a importância da atividade física após os 60 anos...
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A importância da atividade física após os 60 anos
Miguel Marciano Rosa Neves da Silva1
e-mail: [email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em Fisiologia do Exercício – Faculdade Faserra
Resumo
O aumento da população considerada idosa, vem se aumentando de forma
acentuada e já neste século XXI, resultará em aumento nas demandas sociais e
econômicas. Este fato implica inclusive a mudança no perfil de adoecimento e traz
repercussões para a qualidade de vida e para políticas públicas, que passam a
enfatizar a promoção da saúde, a manutenção da autonomia e a valorização das
redes de suporte social. A prática regular de exercícios físicos é uma estratégia
preventiva primária, atrativa e eficaz, para manter e melhorar o estado de saúde
física e psíquica em qualquer idade, possuindo influências diretas e indiretas para
prevenir e/ou retardar as perdas funcionais do envelhecimento, diminuindo o risco
de enfermidades e transtornos frequentes na terceira idade. O objetivo do estudo é
realizar uma revisão bibliográfica acerca da importância da atividade física na
saúde das pessoas acima dos 60 anos e analisar os artigos, livros, periódicos
produzidos sobre o tema. Utilizou-se como metodologia para atingir ao objetivo
proposto, a pesquisa bibliográfica, de caráter descritivo e exploratório. Conclui-se
que é urgentemente necessária a investigação sobre as melhores e mais eficazes
intervenções de atividades físicas que melhorem o cumprimento de longo prazo
para um estilo de vida fisicamente ativo.
Palavras chave: Atividade física; Idosos; Qualidade de vida.
1 Pós-graduando em Fisiologia do Exercício.
2 Orientadora, Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestre em Bioética e Direito
em Saúde.
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1. Introdução
Com a idade, o corpo demora um pouco mais para reparar em si, mas a atividade
física moderada é boa para pessoas de todas as idades e níveis de habilidade. Na
verdade, os benefícios para os idosos que se exercitam regularmente superam os
riscos. Mesmo as pessoas idosas com doenças crônicas podem exercer com
segurança uma atividade física. Várias condicionantes no dia a dia do idoso são
melhoradas com o exercício, incluindo a doença de Alzheimer e
demência, doenças cardíacas, diabetes, câncer, pressão arterial elevada e
obesidade1.
Muitos adultos com 60 anos ou mais gastam, em média, 10 horas ou mais por dia
sentado ou deitado, tornando-se um grupo etário mais sedentário.
Há fortes evidências de que as pessoas que são ativas têm um menor risco de
cardiopatias, acidente vascular cerebral, diabetes tipo 2, alguns tipos de câncer,
depressão e demência. Se a pessoa quiser ficar livre de dor, reduzir o risco de
doença mental, e ser capaz de sair e ficar bem independente na velhice, são
aconselhados a manter-se em movimento2,3,4.
À medida que as pessoas envelhecem e seus corpos declinam da função, a
atividade física ajuda a retardar esse declínio. É importante que se permaneça
ativo ou até mesmo aumente a atividade à medida que se envelhece5.
A inatividade física é reconhecida como um fator de risco para doença arterial
coronariana. A atividade física aeróbica regular aumenta a capacidade de exercício
e desempenha um papel tanto na prevenção primária e secundária de doença6.
O exercício físico aumenta a capacidade funcional cardiovascular e diminui a
demanda de oxigênio do miocárdio em qualquer nível de atividade física em
pessoas aparentemente saudáveis, bem como na maioria dos indivíduos com
doença cardiovascular. A atividade física regular é necessária para manter estes
efeitos de formação. O risco potencial de atividade física pode ser reduzida por
avaliação médica, estratificação de risco, supervisão e educação1,7.
O exercício pode ajudar a controlar alterações lipídicas no sangue, diabetes e
obesidade. Além disso, o exercício aeróbico adiciona um efeito de redução da
pressão arterial independente em certos grupos hipertensos com uma diminuição
considerável, bem como, a pressão arterial sistólica e diastólica8.
