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A FLORESTA E VOCÊ A FLORESTA CURA VOCÊ | A FLORESTA ENSINA VOCÊ FITOTERAPIA: A INTERFACE ENTRE O SABER POPULAR E O CIENTÍFICO PROFESSORES ANA LÚCIA DE CASTRO Sociologia MARCELLO LASNEAUX Biologia

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a floresta e você a floresta cura você | A FlorestA ensinA Você

fitoterapia: A interFAce

entre o saber populAr e o científico

professoresana lúcia de castro sociologia

Marcello lasneaux Biologia

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apresentaçãoo documentário aborda questões interessantes para serem trabalhadas em parceria entre os professores de sociologia e de Biologia. para a sociologia, poderá ser estimulada a percepção e posterior discussão dos alunos sobre o con-flito social e a relação entre o saber científico e o saber tradicional-popular. no campo da Biologia, poderão ser desenvolvidos conteúdos que tratam da diversidade da flora, extração e o uso de substâncias de interesse clínico para

o tratamento de doenças.

sinopse do prograMaos documentários revelam como os conheci-mentos dos habitantes da região amazônica estão contribuindo para o desenvolvimento sus-tentável e a manutenção de tradições culturais. pesquisadores e erveiros estão sistematizando os conhecimentos populares sobre plantas medicinais para divulgarem suas propriedades terapêuticas a médicos de todo o país. Os professores de Socio-logia e Biologia sugerem trabalhos que analisam a capacidade antibiótica de algumas plantas e

ainda valorizam os conhecimentos populares.

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sala de professor a floresta cura você | a floresta ensina você 3

O documentário é uma excelente oportunidade para o professor de sociologia trabalhar os conceitos de conflito social, relações sociais e poder simbólico. A atividade proposta contempla a competência da área 3 na Matriz de referências para o eneM 2011 (ci-ências Humanas): compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômi-cas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais; e as habilidades (H11, H13, H14 e H15). sugerimos ao professor aplicar essa atividade no segundo ou terceiro ano do ensino Médio.

inicialmente propomos que o professor realize uma enquete com os alunos para verificar os conheci-mentos prévios sobre o assunto.

A sua família fez uso de medicações derivadas diretamente de plantas medicinais nos últimos 12 meses?

siM não

em caso positivo, indique qual planta medicinal e a finalidade de seu uso.

Após realizar a enquete, recomendamos a exibição do documentário. Ao final da exibição, propomos a preparação de um questionário que será utilizado pe-los alunos em atividade de pesquisa de campo. para isso, sugerimos que o professor organize a turma em pequenos grupos que entrevistarão vendedores de ervas, benzedeiras, médicos, farmacêuticos, etc. os questionamentos têm o intuito de mapear os discur-sos dos diferentes agentes sociais envolvidos com a questão. Durante a elaboração e execução do roteiro

uM olHAr pArA o docuMentário A pArtir dA sociologia

de perguntas, é necessário orientar os alunos para que abordem o entrevistado com respeito e evitem o direcionamento das respostas. A seguir, sugerimos algumas questões para elaboração do roteiro.

1. Você conhece alguma planta medicinal?

2. ela serve para tratar o quê? (alegação de uso)

3. O que você pensa sobre a eficácia dos fitoterápicos?

4. o que você pensa sobre o poder de cura das plantas?

As entrevistas poderão ser registradas na forma de vídeos, gravações de voz ou trabalho escrito. Os re-sultados obtidos pelos alunos serão utilizados para a execução da atividade em parceria com a disciplina de Biologia. sugerimos que antes de desenvolver a atividade interdisciplinar, o professor de sociologia trabalhe a noção de conflito social e poder (sobretudo a noção de poder simbólico), sensibilizando o aluno a perceber o discurso como construção social e os mecanismos de validação dos discursos circulantes.

em um segundo momento, o professor iniciará sua exposição partindo da noção de que o conflito social é inerente à nossa estrutura social, na qual interes-ses distintos estão em disputa pela hegemonia do discurso socialmente difundido e legitimado. caberia sensibilizar os alunos para a percepção de que a linguagem e os meios de transmiti-la extrapolam o aspecto meramente comunicacional e se constituem como mecanismos de exercício de poder.

os discursos circulantes e socialmente aceitos como legítimos passam por instâncias de legitimação que lhes conferem critérios de verdade (mídia, universida-

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de, templo religioso, etc.). Nesta linha, os contextos de enunciação devem ser levados em conta, mais do que os discursos enunciados em si mesmos.

