a fotografia e o design visual
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ELIS DE OLIVEIRA RIBEIRETE
A FOTOGRAFIA E O DESIGN VISUAL, UMA IDÉIA AUTORAL: A RELAÇÃO ENTRE A PRODUÇÃO
AUTORAL DA FOTOGRAFIA E COMUNICAÇÃO VISUAL NOS MEIOS CULTURAIS E ARTÍSTICOS.
Monografia apresentada ao Departamento de Pós-Graduação do Centro de Ensino
Superior como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialização em Cultura,
Artes e Saberes Contemporâneos.
COMISSÃO EXAMINADORA
________________________________________
Professora Mestre Anuschka Lemos Universidade Faculdades Integradas Curitiba
(FIC)
____________________________________
Professor Doutor Luis Fernando Lopes Universidade Federal do Paraná
(UFPR)
CURITIBA, 10 de dezembro de 2007.
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RESUMO
A relação entre fotografia e design visual é facilmente observada e reconhecida em praticamente todos os meios de comunicação, principalmente nos comerciais e publicitários, sejam eles impressos, digitais e/ou audiovisuais. Este trabalho consiste em verificar semelhanças entre a estética da fotografia e do design
visual aplicados sob um outro viés, em meios culturais, em um ambiente de contexto
artístico e moral, como cinema, teatro, moda, música... Uma comparação entre a
composição da imagem fotográfica, a fotografia pura em si e da imagem visual, que pode
ser simplesmente uma fotografia, ou fotografia em junção com texto e outros elementos
gráficos, como cartazes, capas de cd, capas de livro, catálogos, cenários, entre outros e as
relações funcionais entre ambas, atuando como linguagem neste meio. Para tanto o trabalho
utiliza-se de exemplos práticos, numa comparação entre obras de fotógrafos autorais como
Chema Madoz e Misha Gordin, com obras de comunicadores visuais, designers visuais
como Gringo Cardia e Bia Lessa, dentre outros.
O processo é realizado com pesquisas e análise das semelhanças entre o processo de criação de imagens fotográficas e de composição de imagens visuais, quer sejam elas, 3D como cenários, ou 2D, tais como cartazes e a aplicação de ambos em práticas culturais. O papel do profissional (fotógrafo e/ou designer visual) como informante, educador, como parte constituinte de melhor formação dos indivíduos na sociedade.
Palavras-chave: fotografia, comunicação, design, arte e cultura.
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ABSTRACT
The relation between photography and visual design is easily observed and recognized in practically all the medias, mainly in commercial and advertising, are they printed, digital and/or audiovisuais. This work consists in verifying similarities between the esthetic of photography and visual design applied under another circunstance, in cultural ways, in an artistic and moral environment context, as cinema, theater, fashion, music... A comparison between the photographic image composition, the pure photography in itself and of the visual image, that can simply be a photography, or a composition with photograph with text and other graphic elements, as posters, covers of compact disc, the book covers, catalogues, scenes, among others and the relations between both, acting as a language in this medias. This research uses many practical examples, in a comparison between the works of the spanish photographer Chema Madoz and Misha Gordin, with works of the graphic designer Gringo Cardia and Bia Lessa. The process is realized through research and analysis of the similarities between the creation process of photographic images and composition of visual images, are they, 3D as scenes, or 2D, such as posters and the application of both in cultural practical. The professional (photographer and/or visual designer) as informing, educator, as part of a better formation of the individual in the society.
Key words: photography, communication, design, art and culture.
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LISTA FIGURAS
Fig.1 - Evgen Bavcar. “Memória do Brasil” .................................................................... 13
Fig.2 - Evgen Bavcar ........................................................................................................ 13
Fig.3 - Barbara Probst. “Exposure #1” ............................................................................. 14
Fig.4 - Barbara Probst. “Exposure #43” ........................................................................... 15
Fig.5 - Gilbert Garcin. “Tourner la page” ......................................................................... 15
Fig.6 - Gilbert Garcin . "The tightrope walker" ................................................................ 16
Fig.7 - Elifas Andreato – Capa de cd de Adoniran Barbosa ............................................ 24
Fig.8 - Elifas Andreato – Espetáculo de Jean-Paul Sartre ................................................ 24
Fig.9 - Direção de arte e Cenografia de Daniela Thomas. “Navio Fantasma” ................. 25
Fig.10 - Direção de arte e Cenografia de Daniela Thomas. “O Avarento” ...................... 25
Fig.11 - Cartaz de Wieslaw Walkuski .............................................................................. 27
Fig.12 - Cartaz de Wieslaw Walkuski .............................................................................. 27
Fig.13 - Fotografia de Misha Gordin ................................................................................ 29
Fig.14 - Fotografia de Misha Gordin ................................................................................ 30
Fig.15 - Fotografia de Misha Gordin ................................................................................ 31
Fig.16 - Cenografia e Curadoria: Bia Lessa – “Brasileiro que nem eu, que nem quem?” 32
Fig.17 - Cenografia e Curadoria: Bia Lessa – “Brasileiro que nem eu, que nem quem?” 33
Fig.18 – Cenografia: Bia Lessa – “Itaú Contemporâneo – Arte no Brasil 1981-2006” 33
Fig.19 - Cenografia e Curadoria: Bia Lessa – “Brasileiro que nem eu, que nem quem?” 34
Fig.20 - Fotografia de Chema Madoz ............................................................................... 35
Fig.21 - Fotografia de Chema Madoz ............................................................................... 36
Fig.22 - Fotografia de Chema Madoz ............................................................................... 37
Fig.23 - Fotografia de Chema Madoz ............................................................................... 38
Fig.24 - Fotografia de Chema Madoz ............................................................................... 38
Fig.25 - Direção de arte e Cenografia: Gringo Cardia – “Mais Perto” ............................. 39
Fig.26 -Direção de arte e Cenografia: Gringo Cardia – “Vasos” ..................................... 40
Fig.27-Direção de arte e Cenografia: Gringo Cardia – “Rota”.......................................... 41
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5
Fig.28- Direção de arte e capa de Cd: Gringo Cardia – Brasileirinho.............................. 42
Fig.29-Direção de arte e Cenografia: Gringo Cardia – “Nó”............................................ 42
Fig.30-Direção de arte e Cenografia: Gringo Cardia – “Adão e Eva”.............................. 43
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1
2 SOBRE CULTURA, ARTE E ESTÉTICA ........................................................... 3
3 SOBRE FOTOGRAFIA .......................................................................................... 8
3.1 Foto + grafia .......................................................................................................... 8
3.1.1 Fotografia de autor ............................................................................................. 9
3.1.2 Autores ................................................................................................................. 12
3.1.2.1 Evgen Bavcar .................................................................................................... 12
3.1.2.2 Barbara Probst ................................................................................................. 14
3.1.2.3 Gilbert Garcin ................................................................................................... 15
4 SOBRE DESIGN ...................................................................................................... 17
4.1 Design Visual ......................................................................................................... 17
4.1.1 O fotográfico no design ....................................................................................... 20
4.1.2 Design Visual autoral ......................................................................................... 22
4.1.3 Autores ................................................................................................................. 23
4.1.3.1 Elifas Andreato ................................................................................................. 24
4.1.3.2 Daniela Thomas ................................................................................................ 25
4.1.3.3 Wieslaw Walksuki ............................................................................................ 26
5 FOTOGRAFIA E DESIGN: A IDÉIA ................................................................... 28
6 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 47
ANEXO 1 ..................................................................................................................... 51
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1 INTRODUÇÃO
A história da fotografia e da comunicação visual se conectaram em determinado
ponto, mais especificamente no século XIX com as primeiras impressões de livros
ilustrados por fotografias e até hoje não se desgrudaram mais.
É notável o avanço destas duas áreas, a fotografia inicialmente um processo
físico-químico era tida como somente memória documental, a referência para a verdade,
para o concreto, enquanto o design gráfico como instrumento para se colocar de maneira
mais agradável os textos para o público.
Hoje esta ferramenta conta ainda com tecnologia e informática, na produção de
diferentes linguagens na área visual. Programas específicos facilitaram a parte técnica e
prática da profissão e novos meios surgiram. É o início da Era Digital, em que a derivação
do papiro continua tendo espaço, mas agora dividido entre telas de computador e meios
audiovisuais, o design passa a ter mais divisões e aplicações de projetos, como páginas de
internet, multimídias e ainda se funde cada vez mais com áreas diversas proporcionando ao
usuário múltiplas sensações (além da visual) quando em contato com o produto elaborado.
Ambos não deixaram para trás a função antiga, mas agregaram outras que
libertaram para a imaginação, como fonte de inspiração e conhecimento para o receptor da
mensagem. Não bastam como meio, como um simples suporte de transmissão de
informação, mas são também um canal para tal.
O percurso da pesquisa acompanhou trabalhos de profissionais que fazem destas
duas áreas uma fonte de conhecimento, de informação em uma linguagem própria,
subjetiva, são designers, artistas, diretores, fotógrafos, arquitetos que atuam com uma
preocupação que vai além do fator estético, do resultado final decorativo.
