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Page 1: A Grandiosa Origem da Doutrina da Eleição, Cap 3, Doutrina da Eleição, por Arthur Walkington Pink
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Traduzido do original em Inglês

The Doctrine of Election

By A. W. Pink

A presente tradução consiste somente no Capítulo 3, Its Grand Original, da obra supracitada

Via: PBMinistries.org

(Providence Baptist Ministries)

Tradução e Capa por William Teixeira

Revisão por Camila Almeida

1ª Edição: Dezembro de 2014

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida permissão

do ministério Providence Baptist Ministries, sob a licença Creative Commons Attribution-

NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

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A Grandiosa Origem da Doutrina da Eleição Por Arthur Walkington Pink

[Capítulo 3 do livro The Doctrine of Election • Editado]

Os decretos de Deus, Seu eterno propósito, os conselhos inescrutáveis de Sua vontade,

são realmente um grande abismo; ainda assim, isso nós sabemos: que do primeiro ao

último eles têm uma relação estabelecida com Cristo, pois Ele é o Alfa e o Ômega, em

todas as operações da Aliança. Spurgeon expressa isto maravilhosamente: “Examine a

fonte celestial, a partir da qual todas as correntes da graça Divina fluem para nós, e você

encontrará Jesus Cristo, o manancial na Aliança de Amor. Se os seus olhos jamais viram o

rolo da Aliança, se você será permitido, em um estado futuro, ver todo o plano da reden-

ção, que uma vez que foi traçado nas câmaras da eternidade, você deverá ver a linha de

vermelho-sangue do sacrifício expiatório percorrendo através da margem de cada página,

e você verá que desde o início até o fim o objetivo sempre foi: a glória do Filho de Deus”.

Portanto, parece estranho que muitos que veem que a eleição é o fundamento da salva-

ção, ainda ignoram a glorioso Cabeça da eleição, em quem os eleitos foram escolhidos e

de quem recebem todas as bênçãos.

“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as

bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também nos elegeu nele antes

da fundação do mundo” (Efésios 1:3-4). Visto que fomos escolhidos em Cristo, é evidente

que fomos escolhidos fora de nós mesmos; e uma vez que fomos escolhidos em Cristo,

segue-se necessariamente que Ele escolheu a nós antes de nós a Ele. Isto está clara-

mente implícito no verso anterior, em que o Pai é expressamente designado “o Deus e Pai

de nosso Senhor Jesus Cristo”. Agora, de acordo com a analogia da Escritura (ou seja,

quando Ele se diz ser o “Deus” de alguém) Deus era o “Deus” de Cristo em primeiro lugar,

porque Ele o escolheu para graça e união. Cristo como homem foi predestinado tão verda-

deiramente como nós fomos, e por isso tem Deus como sendo o Seu Deus por predesti-

nação e livre graça. Em segundo lugar, porque o Pai fez um pacto com Ele (Isaías 42:6).

Deus tornou-se conhecido como “o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó” tendo em vista

o pacto feito com eles, semelhantemente tendo em vista o pacto que fez com Cristo, Ele

tornou-se seu “Deus”. Em terceiro lugar, porque Deus é o autor de toda a bem-aventurança

de Cristo (Salmos 45:2, 7).

“Como também [Deus] nos elegeu nele” significa, então, que na eleição Cristo foi feito o

Cabeça dos eleitos. “Do ventre da eleição Ele, o Cabeça, saiu primeiro [esboçado em todo

parto normal — A. W. P.], e depois nós, os membros” (Thomas Goodwin). Em todas as

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coisas Cristo deve ter a “preeminência”, e, portanto, Ele é “o Primogênito” na eleição

(Romanos 8:29). Na ordem da natureza Cristo foi escolhido em primeiro lugar, mas, no fim

dos tempos fomos eleitos com Ele. Nós não fomos escolhidos por nós mesmos à parte de

Cristo, mas em Cristo, o que denota três coisas: Primeiro, fomos escolhidos em Cristo como

os membros do Seu corpo. Em segundo lugar, fomos escolhidos nEle como o padrão ao

qual devemos conformar-nos. Em terceiro lugar, nós fomos escolhidos nEle tendo-O como

nosso fim último, ou seja, foi para a glória de Cristo, para ser Sua “plenitude” (Efésios 1:23).

“Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a minha alma”

(Isaías 42:1), que essa passagem refere-se a ninguém menos do que ao Senhor Jesus

Cristo é inegavelmente claro pela citação do Espírito dela em Mateus 12:15-21. Aqui, então,

está a grandiosa origem da eleição, em sua primeira e mais alta instância eletiva é falada

e aplicada em relação ao Senhor Jesus! Era da vontade dos Três Eternos eleger e

predestinar a segunda Pessoa em estado e existência de criatura, para que, como Deus-

homem, “o primogênito de toda criatura” (Colossenses 1:15), Ele fosse o centro dos

decretos Divinos e o objeto imediato e principal do amor dos Três co-essenciais. E, como

o Pai tem a vida em Si mesmo, assim deu também ao Filho — considerado como Deus-

homem — ter a vida em Si mesmo (João 5:26), para ser uma fonte de vida, de graça e de

glória, para Sua amada Esposa, que recebeu a sua existência e o bem-estar a partir da

livre graça e amor eterno de Jeová.