Por exemplo, ao buscarem opiniões e depoimentos de “especialistas” sobre determinado assunto, os jornalistas estão recorrendo aos critérios de verdade

estabelecidos para legitimar a importância do tema pautado ou validar a direção impressa à matéria.

Os trechos abaixo, extraídos do capítulo A lingua-gem autorizada, de p. Bourdieu e traduzido por paula Montero, é bastante ilustrativo para a suges-tão de conteúdo a ser trabalhado:

a linguageM autoriZada - pierre bourdieu

para os lugares de onde se fala com autoridade, ou colocando-os em lugares sem palavra). Não falamos a qualquer um; qualquer um não “toma” a palavra. O discurso supõe um emissor legítimo dirigindo-se a um destinatário legítimo, reconheci-do e reconhecedor. Atribuindo-se o fato da comuni-cação, o linguista silencia sobre as condições sociais de possibilidade da instauração do discurso que são lembradas, por exemplo, no caso do discurso profé-tico − por oposição ao discurso institucionalizado, curso ou sermão que supõe a autoridade pedagó-gica ou sacerdotal e só prega para os convertidos.

(...) o poder simbólico é, com efeito, esse poder invisí-vel, o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo o exercem.” (p.8)

“O poder simbólico como poder de constituir o dado pela enunciação, de fazer ver e fazer crer, de confirmar ou de transformar a visão do mundo e, deste modo, a ação sobre o mundo, portanto mundo, poder quase mágico que permite o equivalente daquilo que é obtido pela força (física ou econômica), graças ao efeito espe-cífico de mobilização, só se exerce se for reconhecido, quer dizer, ignorado como arbitrário.” (p. 14)

Fonte: Disponível em: <antropologias.descentro.org/files/downloads/2011/05/Pierre-Bourdieu-A-economia-das-trocas-simb%25C3%25B3licas.pdf>.

em um terceiro momento, o professor problematiza-rá a relação entre saber científico e saber tradicional, trazendo um pouco de história da ciência. para isso, pode-se demonstrar como ocorreu a atual hierar-quização entre o conhecimento popular e científico, que repousa suas origens históricas no processo de racionalização. esse processo implicou na repressão à cultura popular - característica da passagem das sociedades tradicionais para as modernas, no longo processo que vai do século XVi ao XiX.

sugerimos mencionar o processo de consolidação do pensamento científico, especialmente a partir

de Aristóteles e no século XVi com descartes. para isso, é importante apontar que a lógica científica (sistemática, factual e aproximadamente exata) abandona todo o conhecimento pautado nos prin-cípios do pensamento mágico como causalidade para explicar os fenômenos naturais e fundamenta-se em oposição ao saber popular (qualificado como subjetivo, assistemático, valorativo e inexato).

Com o avanço do pensamento científico europeu, aumentou gradativamente o menosprezo pelo saber de origem mágica ou popular. entretanto, inúmeras descobertas importantes para o desen-

“A estrutura da relação de produção linguística depen-de da relação de força simbólica entre os dois locuto-res, isto é, da importância de seu capital de autoridade (que não é redutível ao capital propriamente linguístico): a competência é também, portanto, capacidade de se fazer escutar. A língua não é somente um instrumento de comunicação ou mesmo de conhecimento, mas um instrumento de poder. Não procuramos somen-te ser compreendidos, mas também obedecidos, acreditados, respeitados, reconhecidos. Daí a defini-ção completa da competência como direito à palavra, isto é, à linguagem legítima como linguagem autorizada, como linguagem de autoridade. A competência implica o poder de impor a recepção. Vemos aqui, novamente, o quanto a definição linguística de competência é abstra-ta: o linguista tem por assente o que, nas situações da existência real, constitui o essencial, isto é, as condições de instauração da comunicação. Ele se outorga o mais importante − a saber, que as pessoas falam e se falam (estão em speaking terms), que os que falam consideram os que escutam dignos de escutar e os que escutam, consideramos que falam dignos de falar.

A ciência adequada do discurso deve estabelecer as leis que determinam quem pode falar (de fato e de direito), a quem e como. Entre as censuras mais radicais, mais seguras e melhor escondidas, estão aquelas que excluem certos indivíduos da comunicação (por exemplo, não os convidando

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volvimento da medicina, da química e da farmácia ocorreram em decorrência da aproximação não autorizada com o saber médico popular.