As análises destes profissionais e de suas obras autorais é feita a partir da
decomposição do processo de produção técnica, mas também na junção da forma e função,
do aspecto técnico estar interligado ao objetivo de discurso, de transmissão de informação e
pensamento.
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A progressão de transformação dos meios de produção e aplicação destas
atividades é constante, o ciclo de construção tende a ser vicioso. Novos meios e técnicas
surgirão e substituirão e/ou complementarão outros. O presente trabalho busca retratar parte
(já que está em constante transformação) desse processo construtivo e mostrar como a
fotografia e design visual podem servir de contribuição para a transmissão de linguagem, de
informação embasada, com conteúdo.
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2 SOBRE CULTURA, ARTE E ESTÉTICA
Construção, esta é uma palavra que define muito bem o conceito da palavra
cultura. De amplo sentido, o termo se baseia basicamente em produção, em ações e
concepções que o ser humano realiza a partir da natureza.
A natureza é a matéria-prima para o homem sobreviver, se socializar, se
alimentar, se proteger, se conhecer. A necessidade desses atos instiga a produção de
instrumentos materiais para concretizá-los e a reflexão sobre si e sobre os outros à sua
volta, resultando no que chamamos simplesmente de cultura.
Segundo Lévi Strauss: “Cultura é este conjunto complexo que inclui
conhecimento, crença, arte, moral, lei costumes e várias outras aptidões e hábitos
adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.” (STRAUSS, APUD, MELLO,
1986).
Dentro da Filosofia, na cultura estão as respostas que o ser humano precisa para
seus questionamentos, necessidades e desejos. A transmissão destas respostas e
conhecimentos para outros indivíduos torna a cultura uma fonte de informação e permite a
sua propagação e permanência entre os indivíduos de uma sociedade.
Cultura também é criação, na vivência e convivência de um povo a cultura se
manifesta através de padrões de comportamento, hábitos, costumes, em constante processo
de mutação e construção, elementos novos e relações são adicionados e enriquecidos
diariamente nos padrões de sobrevivência.
O conjunto complexo, que abriga desde comportamento até o desenho de um objeto
usado em casa, é manifestado através de palavras, sentimentos, ferramentas... Ou seja, através
de símbolos interpretativos da realidade e compartilhados entre os indivíduos com o passar
do tempo e gerações.
[...] isso mostra que a cultura, subjetiva como objetiva, é um conjunto de significados sistematizados, transmitido necessariamente através de símbolos e sinais. Ao nosso ver, portanto, a característica básica da cultura permite que ela seja transmitida e seja social (MELLO, 1986).
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Na cultura simbólica as interpretações e manifestações da realidade, os símbolos,
tornam-se elementos culturais e de início ficam armazenados nas mentes das pessoas, na
forma de mitos e padrões artísticos. A transformação destes símbolos em produtos culturais
concretos, assim como obras de arte, escritos, ferramentas, transformam a cultura simbólica
em cultura material, mais resistente ao tempo e mais fácil de ser percebida.
Assim, André Villas-Boas nos dá um exemplo de expressão e produção cultural:
Seja uma árvore ou uma música, todas as coisas são expressões culturais (expressam uma dada cultura) – embora de formas diferentes. Essa diferença é que faz com que a análise cultural da árvore só seja viável a partir de um aparato teórico específico para evidenciar esta sua dimensão cultural. Este aparato, porém, não é tão necessário no caso da música, cuja expressão cultural é evidente porque a música é socialmente legitimada como uma produção cultural. E é uma produção, e não apenas uma expressão porque a música é uma coisa que é consensualmente encarada como resultado de uma dada cultura, como produto de uma dada cultura – enquanto a árvore é socialmente encarada como resultado da natureza, e não da cultura (embora, paradoxalmente, não exista a possibilidade concreta de termos uma árvore que não expresse a cultura, mais paradoxalmente ainda, que a própria noção de natureza seja em si mesma uma construção cultural. Por isso, é no mínimo comprometedor analisar qualquer música sem levar em conta seus aspectos ditos culturais, mas é possível e legítimo analisar uma árvore sem relacioná-la a cultura. (VILLAS-BOAS, 2002).
Como reconhecimento social a cultura está mais ligada à área de artes, um
produto cultural em forma de produto artístico, uma música, poesia, um quadro ou peça de
teatro. Mesmo a partir do conceito geral de ação sobre a natureza, o fator técnica que leva à
indicação de fabricação em série e produção em larga escala, dá o tributo de indústria
cultural, de produção de materiais culturais para a grande massa.
A diversidade de elementos culturais necessários para a produção de uma obra de
arte também é um fator adicional na associação da área artística com a cultural. Para se
produzir um filme, por exemplo, cineastas usam de referências diversas, como música, para
compor a trilha sonora, fotografia para uma tomada de um plano ou cena, a literatura serve
de inspiração para o roteiro, as artes visuais ajudam no cenário, moda com o figurino, entre
outros.
Mas para se entender melhor o conceito de arte, Luiz Gonzaga de Mello define-a
desta maneira: “A palavra “arte” vem do latim ars e corresponde ao termo grego ténhne,
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“técnica”, significando “toda atividade humana submetida a regras em vista da fabricação
de alguma coisa”. (MELLO, 1986).
Inserida neste universo simbólico, a arte é elemento fundamental e não deixa de
estar presente na antropologia cultural. Sendo tomada inclusive em alguns casos como
sinônimo de cultura, pois através de artistas e suas obras há a circulação de experiências e
idéias, de símbolos.
Não obstante a discussão antiga sobre o caráter espiritual ou material da arte, para a antropologia a realização da arte ou as obras de arte estão no domínio da cultura material. No entanto, a arte enquanto parte constitutiva do conhecimento ou da cosmovisão de um povo é colocada dentro da cultura espiritual (MELLO, 1986).
A arte sob forma de obra de arte é um produto cultural e se insere na cultura
material. Porém toda manifestação artística é também formada pelo cunho simbólico, na
simples expressão de símbolos diretos, ou no reflexo de emoções e sentimentos e mais
ainda na expressão de determinados comportamentos sociais e opiniões políticas.
Se expressa politicamente e revolucionariamente não só pelo conteúdo, como
acredita Herbert (MARCUSE, 1986) mas também a sua condição estética molda a
mensagem a ser transmitida. Há um compartilhamento de conceitos e informação
transfigurados em elementos estruturais, como palavras, imagens, cores, com a sociedade.
Assim conteúdo e forma se traduzem mutuamente.
Elegendo a obra de arte como transmissora de mensagens, formada de discurso,
Teixeira Coelho (NETTO, 2003) fundamenta o conceito de comunicação em que o autor
transmite uma mensagem ao receptor, portanto é uma forma de linguagem, com objeto e
significado – este pode abrigar diversos tipos de mensagens, que variam de acordo com os
receptores. Cada receptor faz uma leitura diferente da mensagem que recebe, de acordo
com o seu repertório particular. A partir de uma mesma frase ou imagem, cada um vai ler e
ter um tipo de lembrança e referência. Uma imagem de uma roda-gigante por exemplo,
pode remeter à infância para uns e para outros pode remeter à uma idade mais madura,
partindo de uma experiência amorosa. Assim como alguns detalhes da imagem podem ser
percebidos por uns e despercebidos por outros.
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Denis Hiusman cita que “Em Platão, a arte é a descoberta, pela reminiscência, de
conhecimentos anteriormente adquiridos através da participação nas idéias” (MELLO,
APUD, HIUSMAN, 1986).
O artista vê e percebe o mundo com outros olhos e pensamentos, uma outra
realidade é revelada, com outro sentido, com interpretação. Cores, formas, movimentos e
sentimentos com preceitos e regras roubam a cena da natureza nua e crua. A fantasia e
simulação representam o real de forma lúdica e fazem da arte um estado de vida, como
acredita Nietzsche1.
Novamente faz-se uso de dizeres e pensamentos do filósofo Platão, para quem:
[...] a arte tem uma função ao mesmo tempo prática e mística. A arte, para ele, é um caminho através do qual o homem pode empreender aquela forma de explicação do mundo e de penetração do real que é a ascensão para o mundo das essências, das idéias puras e, conseqüentemente,de comunhão com a beleza absoluta (SUASSUNA,APUD, MELLO, 1986).
Dentro do contexto cultural, como elemento constituinte de conhecimento, sendo
fruto de trabalho do homem na sociedade, podemos concluir que a arte é a fração mais bela
deste ambiente construído. A capacidade de sensibilidade que a obra de arte pode provocar
no receptor pode ser explicada pelo que denominamos de estética, a ciência da arte. De
origem grega a palavra aisthetiké está diretamente ligada à sensibilidade, aos cinco
sentidos, tendo como foco o aspecto do belo. O belo tanto para o criador quanto para o
receptor, que julga o objeto conforme o seu critério de juízo de gosto.
O artista criador e genial cria e inova na bela obra, mas não se separa da verdade,
melhor ainda, discerne com mais precisão beleza e verdade. O verdadeiro, formado de
conceitos e leis permite ao público a dedução ou indução. Já o belo, possui de início um
valor universal, apesar da originalidade de cada obra.
