acroscópica e ápice das pínulas; indúsio membranáceo com margem
crenada a fortemente serreada, pubescente com tricomas clavados, somente na base, ou
glabro; esporos monoletes.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Carangola, Fazenda Sta. Rita, 26.V.1989, A. Salino 737 (BHCB,
HB, MBM). Conceição do Mato Dentro, 19°06’11,46” S e 43°24’33,6” W, 25.IX.2005, T.E. Almeida et al. 131 (BHCB).
Idem, Parque Natural Municipal do Ribeirão do Campo, 19°04’20,2” S e 43°32’23,3” W, 06.VIII.2003, A. Salino &
R.C. Mota 8863 (BHCB). Coronel Pacheco, 16.V.1944, E.P. Heringer 1257 (RB). Dores de Guanhães, Margem do
Rio Guanhães, 19°02’14,9” S e 42°55’28,4” W, 13.VIII. 2005, T.E. Almeida et al. 57 (BHCB). Marliéria, Parque
Florestal do Rio Doce, Salão Dourado, IX.1997, A. Salino & L.C.N. Melo 3443 (BHCB). Idem, estrada para Porto
Capim, 01.III.1999, A. Salino 4433 (BHCB). Nova Lima, RPPN Tumbá, 19.I.2004, J.B. Figueiredo et al. 214 (BHCB).
Idem, RPPN de Capitão do Mato, 20°07’55,7” S e 43°54’55,6” W, 11.VI.2004, J.B. Figueiredo & S.G. de Lima 270
(BHCB). Idem, RPPN Mata do Jambreiro, 19°58’41,9” S e 43°53’10,6” W, 21.V.2003, J.B. Figueiredo & F.A.
42
Carvalho 08 (BHCB). Idem, RPPN Tumbá, 18.III.2004, J.B. Figueiredo & A.J. da Silva 285 (BHCB). Poté, Fazenda
Nossa Senhora de Fátima, 17°44’35” S - 43’52” S e 41°43’13”-56” W, 20.VIII.200 4, J.A. Lombardi et al. 6042
(BHCB). Rio Acima, RPPN de Andaime, 25.XI.2003, J.B. Figueiredo & T.E. Almeida 196 (BHCB). Rio Casca, 1936,
J. Badini 234 (RB). Sabará, RPPN Cuiabá, Anglogold Ashanti, Base da Serra da Piedade, 19°51’08,7” S e
43°43’45,7” W, 18.VII.2006, T.E. Almeida & D.T. Souza 228 (BHCB). São Gonçalo do Rio Abaixo, Estação de
Pesquisa Ambiental de Peti, 19°53’33” S e 43°21’55” W , 23.VI.2002, A. Salino 7982 (BHCB). Idem, 19°53’0,2” S e
43°22’10,4” W, VIII.2002, F.A. Carvalho 118 (BHCB). São João Nepomuceno, s.d., T. Lopes s.n. (RB 36248). São
Roque de Minas, Parque Nacional da Serra da Canastra, Casca D’anta, 20°18’20” S e 46°31’12,8” W, 15.VII.1997,
A. Salino 3233 (BHCB). São Sebastião do Paraíso, Fazenda Calada, 16.IV.1945, Brade & A. Barbosa 17987 (RB).
Distribuição geográfica: Lindsaea quadrangularis ssp. quadrangularis é endêmica do Brasil,
com registros para Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Figura 22.
Habitats preferenciais: ocorre geralmente em formações florestais como matas ciliares, de
galeria e secundária, e Floresta Estacional Semidecidual Montana, entre 600 e 780 m de
altitude.
Comentários: Kramer (1957) reconheceu para Lindsaea quadrangularis quatro subespécies,
das quais somente Lindsaea quadrangularis ssp. quadrangularis ocorre em Minas Gerais.
Lindsaea quadrangularis ssp. quadrangularis apresenta duas variações morfológicas em Minas
Gerais: a) plantas que apresentam ápice das pinas raramente caudado, pínulas pequenas com
margem crenada a serreada e margem do indúsio crenada a serreada; b) plantas que
apresentam pinas com ápice fortemente caudado, pínulas maiores com margem fortemente
serreada e margem do indúsio fortemente serreada. Lindsaea quadrangularis ssp.
quadrangularis, com a primeira variação pode ser facilmente confundida com L. arcuata, que
também ocorre em Minas Gerais. No entanto, Lindsaea arcuata difere deste táxon por
apresentar esporos triletes. Lindsaea quadrangularis ssp. quadrangularis, com a segunda
variação, pode ser facilmente confundida com L. ovoidea, que ocorre em Minas Gerais. No
entanto, Lindsaea ovoidea difere deste táxon por apresentar esporos triletes.
5.9. Lindsaea stricta (Sw.) Dryand. var. stricta, Trans. Linn. Soc. London 3: 42. 1797. Adiantum
strictum Sw., Prodr.: 135. 1788.
Figura 5K – L.
Plantas terrestres ou rupícolas, raro epífitas; caule 1,04 – 4,25 mm diâm., com escamas
lanceoladas, de ápice filiforme, sem tricomas. Folhas 8,9 – 103,8 cm compr.; pecíolo 1,3 – 61,1
x 0,07 – 0,33 cm, sulcado ou não adaxialmente, cilíndrico abaxialmente, com escamas
lanceoladas, de ápice filiforme, pubescente com tricomas clavados, catenados, ou sem
43
tricomas; lâmina 7,3 – 55 cm compr., geralmente 2-pinada, raramente 1-pinada ou 3-pinada,
papirácea a cartácea, rombiforme ou linear, abaxialmente não glauca; raque sulcada ou não
adaxialmente, cilíndrica abaxialmente, pubescente com tricomas clavados, ou glabra; pinas
0,39 – 25,7 x 0,25 – 2 cm, curto-pecioluladas ou pecioluladas, lineares, elípticas, ou dimidiadas,
ápice cuneado, redondo, ou caudado, as basais não reduzidas; costa sulcada ou não
adaxialmente, cilíndrica abaxialmente, pubescente ou glabra; pínulas 0,3 – 1,19 x 0,23 – 0,6
cm, curto-pecioluladas, dimidiadas ou lineares, ápice redondo ou cuneado, as basais reduzidas
ou não; pinululas 0,29 – 0,64 x 0,22 – 0,44 cm, curto-pecioluladas, dimidiadas ou flabeladas,
ápice redondo, margem crenada ou ondulada, as basais reduzidas; nervuras 1-2-bifurcadas;
indumento de tricomas clavados na costa e tecido laminar, ou tecido laminar glabro, nervuras
glabras. Soros lineares ou oblongos, na margem acroscópica e ápice das pínulas; indúsio
membranáceo, margem serreada, raro fortemente crenada, pubescente com tricomas
clavados, somente na base, ou glabro; esporos triletes.
.
Material examinado selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Belo Horizonte, Jardim Botânico, 24.II.1934, A.J. de
Sampaio 7212 (R). Idem, Serra do Taquaril, 08.VIII.1942, J.E. de Oliveira 995 (BHCB). Belo Vale, Fazenda
Cachoeira, 19.VII.1999, G.C. de Castro s.n. (BHCB 68170). Boa Esperança, Parque Estadual da Serra da Boa
Esperança, Serra da Boa Esperança, 21°0’0,5” S e 45°4 0’40,3” W, 14.XII.2007, A. Salino et al. 13017 (BHCB).
Brumadinho, Nascente Riacho Limpo do Retiro das Pedras, 01.VI.2001, R. Morais et al. s.n. (BHCB 77836).