As tradições médicas populares são de natureza secular e transmitidas por meio da tradição oral. os saberes anônimos são passados de geração para ge-ração em todos os países do mundo. Os tratamentos promovidos por curandeiros populares concebem a doença como um distúrbio da pessoa como um todo, envolvendo não só seu corpo como também a sua mente, a imagem que tem de si mesma, sua dependência do meio ambiente físico e social, assim como sua relação com o cosmos e as divindades.

com a institucionalização do ensino universitário e o crescente prestígio do pensamento científico,

Material

câmera ou gravador para gravar entrevistas;

cartolinas e caneta pincel para cartazes.

etapas

Enquete, exibição o documentário, divisão em grupos e preparação para entrevistas;

Aula expositiva sobre conflito social e poder simbólico;

Aula sobre a relação entre saber científico e saber popular tradicional.

todo saber folclórico ou popular passou a significar apenas crendice, sobrevivência, ignorância. em certos períodos, esse saber popular era considera-do heresia e até mesmo feitiçaria, sujeito inclusive à condenação pela fogueira, tal como aconteceu durante a inquisição.

A avaliação dos alunos fundamenta-se na par-ticipação no decorrer da atividade e entrega do relatório final (tanto individual como em grupo), com a descrição das experiências de pesquisa/coleta de informações e impressões sobre o debate final.

uM olHAr pArA o docuMentário A pArtir dA biologia

O Brasil é um país de grande diversidade; abriga cerca de 10% do total de espécies do planeta, entre fauna e flora. No que se refere às espécies vegetais, a variedade de biomas em função do clima, solo e oferta de água, suporta um número incrível de espécies, principalmente de plantas floríferas – as angiospermas. Os dados sobre os

estudos do potencial clínico das plantas brasileiras apontam que, embora muito já se tenha desco-berto, ainda há muito que se estudar. segundo o documento “Política Nacional de Plantas Medi-cinais e Fitoterápicos”, apenas 8% das espécies foram investigadas. Muitas delas com a “recomen-dação” do conhecimento popular.

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As plantas estão presentes de alguma forma em 25% dos medicamentos atualmente consumidos e em 11% daqueles que são considerados essen-ciais. esses medicamentos são muito utilizados no tratamento de doenças cardiovasculares e tumores, responsáveis por grande parte dos óbitos nas popu-lações dos países ricos e emergentes, como o Brasil. Protocolos simples de extração vegetal seguidos de testes clínicos controlados oferecem custos baixos e curtos prazos, favorecendo o investimento na área. especialmente por conta dos resultados pouco ani-madores de outras biotecnologias que precisam de verbas vultosas, como a clonagem, células-tronco embrionárias e a terapia gênica.

o documentário, juntamente com a atividade pro-posta a seguir, é uma excelente oportunidade para o colega professor demonstrar aos alunos o caminho para o desenvolvimento de novos fármacos pela etnofarmácia, que utiliza o conhecimento popular, a botânica e a ciência farmacêutica. A atividade contempla a competência da área 1 na Matriz de referências para o eneM 2011- ciências da natu-reza e suas tecnologias: compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade; e também sua respectiva habilidade - H3. os conceitos trabalha-dos tratam principalmente da diversidade da vida e a exploração e uso de recursos naturais.

inicialmente, o professor poderá dividir a turma em grupos; cada um ficará incumbido de sele-cionar uma espécie reconhecida na região como medicinal, saber seu nome popular e, se possível, o nome científico. O grupo deverá coletar a espé-cie e aplicar um protocolo de extração que será apresentado no final dessa sessão. Seguindo esse roteiro, o grupo poderá testar a eficácia destas plantas no combate a um mal comum para a so-ciedade desde remotos tempos: as bactérias.