Benedetto (CROCE, 1997) traça um histórico da ciência:
[...] mas de repente, com o Renascimento, surgiu vigorosa primeiro a ciência dos Estados ou Política; logo atrás seguiram as artes da prudência e, mais lentamente, veio em sua esteira a Econômica, que tomou forma sólida de leis e regras sobretudo no século XVIII, ainda que não se elevasse à plena consciência filosófica; e começou-se a diferenciar o direito da moral e se dirigiu a investigação às paixões
1 Pensamento extraído e interpretado de MELLO, Luiz Gonzaga de, Antropologia Cultural, Iniciação, Teoria e Temas. Petrópolis: Vozes, 1986.
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humanas e ao problema a que davam origem; entrementes, com o próprio Renascimento, retomou-se a pesquisa dos conceitos da poesia, das artes figurativas, da arquitetura, da música, e se foi buscando para eles um fundamento comum e determinando a faculdade de que todas as artes se originavam, e esse investigação também chegou a uma primeira conclusão no século XVIII, quando, descoberta a originalidade do novo princípio, se constitui uma ciência autônoma, à qual se deu o nome novo de Estética.
Com a clareza de definição entre realidade e beleza que a nova estética trouxe, o
trabalho artístico ganhou outra perspectiva, menos ilusória e fantasiosa e mais perto de
trabalho em si, de um fazer simplesmente.
A idéia ganha mais força e o artista genial tem o propósito de propagar um
discurso, seja ele uma mensagem, ou simplesmente provocar uma reação no espectador, um
sentimento. E para tanto se utiliza de maneiras e processos de fabricação da obra de arte,
que variam e renovam continuamente seguindo o ciclo da época, isso também ganhou
relevância no pensamento sobre a arte.
A forma de comunicação visual, seja fotografia, cartaz, multimídia ou qualquer
outro suporte, que tem o seu conteúdo moldado pela forma e pela técnica e vice-versa, que
possui esta relação de informação, de mensagem com a forma, transmitida e transformada
pela sociedade, baseada em uma interpretação da realidade variante sob a ótica de cada
autor, seja ele fotógrafo, diretor de arte, se aproxima de uma produção mais autoral, mais
conceitual e cultural.
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3 SOBRE FOTOGRAFIA
3.1 Foto + grafia
É a escrita da luz, é o desenho com traços perfeitos da realidade. O lápis que
desenha as linhas funciona como uma varinha de condão, através de um processo físico-
químico, ou atualmente também pode ser digital.
As câmeras são aparelhos que servem como instrumento de captura do instante e
de visões do mundo. Estas imagens são depois armazenadas em álbuns, porta retratos,
jornais, revistas, cds... e levam consigo o poder de apropriação daquele pedaço de mundo,
daquele espaço de tempo.
Um simples aperto de botão eterniza aquele momento único, interrompe a corrida
dos segundos nos relógios e como uma máquina do tempo registra e transforma o passado e
o presente. A construção daquele passado e presente está registrada, imortalizada. Em um
pedaço de papel está impressa a experiência capturada vivenciada pelas pessoas, um
registro que proporciona uma multiplicidade de sentidos para o receptor.
A fotografia não registra só os acontecimentos, mas ela por si só já é um.
Interfere, ocupa ou ignora o que está em volta. O sujeito munido da câmera fotográfica
escolhe o ângulo, o objeto, o enquadramento e dispara contra seu alvo. É ele que determina
e dirige o nosso olhar. Vemos e interpretamos de acordo com o que o fotógrafo, com poder
mor, nos permite ver e interpretar, pois ele o fez primeiro.
A selva consiste em objetos culturais, portanto de objetos que contêm intenções determinadas. Tais objetos intencionalmente produzidos vedam ao fotógrafo a visão de caça. E cada fotógrafo é vedado à sua maneira. Os caminhos tortuosos do fotógrafo visam a driblar as intenções escondidas nos objetos. Ao fotografar, ele avança contra as intenções de sua cultura. Por isso, fotografar é gesto diferente, conforme ocorra em selva de cidade ocidental ou cidade subdesenvolvida, em sala de estar ou campo cultivado (FLUSSER, 2002).
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Toda escrita fornece uma informação e a fotografia não poderia ser diferente, são
mensagens escritas por cores, tons, traços... são mensagens com a credibilidade que a
imagem (como pegada) permite.
Elas representam o mundo sob forma de códigos traduzidos, são uma
interpretação e visão particular do autor, refletidas nessas imagens. A fotografia tem o
poder de denúncia, de documentação, de persuasão. Uma foto jornalística da guerra do
Líbano, por exemplo, não só mostra a cena, mas também mostra a intenção do fotógrafo,
possíveis relações de causas e efeitos da guerra, torna-se um discurso.
Os discursos variam o seu nível de subjetividade, vão desde mensagens políticas e
éticas, reflexivas até as mais diretas, de menor abertura à interpretação da mensagem.
Normalmente com alto poder de persuasão e alto grau de exposição, as fotos publicitárias
exibem um discurso de alienação, de leitura fácil e prazerosa, proporcionando ao receptor
uma multiplicidade de sentidos e o desejo e a necessidade de não permanecer na
passividade, de agir na compra do produto anunciado.
3.1.1 Fotografia de autor
A fotografia atua em diversas áreas e divisões. Algumas mais específicas e outras
que são o resultado de fusão entre áreas distintas. O que vai diferir a atuação do processo
construtivo da fotografia nessas áreas é a preocupação com o receptor. Só para exemplificar
temos a fotografia de moda, que é produzida com o objetivo de uma maior difusão e
comercialização de produtos gerados por este meio, tais como cremes, adereços, produtos
de maquiagem, vestuário, até manequins e modelos, encontrados nos books e revistas
especializadas. A fotografia jornalística que tem como foco principal o impacto, a
característica de grande capacidade de transmissão de informações, principalmente em
aspectos da atualidade e interesse social, deixando em segundo plano o aspecto estético,
pode ser encontrada em jornais e/ou revistas. E ainda a fotografia publicitária, com uma boa
produção técnica e estética, normalmente não busca a realidade nua e crua, quase sempre há
montagens e concepções mais elaboradas. É facilmente encontrada nas ruas dos grandes
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centros, em diversos canais, cartazes, outdoors, revistas, jornais, anúncios transmitidos pela
televisão...
Dentre as áreas encontra-se também a fotografia autoral (de autor), ou de
expressão pessoal, com um olhar próprio do fotógrafo, com base em suas influências, em
questões sócio-culturais e exige do espectador uma percepção mais crítica.
Era denominada antigamente de artística, pela imitação à estética consagrada da
pintura, no século XIX. Hoje, este tipo de trabalho é composto, com muito cuidado estético
e subjetividade, de juízo incomum dos membros da sociedade. Com a industrialização o
profissional começou a assumir o lado social da profissão nas atividades e a provocar
reações no público para identificar a fotografia como arte.
O aspecto mágico da fotografia não está somente na perfeição dos traços do
desenho da natureza em um pedaço de papel ou outro suporte digital. Mas por este desenho
se tratar de uma imagem, uma representação do mundo traduzida em códigos. As cenas
mostram experiências e sentimentos vividos pelo homem, são a mediação entre o homem e
o mundo e aquilo que ele viveu.
Experiências e sentimentos renovados, transformados ao longo do tempo. A cada
dia o desenho ganha novos traços e apagões e rabiscos que retratam um novo ponto de vista
do mundo reciclado por outras informações e trocas de experiências num processo
constante e inacabado, sempre.
A porta que liga o homem e o mundo é cheia de intenções. O desenho só é feito
quando se sabe o que se quer desenhar e porquê. Ou seja, o fotógrafo sai à caça munido do
aparelho e de novas visões, de um olhar diferente sob as coisas. As novas visões são
conceitos, são pensamentos únicos e universais a partir de uma interpretação do mundo. Ele
vê e absorve outras coisas, analisa de uma outra maneira, diferente da usual, superficial e
comum.
[...] o aparelho obriga o fotógrafo a transcodificar sua intenção em conceitos, antes de poder transcodificá-la em imagens. Em fotografia, não pode haver ingenuidade. Nem mesmo turistas ou crianças fotografam ingenuamente. Agem conceitualmente, porque tecnicamente. Toda intenção estética, política ou epistemológica, deve necessariamente, passar pelo crivo da conceituação, antes de resultar em imagem (FLUSSER, 2002).
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O mundo é o mesmo, não há alteração nenhuma em sua natureza física, mas o que
muda são os novos conceitos em relação à ele, uma maneira de vê-lo mais profundamente
em relação aos problemas que enfrenta, ou um outro ângulo pouco observado de um objeto,
em que sua natureza não fica tão clara e nítida à primeira vista, enfim um pensar mais
conceitual, que modifica o comportamento de seus receptores.
O observador ingênuo é provocado a exercitar-se mentalmente, a ver o mundo lá
fora diferente do que ele realmente é. As cenas no universo são coloridas, mas no universo
fotográfico as cenas podem ser em preto – e – branco ou cinzentas, podem ser
desproporcionais, econômicas ou exageradas, as cenas são assim, teóricas a respeito do
mundo. A ausência ou presença total de luz, a instabilidade ou equilíbrio, são situações-
limite, são o máximo do fazer pensar, do fazer olhar, às vezes, uma, duas ou três vezes, em
que a cada novo olhar há algo acrescentando o primeiro, ou segundo olhar do espectador.
