a igreja que alvoroça o mundo

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A IGREJA QUE ALVOROÇA O MUNDO ... Estes que têm alvoroçado o mundo chegaram também aqui.” Atos 17:6b Edson de Almeida F. Oliveira. Rua Francisco Barreto 50 - Bangu Rio de Janeiro - RJ Tel: (21) 34652008/ (21) 81440378 e-mail: [email protected] Registrado do Escritório de Direitos Autorais sob o Nº 290.730 Livro 526 Folha 390 ÍNDICE Introdução.................................... .............................................. ........4 1. A obediência.................................... .............................................. 8 2. O Espírito Santo......................................... .................................23 3. Exemplos a serem seguidos...................................... .................37

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A IGREJA QUE ALVOROÇA O MUNDO

“... Estes que têm alvoroçado o mundo chegaram também aqui.”

Atos 17:6bEdson de Almeida F. Oliveira.Rua Francisco Barreto 50 - BanguRio de Janeiro - RJTel: (21) 34652008/ (21) 81440378e-mail: [email protected]

Registrado do Escritório de Direitos Autorais sob o Nº 290.730 Livro 526 Folha 390

ÍNDICE

Introdução..........................................................................................41. A obediência..................................................................................82. O Espírito Santo..........................................................................233. Exemplos a serem seguidos.......................................................374. Aprendendo com Lúcifer...........................................................435. O rio da humilhação...................................................................506. As conseqüências da humilhação.............................................597. Os resultados da descida do Espírito Santo............................708. A unidade.....................................................................................78

9. Anunciar a Jesus..........................................................................8910. O cuidado com as ovelhas.......................................................9611. Dividir para crescer................................................................10712. Evangelismo através de sinais..............................................11613. A interseção eficaz..................................................................12514. Missões dirigidas por Deus...................................................132Palavra Final..................................................................................136

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CHEGA DE NOSTALGIA!

Nesta breve introdução, queremos ressaltar a contemporaneidade dos dons do Espírito Santo. O objetivo deste livro é comprovar que o poder de Deus não diminuiu com o passar do tempo. Queremos mostrar que Deus não muda. Ele não quer ser lembrado como o Deus que operou no passado. Ele quer e deve ser lembrado como o Deus que opera hoje no meio do seu povo.

Sobre estes quatro pilares a fé de todo o cristão deve estar fundamentada: “Eu, o Senhor, não mudo”.

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(Ml 3:6a), “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje, e eternamente”.(Hb 13:8), “Eu velo sobre a minha palavra para a cumprir”.(Jr 1:12b) e “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar”.(Mt 24:35). Devemos nos fundamentar na imutabilidade de Deus e da sua Palavra para que possamos alvoroçar o mundo.

Temos visto em nossos dias, as pessoas se referirem à igreja de Atos dos apóstolos com um ar nostálgico e saudosista, como se Deus não pudesse ou quisesse realizar hoje, em nossos dias o mesmo que fazia naquela época. Às vezes, encontramos pessoas dizendo que os sinais e prodígios feitos naquele tempo se foram quando o último apóstolo morreu ou que Deus realizou aqueles tão grandiosos sinais apenas para estabelecer a sua igreja, porque ela estava apenas começando a sua história. A palavra de Deus nos diz: “Eis que pus diante de ti uma porta aberta, e ninguém a pode fechar”.(Ap 3:8). A porta dos sinais, prodígios e maravilhas, continua aberta para o seu povo e ninguém pode fechar aquilo que Deus tem aberto para a sua igreja!

Glorifique a Deus pela sua imutabilidade e pelo Seu anseio de continuar realizando grandes coisas no meio de seu povo.

Que o Senhor Deus possa estar lhe abençoando na leitura desse livro e que o Espírito Santo esteja nos tocando para que nós, você e eu, estejamos alvoroçando o mundo!

Edson de Oliveira.

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CAPÍTULO 1 – A OBEDIÊNCIA

“E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, pois, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejai s revestidos de poder.”

Lucas 24:49

Quando Jesus proferiu estas palavras, Ele já tinha ressuscitado dentre os mortos e tinha ficado quarenta dias com os discípulos (At 1:3). Estava na eminência de voltar para o Pai, e estas foram uma de suas últimas palavras.

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Ordenou que os seus seguidores não se apartassem da cidade de Jerusalém até que fossem revestidos de poder. A Bíblia nos fala em I Coríntios 15:6 que Jesus, depois de ressurreto, foi visto por mais de quinhentas pessoas de uma só vez, ou seja, mais de quinhentas pessoas ouviram estas palavras e no dia de Pentecostes o que aconteceu?...

Em Atos 1:15, a Bíblia diz que quase cento e vinte pessoas estavam reunidas quando houve o derramamento do Espírito Santo. O que houve com as outras mais de trezentos e oitenta pessoas? Será que estavam muito ocupadas com as suas próprias obrigações que se esqueceram da promessa de Jesus? Será que os seus interesses estavam na frente da ordem do Senhor? Talvez pensavam que a sua promessa fosse demorar a se cumprir?

Querido leitor, se os seus interesses estão na frente daquilo que Deus lhe tem ordenado, reveja as suas prioridades. Deus deve vir antes de qualquer coisa, inclusive dos nossos desejos. Se buscarmos sempre a Sua vontade para as nossas vidas, os nossos desejos vão se alinhar com os desejos Dele; então, este versículo se cumprirá em nós.

“Deleita-te também no Senhor, e ele te concederá o que deseja o teu coração.”

Salmo 37: 4

Imagine irmão, quão mais impactado o mundo teria sido, se ao invés de cento e vinte fossem quinhentas pessoas que tivessem sido batizadas com o Espírito Santo.

Vejamos quantos dias os discípulos perseveraram em oração. Acompanhe-me: os discípulos foram batizados com o Espírito Santo no dia de Pentecostes que também era conhecido como “Festa das Semanas” ou “Dias dos Primeiros Frutos”.

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Pentecostes vem do grego pentekostos que simplesmente significa cinqüenta.

Essa festa era celebrada cinqüenta dias após a Páscoa; ocasião em que o Senhor Jesus morreu e ressuscitou três dias após. Já dissemos que Jesus ficou com os discípulos quarenta dias depois de ressuscitado, sobrando apenas sete dias de perseverança para os discípulos. Isso mesmo! Mais de trezentas e oitenta pessoas descumpriram a ordem do Senhor em apenas sete dias!

Isso é impressionante. Será que nós temos sido diferentes? Quantas vezes perdemos as promessas de Deus de vista, porque não temos nenhuma perseverança. O escritor da carta aos Hebreus nos exorta: “Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa” (Hb 10: 36). O original grego de paciência é hupomone, que significa constância, perseverança, resistência, firmeza, e é justamente isso que Deus quer! A perseverança que Ele não encontrou naquelas trezentos e oitenta pessoas Ele quer encontrar em nós.

Olhando para o texto acima podemos enxergar dois passos que antecedem o cumprimento das promessas de Deus: perseverar e fazer a vontade de Deus. No caso destas pessoas a promessa feita por Jesus Cristo era o revestimento de poder. A persistência duraria apenas sete dias e a vontade de Deus era que eles não se apartassem de Jerusalém.

Agora, imagine você, quanto o mundo será impactado se nós começarmos a obedecer ao que Jesus nos tem mandado!

Quem realmente ama a Deus

Muitas pessoas afirmam que amam a Deus. Em um país religioso como o nosso, se você for às ruas e

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começar a perguntar, quase que a totalidade das pessoas irão dizer que amam a Deus e que amam ao Senhor Jesus.

Todavia, a Palavra de Deus não nos diz que qualquer um ama ou pode amar a Deus. A Bíblia diz que apenas alguns poucos de fato amam a Deus, porque Ela diz:

“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.”

João 14:21

Esse versículo tão glorioso nos dá uma resposta bem clara a respeito de quem verdadeiramente ama ao Senhor. Somente aquele que tem os seus mandamentos e os guarda.

Sinceramente, não entendo como uma pessoa pode se dizer cristã se nem ao menos tem o hábito de meditar na Bíblia. Não têm um programa mínimo de leitura da Palavra. É profundamente constrangedor vermos pessoas com bastante tempo de Evangelho e que não tem o menor conhecimento bíblico. Vivem um Evangelho de “achismo”; nunca tem uma resposta para os seus problemas ou dificuldades baseada na Palavra.

É por isso que Oséias inspirado por Deus declara: “O meu povo foi destruído porque lhe faltou conhecimento” (Os 4: 6a). Se não conhecem o Testamento, não conhecem os seus direitos e não têm como reivindicá-los. Não conhecem a autoridade da sua posição como filhos de Deus.

Também de igual importância é guardarmos os mandamentos do Senhor. Leia com bastante atenção o que Tiago diz:

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“E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos.”

Tiago 1:22

Note como a vida cristã fica extremamente sem sentido quando uma pessoa apenas fala, mas não vive o que fala. Se não praticarmos aquilo que falamos, nossa vida cristã vira simplesmente hipocrisia! Os fariseus viviam assim: pensavam que estavam muito bem com Deus, porque apenas ensinavam as pessoas como procederem, mas não praticavam uma única palavra do que diziam (Mt 23:3).

Meu amado irmão, nossa vida espiritual não pode estar resumida apenas em discursos bonitos ou regras de condutas para os outros. Não podemos, como os fariseus, viver uma vida cristã apenas de aparência. Não é possível continuar assim. O Espírito Santo tem feito um apelo para que deixemos a aparência e vivamos a substância do Evangelho.

Deus quer gerar em nossos dias o “Espírito de graças e de súplicas” (Zc 12: 10).

Recentemente, estava em um retiro espiritual por ocasião do carnaval e só havia basicamente jovens e adolescentes. Pouco antes do término do culto de domingo à noite, Deus derramou do seu Espírito de graças e de súplicas e um grande quebrantamento foi gerado naquele lugar.

Adolescentes com idade variando entre doze e quinze anos, foram tomados pelo Espírito de Deus e choravam se lamentando pelos seus pecados, pedindo perdão a Deus. A presença de Deus foi tão forte, que muitos ficaram até as três da manhã somente orando e louvando ao Senhor. Alguns, uma semana após o ocorrido, ainda choravam ao se lembrar do que Deus havia feito em suas vidas.

Querido leitor, se você se sente na situação desesperadora de apenas viver de aparência, por

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favor, pare agora a leitura deste livro, ore e reconcilie-se com o Senhor. Tiago nos recomenda: “Assim falai, assim procedei”.(Tg 2:12a). Um dos principais desafios para a Igreja neste começo de século é justamente este: viver aquilo que fala.

Saiba de uma coisa: quando pregamos, evangelizamos, ou tão somente conversamos sobre as coisas de Deus; com evangélicos mesmo, a nossa vida é refletida como um espelho.

O mundo pode não gostar da sua voz, da sua aparência, do seu modo de vestir, ou de qualquer outra coisa, mas nunca, nem cristãos ou ímpios podem apontar o dedo para você e dizer: este não vive o que prega. Isto é muito sério!

A resposta para uma grande questão que tem assolado a Igreja em nossos dias também é encontrada aqui, numa pequena frase: “e me manifestarei a ele”. Isso porque as pessoas têm buscado a Deus de forma errada! Querem buscar a presença de Deus de qualquer jeito. Do seu próprio modo.

Lembra-se de Davi e o seu intento de trazer a arca da aliança para Jerusalém? A motivação de Davi era legítima, haja vista que ele estava de todo o coração buscando a presença de Deus.

Davi então, ajuntou a todos os escolhidos de Israel e preparou um carro novo para levar a arca de Deus da casa de Abinadabe para Siló. Preparou um carro novo, onde puseram a arca e Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro.

O final dessa história você já conhece: Uzá morreu porque tocou na arca de Deus. Porque Deus fez isso?Porque ele foi buscado de forma errada. Davi não conhecia a lei de Deus que dizia que apenas os descendentes de Levi poderiam conduzir a arca do Senhor.

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Muitas pessoas fazem isso todos os dias. Buscam a Deus não como ele próprio estabelece, mas como eles acham que está certo. Davi também achava que estava certo, no entanto, não estava de acordo com a vontade de Deus que é revelada na sua Palavra.

Para Jesus manifestar-se em sua vida de forma maravilhosa só existe um jeito: tendo e guardando os mandamentos do Senhor.

Pessoas estão se decepcionando com Deus quando deveriam estar se decepcionando com a sua própria falta de obediência. Sem obediência aos mandamentos de Deus, ninguém vai ver a glória de Deus sobre a sua vida! Mais uma vez eu tenho que dizer: se o Espírito Santo está falando profundamente ao seu coração, e sei que está; pare um pouco e ore. Com certeza Deus está de braços abertos para lhe perdoar, lhe abençoar e lhe dar uma vida abundante com a qual você nunca conseguiu sonhar. Entretanto, é necessário primeiro que você humilhe-se diante da presença do Senhor.

Casos de Obediência

Através do texto de Lucas 5:1-6, podemos tirar importantíssimas lições para a nossa vida. Jesus estava no começo do seu ministério e estava junto ao lago de Genezaré, também chamado de mar da Galiléia. Vendo dois barcos atracados, entrou em um e pediu que o seu dono (Pedro) o afastasse um pouco para que pudesse ensinar. Terminando o seu discurso, disse a Pedro: “Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar”.(Lc 5:4).

Imagino que Pedro deve ter se surpreendido. Ele, um pescador experiente, havia passado a noite inteira pescando e não tinha apanhado nada e o filho de um carpinteiro que aparentemente não entendia absolutamente nada de pescaria lhe dava ordens e

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dizia quando e onde deveria pescar. Mas, qual foi a resposta de Pedro: “... sob a tua palavra lançarei a rede”.(Lc 5:5b).

Apesar das circunstâncias serem totalmente desfavoráveis, apesar de Jesus, aparentemente, não entender nada de pescaria, ele confiou nas palavras do Senhor e o mais importante: obedeceu!

Meu irmão, ainda que você ouça inúmeras vozes dizendo que não há solução e que você não irá conseguir, ou, ainda que as suas condições sejam desfavoráveis como eram as de Pedro; lhe darei um conselho: fique sempre com o que Deus tem lhe dito. “Seja sempre Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso” (Rom 3:3a).

Qual foi o resultado por Pedro ter obedecido à voz de Jesus? A quantidade de peixes era tão grande que rompia-se-lhes a rede e teve de pedir ajuda aos companheiros. Você nunca vai perder por ouvir a voz de Deus e não a dos homens, mesmo que seja a sua. Deus tem sempre o melhor para os seus filhos.

“Mas a todos quanto o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que crerem no seu nome”.

(Jo 1:12)

Se você já recebeu ao Senhor Jesus como Salvador você pertence à família de Deus e não só pode como deve reinar em vida por meio de Cristo Jesus. (Rom 5:17).

Em João 2:5, Maria diz algo muito importante aos serventes e é uma das coisas que tem faltado à Igreja em nossos dias: “Fazei tudo quanto Ele vos disser”.

Nessa passagem, Maria tinha plena convicção que qualquer coisa que Jesus dissesse para os

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serventes fazerem, seria a solução de todos os seus problemas.

Este é o cenário do primeiro milagre de Jesus: Maria, Jesus e seus discípulos foram convidados a um casamento e em determinado momento o vinho acabou. Maria foi participar o problema a Jesus e abrindo um parêntesis: ela não ficou se lamentando pelo fato do vinho ter-se acabado. A primeira atitude foi participar o problema a Jesus. Se você não tem esse hábito, passe a tê-lo!

Jesus, então, pede aos serventes que encham de água as talhas e as levem ao mestre-sala.

Imagino que os serventes não devem ter entendido nada. Provavelmente devem ter pensado: nós não estamos precisando de água e sim de vinho; mas mesmo assim, obedeceram! E o resultado: o melhor vinho foi servido. Jesus tem sempre o melhor vinho para lhe oferecer. Basta você obedecê-lo.

Preste a atenção a um detalhe importante: tanto Pedro como os serventes poderiam ter questionado as ordens de Jesus, pois, aparentemente não havia lógica para as mesmas. Mas não questionaram, apenas obedeceram. Quando questionamos as ordens do Senhor, demonstramos incredulidade, mas o Senhor não pode trabalhar na incredulidade. (Mc 6:5, 6).

A vontade específica de Deus

Um dos grandes problemas em nossas igrejas é que as pessoas não têm idéia da vontade específica de Deus para as suas vidas - existe a vontade geral e a específica de Deus para nós; o objetivo deste livro não é tratarmos especificamente sobre os diferentes aspectos da vontade de Deus. Não sabem quais são os seus ministérios e como serão úteis na obra do Senhor.

Impressionante como existem cristãos com anos de Evangelho e não sabem para qual ministério Deus

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os têm chamado e como serão úteis na obra. Mas será que existe um meio de sabermos o que devemos fazer para Deus, ou pelo menos tornarmos mais audível a Sua voz para nós? A Bíblia responde:

“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.

Romanos 12:2

O primeiro passo para sabermos a vontade específica de Deus é não nos conformarmos com este mundo. O original grego da palavra conformeis é suschematizo, que refere-se a conformar-se com o estilo ou a experiência externos, acomodando-se a um modelo ou padrão.

Os costumes, hábitos e atitudes deste mundo não condizem com os santos padrões bíblicos. E o que temos presenciado é a Igreja sendo influenciada pelos costumes mundanos e não o contrário. Precisamos, como um espelho, refletir a luz de Jesus Cristo para que o mundo veja quão brilhante é o viver de um cristão (Mt 5:16). Somos chamados cristãos porque devemos praticar as mesmas obras que Cristo praticou. Por favor, reflita o quanto suas atitudes tem se parecido com as de Jesus Cristo.

As nossas obras também tem que estar cada dia mais parecidas com as de Jesus. As nossas atitudes têm que refletir a glória de Deus para o mundo, pois, nós somos chamados a luz do mundo.

O escritor aos Hebreus nos dá uma importante advertência:

“Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.”

Hebreus 12:14

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Nós estamos em processo de santificação, ou seja, nós somos como a luz da aurora que vai brilhando cada vez mais até ser dia perfeito. A cada dia, devemos estar separando-nos das obras do mundo, desprezando-o e voltando-nos para Deus e para a Sua obra. Quanto mais detestarmos as coisas deste mundo, mais estaremos aproximando-nos de Deus e o amando-o mais, porque aquele que odeia o mundo, constitui-se amigo de Deus. (Tg 4:4). Não dá para servir a dois senhores. (Mt 6:24).

O segundo passo é transformarmos o nosso entendimento. E o que é renovação de entendimento?

“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”.

Filipenses 4:8

O ser humano por sua natureza decaída e pecaminosa tende a pensar em adultérios, prostituições, homicídios, furtos, avareza, blasfêmia, soberba, inveja, loucura. Todos esses pensamentos procedem de dentro do homem (Mc 7:21-23). Mas o nosso entendimento (pensamento) precisa ser trocado, restaurado pelo Espírito Santo e isto só ocorre quando nos alimentamos da palavra, temos uma vida constante de oração e enchemos os nossos lábios com o louvor do Senhor.

“Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra”.

Colossenses 3:2

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Devemos estar muito atentos quanto aos nossos pensamentos. Por que a boca fala do que está cheio o coração. (Lc 6:45).

Com os nossos lábios podemos tanto confessar a Jesus como nosso salvador, como podemos negá-lo (Mt 10:33). Não é apenas na situação de alguém perguntar a que “religião” pertencemos que podemos negar a Jesus. Mas, quando dizemos no nosso dia-a-dia, palavras que não condizem com a fé que confessamos, como palavras de baixo calão, maldições e outras palavras frívolas, também negamos a Cristo Jesus.

Precisamos moldar a nossa linguagem com a ajuda do Espírito Santo para darmos bom testemunho para os que estão aqui na Terra e para agradarmos ao nosso Pai celestial.

A nossa esperança não é apenas terrena (I Co 15:19), mas precisamos estar com a nossa mente voltada para as coisas futuras, para a Canaã celestial, a nossa eterna morada.

Assumindo essas atitudes: não se conformar com este mundo e transformar o nosso entendimento, conseqüentemente experimentar a vontade específica de Deus para a nossa vida cotidiana e por fim, poder cumprir o propósito de Deus para nós.

A ordem de Jesus hoje

O que Jesus tem dito para a sua Igreja fazer hoje?

“Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo;

Ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém.”

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Mateus 28: 19,20

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura”.

Marcos 16:15

Temos ouvido muitas pregações a respeito desta grande comissão que Jesus tem nos dado. Muito tem se falado sobre essas difíceis palavras do Senhor. Felizmente os resultados estão aparecendo, mas é necessário fazermos ainda muito mais.

As palavras de Jesus não terminam por aí. É necessário que aprendamos algo: o Senhor nunca nos dá uma missão para realizarmos sem os meios necessários para tanto. Cristo continua:

“E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e, porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão”.