Quando Deus decidiu criar, entre todas as criaturas inumeráveis, tanto angelicais quanto

humanas, que surgiram na mente Divina, para serem trazidos à existência por Ele, Jesus

Cristo homem foi destacado deles, e nomeado para a união com a segunda Pessoa da

Trindade bendita, e foi, portanto, santificado e estabelecido. Este ato original e maior da e-

leição proveio da pura soberania e da maravilhosa graça. As hostes celestes foram ignora-

das, e a semente da mulher foi tomada ao invés delas. Dentre as inúmeras sementes que

seriam criadas em Adão, a linhagem de Abraão foi escolhida, em seguida, a de Isaque e

de Jacó. Das doze tribos que descenderam de Jacó, a tribo de Judá foi escolhida, Deus

não elegeu um anjo para a elevada união com seu Filho, mas “a um eleito do povo” (Salmos

89:19). O que dirão aqueles que tanto se desagradam da verdade de que os herdeiros do

Céu são eleitos, quando eles aprendem que Jesus Cristo é o tema da eleição eterna!?

Jeová é a causa primeira e o fim último de todas as coisas. Sua essência e existência

são de e para Si mesmo. Ele é o Senhor, a essência auto-existente; a fonte da vida,

e bem-aventurança essencial: “Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único

Deus sábio, aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem

nenhum dos homens viu nem pode ver” [1 Timóteo 1:17; 6:16]. E ao longo de uma

vasta eternidade os Três Eternos se deleitaram na bem-aventurança sem limites e

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incompreensível da contemplação daquelas perfeições essenciais que pertencem ao

Pai, ao Filho e ao Espírito, o eterno Jeová, que é a Sua própria eternidade, e não pode

receber qualquer adição à Sua felicidade essencial ou glória por qualquer uma ou por

todas as Suas criaturas. Ele está exaltado sobre toda a bênção e louvor. Toda a Sua

criação é vista como nada diante dEle, e ainda menos do que nada e uma vaidade.

Se alguns curiosamente perguntassem a si mesmos: “O que Deus estava fazendo an-

tes de ter estendido os céus e lançado os fundamentos da terra?”. A resposta é: os

Três Benditos, co-iguais e co-essenciais Pai, Filho e Espírito Santo, tinham mútua

comunhão juntamente, e eram essencialmente bem-aventurados no que diz respeito

à vida eterna e Divina, no mútuo interesse e propriedade que Eles tinham um ao outro,

em mútuo amor e deleite — bem como em posse de uma glória em comum.

Mas, como é da natureza do bem o ser comunicativo de si mesmo, por isso agradou

à Trindade eterna o propósito de manifestar Seus atos nas criaturas. Os três Sempre-

Benditos, a Quem nada pode ser acrescentado ou diminuído, a nascente e fonte da

qual aquelas benções essenciais brotam das imensas perfeições e da natureza infinita

em que elas existem, do amor mútuo que Eles têm uns para com os outros, e da Sua

mútua comunicação entre si, o prazer de deleitar-se na companhia e sociedade da

criatura. O Pai eterno predestinou Seu Filho co-essencial em estabelecimento e exis-

tência de criatura, e desde a eternidade Ele apresentou a forma e deu luz à persona-

lidade de Deus-homem. A criação de todas as coisas é atribuída nas Escrituras à

soberania Divina: “Tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas”

(Apocalipse 4:11). Nada fora de Deus pode movê-lO, ou ser um motivo para Ele; Sua

vontade é Seu governo, a Sua glória Seu fim último. “Porque dele (como a causa

primária), e por meio dele (como preservador da causa), e para ele (como a causa

final), são todas as coisas” (Romanos 11:36).

Deus, em Sua efetiva criação de tudo, é a finalidade de tudo. “O Senhor fez todas as

coisas para atender aos seus próprios desígnios” (Provérbios 16:4), e a soberania de

Deus surge naturalmente a partir da relação de todas as coisas em relação a Ele

mesmo como o seu criador, e sua dependência natural e inseparável dEle, no que diz

respeito à sua existência e bem-estar. Ele tinha o ser de todas as coisas na Sua pró-

pria vontade e poder, e dependia de Seu próprio prazer se Ele iria dar-se ou não. “Co-

nhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras” (Atos 15:18).

Ele compreende e apreende todas as coisas em Sua infinita compreensão. Como Ele

tem uma essência incompreensível, frente à qual a nossa nada é senão apenas como

a gota de um balde, assim pois Ele tem um conhecimento incompreensível, frente ao

qual o nosso é apenas como um grão de poeira. Seu decreto primário e visão, na

criação do céu e da terra, anjos e homens, sendo a Sua própria glória, que deu base

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para isso e foi a base para apoiá-lo, foi o desígnio de Jeová exaltar o Seu Filho como

Deus-homem, para ser o fundamento e a pedra angular de toda a criação de Deus.

Deus nunca teria agido por meio dos atos da criatura, se não houvesse a segunda

Pessoa condescendido em tomar sobre Si a nossa natureza para se tornar uma cria-

tura. Embora isso tenha ocorrido após a Queda, no entanto, o decreto relativo existiu

antes da Queda. Jesus Cristo, o companheiro do Senhor dos exércitos, foi o primeiro

de todos os caminhos de Deus (S. E. Pierce).