Brumadinho/Santa Bárbara, VIII.1997, L.V. Costa s.n. (BHCB 10750). Caeté, XI.1915, F.C. Hoehne 6571 (R).
Camanducaia, Mata do Trevo de acesso a Camanducaia, 22°44’53,2 ” S e 46°09’16,9” W, 01.VI.2001, A. Salino 6887
(BHCB). Carandaí, Pedra do Sino Hotel Fazenda, BR040, km 6, 20°52’40,5 ” S e 43°48’51,7” W, 25.III.2006, N.F.O.
Mota & P.L. Viana 612 (BHCB). Caratinga, Estação Biológica de Caratinga, Fazenda Montes Claros, 05.IX.1998, A.
Salino et al. 4294 (BHCB). Carrancas, Serra de Carrancas, trecho da Serra das Broas na Chapada dos Perdizes,
21°36’17,2” S e 44°36’19,2” W, 19.VI.2007, A. Salino et al. 12289 (BHCB). Catas Altas, Parque Natural do Caraça,
Trilha para a Cascatona, 01.IV.1999, A. Salino et al. 4564 (BHCB). Idem, Caraça, em campo pequeno, 23.III.1957,
Ed. Pereira 2617 & Pabst 3453 (HB). Idem, Gruta do Padre Trombert, 29.II.1976, R.W. Windisch & A. Ghillány 487
(HB). Conceição do Mato Dentro, 18.V.1989, G. & M. Hatschbach & V. Nicolack 52866 (MBM). Idem, Margem do Rio
Santo Antônio, Estrada para Morro do Pilar, 19°06’25,3 4” S e 43°24’17,25” W, 24.IX.2005, T.E. Almeida et al. 114
(BHCB). Congonhas, Serra do Cipó, 29.V.1996, A. Salino 2746 (BHCB). Congonhas do Norte, 18°45’04” S e
43°40’43” W, 01.III.1998, J.R. Pirani et al. 4087 (SPF). Conselheiro Mata, VI.1904, Brade s.n. (HB 30628).
Delfinópolis, Paraíso Selvagem, Trilha para Salto Solitário, 20°26’ 04” S e 46°39’13” W, 04.XII.2002, J.N. Nakajima et
al. 3332 (BHCB). Idem, trilha Casinha Branca, Fazenda Zé Antunes, 20°26’04 ” S e 46°39’12” W, 11.IV.2002, R.A.
Pacheco et al. 129 (BHCB). Diamantina, Parque Estadual do Biribiri, Estrada para Fazenda Duas Pontes, Porteirão
de São Miguel, 18°09’37,8” S e 43°35’03,3” W, 02.X.20 06, F.C. Assis et al. 04 (BHCB). Idem, 18°08’33,7” S e
43°30’51,4” W, 03.X.2006, F.C. Assis et al. 07 (BHCB). Dores de Guanhães, Serra do Caraça, 19°04’14,3” S e
42°52’23,2” W, 15.VIII.2005, T.E. Almeida et al. 78 (BHCB). Felício dos Santos, APA Felício, Mata do Isidoro,
entorno do Parque Estadual do Rio Preto, 18°10’45,0” S e 43°17’12,5” W, 09.VIII.2004, N.F.O. Mota & P.L. Viana 54
(BHCB). Gouveia, Cadeia do Espinhaço, Fazenda do Tigre, Córrego do Onça, 18°33’52,3” S e 43°48’22,7” W,
17.III.2007, A. Salino et al. 11844 (BHCB). Grão Mogol, Serra do Barão, 30.VI.1975, R.W. Windisch & A. Ghillány
357 (HB). Idem, 03.IX.1985, T.B. Cavalcanti et al. s.n. (SPF39632). Igarapé, próx. ao Sítio Pedra Menina, 12.I.2000,
A. Salino & P.O. Morais 5035 (BHCB). Itamarandiba, Parque Estadual da Serra Negra, região Buracão, 18°0 1’05,21”
44
S e 42°56’55,5” W, 05.VII.2006, A. Salino et al. 11325 (BHCB). Itambé do Mato Dentro, Distrito de Santana do Rio
Preto, Cabeça de Boi, 19°24’52,7” S e 43°25’46,0” W, 06.VIII.2006, T.E. Almeida & D.T. Souza 350 (BHCB).
Jaboticatubas, Serra do Cipó, 19°19’ S e 43°36’ W, 10.III.1969, G. Eiten & L.T. Eiten 10974 (HB). Idem, Serra do
Cipó, 05.VIII.1972, G. Hatschbach 29862 (MBM). Idem, 06.VIII.1972, G. Hatschbach 29983 (MBM). Jequeri, Área da
Usina de Providência, 29.IX.1997, A. Salino 3517 (BHCB). Idem, Área de inundação da Usina de Providência,
20.XI.1997, A. Salino 3780 (BHCB). João Monlevade, 27.V.1983, J.R. Pirani & O. Yano 679 (SPF). Joaquim Felício,
Serra do Cabral, na estrada que sobe a serra em direção a Francisco Dumont e Várzea da Palma, 17°43’37,5” S e
44°11’04,6” W, 11.II.2006, A. Salino et al. 10828 (BHCB). Lagoa Santa, XI.1915, F.C. Hoehne 6548 (R). Idem,
Condomínio Estância da Mata, 01.VIII.1998, P.O. Morais & A. Salino 15 (BHCB). Leme do Prado, Estação Ecológica
de Acauã, 17°09’42,8” S e 42°46’38,3” W, 02.VII.2006, A. Salino et al. 11201 (BHCB). Lima Duarte, Distrito de
Conceição do Ibitipoca, Estrada para Santana do Garambeu, 21°42’32” S e 43°56’12” W, 09.V.2002, R. Marquete et
al. 3240 (RB). Mariana, 13.V.1915, L. Damazio s.n. (RB 36251). Idem, Passagem de Mariana, 27.VII.1959, L.
Labouriau 1028 (RB). Idem, Serra do Frasão, Estrada Mariana-Santa Bárbara, 25.VIII.2000, A. Salino 5666 (BHCB).
Marliéria, Parque Florestal do Rio Doce, Margem da Lagoa Carioca, 16.VII.1996, A. Salino et al. 23 (BHCB). Montes
Claros, Serra do Clattoni, 10.XI.1938, Markgrat et al. 3233 (RB). Idem, Planalto da Serra do Clattoni, 10.XI.1938,
Markgrat et al. 13286 (RB). Nova Lima, Estação Ecológica de Fechos, 20°03’57,6” S e 43°57’3 2,7” W, 11.VII.2001,
A. Salino et al. 7135 (BHCB). Idem, RPPN Mata do Jambreiro, 19°58’41,9” S e 43°53’10,6” W, 17.IX.2003, J.B.
Figueiredo et al. 38 (BHCB). Idem, RPPN Mata Samuel de Paula, trilha principal que atravessa a reserva,
18°08’07,9” S e 43°16’47,2” W, 16.VIII.2004, A. Salino 9638 (BHCB). Ouro Branco, Serra do Ouro Branco,
24.IV.1957, E. Pereira 3203 & Pabst 4037 (RB). Idem, Serra do Ouro Branco, 21.III.1974, R.W. Windisch 89 (HB).
Idem, 22.VI.1984, L. Krieger & A. Pavam 20684 (R). Ouro Preto, Parque Estadual do Itacolomi, 20°24’26” S e
43°25’22” W, 24.III.2004, C.M. Mynssen et al. 572 (RB). Idem, 31.VII.1976, P.H. Davis & G.J. Shepher 59680 (MBM).
