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*Aurea Helena dos Santos: Professora de Educação Física pelo Estado do Paraná ** Cléia Renata Teixeira de Souza: Professora Mestre em Educação Física pela UEM.
A importância dos Jogos e Brincadeiras para o Processo de Ensino e
Aprendizagem na sala de Recursos
*Aurea Helena dos Santos
**Cléia Renata Teixeira de Souza
RESUMO
Ao considerarmos que os educandos que participam da Sala de Recursos apresentam um nível de impulsividade acentuado, onde os jogos e as brincadeiras podem ser utilizados como instrumentos de mediação para desenvolvimento da atenção percepção de si e do outro, nas relações com o ambiente favorecendo os aprendizados próprios da Educação Física. Surgindo a pergunta quais as estratégias de intervenção do professor de Educação Física por meio dos jogos e brincadeiras na sala de recursos? Este projeto tem como objetivo geral identificar qual a contribuição da Educação Física para a Sala de Recursos. Pois atualmente os profissionais educadores têm-se preocupado com a questão da dificuldade de aprendizagem dos alunos, principalmente quando está ligado a alunos que apresentam déficits na aprendizagem, sendo assim são encaminhados para a Sala de Recursos que se trata de um espaço onde o trabalho pedagógico realizado se destina a contribuir com a na minimização das dificuldades de aprendizagem dos alunos. Dar um novo sentido às aulas de Educação Física é um exercício que requer amplas possibilidades de intervenção onde os jogos e brincadeiras que desempenha na formação do educando ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica, devendo possibilitar no aluno o pensar em tudo que aprende juntamente com o desenvolvimento afetivo e social. E o papel do professor de Educação Física, por meio de observações feitas durante o jogo, pode identificar as formas de pensamento da criança, os caminhos que ela percorreu, os erros mais comuns, as tentativas de acertos, levantamento de hipóteses, entre outros. E, desta forma, desenvolver uma prática educativa que considere essas informações visando o desenvolvimento pleno do educando. Este trabalho apresenta estratégias de ação que será aplicada na escola em questão seguindo um cronograma pré estabelecido
Palavra Chave: Educação Física, Jogos, Sala de Recursos
INTRODUÇÃO
O Movimento mundial pela educação inclusiva é uma ação política, cultural,
social e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de
estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de
_______________________________________________________________
discriminação. A educação inclusiva constitui um paradigma educacional
fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e
diferença com valores indissociáveis, e que avança em relação à idéia de equidade
formal ao contextualizar as circunstancias históricas da exclusão dentro e fora da
escola..
A Sala de Recursos, é um espaço onde o trabalho pedagógico realizado se
destina a contribuir com a minimização das dificuldades de aprendizagem dos
alunos, no que diz respeito aos encaminhamentos metodológicos, práticas em sala
de aula, organização e atendimento, propostas de avaliação, procedimentos de
intervenção e à relação estabelecida entre professor e aluno, seguindo a lei vigente
que garante o acesso de todos os alunos à escola. (SILVA, 2008)
Portanto há a necessidade de propostas metodológicas alternativas que
auxiliem no desenvolvimento cognitivo e na aprendizagem do aluno com distúrbios,
de modo a instrumentalizar o trabalho do professor das Salas de Recursos.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 e a
Resolução do CNE 02/01, que regulamentou seus artigos 58, 59 e 60, garantiu aos
alunos com necessidades educacionais especiais o direito de acesso e
permanência no sistema regular de ensino. As Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial na Educação Básica – Parecer nº 17/01 do Conselho Nacional
de Educação, estabeleceu o atendimento educacional aos alunos com
necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino, que deverá ser
efetivado mediante serviços de apoio especializado na classe comum, sala de
recursos ou classe especial. A Deliberação 02/03 do CEEPR, estabeleceu critérios
para o funcionamento da Sala de Recursos no Ensino Fundamental de 5ª a 8ª
séries, na Área da Deficiência Mental e Distúrbios de Aprendizagem.
Em um modelo de sociedade inclusiva parece ser consenso a ideia de que é
preciso reconhecer as diferentes potencialidades de cada ser humano, as pequenas
conquistas valorizadas e considerar o processo durante a aprendizagem, pois cada
momento é importante e serve como estímulo para desenvolver novos
conhecimentos.