Em nenhum lugar a soberania de Deus brilhará tão conspicuamente como em Seus atos

de eleição e reprovação, que são desde a eternidade passada, nos quais nada na criatura

foi a causa disso. O ato de Deus de escolher Seu povo em Cristo se deu antes da fundação

do mundo, sem a consideração da Queda, nem ocorreu sobre a previsão e posição das o-

bras, mas foi totalmente por graça, e tudo para o louvor e glória da mesma. Em nada mais

a soberania de Jeová é tão evidenciada, de fato, o maior exemplo desta foi ao predestinar

a segunda Pessoa da Trindade para ser o Deus-homem. Que este esteve sob o decreto de

Deus é claro, uma vez mais, a partir das palavras do apóstolo: “O qual, na verdade, [diz ele

ao falar de Cristo], foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo” (1 Pedro 1:20). E de

quem é dito como sendo posto “em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa” (1

Pedro 2:6). Esta grandiosa origem da eleição, tão pouco conhecida hoje, é de tal impor-

tância transcendente que nós nos estenderemos sobre ela um pouco mais, para apontar

algumas das razões por que aprouve a Deus predestinar o homem Cristo Jesus para união

pessoal com Seu Filho.

Cristo foi predestinado para fins mais elevados do que a salvação de Seu povo contra os

efeitos da Queda deste em Adão. Primeiro, Ele foi escolhido por Deus para deleitar-se,

muito mais e infinitamente acima de todas as outras criaturas. Sendo unido com a segunda

Pessoa, o homem Cristo Jesus foi exaltado a uma união mais estreita e comunhão com

Deus. O Senhor dos Exércitos fala de Deus como “o homem que é o meu companheiro”

(Zacarias 13:7), “meu eleito, em quem se apraz a minha alma” (Isaías 42:1). Em segundo

lugar, Cristo foi escolhido para que Deus possa contemplar a imagem dEle mesmo e de

todos as Suas perfeições em uma criatura, de modo que Suas excelências são vistas em

Cristo como em nenhum outro: “O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa

imagem da sua pessoa” (Hebreus 1:3), isto é dito a respeito da pessoa de Cristo como

Deus-homem. Em terceiro lugar, pela união do homem Cristo Jesus com o Filho eterno de

Deus, toda a plenitude da Divindade habitando corporalmente nEle, Ele é “a imagem do

Deus invisível” (Colossenses 1:15, 19).

Jesus Cristo Homem, então, foi escolhido para uma maior união e comunhão com o próprio

Deus. NEle o amor e a graça do Senhor resplandecem em Sua glória superlativa. O Filho

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de Deus deu subsistência e personalidade à Sua natureza humana, para que o Filho de

Deus e Sua natureza humana não fossem apenas uma carne como homem e mulher (que

é a união mais íntima entre a humanidade), nem um espírito só (como é o caso entre Cristo

e a Igreja: 1 Coríntios 6:17), e assim, esta natureza de criatura é favorecida com uma comu-

nhão em sociedade com a Santíssima Trindade, e, portanto, a Ele Deus se comunica sem

medida (João 3:34). Descendo agora a um plano inferior, o homem Cristo Jesus também

foi escolhido para ser um Cabeça de uma semente de eleitos, que foram escolhidos nEle

[...] e abençoados nEle com todas as bênçãos espirituais.

Se Deus ama, Ele deve ter um objeto de Seu amor, e tal objeto deve ter uma existência

diante dEle para que Ele possa exercer o Seu amor, pois Ele não pode amar uma não-

entidade. Deve, portanto, ser que o Deus-homem, e os eleitos nEle existiam na mente Divi-

na, como objetos do amor eterno de Deus, antes de todos os tempos. Em Cristo, a Igreja

foi escolhida desde a eternidade, este o Cabeça, a outra Seu corpo; esse é o noivo, e a

outra Sua noiva, aquela que está sendo escolhida e designada para o Outro. Eles foram

escolhidos em conjunto, mas Cristo veio em primeiro lugar na ordem dos decretos Divinos.

Como, então, Cristo e a Igreja já existiam na vontade, pensamentos e propósitos do Pai

desde o princípio, Ele podia amá-los e se alegrar-se neles. Como o Deus-homem declara:

“Tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim... porque

tu me amaste antes da fundação do mundo” (João 17:23-24).

O Filho de Deus é, antes de todos os tempos, predestinado para ser Deus-homem, Ele foi

secretamente ungido ou estabelecido como tal, e Sua natureza humana teve uma subsis-

tência pactual diante de Deus. Em consequência disso, Ele era o Filho do homem no Céu

antes que Ele se tornasse o Filho do homem sobre a terra; Ele era o Filho do homem secre-

tamente diante de Deus antes que Ele se tornasse o Filho do homem abertamente e mani-

festamente neste mundo. É por isso que o salmista exclama: “Seja a tua mão sobre o

homem da tua destra, sobre o filho do homem, que fortificaste para ti” (80:17); e, portanto,

o próprio Cristo declara: “Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde pri-

meiro estava?” (João 6:62).