Marcos 16: 17,18

O Senhor Jesus nos mandou que pregássemos o evangelho a toda a criatura. O verdadeiro evangelho é o poder de Deus (Rom 1:16). Continuando o texto, vemos que os discípulos obedeceram à ordem de Jesus e como sempre, quando Deus ordena e obedecemos, Ele cumpre as suas promessas.

“E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando as palavras com os sinais que se seguiram”.

Marcos 16:20 (Grifo meu)

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Este tem de ser o ideal a ser perseguido nos nossos dias. Não podemos querer menos de Deus, por que Ele não quer menos de nós.

Para fazermos os sinais, basta-nos crer!

Jesus mandou que pregássemos o evangelho com intensa demonstração de poder. Uma das grandes artimanhas de Satanás para com povo de Deus hoje, é dizer que apenas poucas pessoas privilegiadas, têm um poder especial para falar novas línguas, expulsar os demônios e curar os enfermos. A palavra de Deus não diz isso. Não diz que apenas alguns poucos indivíduos podem fazer isso, ou apenas pastores, ou líderes privilegiados, mas que aqueles que crerem no Senhor Jesus farão esses sinais, porque Deus não faz acepção de pessoas.

Você consegue entender que promessa maravilhosa Jesus nos deixou? E que é para mim e para você. Hoje e agora? O Senhor nos prometeu que aqueles que crerem no seu nome manifestarão o seu poder!

Um diácono que fazia prodígios

“E era Estevão cheio de fé e de poder e fazia prodígios e grandes sinais entre o povo”.

Atos 6:8

No começo do capítulo seis do livro de Atos, vemos a instituição dos diáconos. Estes sete homens foram pessoas escolhidas pelo povo para servirem e Estevão era um deles. A função de um diácono não era a de pregar o evangelho como os apóstolos. Era somente de servir. Mesmo assim, através da unção e

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autoridade do Espírito Santo na vida de Estevão, ele fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.

Isto nos dá base bíblica para refutarmos os que dizem que nos dias atuais, apenas poucas pessoas podem manifestar o poder de Deus. As promessas de Deus, inclusive esta, são para todos os que crerem.

Ao longo da história da Igreja vemos que a Bíblia, a palavra de Deus, foi deixada de lado e trocada por rituais. O Evangelho puro não é ritual, mas demonstração do poder de Deus!

Graças a Deus que em nossos dias, a Bíblia voltou a ser aberta e o Senhor está por levantar uma geração que tome posse integralmente daquilo que Jesus nos garantiu na sua morte e ressurreição.

“Aquele que crer em mim fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas”.

João 14:12

Que promessa maravilhosa e bendita essa que Jesus nos deixou!

Você crê em Jesus? Então olhe de novo o versículo citado acima e tome posse dessa benção para a sua vida! Você está conseguindo entender o poder e a autoridade que Ele nos deixou?

Para alcançarmos essas duas promessas gloriosas, situadas nas duas passagens acima, necessitamos fazer algo tão simples que inclusive já o fizemos quando da ocasião da nossa salvação: crer no Senhor Jesus (Jo 1: 12). Temos tamanha autoridade no nome precioso do Senhor Jesus e a Igreja, de um modo geral, não tem se dado conta a respeito disso.

Certa ocasião estava em uma Igreja e um irmão chegando perto de mim, mostrou-me um folheto que ele havia recebido com propósitos de oração para que os membros daquela Igreja estivessem se dedicando naquele ano. Eu o abri e ao lê-lo, uma das coisas que

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me chamou bastante atenção foi que um dos propósitos de oração era para que a Igreja tivesse poder sobre os demônios.

Que tamanho desconhecimento bíblico! Temos que orar agradecendo a Deus pela autoridade que Ele nos concedeu e não pedir algo que já nos pertence!

“Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum”.

Lucas 10:19

No mundo natural, toda a atitude gera conseqüências. A mesma coisa ocorre no mundo espiritual. Jesus exercia integralmente sua autoridade; autoridade essa que Ele deixou para nós, e o que aconteceu em seu ministério?

“E grande multidão o seguia, por que via os sinais que operava sobre os enfermos”.

João 6: 2Quando a Igreja de Jesus se levantar, obedecer

às palavras do Senhor e exercer a autoridade que lhe é concedida, então as portas do inferno vão tremer, o mundo vai ser impactado e alvoroçado com o Evangelho genuíno de Espírito e poder.

O Senhor Jesus deve ser o exemplo em tudo na nossa vida. Ele demonstrava o poder de Deus e grandes multidões o seguiam. Levante-se e exerça sua autoridade como crente em Jesus e grandes multidões vão ser impactadas pela sua vida!

CAPÍTULO 2 – O ESPÍRITO SANTO

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Não poderíamos deixar de começar este capítulo sem citar o seguinte texto:

“E cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.E foram vistas por eles línguas repartidas, como de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu. E, correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua. Como, pois os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?”

Atos 2:1-8

O intuito deste livro não é falar especificamente sobre o Espírito Santo - para isto existem grandes estudos e livros sobre Paracletologia - mas sim dizer como Este influenciou fantasticamente a Igreja primitiva e como poderá fazê-lo em nossos dias.

Por volta de setecentos anos antes da vinda do Senhor Jesus, o Espírito já havia falado através dos profetas Isaías e Joel:

“Porque derramarei água sobre o sedento e rios, sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade e a minha bênção, sobre os teus descendentes.”

Isaías 44: 3

“E há de ser que, depois, derramarei do meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas

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filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei do meu Espírito.”

Joel 2:28, 29 (grifo meu)

Preste a atenção que a Palavra de Deus através do profeta Joel fala de “dias” e não de apenas um dia. O Espírito Santo foi derramado naquele dia, esteve sendo derramado ao longo da história da Igreja e à medida que a volta do Senhor Jesus vai se aproximando, a intensidade de Sua presença em Sua igreja vai aumentando.

“Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas”.

Eclesiastes 7:8

No começo do primeiro capítulo, falamos da obediência da Igreja às palavras de Jesus e inclusive, citamos Lucas 24: 49 que fala a respeito da promessa que nosso Senhor fez aos seus discípulos. O Senhor sabia que a sua Igreja só poderia realizar plenamente a sua vontade quando fosse tomada por completo pelo Santo Espírito. Ele mesmo como nosso supremo exemplo em tudo, só começou o seu alvoroçador ministério depois da descida do Espírito Santo sobre si.

“E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele”.

Mateus 3:16

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Devemos sempre olhar para Jesus e aprendermos com Ele. Se o filho Unigênito de Deus foi totalmente dependente do Espírito Santo em seu ministério, por quê não nós, servos de Deus não vamos depender do seu Espírito para realizarmos a sua obra? Deus não precisa de pessoas bonitas, muito inteligentes, com um dom de oratória muito grande, ou pessoas que confiem em seus dons naturais e que pensem, mesmo que não digam, que não precisam da unção do Espírito Santo sobre si. Deus precisa de servos totalmente dependentes do seu poder, da sua unção e cheios do seu Espírito.

É claro que Deus quer e pode usar pessoas com uma capacidade intelectual muito grande e com dons extraordinários, mas o que queremos dizer, é que Deus só tem espaço para usar pessoas humildes. Para ser usado por Deus, humildade e intelectualidade podem até estar juntas, mas nunca somente intelectualidade, senão, Deus não usa.

“Então eles, vendo a ousadia de Pedro e João, e informados de que eram homens sem letras e indoutos, se maravilharam; e tinham conhecimento de que eles haviam estado com Jesus”.

Atos 4:13

“E não podiam resistir à sabedoria, e ao espírito com que falava”.

Atos 6:10

O que os fariseus queriam dizer com indoutos é que eles tinham os apóstolos como pessoas leigas e não peritos da Palavra de Deus como eles.

Não é de se estranhar que os apóstolos tivessem tanta sabedoria na Palavra mesmo não tendo oportunidade de freqüentar regularmente uma escola rabínica. Eles estiveram três anos e meio com a

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própria Palavra de Deus! E ela mesma disse que o Espírito Santo os faria lembrar de tudo quanto os tivesse dito. (Jo 14: 26).

Conformismo na igreja atual

A Igreja de hoje está cansada de pregações preparadas apenas pela sabedoria humana e não pelo poder de Deus através do Espírito Santo. Quão longe parece que estamos do que Deus quer para nós! Percebem-se também, pessoas contentes com as poucas gotas da chuva da manifestação dos dons espirituais que Deus quer promover em nossos dias.

Meu irmão!, aqui lhe faço um pedido de Deus para a sua vida: não se conforme com a sua vida espiritual atual. Não se conforme com gotas, quando Deus quer derramar chuvas! Não espere o avivamento na sua vida, faça como o salmista (Sl 42:1, 2). Busque-o de todo o seu coração!

“E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito. O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração. A apregoar liberdade aos cativos, e dar vista aos cegos; a por em liberdade os oprimidos; a anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta escritura em vossos ouvidos.”

Lucas 4:17-21Com que perfeição Isaías descreve o ministério

do Senhor Jesus, e exatamente tudo o que Ele veio fazer aqui na Terra! Mas, antes de tudo, o que Isaías, inspirado pelo Espírito, disse? “O Espírito do Senhor é

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sobre mim, pois que me ungiu...” Meu amado irmão, antes de tudo, busque a unção do Espírito Santo. Não tente fazer a obra de Deus com as suas próprias forças. Não faça como os Israelitas rebeldes no deserto.

Fazendo a obra fora da direção de Deus

“E levantaram-se pela manhã de madrugada, e subiram ao cume do monte, dizendo: Eis-nos aqui, e subiremos ao lugar que o Senhor tem dito; porquanto havemos pecado. Mas Moisés disse: Por que quebrantais o mandato do senhor? Pois isso não prosperará. Não subais, pois o Senhor não está no meio de vós, para que não sejais feridos diante de vossos inimigos.Então desceram os amalequitas e os cananeus, que habitavam na montanha, e os feriram, derrotando-os até Horma.”

Números 14:40-42,45 (grifo meu)

Os capítulos treze e catorze do livro de Números são importantíssimos para entendermos porquê os Israelitas ficaram quarenta anos no deserto.

O povo estava acampado no deserto de Parã e de lá Moisés enviou doze espias – um de cada tribo – para espiar a terra prometida. Por causa da incredulidade do povo quanto às promessas de Deus, o Senhor jurou que por cada dia que os espias tivessem ficado ausentes, o povo de Israel ficaria um ano perambulando no deserto, o que daria exatamente quarenta anos.

Adiante veremos com mais detalhes esta passagem, mas por ora basta-nos dizer que depois que o povo viu que a sua esperança de alcançar a terra prometida tinha se acabado, tentaram tomá-la por suas próprias forças, fora da vontade de Deus.

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Será que você consegue ver os resultados que os Israelitas tiveram quando não estavam na direção do Senhor? Eles quiseram fazer a obra de Deus apenas pelas suas próprias forças. E o resultado? Foram derrotados! Assim será a obra que não tiver a aprovação do Espírito e a conseqüente dependência Dele.

O Espírito Santo estava tão presente na vida da Igreja de Atos que em certa ocasião os discípulos reuniram-se para discutir se os gentios deveriam guardar os ritos mosaicos. A resposta foi a seguinte:

“Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação; das quais coisas fazeis bem se vos guardardes. Bem vos vá.”

Atos 15:28, 29 (grifo meu)

Preste atenção na primeira frase: “Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...”, ou seja, o Espírito participava ativamente das decisões da Igreja primitiva. Em outras palavras: suas decisões e atitudes eram totalmente controladas pelo Espírito.

Dois casos antagônicos

O que temos visto atualmente difere em muito da Igreja de Atos (parece mais com as atitudes dos Israelitas no deserto). Alguns ministérios não dão a menor vazão para o Espírito Santo atuarem em seus cultos. Não há a convicção da imutabilidade do Deus trino e em conseqüência da contemporaneidade dos dons espirituais e as conseqüências são as mais devastadoras: Evangelho pregado somente com intelectualidade e sem a total dependência do Espírito;

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tão somente com palavras persuasivas de sabedoria humana, conseqüentemente sem demonstração de Espírito e poder.

Em contra-partida na maioria das Igrejas, a palavra-chave tem sido “avivamento”. O Espírito lhe pergunta nesta hora: você tem buscado o avivamento pessoal ou tem se contentado com a sua “vidinha” espiritual? Será que você tem buscado ao Senhor, clamado por um avivamento e o derramamento do Espírito Santo sobre a sua vida? Ou o conformismo tem falado mais alto com você? Será que você tem se enquadrado num tipo de crente que tem se instalado em nossas Igrejas: salvo, sentado e satisfeito?

Queremos ministrar sobre a sua vida uma fome incontrolável pela Palavra de Deus e uma sede insaciável pelo Espírito sobre ti.

Vai bem contigo?

Existia no território de Issacar uma cidade chamada Suném, e nos tempos do profeta Eliseu, havia uma mulher muito rica habitando nessa cidade. Sempre que o homem de Deus passava por aquela cidade, ela lhe oferecia pão.

Não contente com isso, esta mulher junto com o seu marido, ofereceram a Eliseu um pequeno quarto para que o mesmo estivesse descansando de suas viagens quando passasse por Suném.

É importante notarmos que a mulher e o seu marido não se contentaram em oferecer pouco para a obra de Deus; ofereceram o que de melhor eles possuíam. Será que nós temos oferecido a Deus e à sua obra o que de melhor nós temos; ou temos nos contentado em oferecer apenas “migalhas de pão” do que possuímos. Deus nos fala claramente.

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“Pois maldito seja o enganador, que, tendo animal no seu rebanho, promete e oferece ao Senhor uma coisa vil; porque eu sou grande Rei, diz o Senhor dos Exércitos, o meu nome será tremendo entre as nações.”

Malaquias 1: 14

Na passagem acima, Deus está reclamando com o povo de Judá, dizendo que eles possuíam animais muito melhores do que os que eles estavam oferecendo como sacrifício ao Senhor.

Deus quer de nós simplesmente o melhor. Deus, ainda no texto de Malaquias, desafia o povo de Judá a tomar a seguinte atitude:

“Porque, quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não faz mal! E, quando ofereceis o coxo ou o enfermo, não faz mal! Ora, apresenta-o ao teu príncipe; terá ele agrado de ti? Ou aceitará ele a tua pessoa – diz o senhor dos Exércitos.”

Malaquias 1: 8

Deus convoca o povo a apresentar os mesmos animais que eles ofereciam como holocausto aos príncipes e líderes do povo. Se eles não aceitariam, como o grande Rei, poderia aceitá-los?

É isso que muitos de nós fazemos: oferecemos a Deus o que nos sobra, o resto, o que não queremos mais. Deus não aceita essas ofertas. Deus quer de nós simplesmente o que de melhor nós temos.

“Honra ao Senhor com a tua fazenda e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão os teus celeiros abundantemente, e transbordarão de mosto os teus lagares.”

Provérbios 3: 9,10

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Em conseqüência da atitude da Sunamita e de seu esposo; Eliseu fica muito agradecido e pergunta o que ele poderia fazer por ela. Seu moço, Geazi, percebe que apesar de muito rica, aquela mulher ainda não possuía filhos. Eliseu então a chama e através da autoridade sobre a sua vida, ministra uma palavra profética sobre a mulher dizendo que dentro de um tempo determinado Deus estaria concedendo-lhe um filho.

Apesar de não crer na palavra do homem de Deus, a Sunamita é agraciada com um filho conforme a palavra de Eliseu.

Decorrido algum tempo, o menino estava junto com o seu pai e os segadores quando começou a sentir fortes dores de cabeça. Imediatamente o seu pai pediu a um moço que o levasse à sua mãe. Junto de sua mãe aquele menino morreu e foi colocado sobre a cama do homem de Deus. A Sunamita, então, levanta-se para procurar a Eliseu. Chegando ao Carmelo, Eliseu a avista de longe e manda Geazi perguntar se tudo estava bem com ela.

“Agora, pois, corre-lhe ao encontro e dize-lhe: Vai bem contigo? Vai bem com teu marido? Vai bem com o teu filho? E ela disse: Vai bem.”

II Reis 4: 26

Muitas vezes agimos assim também: dizemos que tudo está bem quando na verdade não estamos bem. A Sunamita disse que tudo estava bem quando, na verdade, o seu filho estava morto. Assim também nós, muitas vezes, dizemos que tudo está bem quando na verdade estamos mortos espiritualmente.

“E ao anjo da Igreja que está em Sardes escreve: Isto diz o que tem os sete Espíritos de Deus e

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as sete estrelas: Eu sei as tuas obras, que tens nomes de que vives e estás morto.”

Apocalipse 3: 1 (grifo meu)

Está na hora da Igreja do Senhor Jesus Cristo retirar a máscara que insiste em usar. Posa com um cinismo impressionante pautado nos números que comprovam o rápido crescimento do Evangelho no Brasil. Fecham os olhos para os problemas que atingem a Igreja: fofocas – este é o principal de todos - invejas, calúnias, intrigas, dentre outros.

Nos escondemos atrás da falsa religiosidade e santidade. Construímos mais e mais templos suntuosos, com assentos acolchoados, circuito interno de TV, sistemas de ar condicionado. Isso não é prioridade para Deus, mas sim para o homem. O que Deus realmente quer, é uma Igreja revestida do poder do Espírito Santo.

Não devemos mais fazer como a Sunamita. Precisamos reconhecer os nossos maus caminhos e retirarmos esta máscara que impede do Senhor estar derramando um tremendo avivamento como nunca se viu antes.

Para um alcoólatra se libertar do vício, antes de tudo é necessário que ele se conscientize de que é um viciado. Enquanto ele não reconhecer que o álcool está acabado com o seu corpo, ele não vai conseguir a libertação. Mesmo que sua esposa aponte o que o álcool está lhe fazendo, mesmo que os seus amigos o chamem a atenção; se ele mesmo não tomar consciência do mal que está fazendo para si próprio, nunca será liberto.

Da mesma forma cada um de nós: se não tomarmos consciência do mal que estamos fazendo para nós mesmos e para os outros, nunca mudaremos,e para tomarmos consciência de que

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estamos muitas vezes mortos espiritualmente, é necessário o toque especial do Espírito Santo.

Os profetas do Antigo Testamento sempre apontavam para os pecados do povo de Israel e Judá. Condenava-os e sentenciava o julgamento de Deus se os mesmos não se arrependessem. Ao final de cada livro, porém havia a palavra de restauração. Deus na sua infinita misericórdia sempre nos proporciona uma chance de restauração.

Da mesma forma que Deus ressuscitou o filho da Sunamita através do profeta Eliseu, quer ressuscitar vidas espirituais que se acham mortas. Para que isso aconteça, busque a Sua presença e o avivamento pessoal.

Avivamento sem sentido

Por outro lado, se você tem realmente buscado o avivamento, se você tem buscado os dons, o poder, a unção; o mesmo Espírito lhe pergunta: porque você tem buscado os dons e o avivamento sobre a sua vida? Porque você tem buscado a unção de Deus sobre você?

Será que é para apontar o dedo para o seu irmão e dizer que é mais espiritual que ele porque você é batizado com o Espírito Santo e ele não é? Ou para que você diga para o seu irmão: eu sou especial para Deus porque eu tenho tal dom e você não tem?

A palavra de Deus nos diz claramente:

“Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas.”

Romanos 2: 11

Deus não faz acepção de pessoas. Ele usa quem quer, como quer e quando quer. Se você é usado por Deus não se glorie por isso, mas tema:

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“Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor. Porque não é aprovado aquele que a si mesmo se louva, mas, sim, aquele a quem o Senhor louva.”

II Coríntios 10: 17,18

Somos apenas vaso nas mãos de Deus.

“Mas, agora, ó Senhor, tu és o nosso Pai; nós, o barro, e tu, o nosso oleiro; e todos nós, obra das tuas mãos.”

Isaías 64: 8

Costumo dizer que quando prego, prego mal. Mas quando não prego, então prego bem porque é o Espírito Santo que está me usando para falar com a sua Igreja.

Devemos ter muito cuidado com a soberba. Ela é um inimigo muito eficaz e que tem derrubado muitos filhos de Deus que deixaram de ser servos para ser senhores.

CAPÍTULO 3 - EXEMPLOS A SEREM SEGUIDOS

Como já dissemos, Jesus Cristo deve ser o nosso exemplo em tudo. E na sua carta à Igreja de Filipos, Paulo nos exorta da seguinte forma:

“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte e morte de cruz.”

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Filipenses 2: 5-8

Um jovem príncipe desejava casar-se. Para tanto, ele saiu a procurar em seu reino por uma noiva que despertasse a sua atenção. Ele foi à casa dos nobres a ver se ficaria interessado por alguma jovem. Ninguém o agradou.