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Há uma relação direta entre inatividade física e mortalidade cardiovascular. A
inatividade física é um fator de risco independente para o desenvolvimento da
doença da artéria coronária9.
Existe uma relação entre a quantidade de exercício realizada a partir de cerca de
700-2000 kcal de gasto de energia por semana e todas as causas de mortalidade
por doenças cardiovasculares em populações de meia-idade e idosos.10.
Os efeitos mais benéficos da atividade física na mortalidade por doenças
cardiovasculares pode ser alcançado através de atividade de intensidade
moderada (40 % a 60% do consumo máximo de oxigênio, dependendo da idade). A
atividade pode ser acumulada por meio de programas de treinamento formal ou
atividades físicas no lazer. Embora a maioria dos dados de suporte sejam
baseados em estudos em homens, descobertas mais recentes mostram resultados
similares para mulheres11.
Resultados de estudos agrupados revelam que pessoas que modificam o seu
comportamento após o infarto do miocárdio e que passam a incluir o exercício
regular tem aumentado as taxas de sobrevida. Estudos recentes revelaram que
várias intervenções intensivas, como a cessação do tabagismo, redução de lipídios
no sangue, controle de peso e atividade física diminuiu significativamente a taxa de
progressão e, em alguns casos, levou à regressão na gravidade das lesões
ateroscleróticas em pessoas com disfunção coronária. Além disso, dados limitados
indicam que o exercício de maior intensidade em comparação com o exercício de
baixa intensidade melhora a fração de ejeção ventricular esquerda em pessoas
com doenças das artérias coronárias2,8.
2. Fundamentação Teórica
2.1 Conceitos relevantes de velhice, envelhecimento e idosos.
Ao tentar-se conceituar idoso se faz necessário estabelecer duas diferenciações:
envelhecimento e velhice3. O envelhecimento é implacável para todo. É um
processo que se inicia com o nascimento e vai até à morte.
Embora existam definições comumente usadas da velhice, não há consenso sobre
a idade em que uma pessoa fica velha. A utilização conjunta de uma idade de
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calendário para marcar o limiar da velhice assume similaridade com a idade
biológica, mas, ao mesmo tempo, é geralmente aceito que estes dois não são
necessariamente sinônimos12.
Falar sobre a velhice é falar sobre tempo, história, memória e valores. A velhice é
associada com a morte, com o declínio irreversível e com a fraqueza do corpo,
fantasmas que rodeiam a todos, a despeito dos esforços que venham a fazer em
relação à manutenção da juventude e à melhoria da aparência e do estilo13.
O processo de envelhecimento é, naturalmente, uma realidade biológica que tem a
sua dinâmica própria, em grande parte fora do controle humano12.
O envelhecer é um processo natural e inevitável que faz parte da vida de todo
indivíduo, tal como a infância, adolescência e maturidade, com características e
oportunidades próprias. É neste momento que o indivíduo passa a deixar o vigor da
juventude e começa a se aproximar da velhice, pois com o tempo o corpo vai se
modificando gradualmente.
Velho é aquele que tem diversas idades: a idade do seu
corpo, da sua história genética, da sua parte psicológica e da
ligação com a sua sociedade. É a mesma pessoa que sempre
foi. Se foi um batalhador, vai continuar batalhando; se foi uma
pessoa alegre, vai continuar alegrando; se foi uma pessoa
insatisfeita, vai continuar insatisfeita; se for ranzinza, vai
continuar ranzinza14.
Os velhos se configuram como uma categoria independente do resto da sociedade,
separados como grupo com características próprias. Psicologicamente, para a
maioria dos indivíduos, a velhice é difícil de ser percebida, quanto mais, tornar-se
consciente e assumida. Para a maioria, ela é um irrealizável. Portanto, envelhecer
pressupõe uma crise de identidade, com uma autoimagem de declínio,
dificuldades, doenças, morte15.