“Deus, pela infinita bondade de Seu amor, ordenou a Cristo para se tornar uma criatu-

ra, e se comunicar com as Suas criaturas, ordenando em Seu eterno conselho que a

pessoa da Divindade se unisse à nossa natureza e para uma de Suas criaturas em

particular, a ponto de que que na pessoa do Mediador a verdadeira escada da salva-

ção pudesse ser estabelecida, no qual Deus possa descer para as Suas criaturas e

Suas criaturas subirem a Ele” (Sir Francis Bacon).

“Cristo foi eleito no princípio como Cabeça e Mediador, e como a pedra angular que

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suportaria todo o edifício; pois o ato da eleição do Pai em Cristo supõe que Ele foi

primeiramente escolhido para este trabalho de mediação e de ser o Cabeça da parte

eleita do mundo. Após esta eleição de Cristo, outros foram predestinados ‘para serem

conformes à Sua imagem’ (Romanos 8:29), isto é, a Cristo como Mediador, possuindo

uma natureza humana; não de Cristo sendo considerado apenas como Deus. Esta

conformidade sendo especialmente o propósito da eleição, Cristo era segundo o

desígnio do Pai o primeiro exemplar e padrão dos eleitos. Um pé do compasso da

graça estava em Cristo como o centro, enquanto o outro andou sobre a circunferência,

apontando um aqui e outro ali, para desenhar uma linha, por assim dizer, entre cada

um desses pontos e Cristo. O Pai, então, sendo a causa primeira da eleição de alguns

dentre a massa da humanidade, foi a causa primeira da eleição de Cristo, ao trazê-

los à fruição daquilo a que eles foram eleitos. É provável que Deus, na fundação de

um reino eterno, deve consultar sobre os membros antes que ordena um Cabeça?

Cristo foi registrado no topo do livro da eleição, e os Seus membros, após Ele. E

portanto este livro se chama: ‘o livro da vida do Cordeiro’ [Apocalipse 13:8; 21:27]”

(Stephen Charnock).

Essa passagem da Escritura que introduz mais plenamente o que estamos aqui contem-

plando é Provérbios 8, e é para ela que vamos agora olhar. Há muitas passagens neste

livro em que a “sabedoria” de que fala significa muito mais do que uma excelência moral, e

algo ainda mais bendito do que a personificação de um dos atributos Divinos. Em não

poucas passagens (1:20-21, por exemplo), a referência é a Cristo, um dos títulos usados é

“sabedoria de Deus” (1 Coríntios 1:24). É, como tal, Ele deve ser considerado aqui no

capítulo 8. Que é uma pessoa que está ali referida, é claro a partir do versículo 17, e que é

uma Pessoa Divina aparece a partir do versículo 15; contudo não é uma Pessoa Divina

considerada abstratamente, mas como o Deus-homem. Isso é evidente a partir do que é

afirmado sobre Ele.

“O Senhor me possuiu no princípio de seus caminhos, desde então, e antes de suas obras”

(v. 22). Aqui quem fala é o próprio Cristo, o único Mediador entre o Criador e Suas criaturas.

As palavras: “O Senhor me possuiu no princípio de seus caminhos” tendem a esconder o

que está ali sendo afirmado. Não há prefixo no original hebraico, nada há para justificar a

interposição “no”, enquanto a palavra traduzida como “princípio” significa o primeiro ou o

principal. Assim, deve ser traduzida como “o Senhor me possuiu: o início (ou Principal) de

seus caminhos, desde então, e antes de suas obras”. Cristo era o primogênito de todos os

pensamentos e projetos de Deus, deleitando-Se em e por Ele muito antes do universo ter

sido trazido à existência.

“Desde a eternidade fui ungida, desde o princípio, antes do começo da terra” (v. 23). “Nosso

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Redentor saiu do ventre de um decreto desde a eternidade, antes que houvesse saído do

ventre da virgem no tempo; Ele estava escondido na vontade de Deus antes que Ele se

manifestasse na carne de um Redentor; Ele era um Cordeiro imolado no decreto antes que

Ele fosse morto na cruz; Deus o possui no princípio, ou no início de seu caminho, o Arquiteto

de Suas obras, e estabelecido desde a eternidade para ter Seus deleites entre os filhos dos

homens” (Provérbios 8:22, 23, 31) — Stephen Charnock.

“Quando ainda não havia abismos, fui gerada, quando ainda não havia fontes carregadas

de águas. Antes que os montes se houvessem assentado, antes dos outeiros, eu fui gera-

da” (vv. 24-25). Cristo está aqui se referindo ao seu ser “gerado” na mente de Deus, predes-

tinado à existência da criatura antes que o mundo fosse feito. A primeira de todas das

intenções de Deus relacionou-se à união do homem Cristo Jesus a Seu Filho. O Mediador

se tornou a base de todos os conselhos Divinos (veja Efésios 3:11 e 1:9-10). Como o Triuno

Jeová O “possuía” como um tesouro em que foram colocados todos os Seus desígnios. Ele

foi, então, “criado” ou “ungido” (v. 23) em Seu caráter oficial como Mediador e Cabeça da

Igreja. Como o Deus-homem Ele teve uma influência eficaz e foi o executor de todas as

obras e vontade de Deus.