Então, ele foi procurar a sua noiva nos lugares mais pobres do seu reino, entre os camponeses, entre os da periferia, entre os que viviam longe do luxo e da pompa aos quais ele estava acostumado. Chegando lá, encontrou uma jovem lindíssima, mas que estava suja e maltrapilha. Mesmo assim, ele a amou ao primeiro olhar.

Pensou consigo que o seu problema estava resolvido: era só pedir aos seus soldados para buscá-la, levá-la ao seu palácio e ela lhe seria por mulher.

Mas, e se ela não o amasse? E se fosse casar apenas por imposição do príncipe ou até mesmo por algum interesse? E se o seu coração já fosse de outro? As muitas possibilidades passaram pela cabeça do jovem príncipe ao considerar isso.

Continuou a pensar até que teve uma idéia surpreendente. Ele iria se despojar da sua glória, das suas vestes, do seu palácio, dos seus empregados, da sua vida confortável, de tudo para viver como qualquer camponês ao lado de sua amada. Se ela se apaixonasse por ele seria exatamente por quem ele é e não pelo que ele possui ou pode lhe oferecer.

Atitude muito mais significativa e dramática teve o Senhor Jesus porque nenhum reino deste mundo pode se comparar ao Reino de Deus em todo o seu esplendor e glória.

O Senhor Jesus não apenas viveu como qualquer um de nós, mas fez-se maldição por nossa causa porque a palavra nos diz que é maldito todo aquele que é pendurado no madeiro (Dt 21: 23; Gl 3: 14).

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Tudo isso para que hoje você e eu tivéssemos vida e vida com abundância, salvação garantida e acesso a Deus através da morte expiatória de Jesus Cristo.

Mas o texto não termina aí, Paulo continua:

“Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é acima de todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.”

Filipenses 2: 9-11

Paulo continua dizendo: “Pelo que também Deus o exaltou soberanamente” O Senhor Jesus não exaltou a si mesmo, mas esperou o momento certo da exaltação de Deus. O momento em que Deus sabia que Ele estaria apto para ser exaltado. Pedro concorda com isso.

“Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo, vos exalte.”

I Pedro 5: 6

Devemos nos humilhar primeiro diante de Deus para que depois, tão somente depois, ele nos exalte. Deus sempre tem o seu tempo certo.

Quer ser exaltado querido; humilhe-se primeiro! Quer ser servido; sirva primeiro! Quer ser reconhecido pelos homens; reconheça Deus na sua vida!

Deus não pode exaltar alguém com quem Ele tenha que dividir a glória que só pertence a Ele. Enquanto você estiver retendo parte dessa glória, Ele não vai te exaltar como você quer; não porque Ele não queira, mas porque Ele não pode.

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O texto continua dizendo que pela humilhação voluntária de Jesus, Deus o exaltou de tal modo que um dia gostem ou não, queiram ou não, todos os joelhos dos habitantes dos três mundos: céu, terra e inferno vão se dobrar e toda a língua vai confessar que Jesus é o Senhor, Aleluia!

Porque uma exaltação tão grande? Porque a humilhação também foi muito grande. A exaltação é proporcional à humilhação. E tão somente depois da humilhação pode vir a exaltação.

Atitude semelhante teve João Batista. Acompanhe o que diz o Apóstolo João:

“E este é o testemunho de João, quando os Judeus mandaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu?.E confessou e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo. E perguntaram-lhe: Então, quem és, pois? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu o profeta? E respondeu: Não. Disseram-lhe, pois: Quem és, para que demos resposta àqueles que nos enviaram? Que dizes de ti mesmo? Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.”

João 1: 19-23

Veja como João Batista foi se humilhando cada vez mais. Perguntaram se ele era o Cristo, ele respondeu que não. Perguntaram se ele era Elias, mas uma vez respondeu que não. Continuaram diminuindo o “status” e perguntaram se ele era o profeta, mais uma vez ele disse que não. Então eles pararam e perguntaram: Então quem és tu para que demos resposta àqueles que nos enviaram? Que dizes de ti mesmo?

E quando perguntam para você querido, o que tu dizes de ti mesmo? Eu sou o profeta fulano de tal, Eu sou o presbítero beltrano, Eu sou o Ministro de

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louvor, Eu sou o cantor, Eu sou o pastor, Eu sou o evangelista, Eu sou isso, Eu sou aquilo... Ou você atribui algo a você que na verdade outra pessoa realizou? Ou você superestima algo que fez?

João Batista disse que ele era apenas uma voz, tão somente uma voz. Nós como ministros de Deus, como atalaias do Senhor, como arautos do Rei, devemos ser apenas vozes de Deus, vozes do Espírito Santo, vozes da cabeça do corpo que é o Senhor Jesus.

João Batista poderia dizer que era o Elias de Deus, o precursor do Messias profetizado por Malaquias (Ml 4: 5). Que tinha autoridade sobre cada um daqueles homens, mas escolheu se humilhar. Escolheu se rebaixar. Escolheu diminuir.

Escolha isso também amado. Escolha se humilhar cada vez mais diante de Deus. Escolha o caminho contrário à sua natureza. Veja o que Tiago diz a respeito disso:

“Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará.”

Tiago 4: 10Da mesma forma que a humilhação de Jesus lhe

redundou em uma exaltação tremenda, assim ocorreu com João. Veja o testemunho de Jesus acerca de João:

“E eu vos digo que dentre os nascidos de mulher, não há maior profeta do que João Batista.”

Lucas 7: 28a

Que coisa maravilhosa! Nem Moisés com as dez pragas no Egito e todos os seus milagres durante quarenta anos no deserto, nem Elias que orando fez cair fogo do céu três vezes, nem Eliseu que tinha porção dobrada do Espírito de Elias, nem qualquer outro grande homem de Deus que você esteja pensando agora; nenhum deles foi maior que aquele

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homem que vestia peles de camelo e comia gafanhotos e mel silvestre. Isso é maravilhoso e inacreditável!

Mas porque especificamente João Batista foi o maior profeta? Qualquer um pensaria que ele era um dos menores. É exatamente por isso que ele era o maior, porque se fez o menor.

“Porque aquele que entre vós todos for o menor, esse mesmo é grande.”

Lucas 9: 48c

Se quiser ser o maior, a fórmula é muito simples: faça-se o menor. Se quiser ser exaltado: humilhe-se. Os resultados são surpreendentes.

CAPÍTULO 4 – APRENDENDO COM LÚCIFER

Talvez você tenha lido o título deste capítulo e se perguntado: “o que eu tenho de aprender com Lúcifer?”. Antes que você me critique por este título, eu gostaria de lhe explicar. Nós aprendemos por exemplos a serem seguidos e por exemplos a não serem seguidos. Este é nosso intuito neste capítulo.

O profeta Isaías inspirado pelo Espírito Santo, fala a respeito da presunção e queda de Lúcifer:

“Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações!. E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, e, acima das estrelas de Deus, exaltarei o meu trono, e, no monte da congregação me assentarei, da banda dos lados do Norte. Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo. E, contudo, levado será ao inferno, ao mais profundo

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do abismo. Os que te virem e contemplarão, considerar-te-ão e dirão: É este o varão que fazia estremecer a terra e que fazia tremer os reinos? Que punha o mundo como um deserto e assolava as suas cidades? Que a seus cativos não deixava ir soltos para a casa deles?”

Isaías 14: 12-17

Basicamente, existem duas maneiras do Diabo querer destruir um cristão. A primeira todos conhecem e todos se previnem contra ela: o Diabo vai querer lhe parar. Sejam com lutas, problemas, dificuldades, adversidades, aflições, o Diabo vai querer lhe parar. Entretanto, veja o que a Palavra de Deus diz ao seu respeito e eu profetizo na sua vida estes textos:

“Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas.”

Salmo 34: 19“Uns confiam em carros, e outros, em cavalos,

mas nós faremos menção do nome do Senhor, nosso Deus. Uns se encurvam e caem, mas nós nos levantamos e estamos de pé.”

Salmo 20: 7,8

“Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te esforço, e te ajudo e te sustento com a destra da minha justiça. Eis que envergonhados e confundidos serão todos os que se irritaram contra ti; tornar-se-ão nada; e os que contenderem contigo perecerão. Buscá-lo-ás, mas não os acharás; e os que pelejarem contigo tornar-se-ão nada, e como coisa que não é nada, os que guerrearem contigo. Porque eu, o Senhor, teu Deus, te tomo pela tua mão direita e te digo: não temas que eu te ajudo.”

Isaías 41: 10-13

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“Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas. Todavia, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação.”

Habacuque 3: 17,18

“Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Pelo que não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares. Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza. Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo. Deus está no meio dela; não será abalada; Deus a ajudará ao romper de manhã. As nações se embraveceram; os reinos se moveram; ele levantou a sua voz e a terra se derreteu. O Senhor dos exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. Vinde, contemplai as obras do Senhor; que desolações têm feito na terra! Ele faz cessar as guerras até o fim da terra; quebra o arco e corta a lança; queima os carros no fogo. Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; serei exaltado entre as nações; serei exaltado sobre a terra. O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio.”

Salmo 46 (Grifo meu)

Aleluia! Glória a Deus porque maior é o que está em nós do que o que está no mundo (I João 4: 4). Amado, ainda que inferno inteiro se levante contra a tua vida, ele não pode lhe tocar (I João 5: 18). E se tocar será unicamente por permissão de Deus. Isso

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não é maravilhoso? Nada pode parar a obra de Deus sobre a sua vida, a não ser que você a deixe. Se tão somente você mantiver intacta a sua aliança com Deus, ninguém pode te tocar. Somente o Diabo o fará se você der brechas.

Mas existe uma segunda forma do Diabo destruir um cristão. Este modo é muito mais eficaz e sutil. Em conseqüência têm destruído muitos cristãos; principalmente líderes consagrados que outrora foram grandemente usados por Deus. O Diabo vai querer lhe acelerar.

Geralmente depois de uma pregação inspirada, de um louvor arrebatador ou de uma oração eficaz, sempre nos vem à mente uma voz dizendo: “Como você prega bem. Quando você prega as pessoas sentem a presença de Deus. Quando você prega, vidas são salvas”. “Quando você louva, parece que são os anjos cantando”; “Quando você ora, as pessoas são curadas, libertas e o Senhor responde”. “Como você faz esse trabalho bem! Aposto que ninguém consegue fazer isso como você. Você é insubstituível.”

Não é isso que sempre acontece amado? Não é verdade que sempre vem essa voizinha à nossa mente?

João Bunyan, um dos maiores pregadores de todos os tempos, conhecia bem esta artimanha de Satanás. Certa ocasião, ao término de uma pregação, um dos ouvintes dirigindo-se a ele disse-lhe que pregara um bom sermão. Ao que Bunyan respondeu: “Não precisa dizer-me isso, o Diabo já cochichou a mesma coisa no meu ouvido antes de sair da tribuna.”

Quando assumimos estes pensamentos estamos totalmente destruídos. Porque a Palavra nos diz:

“Porque sem mim nada podeis fazer.” João 15: 5b

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Sem a unção do Espírito Santo sobre as nossas vidas nós não podemos fazer nada! Se pregamos, e as pessoas se convertem, se transformam e se libertam, é porque foi o Espírito Santo e não nós quem convenceu o homem do pecado, da justiça e do juízo. E, se oramos e os demônios são expulsos, as pessoas são libertas e Deus responde, é tão somente porque oramos no nome do Senhor Jesus.

Conta-se que um renomado pregador foi convidado para ir a uma igreja simples a fim de pregar. Então, ele confiando em si mesmo, não preparou o sermão, não orou por si mesmo e pelo culto e não buscou a presença de Deus. Tão somente confiou em si mesmo e na sua enorme capacidade. Chegando à Igreja, foi apresentado com toda a pompa possível e subiu ao púlpito com todas as honrarias que lhe eram devidas. Quando abriu a Bíblia para ler o texto base, o Espírito lhe falou: “Você está sozinho”. Mesmo assim ele começou a pregar e apesar da sua eloqüência e experiência como pregador, sua mensagem não tocou o coração dos ouvintes e ao sair do púlpito, abaixou a sua cabeça em sinal de vergonha e pesar. Ao se dirigir para a porta do templo para cumprimentar os membros, uma senhora muito humilde e com a idade já bastante avançada lhe dirigiu as seguintes palavras: “Pastor, se o senhor tivesse subido ao púlpito da forma que desceu, desceria da forma que subiu”.

Esta é a grande questão: a humildade. O Diabo sabe como induzir o homem à soberba, à presunção, porque ele mesmo caiu nesse erro. Esta estratégia é muito eficaz porque vai de encontro ao mais íntimo do ser humano, que necessita desesperadamente de reconhecimento, de afirmação, de aplausos.

Pare por um instante: a quem você dá crédito pelo que está acontecendo na e através da sua vida? O que você pensa a esse respeito? Quem faz a obra? Deus ou a sua grande capacidade natural?

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Sempre vemos muitas pessoas começarem tão bem uma carreira e no entanto, acham que são elas que fazem a obra e não Deus. Lembra-se do pregador da ilustração acima? Pois bem, o Espírito Santo deixa pessoas sozinhas na hora de realizar algo com mais freqüência do que se pode imaginar.

Por quê? Por que Deus não quer realizar a sua obra? É claro que Deus quer realizar a sua obra. Mas é porque Deus corrige a quem recebe por filho.

Toda a árvore precisa ser podada para que esteja dando cada vez mais frutos. Assim também somos nós. Devemos continuamente ser podados por Deus.

Se você pensa que o orgulho nunca vai lhe alcançar ou que você é muito humilde, você está a um passo de ser pego por ele, porque uma pessoa verdadeiramente humilde reconhece as suas fraquezas e as coloca diante de Deus, não escondendo –as e vivendo como se elas não existissem.

Talvez você esteja pensando nesse momento: “Eu nunca disse que eu sou melhor que ninguém, ou que eu prego melhor, que eu louvo melhor, que eu oro melhor, etc”.

Eu lhe pergunto: e quem disse que Lúcifer também falou alguma coisa? Isaías 14:13 diz “E tu dizias no teu coração”. Lúcifer não pronunciou palavra alguma, mas Deus que conhece os corações sabia qual era a verdadeira intenção de Lúcifer. Devemos estar extremamente atentos com aquilo que vai ao nosso coração.

“Ainda que o Senhor é excelso, atenta para o humilde; mas ao soberbo, conhece-o de longe.”

Salmo 138: 6

Devemos destacar o contraste entre as atitudes de Jesus, João Batista e Lúcifer. Os dois primeiros

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escolheram se humilhar e depois foram exaltados por Deus, ao passo que o terceiro escolheu se exaltar e foi extremamente humilhado por Deus.

Qual atitude você vai tomar querido? A de Jesus e João ou a de Lúcifer? Lembre-se das conseqüências.

CAPÍTULO 5 – O RIO DA HUMILHAÇÃO

No capítulo cinco do segundo livro de Reis, a Bíblia nos fala a respeito de Naamã que foi chefe do exército do rei da Síria, que na época era a maior potência mundial. A Bíblia começa assim a sua narração:

“E Naamã, chefe do exército do rei da Síria, era um grande homem diante do seu senhor e de muito respeito; porque por ele o Senhor dera livramento aos sírios; e era este varão homem valoroso, porém leproso”.

II Reis 5: 1

Naamã era um ímpio que não conhecia o Deus de Israel e tinha um comportamento impecável diante do seu senhor. Como conseqüência possuía muito respeito diante do mesmo.Nós como cristãos temos tido o mesmo respeito e a mesma consideração para com os nossos senhores na face da terra?

A lepra, muitas vezes, simboliza o castigo de Deus em decorrência do pecado. Lembre-se em Números 12 onde Miriã ficou leprosa em decorrência da rebelião que ela e Arão fizeram contra a autoridade de Moisés.

Naamã era um homem muito estimado em seu país, mas sobre sua carne existia uma maldição. Eu posso imaginar Naamã participando de festas,

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banquetes; até mesmo em sua homenagem e ele usando a sua farda, as suas medalhas, todas como resultado da sua valentia no campo de batalha.

Fico imaginando Naamã chegando em casa depois das homenagens, das festas, da pompa e de tudo que o cercava como chefe do exército do rei da Síria. Imagino Naamã tirando as suas vestes oficiais e ficando à mostra a sua pele branca leprosa.

Tenho certeza que você conhece alguém assim: na Igreja, entre os irmãos, veste uma capa de santidade e de pureza, mas ao sair da mesma, mostra toda a podridão do seu pecado. É muito fácil sermos cristãos dentro da Igreja; difícil é sermos cristãos fora da Igreja. É muito fácil glorificarmos a Deus no meio dos irmãos; o difícil é sermos luz no mundo e sal na terra. Mas o Senhor Jesus nos chamou juntamente para isso!

Eu gosto muito da ilustração que compara o crente a uma garça. Toca na sujeira com os seus pés, mas conserva as suas penas brancas. É exatamente isso que devemos fazer. Estamos no mundo, mas não devemos participar das coisas do mundo.

O relato bíblico continua dizendo que existia uma menina israelita como escrava da esposa de Naamã. A mesma diz à mulher de Naamã que se o mesmo estivesse diante do profeta Eliseu, ele seria curado da lepra.

O que é surpreendente nesta passagem é que Naamã acredita na palavra da menina escrava e vai até Israel. Veja o que a bíblia diz a esse respeito.

“Veio, pois, Naamã com os seus cavalos e com o seu carro e parou à porta da casa de Eliseu. Então, Eliseu lhe mandou um mensageiro, dizendo: Vai, e lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne te tornará, e ficarás purificado.”

II Reis 5: 9,10

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É até engraçado pensar sobre o que foi narrado nessa passagem. Naamã chega até a porta da casa de Eliseu com cavalos e com seu carro. Uma comitiva enorme chega à porta da casa do homem de Deus, que não se dá nem ao trabalho de atender a essa comitiva, mas manda um mensageiro, Geazi, dizer a Naamã para mergulhar sete vezes no rio Jordão.

Naamã ficou muito indignado. Não era o tipo de recepção que ele esperava.

“Porém Naamã muito se indignou e se foi, dizendo: Eis que eu dizia comigo: Certamente ele sairá, por-se-á em pé, e invocará o nome do Senhor, seu Deus, e passará a sua mão sobre o lugar, e restaurará o leproso. Não são porventura, Abana e Farpar, rios de Damasco, melhores do que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles e ficar purificado? E voltou-se com grande indignação.”

II Reis 5: 11,12

Agora o pecado de Naamã fica bem latente: era orgulho. Naamã era como tantas pessoas que vemos todos os dias: crêem que Deus pode fazer alguma coisa, crêem que Deus pode restaurar a sua saúde, o seu casamento, a sua família... mas querem dizer como Deus deve trabalhar e onde Deus deve trabalhar.

É notório como existem pessoas que querem mandar em Deus. Oferecem ao Senhor espaço para trabalhar em apenas parte da sua vida; quando Deus, na verdade, quer trabalhar em todas as áreas dela. Além de dar pouco espaço para Deus trabalhar, dizem como Ele deve fazê-lo.

Devemos crer que Deus tem o melhor para nós. Ele sabe como trabalhar. Devemos crer que a sua vontade é perfeita, agradável e boa e todas as coisas cooperam para o nosso bem.

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Naamã foi confrontado por Deus naquilo que ele mais temia: o seu orgulho.

Após a humilhação, a recompensa.

Felizmente Naamã tinha servos que eram mais sábios que ele e estes o convenceram a mergulhar sete vezes no rio Jordão. E Naamã foi.

“Então, desceu e mergulhou no Jordão sete vezes, conforme a palavra do Homem de Deus; e a sua carne tornou, como a carne de um menino, e ficou purificado.”

II Reis 5: 14 (Grifo meu)

Destacado neste texto em negrito está o que Naamã precisava fazer: descer. Naamã fez o que tantas pessoas precisam fazer hoje: descer. Antes de subirmos, precisamos descer. O significado de Jordão é justamente esse: aquele que desce.

Imagine Naamã começando a tirar a sua roupa na frente dos seus comandados. Será que ele pensou que depois daquele ocorrido, ele nunca mais teria moral para comandar o exército do rei da Síria? Será que não passou pela sua cabeça que ele preferiria morrer leproso a passar por tão grande humilhação?

E depois que ele começou a mergulhar, será que ingeriu lama? Com certeza o seu orgulho tinha sido devastado. Imagine, ele que no seu país por onde passava as pessoas tinham de se curvar, quando muito mostrar profunda reverência; estava ali se humilhando para ser purificado da lepra. Muitas pessoas prefeririam morrer leprosas a passar por tão grande humilhação. Acredite querido, depois do primeiro mergulho, os outros seis foram mais fáceis. Depois da primeira humilhação, as outras passam a ser mais fáceis.