As bactérias podem ser obtidas dos pés dos alu-nos com auxílio de um cotonete. O material entre os dedos será colhido e inoculado em meio a uma cultura devidamente preparada, segundo o proto-colo de cultura de bactérias apresentado ao final dessa sessão. se o professor achar necessário, poderá recolher outras amostras esfregando o cotonete em superfícies como o chão da sala de aula, uma cédula de dinheiro, entre outras.

de posse do meio de cultura com as bactérias e os extratos das plantas escolhidas, testaremos se o extrato vegetal é ativo contra as bactérias. Para testar cada extrato serão necessárias duas placas de petri com meio de cultura (conforme descrito no protocolo de cultivo de bactérias) com bactérias.

escolha o meio de cultura com bactérias no qual será testado o extrato, por exemplo, aquele em que foi utilizado o material colhido dos dedos dos alu-nos. com um cotonete limpo retire um pouco das bactérias e as deposite em um béquer pequeno ou copo plástico descartável, adicione algumas gotas

8%

não estudadasestudadas

Fonte: Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicas

Fonte: Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicas

Animais

Microrganismos

Outras origens

Plantas

11% dos medicamentos considerados essenciais

têm origem vegetal

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de água para dissolver as bactérias; utilize o mesmo cotonete para deslizar essa mistura sobre todo meio de cultura de duas placas. A placa controle deve-rá ser imediatamente tampada e vedada com fita adesiva. Já ao centro da outra placa adicionaremos um círculo de papel filtro (cerca de 1 cm²) embebido com o extrato vegetal obtido pelos alunos - essa placa também será tampada e vedada.

Professor, explique aos alunos que com o controle verifica-se o que acontece quando as bactérias não entram em contato com o extrato vegetal, ser-vindo como resultado de referência para verificar a possível ação da substância vegetal das outras placas. Ao final de alguns dias, peça para os alunos observarem as semelhanças e diferenças entre as placas controle e com extrato.

protocolo de extração de subs-tâncias vegetais – extrato bruto

1. Coleta e identificação da espécie a ser es-tudada;

2. separação das folhas das demais estrutu-ras do vegetal;

3. prensar as folhas com pilão em um almo-fariz;

4. Caso haja muita dificuldade, colocar um pouco de água para permitir a ação;

5. Preparar funil com filtro de papel;6. Apoiar o funil em um béquer pequeno (50

a 100ml);7. colocar a amostra das folhas prensadas no

filtro de papel;8. preparar em outro béquer uma mistura de

água e álcool 98% GL, 50v/50v, ou seja, me-tade do volume total para cada substância;

9. Despejar a mistura no filtro de papel e cole-tar a amostra filtrada no béquer;

10. Transferir o conteúdo filtrado para recipiente com tampa. rotular com a data e a espécie da qual foi retirada a amostra. Se possível, identificar o local de coleta e/ou procedência.

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Material

10 placas de petri;

cotonetes;

3 pacotes pequenos de gelatina incolor;

Fogão para fervura e esterilização das placas;

Fita adesiva para lacrar;

espécie vegetal escolhida, com disponibilidade de ser usada para preparar extrato, obtido a partir de suas folhas e/ou flores;

1 litro de álcool 98% Gl;

Filtro de papel;

Funil;

Béqueres;

pipetas.

etapas

divisão da turma em grupos;

escolha da erva medicinal e coleta;

produção do meio de cultura;

inoculação do meio de cultura com bactérias;

observação do meio de cultura;

Produção do extrato vegetal;

Aplicação do extrato na placa com bactérias;

observação e registro diário da evolução do experimento.

veja Mais

Etnofarmacologia. Disponível em: <objetosedu-cacionais2.mec.gov.br/handle/mec/16211>.

Chá de quê. Disponível em: <objetoseducacio-nais2.mec.gov.br/handle/mec/19292>.

protocolo de cultivo de bactérias

1. prepare o meio de cultura misturando 80 g de gelatina incolor (em folha ou em pó), 1 colher de sopa rasa de açúcar e um copo (cerca de 200 ml) de água. Ferva a mistura até a dis-solução completa da gelatina e a distribua, ainda quente, nas placas de petri esteriliza-das. Feche as placas e lacre completamente sua borda com fita adesiva transparente.

2. Após a solidificação do meio, reserve uma placa que não deverá ser aberta, ela será o controle para o cultivo das bactérias;

3. destampe uma placa e simule tossir, de modo a expelir gotículas de saliva sobre o meio. Feche e lacre a placa imediatamente;

4. peça a um estudante que usa tênis para passar, entre os dedos dos pés, um coto-nete limpo; em seguida, abra outra placa e deslize o cotonete suavemente sobre a camada de gelatina solidificada. Tome cuidado para não rompê-la. Feche e lacre a placa imediatamente;

6. Identifique todas as placas e as conserve em temperatura ambiente ou em estufa até o crescimento das bactérias.

6. depois de dois ou três dias, peça aos estu-dantes para que comparem as três placas e relatem a quantidade e diversidade de bactérias de cada placa;

Fonte: cd-roM apoio didático de Biologia Moderna, de Amabis e Martho, ed. Moderna.