“Então eu estava com ele, e era seu arquiteto; era cada dia as suas delícias, alegrando-me

perante ele em todo o tempo” (v. 30). Aqui não é a complacência do Pai no Filho que é con-

siderada absolutamente como a segunda Pessoa, mas Sua satisfação e alegria no Media-

dor, à medida em que O via pelas lentes de Seus decretos. Foi como encarnado que o Pai

disse: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mateus 3:17), e foi como pré-

ordenado Deus-homem, que tinha uma real subsistência diante da mente Divina, que Ele

era as delícias de Jeová, antes que o mundo existisse. Em Seus pensamentos eternos e

previsões, o homem que foi Seu companheiro, tornando-se o objeto de amor e compla-

cência inefável de Deus. Isso foi muito mais do que Jeová simplesmente propondo que o

Filho deveria encarnar-se; Seu decreto deu a Cristo uma verdadeira subsistência diante

dEle, e como tal uma satisfação infinita foi conferida ao Seu coração.

Tão pouco compreendido é este aspecto abençoado de nosso assunto, e tão importante

que mais algumas observações adicionais sobre isso parecem necessárias. Que Cristo é o

Primogênito ou Cabeça de eleição da graça foi prefigurado no início das obras de Deus, na

verdade, a criação deste mundo e a formação do primeiro homem foram com o propósito

de fazer Cristo conhecido. Como nos é dito em Romanos 5:14: “o qual é a figura daquele

que havia de vir”. Em Sua criação, formação e constituição como o Cabeça federal da nossa

raça, Adão era um tipo notável de Cristo como Eleito de Deus. Ao ampliar esta afirmação,

será necessário seguir sobre o mesmo fundamento que nós percorremos em União Espi-

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ritual e Comunhão, mas nós confiamos que o leitor suportará que nós repitamos aqui uma

certa quantidade de coisas.

Há uma certa classe de pessoas — aquelas que desprezam toda a doutrina e, particular-

mente, as que não gostam da doutrina da soberania absoluta de Deus — que muitas vezes

nos exortam a “pregar a Cristo”, mas temos observado que eles nunca pregam a Cristo no

Seu maior caráter oficial, como o Cabeça da Aliança do povo de Deus, que eles nunca

dizem uma palavra sobre Ele como o Eleito de Deus “em quem se apraz a minha alma”

[Isaías 42:1]! A pregação de Cristo é uma tarefa muito mais abrangente do que muitos

supõem, nem pode ser feita de forma correta por qualquer homem, até que ele comece

pelo princípio e mostre que o homem Jesus Cristo foi eternamente predestinado para a

união com a segunda Pessoa da Trindade. “Exaltei a um eleito do povo” (Salmos 89:19),

esta exaltação começou com a elevação da humanidade de Cristo para a união pessoal

com o Verbo eterno — honra única!

As próprias palavras “escolhidos em Cristo” implica necessariamente que Ele foi escolhido

em primeiro lugar, tornando-se o fundamento em que os outros foram escolhidos. Quando

Deus escolheu Cristo não era como uma pessoa única ou particular, mas como uma pessoa

pública, como Cabeça do Seu corpo, sendo nós escolhidos nEle como os Seus membros.

Assim, na medida em que foi então dado a subsistência representante diante de Deus,

Deus poderia fazer um Pacto com Cristo em nosso favor. Que Ele assim entrou em um

acordo eterno com Cristo na qualidade de Cabeça da eleição da graça, é claramente de-

mostrado: “Fiz uma aliança com o meu escolhido, e jurei ao meu servo Davi” (Salmo 89:3),

esta aliança foi esboçada no tempo com aquele que era tipicamente “o homem segundo o

seu coração”, pois Davi era na verdade uma sombra de Cristo, quando Deus fez um pacto

com ele; como José foi quando ele forneceu comida aos seus irmãos necessitados, ou

como Moisés foi quando ele conduziu os Hebreus para fora da casa da servidão.

Que aqueles, então, que desejam pregar a Cristo, cuidem para dar-Lhe a preeminência em

todas as coisas, e a eleição não uma é exceção! Deixe-os aprender a dar a Jesus de Nazaré

Sua plena honra, pois a honra que o próprio Pai deu a Ele é uma honra superlativa, a saber,

que Cristo é o canal através do qual toda a graça e glória que temos, ou teremos, flui para

nós, e foi estabelecido como tal desde o início. Como Romanos 8:29 ensina tão claramente,

foi em relação à eleição que Deus designou Seu próprio Filho amado para ser “o

primogênito entre muitos irmãos”. Cristo sendo apontado como a obra-prima da sabedoria

Divina, o grande protótipo, e nós ordenados a sermos muitas pequenas cópias segundo o

Seu Modelo. Cristo é o primeiro e último de todos os pensamentos, conselhos e caminhos

de Deus.

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O universo nada é senão o teatro e este mundo o palco principal em que o Senhor Deus

considera adequado executar alguns de Seus projetos mais profundos. Sua criação de

Adão foi uma sombra para apontar para um melhor Adão, que teria uma liderança univer-

sal sobre todas as criaturas de Deus, e cujas glórias deveriam brilhar visivelmente em e

através de todas as partes da criação. Quando o mundo foi criado e decorado, o homem

foi trazido à existência. Mas, antes de sua formação lemos sobre aquela célebre consulta

dos três eternos: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem” (Gênesis 1:26). Isto

diz respeito a Cristo, o Deus-homem, que era desde toda a eternidade o objeto e sujeito de

todos os conselhos da Trindade. Adão, foi criado e feito segundo a imagem de Deus, que

consistia em verdadeira justiça e santidade, foi um tipo, pois Cristo é por excelência “a

imagem do Deus invisível” (Colossenses 1:15).