Profeta (2007) explica que o ato de educar todos os alunos no ensino
regular e propiciar a eles oportunidades iguais implica em ações complexas e
desafiadoras que o ensino formal e seus professores talvez não queiram enfrentar,
uma vez que o enfrentamento requisita a responsabilidade coletiva da escola, como
apoio de uns aos outros em trocas de experiência e de recursos para essa
finalidade. Vygotsky (1997) concentrou sua atenção nas habilidades que crianças
com deficiências possuem e que poderiam formar a base para o desenvolvimento
de suas capacidades.
Sacks (2000) explica que as capacidades surgem em razão da deficiência.
Nesse prisma o autor destaca que não interessa que deficiência tem a criança, mas
que criança tem deficiência.
Ao considerarmos que os educandos que participam da Sala de Recursos
apresentam um nível de impulsividade acentuado; que em geral, na escola, os
movimentos são cercados na maior parte do tempo ou aprisionados em carteiras
enfileiradas; que, embora o discurso sobre autonomia impere, o adestramento e/ou
a domesticação do pensamento e do corpo são marcantes nas práticas educativas e
que o professor de Educação Física tem como compromisso orientar e medir as
aprendizagens que envolvem a cultura corporal dos alunos, esse estudo tem sua
justificativa na necessidade de se construir uma prática pautada na cientificidade da
área. quando falamos em inclusão escolar, nos referimos a todas as formas possíveis por meio das quais se busca, no decorrer do processo educacional escolar, combater a exclusão, maximizando a participação em educação de todos os alunos dentro de uma área, quaisquer que sejam as origens das barreiras que experimentam em sua aprendizagem (SANTOS, 2004, p. 214).
Este trabalho tem como objetivo geral de identificar qual a contribuição da
Educação Física para a Sala de Recursos, seguindo dos objetivos específicos de
estimular as crianças da Sala de Recursos a executarem jogos e brincadeiras;
refletir a respeito dos jogos e brincadeiras como componente curricular da Educação
Física e analisar as estratégias pedagógicas da sala de Recursos. O público alvo
deste são os alunos da 5° série da Sala de Recursos do Ensino Fundamental do
Colégio Estadual Duque de Caxias Ensino Fundamental e Médio.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada no desenvolvimento deste trabalho se constituiu
de uma pesquisa qualitativa de campo, sendo aquele capaz de incorporar a
questão do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, às relações,
e às estruturas sociais, sendo essas últimas tomadas tanto no seu advento quanto
na sua transformação, como construções humanas significativas. (MINAYO, 1996,
p.10)
Os dados coletados são mais uma forma de palavras ou figuras do que
números. Estes dados incluem entrevistas transcritas, notas de campo, fotografias,
produções pessoais, depoimentos ou outra forma de documento. O pesquisador
qualitativo tenta analisar os dados em toda sua riqueza, respeitando, no possível, a
forma de registro ou transcrição. Na abordagem investigativa de âmbito qualitativo
nada é trivial, toda manifestação tem potencial para fornecer pistas importantes na
construção e compreensão do fenômeno estudado.
Como afirma TRIVIÑOS (1987), as descrições dos fenômenos estão
impregnadas de significado que o ambiente lhe imprimi, produto de uma visão
subjetiva. Desta forma, a interpretação dos resultados tem como base à percepção
de um fenômeno num contexto
As aulas de Educação Física na Sala de Recursos têm, como
características a proposta de jogos como instrumentos mediadores e conteúdos nas
práticas educativas, o movimento corporal que expressa as emoções e os
sentimentos e a impulsividade, próprios da infância (LEONTIEV, 2006).
Ao planejar as atividades a serem propostas e desenvolvidas na Sala de
Recursos, o professor de Educação Física tem ao seu dispor os jogos e as
brincadeiras, que além de serem elencados como um dos blocos de conteúdos da
disciplina fazendo parte do cotidiano infantil, contextualizando múltiplas
aprendizagens a própria criança. (BRASIL, 1998)
A aprendizagem do jogo é definido por Kishimoto (1996) como, o uso de
brinquedos, jogos e materiais pedagógicos e a construção da modalidade de
aprendizagem do aluno.
Esse estudo vem contribuir para a tomada de consciência dos professores
de Educação Física na rede pública de um município do Paraná a respeito da
necessidade de atualização de estratégias para as aulas no espaço da sala de
recursos, bem como investigar novas pesquisas na área.