[...] as fotografias em preto e branco são a magia do pensamento teórico, conceitual, e é precisamente nisto que reside seu fascínio. Revelam a beleza do pensamento conceitual abstrato. Muitos fotógrafos preferem fotografar em preto-e-branco, porque tais fotografias mostram o verdadeiro significado dos símbolos fotográficos: o universo dos conceitos.” (FLUSSER, 2002).
A fotografia que “faz pensar” pode ser colorida, em preto – e – branco (mais
usual), em cores sépias, com enquadramento pouco ou muito usual, de perspectiva correta
ou distorcida, independente do universo lá fora, o que os autores mais querem é estabelecer
um diálogo rico e profundo com seus receptores. A forma segue a função, cada detalhe,
cada escolha de técnica visual (simetria, assimetria, repetição, episodicidade, minimização
e exagero) é pré-concebida com um intuito, com o objetivo de melhor traduzir a idéia ou
conceito do autor.
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3.1.2 Autores
2
Alguns autores aqui citados expõem o seu mundo particular de forma inovadora,
questionadora, exemplificam na prática a teoria da fotografia que “faz pensar”. São
fotógrafos com trabalhos muito pessoais, com uma identidade própria, seguindo uma linha
de pensamento e de construção da imagem que foge do caminho habitual, que quebra
paradigmas, que surpreende, que permite relações imaginárias com o receptor, que possui
uma concepção estética mais cuidadosa, com uma produção visual detalhada.
São fotografias que hoje dificilmente estariam em meios de comunicação de
massa, com uma comunicação e linguagem direta e muito clara, precisam de tempo de
observação e absorção de detalhes e idéia. A etapa pré é parte fundamental do processo de
concepção deste tipo de imagem, que é concebida conceitualmente antes de qualquer coisa.
Os autores quebram paradigmas, quebram as regras de uma rotina, “estilhaçam” o
“vidro” da retina que não se cansa de ver e percorrer a mesma natureza, composta pelos
mesmos objetos, no mesmo ângulo, na mesma perspectiva e com o mesmo nível de
conhecimento.
3.1.2.1 Evgen Bavcar
Dentre os capturadores do instante do visível subjetivo, temos alguns nomes como
Evgen Bavcar, um fotógrafo cego esloveno, um pensador do estético. Ele nos mostra um
novo olhar, através do não-olhar. Bavcar começou a fotografar, já com a cegueira, aos
dezesseis anos de idade.
2 As fotografias aqui colocadas são meramente ilustrativas, de valor puramente estético. Não tem como objetivo uma leitura e análise iconográfica no presente trabalho.
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Fig.1 – BAVCAR, Evgen. “Memória do Brasil”. São Paulo: Cosac Naify, 2003. p. 22-23.
Os sentidos formam a sua visão, através do vento ele sente o cheiro, os ruídos
emitidos, as sensações que normalmente ficam em segundo plano, já que no primeiro
instante o primeiro contato é feito pela visão. Nos permite ver o invisível, com imagens
interiores refletidas pelo ato fotográfico. A grande capacidade de imaginação cria as
imagens com perfeição em sua memória antes do clique e permite uma visão nova e
experimental para os videntes. Bavcar acredita que a “diferença” que existe dentro dele
não é a condição física, mas a maneira como ele enxerga o mundo.
Fig.2 - Evgen Bavcar. Disponível em http://blog.uncovering.org/archives/2007/06/as_trevas_luz.html.
Acessado em 23 de julho de 2007.
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3.1.2.2 Barbara Probst
A fotógrafa alemã Barbara Probst, praticamente não usa a palavra singular. Nos
trabalhos expõe várias ambigüidades, vários pontos de vista, são séries de cenas, de
ângulos, distâncias e pontos de vista diferentes, em que aquele momento único do clique, é
repartido, multiplicado em vários ao mesmo tempo.
Fig.3 - Barbara Probst - Exposure #1: N.Y.C., 545, 8.Avenue, 01.07.00, Disponível em
http://www.artnet.com/artwork/424891694/171544/barbara-probst-exposure-1-nyc-545-8avenue-010700-
1037-pm.html. Acessado em 12 de agosto de 2007.
A corda que amarra uma cena a outra, é de vime, de aço, de nylon, azul, amarela,
vermelha... Não há um tema ou estilo que as une, Barbara quer desafiar a pegada que a
fotografia deixa no barro.
Usa da metalinguagem, decifra os segredos do instante mágico. A veracidade da
fotografia sofre uma “desconstrução” em suas mãos. Barbara mostra as suas várias
subjetividades e formas particulares de ver o mundo, quebrando o paradigma do óbvio, da
única verdade tida como padrão. Mostra o mundo como ela o vê, sem afetar a sua natureza,
mas afeta a maneira como os outros vêem este mundo.
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Fig.4 - Barbara Probst - Exposure #43: Barmsee, Bavaria, 08.18.06 Disponível em:
http://murrayguy.com/barbaraprobst/main.html. Acessado em 28 de agosto de 2007.
3.1.2.3 Gilbert Garcin
Gilbert iniciou sua carreira de fotógrafo aos 64 anos, com um olhar de criança,
inocente, criativo e inusitado. Protagonista de praticamente todas elas, o cenário surrealista,
referência ao pintor Magritte, dentre outras referências como Paul Klee, Leonardo Da
Vinci, é palco para suas composições e a base de seus sonhos por permitir estar em
situações impossíveis que só a magia da fotografia lhe possibilita.
Fig.5 - Gilbert Garcin - Tourner la page - Disponível em:
http://www.gilbert-garcin.com/index.htm?site.htm~mainFrame. Acessado em 13 de agosto de 2007.
O bom humor colore e dá vida ao papel em preto-e-branco de situações que o
autor revela do dia-a-dia. São composições muito bem montadas visualmente, com um
cuidado estético que parelha a perfeição na composição e habilidade técnica do autor, uma
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vez que são feitas através de recortes e colagens de várias fotos diferentes e um registro
fotográfico final do resultado.
Fig. 6 - Gilbert Garcin - Le funambule – "The tightrope walker". Disponível em:
http://www.gilbert-garcin.com/index.htm?site.htm~mainFrame. Acessado em 13 de agosto de 2007.
As suas obras são as asas para a liberdade do imaginário, para a fuga da realidade,
na busca às dúvidas existenciais e respostas às questões filosóficas e sociológicas. Gilbert
constrói uma quarta parede dentro de um teatro, no qual o espectador pode observar este
outro mundo representado.
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4 SOBRE O DESIGN
4.1 Design Visual
A amplitude de conceitos e aplicações na área não se restringe apenas à
denominação do termo estrangeiro design. Pouco conhecido aqui no Brasil, o termo
desenho industrial gera desconhecimento e má compreensão na descrição do universo da
profissão, que não se restringe apenas à fase do desenho, o processo engloba muito mais
fases.
Já o termo utilizado e conhecido universalmente: design, de origem no latim
designare, tem mais afinidade com a real significação, de projetar, criar, elaborar, conceber.
Estas ações agem com substantivos, que no caso do design são vários os que podem
compor o verbo, desde utensílios, vestimentas, livros, máquinas, peças gráficas, até
ambientes, carros, cenários, interfaces digitais de programas, entre outros. Já o sujeito da
ação, que fabrica e cria formas é conhecido como designer. Assim, a significação de
projetar engloba o conceito geral de pesquisa (de mercado, de matéria-prima, público-alvo),
de planejamento (para quem, onde, como, por quê, quando), de criação (transformação da
forma utilizando um conceito, uma idéia, uma linha de pensamento), de desenvolvimento,
com base em testes de processo de produção, testes de uso de matéria-prima... de
finalização e aplicação, com análise de funcionalidade para o público o qual o produto, seja
ele qual for (ferramenta, serviços, artefato, ambiente) foi desenvolvido.
Algumas definições mais gerais: 3
O design não é uma obra de arte ou uma ciência, um fenômeno sócio-cultural ou uma ferramenta de trabalho. É um processo inovador que usa a informação e o conhecimento de todas as coisas (BOUTIN, DAVIS).
3 Citações encontradas em http://www.designgrafico.art.br/abreaspas/. Acessado em 14 de julho de 2007.
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Vamos chamar designer qualquer indivíduo que tenha a capacidade, treinada ou inata, de transformar idéias em ferramentas, serviços, artefatos, comunicações, ambientes, sistemas ou organizações. [...] Essa capacidade de transformar pensamentos em coisas tangíveis poderia dar aos designers uma esperança razoável de modificar a forma do futuro (MANU).
O design tem a função de atender as necessidades básicas do homem, na relação
usuário – produto. Para comer o homem precisava de instrumentos para caçar, matar, lavar,
cortar e assar. Hoje ele também precisa de instrumentos para a necessidade básica de
alimentação, mas são para escolher o melhor produto, descongelar, recipientes para assar e
utensílios para cortar.