É preciso conhecer a idade cronológica, mas também as condições psíquicas,
econômicas e sociais da pessoa, para que o conceito resultante represente a
totalidade, e não somente aquela dimensão que impressione mais o observador.
Para isso é necessária uma mentalidade aberta, que supere preconceitos e
atitudes negativas em relação à velhice, e que se considere a idade não como algo
5
determinante das possibilidades vitais de uma pessoa, mas como uma variável
acrescida às que condicionam sua situação14.
Porém, atualmente, além da idade, são consideradas outras características
pessoais, como por exemplo, o estado físico, as doenças, a história pessoal e
profissional, o equilíbrio familiar e social, de tal maneira que é avaliada a pessoa
em sua complexidade, e não somente por uma variável histórica importante, mas
não determinante da capacidade vital individual14,15.
A autora lembra ainda que, uma vez que em nós é o outro que é velho, a revelação
de nossa idade vem através dos outros, referindo que, mesmo enfraquecido,
empobrecido, exilado no seu tempo, o idoso permanece, sempre, o mesmo ser
humano, o que varia é como ele envelhece com a origem nas condições de vida16.
O envelhecimento populacional significa um crescimento mais elevado da
população idosa em relação aos demais grupos etários. Isso é resultado de suas
mais altas taxas de crescimento, dada a alta fecundidade prevalecente no passado,
comparativamente à atual, e também à redução da mortalidade12.
A velhice e o envelhecimento são partes integrantes da condição humana, mesmo
assim, existe muito desconhecimento e preconceito sobre esses fenômenos,
provavelmente porque são associados ao declínio e à morte, ideias mal toleradas
pelo ser humano, mas que são contraditórios a medida que se tem buscado na
ciência o prolongamento da vida10.
Ser velho não é o contrário de ser jovem. Envelhecer é simplesmente passar para
uma nova etapa da vida, que deve ser vivida de uma maneira mais positiva,
saudável e feliz possível. Portanto, ao conceituarmos velhice, dessa ou daquela
maneira, estaremos apenas captando parte do todo, não toda a sua essência. E
estaremos imprimindo nessa interpretação, da qual surgirá um conceito, uma
apropriação, uma recriação de algo14.
2.2 Processos do envelhecimento
Envelhecer pressupõe alterações físicas, psicológicas e sociais no indivíduo.
Tais alterações são naturais e gradativas e estão registrados em estudos
demográficos que mostram como é rápido e expressivo o crescimento da
população de idosos no mundo, resultado da diminuição progressiva das taxas de
fecundidade e mortalidade, e do aumento da expectativa de vida das pessoas14.
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A teoria que mais se destaca é a de que parte do princípio da deterioração dos
mecanismos de síntese proteica realizada pelas células do corpo é um processo
fundamental para a manutenção da vitalidade orgânica14.
O processo de envelhecimento se reflete na pele, na saúde e no sistema
imunológico. Com a idade, algumas capacidades, como a velocidade de
aprendizagem e memória, diminuem. Os fatores psicológicos, como a inteligência e
a capacidade cognitiva, são fatores importantes para a esperança de vida saudável
e contra os fatores do envelhecimento12,13.
As proteínas estão ligadas a produção de energia no nosso organismo pela
constituição de tecidos, órgãos e enzimas. As mudanças relacionadas às proteínas
interferem profundamente no envelhecimento, diminuindo a energia e vitalidade do
organismo17.
Por outro lado os genes, componentes dos aminoácidos e que formam o nosso
patrimônio genético, também podem sofrer a influência de fatores externos e se
alterarem, sofrendo as denominadas mudanças, que ocorrem nas radiações que ao
alterarem os genes provocam alguns tipos de câncer, influenciando
psicologicamente na vida dos idosos, que sentem-se muitas vezes,
menosprezados pela própria família e tidos como um grande fardo15,17.