A formação do corpo de Adão, pela mão imediata de Deus, do pó da terra, era uma figura

ou sombra do pressuposto da natureza humana por meio do Filho de Deus, cuja humani-

dade se formou imediatamente pelo Espírito Santo, assim como o corpo de Adão foi produ-

zido a partir da terra virgem, semelhantemente a natureza humana de Cristo foi produzida

a partir do ventre da virgem. Mais uma vez, esta união da alma e do corpo em Adão era

uma maneira de expressar o mais profundo e maior de todos os mistérios, a união hipostá-

tica de nossa natureza na pessoa de Cristo, como é justamente expresso no que é comu-

mente chamado de Credo de Atanásio: “como a alma racional e a carne são um só homem,

assim Deus e homem são um só Cristo”. Mais uma vez; como a pessoa de Adão compreen-

deu as perfeições de todas as criaturas, e foi adaptado para desfrutar de todos os confortos

e prazeres que eles podiam lhe conceder e transmitir, deste modo a glória da humanidade

de Cristo supera todas as criaturas, até mesmo os próprios anjos. Quanto mais atentamente

consideramos a pessoa e a posição do primeiro Adão, melhor podemos discernir quão total

e apropriadamente ele era uma figura do último Adão.

Como Adão, foi posto no Paraíso, tendo todas as criaturas da terra trazidas diante dele e

foi constituído como dominador sobre todos elas (Gênesis 1:28), sendo assim coroado de

glória e honra sobre o mundo, por isso também ele antecipou com precisão Cristo, que tem

império universal e domínio sobre todos os mundos, seres e coisas, como pode ser visto

no Salmo 8, que é aplicado ao Salvador em Hebreus 2:9, onde a soberania sobre todas as

criaturas é atribuída a Ele; a terra, o céu, o sol, a lua e as estrelas O magnificam. Pois,

ainda que Ele tenha sido por pouco tempo descido abaixo dos anjos em Sua humilhação,

contudo agora em Sua exaltação, Ele é coroado Rei dos reis e Senhor dos senhores. Além

disso, embora o Deus-homem, o “companheiro do Senhor dos Exércitos”, tenha passado

por um período de degradação antes de Sua exaltação, não obstante Sua glorificação foi

conhecida ainda antes que o mundo começasse: “E eu vos destino o reino, como meu Pai

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mo destinou” (Lucas 22:29); “Ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos

mortos” (Atos 10:42).

Que Cristo tinha tanto a precedência quanto à presidência na eleição também foi prefigu-

rado neste tipo de parente-primitivo, pois lemos: “E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às

aves dos céus, e a todo o animal do campo; mas para o homem não se achava ajudadora

idônea” (Gênesis 2:20). Observe ainda a precisão perfeita do tipo: quando Deus criou Adão,

Ele criou Eva nele (e em abençoar Adão — Gênesis 1:28 — Ele abençoou toda a huma-

nidade nele); do mesmo modo, quando Deus elegeu a Cristo, o Seu povo foi eleito nEle

(Efésios 1:4), e, portanto, eles tiveram uma existência virtual e subsistência nEle desde toda

a eternidade, e, consequentemente, Ele foi denominado “Pai da Eternidade” (Isaías 9:6 —

Cf. Hebreus 2:13); e, consequentemente, ao abençoar a Cristo, Deus abençoou todos os

eleitos nEle e com Ele (Efésios 1:3; 2:5).

Embora Adão tenha saído “muito bom” das mãos de seu Criador, e tenha recebido o domí-

nio sobre todas as criaturas da terra, ainda lemos: “mas para o homem não se achava aju-

dadora idônea”. Por isso, Deus proveu uma parceira idônea para ele, que sendo retirada

de sua costela foi, então, “formada” (Gênesis 2:22), e em seguida trazida a ele, e Adão se

agradou dela. Da mesma forma, apesar de Cristo ter existido no início dos caminhos de

Deus, ter sido criado desde a eternidade, deleitando-Se no Pai (Provérbios 8:22-23, 30),

contudo Deus não achou que fosse bom que para Ele estar sozinho, e Ele, portanto, decre-

tou uma esposa para Ele, que devia compartilhar de Suas graças comunicáveis, honras,

riquezas e glórias; um cônjuge que, em devido tempo, fosse o fruto de Seu lado traspas-

sado, e fosse trazido a Ele pelas operações graciosas do Espírito Santo.

Quando Eva foi formada pelo Senhor Deus e trazida a Adão, de modo a realizar uma união

matrimonial, foi prefigurado o maior mistério da graça, a saber, Deus Pai apresentando os

Seus eleitos e dando-lhes a Cristo: “eram teus, e tu mos deste” (João 17:6). Prevendo-os

pelas lentes dos decretos Divinos, o Mediador amou e contentou-Se com eles (Provérbios

8:31), prometeu a eles para Si mesmo, tendo a Igreja assim como que sido apresentada

por Deus a Ele, em um ato de acordo de casamento e contrato pactual como o dom do Pai.