Idem, 28.XI.1965, R.M. & A.F. Tryon 6850 (HB). Idem, Parque Estadual do Itacolomi, 13.V.1998, A. Salino et al.
4243 (BHCB). Paracatu, 2km N, Serra da Anta, 03.II.1970, H.S. Irwin et al. 25927 (RB). Idem, Reserva do Acangaú,
Mata ciliar do Córrego Conceição, 17°09’58,2” S e 47 °03’23,1” W, 01.II.2006, A. Salino et al. 10653 (BHCB). Idem,
17°14’26” S e 46°48’07,7” W, 30.VII.2000, C.B. Costa & P. Fiaschi 363 (SPF). Parque Estadual do Rio Doce, Lagoa
Carioca, 30.V.1974, L. Duarte 31 (R). Resplendor, Parque Estadual de Sete Salões, na estrada perto da Torre de
rádio de Resplendor, 19°20’05,4” S e 41°19’10,9” W, 08.V.2006, A. Salino et al. 10940 (BHCB). Rio Acima, Sítio
Porta do Céu, Córrego Água Limpa, 20°07’13,8” S e 43°4 2’55,2” W, 22.II.2007, A. Salino & A.M. Salino 11679
(BHCB). Rio Pardo de Minas, Distrito Serra Nova, Parque Estadual Serra Nova, Cadeia do Espinhaço, 15°39’37,5” S
e 42°45’53,7” W, 13.III.2007, A. Salino et al. 11747 (BHCB). Sabará, I.1916, F.C. Hoehne 6720 (R). Idem,
Sobradinho, Mata José Vaz, 15.VIII.1983, C. Ferreira 77 (BHCB). Santa Luzia, Fazenda da Chicaca, 20.XI.1945, V.
Assis 138 (RB). Idem, Serra do Cipó, km 122, 14.IV.1935, M. Barreto 8131 & Brade 14399 (BHCB). Santana do
Garambeu, 21°36’28,5” S e 44°07’36,1” W, 08.VI.2001, A. Salino & R.C. Mota 7033 (BHCB). Santana do Riacho,
Planalto da Serra do Cipó, estrada de Lagoa Santa para Conceição do Mato Dentro, 23.XI.1965, R.M. & A.F. Tryon
6831 (HB). Idem, Serra do Cipó, 11.V.1974, G. Martinelli 288 (RB). Idem, Parque Nacional da Serra do Cipó, Trilha
para Cachoeira da Farofa, 19°22’45,5” S e 43°34’34,2 ” W, 17.I.2006, T.E. Almeida & D.T. Souza 155 (BHCB). Idem,
Serra do Cipó, km 117, Vertente Ocidental, 01.VI.1969, A.P. Duarte 11661 (BHCB). Idem, Palácio km 131,
05.XII.1949, A.P. Duarte 2088 (RB). São Gonçalo do Rio Abaixo, Estação de Pesquisa Ambiental de Peti, 19°53’33”
S e 43°21’55” W, 23.VI.2002, A. Salino 7985 (BHCB). São Gonçalo do Rio Preto, Parque Estadual do Rio Preto,
12.VI.1999, A. Salino 4842 (BHCB). Idem, Área de Camping, 18°06’54” S e 43°20’28” W, 07.IV. 2000, A. Salino et al.
5187 (BHCB). São João Del Rei, Serra do Lenheiro, 19.II.1985, L. Krieger et al. 20351 (R). São José da Barra,
Represa de Furnas, Paraíso Perdido, 16.II.2006, E.K.O. Hattori et al. 472 (BHCB). Idem, morro próx. à Pousada do
Rio Turvo, 30.IX.2005, A.A. Arantes et al. 1501 (BHCB). São Roque de Minas, Parque Nacional da Serra da
Canastra, Casca D’anta, 20°18’20” S e 46°31’12,8” W, 05.VII.1997, A. Salino 3229 (BHCB). Idem, Capão Forro,
45
Cachoeira da Mata, 20°15’11,9” S e 46°24’26,1” W, 31 .I.2007, A. Salino et al. 11619 (BHCB). São Sebastião do
Paraíso, Baú, 10.IV.1945, Brade & A. Barbosa 17986 (RB). Idem, estrada de Lagoa Santa para Conceição do Mato
Dentro, Serra do Cipó, 19°20’ S e 43°40’ W, 01.II.198 7, J. Prado et al. 65 (HB). Serranópolis de Minas, estrada Rio
Pardo de Minas à Serranópolis de Minas, 15°56’29,3” S e 42°48’12,9” W, 14.III.2007, A. Salino et al. 11771 (BHCB).
Serro, Milho Verde, 24.VII.2002, R.C. Mota 1485 (BHCB). Tiradentes, Serra de São José, 18.X.1998, R.J.V. Alves
6350 (R). Três Marias, área da futura barragem de rejeitos da Votorantim, 18°10’27,6” S e 45°12’54,9” W,
06.IX.2006, T.E. Almeida & D.T. Souza 389 (BHCB).
Distribuição geográfica: Lindsaea stricta var. stricta ocorre no sul do México, América Central,
Cuba, Jamaica, Trinidad, Guiana Francesa até a Bolívia (Kramer 1957). No Brasil ocorre nos
estados do Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Rondônia, Maranhão, Pernambuco,
Alagoas, Bahia, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de
Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina (Assis & Salino 2007). Figura 23.
Habitats preferenciais: é a espécie de Lindsaea mais comum em Minas Gerais, ocorrendo em
formações campestres, savânicas e florestais do bioma Cerrado e nas florestais estacionais
deciduais, e semideciduais do bioma Mata Atlântica, entre 550 e 1600 m de altitude.
Comentários: Kramer (1957) reconheceu para Lindsaea stricta três variedades, sendo que
somente L. stricta var. stricta ocorre em Minas Gerais. Lindsaea stricta var. stricta pode
eventualmente ser confundida com L. guianensis, que apresenta pinas com 2,5-3,5 cm de
largura, enquanto L. stricta var. stricta apresenta pinas com 0,25 – 2 cm de largura .
5.10. Lindsaea virescens Sw. var. virescens, Kongl. Vetensk. Akad. Handl. 1817: 73. 1817.
Figura 6A – B.
Plantas terrestres; caule 1,91 – 2,39 mm diâm., com escamas lanceoladas, de ápice
filiforme, pubescente com tricomas catenados, ou sem tricomas. Folhas 17,5 – 35,1 cm compr.;
pecíolo 9 – 20,7 x 0,07 – 0,13 cm, sulcado adaxialmente, cilíndrico abaxialmente, com ou sem
escamas lanceoladas, de ápice filiforme, pubescente com tricomas catenados, ou sem
tricomas; lâmina 8,5 – 14,4 (20) cm compr., 2-pinado-pinatífida, raro 1-pinado-pinatífida,
membranácea, rombiforme ou lanceolada, abaxialmente não glauca; raque sulcada em ambas
as faces, angulada abaxialmente, pubescente com tricomas catenados, ou glabra; pinas 1,5 –
6,9 x 1,09 – 1,51 cm, pecioluladas, lanceoladas, elípticas, ou flabeladas, ápice cuneado, as
basais não reduzidas; costa sulcada adaxialmente, angulada abaxialmente, pubescente ou
glabra; pínulas 0,74 – 0,97 x 0,29 – 0,47 cm, pecioluladas, flabeladas ou dimidiadas, ápice
redondo, margem inteira a crenada no ápice, glabra, as basais reduzidas ou não; nervuras 1-2-
bifurcadas; indumento de tricomas catenados na costa, às vezes tricomas clavados no tecido
46
laminar, geralmente tecido laminar e nervuras glabros. Soros oblongos ou lineares na margem
acroscópica das pínulas; indúsio membranáceo, margem ondulada a crenada, glabro; esporos
triletes.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Catas Altas, Serra do Caraça, acima da Cascatinha, 02.X.1998, A.