Para classificar melhor os substantivos o verbo fazer design encontra-se desde
áreas mais específicas, isoladas ou até em áreas que se misturam entre si, como o design
gráfico, ou hoje de nomeação amplificada, design visual, não se restringindo apenas a
questões gráficas, de produção por algum tipo de impressão. É o veículo de expressão
visual que abrange: design editorial, a criação de projetos de livros e revistas; design
institucional,uma forte ferramenta do marketing, na criação de marcas e identidades de
empresas, assim como materiais promocionais das mesmas; design de embalagem, o
próprio nome já diz, elaboração e criação de embalagens de produtos; design de hipermídia,
mídia digital interativa que usa vídeos, sons, imagens, textos e animações; web design,
ligada a conceituação e construção de páginas de internet e design de jogos, projeto de
criação de cenários, regras e personagens de jogos materiais e digitais.
Design gráfico se refere à área de conhecimento e à prática profissional específicas relativas ao ordenamento estético-formal de elementos textuais e não-textuais que compõem peças gráficas destinadas à reprodução com objetivo expressamente comunicacional (VILLAS-BOAS).4
A atividade de design não está só em grandes publicações, outdoors, cartazes de
filmes, mas também em pequenos suportes, como caixas de fósforo, embalagens de bala,
letreiros de sinalização de metrô, em lugares onde existe a necessidade de transmitir uma
mensagem, uma idéia para o outro a ser projetado. A sua atuação também não é isolada,
trabalha em conjunto com outras áreas, com outras profissões, o que permite uma troca de
4 Citação encontrada em http://www.designgrafico.art.br/abreaspas/. Acessado em 14 de julho de 2007.
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conhecimentos específicos, um maior acúmulo de informações e enriquecimento cultural
por parte do produtor e que consequentemente refletirá no resultado, na produção de um
projeto mais completo, mais rico no aspecto técnico, estético e informativo.
O design de produto é outra especificidade que inclui o automobilístico, na
produção de carros; de mobiliário, no projeto de móveis e eletrodomésticos; de embalagem,
que se funde e coincide com a área gráfica; assim também como o design de moda, onde a
parte de estampas se encaixa na atuação gráfica e os adereços, como bolsa, colares e
acessórios se encaixam melhor no design de produtos e/ou design de jóias. Há ainda o
design de ambientes, em trabalho conjunto com arquitetos, na função de decoração de
interiores e até iluminação.
É a partir da junção de exigência de funcionalidade mais forma, de ter sido
projetado para ser eficiente, aliado à sua forma, de boa composição visual, que alguns
autores defendem a diferenciação entre design e arte. Por ambos trabalharem com a estética
a linha tênue que separa é justamente o lado funcional e também em alguns casos a
produção em série, uma vez que a arte contemporânea já não é tão única assim e permite
outras reproduções.
Outros autores consideram o design como arte aplicada, seria a junção de
elementos da arte e conhecimentos gerais e culturais com técnica, com a utilização de
fatores que resultem em soluções práticas para o público destinado. A arte neste caso é
parte do processo criativo, que funciona utilizando a reunião de elementos artísticos,
tecnológicos e científicos.
Partindo do conceito de que o processo do fazer design é dar forma à uma idéia, é
de transformar pensamento em algo tangível através de uma técnica, elementos artísticos e
culturais são fundamentais para a confecção de um bom design.
O veículo de expressão visual utilizou de princípios da arte rupestre do desenho de
cavernas para criar um alfabeto lapidado para realizar seu maior objetivo: comunicar, cujo
breve conceito já foi visto no primeiro capítulo deste trabalho.
E até o contrário aconteceu, na década de 60, época dos sixties, dentro do design,
a Pop Art utiliza de técnicas como fotocópias e colagens para criar uma arte renovada, com
visões alternativas, anti-geométricas, de “mau gosto”, anti-funcionalistas, com humor e o
acaso embutidos na estética moderna.
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A mistura de elementos artísticos, culturais e sociais, como a atuação com outros
profissionais e áreas como de vídeo, música, arquitetura, engenharia, artes plásticas, gera a
possibilidade de um produto mais completo, mais bem elaborado, sempre visando à função
comunicativa. Este resultado proporciona ao receptor múltiplas sensações (além da visual)
quando em contato com o produto elaborado, ou seja, pode ser o elo mais atrativo e
didático de algumas informações mais técnicas e brutas. O design visual tem como objetivo
a produção e transformação de mensagens compreensíveis, mais próximas ao público
destinado, mais atrativas, tanto pelo aspecto do belo5, do feio, do instigante, do
questionador, do perturbador, depende exatamente do tipo de comunicação que se pretende
fazer com o espectador.
4.1.1 O Fotógrafo no design
O design trabalha com uma série de procedimentos e ferramentas para mostrar da
melhor maneira possível informações e mensagens para o público ao qual se destina.
O processo da produção da mensagem consiste na composição de elementos
gráficos, textuais e fotográficos, dentre eles textos, ilustrações, linhas, cores, traços,
formatos e fotos. A função do designer é a conciliação de tornar a mensagem mais atrativa
e sensível e também compreensível, próxima do público, funcional. É a de moldar a
informação da melhor maneira possível.
A mensagem que carrega informação torna-se um discurso e para tanto deve ter
conteúdo questionador ou nem tão questionar assim e veracidade, sim esta sim sempre
presente aos olhos de quem recebe o conteúdo.
A credibilidade de uma narrativa é garantida com o uso de imagens. A fotografia é
a testemunha dos nossos olhos. Ela possui a garantia de trazer a realidade, de mostrar o que
não conseguimos ver diretamente e até de nos conduzir a uma outra realidade, uma nova
maneira de vermos as coisas, uma fonte de inspiração.
5 Este trabalho não discutirá e/ou conceituará o conceito de belo. Em CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ed. Ática, 2000 há uma maior avaliação sobre este conceito. Sendo este aqui, julgado por juízo de gosto do receptor, como foi visto no primeiro capítulo.
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Teoricamente o efeito do uso da fotografia no design gráfico seria imediato, mas
não foi. Durante muito tempo o recurso fotográfico pertenceu à burguesia, como uma
curiosidade tecnológica a que poucos tinham acesso. As páginas de revistas e jornais não
continuaram usando e abusando das velhas técnicas convencionais do desenho, gravuras e
pinturas.
O uso da fotografia inicialmente se deu mais no aspecto conceitual. A escrita da
luz era a marca de alguns povos nos traços das pinturas de cavalete, dos desenhos
ilustrados. Uma aproximação da perfeição em relação a aspectos de enquadramento,
sombreado, proporção, detalhes da natureza agora é vista de uma maneira microscópica,
mais próxima a elementos reais da natureza.
[...] percebe-se, por exemplo, em movimentos artísticos como o Pré-Rafaelismo britânico ou o Realismo francês, uma preocupação renovada com os pequenos detalhes da natureza e com a documentação do cotidiano, até mesmo de coisas antes consideradas indignas de representação artística (DENIS, 2000).
A aplicação da fotografia em matéria física se iniciou a partir de 1840, na Europa
surgiram os primeiros periódicos ilustrados com fotografias, que eram copiadas à mão em
matrizes de madeira por hábeis artesãos, pelo processo de xilografia. No Brasil 20 anos
mais tarde, a fotografia se firma, também primeiramente passando pela elite, com forte
repercussão em jornais e informativos, como no caso de Semana Ilustrada, apresentando
fatos reais e acontecimentos, aumentando a credibilidade e qualidade da narrativa de
imprensa ilustrada.
A credibilidade e perfeita sintonia entre texto e imagem passou se expandir do
design editorial, para além das notícias de jornal e atuar também nas diversas áreas que o
design gráfico se enquadra, agregando além do fator informativo, o fator estético, que
aproxima ainda mais a real intenção do produtor, de conceituação traduzida em imagens
com o produto final, tendo como conseqüência o grande feitio do poder de persuasão e
atração pelo público quando aplicada em uma embalagem por exemplo. Hoje a grande
maioria dos projetos de design contam com a participação da fotografia como protagonista,
desde cartazes, jornais, revistas, sites, multimídias, até identidades visuais e marcas
dividem espaço com desenhos e formas gráficas.
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4.1.2 Design Visual autoral
O veículo de expressão visual tem uma área de quilometragem praticamente
incontável, percorrendo desde as específicas até as mais variadas e complexas.
Os trabalhos por mais diversos que sejam, os temas e as mensagens por mais
diversas, possuem traços em comuns, possuem algo que os une. Quanto maior for a
liberdade de expressão do autor, maior será esta identidade, pois terá maiores possibilidades
de dispor sua visão sobre o mundo à sua maneira.
Dentre as diversas áreas que o comunicador visual pode atuar, as mais complexas
(junção das mais específicas) permite um trânsito maior de informação, elementos e
técnicas diversas. Como resultado desta mistura de especificidades, existe o que
denominamos de design cultural, cujo foco principal é a divulgação e execução de trabalhos
voltados mais especificamente a artes em geral, como cinema, teatro, música, literatura...
Projetos como capas de discos, diagramação e capas de livros, criação de cenários
para shows e peças de teatro, instalações, exposições, materiais de divulgação de eventos
culturais, cartazes de cinema e festivais de música, catálogos de exposições de artes, são
componentes da área de design cultural.