Como Adão confessou a relação entre Eva e ele mesmo, dizendo: “Esta é agora osso dos

meus ossos, e carne da minha carne” (Gênesis 2:23), semelhantemente, Cristo tornou-Se

um marido eterno para a Igreja. E, assim como Adão e Eva estavam unidos antes da Queda,

assim Cristo e a Igreja eram um na mente de Deus antes de qualquer ocorrência de pecado.

Se, então, devemos “pregar Cristo” em Seu ofício mais glorioso, deve ser claramente de-

monstrar que Ele não foi ordenado no propósito eterno de Deus para a Igreja, mas a Igreja

é que foi ordenada para Ele. Observe como o Espírito Santo tem enfatizado este ponto

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particular do tipo. “O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória

de Deus, mas a mulher é a glória do homem. Porque o homem não provém da mulher, mas

a mulher do homem. Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, mas a

mulher por causa do homem” (1 Coríntios 11:7-9). No entanto, como Adão não estava

completo sem Eva, do mesmo modo, Cristo também não estava sem a Igreja: ela é Sua

“plenitude” ou “complemento” (Efésios 1:23), sim, ela é Sua coroa de glória e diadema real

(Isaías 62:3). A Igreja pode ser considerada necessária para Cristo como um vaso vazio

para que Ele a possa encher com graça e glória. Todo o Seu prazer está nela, e Ele será

glorificado nela e por ela por toda a eternidade, colocando a Sua glória sobre ela (João

17:22). “Vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro... que de Deus descia do céu.

E tinha a glória de Deus” (Apocalipse 21:9-11)

Em Seu caráter de “Eleito” o Cristo de Deus foi prefigurado por outros que não Adão. Na

verdade, é impressionante ver que quantidade de pessoas que eram tipos importantes de

Cristo e foram feitos sujeitos de uma eleição real de Deus, pelo qual eles foram designados

para algum cargo especial. Quanto a Moisés, lemos: “Por isso disse que os destruiria, não

houvesse Moisés, seu escolhido, ficado perante ele na brecha, para desviar a sua indigna-

ção, a fim de não os destruir” (Salmos 106:23). De Arão é dito, “E ninguém toma para si

esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão” (Hebreus 5:4). Dos sacerdotes

de Israel está registrado: “Então se achegarão os sacerdotes, filhos de Levi; pois o Senhor

teu Deus os escolheu para o servirem, e para abençoarem em nome do Senhor” (Deutero-

nômio 21:5). Quanto Davi e a tribo de onde ele veio, está escrito: “Além disto, recusou o

tabernáculo de José, e não elegeu a tribo de Efraim. Antes elegeu a tribo de Judá; o monte

Sião, que ele amava... Também elegeu a Davi seu servo, e o tirou dos apriscos das ovelhas”

(Salmos 78:67-68, 70). Cada um desses casos esboça a grande verdade de que o homem

Cristo Jesus foi escolhido por Deus para um mais alto grau de glória e bem-aventurança do

que que todas as Suas criaturas.

“E não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira; mas só

os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro” (Apocalipse 21:27). Esta expressão “O

livro da vida” é, sem dúvida, figurativa, pois o Espírito Santo se deleita em representar as

coisas espirituais, celestiais e eternas, bem como a bênção e benefícios destas, sob uma

variedade de imagens e metáforas, para que nossas mentes possam mais facilmente

compreender e nossos corações sintam a realidade delas, e assim, nos tornamos mais

capaz de recebê-las. Ainda assim, isto nós sabemos: a similaridade assim empregada para

representá-las à nossa visão espiritual são apenas sombras, mas o que é representado por

elas tem existência real e substancial.

O sol no firmamento é um emblema instituído na natureza de Cristo, de que Ele é para o

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mundo espiritual, o que o sol é para o mundo natural. Entretanto o sol é apenas a sombra,

mas Cristo é a substância real, portanto, ele é denominado “o Sol da justiça”. Assim, quando

Cristo é comparado à luz, Ele é a “verdadeira luz” (João 1:9), quando comparado a uma

videira, Ele é a “videira verdadeira” (João 15:1), quando comparado ao pão, Ele é “o verda-

deiro pão”, o pão da vida, aquele Pão de Deus que desceu do céu (João 6). Deixe este

princípio, então, ser devidamente mantido em mente por nós quando nos deparamos com

muitas metáforas que são aplicadas ao Redentor nas Escrituras. Então, aqui em Apocalipse

21:27, admitindo que “livro da vida” é uma expressão figurativa, estamos longe de garantir

que não há no Céu o que é figurado por ele, ou melhor, a própria realidade em si.

Esta expressão “o livro da vida” tem suas raízes em Isaías 4:3, onde Deus se refere ao Seu

remanescente escolhido como “todo aquele que estiver inscrito entre os viventes em

Jerusalém”, e é isso que explica o significado de todas as outras referências que fazem ao

mesmo. O ato eterno da eleição de Deus é descrito como o escrever dos nomes de seus

escolhidos no livro da vida, e as seguintes coisas são sugeridas por esta figura: Em primeiro

lugar, o conhecimento exato que Deus tem de todos os eleitos, Sua lembrança especial

deles, Seu amor e prazer neles. Em segundo lugar, que a Sua eleição eterna trata cada

pessoa em particular, cujos nomes são, definitivamente, inscritos por Ele. Em terceiro lugar,

para mostrar que eles estão absolutamente seguros, pois Deus escreveu seus nomes no

livro da vida, e eles nunca serão apagados (Apocalipse 3:5). Quando os setenta voltaram

de sua viagem missionária, eufóricos, porque os próprios demônios se sujeitaram a eles,

Cristo disse: “alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus” (Lucas

10:20 e cf. Filipenses 4:3; Hebreus 12:23), o que mostra que a eleição de Deus para a vida

eterna é de pessoas particulares — pelo nome — e, portanto, é segura e imutável.