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Já dissemos que depois de toda a humilhação, sempre vem a exaltação. Com Naamã ocorreu a mesma coisa. A recompensa veio. A lepra tinha sumido. Sua carne estava sã como a de uma criança.

Deus está marcando um encontro conosco no rio Jordão. Ele quer que você desça primeiro para que possa te exaltar como quer. Deus quer retirar das nossas vidas a lepra do orgulho e do pecado.

Mergulhe no rio Jordão

Qual tem sido o seu rio Jordão? Será que é uma Igreja pequena onde ninguém reconhece o seu valor? Será que é um líder que Deus colocou sobre a sua vida que você julga ter uma capacidade muito superior a dele? Qual é o seu rio Jordão? Será que o seu rio Jordão são tarefas que você não vê nenhum valor?

Se pedirem para você limpar os bancos da Igreja, faça-o. Se a sua tarefa é carregar cadeira para cima e para baixo (Deus sabe como muitas vezes eu fiz isso), faça com alegria. Se a sua tarefa é limpar os banheiros – isso também fiz algumas vezes – limpe-os louvando a Deus.

E se o seu rio Jordão for você fazer todo trabalho para outras pessoas receberem os méritos!? Os outros recebem os parabéns e você não recebe nem um mísero obrigado? Lembre-se do galardão. Deus está vendo todas as coisas e Ele “não é injusto para se esquecer da vossa obra e do trabalho do amor que, para com o seu nome, mostrastes, enquanto servistes aos santos e ainda servis.” (Hb 6: 10).

Eu tenho certeza que o Espírito Santo está ministrando agora a você qual é o rio Jordão que você tem de mergulhar. O Espírito ministra que enquanto você não mergulhar nesse rio Jordão ele não vai pode exaltar.

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O que Naamã não quis, Jesus fez.

Você, amado, se lembra onde o Senhor Jesus foi batizado?

“E aconteceu, naqueles dias, que Jesus, tendo ido de Nazaré, da Galiléia, foi batizado por João, no rio Jordão.”

Marcos 1: 9

Neste mesmo Jordão que Naamã se recusou a mergulhar, o Senhor Jesus entrou. Nestas mesmas águas sujas, lamacentas e barrentas da humilhação que Naamã se recusou a entrar, o Senhor Jesus entrou e humilhou-se para nos dar o exemplo. Esta mesma passagem está narrada no Evangelho segundo Mateus.

“Então, veio Jesus da Galiléia ter com João junto do Jordão, para ser batizado por ele. Mas João opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti e vens tu a mim?Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o permitiu.”

Mateus 3: 13-15

Qual seria a nossa reação se nós estivéssemos no lugar de Jesus nesse momento diante da proposta de João?

Será que nós pensaríamos da seguinte forma: É verdade João, afinal de contas eu sou superior a você. Tu és apenas o meu precursor. Eu sou o filho de Deus. Parabéns pelo seu brilhante desempenho, mas para demonstrar para toda essa multidão que eu tenho autoridade sobre a sua vida eu vou lhe batizar.

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Não foi assim que o Senhor Jesus fez. Ele se submeteu ao batismo de João. Por que? Porque Jesus sabia que a autoridade do batismo estava sobre João. Isto ele nos deu o exemplo para que nós nos submetamos às autoridades constituídas por Deus.

“Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.”

Romanos 13: 1,2

“O homem, pois, que se houver soberbamente, não dando ouvidos ao sacerdote, que está ali para servir ao Senhor, teu Deus, nem ao juiz, o tal homem morrerá; e tirará o mal de Israel, para que todo o povo o ouça, e tema, e nunca mais se ensoberbeça.”

Deuteronômio 17: 12, 13

Querido irmão, não resista a autoridade constituída por Deus sobre a sua vida. Respeite, honre e reconheça quem está acima de você. Não crie inimizades, fofocas e problemas para aquele que é autoridade.

Você lembra do caso de Davi e Saul? Davi sabia que seria rei de Israel, afinal de contas o mesmo profeta – Samuel – que tinha ungido a Saul rei de Israel, posteriormente também tinha ungido a Davi para esta mesma função. Davi também sabia que todas as circunstâncias apontavam que dentro em breve, ele seria rei. Por duas vezes Deus entregou a Saul nas suas mãos. E ele não intentou tocar no ungido do Senhor.

E nós, na situação de Davi, como agiríamos? “Ah! eu vou ser rei mesmo. Deus confirmou o meu

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trono. Se eu matar a Saul vou apenas facilitar as coisas para Deus. Afinal de contas, o reino de Saul já passou, agora vai sr inaugurada a dinastia de Davi.”

Ele não intentou fazer isso. Muito pelo contrário, não estendeu a sua mão contra o ungido do Senhor.

O que semear, isso também ceifará.

A Palavra nos diz que tudo o que o homem semear, isto também vai ceifar (Gl 6: 7). Se semearmos contendas, insubmissão, porfias, inimizades, quando somos liderados, ceifaremos da mesma forma quando formos os líderes.

Será que não é isso que está ocorrendo com você hoje? Está com dificuldade em liderar? As pessoas não lhe obedecem? Não se submetem a você? Olhe para o passado. Será que você também já não fez isso? Será que você também já não foi insubmisso e rebelde? Se sim, peça perdão a Deus. Reconheça o seu erro. Com certeza os seus liderados irão mudar e a sua liderança será muito mais eficaz a partir de hoje.

A humilhação é contrária à natureza humana. A mesma só tende a querer se exaltar, a querer pisar nos outros para subir e a não se importar com ninguém.

Toda a causa tem a sua conseqüência, todo o sacrifício tem a sua recompensa. Também toda a humilhação tem como conseqüência a exaltação. Devemos lembrar de I Pedro 5: 6 que diz: “a seu tempo” vos exalte. Se Deus ainda não te exaltou como ele te prometeu, continue se humilhando e, com certeza, ele o fará.

Que a Igreja do Senhor Jesus em nossos dias tenha sempre em mente esses versículos:

“Porque assim diz o alto e o sublime, que habita na eternidade, cujo nome é santo: Num alto e santo

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lugar habito, e também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.”

Isaías 57:15

“Não sejas sábio aos seus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.”.

Provérbios 3:7

Saiba que não adianta pedirmos unção, poder de Deus sobre as nossas vidas se não formos humildes como o Senhor Jesus e João Batista. Devemos honrar a Deus com as nossas vidas e os nossos ministérios. Deus quer exaltar servos humildes e comprometidos com o seu reino. Servos que não dividam a glória que só pertence ao Senhor.

Continuando o texto de Mateus três, a partir do versículo dezesseis, podemos enxergar três conseqüências da humilhação de Jesus. Temos muito a aprender com as mesmas.

CAPÍTULO 6 – AS CONSEQÜÊNCIAS DA HUMILHAÇÃO

“E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus...”

Mateus 3: 16a

A primeira conseqüência da humilhação de Jesus Cristo é que os céus se abriram para ele. Muitas pessoas têm os céus sobre as suas vidas como se fossem ferro. Necessitam desesperadamente dos céus abertos sobre si. Veja o que Ezequiel disse a esse respeito:

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“E aconteceu, no trigésimo ano, no quarto mês, no dia quinto do mês, que, estando eu no meio dos cativos, junto ao rio Quebar, se abriram os céus, e eu vi visões de Deus.”

Ezequiel 1: 1

É impressionante como a abertura dos céus na vida de uma pessoa a marca. Ezequiel narra com extrema precisão o momento em que os céus foram abertos para ele. A conseqüência natural de se ter os céus abertos é começar a ver visões de Deus.

Sempre temos visões dos nossos problemas, das nossas dificuldades, lutas, tribulações e aflições. Precisamos passar a ter a visão de Deus.

Colocando o foco em Deus

O texto de I Samuel 17 narra a luta entre Golias e Davi. A Bíblia narra que os filisteus e o povo de Israel prepararam-se para a batalha em Socó, no território de Judá. Cada um estava sobre um monte e existia um vale, chamado vale do Carvalho entre eles. Então, saiu do arraial dos filisteus um homem muito alto. A Bíblia diz que a sua altura era de seis côvados e um palmo (aproximadamente 2,90m) e o peso da sua couraça era de cinco mil siclos de bronze (cerca de 57 Kg). Lembre-se que naquela época as guerras eram travadas corporalmente. Um guerreiro, ao usar a sua armadura, necessitava de total mobilidade para o combate, o que indica que além de Golias ser muito alto, era também muito forte. Quando este homem surgiu do meio arraial dos Filisteus, desafiando o povo de Israel a escolher um homem para guerrear contra ele, o povo se espantou e temeu muito (v.11).

Chegamos no ponto em que se percebe quem tem visão de Deus e quem não tem. O povo de Israel – inclusive o seu rei – viu apenas o homem na frente

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deles. Da mesma forma muitas vezes agimos assim: vemos apenas o que está na nossa frente.

Todavia, havia no arraial do povo de Deus um jovem que tinha a visão de Deus. Note a diferença de pontos de vista.

“Então, falou Davi aos homens que estavam com ele, dizendo: Que farão àquele homem que ferir a este filisteu e tirar a afronta de sobre Israel? Quem é, pois, este incircunciso filisteu para afrontar os exércitos do Deus vivo?”

I Samuel 17: 26 (grifo meu)

Que diferença impressionante! O povo de Israel via um homem; Davi via um incircunciso. O povo via o problema; Davi via a solução.

Circuncisão foi o pacto que Deus estabeleceu com Abraão – patriarca da nação de Israel – em que todo o menino ao completar oito dias de vida; teria retirada a carne do seu prepúcio. A partir daquele momento, quem não fosse circuncidado teria “a sua alma extirpada dos seus povos.”

Eu posso imaginar uma conversa entre Davi e o povo que estava à sua volta: É desse homem que vocês têm medo? Ele não tem aliança com Deus, ele não tem a bênção de Deus sobre a sua vida. Ele pode ser alto e forte, mas Deus não está com ele; está conosco. Ele pode ser mais forte do que eu, mas o meu Deus com quem eu tenho aliança é muito mais forte do que ele.

Já falamos anteriormente sobre a soberba. Davi sabia que só o Deus a quem ele servia, poderia livrá-lo daquela situação e que na sua própria força ele não conseguiria derrotar Golias. Sabia que só o Deus de Israel poderia livrá-lo; por isso que ele disse:

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“Davi, porém disse ao Filisteu: Tu vens a mim com espada, e com lança e com escudo; porém eu vou contra ti em nome do Senhor dos Exércitos de Israel, a quem tens afrontado.”

I Samuel 17: 45 (grifo meu)

Somente em nome do Senhor dos Exércitos é que Davi poderia enfrentar aquele gigante. Na sua força, Davi seria esmagado.

Quantos gigantes se oferecem contra nós todos os dias. Quais são as nossas atitudes com relação a eles? Agimos como Saul que se escondeu? Ou dissemos para Deus: “Ah! Senhor, tu estás muito ocupado para resolver este meu problema. Não se preocupe. Eu sei resolver essa situação ou eu tenho um conhecido que tem influência e ele pode resolver esse problema para mim.” Ou agimos como Davi que sabia que na sua força ele não poderia nada, mas em nome do Senhor dos exércitos, ele faria proezas? (Sl 60: 12).

O final da história você conhece. Davi matou Golias e o Senhor deu grande vitória a Israel. Tudo isso como resultado de um jovem que tinha a visão de Deus.

Este episódio não marcou somente a vida de Davi. Marcou a história de Israel. Muitas pessoas vendo a coragem de dele, começaram a matar gigantes também.

“E Isbi-Benobe, que era dos filhos dos gigantes...intentou ferir a Davi. Porém Absai filho de Zeruia, o socorreu e feriu o filisteu e o matou. ...então Sibecai, o husatita, feriu a safe, que era dos filhos dos gigantes. Houve ainda também outra peleja em Gate, onde estava um homem de alta estatura, que tinha em cada mão seis dedos e em cada pé outros seis, vinte e quatro por todos, e também este nascera dos gigantes.

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E injuriava a Israel; porém Jônatas, filho de Siméia, irmão de Davi, o feriu.”

II Samuel 21: 15, 16,18, 20, 21

Os guerreiros de Israel começaram a pensar que se Davi poderia derrotar gigantes em nome do Senhor, eles também poderiam. E foi o que ocorreu.

Comece a tirar o foco do seu problema e passe a focar o Deus a quem você serve. Muitas pessoas estarão vendo e se você tomar essa atitude, elas também tomarão.

Deus chama à existência aquilo que não existe

“Como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí, perante aquele no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos e chama as coisas que não são como se já fossem.”

Romanos 4: 17

O nosso Deus é impressionante! Paulo diz que Deus chama coisas que não são como se já fossem.

Nesta passagem, o Apóstolo está falando sobre Abraão que saiu de sua terra natal com setenta e cinco anos de idade para habitar em uma terra que Deus ainda lhe mostraria. Deus não só lhe promete uma terra, mas também descendência. Só que existe um pequeno problema: sua esposa é estéril. Mesmo com este grave problema, Abraão – que tem a visão de Deus na sua vida – não desanima e crê nas promessas que Deus tinha feito para ele.

Não importam quais são as dificuldades que estão diante de ti. Creia no Deus que chama à existência aquilo que não existe.

Abraão é chamado “pai da fé” por causa das suas atitudes narradas por Paulo nos próximos versículos.

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“O qual, em esperança, creu contra a esperança que seria feito pai de muitas nações, conforme o que lhe tinha dito: Assim será a tua descendência. E não enfraqueceu na fé, nem atentou para o seu próprio corpo já amortecido (pois era já de quase cem anos), nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara. E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus; E estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o fazer. Pelo que isso lhe foi imputado como justiça.”

Romanos 4: 18-22

Esse texto é realmente impressionante! Já vimos que Deus chamou Abraão quando ele tinha setenta e cinco anos e lhe prometeu terra e descendência. Vimos também que a sua mulher era estéril. Podemos pensar que Deus cumpriu as suas promessas rapidamente, mas Deus levou vinte e cinco anos para cumpri-la. Isso mesmo, vinte e cinco anos! Devemos lembrar também, que quanto mais o tempo passava, mais improvável era, a promessa de Deus cumprir-se.

Sara estava envelhecendo e o seu ciclo menstrual já tinha acabado há muito tempo, o que torna humanamente impossível uma gestação nessas condições. Mas Abraão sabia em quem estava crendo e que mesmo que Sara tivesse novecentos anos, Deus cumpriria as promessas que Ele tinha feito, simplesmente porque Ele tinha prometido! Não poderia voltar atrás com a sua Palavra porque Ele é Deus!

Será que você consegue perceber o tamanho da fé de Abraão? Todas as circunstâncias estavam contrárias àquilo que Deus tinha lhe prometido. Mesmo assim ele não olhou para elas. Olhou para quem tinha lhe feito as promessas e sabia que Deus era poderoso para cumprir cada uma delas.

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Um rei com a visão em Deus

Um dos capítulos mais conhecidos de todo o Velho Testamento é o capítulo vinte do segundo livro das crônicas dos reis de Judá.

O mesmo fala sobre o rei Josafá e a magnífica vitória sobre os exércitos dos Moabitas, Amonitas e dos descendentes de Esaú.

Um mensageiro avisou a Josafá que vinha grande multidão contra ele e que o exército invasor estava em En-Gedi, que ficava aproximadamente a quinze horas de marcha de Jerusalém. Não daria tempo para o povo de Judá montar o seu exército.

Situações como essa já ocorreram na sua vida? Uma notícia como uma bomba explodiu no seu colo e você não soube o que fazer? Talvez a notícia de desemprego? De luto? De revés?

As aflições da vida servem apenas para nos revelar quem somos e qual é o grau da nossa confiança em Deus.

Josafá também teve esta notícia e o que ele fez? “Então Josafá temeu e pôs-se a buscar o Senhor; e apregoou jejum em todo o Judá.” (II Cr 20: 3).

Josafá transferiu o seu problema a Deus. Mas por que Josafá pôde fazer isso? Por que ele conseguiu fazer algo tão difícil para nós, homens e mulheres tão atarefados do século XXI?

O grande segredo de Josafá está na próxima referência.

“Porque em nós não há força perante esta grande multidão que vem contra nós, e não sabemos nós o que faremos, porém os nossos olhos estão postos em ti.”

II Crônicas 20: 12 (grifo meu)

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Algo em comum existia entre Davi, Abraão e Josafá: mantinham o foco em Deus. Sabiam que por suas próprias forças não conseguiriam nada, mas confiavam no Deus que eles serviam. O Senhor também te convida a confiar totalmente nEle.

A visão de gafanhoto

Já citamos a passagem de Números, capítulo treze e catorze, no capítulo dois deste livro. O povo de Israel estava muito próximo da terra prometida. Deus tinha prometido que daria aquela terra para eles e sua descendência, mas após o relatório dos espias, resolvem voltar para o Egito.

Por quê isso? Por quê dar mais valor às palavras de homens do que às palavras de Deus? Tudo é uma questão de ótica. Veja o que o povo dizia a respeito de si mesmo.

“Também vimos ali gigantes, filhos de Anaque, descendentes dos gigantes; e éramos aos nossos olhos como gafanhotos e assim também éramos aos seus olhos.”

Números 13: 33 (grifo meu)

Você consegue ver o contraste entre os três exemplos anteriores e este? Eles próprios se julgavam como gafanhotos e essa não era a visão de Deus para eles. A visão de Deus era que se eles guardassem os mandamentos do Senhor ninguém poderia subsistir diante deles. Nesse episódio, apenas duas pessoas tinham a visão de Deus: Josué e Calebe.

Nessas coincidências que só Deus explica, Calebe recebeu sua parte na herança da terra prometida onde os filhos de Anaque estavam! (Js 15: 13). Justamente no lugar onde habitavam os tão temidos filhos de Anaque.

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O que você acha que Calebe fez? Será que ele ficou se lamentando ou pedindo para Josué lhe dar outra porção da terra? Será que Calebe entrou em acordo com os gigantes, do tipo, eu não incomodo vocês e nem vocês me incomodam?

A resposta é NÃO. Calebe não agiu dessa maneira. Veja o que ele fez.

“E expeliu Calebe dali os três filhos de Anaque: Sesai, e Aimã, e Talmai, gerados de Anaque.”

Josué 15: 14

O problema era o mesmo: os filhos de Anaque. As atitudes frente os problemas foram totalmente contrárias: o povo fugiu. Calebe venceu.

Quando o foco das nossas vidas está em Deus, voamos como águias; passamos a ver os nossos problemas como Deus os vê: bem pequenos!

À medida que nós nos humilhamos diante de Deus, nos é concedida a sua visão. A visão que não foca as circunstâncias, os problemas, as adversidades, as lutas, as aflições; mas sim o poder de Deus e suas promessas.

O Espírito Santo como uma pomba

Ao continuarmos o texto de Mateus três, vemos a segunda conseqüência da humilhação do Senhor Jesus.

...e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele.”

Mateus 3: 16b

Vimos sobre pessoas que querem dividir com Deus a glória que só pertence a Ele. Vimos também que Deus não pode exaltar uma pessoa que age desta

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forma. No texto acima vemos o Espírito Santo descendo sobre o Senhor Jesus.

Como dissemos, Jesus é o nosso exemplo em tudo e também a ordem dos fatos que ocorreram em sua vida deve ser padrão para a nossa. Lembre-se sempre dessa ordem: primeiro a humilhação, depois a descida do Espírito Santo. Lembre-se de II Crônicas 7: 14. Antes de tudo, tem que vir a humilhação. Sempre!

Quando pedimos a unção do Espírito sobre nós, como conseqüência direta, estamos pedindo destaque no reino de Deus, e é aí que está o perigo! O ser humano deve reconhecer que se está no alto, é porque quem fez a obra em sua vida foi Deus e não a sua “enorme” capacidade. Aprenda de uma vez por todas: Deus não divide a sua glória com ninguém! É por isso que é muito importante que antes da exaltação, antes do poder do Espírito Santo, venha a humilhação. É necessário que a pessoa tenha experiências com Deus no rio da humilhação, o rio Jordão.

Deus quer marcar um encontro contigo no rio Jordão, este rio tão importante na história da nação de Israel, e que deve ser também muito importante na vida de todo o cristão. Deus te convida a mergulhar nessas águas sujas, imundas da humilhação e da humildade.

O Senhor Jesus durante o seu ministério apresentou muitos paradoxos e um dos maiores foi este:

“Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser, entre vós, fazer-se grande, que seja vosso serviçal.”

Mateus 20: 26

Ele te convida a viver esse paradoxo.

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Os pregadores são simplesmente meninos de recado do Espírito Santo e é justamente isso que realmente nós somos: apenas meninos de recado.