Por se tratar de trabalhos representativos da arte, também podemos considerá-los
projetos mais artísticos, até pela inovação e escolha de determinadas técnicas e modos de
produção dos mesmos, em que uma peça de teatro por exemplo, permite e normalmente faz
se presente em sua concepção a atuação com a música, com a dança, com moda, com
arquitetura, literatura, vídeo...
Os projetos gráficos e visuais fazem uso da liberdade de tráfego das áreas e da
multiplicidade de referências, com um forte marco pessoal. A partir do uso de certas
habilidades manuais, como colagens, recortes, desenhos... e referenciais e visões que
variam de acordo com a cultura e experiência de cada um.
Um projeto de uma capa de disco por exemplo, cujo foco maior é a música, pode
ter diferentes pontos e componentes para a transmissão da mensagem e sentimento que o
músico queira repassar. A estrutura conceitual pode vir de uma obra literária, já a referência
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de inspiração para a produção da capa pode vir da fotografia, a parte interna e diagramação
do conteúdo de letras e dados técnicos da produção do álbum, pode ser abstraída a partir do
artesanato, da tecelagem... enfim, aqui encontramos inúmeros referenciais e componentes
de áreas diversas que compõem um rico projeto visual autoral.
Mas não é somente a forma que faz um projeto visual ter uma particularidade
autoral, o conceito é que determina a forma, a maneira pelo qual o projeto irá ser
apresentado, quais técnicas podem trabalhar em conjunto para repassar da melhor maneira a
verdade por detrás do projeto. O conceito é a representação do mundo sob os olhos do
autor, no caso, do designer visual, representado na composição de formas visuais, sejam
elas impressas, virtuais ou materiais – no caso de cenários e instalações, com uso de
objetos.
4.1.3 Autores
Para exemplificar este trabalho autoral, faço uso de alguns designers e
profissionais de áreas distintas que trabalham e fazem uma comunicação visual de forma
única e inovadora. Profissionais com trabalhos mais artísticos, de conceituação subjetiva e
aplicação em meios culturais.
Projetos bem pensados e elaborados antes da forma tomar corpo, cada detalhe e
técnica escolhida servem de instrumento para compor uma imagem verdadeira, mas
indireta, de idéia iluminada, mas não tão clara. Aqui vê se um design com outros olhos,
com outras medidas, com outra alma. Um design que não se basta sozinho, que precisa e
acaba se transformando em outra coisa, em algo maior do que um simples projeto gráfico, é
parte integrante da maneira como os outros podem perceber a música, o teatro, o cinema, a
literatura,... é o desenho que sai do papel e ganha vida pelas mãos de comunicadores visuais
no geral, de diferentes origens, de artistas plásticos, de designers, de arquitetos...
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4.1.3.1 Elifas Andreato 6
No cenário cuja temática é cultural, os personagens, comunicadores visuais, usam
e abusam das atuações, fazendo uso da criatividade e imaginação para repassar a
informação da maneira mais diversa para o espectador, como é o caso de Elifas Andreato.
Considerado um dos mais importantes artistas gráficos do país, o também cenógrafo e
jornalista, surpreende não só pelos seus trabalhos, mas também pela sua trajetória, de
origem simples do interior do Paraná.
A paixão pela música é escancarada na quantidade de capas de discos (cerca de
quinhentas) que o artista criou e vem produzindo ao longo da sua carreira, mais
especificamente no gênero de MPB, com a característica básica de brasilidade do povo e de
sua expressão cultural.
Fig.7 - Elifas Andreato - Capa de cd de Adoniran Barbosa. Disponível em:
http://vejasaopaulo.abril.com.br/red/galerias_vejinha/elifas_andreato/index.html. Acessado em 11 de agosto
de 2007.
Fig.8 - Elifas Andreato - Espetáculo de Jean-Paul Sartre. Diponível em:
http://vejasaopaulo.abril.com.br/red/galerias_vejinha/elifas_andreato/index.html. Acessado em 11 de agosto
de 2007.
6 Os projetos gráficos aqui colocados são meramente ilustrativos, de valor puramente estético. Não tem como objetivo uma leitura e análise iconográfica no presente trabalho.
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Usa basicamente a ilustração para expressar a sua mensagem e sentimentos dos
músicos com que trabalha, de maneira muito particular. Elifas também já produziu capas de
revistas e livros, cartazes e cenários para teatro.
4.1.3.2 Daniela Thomas
De fundamental ligação com artes, a filha do cartunista Ziraldo, Daniela Thomas,
se aproximou mais foi do teatro e do cinema. Cenógrafa e diretora carioca, produz
comunicação visual em três dimensões. Em um universo mágico e fantasioso, usa de
suporte um espaço aberto, de parede desmedida, exposto à imaginação, ao uso de metáforas
e de um complexo grupo de elementos simbólicos perante às situações em que os
personagens se encontram.
Fig.9 - Direção de arte e Cenografia de Daniela Thomas – Peça Teatral “Navio Fantasma”.
Disponível em: http://www.sutilcompanhia.com.br. Acessado em 11 de agosto de 2007.
Fig.10 - Direção de arte e Cenografia de Daniela Thomas – Peça Teatral “O Avarento”. Disponível
em: http://www.sutilcompanhia.com.br. Acessado em 11 de agosto de 2007.
A cenógrafa faz jus ao termo teatro contemporâneo, utilizando a linguagem
multimídia de vídeos e projeções, mas ao mesmo tempo, tem uma forte característica
minimalista e simbólica. Faz do teatro um espetáculo visual.
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4.1.3.3 Wieslaw Walksuki
A arte polonesa tem forte peso quando se fala em design de cartazes, é o
fenômeno da “escola polonesa de cartaz”, conhecida assim pela crítica de arte internacional
e criada desde a época da II Guerra Mundial, em pleno regime comunista, de forte
idealismo político e rejeição pelo que eles, os comunistas, chamavam de “arte decadente”, a
arte expressionista, ou surrealista vinda da Europa Ocidental.
Em contraponto com a tradição e o destaque dos cartazes políticos russos, os
poloneses ganharam importância sendo uma grande manifestação artística e educacional
para a população, com temáticas culturais, como a divulgação de peças teatrais, óperas,
filmes, entre outros.
O designer gráfico polonês Wieslaw Walkuski é um dos mais respeitados e
reconhecidos na área, com mais de duzentos cartazes produzidos. Walkuski, assim como
outros designers de cartazes poloneses da época, conta ainda com liberdade artística de
expressão, de fugir aos padrões do estilo do realismo socialista. Compõe peças de brilhante
intelectualismo, simbólicas e metafóricas, além do alto nível na composição plástica,
podendo expressar muito bem sentimentos mais individualistas e universais, o clima e
conteúdo do filme, da peça...
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Fig.11 - Cartaz de Wieslaw Walkuski – Exposição Wystawa własna self-exhibition,2001. Disponível em:
http://www.walkuski.link2.pl/poster3-3.html. Acessado em 12 de agosto de 2007.
Fig.12 - Cartaz de Wieslaw Walksuki – Filme Danton, 1991. Disponível em:
http://www.walkuski.link2.pl/poster1-3.html. Acessado em 12 de agosto de 2007.
De técnicas variadas, pinturas, fotografias, desenho, colagem, transparecerem a
captura da natureza, uma representação leal dos detalhes, sombras e traços, mas com uma
realidade totalmente distorcida, surreal. O resultado é de uma estética provocativa,
incômoda e poética.
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5 FOTOGRAFIA E DESIGN: A IDÉIA
A comunicação visual é o meio em que a fotografia e o design gráfico servem de
instrumento para se expressar. Uma peça de design, como um cartaz, por exemplo, pode ser
composta por texto, pela junção de texto e gráfico, de texto com imagem ou simplesmente
com imagens, com a fotografia como único elemento compositor, em função do objetivo e
da mensagem que pretende repassar.
Assim como em qualquer fotografia estão presentes elementos estruturais básicos
de um projeto gráfico, tais como forma, cor (ou ausência de), tom, textura, dimensão,
movimento. Elementos que são usados pelo designer na composição de técnicas visuais e
suas respectivas polaridades, de equilíbrio, contraste, simetria, regularidade, simplicidade,
unidade, minimização, economia, previsibilidade, atividade, sutileza, neutralidade,
transparência, estabilidade, profundidade, exatidão, justaposição, seqüencialidade, repetição
e difusão. O fotógrafo ao realizar um ato fotográfico, tem em sua mente uma decisão visual,
um conceito pré-formado do que e como ele pretende transparecer o que ele observou e
interpretou do mundo “lá fora”.
Qualquer comunicação visual transmite uma mensagem, seja de forma intencional
ou causal. A representação visual é o mapa que indica o espaço e tempo, produtos
construídos refletem os materiais e técnicas utilizados, hábitos e costumes de quem fazia e
recebia, de quem faz e recebe. As pinturas rupestres revelam a estrutura rudimentar das
tintas e das grutas nos fundos das cavernas como suporte, revelam também os hábitos do
homem daquela época, assim como um vestido revela a alta tecnologia da produção dos
tipos de tecidos que servem de matéria-prima hoje e desnudam o comportamento de quem o
usa através da estampa, cores e formas.