O trabalho pedagógico especializado na Sala de Recurso deve constituir um
conjunto de procedimentos específicos, de forma a desenvolver os processos
cognitivos, motores e sócio-afetivo-emocionais do aluno. O professor deve elaborar
o planejamento pedagógico individual, com metodologia e estratégias diferenciadas
para atender as necessidades de cada aluno.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os profissionais da educação têm-se preocupado com a questão da
dificuldade de aprendizagem dos alunos. De acordo com Ciasca (2003) o distúrbio
de aprendizagem se caracteriza por uma disfunção do sistema nervoso central, já a
dificuldade escolar está relacionada especificamente à um problema de ordem ou
origem de método de ensino. Contudo, Dockrell & McShane (2000) afirmam que as
dificuldades de aprendizagem podem ser decorrentes de déficits cognitivos que
prejudicam a aquisição de conhecimentos como também, na maioria delas, são
apenas resultantes de problemas educacionais ou ambientais que não estão
relacionados a um comprometimento cognitivo.
Assim, “O papel da Educação Física é transcender o senso comum e
desmistificar formas arraigadas e equivocadas em relação às diversas práticas e
manifestações corporais”. (PARANÁ, 2006, p.21). Assim assumi-se um papel de
construção de uma cultura reflexiva, não mais a prática pela prática, movimento pelo
movimento.
A Sala de Recursos, é um espaço onde o trabalho pedagógico realizado se
destina a contribuir com a na minimização das dificuldades de aprendizagem dos
alunos, no que diz respeito aos encaminhamentos metodológicos, práticas em sala
de aula, organização e atendimento, propostas de avaliação, procedimentos de
intervenção e à relação estabelecida entre professor e aluno, seguindo a lei vigente
que garante o acesso de todos os alunos à escola. (SILVA, 2008)
O Movimento mundial pela educação inclusiva é uma ação política, cultural,
social e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de
estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação. A
educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na
concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença com valores
indissociáveis, e que avança em relação à idéia de equidade formal ao
contextualizar as circunstancias históricas da exclusão dentro e fora da escola.
(CADERNO CEDES, 2008)
O trabalho pedagógico especializado na Sala de Recurso deve constituir um
conjunto de procedimentos específicos, de forma a desenvolver os processos
cognitivos, motores e sócio-afetivo-emocionais do aluno. O professor deve elaborar
o planejamento pedagógico individual, com metodologia e estratégias diferenciadas
para atender as necessidades de cada aluno.
Os jogos e brincadeiras apresentam valores específicos para todas as fases
da vida humana, cuja finalidade é essencialmente pedagógica. Por isso devem ser
abordados nas aulas de Educação Física de forma a respeitar o origem cultural do
indivíduo.
Segundo a Deliberação Nº 02/03 do Conselho Estadual de Educação e a
Instrução Nº 05/2004, da Secretaria de Estado da Educação, a Sala de Recursos é
um serviço especializado de natureza pedagógica que apóia e complementa o
atendimento educacional realizado em classes comuns do ensino fundamental de 5ª
a 8ª séries.(PARANÁ, 2003)
O atendimento é específico aos alunos regularmente matriculados do ensino
fundamental de 5ª a 8ª séries. Portanto, exige a obrigatoriedade de matrícula na
classe comum do ensino regular, que se destinam aos alunos que apresentam
necessidades educacionais especiais: alunos egressos da educação especial ou de
sala de recursos de 1ª a 4ª séries, e ainda aqueles que apresentam problemas de
aprendizagem com atraso acadêmico significativo, distúrbios de aprendizagem e/ou
deficiência mental e que necessitam de apoio especializado complementar para
obter sucesso no processo de aprendizagem na classe comum. (SILVA, 2008)
Entende-se que o trabalho realizado nas salas de recursos deve ser o de
suplementar, aprofundar, enriquecer o currículo e complementar (para os demais) o
atendimento educacional realizado em classes comuns da educação básica,
utilizando recursos pedagógicos diversificados, adequados às necessidades
educacionais especiais dos alunos. Os professores que atuam nas Salas de