Assim, o processo de envelhecimento é um processo ativo sendo de certa maneira
imposto pelo próprio organismo segundo um programa localizado dentro de nosso
patrimônio genético e que também recebe influencia do meio externo, e assim o
idoso recebe influências que afetam direto sua maneira de ver a velhice e o seu
próprio processo de envelhecimento.
Alguns fatores que influenciam o meio interno são a radiação, altitude, temperatura,
poluição, alimentação e tensão emocional. As alterações sofridas pelo corpo são
inúmeras, sendo elas:
a) alterações na forma do corpo: o nariz e a orelha continuam crescendo, o corpo
diminui, os órgãos sofrem com a diminuição da função essencial17,18.
b) alterações no sistema respiratório: há uma diminuição na expansibilidade da
caixa torácica pelas fibras de colágeno se espessarem e o depósito de cálcio
naquele local aumentar, provocando uma rigidez da cartilagem.
c) alterações no sistema digestório: O número de células do fígado diminui. d)
alterações no sistema urinário:
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Com o aumento do tecido fibroso há uma diminuição na contagem de glomérulos.
Em cerca de 75% dos idosos a próstata aumenta de volume, independentemente
da ocorrência de enfermidades”, o que altera nos homens a questão referente a
qualidade social18.
O envelhecimento de um indivíduo está associado a um processo biológico de
declínio das capacidades físicas, relacionados às novas fragilidades psicológicas e
comportamentais. Então, o estar saudável deixa de ser relacionado com a idade
cronológica e passa a ser entendido como a capacidade do organismo de
responder às necessidades da vida cotidiana, a capacidade e a motivação física e
psicológica para continuar na busca de objetivos e novas conquistas pessoais e
familiares12,15.
Envelhecer é um processo lento e progressivo. Ninguém envelhece da noite para o
dia. Como estas mudanças acontecem de forma contínua, é necessário adaptar-se
a elas durante toda a vida. No princípio do século passado, a expectativa de vida
da população era de 35 anos. Atualmente, calcula-se que, nos países
desenvolvidos, seja de 74 anos para homens e 82 para mulheres. No Brasil,
segundo pesquisa feita em 2000, a expectativa de vida é de 64 anos para homens
e 72 para mulheres, e infelizmente o Estado ainda está muito aquém de atender à
demanda destes e direcionar políticas públicas de qualidade para este segmento
da população17.
A velhice é um fenômeno preponderantemente feminino. A expectativa de vida das
mulheres nos países menos desenvolvidos é de 50 anos e nos desenvolvidos é de
80, mas, em ambos, elas vivem mais que os homens. Nos países desenvolvidos,
essa vantagem varia entre cinco e oito anos14.
O comportamento é parte crucial do envelhecimento no que se condiz ao aspecto
psicológico. A pessoa que está em constante envelhecimento procura se inserir em
um cotidiano em que seu corpo e mente não suportam mais, e devido a isso,
começam a se sentir sem utilidade para a sociedade, o que é o reflexo do mal
cuidado com a vida social em que há uma necessidade de reinventar a forma de
viver o envelhecimento12,18.
Considerando a partir do século XX, quando o envelhecimento passou a ser mais
amplamente estudado, foi ficando cada vez mais claro que o processo não poderia
ser contextualizado só por fatores orgânicos e fisiológicos, porque, junto às
transformações corporais, e interagindo com elas, as pessoas apresentavam
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mudanças de comportamento, de papeis, de valores, de status, de crenças, de
acordo com as diferentes fases e grupos etários a que pertenciam e também em
função de suas escolhas e adaptações individuais ao longo do seu ciclo de vida14.