O processo de tracejar as linhas do desenho segue basicamente as mesmas regras e
técnicas, quer sejam imagens fotográficas ou visuais e fica mais explícita essa semelhança
nos casos de fotografia publicitária e autoral, em que há um cuidado maior na estética e
uma produção técnica pré-concebida.
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Não só uma produção técnica pré-concebida, mas antes disso, a imagem autoral
possui como estrutura base a construção de conceito, de troca de informação.
A representação visual é o mapa que indica o espaço e tempo, os produtos
construídos refletem os materiais e técnicas utilizados, hábitos e costumes de quem fazia e
recebia os produtos.
Uma vez que designer e fotógrafo, portanto comunicadores visuais, são aqueles
que capturam o mundo a sua volta, com todos os elementos e sentidos e transforma-os em
um produto, em código, em informação, que pode ser superficial ou mais profunda, baseada
em poucas ou muitas referências, sem consistência alguma ou sólidas.
A eficácia destes profissionais depende do bom uso e filtro destes elementos
constituintes de cada universo. O discurso expressado é o reflexo da qualidade cultural do
autor, ou seja, é o reflexo da quantidade e qualidade de elementos e referências que ele usa
para repassar a sua visão de mundo, seja através de imagens, gráficos ou textos. Vai além
de dar formas decorativas a elementos do mundo, vai ao ponto de dar forma a novas
impressões do mundo.
Um bom exemplo deste efeito são as obras do fotógrafo de conceitos russo, Misha
Gordin, que também pode ser considerado um “fotógrafo da alma”. Começou na área com
dezenove anos, no desejo de criar seu próprio estilo e visão. Para ele a fotografia conceitual
é a forma mais elevada de expressão artística que parelha a fotografia ao nível de pinturas,
esculturas, poesia...
Fig.13 - Fotografia de Misha Gordin. Disponível em: <http://www.bsimple.com/P1.htm>. Acessado em 23 de
julho de 2007.
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Usa de sua visão intuitiva, para transformar seus conceitos e concepções pessoais
em linguagem fotográfica surreal, tentando dar respostas às incógnitas da humanidade de
vida e morte. Além de um cuidado estético que concede o auge da boa composição em suas
obras, o fotógrafo prima pelo conceito acima de tudo, busca fazer da forma mais realística
possível, mesmo usando a manipulação de programas de computador específicos no
tratamento de imagens.
Misha usa de técnicas de composição de repetição, criando uma unificação na
composição de ordem lógica de elementos e esta mesma repetição, com diferentes
posicionamentos de elementos cria o efeito de profundidade, através de luz e sombra. São
composições equilibradas, simétricas, com uma unidade na disposição dos elementos que
formam no final uma imagem única visualmente a primeira vista e exige uma maior
percepção do olhar nos detalhes dos elementos constituintes.
Fig.14 - Fotografia de Misha Gordin. Disponível em: http://www.bsimple.com/crowd35.htm. Acessado em 23
de julho de 2007.
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37
Fig.15 - Fotografia de Misha Gordin. Diponível em: http://www.bsimple.com/Crowd50.htm. Acessado em 23
de julho de 2007.
Já no design, a comparação pode ser feita com o trabalho da diretora de arte e
cenógrafa Bia Lessa, mais conhecida como atriz e diretora de cinema, teatro e vídeo
também produz uma comunicação visual mais subjetiva e inovadora.
Nos projetos da mensageira (visual) a forma segue a função, parte sempre do
conteúdo, é ele, a idéia, a concepção da mensagem é que vai determinar a sua imaginação
na criação ou recriação de formas e uso de técnicas e conseqüentemente na imaginação do
receptor.
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38
. Fig.16 - Cenografia e Curadoria de Bia Lessa - Exposição “Brasileiro que nem eu, que nem quem?”.”.
Disponível em: <http://bialessa.com/>. Acessado em 30 de agosto de 2007.
Além de peças de teatro, Bia Lessa concebeu e projetou visualmente instalações,
mediações entre a arte, dados e informações sociais, éticas e artísticas são apresentadas ao
público, sem contar com uma estória e personagens como no teatro. A produção técnica e
de composição visual desta exposição pode ser comparada à produção estética da foto de
Misha (fig. 13). No exemplo acima (fig. 16), temos elementos estruturais em comum, tais
como profusão, repetição e profundidade.
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Fig.17 - Cenografia e Curadoria de Bia Lessa - Exposição “Brasileiro que nem eu, que nem quem?”.
Disponível em: <http://bialessa.com/>. Acessado em 30 de agosto de 2007.
Para Bia, design é uma evolução do pensamento humano, assim design visual
como projeto visual, deve comunicar. Deve carregar consigo e transmitir da melhor
maneira o seu discurso, transformando a maneira habitual que o leitor tende a observar a
mensagem. Para tanto a cenógrafa utiliza de ousadia em técnicas de profusão, justaposição,
fragmentação e uma formulação visual inquietante, provocadora.
Fig.18 - Cenografia de Bia Lessa - Exposição “Itaú Contemporâneo – Arte no Brasil 1981-2006”. Disponível
em: <http://gowheresp.terra.com.br/novo/materias/65/materiaBiaLessa.html>. Acessado em 30 de agosto de
2007.
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As semelhanças dos processos de concepção de imagens autorais, sejam elas
apresentadas sob formas de cenários, exposições, fotografias, cartazes, acontece além do
processo estético, das técnicas de composição visual (fragmentação, justaposição, simetria,
equilíbrio, unidade, etc.) como foi visto. Mas também pelo processo de armazenamento de
informação, mensagem, de estas imagens serem um canal de troca de conceitos, dúvidas,
inquietudes.
Fig.19 - Cenografia e Curadoria de Bia Lessa - Exposição “Brasileiro que nem eu, que nem quem?”.
Disponível em: <http://bialessa.com/>. Acessado em 30 de agosto de 2007.
No jogo de desconstrução, de brincar com a forma inicial, de quebra de
paradigmas Gilberto Gil mostra em sua poesia da música Batmakumba o que o fotógrafo
Chema Madoz faz com imagens.
José Maria Rodriguez Madoz é um espanhol que usa e abusa da criatividade, com
um resultado de imagens muito bem compostas visualmente, sem cores, o preto-e-branco é
trabalhado em perfeita sintonia de equilíbrio de luz e contraste. O fotógrafo trabalha com
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objetos do cotidiano em composições equilibradas, minimalistas, simétricas. Foge do
tradicional ao mostrar o cotidiano sem fotografar as pessoas e seus costumes e hábitos
diários, mas sim os objetos que fazem parte e compõem este dia-a-dia.
A sua atuação na fotografia conceitual, aparece logo à primeira vista quando se vê
em suas obras, por trás das texturas em que os objetos se transformam, as cores branco e
preto. Os objetos são estrategicamente posicionados com harmonia de modo tão completo e
equilibrado que passam a ser vistos e considerados como uma única coisa, como uma única
idéia, assim Chema também é considerado como o fotógrafo do imaginário.
Fig.20 - Fotografia de Chema Madoz. Disponível em: <http://www.chemamadoz.com/>. Acessado em 01 de
fevereiro de 2007.
A frase “as aparências enganam” cai como uma luva para este fotógrafo, que faz
uso do exercício da imaginação para despertar e instigar outras visões e realidades de cada
objeto. Estes deixam de ser eles mesmos, perdem a sua função visível para adquirir uma
função imperceptível a maioria dos olhos comuns, cheios de paradigmas.
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Fig.21 - Fotografia de Chema Madoz. Disponível em: <http://www.chemamadoz.com/>. Acessado em 01 de
fevereiro de 2007.
Com bom humor, nem tudo é o que parece ser, as formas se perdem nas mãos e
olhos do fotógrafo espanhol. Uma carta serve de mapa, uma relógio vira uma lua, um
chapéu se transforma em um porta-agulha e um colar de pérolas se perde no formato de um
cabide. As funções não são mais as mesmas, as formas se perdem, mas a estética não, os
objetos comunicam entre si, numa mesma dimensão estética.
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Fig.22 - Fotografia de Chema Madoz. Disponível em: <http://www.chemamadoz.com/>
O uso de metáforas dá um novo sentido para cada objeto e para cada obra do
autor. Considerado por alguns como um escultor de objetos, Chema compõe de modo a
mudar o comportamento do receptor não só a olhar e perceber o que está representado,
quão bem composta está a cena com elementos estrategicamente posicionados, mas
também faz questionar o por que as coisas estão representadas de determinada maneira, cria
uma reflexão para uma faculdade crítica, para perceber tentar descobrir a realidade
escondida atrás de cada imagem.
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Fig.23 - Fotografia de Chema Madoz. Disponível em: <http://www.chemamadoz.com/>. Acessado em 01 de
fevereiro de 2007.
Fig.24 - Fotografia de Chema Madoz. Disponível em: <http://www.chemamadoz.com/>. Acessado em 01 de
fevereiro de 2007.
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[...] a verdade é que o grosso modo da produção fotográfica convencional, embriagada de ilusão homológica, costuma rejeitar todos esses acidentes do acaso que fazem aflorar uma paisagem bizarra, preferindo apoiar-se nos modelos elegantes da pintura figurativa, mais seguros e melhor estratificados na consciência coletiva. Longe de se dar por vocação desencavar esses instantes críticos onde a normalidade de uma visão acomodada se desintegra em nonsense, a prática habitual busca, da maneira como for possível, reprimir na fotografia o seu poder de perturbação e desconcerto (MACHADO, 1984).