Salino 4366 (BHCB). Lima Duarte, Saint Gobain – Fazenda da Serra, 14.VII.2005, E. Tameirão Neto 3932 (BHCB).
Ouro Preto, Grangeiras, 1937, J. Badini s.n. (BHCB 74476). Idem, s.d., J. Badini 38 (R). Ressaquinha, Serra da
Trapizonga, VIII.1894, A. Silveira 67 (R).
Distribuição geográfica: Lindsaea virescens Sw var. virescens é endêmica do Brasil, com
registros para Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Espírito
Santo (Kollman 5901 – MBML). Figura 24.
Habitats preferenciais: segundo Kramer (1957), ocorre em florestas a ca. 1000 m de altitude.
Em Minas Gerais ocorre no interior de formações florestais como sub-bosque de Floresta
Estacional Semidecidual, entre 1000 - 1300 m de altitude.
Comentários: Lindsaea virescens apresenta duas variedades, sendo que somente L.
virescens Sw var. virescens ocorre em Minas Gerais. Distingue-se das demais espécies de
Lindsaea que ocorrem em Minas Gerais pela lâmina 2-pinado-pinatífida com pínulas basais
duas vezes divididas (mais vezes divididas que as pínulas medianas).
6. Paesia A.St.-Hil., Voy. Distr. Diam. 1: 381. 1833.
Plantas terrestres ou rupícolas; caule longo-reptante, com tricomas, sem escamas.
Folhas com até 2,5 m compr., geralmente escandentes, sem espinhos; pecíolo com tricomas;
lâmina até 4-pinado-pinatífida, glabra, pubescente ou pilosa com tricomas glandulares ou não,
sem escamas e gemas, abaxialmente não glaucas, raque flexuosa; nervuras livres. Soros
marginais, em comissura vascular, conectando o final de mais de uma nervura; indúsio formado
pela margem da lâmina modificada; indúsio abaxial presente; esporos monoletes.
47
Figura 6 : A-B. Lindsaea virescens var. virescens (E. Tameirão Neto 3932). A. Hábito. B. Detalhe da face abaxial das pínulas. C-E. Paesia glandulosa (F.C. Assis 17). C. Detalhe da face adaxial da raque e pina. D. Detalhe da face abaxial dos segmentos. E. Tricomas glandulares.
.
48
Segundo Tryon & Stolze (1989), Paesia é um gênero principalmente tropical com ca. 12
espécies, com duas delas na América. Em Minas Gerais está representado por Paesia
glandulosa (Sw.) Kuhn. Difere dos outros gêneros de Dennstaedtiaceae por apresentar indúsio
abaxial tão bem desenvolvido quanto o indúsio adaxial, invariavelmente presente de textura
membranácea, contrastando com a estrutura de Pteridium que é freqüentemente pouco
desenvolvido ou ausente (Tryon & Tryon, 1982).
6.1. Paesia glandulosa (Sw.) Kuhn, Festschr 50 jähr. jub. Real. Berlin 347 (27). 1882.
Cheilanthes glandulosa Sw., Kongl. Vetensk. Akad. Handl. 1817: 77. 1817.
Figura 6C – E.
Plantas com caule 1,3 – 2,95 mm diâm., piloso ou pubescente com tricomas aciculares
ou catenados, ou glabro. Folhas 40,6 – 143 cm compr.; pecíolo 10,9 – 46,9 x 0,13 – 0,25 cm,
sulcado ou não adaxialmente, com tricomas aciculares, catenados e glandulares; lâmina 24,3 –
105,5 cm compr., 3-pinado-pinatífida, às vezes 4-pinado-pinatífida na base, cartácea, elíptica,
ápice agudo; raque sulcada adaxialmente, pubescente com tricomas aciculares, catenados e
glandulares; pinas 12,5 – 41,7 cm compr., pecioluladas, lanceoladas ou lineares, ápice
cuneado; costa sulcada adaxialmente, pilosa ou pubescente; pínulas 2 – 6,9 x 0,7 – 2 cm,
pecioluladas ou sésseis, lanceoladas, lineares, ou elípticas, ápice cuneado, caudado ou não,
as basais reduzidas ou não; cóstula sulcada adaxialmente, pilosa, pubescente, ou glabra;
pinululas 0,39 – 0,92 x 0,17 – 0,51 cm, sésseis, lanceoladas, lineares, ovadas, ou dimidiadas,
ápice redondo a cuneado, margem inteira e plana, as basais reduzidas ou não; nervuras 1-
bifurcadas, às vezes, 2-bifurcadas; indumento de tricomas catenados na costa, cóstula, tecido
laminar, margem e nervuras, tricomas glandulares na costa, cóstula e tecido laminar, tricomas
aciculares na costa. Soros oblongos; indúsio com margem membranácea e crenada,
pubescente com tricomas catenados, aciculares e glandulares, ou glabro.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Catas Altas, Parque Natural do Caraça, trilha para o Pico do Sol,
20°06’31,1” S e 43°27’31,2” W, 19.V.2001, A. Salino et al. 6831 (BHCB). Idem, Gruta Nossa Senhora de Lourdes,
11.XI.2000, A. Salino 5813 (BHCB). Idem, RPPN Serra do Caraça, subida para Pico da Carapuça, 20°05’32,2” S e
43°28’22,1” W, 20.IV.2004, T.E. Almeida et al. 07 (BHCB). Ouro Preto, 1937, J. Badini 59 (BHCB). Idem, 1950,
Carneiro s.n. (BHCB 1467). Idem, Serra do Ouro Preto, 1904, Schwacke 14594 (BHCB). Idem, Parque Estadual do
Itacolomi, 20°24’43,2” S e 43°25’50,1” W, 06.I.2006, L.B. Rolim & J.L. Silva 163 (BHCB). Rio Preto, Serra do Funil,
21°57’50,9” S e 43°52’45,7” W, 10.IV.2007, T.E. Almeida et al. 762 (BHCB). Santo Antônio do Itambé, Parque
Estadual do Pico do Itambé, grotas perto do Itambé, 06.X.2006, F.C. Assis et al. 14 (BHCB). Idem, Parque Estadual
do Pico do Itambé, descida do Pico Itambé em direção a Fazenda do Seu Joaquim, 07.X.2006, F.C. Assis et al. 17
(BHCB). São Gonçalo do Rio Preto, Parque Estadual do Rio Preto, Região da Lapa, na área do Pico Dois Irmãos,
18°12’25,2” S e 43°18’35,9” W, 07.VIII.2003, A. Salino et al. 9337 (BHCB).
49
Distribuição geográfica: Paesia glandulosa ocorre na Costa Rica, Panamá, Cuba, Jamaica,
Hispaniola, Venezuela até a Bolívia (Tryon & Tryon 1982). No Brasil ocorre apenas em Minas
Gerais (Tryon & Tryon 1982). Figura 25.
Habitats preferenciais: em Minas Gerais é encontrada no Quadrilátero Ferrífero e Cadeia do
Espinhaço, onde ocorre nos campos rupestres e formações florestais montanas e
altomontanas, entre 1500 e 1850 m de altitude.
Comentários: Paesia glandulosa distingue-se principalmente pela raque flexuosa e tricomas
glandulares nos eixos e tecido laminar.