Vamos agora particularmente observar que este registro da eleição é designado “livro da

vida do Cordeiro”, e isso por pelo menos duas razões. Primeiro, porque o nome do Cordeiro

o encabeça, sendo Ele o primeiro a ser escrito nele, pois Ele deve ter a preeminência; após

o qual segue a inscrição dos nomes particulares de todo o Seu povo. Observe como o Seu

nome é o primeiro registrado no Novo Testamento em Mateus 1:1! Em segundo lugar,

porque Cristo, é a raiz e Seus eleitos são os ramos, para que eles recebam a sua vida dEle

como eles são nEle e sustentados por Ele. Está escrito: “Quando Cristo, que é a nossa

vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória” (Colossenses

3:4). Cristo é a nossa vida, porque Ele é o próprio “Príncipe da vida” (Atos 3:15). Assim, o

registro Divino da eleição em que estão inscritos os nomes de todos os membros de Cristo,

é apropriadamente chamado de “livro da vida do Cordeiro”, pois são totalmente depen-

dentes dEle para a vida.

Entretanto é em conexão com a primeira razão que nós gostaríamos de fazer mais uma

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observação. Isso é chamado livro da vida do Cordeiro, porque Ele é o primeiro nome escrito

no mesmo. Esta não é uma afirmação arbitrária da nossa parte, mas algo que é claramente

justificado pela Bíblia: “Eis aqui venho (no rolo do livro está escrito de mim)” (Hebreus 10:7

– tradução literal). O orador aqui é o Senhor Jesus e, como é tão frequentemente o caso

(tal é a plenitude de Suas palavras), há uma dupla referência aqui: primeiro aos arquivos

eternos dos conselhos de Deus, o livro dos Seus decretos; em segundo lugar, às Escrituras

Sagradas, que são uma transcrição de uma parte deles. De acordo com esta dupla referên-

cia é o duplo sentido da palavra “livro”. No Salmo 40:7, “rolo” é sem dúvida o significado da

palavra hebraica aqui utilizada; mas em Hebreus 10:7 a palavra Grega certamente deve ser

traduzida como “cabeça” — kephale ocorre setenta e seis vezes no Novo Testamento, e é

sempre traduzida como “cabeça”, exceto aqui. Assim, devidamente traduzido, Hebreus 10:7

diz: “na cabeça do livro está escrito de mim”.

Aqui, então, esta é a prova de nossa afirmação. O livro da vida — o registo Divino da eleição

— é denominado livro da vida do Cordeiro, “porque Seu nome é o primeiro escrito nEle, e

Ele, que tinha visto a Si mesmo no rolo disse, quando Ele entrou neste mundo, ‘na cabeça

do livro está escrito de mim’. Uma outra referência a este livro foi feita por Cristo: “no teu

livro todos os meus membros foram escritos” (Salmos 139:16 – tradução literal). O salmista

estava se referindo ao seu corpo natural, primeiro como formado no útero (v. 15), e depois

como sendo o tema dos decretos divinos (v. 16). Mas a referência mais profunda é a de

Cristo, falando, como o antítipo de Davi, dos membros do Seu corpo místico. “A substância

da Igreja, da qual esta deveria ser formada, estava sob os olhos de Deus, tal como proposto

no decreto de eleição” (John Owen).

Talvez um leitor preocupado esteja se perguntando: Como posso ter certeza de que agora

meu nome está escrito no livro da vida do Cordeiro? Nós respondemos muito brevemente.

Em primeiro lugar, por Deus ter te ensinado a ver e te conduzido a sentir sua corrupção in-

terior, sua vileza pessoal, sua terrível culpa, a sua extrema necessidade do sacrifício do

Cordeiro. Em segundo lugar, fazendo com que você dê a Cristo o primeiro lugar de impor-

tância em seus pensamentos e estima, compreendendo que somente Ele pode te salvar.

Em terceiro lugar, por Deus ter te conduzido a crer nEle, descansar toda a sua alma nEle,

desejando ser achado nEle, não tendo a sua própria justiça, mas a dEle. Em quarto lugar,

fazendo-O infinitamente precioso para você, de modo que Ele é todo Seu desejo. Em quinto

lugar, por estar operando em você a determinação de agradá-lO e glorificá-lO.

Sola Scriptura!

Sola Gratia!

Sola Fide!

Solus Christus!

Soli Deo Gloria!

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10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

OUTRAS LEITURAS QUE RECOMENDAMOS Baixe estes e outros e-books gratuitamente no site oEstandarteDeCristo.com.

— Sola Fide • Sola Scriptura • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —

Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —

John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink

Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

Sangue, O — C. H. Spurgeon

Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

Edwards

Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

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2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.