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uMA conVersA entre As disciplinas

propomos que os professores de sociologia e Biologia desenvolvam duas atividades. na primeira, utilizarão os dados coletados na enquete familiar e na entre-vista com especialistas, realizada com vendedores de ervas, benzedeiras, médicos, farmacêuticos, entre outros. nessa atividade devem ser observadas as di-ferenças no uso dos discursos construídos acerca das terapias médicas disponíveis e o jogo de forças entre diferentes agentes (indústria farmacêutica, vendedo-res de ervas, universidade, saber médico). propõe-se que os alunos tragam o resultado das entrevistas nos moldes descritos a seguir.

cada grupo apresenta um cartaz-resumo sobre o trabalho, na forma de painel. os painéis poderão ser apresentados para toda a comunidade escolar e os dados da atividade podem ser compilados e colocados em um blog no site da escola, ou outras ferramentas de divulgação na web.

Os cartazes serão expostos e comentados, como forma de apoiar o debate, com argumentos ba-seados na realidade empiricamente investigada. Abaixo, indicamos alguns dados que possivel-mente aparecerão como resposta nas enquetes e entrevistas realizadas.

enquete do uso faMiliar

80% siM 20% não

espécies utiliZadas alegações de uso

Boldo Doenças do fígado

Hortelã calmante

camomila irritações na pele, brotoejas

entrevista coM especialistas

1. VOcê cONhEcE AlguMA PlANtA MEdiciNAl?

• Médicos: Conheço, mas não confio; conheço de ouvir falar, mas não prescrevo; conheço, mas não há comprovação científica para utilizarmos como recurso terapêutico eficaz.

• Farmacêuticos: Conheço, mas a maioria não tem eficiência.

• Vendedores de ervas, benzedeiras e fei-rantes: Conheço, uso e recomendo.

2. ElA sErVE PArA trAtAr O quê? (Alegação de uso).

• Médicos: Difícil saber o que virá como res-posta, provavelmente poucas afirmações categóricas, mais hipóteses.

• Farmacêuticos: Provavelmente indicarão os laboratórios especializados nos fitoterá-picos, como Herbarium.

• Vendedores de ervas, benzedeiras e fei-rantes: Provavelmente indicarão muitas possibilidades de uso.

3. O quE VOcê PENsA sObrE A EFicá-ciA dOs FitOtEráPicOs? Ou O quE VOcê PENsA sObrE O POdEr dE curA dAs PlANtAs?

• Médicos: Há muito a ser investigado/testa-do; não acredito que curem, é só crendice.

• Farmacêuticos: Talvez alguma planta cure sim, mas os laboratórios não trabalham com isso.

• Vendedores de ervas, benzedeiras e fei-rantes: Sim, curam... São eficazes...

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para a segunda atividade, propõe-se um debate utilizando o conteúdo discutido durante as aulas, pesquisas realizadas e resultados obtidos. A seguir, listamos questões que poderão orientar a discussão.

1. Os fitoterápicos são eficientes?Esta questão pode levar a discussão para a dúvida. Provavelmente haverá uma parte da sala que defenderá que eles são eficientes, devido à prática de cura fitote-rápica culturalmente arraigada. O próprio documentário permite defender esta perspectiva. A outra tendência de argumentação possível que pode aparecer é a colo-cação da dúvida, visto que há muito “placebo” nestas práticas corriqueiras, que há muitos “curiosos”, que ao se passar a receita de uso oralmente, muito se perde ou se altera. Sugerimos que o professor oriente o deba-te para que as duas vertentes apareçam na discussão.

2. Os fitoterápicos são seguros?A resposta a esta questão provavelmente recairá na mesma polarização acima enunciada. Possivelmente uma parte do grupo defenderá que sim, pois nunca se teve notícia de pessoas que morreram pelo uso de plantas medicinais, enquanto outra defenderá que pode haver risco de inibir ou mascarar sintomas de doenças graves, por exemplo.

3. Por que há resistência para a prescrição e uso dos fitoterápicos?Esta questão toca no cerne da problemática. Espera-se que, após as aulas e levantamentos feitos, os alunos apontem a desinformação por parte dos profissionais em saúde, o pouco investimento em pesquisa e a hie-rarquia entre os campos do saber como causas.