2.3 Atividade física
As atividades físicas são desenvolvidas com o intuito de proporcionar na pessoa
idosa o bem estar físico, como também exercitá-los a fim de evitar as possíveis
consequências do sedentarismo que contribui para uma péssima qualidade de
vida. Com a realização das atividades como: movimentação corporal, exercícios
respiratórios, alongamentos, relaxamento e treinamentos tanto de coreografias
como para competição em olimpíadas, fazem com que a pessoa idosa se sinta
mais animada, aumenta a força muscular e a capacidade cardiorespiratória
melhora a qualidade do sono, ajuda as dietas para perda e para ganho de peso,
reduz as gorduras, também aumenta a autoestima, alivia o estresse, reduz o
isolamento social, combate a depressão e ajuda na prevenção de doenças como
hipertensão arterial, diabetes mellitus, osteoporose, entre outras19.
A atividade física também funciona como fonte de conhecimento e comunicação,
de sentimentos e emoções, de prazer estético e fator de desenvolvimento de
evolução da espécie humana. A atividade física regular contribui muito para evitar
as incapacidades associadas ao envelhecimento e de fundamental importância
para controlar a doença e evitar sua progressão20.
Quando bem organizadas, constante e prazerosa, promove benefícios à saúde e
propicia maior longevidade, amenizando as alterações fisiológicas, funcionais,
sócio-afetivas e psíquicas comuns ao envelhecimento21.
Sem dúvida, um dos melhores remédios para enfrentar a chegada da terceira idade
é a prática regular de uma atividade física. Ela é uma modalidade de intervenção
efetiva para reduzir e prevenir um número de declínios funcionais associados ao
envelhecimento7,13.
A atividade física regular tem valor no aumento da capacidade funcional, assim
evitando e/ou corrigindo tais problemas. Como uma consequência do
condicionamento, a sensação de energia do indivíduo é aumentada e o bem-estar
físico é aumentado. Em muitas condições de doença, a atividade física regular
também é capaz de maximizar a função residual”. Novamente, essa resposta é
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geralmente acompanhada por uma redução de sintomas e um aumento do bem-
estar físico22.
Os ganhos individuais de bem estar nem sempre estavam intimamente
correlacionados aos ganhos de aptidão física, sugerindo que o beneficio para a
saúde possa ser derivado dos efeitos psicológicos positivos da participação,
independentemente de qualquer reação fisiológica de condicionamento ao
programa de exercícios22.
A atividade física regular pode ter efeitos benéficos sobre o apetite e os
movimentos intestinais, que são frequentes preocupações dos idosos frágeis.
Certos autores observaram que o exercício regular aumentava a quantidade,
porém não necessariamente a qualidade, dos alimentos ingeridos. Muita coisa
depende da motivação para o exercício19,22.
A dificuldade de dormir é uma razão comum para uma deficiência do bem-estar no
idoso e, caso o exercício seja realizado bem cedo durante o dia, ele pode auxiliar a
corrigir essa dificuldade Contudo, se as sessões de exercícios forem organizadas
muito tarde no período da noite, seu efeito estimulante pode aumentar a dificuldade
do participante em adormecer. Talvez mais importante que essas descobertas de
alterações físicas seja a evidência de que o exercício geralmente induz pelo menos
uma melhora temporária do estado de ânimo. De fato, muitas pessoas indicam que
a principal razão pela qual se exercitam é para "se sentir melhor20,21.
Os especialistas são unânimes em afirmar que o exercício físico mesmo para quem
começa a praticar aos sessenta anos alcança benefícios importantes para a saúde.
A escolha da modalidade deve ser individualizada. Não há receita única para as
pessoas, por isso é importante a procura de um profissional competente que
escolha a atividade ideal de acordo com as condições e preferências pessoais.
Assim, proporcionará benefícios físicos associados à sensação de bem-estar,
satisfação e prazer22.
3. Metodologia
Esta pesquisa se caracteriza por ser bibliográfica de cunho explicativo, onde será
desenvolvida a partir de material já elaborado e publicado, constituído
principalmente de livros, revistas e artigos científicos, realizado no período de abril
de 2016 a novembro do mesmo ano.