O menino de recado não formula o recado, não acrescenta nada a ele, não questiona se é agradável ou não ao ouvinte. Apenas transmite-o. O recado não é nosso, os ouvintes não são nossos, a formulação do recado não é nossa. Apenas repetimos aquilo que Deus nos deu e eu lhe pergunto: que méritos temos nisso? Nenhum.

“Porque quem te diferencia? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias como se não o houveras recebido?”

I Coríntios 4: 7

Sempre tem que existir a humilhação primeiro para depois vir a exaltação; pois nunca sem humilhação poderá vir a exaltação.

Este é o meu filho amado

“E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu filho amado, em quem me comprazo.”

Mateus 3: 17

A terceira e última conseqüência é o próprio Deus dizendo acerca do Senhor Jesus que Ele é o seu filho amado em quem Ele tinha grande alegria. Vemos o próprio Deus se agradando da humilhação de Jesus.

Deus quer se agradar da nossa vida, querido leitor, para tanto precisamos fazer como o Senhor Jesus Cristo.

O sonho de todo o filho é agradar ao seu pai. Com o nosso pai terreno, nós fazemos todo o possível para agradá-lo. Quanto ao nosso pai celestial, devemos nos esforçar mais ainda.

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Imagine o Senhor reunindo todos os seus anjos ao redor do seu trono, olhando lá do céu para a sua vida e dizendo: “Este é o meu filho amado, em quem tenho grande alegria.”

Devemos agora nos concentrar na importância e nas conseqüências da descida do Espírito Santo sobre a Igreja primitiva.

CAPÍTULO 7 - OS RESULTADOS DA DESCIDA DO ESPÍRITO SANTO

As coisas no reino de Deus realmente acontecem de forma bem rápida. Os resultados foram imediatos e monstruosos. Pedro, um homem que tinha negado a Jesus há pouquíssimo tempo e apesar de ter um temperamento muito forte, na verdade era um covarde, agora se levanta e prega sobre Jesus Cristo com uma autoridade incrivelmente grande e naquele mesmo dia quase três mil almas declaram que Jesus Cristo é o Senhor de suas vidas (Atos 2: 41).

É isso que o Espírito Santo faz na vida de um homem. Concede intrepidez e ousadia para pregar o evangelho.

“Agora, pois, ó Senhor, olha para suas ameaças, e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra; enquanto estendes a tua mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome do teu santo filho Jesus. E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus”.

Atos 4:29-31

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Que transformações gloriosas! Que texto riquíssimo podemos ver acima! A Igreja em Jerusalém seguia fielmente o modo como Jesus cumpria o seu ministério.

Preste atenção como havia sincronia entre homens e Deus na pregação do Evangelho. Os homens só abriam a boca, e a boca não pensa, apenas fala o que manda a cabeça (cérebro) que é Cristo. Deus fazia todo o resto. Concedia as palavras para falarem e estendia as suas mãos para curar aqueles que necessitavam de cura.

Apesar das perseguições que estavam sofrendo (até e principalmente físicas) não desistiam; pelo contrário, pediam ao Senhor para lhes concederem mais ousadia para pregarem o evangelho. Não se importavam com suas vidas. Queriam era fazer a vontade de Deus, manifesta através de Jesus Cristo. No Brasil, não passamos por uma mínima parte da perseguição que esses servos do Deus vivo passaram. E quantas vezes murmuramos dizendo ao Senhor que se a nossa situação não melhorar não pregaremos mais o Evangelho?! É necessário, que de uma vez por todas cresçamos espiritualmente.

“Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória de Deus”.

I Pe 4:14

O Evangelho Completo

“E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo”.

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Mateus 4:23

Leia o texto acima novamente e veja como Jesus pregava o Evangelho completo. A Igreja hoje precisa urgentemente assemelhar-se à dos tempos bíblicos. Chamar atenção para esta verdade e responsabilidade, é um dos propósitos deste livro. Devemos orar fervorosamente para o Senhor nos conceder ousadia para pregarmos a palavra.

Paulo adverte a Timóteo que “pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo”.(II Tm 4:2a). Para que isso aconteça, precisamos estar cheios de Deus, porque da abundância do coração fala a boca (Lc 6:45c). Mas, como nós, pessoas normais e tímidas (a grande maioria dos crentes são tímidos) podemos pregar a Palavra com ousadia e intrepidez? Isso mesmo! Somente sendo cheios do Espírito Santo!

Amor

Falamos sobre Pedro e o que ficou mais evidenciado na sua transformação depois da descida do Espírito Santo. Todavia, muitos se esquecem de um personagem importante na história da Igreja: João.

Todos conhecem João como o discípulo amoroso. De fato o era, mas nem sempre foi assim.

“E mandou mensageiros diante da sua face; e, indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos, para lhe prepararem pousada. Mas não o receberam, porque o seu aspecto era como de quem ia a Jerusalém. E os discípulos Tiago e João, vendo isso, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma como Elias fez? Voltando-se,

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porém, repreendeu-os e disse: Vós não sabeis de que espírito sois.”

Lucas 9: 52-55 (grifo meu)

João antes de ser revestido com o poder de Deus, não possuía esse amor que muitos pregam. Tinha fé, é verdade, cria que se ele orasse, fogo do céu cairia como foi feito quando Elias orou (II Reis 1: 10-12), mas não possuía amor verdadeiro pelas pessoas, porque amor de verdade, só o Espírito Santo pode derramar.

É maravilhoso quando pensamos como Deus age e o que ele faz com os seus filhos. Depois da campanha evangelística de Filipe entre os samaritanos, dois Apóstolos foram chamados de Jerusalém para orarem pelos samaritanos para eles receberem o revestimento do Espírito. Adivinha quem estava entre esses dois apóstolos? Isso mesmo, João.

“Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João, os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo.” Atos 8: 14, 15 (grifo meu)

Deus realmente é extraordinário! O mesmo povo, pelo qual antes João queria orar para que fosse consumido por fogo vindo do céu, agora é convocado a orar para que recebessem o Espírito Santo.

Já aconteceu isso com você? Alguém já te magoou um dia e a vida deu uma volta e essa pessoa está precisando de você agora? O que você fez? Será que você glorificou a Deus por que ele colocou o seu inimigo embaixo do seu pé? Lembra-se quem é o seu verdadeiro inimigo? (Ef 6: 12). O que você fez? Será que se vingou dele? Deus te convida a parecer com o

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Senhor Jesus. Te convida a perdoar e a orar pelos seus inimigos (Mt 5: 44).

Você acha difícil? Eu sei que é. Mas Deus te chamou para alvoroçar o mundo e o amor é um agente poderoso para isso.

Como receber o Espírito Santo

Este assunto é largamente discutido, e particularmente fico impressionado em ver como existem fórmulas mágicas para se receber o revestimento com o Espírito Santo. Vamos ver somente o que a Bíblia diz sobre o assunto:

“E eu vos digo a vós: Pedi e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á; Porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á. E qual o pai dentre vós que, se filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou também, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente? Ou também, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?”

Lucas 11:9-13 (grifo meu)

Penso que este texto desmistifica totalmente este assunto. Receber o Espírito Santo é muito simples. Não existe um ritual, nem regras a serem seguidas do tipo: “Os dez passos para ser batizado com o Espírito Santo”. O que Jesus está nos dizendo é que não existe isso. O Senhor está comparando a descida do Espírito com, por exemplo, você pedir ao seu pai terreno algo tão simples como um pão, um ovo ou um peixe. E o mais importante, é que assim como um pai natural procura dar o melhor para os seus filhos, nosso Pai celestial não negará o seu Espírito a

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você; basta fazer como quando era criança com o seu pai terreno, que você pedia e tinha plena convicção de que ele lhe daria. Faça o mesmo com o seu Pai celestial.

Imposição de mãos

Um outro meio de recebermos o batismo com o Espírito Santo; é a imposição de mãos.

“Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo. E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo...”

Atos 8: 17, 18a

Veja outro exemplo.

“E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam em línguas e profetizaram.”

Atos 19: 6

Não importa como Deus batiza. Uns são batizados quando oram, outros são batizados quando estão louvando – o que foi o meu caso. Outros, ainda, são batizados quando estão glorificando a Deus. Particularmente, já vi um caso em que um certo irmão foi revestido quando estava dormindo. O que realmente importa é que Deus está pronto a te revestir. Basta que você tenha esse desejo.

Agora que você sabe como é fácil receber o batismo com o Espírito Santo. Faça-o, pois a Igreja primitiva o tinha como indispensável e você também deve tê-lo na sua vida.

Nos tempos bíblicos, a Palavra era pregada com sinais, curas, prodígios e maravilhas, da mesma forma que o Evangelho era pregado por Jesus Cristo. Hoje, isto ocorre em menor intensidade porque não estamos

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olhando para a Palavra! Devemos continuar a obra do Senhor na Terra com o êxito que os apóstolos tiveram. Infelizmente, estamos crendo em um evangelho só pela metade.

Se uma pessoa subir a um púlpito e começar a pregar sobre salvação e alguém aceitar a Jesus, todos no auditório crerão que é da vontade do Senhor salvar aquela vida. Por quê? Porque a Palavra de Deus diz:

“É ele quem perdoa todas as tuas iniqüidades”Salmo 103:3a

Glória a Deus! Tomamos posse desta palavra e simplesmente cremos que Deus nos perdoa, e perdoa a qualquer que o aceitar, não importa o que tenha feito no passado. Mas o versículo não termina por aí. Ele continua:

“e sara todas as tuas enfermidades.”Salmo 103:3b

E ainda podemos ver:

“Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados”.

I Pedro 2:24

Por que sempre falamos aquela frase que destrói a fé de qualquer um: “será que é da vontade de Deus?”

Estava em uma Igreja e uma senhora entrou apoiada por uma muleta. Na hora da oração o pastor que estava dirigindo aquele culto disse para a irmã que Deus iria restabelecer a sua saúde. A resposta foi a mais desalentadora possível: “É pastor, se for da

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vontade de Deus...”. É claro que é da vontade de Deus que você seja salvo, seja curado, tenha uma vida abundante (Jo 10:10), e que todos os seus sejam salvos (At 16:31). A Palavra de Deus diz isto ao seu respeito. Creia tão somente na Palavra e desfrute de todas as promessas que Ele tem para sua vida.

Deus é nosso Pai meu irmão e todo o pai deseja o melhor para os seus filhos. Apenas tome posse do que Deus já lhe deu através de Cristo Jesus.

O evangelho é completo! Deus não quer curar somente a sua alma; quer curar também o seu corpo. Tome posse desta palavra e comece a alvoroçar, não somente a sua vida, mas a vida das pessoas que lhe cercam. Pregue o evangelho com ousadia. Demonstre o poder de Deus através da sua vida. Basta você crer. Os sinais te seguirão (Mc 16:16). Levante-se e alvoroce o mundo!

CAPÍTULO 8 – A UNIDADE

Como autor deste livro, claro que em parceria com o Espírito de Deus, penso que cada capítulo trata de um assunto muito importante, tanto para nossas vidas individuais como em comunidade (Igreja). Cada item tratado tende a faltar na Igreja, como um todo, na atualidade, mas penso que nada nos falta mais do que o título deste capítulo.

Aterrador como temos em nossos dias, cristãos com “séculos” de Igreja, que na verdade se parecem com crianças espirituais. Penso que Deus, do mais altos céus, olha para os cultos que prestamos a Ele e vê apenas crianças brincando de serem cristãs. Este problema é definitivamente muito sério. Quantas vezes temos nos deparado com Igrejas totalmente rachadas, porque há briga de vaidades, guerra por posições, por

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cargos, por títulos. Assustador, porque brechas; verdadeiros rombos estão sendo deixados para o nosso inimigo trabalhar no meio da Igreja do Senhor Jesus.

Qual era a atitude da Igreja primitiva a respeito deste importante assunto? Como os apóstolos - pessoas que fizeram mais pelo Evangelho do que qualquer pregador que você possa imaginar – se portavam frente os seus irmãos? Como era o coração da Igreja primitiva? Como as pessoas lidavam umas com as outras?

Este texto responde às nossas perguntas.

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e fazendas, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração. Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.”

Atos 2:42-47

Não queremos com isto, fazer uma apologia a alguma comunidade “cristã”, que venha a praticar o que era feito na Igreja primitiva em que todos tinham tudo em comum e não havia nenhuma propriedade particular. Devemos entender porque a Igreja fez isso.

O número de discípulos estava aumentando rapidamente e os Apóstolos não tinham como atender as necessidades físicas e espirituais de todas aquelas pessoas. Então esta atitude de criar uma comunidade foi necessária para aquele momento específico e como

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já dissemos anteriormente, não é sobre isso que queremos tratar neste livro.

O que nós queremos ressaltar, fica evidenciado de forma mais eficaz no texto a seguir:

“E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns”.

Atos 4:32

O que queremos enfatizar neste livro, está na primeira frase deste versículo: “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam...” Havia uma unidade tão grande na Igreja de Atos, que uma multidão pensava como um só homem. Isto não é maravilhoso? Ao invés de demonstrarmos o quanto somos infantis, espiritualmente falando, participando de brigas bobas motivadas por ciúmes, contendas, invejas e outros sentimentos terríveis, deveríamos ser como a Igreja de Atos: um só coração e alma, pois enquanto a Igreja do Senhor Jesus permanecer dividida por doutrinas humanas, enquanto interesses pessoais prevalecerem sobre os interesses de Deus; a Igreja atual simplesmente não vai alvoroçar o mundo como a Igreja primitiva o fez.

A unidade dentro da Igreja

Agora, vamos tratar do assunto unidade, mais interiormente. Dentro do corpo de Cristo.

Paulo, numa metáfora, compara brilhantemente a Igreja a um corpo. Podemos ver na passagem seguinte:

“Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos,

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são só um corpo, assim é Cristo também. Pois todos nós fomos batizados em um só Espírito formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito. Porque também o corpo, não é um só membro, mas muitos.”

I Coríntios 12:12-14

Definitivamente; Paulo, inspirado pelo Espírito, estava certo. A igreja é maravilhosamente igual a um corpo. Tem muitos membros. Cada um totalmente diferente do outro, e um totalmente dependente do outro.

O amado leitor já pensou se o nosso corpo crescesse como muitas Igrejas por aí? Estaria totalmente deformado!

Agora, gostaria de me dirigir especificamente aos pastores e líderes: meus amados irmãos; façam com que o corpo da vossa Igreja cresça de forma uniforme. Alimente vossos membros com a genuína e pura Palavra de Deus. Incentive a todos os vossos membros a lerem diariamente a Bíblia; se precisar, doe Bíblias para aqueles que não as possuem, revigore as vossas Escolas Bíblicas Dominicais. Enfim, façam o que for necessário para que cada membro esteja crescendo dentro da unidade e uniformemente.

Três problemas cotidianos

Paulo continua esta passagem, tratando de três problemas muito comuns em nossas Igrejas. O primeiro, encontra-se na passagem abaixo:

“Se o pé disser: Porque não sou mão não sou do corpo; não será por isso do corpo?”.E se a orelha disser: Porque não sou olho não sou do corpo; não será por isso do corpo?Se todo o corpo fosse olho; onde

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estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfato?Mas agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis.”

I Coríntios 12:15-18 (grifo meu)

Há uma tendência incrível do ser humano olhar para a vida um do outro, e infelizmente na Igreja isto também ocorre. Os crentes estão muito preocupados com quem vai ocupar o cargo tal, ou quem o pastor vai levantar para a tal função. E quando o pastor não a indica para o cargo que a mesma achava que estava capacitada...Pronto! Agora o pastor que antes era uma bênção, não serve mais. E sai dizendo para quem quiser ouvir que o irmão indicado não faz aquilo para o qual foi designado tão bem como ela faria. É realmente de assustar.

Olhe de novo no grifo dado: Deus escolhe onde colocar cada membro como ele quer, e quem sou eu ou você para questionar o querer de Deus?!

Antes, o que temos de fazer é agradecer ao Senhor por pertencermos ao corpo de Cristo e inseridos no tal, descobrirmos qual é a nossa função e executá-la da melhor maneira possível. Claro, tudo com a cooperação do Espírito Santo:

“De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja segundo a medida da fé; Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar haja dedicação no ensino; Ou o que exorta, use este Dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria.”

Romanos 12:6-8

É assim que devemos proceder. Devemos sempre estar agradecidos a Deus pela Sua graça e não

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invejando cargos ou posições de outros membros do corpo de Cristo.

Temos convivido quase sempre com isso. Pessoas que têm dons maravilhosos e mesmo assim invejam a outras pessoas.

Dentro de minha Igreja, tenho um ministério de pregação e ensino bíblico reconhecido pelos membros da mesma. Outras pessoas têm ministério dentro da área de libertação, outros de interseção, outros de diaconia, outros no departamento infantil, outros de secretariado, outros no louvor.

Cada um, Deus colocou como quis em um ministério específico. A cada um, Deus deu o talento específico. Não posso eu querer liderar o departamento infantil porque Deus não me chamou para isso.

Cada membro não pode querer olhar para o ministério alheio e pensar: por que Deus não me deu o ministério do irmão fulano? Porque Deus sabe que naquela função você não se encaixaria tão perfeitamente quanto você se encaixa nesta função em que você está.

Talvez você esteja pensando: o meu ministério é tão simples, eu queria fazer algo mais importante.

Para Deus não existe ministério de menor ou maior importância; isso é convenção humana. Para Deus todos os ministérios são igualmente importantes. Deus se importa realmente é com a sua fidelidade ministerial.

O segundo problema, também muito comum em nossos dias, está relatado na seqüência desta passagem:

“E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti: nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de ti”.

I Coríntios 12:21

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Há esta interdependência entre os membros atualmente. Será que as pessoas querem fazer tudo sozinhas para receber os louros da fama e da glória? Se for assim, o Senhor Deus não divide a sua glória com ninguém...! Será que essas pessoas pensam que só elas podem ser usadas por Deus na sua obra? Deus usou até uma mula para falar com Balaão. Quanto mais não usará um servo humilde na sua presença?

Vivemos numa sociedade capitalista, em que sobrevive quem é o mais forte, e para isto as pessoas não medem esforços. Pisam em seus semelhantes, mentem para conseguirem os seus objetivos, inventam intrigas, fofocas, mas isto não pode de forma nenhuma chegar à Igreja! Se todos quiserem fazer tudo sozinhos, não haverá corpo, então não haverá sentido para a Igreja existir.

Um problema muito grave que temos sentido em muitas Igrejas brasileiras é o proselitismo denominacional. Existem muitas questões mínimas que causam verdadeiras guerras entre as denominações. Tantas questões doutrinárias têm afastado as diferentes denominações umas das outras.

Querido, não importa a que denominação pertencemos. O que está em jogo é se temos o nosso nome arrolado no livro da vida. Todas as outras coisas são secundárias. Veja o ideal de Jesus para a sua Igreja.

“Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti...Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim e que tens amado a eles como me tens amado a mim.”

João 17: 21a, 23

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O terceiro problema, também muito comum em nossos dias, está denunciado na seguinte passagem:

“Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários. E os que reputamos serem menos honrosos no corpo, a esses honramos muito mais: e aos que em nós são menos decorosos damos muito mais honra. Porque os que em nós são mais honestos não tem necessidade disso; mas Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela; Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros.”

I Coríntios 12:22-25

O que Paulo propõe neste texto, é uma verdadeira inversão de valores do que temos visto ultimamente. Os membros, que pela misericórdia de Deus são dotados com dons, são muito bem tratados e os que aparentemente não se envolvem nas atividades da Igreja, não o são. Deus não nos dará os galardões levando em conta os padrões humanos.

Não é sempre assim que ocorre em nosso meio? As pessoas pensam que as recompensas de Deus têm a ver com a nossa visão distorcida da importância de cargos e ministérios. Como dissemos anteriormente: Galardão não tem a ver com “importância” ministerial. Tem exclusivamente a ver com “fidelidade” ministerial. Por isso, podemos imaginar, quando da entrega dos galardões, muitos pastores pensando que receberão lindas coroas; quando na verdade, receberão apenas pequeninas pedras preciosas. Os irmãos que se sentaram nos últimos bancos, e que para muitos não receberão nada, ou quase nada, no entanto, tiveram ministérios fervorosos de oração, ou ainda membros que empenharam os seus bens para o envio e manutenção de missionários, receberão os mesmos

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galardões daqueles que foram enviados. Para atestar o que estamos dizendo, o próprio Senhor Jesus disse:

“Quem recebe um profeta em qualidade de profeta, receberá galardão de profeta; e quem recebe um justo em qualidade de justo, receberá galardão de justo, E qualquer que tiver dado só que seja um copo d’água fria a um destes pequenos, e nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão.”

Mateus 10:41, 42.

Outro aspecto que precisamos considerar é que existe discriminação na Igreja por causa da classe social e do poder aquisitivo dos membros, principalmente em comunidades pequenas.