7. Pteridium Gled. ex Scop., Fl. Carniol. 169. 1760, nom. cons.
Plantas terrestres; caule longo-reptante, com tricomas, sem escamas. Folhas com ca.
40 cm a 3 m, raramente 7 m compr., eretas, sem espinhos; pecíolo com tricomas na base;
lâmina 2-5-pinado-pinatífida, cartácea, glabra ou pubescente, sem escamas e gemas,
abaxialmente não glauca, raque não flexuosa, pinas ou pínulas subopostas a alternas;
nervuras livres. Soros marginais, formados na extremidade de mais de uma nervura, em
comissura vascular; indúsio contínuo, formado pela margem modificada, revoluta, com
extremidade membranácea a papirácea e indúsio abaxial pouco desenvolvido, com margem
fimbriada e abrindo-se em direção à margem da pina ou pínula; esporos triletes.
Pteridium é um gênero cosmopolita, com ca. 12 espécies. Embora Tryon & Tryon
(1982) tenham considerado apenas uma espécie dividida em 12 variedades, algumas dessas
são claramente distintas e merecem reconhecimento em nível específico (Moran 1995, Mickel
& Smith 2004).
Em Minas Gerais está representado por Pteridium arachnoideum (Kaulf.) Maxon.
Difere dos outros gêneros de Dennstaedtiaceae por apresentar vasos condutores verdadeiros
no caule e segmentos estéreis com margem modificada similar ao indúsio adaxial dos
segmentos férteis.
7.1. Pteridium arachnoideum (Kaulf.) Maxon, J. Wash. Acad. Sci. 14: 89. 1924. Pteris
arachnoidea Kaulf., Enum. Fil.: 190. 1824.
Figura 7A – B.
Plantas terrestres; caule longo-reptante, 2,82 – 12,19 mm diâm., piloso ou pubescente
com tricomas aciculares e/ou catenados. Folhas 51 – 343,3 cm compr.; pecíolo (2,5) 13 –
50
166,5 x (0,16) 0,32 – 1,26 cm, sulcado ou não adaxialmente, piloso ou pubescente com
tricomas catenados ou aciculares, ou glabro; lâmina 29 – 176,8 cm compr., 3-4-pinada, raro 5-
pinada na base a 2-pinada no ápice, cartácea, lanceolada a elíptica, ápice agudo, cuneado ou
não; raque sulcada adaxialmente, às vezes abaxialmente, pilosa ou pubescente com tricomas
catenados, ou glabra; pinas (2,8) 5,8 – 124,9 cm compr., pecioluladas ou sésseis, lanceoladas,
elípticas, ou lineares, ápice agudo, cuneado ou não; costa sulcada adaxialmente ou em ambas
as faces, pubescente ou glabra; pínulas (0,34) 0,66 – 37 x (0,10) 0,22 – 16,5 cm, pecioluladas
ou sésseis, lanceoladas, lineares, ou elípticas, ápice cuneado a agudo, caudado ou não, as
basais reduzidas a ausentes no lado acroscópico; cóstula sulcada adaxialmente, pubescente
ou glabra; pinululas 0,12 – 10 x 0,03 – 0,52 cm, sésseis, lineares ou lanceoladas, ápice
redondo, agudo, ou cuneado-caudado, as basais reduzidas ou não; segmentos 0,54 – 1,03 x
0,17 – 0,36 cm, sésseis, lineares ou lanceados, ápice cuneado ou redondo, margem inteira,
recurvada, glabros, os basais reduzidos ou não, lobos presentes ao menos entre os últimos
segmentos; nervuras bifurcadas; indumento de tricomas catenados na costa, cóstula e do
tecido laminar, setiformes nas nervuras, ou tecido laminar glabro. Soros lineares; indúsio com
margem crenada, pubescente com tricomas catenados.
Material examinado selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Alto Caparaó, Parque Nacional do Caparaó, XI.2006,
A. Salino et al. 11403 (BHCB). Araponga, Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Serra da Grama, próximo ao
alojamento do IEF, 27.V.2000, A. Salino et al. 5560 (BHCB). Araxá, Barreiro, Estrada dos Fazendeiros, 26.IX.1998,
J. Radispiel 08 (HB). Aiuruoca, Vale do Matutu, a caminho da Cabeça do Leão, 13.X.2004, A. Salino et al. 9845
(BHCB). Belo Horizonte, Campus UFMG/ICEX, 1977, J.A. Oliveira s.n. (BHCB 3768). Idem, 14.IV.1945, M.B. da
Silva s.n. (RB 73516). Boa Esperança, Parque Estadual da Serra da Boa Esperança, Serra da Boa Esperança,
21°00’0,5” S e 45°40’40,3” W, 14.XII.2007, A. Salino et al. 13080 (BHCB). Bocaiúvas, Parque Nacional das Sempre
Vivas, 17°54’7,5” S e 43°46’22,6” W, 29.IV.2007, T.E. Almeida et al. 926 (BHCB). Camanducaia, Mata do trevo de
acesso a Camanducaia, 22°44’53,2” S e 46°09’16,9” W, 01.VI.2001, A. Salino 6900 (BHCB). Carandaí, Pedra do
Sino Hotel Fazenda, BR040 km 6, trilha do Sauá, 05.VI.2005, N.F.O. Mota & J.R. Stehmann 261 (BHCB). Caratinga,
Estação Biológica de Caratinga, 28.V.1984, P.M. Andrade et al. 226 (BHCB). Carrancas, Serra de Carrancas, trecho
da Serra das Broas na Chapada dos Perdizes, 21°36’17,2 ” S e 44°36’19,2” W, 19.VI.2007, A. Salino et al. 12300
(BHCB). Catas Altas, Parque Natural do Caraça, na trilha para Pico do Sol, 20°06’31,1” S e 43°27’31,2” W,
19.V.2001, A. Salino et al. 6827 (BHCB). Conceição do Mato Dentro, Parque Natural Municipal do Ribeirão do
Campo, 19°04’28,7” S e 43°36’53,3” W, 22.III.2003, A. Salino et al. 8349 (BHCB). Coronel Pacheco, Estação
Experimental, 14.VI.1944, E.P. Heringer 1419 (RB). Diamantina, Parque Estadual do Biribiri, Várzea do Cocho,
Córrego afluente do Rio Cristais, 18°10’40” S e 43°3 5’23,6” W, 02.X.2006, F.C. Assis et al. 02 (BHCB). Felício dos
Santos, APA Felício, região da Mata do Isidoro, entorno do Parque Estadual do Rio Preto, nas proximidades do Pico
Dois Irmãos, 18°12’37,4” S e 43°17’05,2” W, 31.X.200 4, A. Salino et al. 9960 (BHCB). Formoso, Parque Nacional do
Grande Sertão Veredas, 15°10’52,6” S e 45°46’06,5” W, 07.II.2006, A. Salino et al. 10796 (BHCB). Grão Mogol,
Serra do Barão, 30.VI.1975, R.W. Windisch & A. Ghillány 358 (HB). Ibitipoca, Parque Estadual de Ibitipoca,
18.VI.1994, M.C.M. Garcia 02 (MBM). Itabirito, Pico do Itabirito, 26.V.1994, V.A. Teixeira s.n. (BHCB 10966).
Itamarandiba, Parque Estadual da Serra Negra, 18°00’55,4” S e 42°4 5’14,8” W, 04.VII.2006, A. Salino et al. 11288
(BHCB). Itamonte, Serra do Picu, 1879, Schwacke 1699 (RB). Joaquim Felício, Serra do Cabral, estrada que sobe a
51
serra em direção a Francisco Dumont e Várzea da Palma, 17°41’34,7” S e 44°11’39,4” W, 11.II.2006, A. Salino et al.