10
Quanto aos fins a pesquisa é descritiva uma vez que esta trabalha com um arsenal
de significados, observações, percepções e valores nos que diz respeito ao objeto
estudado, representando a questão profunda no contexto dos fenômenos sociais.
Quanto aos meios, a pesquisa será teórica, de caráter bibliográfico e documental,
sendo consultados documentos que embasem o tema ora proposto.
A metodologia aplicada na realização deste trabalho foi uma revisão bibliográfica,
baseada em pesquisa de livros e periódicos das bibliotecas de instituições da
cidade de Manaus e acervos pessoais de especialistas da área. Também foram
pesquisados artigos em base de dados do Bireme (Lilacs e Medline), Pubmed e
Scielo.
Para a pesquisa dos artigos foram utilizadas as seguintes palavras-chave:
Atividade física, idosos, qualidade de vida, terceira idade.
A revisão literária enquanto pesquisa bibliográfica tem por função justificar os
objetivos e contribuir para própria pesquisa. E a pesquisa bibliográfica consiste no
exame desse manancial, para levantamento e análise do que já produziu sobre
determinado assunto que assumimos como tema de pesquisa científica.
4. Resultados e discussão
Os benefícios da atividade física e aptidão estendem-se a pacientes com
comprometimento cardiovascular estabelecido Isto é importante porque, por um
longo tempo, descanso e inatividade física tinham sido recomendado para
pacientes com doenças cardíacas2,7.
Várias revisões sistemáticas mostraram claramente a importância de engajar-se
em exercício regular para atenuar ou reverter o processo da doença em pacientes
com doença cardiovascular1,8,9. Em resumo, a atividade física regular é claramente
eficaz na prevenção secundária da doença cardiovascular e é eficiente em atenuar
o risco de morte prematura entre homens e mulheres2,4,8.
Um estudo prospectivo mostrou que caminhar pelo menos 2 horas por semana foi
associado com uma redução na incidência de morte prematura de 39% a 54% de
qualquer causa e de 34% a 53% de doença cardiovascular em doentes com
diabetes2,5.
Diversos ensaios clínicos foram conduzidos sobre a formação aeróbia e resistência
de forma benéfica para o controlo da diabetes; no entanto, o treinamento de
11
resistência pode trazer maiores benefícios para o controle glicêmico do que o
treinamento aeróbico7.
Em resumo, as intervenções de exercício para pacientes com diabetes são
benéficas para melhorar a homeostase da glicose. Estudos prospectivos com
acompanhamento adequado mostram uma forte associação entre exercício e
redução das taxas de morte por qualquer causa e de diabetes em particular.
Pesquisa futura precisa se concentrar em examinar os efeitos da dose (intensidade
e frequência de exercício)23.
Ainda há uma escassez de informações sobre a eficácia da atividade física na
prevenção de morte por câncer ou de qualquer causa em pacientes com câncer.
Um estudo inicial de acompanhamento envolvendo mulheres com câncer da mama
revelou pouca associação entre atividade física recreativa total e o risco de morte
por câncer de mama24; no entanto, o estudo teve algumas importantes limitações.
Dois estudos recentes de acompanhamento envolvendo pacientes com câncer
(mama e cólon) revelou que o aumento da atividade física auto-relatada foi
associada a uma reincidência e diminuiu o risco de morte por câncer25. Uma
investigação revelou uma redução de 26% a 40% no risco relativo de morte
relacionada ao câncer e recorrência de câncer de mama entre as mulheres mais
ativas em comparação com as menos ativas23. Outros estudos têm mostrado
associação semelhante Há esforços em curso para tentar entender o mecanismo
deste efeito de sobrevivência, incluindo os efeitos do exercício sobre a eficácia da
atividade física regular. Também foi mostrado ser associado com uma melhoria na
qualidade geral da vida e estado de saúde dos pacientes com câncer22,23.