As pessoas que possuem maior poder aquisitivo e conseqüentemente tendem a dar maiores dízimos, são dados cargos na Igreja com a finalidade de as “prenderem” nas mesmas.

Querido pastor, se você estiver fazendo isto, se você está oferecendo cargos para agradar alguém ou prendê-la em sua Igreja; saiba que a obra é de Deus. Confie mais no Jeová Jiré. Ele mesmo, o Senhor, vai providenciar recursos para a Sua casa.

“Minha é a prata, e meu é o ouro, disse o Senhor dos Exércitos”.

Ageu 2:8

“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.

Mateus 16:18

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Há também, por causa do poder aquisitivo, a discriminação de membro para membro. É o que Tiago trata neste texto:

“Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com vestidos preciosos, e entrar algum pobre com sórdido vestido,E atentardes para o que trás o vestido precioso, e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu fica aí em pé, ou assenta-te abaixo do meu estrado,Porventura não fizestes distinção dentro de vós mesmos, e não vos fizestes juizes de maus pensamentos? Ouvi meus amados irmãos: Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam? Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não vos oprimem os ricos, e não vos arrastam aos tribunais?Porventura não blasfemam eles o bom nome que sobre vós foi invocado?Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redargüidos pela lei como transgressores.”

Tiago 2:2-9

É notório como a Palavra de Deus é atual. Tiago trata dos problemas da Igreja como se ele estivesse falando para muitas de nossas Igrejas.

A discriminação social de membro para membro está impressionantemente impregnada em nossas congregações. É uma chaga que ao longo dos séculos, parece não ter cura. Isto deve ser porque a Igreja não está olhando para o procedimento de Deus para com as pessoas.

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“Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas.”

Romanos 2:11

O ideal de um corpo

Finalmente, depois dos problemas apresentados, Paulo apresenta o ideal de um corpo (Igreja).

“De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele.”

I Coríntios 12:26

Essa unidade orgânica deve ser buscada de forma incansável pelo corpo. Veja que, se um membro de um corpo está machucado, todo o corpo sofre.

Isto tem de ocorrer na igreja em nossos dias. Se um membro (pessoa) padece, devemos ser comovidos de íntima compaixão por esta pessoa e ter o seu problema como nosso problema.

O mais difícil está na segunda parte deste versículo. Se um membro é honrado todos vão se regozijar com ele e não ter inveja do mesmo. Este é o ideal que deve ser perseguido por toda a Igreja do Senhor Jesus.

Devemos nos levantar unidos, como igreja, pois tão somente assim poderemos alvoroçar o mundo de forma totalmente eficaz e direcionada pelo Espírito do Senhor.

CAPÍTULO 9 – ANUNCIAR A JESUS

A essa altura, você já deve ter percebido qual é o objetivo deste livro: fazer um paralelo entre a igreja

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de Atos dos Apóstolos e a de nossos dias. Você também deve estar se perguntando: “Irmão Edson, eu entendo que em grande parte de nossas igrejas falta obediência às palavras de Jesus, uma busca maior pelo Espírito Santo e também maior unidade no corpo (Igreja) entre outras coisas. Mas em todas as Igrejas evangélicas do mundo, se anunciam o Evangelho de Jesus Cristo, ou você pensa que nós pregamos sobre qualquer líder de uma outra religião”.

Eu entendo perfeitamente a sua colocação e sei que com algumas divergências doutrinárias (a Bíblia é a mesma para todos) nos púlpitos de nossas Igrejas, o Evangelho de Jesus Cristo é largamente pregado. O que temos procurado chamar atenção, não é para o que ocorre dentro de uma Igreja, mas para o que ocorre fora dela. Imagine a seguinte situação: Uma senhora tentando “evangelizar” a sua vizinha. Vamos dar nomes apenas para a ilustração.

- Boa tarde Sílvia, como você está?- Eu estou bem! E você?- Eu também estou bem, graças a Deus.- A propósito Sílvia, quando você fará aquela

visita na minha Igreja que há tempos venho te convidando? Vamos hoje à noite!?

- Não sei Mônica, eu tenho tanta coisa para fazer...Quem sabe num outro dia.

- Tudo bem então Sílvia, depois a gente se fala.- Tchau Mônica!

Agora eu lhe pergunto querido leitor: Isto é evangelizar alguém? É claro que não! Mas é deste modo que o povo de Deus tem evangelizado!

Uma definição de Evangelismo diz o seguinte:

“Evangelizar é a exposição do Evangelho de tal maneira que o ouvinte possa tomar uma decisão

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consciente a favor ou contra Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador”.

De acordo com esta definição, a nossa querida Sílvia foi evangelizada? Claro que não! E onde está o erro? Está no fato da Mônica não ter em momento algum anunciado a Jesus Cristo, e sim a sua Igreja. Isso quando não é um cantor famoso ou um pregador de renome que anunciamos! Deste jeito nunca vai dar certo!

Você já foi em algum culto ao ar livre? Já participou de um “evangelismo” na rua? Vamos recordar o que é feito nesses dois eventos?

No culto ao ar livre, geralmente é escolhido um lugar de bastante trânsito de pedestres, por motivos óbvios, é claro, e então se começa primeiro, a cantar louvores. Na hora da pregação começa-se a anunciar a Igreja da qual as pessoas são membros! E o evangelismo com entrega de folhetos? Entrega-se o folheto com a programação da Igreja no verso e no máximo o que se diz ao “evangelizado” é: Jesus te ama e eu também” ou, “se você não aceitar a Jesus, vai para o Inferno”.

Após oculto de domingo à noite, estava indo para a minha casa e um grupo de jovens evangélicos vinham pelo outro lado da rua. Um deles gritou em minha direção: “Jovem, entrega a sua vida a Jesus”!

Responda-me sinceramente: Isso é evangelizar alguém? Não. É claro que não. Mas é isso que temos feito. Temos anunciado a tudo: ao pregador, a Igreja, ao cantor, ao Evangelista, ao grupo de louvor, ao almoço na Igreja; menos a quem temos realmente que anunciar, que é ao Senhor Jesus.

Veja o que a igreja de Atos fazia:

“E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo”.

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Atos 5:42 (grifo meu)

A quem os apóstolos anunciavam? A Jesus Cristo! Estamos compreendendo onde temos errado todo este tempo? Não anunciamos a quem devemos anunciar.

Muitos podem estar pensando neste momento: mas eu não tenho o dom da palavra, não sou um grande pregador, e em situações de pressão, não consigo me lembrar de nenhum versículo bíblico. Veja como você não tem desculpas, lendo o tópico abaixo!

A importância do testemunho pessoal

Você, meu querido leitor, não precisa ser um grande pregador ou ter um grande conhecimento bíblico para evangelizar alguém. Simplesmente, você tem uma arma muito poderosa para isto: o seu testemunho! Afinal de contas, você tem um testemunho de conversão e de suas experiências com Deus ao longo de sua vida cristã...Ou não?

O grande Apóstolo Paulo mesmo, usava esta arma poderosa:

“Sobre o que, indo, então, a Damasco, com poder e comissão dos principais dos sacerdotes,ao meio-dia, ó rei, vi no caminho uma luz do céu, que excedia o esplendor do sol, cuja claridade me envolveu a mim e aos que iam comigo. E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz do céu que me falava e, em língua hebraica, dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões. E disse eu: Quem és Senhor? E ele respondeu: Eu sou Jesus a quem tu persegues. Mas levanta-te e põe-te sobre teus pés, porque te apareci por isto, para te pôr por ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te aparecerei ainda.”

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Atos 26: 12-16

O testemunho de Paulo sobre a sua experiência de conversão ainda está registrado em At 22: 5-16. Se o próprio Paulo usava arma, porque você vai desprezá-la?

Um único “inconveniente” do evangelismo pessoal, é que o seu testemunho de vida estará continuamente sendo provado. Entenda bem essa afirmação. Quando pregamos para alguém, o nosso testemunho fala mais alto do que nossas palavras. Como já foi dito anteriormente, as pessoas podem não gostar da sua voz, do seu penteado, do seu modo de vestir ou de qualquer outra coisa referente à sua aparência ou modo de se expressar, mas nunca poderão olhar para você e dizer: “este homem ou mulher, não vive o que prega”.

Uma certa ocasião, eu estava fazendo visitas com um amigo meu e nós estávamos visitando uma casa em que moravam uma senhora, sua mãe e seu filho. Esta senhora estava falando conosco a respeito de seu filho que não era convertido e estava andando em más companhias. Estávamos conversando na sala da casa dela, quando ele apareceu. Ela apresentou-nos seu filho e pediu que orássemos por ele. Antes de orarmos, o Espírito me moveu a faze-lo uma pergunta. Perguntamos então o que ele achava que deveria fazer para ser salvo, e para minha surpresa, ele respondeu que ele deveria proceder da mesma forma que sua mãe.

O que isto nos mostra querido!? O testemunho de sua mãe falou alto no coração daquele jovem. Ele não me respondeu que deveria falar como sua mãe, mas deveria proceder como ela. Realmente o testemunho por ações fala muito mais alto que as nossas palavras.

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O que estamos propondo não é uma evangelização ocasional, mas permanente; não é uma evangelização apenas de palavras, mas de ações. Não estou propondo uma evangelização que se limite apenas em frases do tipo: “Jesus te ama e quer te salvar”, mas proponho um evangelismo pessoal, impactante, em que as pessoas à nossa volta não tenham escolha. Que sejam impulsionadas a aceitarem ao Senhor Jesus porque vêem nos seus discípulos (nós), pessoas diferentes de todas as outras que elas já conheceram. Pessoas felizes, que possuem o brilho e a alegria da salvação e que podem dizer como Paulo: “Eu sou imitador de Cristo”.(I Co 11: 1).

Nós, evangélicos, deveríamos ter sempre isto em mente. Somos muito visados pela sociedade e se não dermos testemunho de que somos uma nova criatura, o Evangelho vai ser blasfemado por nossa causa. Veja estas palavras de Paulo:

“Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós.”

Romanos 2: 24

E nós? Será que as pessoas ao nosso redor têm blasfemado do Evangelho por nossa causa? Temos aproximado as pessoas de Jesus, ou afastado?

Devemos estar sempre aprendendo com a Igreja de Atos dos Apóstolos. Este é o nosso padrão e devemos segui-lo. Menos que isto, pode parecer natural, mas não é bíblico! Temos de anunciar a Jesus Cristo e não a um homem ou a uma instituição. Peça direção ao Espírito Santo quando Ele lhe der oportunidade de anunciar o Evangelho a alguém. Peça também a Ele que lhe dê condições de apresentar a Palavra de Deus de forma clara e objetiva e não se preocupe se você não consegue decorar a Palavra, pois o Senhor nos prometeu:

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“Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.”

João 14: 26

Mantenha o seu testemunho de cristão intacto. Se você magoou ou deu mau testemunho - não importa se foram para ímpios ou crentes – primeiro, peça perdão a Deus, e depois, peça desculpas àquelas pessoas a quem você deu um mau testemunho. Diga que aquilo que você fez não irá se repetir mais e que a partir de agora, você se tornará um melhor cristão. Trabalhe em parceria com o Espírito Santo, pois com certeza Ele vai ajudá-lo nessa missão de evangelizar e ganhar almas para o Reino de Deus. Alvoroce o mundo através do seu testemunho!

CAPÍTULO 10 – O CUIDADO COM AS OVELHAS

Vamos começar este capítulo citando os seguintes versículos:

“Ora naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano. E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.”

Atos 6: 1-3 (grifo meu)

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Vivemos em uma sociedade em que as pessoas costumam olhar somente para si e para os seus problemas, desprezando a necessidade dos outros. Muitas vezes nos preocupamos se o banco de nossas Igrejas é confortável, se o sistema de ar condicionado está funcionando perfeitamente, se temos os melhores instrumentos, se construímos templos suntuosos e nos esquecemos de algo que tinha papel importante na Igreja de Atos.

Realmente, muitos dos membros e conseqüentemente das Igrejas do Senhor Jesus, têm desprezado a assistência social e se preocupado apenas com a sua vida e seus problemas. Afinal de contas, já temos muitos problemas para nos preocuparmos com os dos outros!

Olhe atentamente para a ênfase acrescentada por mim. Os apóstolos consideravam o diaconato um “importante negócio”. Eles não escolheram qualquer pessoa. Tinham de ser pessoas “de boa reputação, cheios do Espírito Santo de Sabedoria”. Impressionante como nós cristãos temos desprezado este importante negócio.

Talvez você esteja pensando: ah! Se o corpo de diáconos da minha Igreja não pratica a assistência social, é porque eles são negligentes. Eles são chamados por Deus para isso. Eu tenho outro ministério para desenvolver.

Já falamos sobre os diversos dons que formam um corpo, mas existe um dom que todos os cristãos precisam desenvolver: o dom do amor.

Devemos estar muito atentos para estas palavras muito importantes do Senhor Jesus:

“E quando o filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor

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aparta dos bodes as ovelhas; E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possui por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e deste-me de comer; tive sede, e deste-me de beber; era estrangeiro, e hospedaste-me; Estava nu, e vestiste-me; adoeci, e visitaste-me; estive na prisão e foste ver-me. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? Ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E respondendo o Rei, lhe dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim me fizestes. Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; Porque tive fome, e não me destes de comer, tive sede, e não me destes de beber; Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servirmos?Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos não o fizestes, não o fizestes a mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna.

Mateus 25: 31-46Estas palavras de Jesus não anulam o fato de a

salvação ser única e exclusivamente pela graça de Deus e não por qualquer obra que possamos fazer. O problema é que confiamos na graça de Deus e descansamos de fazer boas obras. Citamos com convicção Efésios 2: 8,9; mas sempre nos esquecemos do versículo 10:

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“Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.”

Efésios 2: 10

A questão é fácil de ser entendida querido. Quando somos salvos, temos o amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Somos intimados a amar.

“Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.”

I João 4: 7,8

A lógica é simples: se você ama o seu semelhante, você conhece a Deus, se você não ama o seu semelhante, você não conhece a Deus. O amor que Deus nos dá é apenas uma conseqüência de nossa salvação. Lembremo-nos de que o amor é um dos gomos do fruto do Espírito Santo. (Gal 5: 22).

Se você não se preocupa com o seu semelhante ou se você não se doa para o seu próximo, em outras palavras, se você não ama ao seu irmão; comece a se preocupar com a sua condição de salvo em Cristo Jesus.

O amor implica não somente em palavras do tipo: “Jesus te ama e eu também”. Definitivamente o amor que o Espírito Santo derrama em nossos corações implica mais em ações do que em palavras. Implica principalmente em atitudes. Tiago nos exorta da seguinte forma:

“E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento cotidiano. E alguns de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e

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lhes não derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?”

Tiago 2: 14,15

É isso que devemos fazer. Não devemos amar só de língua, mas principalmente por ações. Lembremos de nosso mestre. Ele desceu do céu, viveu como qualquer um de nós, e finalmente morreu na cruz. Ele apenas não disse que ama (Jo 15:13). Ele o manifestou com ações.

Interesse pelo fraco

Há outro ponto que podemos considerar e que também representa um egoísmo impressionante que é a falta de preocupação com um irmão fraco na fé ou um recém-convertido.

Quando um irmão de uma Igreja se sente fraco na fé, ao invés de levarmos a carga de nosso irmão (Gl 6: 2), nos apressamos em julgá-lo e agradecermos a Deus pelo fato de estarmos a tanto tempo firmes na Igreja sem nos desviarmos da casa do Senhor. Veja o que Paulo diz a esse respeito.

“Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para o seu próprio Senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar. Mas tu por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo.”

Romanos 14: 4, 10

O que há em nossos dias é a valorização de “números” ao invés da valorização do “ser”. Dificilmente nos preocupamos com os indivíduos.

Você já participou de uma visita a um membro fraco na fé? É algo totalmente constrangedor,

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principalmente para quem está recebendo a visita. Só há acusações, indiretas e total falta de amor, carinho e cuidado pelas pessoas.

Responda com sinceridade. Na sua Igreja há um ministério de socorro? Há um programa de visitas estabelecido? Há um ministério de visitação reconhecido e honrado por toda a Igreja? Ou toda a Igreja só espera pelo pastor?

Nas parábolas da ovelha perdida, da dracma perdida e do filho pródigo, em Lucas quinze, podemos ver o amor de Deus e o carinho para com aqueles que estão fracos.

No nosso caso, se perdemos uma ovelha, pensamos: ainda tenho noventa e nove. Se perdermos uma moeda, pensamos: ainda tenho nove e se perdemos um filho, ainda pensamos: pelo menos eu tenho um.

É muito triste quando vemos em muitas Igrejas, um espírito que rói como gangrena: o espírito da fofoca. Trágico é quando algumas pessoas procuram saber dos problemas dos outros apenas para fazer fofoca e não para orar e ajudar.

Você já deve ter ouvido frases do tipo: “Sabe a irmã fulana, soube que ela não está bem com marido... E o pastor, porque não está pregando como antes? O que será que está acontecendo com ele? Fulano está se desviando...graças a Deus que eu nunca faltei um domingo. Faça chuva ou faça sol eu estou na Igreja.”

Não há a menor valorização de ninguém, só há a valorização dos números. Não há misericórdia, não há compaixão. Estamos salvos e está tudo ótimo, as pessoas que cuidem de si mesmas.

É esse o triste caso de muitas Igrejas. Gosto da analogia que a compara a um hospital. É exatamente assim que devemos enxergar a Igreja: como um hospital.

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O bom samaritano

Muitas pessoas, antes de chegarem à casa de Deus, passaram por diversos lugares e situações que a machucaram profundamente. Estão acuados, feridos pela vida e sujos no lamaçal do pecado. É exatamente como a parábola do bom samaritano. (Lucas 10: 30-37).

Podemos ver um quadro que acontece muitas vezes todos os dias:

“E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.”

Lucas 10: 30

Impressionante como a palavra de Deus é perfeita. Este é o quadro de muitas pessoas que chegam até nós. Caem nas mãos de salteadores (Satanás e seus demônios) que lhes roubam tudo o que possuem: família, casamento, filhos, emprego, saúde, paz, confiança, amor-próprio, esperança, sonhos e etc, e as arrastam de um lugar para o outro, espancando-as, enganando-as e por fim as deixam meio mortas.

A parábola continua:

“E ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o passou de largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo.”

Lucas 10: 31,32

Eu imagino que quando o Senhor chegou neste ponto da parábola, as pessoas que estavam com ele, quando ouviram estas duas palavras, “sacerdote” e

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“levita”, pensaram que o problema do homem estaria resolvido. Um dos dois ou mesmo os dois o ajudariam.

Pessoas meio mortas cruzam as nossas vidas quase que diariamente e será que passamos de largo? Será que viramos o rosto e pensamos que não é problema nosso? Ou pensamos que outra pessoa poderá ajudá-lo?

Existe uma pergunta muito intrigante que Caim fez ao Senhor Deus e que ecoa pelos séculos e muitos a fazem. Acompanhe com atenção o texto a seguir:

“E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?”

Gênesis 4: 9

Deus sempre nos pergunta: Lembra-se daquele irmãozinho que eu coloquei perto de você? Onde ele está? Muitas vezes nós respondemos a Deus da mesma forma que Caim respondeu: “Não sei; sou eu guardador do meu irmão?” Deus está te respondendo que sim. Você é guardador do seu irmão! Você é responsável pelo seu irmão, e por ajudar aqueles que te cercam. Para isso você é chamado por Deus.

Pare um pouco e lembre-se daquelas pessoas que ao longo da sua vida, Deus colocou perto de você para que esteja sendo o seu guardador. Onde elas estão? Estão todas na casa de Deus? Pense nisso, pois é muito sério! Para que, quando tivermos que comparecer ao tribunal de Cristo, Deus não tenha que citar o versículo onze: Uma alma clamando no inferno e tudo por causa de nossa negligência.

Isto é tão precioso aos olhos de Deus que Ele mesmo vai cobrar de nós o sangue de cada pessoa nessa situação.

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“Mas se, quando o atalaia vir que vem a espada, não tocar a trombeta, e não tocar a trombeta, e não for avisado o povo, se a espada vier e se levar uma vida dentre eles, este tal foi levado na sua iniqüidade, mas o seu sangue demandarei da mão do atalaia”

Ezequiel 33: 6 (grifo meu)

Quando Jesus disse que nenhum deles ajudou ao homem, penso que uma pergunta deve ter pairado pela cabeça dos ouvintes: se o sacerdote e o levita não ajudaram aquele homem; então quem o fez?

De rejeitado a ajudador

Quando o Senhor citou a palavra “samaritano”, os seus ouvintes devem ter ficado bem assustados. Para você entender o por quê, é necessário que você saiba quem são os Samaritanos.