10842 (BHCB). Lambari, Parque Estadual Nova Baden, Trilha das Sete Quedas, 21°56’15,2” S e 45°19’23,9” W,
13.VII.2007, A. Salino et al. 12557 (BHCB). Marliéria, Parque Estadual do Rio Doce, Porto Capim, 12.IX.1997, A.
Salino & L.C.N. Melo 3404 (BHCB). Nova Lima, Estação Ecológica de Fechos, 20°03’57,6” S e 43°57’ 32,7” W,
11.VII.2001, A.Salino et al. 7154 (BHCB). Idem, RPPN Capitão do Mato, 20°07’55,7” S e 43°54’55,6” W, 03.V.2004,
J.B. Figueiredo & S.G. de Lima 396 (BHCB). Ouro Preto, Camarinhas, 1937, J. Badini 92 (BHCB). Idem, Parque
Estadual do Itacolomi, estrada do Cibrão, 09.VI.2005, C.E. Jascone et al. 373 (RB). Poços de Caldas, Complexo da
Serra da Mantiqueira, Serra dos poços, Cachoeira das Antas, 46°34’ S e 21°47’ W, 15.VI.1995, M.R. Pietrobom da
Silva 1832 (MBM, HB). Resplendor, Parque Estadual de Sete Salões, perto da Torre de Rádio de Resplendor,
19°20’05,4” S e 41°19’10,9” W, 08.V.2006, A. Salino et al. 10938 (BHCB). Rio Acima, RPPN de Andaime,
20°09’27,7” S e 43°47’39,1” W, 17.V.2004, J.B. Figueiredo & E.A. Rodrigues 568 (BHCB). Santa Maria do Salto,
Distrito de Talismã, Fazenda Duas Barras, 16°24’50,5 ” S e 40°02’57,4” W, 07.III.2004, A. Salino et al. 9437 (BHCB).
Santana do Riacho, Serra do Cipó, próximo a Estátua do Juquinha, 01.X.1999, A. Salino 4965 (BHCB). Idem,
02.II.1934, A.J. de Sampaio 6864 (R). Santo Antônio do Itambé, Parque Estadual do Pico do Itambé, Trilha da
cachoeira do Neném para Capivari, 04.X.2006, F.C. Assis et al. 10 (BHCB). Idem, Pico do Itambé, 18°23’55,3” S e
43°20’52,6” W, 06.X.2006, F.C. Assis et al. 16 (BHCB). São Gonçalo do Rio Abaixo, Estação de Pesquisa e
Desenvolvimento Ambiental de Peti, próximo à casa de força, 19°53’00,2” S e 43°22’10,4” W, 26.IX.2002, A. Salino
8045 (BHCB). São Gonçalo do Rio Preto, Parque Estadual do Rio Preto, Areal do córrego da Lapa, 18°05’27,5” S e
43°20’29,8” W, 07.IV.2000, A. Salino 5183 (BHCB). Idem, região da Lapa, próximo ao Pico Dois Irmãos, 18°12 ’2,4” S
e 43°20’18,4” W, 06.XII.2003, A. Salino et al. 9319 (BHCB). Rancho das Três Barras, Serra do Caparaó, 26.VI.1950,
N. Santos & L. Campos s.n. (R 52088). São Roque de Minas, Parque Nacional Serra da Canastra, 20°10’17” S e
46°39’52” W, 14.VII.1997, A. Salino 3183 (BHCB). Idem, 19.XI.2002, J.N. Nakajima & R. Romero 3258 (BHCB).
Idem, Capão de Mata, 20°12’40,8” S e 46°34’15,1” W, 01.I I.2007, A. Salino et al. 11670 (BHCB). Simonésia, RPPN
Mata do Sossego, 20°04’2,0” S e 42°04’40,4” W, 20.V.20 06, A. Salino et al. 11076 (BHCB). Três Marias, área da
futura barragem de rejeitos da Votorantim, próximo ao Rio São Francisco, 18°10’25,3” S e 45°12’06,2” W ,
08.IX.2006, T.E. Almeida & D.T. Souza 396 (BHCB). Turmalina, Estação Ecológica de Acauã, margens do córrego
do Retiro, 17°05’6,5” S e 42°43’52,6” W, 02.VII.2006 , A. Salino et al. 11228 (BHCB). Viçosa, Distrito de São Miguel,
Fazenda do Juca Antônio, 07.IX.1957, L. Emygdio 1277 (R). Idem, 07.IX.1957, O.P. Travassos 280 (R).
Distribuição geográfica: Pteridium arachnoideum ocorre no México, América Central,
Grandes Antilhas, Trinidad até o Uruguai (Mickel & Smith 2004). No Brasil ocorre em
Amazonas, Pará, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul,
Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
do Sul. Figura 26.
Habitats preferenciais: Pteridium arachnoideum é uma espécie comum em beira de estradas,
encostas secas e locais úmidos, crescendo em locais abertos, onde a mata original foi cortada,
ocorrendo raramente em formações florestais mais abertas. Forma grandes populações.
Ocorre também associada a diversas formações vegetacionais como Florestas Estacionais
Semideciduais, Florestas Ombrófilas, e diversas formações campestres e savânicas, entre 450
e 1800 m de altitude.
52
Comentários: No Brasil (região amazônica) ocorre também Pteridium caudatum (L.) Maxon,
que difere de P. arachnoideum principalmente pela ausência de lobos entre os penúltimos e
últimos segmentos. Foram analisados indivíduos de Pteridium arachnoideum com lâmina 5-
pinada, o que ainda não tinha sido descrito para o gênero e para a família. Esta espécie foi
tratada por Tryon & Tryon (1982) como P. aquilinum subsp. aquilinum var. arachnoideum
(Kaulf.) Brade.
8. Saccoloma Kaulf., Berl. Jahrb. Pharm. Verbundenen Wiss. 21: 51. 1820.
Plantas terrestres ou rupícolas; caule ereto, recoberto pelas bases dos pecíolos, com
escamas, com ou sem tricomas. Folhas com até ca. 2,5 m compr., eretas, sem espinhos;
pecíolo com tricomas; lâmina 1-4-pinado-pinatífida, ápice cuneado ou conforme, com ou sem
escamas na costa e sem escamas na raque e cóstula, pubescente ou glabra, sem gemas,
abaxialmente não glauca, raque não flexuosa; nervuras livres. Soros marginais ou
submarginais, formados na extremidade de uma única nervura; indúsio formado pela margem
da lâmina levemente modificada e indúsio abaxial membranáceo abrindo-se em direção à
margem da pina ou pínula, glabro; esporos triletes.
Saccoloma é um gênero pantropical (Mickel & Smith, 2004). Segundo Moran (1995) o
gênero possui três espécies no neotrópico. Em Minas Gerais está representado por duas
espécies. Difere dos outros gêneros de Dennstaedtiaceae por apresentar caule ereto,
recoberto pelas bases dos pecíolos.
Chave para as espécies de Saccoloma em Minas Gerais
1. Lâmina 1-pinada; pinas inteiras...........................................................................8.1. S. elegans
1. Lâmina 2-pinada, raro 3-pinada-pinatífida........................................................8.2. S. inaequale
8.1. Saccoloma elegans Kaulf., Berlin. Jahrb. Pharm. Verbundenen Wiss. 21: 51. 1827.
Figura 7C – D.
Plantas terrestres; caule 5,73 – 17,5(21) mm diâm., com escamas lanceoladas, de
ápice acuminado, não ciliadas, não clatradas, piloso com tricomas catenados, ou sem tricomas.