4. O saber popular pode ser tão legítimo quanto o científico?Provavelmente a discussão apontará para o fato de que, para ser legítimo, o saber popular deve passar pelas instâncias de legitimação do saber, que são científicas... Portanto, para ser legítimo, deve se tornar científico.

5. O mercado tem algum papel/interesse nessa legitimação?Os interesses do mercado poderão ser percebidos nas entrevistas com os farmacêuticos e vendedores de ervas. Neste ponto, caberia desvendar os meca-nismos de distribuição dos medicamentos, as visitas dos representantes dos laboratórios nos consultórios, com amostras grátis e oferecimento de vantagens aos médicos que prescreverem aqueles medicamentos.

Material

disponibilidade de hospedar informações na internet.

etapas

produção de cartaz;

Breve apresentação para a turma;

Hospedagem das informações na internet.

veja Mais

Disponível em: <www.anvisa.gov.br/farmacopeia-brasileira/index.htm>.

Disponível em: <www.cpqba.unicamp.br/plmed/>.

6. A indústria tem algum papel/interesse nessa legitimação?Espera-se que os alunos consigam perceber e ver-balizar os interesses da indústria farmacêutica, hoje dominada por corporações internacionais que tomam os recursos de nossa flora como matéria-prima para as suas pesquisas e manipulações.

7. A corporação médica tem algum papel/inte-resse nessa legitimação?A resistência por parte de boa parte dos médicos em adotar fitoterápicos nas suas prescrições é conhecida e aparecerá na pesquisa. Neste aspecto, a discussão de-verá apontar para as questões do poder simbólico, da linguagem autorizada e da hierarquia entre os saberes.

ouçamos os alunos para perceber o crescimento na capacidade de argumentação do grupo frente ao desafio de ressignificar tudo o que foi apren-dido. esperamos que o percebido, vivenciado e ouvido no trabalho de pesquisa realizado nas duas disciplinas apareça fortemente no debate final.

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sugestões de leiturA e outros recursos

ARGENTA, S. C. et. col. 2011. Plantas medicinais: cultura popular x Ciência. Vivências 7 (12): 51-60, 2011.

Bordieu, pierre. O poder simbólico. rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

Bourdieu, pierre. A economia das trocas linguísticas: o que falar quer dizer. tradução de sergio Miceli. são paulo: EDUSP,1996. Capítulo - A linguagem autorizada. Disponível em: <antropologias.descentro.org>.

Bourdieu, pierre. A economia das trocas simbólicas. Capítulo - A Linguagem autorizada. Disponível em: <antropo-logias.descentro.org/files/downloads/2011/05/Pierre-Bourdieu-A-economia-das-trocas-simb%25C3%25B3licas.pdf>.

cecHinel Filho, Valdir, Yunes, rosendo A. estratégias para a obtenção de compostos farmacologicamente ativos a partir de plantas medicinais, Química Nova 21 (1). Disponível em: <www.scielo.br/pdf/qn/v21n1/3475.pdf> Acesso em 10 de outubro de 2012.

leFÉVre, F. O medicamento como mercadoria simbólica. são paulo: cortez, 1991.

ORTIZ, Renato (org.). 1983. Bourdieu – Sociologia. São Paulo: Ática. Coleção Grandes Cientistas Sociais 39:156-183.

livros e revistas

sites e outros recursos

Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Disponível em: <bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_fitoterapicos.pdf>. Acesso em: 10 de out. de 2012.

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um documentário da tV escola. um ponto de partida para grandes trabalhos com os alunos. Assim é o sala de pofessor. o progra-ma incentiva os professores de ensino Médio a desenvolverem projetos que mudem a roti-na em sala de aula. em cada programa, dois professores convidados criam um projeto a partir de documentários exibidos na TV Es-cola. São sempre propostas e experimentos inovadores, que podem ser reaplicados em qualquer escola do país.

os trabalhos apresentados são detalhados em dicas pedagógicas como essa e ficam disponíveis no site da TV Escola. Os profes-sores também podem usar as artes criadas para o programa: são animações, tabelas, mapas e infográficos que tornam os con-teúdos mais visuais e interativos. As dicas pedagógicas e as computações gráficas fo-ram transformadas em fascículos interativos para tablets. e o professor também pode navegar pelo material extra do programa no blog do sala. para ter acesso a esses pro-dutos, acesse o site tvescola.mec.gov.br ou curta a fan page da tV escola no Facebook.

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