Em resumo, a atividade física regular parece conferir um benefício de saúde a
doentes com câncer estabelecido. No entanto, mais pesquisas são necessários
para examinar o seu papel na prevenção secundária do câncer. Em particular,
grandes ensaios clínicos randomizados que avaliaram a eficácia de uma
intervenção de exercícios são necessários para elucidar plenamente a importância
da atividade física regular para o estado de saúde de pacientes com câncer25.
Evidências preliminares de um estudo indicam que o treinamento é eficaz em
melhorar a densidade óssea em mulheres mais velhas (75-85 anos de idade) com
baixa densidade óssea. Além disso, um estudo envolvendo mulheres que iniciam
mais cedo o processo de pós-menopausa revelou que um programa de
treinamento intensivo de 2 anos foi eficaz em atenuar a taxa de osteoporose.26 Em
12
resumo, as evidências preliminares indicam que a atividade física regular é uma
estratégia preventiva secundária eficaz para a manutenção da saúde dos ossos e
da luta contra a osteoporose.
Pessoas de todas as idades devem incluir a atividade física em um programa
abrangente de promoção da saúde e prevenção de doenças e deve aumentar sua
atividade física habitual a um nível adequado às suas capacidades, necessidades e
interesses 2,9,21.
Atividades como caminhadas, passeios pedestres, subir escadas, exercício
aeróbio, ginástica, treino de resistência, correr, andar de bicicleta, natação e
desportos como o tênis, futebol, basquetebol são especialmente benéficos quando
realizados regularmente 2,8,25.
A atividade física pode ter riscos, bem como benefícios, embora os riscos sejam
relativamente pouco frequentes3.
5. Conclusão
Há um grande campo de conhecimento sobre o exercício, mas os dados sobre o
exercício e os seus efeitos sobre o sistema cardiovascular e sobrevivência a longo
prazo ainda são limitadas.
O conhecimento básico das alterações anatômicas, bioquímicas e fisiológicas que
resultam de vários padrões de atividades físicas em pessoas de diferentes idades
são necessárias, como uma determinação para saber se é necessário um certo
limiar mínimo de intensidade da atividade física para obter o verdadeiro benefício.
O impacto biomédico e econômico da participação em programas de exercício
sobre a doença arterial coronariana, cerebrovascular e doença vascular periférica,
insuficiência cardíaca e hipertensão também deve ser avaliada. O funcionamento
psicossocial das pessoas com doença arterial coronariana e o valor potencial de
exercício na melhoria da qualidade de vida de pacientes cardíacos e outros justifica
um estudo mais aprofundado. Estudos futuros deverão incluir um número suficiente
de mulheres, grupos étnicos e os idosos para obter melhores resultados da
pesquisa.
A investigação deve ser continuada para estabelecer a relação custo-eficácia dos
programas de atividade física para a melhoria da saúde em pessoas acima de 60
anos, com foco no tipo de estratégias promocionais necessário para iniciar e
13
manter a atividade física bem como o contexto social de tal atividade. A pesquisa
também deve envolver questões como a forma que atividade física pode prevenir
ou diminuir a duração de hospitalização de pacientes com doenças
cardiovasculares, osteoporose, diabetes e até o câncer.
Fatores sociais, culturais, étnicos e pessoais que afetam o desenvolvimento ou
manutenção de padrões ao longo da vida de atividade física devem ser
identificados e incorporados em estratégias de promoção do exercício.
É urgentemente necessária a investigação sobre as melhores e mais eficazes
intervenções de atividades físicas que melhorem o cumprimento de longo prazo
para um estilo de vida fisicamente ativo. Métodos inovadores, não tradicionais de
aumentar a atividade física na população devem ser desenvolvidos, implementados
e avaliados.
Em resumo, o desenvolvimento futuro de estudo deve incidir não só sobre os
benefícios da atividade física, mas também os métodos utilizados para facilitar a
disseminação do conhecimento presente e futuro a todos os membros da
sociedade.
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