Folhas 78,5 – 208,1 cm compr.; pecíolo 31,5 – 114 x 0,39 – 1,34 cm, sulcado adaxialmente, ou
em ambas as faces, com ou sem escamas lanceoladas, de ápice acuminado, ciliadas, não
clatradas, pubescente com tricomas catenados, ou sem tricomas; lâmina 45 – 133,1 cm compr.,
53
1-pinada, membranácea, elíptica, ápice conforme; raque sulcada adaxialmente, pubescente
com tricomas catenados ou aciculares, ou glabra; pinas 12,5 – 35,2 x 1,7 – 3,2 cm,
pecioluladas, lineares a lanceoladas, ápice cuneado, raro caudado, margem crenada; costa
sulcada adaxialmente, pubescente ou glabra; nervuras bifurcadas; indumento de tricomas
catenados na costa, tecido laminar e nervuras glabros. Soros marginais ou submarginais,
arredondados ou lineares; indúsio às vezes com margem membranácea, crenada.
Material examinado selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Almenara, Fazenda Limoeiro, 16°04’47,1” S e
40°50’22,6” W, 29.II.2004, A. Salino et al. 9392 (BHCB). Bandeira, Mata do Boi Rajado, 15°48’18,7” S e 40°30’59,8”
W, 04.X.2003, A. Salino et al. 8966 (BHCB). Barão de Cocais, Mina de Gongo Soco (CVRD), 19°56’40,8” S e
43°36’59” W, 07.V.2003, A. Salino et al. 8697 (BHCB). Carangola, Fazenda Santa Rita, 26.V.1989, A. Salino 726
(BHCB). Idem, 20°46’ S e 42°02’ W, 21.X.1989, L.S. Leoni 944 (HB). Caratinga, Fazenda Montes Claros, Matão,
18.III.1984, M.A. Lopes & P.M. Andrade 57 (BHCB). Idem, trilha da Gameleira, 12.XII.1995, A. Salino 2386 (BHCB).
Idem, Matão, 24.III.2000, A. Salino et al. 5116 (BHCB). Catas Altas, Mata do Engenho, 20°07’ S e 43°27’ W,
20.XI.2004, N.F.O. Mota et al. 87 (BHCB). Conceição do Mato Dentro, Parque Natural Municipal do Ribeirão do
Campo, Capão do Felipe, 19°03’19,6” S e 43°37’16,5” W, 23.III.2003, A. Salino et al. 8375 (BHCB). Coronel
Pacheco, Fazenda da Companhia, 31.V.1944, E.P. Heringer 1281 (RB). Faria Leme, 1929, A. Baeta s.n. (RB
36239). Juiz de Fora, Rio do Peixe, 20.IV.1982, L. Krieger s.n. (BHCB 4401). Idem, X.1934, Brade 14107 (RB).
Marliéria, Parque Estadual do Rio Doce, trilha do Vinhático, 16.VI.1995, A. Salino 2157 (BHCB). Idem, Salão
Dourado, 14.IX.1997, A. Salino & L.C.N. Melo 3441 (BHCB). Nova Lima, RPPN Mata do Jambreiro, 19°58’41,9” S e
43°53’10,6” W, 01.IV.2004, J.B. Figueiredo & A. Alves 311 (BHCB). Ouro Preto, Serra do Frasão, 1904, Schwacke
14365 (BHCB). Idem, 1937, J. Badini 55 (BHCB). Sabará, Mina de Cuiabá da Anglogold Ashanti, Base da Serra da
Piedade, 19°51’10,7” S e 43°44’00,9” W, 30.V.2006, D.T. Souza 56 (BHCB). Santos Dumont, Grota do Malaquias,
24.VII.1985, R. Mello-Silva 207 (BHCB). Tombos, Fazenda da Vargem Alegre, 14.VII.1935, M. Barreto 1601 (BHCB,
RB).
Distribuição geográfica: Saccoloma elegans ocorre no México, América Central, Grandes
Antilhas, Trinidad até a Bolívia (Mickel & Smith 2004). No Brasil ocorre nos estados de
Roraima, Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo,
Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Figura 27.
Habitats preferenciais: ocorre geralmente no interior de formações florestais como Floresta
Ombrófila Densa e Floresta Estacional Semidecidual, e formações campestres como campo
rupestre, entre 450 e 1280 m de altitude.
Comentários: Difere de Saccoloma inaequale principalmente pela lâmina 1-pinada.
54
8.2. Saccoloma inaequale (Kunze) Mett., Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 4, 15: 80. 1861. Davallia
inaequalis Kunze, Linnaea 9: 87. 1834.
Figura 7E – F.
Plantas terrestres, raro rupícolas; caule 8,56 – 19,44 mm diâm., com escamas
lanceoladas, de ápice filiforme, ciliadas, ou glabro. Folhas 91,6 – 168 cm compr.; pecíolo 38,5
– 83 x 0,38 – 0,80 cm, sulcado adaxialmente, com ou sem escamas lanceoladas, de ápice
filiforme, ciliadas, não clatradas, pubescente com tricomas catenados, ou sem tricomas; lâmina
39,6 – 85 cm compr., 2-3-pinado-pinatífida, membranácea ou papirácea, elíptica, ápice
cuneado; raque sulcada adaxialmente, pubescente com tricomas catenados, ou glabra; pinas
14 – 26,7 x 5 – 8,8 cm, pecioluladas, elípticas, lanceoladas, ou lineares, ápice cuneado; costa
sulcada adaxialmente, com escamas filiformes, de ápice filiforme, pubescente ou sem tricomas;
pínulas 2,2 – 5 x 0,7 – 1,4 cm, pecioluladas ou sésseis, geralmente quadrilaterais, ápice
cuneado, margem crenada, glabra, as basais reduzidas ou não; nervuras 1-2-bifurcadas, raro
3-bifurcadas; indumento de tricomas catenados ou aciculares na costa, tecido laminar e
nervuras glabros. Soros marginais, oblongos ou arredondados; indúsio membranáceo, margem
crenada.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Além Paraíba, Benjamin Constant, XI.1933, Campos Porto & P.P.
Horta s.n. (RB 92344). Almenara, Fazenda Limoeiro, Mata da Mamoneira, 16°02’ S e 40 °51’ W, 22.II.2003, A. Salino
et al. 8296 (BHCB). Idem, 16°03’26,4” S e 40°51’19,3” W, 28.II.2004, A. Salino et al. 9374 (BHCB). Bandeira, Mata
do Boi Rajado, 15°48’18,7” S e 40°30’59,8” W, 04.X.20 03, A. Salino et al. 8969 (BHCB). Caratinga, Fazenda Montes
Claros, Matão, 22.III.1984, P.M. Andrade & M.A. Lopes 281 (BHCB). Idem, Estação Biológica de Caratinga,
05.IX.1998, A. Salino et al. 4297 (BHCB). Catas Altas, Serra do Caraça, Fazenda do Engenho, 20°02’47,6” S e
43°30’13,6” W, 26.IV.2004, R.C. Mota & P.O. Morais 2297 (BHCB). Conceição do Mato Dentro, Parque Natural
Municipal do Ribeirão do Campo, Capão do Felipe, 19°03’19,6” S e 43°37’16,5” W, 23.III.2003, A. Salino et al. 8413
(BHCB). Idem, 19°05’30,6” S e 43°34’10,8” W, 01.VII.2003, R.C. Mota 2044 (BHCB). Nova Lima, RPPN Mata do
Jambreiro, 19°58’41,9” S e 43°53’10,6” W, 21.V.2003, J.B. Figueiredo & F.A. Carvalho 25 (BHCB). Turmalina,
Estação Ecológica de Acauã, na Grota do Jambreiro, 17°10’58,2” S e 42°45’58,2” W, 03.VII.2006, A. Salino et al.