Em II Reis 17, podemos ver o cerco de Sargão II, rei da Assíria, a Samaria e o conseqüente cativeiro. Ele trouxe para a terra de Israel gentios que não conheciam ao Senhor e começaram a adorá-lo junto com os seus deuses. O resultado da mistura desses gentios, com o povo que ficou, deu origem aos Samaritanos.

Quando Judá voltou do seu cativeiro, eles começaram a odiar os samaritanos por causa dessa mistura de Israel com os gentios. Este ódio atingiu o seu ápice na época de Jesus. Veja o conceito que os Judeus tinham a respeito dos samaritanos.

“Responderam, pois, os judeus e disseram-lhe: Não dizemos nós que és samaritano e que tens demônio?”

João 8: 48

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Jesus é chamado de endemoninhado e samaritano. Chamar alguém de samaritano está no mesmo nível de chamar alguém de endemoninhado. Impressionante! Agora você deve estar percebendo como viviam os samaritanos à margem da sociedade judaica.

É fácil explicar porque o samaritano quando viu aquele homem à beira do caminho meio morto “moveu-se de íntima compaixão”. Ele mesmo já estivera meio morto várias vezes. Talvez, não fisicamente como aquele homem, mas nos seus sentimentos. Quantas vezes o samaritano escutou xingamentos, foi desprezado, insultado, humilhado. Somente ele poderia entender a dor daquele homem à beira do caminho. Somente ele poderia sentir o que aquele homem estava sentindo. O levita e o sacerdote nunca poderiam agir assim, pois eles nunca haviam passado por nada disso. Sempre foram honrados pela sociedade judaica. Sempre foram aclamados pelo povo.

É interessante quando nós analisamos a fundo o amor que este samaritano demonstrou. Ele moveu-se e comoveu-se de íntima compaixão por uma pessoa que muito provavelmente nunca iria falar com ele (Jo 4: 9). Se fosse ao contrário, muito provavelmente ele nunca seria ajudado. Que tipo de amor é esse? É o amor que é derramado em nossos corações pelo Espírito. Mas o samaritano não apenas “moveu-se e comoveu-se de íntima compaixão”, mas “atou-lhe as feridas”. Nós não devemos ficar apenas na vontade, nas palavras, mas devemos partir para as atitudes.

“...assim como houve prontidão de vontade, haja também o cumprimento.”

II Coríntios 8: 11b

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Deus nos convida não apenas a pensar em ajudar, mas a concretizar o nosso pensamento e ajudar. Deus está nos convidando não apenas a sentir pena, mas a agir, realizar, colocar em prática o sentimento pelo qual estamos sendo comovidos. Deus está nos convidando a passar dos pensamentos e das palavras, para as atitudes.

Como dissemos no começo deste capítulo, todos os dias pessoas com as mais diversas feridas cruzam os nossos caminhos e Deus nos intima a que estejamos atando-lhes as feridas.

É possível que você esteja se perguntando: como eu posso atar a ferida de alguém? A resposta é: ame, ame, ame, ame!

“Porventura, não há ungüento em Gileade? Ou não há lá médico?”

Jeremias 8: 22a

Aleluia! Há ungüento em Gileade! Há médico! Há solução! Há restauração! Há vida! Somos convocados a demonstrar o bálsamo do amor de Deus e alvoroçarmos um mundo carente de tudo, mas principalmente de amor!

CAPÍTULO 11 – DIVIDIR PARA CRESCER

O título deste capítulo pode parecer meio paradoxal. Mas não é. Você se lembra de Atos 1: 8? Jesus mandou que os seus discípulos pregassem o Evangelho em “Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra”.

Nos primeiros sete capítulos do livro de Atos, vemos a Igreja cumprindo a primeira parte dessa

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missão: pregando o Evangelho em Jerusalém e ficando restrita apenas a isso.

Depois da morte de Estevão, observamos a primeira perseguição generalizada sofrida pela Igreja, sendo esta, liderada por Saulo. Vejamos o que a Bíblia diz:

“E também Saulo consentiu na morte dele. E fez-se, naquele dia, uma grande perseguição contra a Igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e da Samaria, excetos os apóstolos.”

Atos 8: 1 (grifo meu)

A Igreja que antes estava condensada em Jerusalém, espalha-se por Samaria e Judéia, começando a quase a totalidade da ordem de Jesus.

Impressiona como Deus usa as armadilhas de Satanás em benefício próprio e de Sua Igreja. O que parecia ser o fim do Cristianismo com a morte de Estevão, serviu para espalhar o Evangelho. O sangue dos mártires é realmente, o combustível da Igreja.

Hoje, devemos ter a mesma atitude, para disseminar o Evangelho; dividir, espalhar. Os discípulos foram divididos e cada um foi pregando por onde ia. O que antes estava condensado em uma única cidade, agora é espalhado por regiões inteiras.

O crescimento do Evangelho no Brasil

A Igreja Evangélica no Brasil, cresceu com uma característica bastante peculiar. Cresceu através da disseminação de templos. No entanto, existe em outros países e está entrando com grande força no Brasil, um modelo de crescimento muito eficaz e estritamente Bíblico: o sistema celular; não que o

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sistema de disseminação de templos não seja eficaz, mas nesse capítulo falaremos acerca do sistema celular.

O exemplo de Moisés

Há quem diga que o sistema em células é uma invenção, um modismo de pregadores “modernos”, mas a Bíblia nos mostra que as células foram “inventadas” muito antes do tempo dos Apóstolos.

“E aconteceu que, ao outro dia, Moisés assentou-se para julgar o povo; e o povo estava em pé diante de Moisés desde a manhã até à tarde. Vendo, pois, o sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao povo, disse: Que é isto que tu fazes ao povo? Por que te assentas só, e todo o povo está em pé diante de ti, desde a manhã até à tarde?Então, disse Moisés a seu sogro: É porque este povo vem a mim para consultar a Deus. Quando tem algum negócio, vem a mim, para que eu julgue entre um e outro e lhes declare os estatutos de Deus e as suas leis. O sogro de Moisés, porém, lhe disse, não é bom o que fazes. Totalmente desfalecerás, assim tu como este povo que está contigo; porque este negócio é mui difícil para ti; tu só não o podes fazer. Ouve agora a minha voz; eu te aconselharei, e Deus será contigo. Sê tu pelo povo diante de Deus e leva tu as coisas a Deus;E declara-lhes os estatutos e as leis e faze-lhes saber o caminho em que devem andar e a obra que devem fazer. E tu, dentre todo o povo, procura homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza, e põe-nos sobre eles por maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinqüenta e maiorais de dez; Para que julguem este povo em todo o tempo, e seja que todo o negócio grave tragam a ti, mas todo o negócio pequeno eles o julguem; assim, a ti mesmo te

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aliviarás da carga, e eles a levarão contigo. Se isto fizeres, e Deus to mandar, poderás, então, subsistir; assim também todo este povo em paz virá ao seu lugar. E Moisés deu ouvidos à voz de seu sogro e fez tudo quanto tinha dito.”

Êxodo 18: 13-24

Moisés, cansado, atarefado, afadigado e (uma palavra bem moderna) estressado; este é o retrato de muitos pastores ou líderes que não têm como apascentar os seus rebanhos por uma questão muito simples: é impossível fazê-lo em muitas Igrejas.

Até uns trinta anos atrás víamos um número reduzido de Igrejas Evangélicas e poucos crentes. A partir daí (graças a Deus por isso) o número de pessoas que professam a fé evangélica multiplicou-se sobremaneira. Templos que antes estavam vazios, agora estão superlotados! É bem comum, encontrarmos Igrejas hoje, com mais de mil membros.

Agora eu lhe pergunto querido leitor! Como pode um pastor sozinho, quando muito com a ajuda de um auxiliar, apascentar um rebanho de mais de mil ovelhas? É simplesmente impossível!

O problema da inserção no corpo

Se você é membro de uma Igreja pequena, talvez se lembre de quantas e quais foram as pessoas que visitaram a sua Igreja no último domingo. Mas se você for membro de uma Igreja grande, duvido que você saiba isso. Será que isso é culpa sua? Creio que não. Pessoas que ainda não aceitaram a Jesus, entram e saem sem ninguém perceber.

Já parou para pensar em quantas pessoas entram e saem de nossas igrejas todos os domingos e nós não nem sabemos quem são, qual seu nome, quais os seus problemas, se são evangélicos ou não...?

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Talvez você esteja pensando: será que eu também tenho que me preocupar com quem entra e sai todos os domingos na minha Igreja? Sim, Claro! Você tem. E eu lhe pergunto mais: o que você acha que “prende” uma pessoa em uma Igreja?

Essa foi fácil, não? Prontamente você me respondeu que é um pastor que prega muitíssimo bem ou um grupo de louvor ungido ou ainda grande manifestação dos dons do Espírito na Igreja.

Deixe-me dizer que não é nada disso. Isso pode se aplicar melhor a pessoas que já são cristãs, mas nós estamos falando de recém convertidos.

O que “prende” uma pessoa em uma Igreja é a amizade.

Antes que você comece a me criticar e a fechar o livro, permita-me explicar. Quando um ímpio entra em uma Igreja, ele sente-se como um pássaro fora do ninho, não é verdade? Se nós tomarmos o exemplo de uma Igreja de mil membros, por exemplo; no modelo atual, o processo de inserção desta pessoa no convívio do corpo é demorado. Neste meio tempo, Satanás pode usar de diversas artimanhas para retirá-la da presença de Deus. Coisas do tipo são bastante usadas: “Não está vendo há quanto tempo você está na Igreja e ninguém veio falar contigo? Aqui, cada um só se preocupa consigo mesmo... Suas amizades anteriores é que eram sinceras. Volte para elas porque elas são quem realmente te amam”. Trágico, não? Mas extremamente verdadeiro. Satanás repete estas palavras com total prazer.

Em minha Igreja para um recém convertido dar a sua pública confissão de fé e o batismo, é necessário fazer um curso que nós chamamos de breve catecismo. Após esse curso, o candidato passa por uma entrevista com o corpo de presbíteros.

Algum tempo atrás, passou por este curso um grupo de jovens e adolescentes; então chegou a hora

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da entrevista e perguntei para cada um o por quê de estarem querendo se batizar e tornarem-se membros daquela Igreja em específico. Como você, eu também esperava respostas do tipo: “É porque o pastor prega de maneira fabulosa”, “Porque o grupo de louvor é fantástico”, ou ainda “porque eu gosto de uma Igreja pentecostal como essa”. Quer saber o que eu ouvi de todos? “Porque eu tenho grandes amizades aqui”. Surpreendente, não? Um pregador consagrado, um ministério de louvor abençoado, um profeta do Senhor, ou qualquer outra pessoa muito consagrada ao Senhor, serve para atrair pessoas, mas a amizade é que as mantém.

As células reduzem o tempo de inserção consideravelmente. Quando uma pessoa aceita ao Senhor Jesus, são recolhidos alguns de seus dados (nome completo, telefone e endereço). É feito o contato com esse novo convertido por telefone e o mesmo é indicado para a célula mais próxima da sua casa. Lá, ela encontra irmãos prontos a lhe ajudar e encontra amizades sinceras para toda a vida. Inserida no convívio do corpo, a chance deste desviar-se é muito pequena.

Mais dois problemas graves

E o que dizer daqueles irmãos fracos na fé, que passam dois ou três domingos sem irem à Igreja? Ou estão enfermos e ninguém vai visitá-los ou nem ao menos se telefona para eles!

O Diabo diz com o maior prazer que ninguém o ama, que ninguém sente falta dele, que ninguém se importa com ele, que cada um só liga para si próprio. Como já dissemos, cada membro fica esperando pelo outro e todos esperam pelo pastor da Igreja. Nós temos que dar o pontapé inicial. Temos que tomar a iniciativa sempre.

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Será que você consegue notar quem e quais são os membros faltosos de sua igreja? Voltemos ao caso da Igreja pequena e da grande. Se você é membro de uma pequena, você consegue responder à minha pergunta anterior. Mas se você é membro de uma Igreja com muitos membros, acho muito difícil responder à minha pergunta.

Será que você tem contato com aquelas pessoas faltosas? São suas amigas? Você tem o telefone delas? Será que alguém tem? Será que alguém tem condições de visitá-las?

Eu lhe pergunto: será que o pastor é o culpado? Creio que não. Ele tem muitas atividades para realizar! Estudar a Palavra, preparar mensagens, dar atenção aos diversos ministérios da Igreja, cuidar da sua família, aconselhamento pastoral, etc. E você? Será que você se sente culpado, ou sempre acha melhor dizer que a culpa é dos outros membros?

E quanto àqueles irmãos que têm potencial, têm ministério, têm vocação, mas não têm oportunidade para mostrar o seu talento, desenvolver o seu ministério. Com o sistema centralizador e de verticalização do poder, as oportunidades se concentram em poucas pessoas.

Será que você, pastor ou líder, já olhou para os seus liderados e viu muitos talentos escondidos? Será que em todo culto ou reunião você não vê pérolas maravilhosas dentro de conchas? E se nós diminuíssemos o tamanho da Igreja? Se uma Igreja ao invés de possuir quinhentos, mil membros; possuir dez, quinze, vinte membros, ajudaria bastante, não?

Com esta atitude poderemos resolver dois problemas crônicos de uma só vez: diminuiríamos drasticamente a evasão de nossas Igrejas, ou seja, fecharíamos a porta dos fundos, e descentralizamos o poder.

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Imagine uma Igreja com vinte membros. Seria muito mais fácil para alguém dirigí-la. Se alguém faltasse ao culto, logo seria notado e com certeza alguém iria visitá-lo.

Com uma Igreja organizada em células, pessoas que nunca tiveram oportunidade, agora teriam como se desenvolver. Talentos escondidos poderiam ser revelados porque, convenhamos, é muito mais fácil pregar, orar, louvar, para vinte pessoas do que para mil ou mais!

Você deve estar questionando agora, que nós precisaríamos de muitos templos. E lhe pergunto: para que nós precisamos de templos se nós temos casas. Veja.

“E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo.”

Atos 5: 42

“Como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar e ensinar publicamente e pelas casas.”

Atos 20: 20

“Saudai também a Igreja que está em sua casa.”

Romanos 16: 5

“Saudai aos irmãos que estão em Laodicéia, e a Ninfa, e à Igreja que está em sua casa.”

Colossenses 4: 15

“E à nossa irmã Áfia, e a Arquipo, nosso companheiro, e à Igreja que está em tua casa.”

Filemom 1: 2

É provável que você esteja pensando que a Igreja primitiva utilizava casas por causa da

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perseguição do Império Romano que não a deixava utilizar templos, mas você se lembra da instituição dos diáconos? Porque os Apóstolos tiveram que criar esse ofício? Porque as viúvas eram desprezadas. Culpa dos apóstolos? Não. Atos 6:1 diz: “crescendo o número dos discípulos”. Entenda que com o crescimento da Igreja, tornou-se impossível para os Apóstolos cuidar de tudo. Desde cedo, na história da Igreja, percebeu-se que a descentralização do poder é a chave para o crescimento e que o crescimento depende da divisão.

Fracasso para os homens, sucesso para Deus.

Posteriormente estaremos falando sobre missões na vida da Igreja, mas veja comigo este texto.

“E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado.”

Atos 13: 2

O Espírito Santo separou Barnabé e Paulo para a obra missionária e eles levaram consigo João Marcos, que posteriormente recuou (At 13: 13). Terminada a sua primeira viagem missionária, Paulo intentou visitar de novo todos os lugares por eles visitados, mas Barnabé queria dar uma segunda chance a João Marcos, o que não pareceu razoável a Paulo. Então os dois se separaram. Barnabé com João Marcos e Paulo com Silas.

Numa visão superficial das coisas talvez se perceba o fracasso da obra missionária. Por que o Espírito Santo disse que Paulo e Barnabé iriam trabalhar juntos se agora eles se separaram? Alguns logo diriam que não foi Deus quem falou, quando na Igreja em Antioquia, foram separados Barnabé e Saulo para a obra missionária.

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Pense comigo. Antes existia apenas uma equipe missionária, mas depois do aparente fracasso, existiam duas! Através da divisão veio o crescimento. Mais pessoas poderiam ser evangelizadas e a ordem do Senhor poderia ser cumprida de forma mais rápida.

Não estamos dizendo com isso, que o sistema celular vem a substituir os templos, mas apenas complementá-los. Mesmo no sistema atual de disseminação de templos, muitos começaram em casas. Muitos templos suntuosos tiveram os seus embriões nas salas de muitas casas. Aonde os templos não chegam, as células podem chegar!CAPÍTULO 12 – EVANGELISMO ATRAVÉS DE SINAIS

No capítulo dois deste livro, falamos sobre a importância do Espírito Santo na vida da Igreja. O título desse capítulo pode causar uma certa estranheza porque muito se tem falado sobre evangelismo e muito tem se discutido sobre o assunto. Muito se fala sobre evangelismo pessoal, de massa, de alistamento, mas creio que nenhum deles têm a eficiência do título deste capítulo.

“E aconteceu que, passando Pedro por toda parte, veio também aos santos que habitavam em Lida. E achou ali um certo homem chamado Enéias, jazendo numa cama havia oito anos, o qual era paralítico. E disse-lhe Pedro: Enéias, Jesus Cristo te dá saúde; levanta-te e faze a tua cama. E logo se levantou. E viram-no todos os que habitavam em Lida e Sarona, os quais se converteram ao Senhor. E havia em Jope uma discípula chamada Tabita, que, traduzido, se diz Dorcas. Esta estava cheia de boas obras e esmolas que fazia. E aconteceu, naqueles dias, que, enfermando ela, morreu; e, tendo-

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a lavado, a depositaram num quarto alto. E, como Lida era perto de Jope, ouvindo os discípulos que Pedro estava ali, lhe mandaram dois varões, rogando-lhe que não se demorasse em vir ter com eles. E, levantando-se Pedro, foi com eles. Quando chegou, o levaram ao quarto alto, e todas as viúvas o rodearam, chorando e mostrando as túnicas e vestes que Dorcas fizera quando estava com elas. Mas Pedro, fazendo-as sair todas, pôs-se de joelhos e orou; e, voltando-se para o corpo, disse: Tabita levanta-te. E ela abriu os olhos e, vendo a Pedro, assentou-se. E ele, dando-lhe a mão, a levantou e, chamando os santos e as viúvas, apresentou-lha viva. E foi isto notório por toda a Jope, e muitos creram no Senhor.”

Atos 9: 32-42

Você já se perguntou sobre o que diferencia o Evangelho das outras religiões? Já se perguntou o que torna vivo os ensinamentos de Jesus em detrimento dos de qualquer outro líder religioso. Paulo disse que o Evangelho é o “poder de Deus” e é tão somente isso que ele é: o poder de Deus! O que diferencia o Evangelho de qualquer outra religião é o poder de Deus.

Vemos no texto acima, que através de dois milagres realizados por Pedro três cidades inteiras se converteram ao Senhor. Talvez você pense: “Ah! Pedro era Pedro e quem sou eu para manifestar o poder de Deus como Pedro”? Particularmente, se você ainda está pensando assim, recomendo que recomece a leitura deste livro.

Nos concentremos nos resultados: três cidades inteiras convertidas! Fantástico! Estes resultados só são comparados ao ministério de Jonas em Nínive.

Hoje, temos percebido a obra que o Espírito Santo começa a realizar no meio da Igreja do Senhor Jesus Cristo. Temos visto milagres extraordinários:

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aidéticos e cancerosos sendo curados, paralíticos levantando, cegos vendo, surdos ouvindo, mortos ressuscitando.

Podemos contemplar também a obra que o Espírito Santo tem realizado nos corações: centenas de pessoas diariamente aceitam ao Senhor como seu único e suficiente Salvador; famílias inteiras estão vindo render-se aos pés do Senhor Jesus. Vemos também a obra que o Espírito Santo tem realizado capacitando o seu povo para pregar o Evangelho com poder e intrepidez. Abrindo um parêntesis, vejo muitas pessoas buscando os dons do Espírito Santo, mas muito poucas pessoas buscando os frutos deste. É comum encontrarmos pessoas que oram pedindo dons de curar, de profecia, da palavra, de conhecimento, etc.; mas é raro acharmos pessoas pedindo longaminidade, bondade, mansidão, temperança, amor, etc. Fechando o parêntesis, como dissemos acima, que até nas Igrejas ditas mais tradicionais, o Espírito Santo tem sido buscado e um profundo avivamento tem sido proclamado. Eu mesmo sou um bom exemplo disso. Fui batizado com o Espírito Santo com dezesseis anos em uma Igreja dita como tradicional, e que no momento em que escrevemos estas palavras, está passando por um período de grande avivamento.

Tudo isso é muito salutar e é simplesmente cumprimento das profecias encontradas nos livros dos profetas Isaías e Joel (já falamos sobre estes dois textos abaixo no capítulo dois, mas é conveniente a nós, repeti-los agora):

“Porque derramarei água sobre o sedento e rios, sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade e a minha bênção sobre os teus descendentes.”