Já no design, a comparação pode ser feita com o trabalho do designer visual
Gringo Cardia, ou melhor, Waldimir Cardia Junior. Arquiteto de formação, é ainda
designer gráfico e faz parte de um expoente quadro de cenógrafos para peças de teatro,
shows e espetáculos de dança.
Autodenominado como “artista da imagem” Gringo mostra as diversas referências
e visões que possui sobre o mundo de forma multimídia, transita entre vídeos, cenários,
peças gráficas, numa mistura de linguagens.
Fig.25 - Direção de arte e Cenografia de Gringo Cardia – Peça Teatral “Mais Perto”. Disponível em:
<http://www.gringocardia.com.br/portfolio.html>. Acessado em 11 de agosto de 2007.
Como cenógrafo ele usa a técnica, arte e ciência para transmitir uma mensagem,
não se trata somente de ser uma paisagem de fundo para a história que vai ser contada, mas
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de ser parte integrante da história e com elementos visuais contar também a idéia e o
conceito que será transmitido ao público.
Os objetos se tornam metafóricos, a presença deles no palco representa algo que
não necessariamente seja a função padrão, aqui eles são apresentados como uma nova
expressão, como códigos, com outro olhar, como também acontece nas fotografias de
Chema Madoz, onde há transformações de valores habituais e padrões de conceitos e visões
pré estabelecidos para aquisição de novas informações e maneiras de se ver o mesmo
objeto, sob diferentes ângulos, idéias e concepções.
Fig.26 - Direção de arte e Cenografia de Gringo Cardia - Espetáculo “Vasos”. Disponível em: <
http://www.arcoweb.com.br/design/design61.asp >. Acessado em 29 de agosto de 2007.
O cenógrafo e também artista gráfico, trabalha com técnicas de simplicidade,
simetria, repetição, equilíbrio, compõe sutilmente os elementos na busca além da idéia, do
conceito a ser trabalho, de um resultado final esteticamente bem produzido. No exemplo
abaixo existe uma aproximação estética com a foto de Madoz (fig.20), em que técnicas se
entrelaçam, tais como, equilíbrio, simetria, unidade, repetição.Gringo busca mostrar por
trás das imagens questões educacionais que são questionadas, refletidas, abordadas numa
forma de encantamento com uma tendência a se criar uma comunicação e um interesse do
espectador sobre esses dados e discussões.
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Fig.27 - Direção de arte e Cenografia de Gringo Cardia - Espetáculo “Rota”. Disponível em:
<http://www.ciadeborahcolker.com.br/port/espetacu/index.htm>. Acessado em 29 de agosto de 2007.
Fig.28 - Direção de arte e capa de Cd – “Brasileirinho”. Disponível em: <www.biscoitofino.com.br>.
Acessado em 29 de agosto de 2007.
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Fig.29 - Direção de arte e Cenografia de Gringo Cardia - Espetáculo “Nó”. Disponível
em: <http://www.ciadeborahcolker.com.br/port/espetacu/index.htm>. Acessado em 29 de agosto de 2007.
Fig.30 - Direção de arte e Cenografia de Gringo Cardia – Peça teatral “Adão e Eva”.
Disponível em: <http://www.gringocardia.com.br/portfolio.html>. Acessado em 11 de agosto de 2007.
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Esses valores atribuídos aos produtos originados a partir de uma idéia, sejam eles,
peças gráficas, fotografias, cenários, cartazes, tais como vistos acima, consagram aos
mesmos a idéia de produtos culturais, por serem mediadores de práticas sociais, maneiras
de pensar e comportamentos entre o homem e o ambiente natural.
Assim o design, tem o poder e função cultural, político e social e a fotografia
serve de instrumento, como parte integrante de um projeto de design. Como foi visto na
prática em alguns exemplos de obras autorais, a fotografia também autoral possui em sua
formatação, uma pré concepção imaginária, uma idéia e objetivos claros antes de se utilizar
as técnicas visuais comuns para a composição da própria fotografia e do design visual.
Talvez a contribuição mais duradoura desses movimentos reformistas tenha sido a idéia de que o design possui o poder de transformar a sociedade e, por conseguinte, que a reforma dos padrões de gosto e de consumo poderia acarretar mudanças sociais mais profundas (DENIS, 2000).
Este poder de transformação reside na idéia, no conceito, na forma como o designer
vê o mundo e a sociedade e que depois é aplicada na composição de cores, formas,
textos, imagens... Independentemente da intenção do uso deste poder, o profissional
deve estar associado à questões estéticas e éticas de análise. Não somente de dar formas
decorativas a elementos do mundo, mas também dar forma a novas impressões do
mundo, de forma didática e atrativa, como o fez Bia Lessa mostrando dados e
informações sobre o país e o povo brasileiro através do cruzamento de áreas diversas,
conduzindo o espectador a buscar as informações através de atração pelo impacto
visual. Ou como também faz Chema Madoz questionando através de fotografias
questões pessoais, dúvidas sobre moral, ética, padrões de consumo.
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6 CONCLUSÃO
Através de observação e análises das obras conclui-se que a linha tênue que
separa a fotografia autoral do design visual autoral é quase invisível, os traços que
determinam a maneira de composição de cada uma das áreas se misturam e convergem
entre si.
Tanto design visual quanto fotografia são veículos de comunicação visual e
mesmo sendo especificamente abordados na produção autoral, subjetiva, a construção das
mensagens segue o mesmo processo, com regras e técnicas visuais. Mesmo repassando o
sentimento e a idéia central do objeto e do autor, é necessária a utilização de métodos e
processos visuais para uma melhor concepção visual e estética da mensagem.
A partir dos objetos de estudo, ficou clara a preocupação com esta concepção
estética e mais ainda com a concepção autoral, com o discurso. A fotografia e o design do
imaginário (de uma idéia e conceito pré e pós concebido) permite ao espectador ler através
das peças, códigos e a partir deles criar também uma nova visão sobre o mundo, sob novos
ângulos, perspectivas e interpretações.
Na história do design gráfico (atualmente visual por abranger não só a parte
impressa, mas também o digital e multimídia), os cartazes, os pedaços de papéis colados
nas paredes iam além de intimar a população para determinadas ações que agradariam ao
governo, como o alistamento por exemplo, tinham a função de alerta, de alfabetizar e
educar a população em relação a questões de saúde, por exemplo, com campanhas
educacionais, preventivas comuns até os dias de hoje.
Atuando não só em campanhas preventivas e educativas (projetos ligados ao meio
publicitário), o design visual e também a fotografia têm hoje um espaço na área cultural.
O papel os profissionais citados aqui vai além de promover uma “embalagem”
decorativa ao produto final no qual está trabalhando, está no valor agregado que este
produto final, seja ele uma fotografia para uma instalação, um cartaz de um festival de
dança, tem e terá com uma idéia por trás, com um conceito que leva ao espectador não só
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informação, mensagem, mas a possibilidade de imaginação, de ligação com outras
experiências e vivências.
Neste trabalho foram usadas referências e exemplos de diferentes áreas, assim
como é o processo de trabalho de autores aqui citados. A partir de ensinamentos
interdisciplinares o homem é capaz de agregar mais informação, experiências e sentimentos
sob as coisas à sua volta, de diversas áreas (literatura, teatro, cinema, dança). Por
conseqüência, o comunicador visual tem mais conteúdo e fontes de conhecimento para usar
como referência também e aplicá-lo da melhor maneira para apresentar aos espectadores e
isso se tornar um ciclo vicioso de troca de experiências e informações e se transformar em
cultura, em uma mediação e porta de passagem para a transmissão de dados sociais,
artísticos e culturais de maneira inovadora, ousada e atraente, assim como o faz uma
embalagem para conquistar o consumidor, a diferença é que neste caso o consumidor não
sai à caça de alimentação, sai à caça de informação.
Assim peças como as exemplificadas aqui tornam-se produtos culturais, um meio
educacional, de transmitir e receber informações, uma fonte de conhecimento a ser
transmitida e recebida, uma parte constituinte de melhor formação dos indivíduos na
sociedade.
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52
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ANEXO 1
Batmakumba (Gilberto Gil, Caetano Veloso, 1968)
Batmakumba: Batmakumbayêyê batmakumbaoba
Batmakumbayêyê batmakumbao
Batmakumbayêyê batmakumba
Batmakumbayêyê batmakum
Batmakumbayêyê batman
Batmakumbayêyê bat
Batmakumbayêyê ba
Batmakumbayêyê
Batmakumbayê
Batmakumba
Batmakum
Batman
Bat
Ba
Bat
Batman
Batmakum
Batmakumba
Batmakumbayê
Batmakumbayêyê
Batmakumbayêyê ba
Batmakumbayêyê bat
Batmakumbayêyê batman
Batmakumbayêyê batmakum
Batmakumbayêyê batmakumba
Batmakumbayêyê batmakumbao
Batmakumbayêyê batmakumbaoba
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