11253 (BHCB).
Distribuição geográfica: Saccoloma inaequale ocorre no sul do México, América Central,
Cuba, Porto Rico, Trinidad até a Bolívia (Mickel & Smith 2004). No Brasil ocorre nos estados do
Amazonas, Pernambuco, Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo,
Paraná e Santa Catarina. Figura 28.
Habitats preferenciais: ocorre geralmente no interior de formações florestais como matas de
galeria, matas ciliares, em Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa
Submontanas, entre 250 e 1280 m de altitude.
55
Figura 7 : A-B. Pteridium arachnoideum (F.C. Assis 10). A. Pina mediana. B. Detalhe da face abaxial dos segmentos. C-D. Saccoloma elegans (A. Salino 8966). C. Pina mediana. D. Detalhe da face abaxial da pina. E-F. Saccoloma inaequale (A. Salino 8413). E. Hábito. F. Detalhe da face abaxial da pínula.
56
Comentários: Segundo Moran (1995), a divisão da lâmina foliar de Saccoloma inaequale é
bastante variável (2-4-pinado-pinatífida) e os espécimes com a lâmina 2-3-pinado-pinatífida
tendem a ocorrer em elevações mais baixas. Segundo Prado (2004b), talvez a diferença de
divisão da lâmina e ocorrência em diferentes altitudes possam indicar a existência de mais de
uma espécie. Em Minas Gerais, a espécie possui lâmina 2-3-pinado-pinatífida e ocorre entre
250 e 1280 m de altitude.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E AMBIENTES DE OCORRÊNCIA
Dos oito gêneros que ocorrem em Minas Gerais, um é cosmopolita (Pteridium), dois são
pantropicais (Paesia e Saccoloma), um é atlântico (Blotiella) e quatro são circum-Antártico
(Dennstaedtia, Hypolepis, Histiopteris e Lindsaea). Os padrões denominados de atlântico e
circum-antártico seguem Parris (2001) e Moran & Smith (2001).
Apesar de alguns gêneros serem amplamente distribuídos, os táxons que ocorrem em
Minas Gerais, em sua maioria, são encontrados apenas na região neotropical, alguns do
México até a América do Sul, como Dennstaedtia cicutaria, D. globulifera, Lindsaea arcuata, L.
stricta e Saccoloma elegans. Outros ocorrem exclusivamente no Brasil, como Hypolepis
aquilinaris, H. mitis, H. stolonifera, Lindsaea bifida, L. botrychioides, L. ovoidea e L.
quadrangularis ssp. quadrangularis. Apenas Histiopteris incisa é amplamente distribuído tanto
no Velho Mundo como nos Neotrópicos.
Em Minas Gerais, são predominantemente encontradas em formações florestais, onde
existem mosaicos de Floresta Ombrófila Densa e Floresta Estacional Semidecidual,
destacando regiões ricas e diversas como a Serra da Mantiqueira e a porção sul da Cadeia do
Espinhaço (Ouro Preto, Caraça e arredores de Belo Horizonte), além da Estação Biológica de
Caratinga e o Parque Estadual do Rio Doce. A Serra da Mantiqueira e o Quadrilátero Ferrífero
são as duas áreas de maior ocorrência de espécies de Dennstaedtiaceae, com algumas
espécies restritas a essas áreas, como Lindsaea bifida, L. ovoidea, L. virescens e Paesia
glandulosa. A região da Zona da Mata e sul-sudoeste de Minas também abriga uma alta
riqueza de espécies. A região do Triângulo Mineiro é pobremente estudada; poucas coletas
tendo sido realizadas nesta região.
Alguns táxons são amplamente distribuídos pelo estado, como Lindsaea lancea var.
lancea, L. stricta var. stricta e Pteridium arachnoideum. Outros táxons têm sua distribuição mais
restrita, como Lindsaea ovoidea, que em Minas Gerais ocorre em Ouro Preto, sendo
considerada rara no estado e Blotiella lindeniana que em Minas Gerais ocorre na região
Nordeste, sendo considerada incomum (ameaçada de extinção), assim como Hypolepis
stolonifera, que é restrita à Serra da Mantiqueira e ao Quadrilátero Ferrífero.
57
Na área estudada, a maioria das Dennstaedtiaceae ocorre preferencialmente em locais
não perturbados, exceto Pteridium arachnoideum, que é freqüentemente encontrado em áreas
perturbadas.
Alguns gêneros de Dennstaedtiaceae, na área estudada, são estritamente terrestres,
como Blotiella e Pteridium, outros são freqüentes em afloramentos rochosos, apresentando
espécies terrestres ou rupícolas, como Hypolepis, Paesia e Saccoloma. Lindsaea stricta var.
stricta pode raramente ser epífita, além de ser terrestre ou rupícola.
As espécies de Dennstaedtiaceae de Minas Gerais ocorrem de 250 a 2100m de
altitude, sendo que a maior parte ocorre entre 450 e 1900m de altitude. Alguns gêneros, como
Saccoloma e Lindsaea são freqüentes em áreas mais baixas, outros são mais diversos em
áreas elevadas, como Histiopteris e Paesia, que ocorrem em altitudes superiores a 1100 m e
1500 m, respectivamente.
58
Figura 8: Distribuição geográfica de Blotiella lindeniana e Hypolepis stolonifera em Minas Gerais.
59
Figura 9: Distribuição geográfica de Dennstaedtia cicutaria e Dennstaedtia cornuta em Minas Gerais.
60
Figura 10: Distribuição geográfica de Dennstaedtia dissecta em Minas Gerais.
61
Figura 11: Distribuição geográfica de Dennstaedtia globulifera em Minas Gerais.
62
Figura 12: Distribuição geográfica de Histiopteris incisa em Minas Gerais.
63
Figura 13: Distribuição geográfica de Hypolepis aquilinaris em Minas Gerais.
64
Figura 14: Distribuição geográfica de Hypolepis repens em Minas Gerais.
65
Figura 15: Distribuição geográfica de Hypolepis sp. em Minas Gerais.
66
Figura 16: Distribuição geográfica de Lindsaea arcuata em Minas Gerais.
67
Figura 17: Distribuição geográfica de Lindsaea bifida em Minas Gerais.
68
Figura 18: Distribuição geográfica de Lindsaea botrychioides em Minas Gerais.
69
Figura 19: Distribuição geográfica de Lindsaea divaricata em Minas Gerais.
70
Figura 20: Distribuição geográfica de Lindsaea guianensis ssp. lanceastrum em Minas Gerais.
71
Figura 21: Distribuição geográfica de Lindsaea lancea var. lancea e L. ovoidea em Minas Gerais.
72
Figura 22: Distribuição geográfica de Lindsaea quadrangularis ssp. quadrangularis em Minas Gerais.
73
Figura 23: Distribuição geográfica de Lindsaea stricta var. stricta em Minas Gerais.
74
Figura 24: Distribuição geográfica de Lindsaea virescens var. virescens em Minas Gerais.
75
Figura 25: Distribuição geográfica de Paesia glandulosa em Minas Gerais.
76
Figura 26: Distribuição geográfica de Pteridium arachnoideum em Minas Gerais.
77
Figura 27: Distribuição geográfica de Saccoloma elegans em Minas Gerais.
78
Figura 28: Distribuição geográfica de Saccoloma inaequale em Minas Gerais.
79
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