Isaías 44: 3

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Temos aqui uma promessa extraordinária sobre a descida do Espírito Santo. Nós, como o Israel de Deus, (Gl 6:16) temos total direito sobre a promessa contida no versículo acima.

Outra promessa maravilhosa do derramamento do Espírito Santo encontra-se na profecia do profeta Joel:

“E há de ser que, depois, derramarei do meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas, naqueles dias, derramarei do meu Espírito.”

Joel 2: 28,29 (Grifo meu)

Devemos destacar a ruptura desta profecia com os padrões do Antigo Testamento. Lembremos que na antiga aliança, somente reis, sacerdotes e profetas eram revestidos com o poder do Espírito Santo. De tempos em tempos, algumas pessoas eram revestidas com poder de Deus para tarefas específicas. Veja o caso de Bezalel, que foi ungido pelo Espírito do Senhor, para construir o tabernáculo (Êx 31: 2,3).

Quando Joel diz que o Senhor derramaria do seu Espírito sobre “toda a carne”, o choque que ele provoca nos Judeus é muito grande. Imagine, o que antes era restrito a pouquíssimas pessoas, agora é disponível a todos!

Isso a Igreja do Senhor Jesus tem começado a sentir. O Espírito Santo sendo derramado sobre “toda a carne”. É por isso que a Igreja evangélica cresce no Brasil de forma assustadora. Dogmas e rituais foram trocados por poder!

Você consegue enxergar a semelhança entre o texto que inicia este capítulo e o que estamos vivendo.

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Você já viu alguma pessoa ser curada, liberta em nome de Buda, de Maomé, de Alain Kardec, de Maria? Olhando para esses líderes religiosos mortos e não ressurretos, é fascinante e ao mesmo tempo trágico, a devoção que os seus seguidores têm para com eles. Demonstram uma fé totalmente sincera, mas totalmente errônea. Nós, como seguidores do Deus vivo, temos uma fé totalmente certa e nem sempre totalmente sincera.

A utilidade dos dons

Há no texto abaixo, um aspecto interessante com respeito ao dom de cura e aos outros dons do Espírito:

“Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.”

I Coríntios 12: 7

Já vimos que “imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão” está ao alcance daqueles que crêem no nome do Senhor Jesus. Encontramos também, quase que diariamente, pessoas pedindo os dons do Espírito e especialmente o dom de cura, e ficam pedindo por meses, anos e até durante a vida toda pelo mesmo. Olhe para o texto acima. Só recebe a manifestação do Espírito Santo aquele que for utilizar o dom que recebeu. Deus não dá nada a ninguém para que o mesmo fique sentado de braços cruzados dizendo que é mais espiritual que os outros porque tem essa ou aquele dom e o irmãozinho não.

Ah! Querido, devemos manifestar o poder que há no nome de Jesus. Nome esse, que somente nós, a Igreja, podemos utilizar.

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“E alguns exorcistas judeus, ambulantes, tentavam invocar o nome do Senhor Jesus sobre os que tinham espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-te por Jesus, a quem Paulo prega. Os que faziam isto eram sete filhos de Ceva, judeu, principal dos sacerdotes. Respondendo, porém, o espírito maligno, disse: Conheço a Jesus e bem sei quem é Paulo; mas vós, quem sois? E, saltando neles o homem que tinha o espírito maligno e assenhoreando-se de dois, pôde mais do que eles; de tal maneira que, nus e feridos, fugiram daquela casa. E foi notório a todos os que habitavam em Éfeso, tanto judeus como gregos; e caiu temor sobre todos eles, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido.”

Atos 19: 13-17

Repare que os filhos de Ceva não conheciam ao Senhor Jesus, estavam apenas usando o nome que Paulo usava para expulsar os demônios. O mesmo respondeu que conhecia a Jesus – veja que ele não fala “Senhor Jesus” como em todo o restante do livro de Atos (I Co 12: 3) – e bem sabia quem era Paulo, e eles quem eram?

Este é um alerta muito sério para aqueles que querem brincar de ser cristãos. O nome de Jesus é exclusivo daqueles que seguem as pisadas dele.

“Aquele que diz que está nele deve também andar como ele andou.”

I João 2: 6

E o resultado desse ocorrido!? Toda a cidade de Éfeso ficou sabendo do que aconteceu, e sobre “todos”, caiu temor. Aleluia! Toda a cidade com temor diante do nome do Senhor Jesus Cristo!

Olhando para a referência acima, muitos a interpretam da seguinte forma: Devemos andar como

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o Senhor Jesus andou, nos santificando, realizando boas obras, perdoando aos outros, etc. Está corretíssimo. Devemos fazer tudo o que o Senhor fez, mas nos esquecemos de um texto importantíssimo:

“Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele.”

Atos 10: 38 (grifo meu)

Devemos andar como ele andou não somente na conduta moral e ética, mas também devemos andar manifestando o poder de Deus como ele manifestou e destruindo o poder das trevas como ele destruiu.

“Para isto o filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo.”

I João 3: 8b

Cristo manifestou o poder de Deus para destruir a obra do diabo, e nós, como filhos de Deus, devemos fazer o mesmo.

Os relatos dos resultados do Evangelismo através de sinais são fartos no livro de Atos. Vejamos mais alguns:

“E, descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo. E as multidões unanimente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia. Pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados.”

Atos 8: 5-7“E a mão do Senhor era com eles; e grande

número creu e se converteu ao Senhor. E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava

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em Jerusalém; e enviaram barnabé até Antioquia. O qual, quando chegou e viu a graça de Deus, se alegrou e exortou a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor. Porque era homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor.”

Atos 11: 21-24

“Todavia, Saulo, que também se chama Paulo, cheio do Espírito Santo e fixando os olhos nele, disse: Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor? Eis aí, pois, agora, contra ti a mão do Senhor, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. No mesmo instante, a escuridão e as trevas caíram sobre ele e, andando à roda, buscava a quem o guiasse pela mão. Então, o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhado da doutrina do Senhor.”

Atos 13: 9-12

Quando falamos em sinais e prodígios, muitas pessoas pensam logo em curas. De fato é um dom muito importante ao qual foi dada grande importância no ministério do Senhor Jesus e dos personagens do livro de Atos. Todavia, devemos destacar todos os dons. Todas as manifestações do Espírito Santo são importantes. Paulo na sua primeira carta aos Coríntios fala do uso do dom de profecia na Evangelização:

“Os segredos do seu coração ficarão manifestos, e assim, lançando-se sobre o seu rosto, adorará a Deus, publicando que Deus está verdadeiramente entre vós.”

I Coríntios 14: 26

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Falamos anteriormente sobre a unidade, palavra que se encaixa perfeitamente aqui. Deve haver uma unidade entre os diversos dons na Igreja de forma que todos se voltem para a evangelização.

É isso que devemos fazer. Buscar os dons que o Senhor nos entregou e manifestá-los para que estejamos alcançando vidas para o Reino de Deus e assim alvoroçando o mundo.

CAPÍTULO 13 – A INTERCESSÃO EFICAZ

Chegamos ao capítulo doze do livro de Atos dos Apóstolos. A Igreja, a essa altura, já está cumprindo a maior parte da ordem do Senhor Jesus e se preparando para enviar os primeiros missionários para além-mar.

No começo deste capítulo, vemos Herodes Agripa I matando a Tiago, irmão de João e um dos doze discípulos. Vendo que tal atitude agradara aos Judeus, prendeu a Pedro, um dos três pilares da Igreja (Gl 2: 9).

Ao longo da Bíblia, vemos homens de Deus que na hora das dificuldades não se lamentaram, não murmuraram, não blasfemaram, não colocaram a culpa em Deus. Apenas oraram. Da mesma forma vemos a Igreja orando por Pedro.

“Pedro, pois, era guardado na prisão; mas a Igreja fazia contínua oração por ele a Deus.”

Atos 12: 5

Será que já lhe passou pela cabeça, pelo que eles oravam? Será que era para que Pedro tivesse uma morte tranqüila e conformada, ou para que ele não sofresse muito? Será que era para que ele fosse liberto? Ou oravam por um milagre? Creio que a última opção, pois foi isso que ocorreu. Um milagre. Deus

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enviou o seu anjo e livrou a Pedro das mãos de Herodes em resposta às orações da Igreja que estava na casa de Maria, mãe do evangelista João Marcos. É interessante olharmos nessa passagem a atitude desses irmãos diante da resposta de Deus às suas orações.

“E, considerando ele nisso, foi à casa de Maria, mãe de João, que tinha por sobrenome Marcos, onde muitos estavam reunidos e oravam. E, batendo Pedro à porta do pátio, uma menina chamada Rode saiu a escutar. E, conhecendo a voz de Pedro, de alegria não abriu a porta, mas, correndo para dentro, anunciou que Pedro estava à porta. E disseram-lhe: Estás fora de ti. Mas ela afirmava que assim era. E diziam: É o seu anjo. Mas Pedro perseverava em bater, e, quando abriram, viram-no e se espantaram.”

Atos 12: 12-16

Veja que eles se espantaram por ver Pedro solto ali na frente deles. Chegaram a insinuar que Rode estava louca, ou então, acharam que era muito mais fácil a menina ter visto um anjo do que estar dizendo a verdade em relação a Pedro estar à porta daquela casa. Mas eles não estavam orando por isso mesmo? Não estavam orando para que o milagre se realizasse? Então por quê se espantaram? Por quê não acreditaram que Deus havia lhes dado a resposta? Será que estavam espantados com a velocidade da resposta de Deus? Veja que em resposta às orações, Deus criou o portão automático. A porta de ferro que dava para a cidade abriu-se sozinha. Curiosamente a porta em que Pedro teve maior dificuldade em atravessar foi a da casa de Maria onde muitos estavam reunidos orando por ele.

Será que você se vê como um desses irmãos na casa de Maria? Será que você não consegue enxergar

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o seu lugar naquele círculo de oração? Será que você não esteve lá quando orou pela salvação da sua família? E a cura de uma enfermidade? Algum problema familiar? Problema de desemprego? Quantas vezes oramos somente por orar ou como que jogando palavras ao ar. Oramos, mas muitas vezes, bem no fundo, não cremos que Deus está nos ouvindo, ou que Ele irá nos responder. Não cremos na vitória, na providência divina. Tiago 1:7 diz, que quem não pede com fé ao Senhor não receberá nada dEle.

O caso do guarda-chuva

Numa Igreja do interior, numa localidade em que a economia era baseada na agricultura, os membros estavam orando para que o Senhor mandasse chuva para o bom crescimento das sementes que cada um tinha plantado em suas respectivas propriedades. Em um certo dia, em um culto de domingo de manhã, apesar de um sol escaldante, uma menina foi à Igreja munida com o seu guarda-chuva. Logo vieram as críticas: “você está louca, não está vendo que está um calor insuportável e você ainda vem de guarda-chuva para a Igreja?” A menina muito sabiamente respondeu: “Mas nós não estamos orando para que chova?” Glória a Deus! Somente aquela menina tinha fé para crer que Deus faria aquilo que eles estavam pedindo. E o resultado? Somente aquela menina conseguiu ir para a casa porque os incrédulos tiveram de esperar o temporal passar.

Ouvindo a oração de uma criança

Talvez você esteja se perguntando? Se Deus não responde a orações feitas com incredulidade, por quê então libertou a Pedro em resposta à oração da Igreja reunida na casa de Maria? Querido, preste atenção!

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Deus não respondeu a oração de todas aquelas pessoas, mas Ele respondeu a oração de uma única pessoa! Você sabe quem foi? Isso mesmo. Foi a de Rode. Deus contemplou a oração de uma menina e comovido por esta oração, enviou o seu anjo e libertou a Pedro.

Choquei-te com o que eu disse? Choquei-te dizendo que a mão de Deus foi movida pela a oração de uma menina? Por quê? Porque temos a falsa impressão de que Deus só ouve a homens e mulheres privilegiados. Deus ouve e atende a uma oração feita com fé. Não importa por quem tenha sido feita.

A oração que se multiplica

O que dizer do centurião Cornélio? Gentio, apesar de possuir autoridade terrena dada por César, era desprezado pelos Judeus pela sua condição de gentio. Nunca um Judeu poderia esperar que um anjo fosse aparecer a Cornélio e muito menos dizer isso:

“Este fixando os olhos nele e muito atemorizado, disse: Que é Senhor? E o anjo lhe disse: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para a memória diante de Deus.”

Atos 10: 4 (grifo meu)

Um Judeu poderia esperar que Deus ouvisse as orações de qualquer um, menos de um gentio. Deus não só ouviu a oração desse homem, mas através dela gerou um arrebatamento de sentidos em Pedro para que ele reconhecesse que Deus não faz acepção de pessoas (Atos 10: 34). Ou você acha que Pedro se importava se os gentios seriam salvos ou não? Veja o que ele diz neste versículo.

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“E disse-lhes: Vós bem sabeis que não é lícito a um varão judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros; mas Deus mostrou-me que a nenhum homem chame comum ou imundo.”

Atos 10: 28

Deus não só ouviu a oração de um gentio mas, através dela, gerou um meio de acabar com o preconceito dos Apóstolos para que depois dele, Cornélio, milhões de gentios fossem salvos. Maravilhoso, não?

Eu lhe pergunto, pelo que Cornélio tanto orava? Pelo que Cornélio “de contínuo, orava a Deus” (Atos 10: 2)? Veja comigo a resposta:

“E, no dia imediato, chegaram a Cesaréia. E Cornélio os estava esperando, tendo já convidado os seus parentes e amigos mais íntimos.”

Atos 10: 24

O que Cornélio fez, amado? Cornélio convidou os seus parentes e amigos mais íntimos. Por quê? Porque há muito ele já estava orando por cada um deles. Ele, de contínuo, orava a Deus por eles,e na primeira oportunidade que teve, sabendo que Pedro falaria: “tudo quanto por Deus te é mandado” (Atos 10: 33), convidou-os. Como resultado, todos, inclusive Cornélio, foram salvos, batizados com o Espírito Santo e batizados com água em um só dia. Resultado de uma intercessão simples aos olhos humanos, eficaz, contudo, aos olhos de Deus.

Será que você se encaixa na condição de Cornélio? Desprezado pela sociedade em geral? Você fala e os homens não te ouvem? Talvez você se sinta indigno de orar? Olhe para Cornélio. Indigno de ser ouvido pelos homens, mas ouvido pelo Deus Todo-poderoso.

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A intercessão eficaz é aquela que é feita com a fé de um coração puro diante de Deus. Conhecemos e creio que você também conheça casos de pessoas que são salvas por causa da interseção de outros.

Estávamos um dia dando um estudo sobre intercessão e perguntamos para o auditório qual é a definição de intercessor. Dentre a muitas definições que recebemos, uma me marcou profundamente. Uma irmã nos disse que um intercessor é um representante.

Sabemos que quem não é influenciado por Deus, é influenciado pelo diabo (Ef 2: 1,2). - Quando uma pessoa se converte, ela é retirada do reino das trevas e transposta para o reino de Deus (Cl 1: 13) - Esta pessoa está morta em seus delitos e não tem condições por si mesma de sair das garras de Satanás. Então nós, como representantes dela, entramos e saqueamos o reino das trevas com o poder que há no nome do Senhor Jesus Cristo. É por isso que a intercessão é tão importante na evangelização. É imprescindível que antes que se realize qualquer trabalho evangelístico, faça-se oração pedindo ao Senhor que cubra-nos com o sangue de Jesus Cristo; a nós e a nossos familiares, enquanto estamos saqueando o inferno, entrando no terreno inimigo, no nome do Senhor Jesus.

Como dissemos anteriormente, não fixe o olhar para as pessoas, para os problemas, para as tribulações. Olhe para o Deus que prometeu salvar toda a sua família se você tão somente crer nEle (At 16: 31). Mesmo que alguém por quem você esteja orando seja, aos seus olhos, difícil de se converter, Deus quer salvá-lo.

Não importa quem você é e o que acha a respeito de si próprio. Através das suas orações, Deus quer alvoroçar o mundo. Faça-o. Ele está pronto a te escutar.

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CAPÍTULO 14 – MISSÕES DIRIGIDAS POR DEUS

Estamos chegando ao fim deste livro (você já deve ter percebido pelo número de páginas que faltam).

Tendo como base Atos 1:8, vimos até agora a Igreja cumprindo três dos quatro passos desta ordem. Jerusalém, toda a Judéia e Samaria, já foram conquistadas para o Senhor Jesus. Falta agora o último e mais difícil passo: “até os confins da terra”. E a Igreja começa a cumprir esta missão em Atos 13 com Paulo e Barnabé em sua primeira viagem missionária.

“E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.”

Atos 13: 2

Alguns podem se perguntar: Por que Deus escolheu a Paulo para ser missionário entre os gentios e deixou Pedro e João, por exemplo, somente entre os Judeus? Não vamos discutir aqui qual dos três possuía maior poder de Deus ou quem era mais ungido pelo Espírito do Senhor. Entendemos que os três possuíam todos os dons do Espírito e eram igualmente ungidos por Deus. O que iremos discutir é uma frase que muitas vezes passa desapercebida no evangelho de Mateus.

“E a um deu cinco talentos, e a outro, dois, e a outro, um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe.”

Mateus 25: 15 (grifo meu)

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Deus não despreza a capacidade natural de uma pessoa; antes, a aperfeiçoa. Deus escolheu a Paulo, porque ele, através de sua capacidade, tinha livre acesso no mundo conhecido. O que não poderia ocorrer com Pedro e João.

Por favor, não me entenda mal. Não estamos dizendo com isso que Deus não use os menos estudados; por favor, não é isso! O que estamos querendo dizer é que Deus usa as pessoas certas para as funções certas. Veja o relato de Paulo sobre o seu próprio ministério missionário:

“E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivera debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, como se estivera sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns.”

I Coríntios 9: 20-22

O que Paulo está fazendo no texto acima é uma expressão moderna: missão transcultural.

Conselhos práticos

Meu conselho para você que quer fazer a obra de Deus é: estude, estude, estude! Se você acha que o seu chamado é para pregar a Palavra de Deus, devore a Bíblia; faça um curso de idiomas – inglês seria uma boa opção – faça um curso de Teologia e não se esqueça de seus estudos seculares. Estude o máximo que puder.

Se você tem chamada missionária, ore para que o Senhor lhe revele para onde ele quer que você vá e

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então estude a língua desse povo, seus usos e costumes. Enquanto estuda, ore pelos mesmos, esteja se preparando e Deus vai honrar a sua chamada.

Para reforçar o que estamos falando, devemos lembrar que em determinadas situações, Paulo usava a sua condição de cidadão romano em benefício próprio (At 16: 37), e o mais importante de tudo: nunca deposite o seu ministério em mãos humanas! Nunca deixe um homem dirigir os seus passos.

“E, passando pela Frigia e pela província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia. E, quando chegaram a Mísia, intentavam ir para a Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lho permitiu. E, tendo passado por Mísia, desceram a Trôade. E Paulo teve, de noite, uma visão em que apresentava um varão da Macedônia e lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos!”

Atos 16: 6-9

Pouco depois de Paulo ter ido para a Macedônia, chegou a uma cidade chamada Filipos, onde depois de ter expulsado um demônio de uma jovem, foi açoitado com varas e jogado na prisão, mas ele sabia a qual Deus estava servindo.

“Por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho, porque eu sei em quem tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele Dia.”

II Timóteo 1: 12

Dificuldades, problemas, tribulações, perseguições, etc, sempre irão existir, mas sempre faça questão de estar no centro da vontade de Deus para a sua vida.

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Que Deus lhe abençoe e nos dê ousadia para que estejamos alvoroçando o mundo!

PALAVRA FINAL

Deus tem feito arder no meu coração as palavras do profeta Amós:

“Eis que vêm dias, diz o Senhor Jeová, em que enviarei fome sobre a terra, mas não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor.”

Amós 8: 11

O Senhor tem procurado homens e mulheres que tenham verdadeiramente sede e fome das suas palavras, que busquem a sua presença muito mais do

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que as suas bênçãos, que não se conformem nunca com a sua condição espiritual no momento e a cada dia busquem mais de Deus para suas vidas.

O padrão de Deus para a sua Igreja ao longo dos séculos é o que está relatado no livro de Atos.

Por mais de mil e quinhentos anos, o poder de Deus foi substituído por rituais, mas graças a Deus, nesses últimos dias, tem-se levantado um exército que não tem compromisso com este mundo e com o pecado. Um exército que manifesta o poder de Deus e está alvoroçando o mundo! Aliste-se. Deus está contando com você! Ele quer usar a sua vida para que você, também esteja alvoroçando o mundo.

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