Recursos de 5ºª a 8ª séries devem, portanto, utilizar uma grande diversidade de
estratégias na estruturação das intenções educacionais para que seus alunos se
apropriem dos conhecimentos. (PARANÁ, 2003)
Em 2004, o Paraná, fundamentado na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional nº 9394/96, nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial
na Educação Básica Resolução nº 02/01, em seu Parecer nº 17/2001- CNE
(Conselho Nacional de Educação) e na referida Deliberação nº 02/2003/CEE,
implanta também as Salas de Recursos da rede estadual de 5ª a 8ª séries, cujo
objetivo essencial é trabalhar com alunos que apresentam, conforme já dito,
deficiência mental/intelectual, altas habilidades/superdotação, transtornos globais do
desenvolvimento e transtornos funcionais específicos, de forma a apoiar,
complementar ou suplementar o processo de apropriação de conhecimentos das
salas comuns/regulares. (PARANÁ, 2004)
Segundo a Instrução nº.013/08 (Paraná, 2008), no Paraná, no segundo
segmento do Ensino Fundamental, 5ª a 8ª séries, são atendidos em Sala de
Recursos alunos egressos de outros programas de Educação Especial como
classes especiais e sala de recursos de 1ª a 4ª séries, ou aqueles que apresentam
dificuldades acentuadas de aprendizagem com atraso acadêmico significativo,
decorrentes de Deficiência Mental/Intelectual e /ou Transtornos Funcionais
Específicos. A referida Instrução nº013/2008 traça as diretrizes necessárias para o
funcionamento das Salas de Recursos, desde sua definição, população elegível a
ser atendida, como se dá sua identificação ainda na sala comum, trabalho
pedagógico especializado a ser desenvolvido, formas de organização do trabalho na
sala de recursos até o desligamento do aluno dessa sala.
Assim, a população de alvo atendidas pelas Salas de Recursos no Paraná é
a que apresenta: Deficiência Mental/Intelectual Transtornos Funcionais
Específicos: DDA - Distúrbio do Déficit de Atenção, TDAH – Transtorno do Déficit
de Atenção com Hiperatividade e os Distúrbios de Aprendizagem (dislexia,
discalculia, disgrafia, e disortografia). (PARANÁ, 2008)
O aluno deverá receber atendimento de duas a quatro vezes por semana,
não ultrapassando duas horas diárias, em horário diferente daquele em que
freqüenta a classe comum.
Na sala de recursos, para 20 horas semanais, o número máximo é de 30
(trinta) alunos, atendidos por intermédio de cronograma preestabelecido, podendo o
aluno ser atendido individualmente ou em grupo de até 10 alunos, organizados
preferencialmente por faixa etária e/ ou conforme as necessidades pedagógicas
semelhantes.
O trabalho na Sala de Recursos deverá ser complementado ainda com
orientação aos professores do Ensino Comum juntamente com a equipe
pedagógica, nas adaptações curriculares, avaliações e metodologias que serão
utilizadas pelos professores. O professor da Sala de Recursos deve atender de
forma individual o aluno com Deficiência Mental/Intelectual e/ou Transtornos
Funcionais Específicos, com ênfase à complementação do trabalho do professor
das disciplinas e deve realizar a avaliação do aluno que apresenta necessidades
especiais no contexto escolar (PARANÁ, 2008, p. 3).
Os alunos que necessitam participar da sala de recurso trata-se de uma
oferta da educação especial em forma de serviços e recursos especializados, que
possibilitam um atendimento direcionado, um trabalho objetivo e intencional que
respeita as necessidades pedagógicas diferenciadas dos alunos.
O jogo é considerado importante atividade na educação, uma vez que
permite o desenvolvimento afetivo, motor, intelectual, cognitivo, social, moral e
aprendizagem de conceitos. Ao jogar, o aluno experimenta, descobre, inventa,
exercita e confere suas habilidades. A atividade lúdica estimula a curiosidade, a
iniciativa e a autoconfiança, proporciona aprendizagem, desenvolvimento da
linguagem, do pensamento, da concentração e da atenção, aspectos indispensáveis
à saúde e ao bom desempenho acadêmico. (BRENELLI, 1996)
Brenelli (1996) apresenta a inversão dos jogos na educação como:
Pode se supor que um trabalho sistemático por meio de jogos, com
sujeitos que apresentam dificuldades na aprendizagem, desencadeie
o processo de equilibração responsável pela estruturação cognitiva e
a tomada de consciência. Isso ocorre porque uma situação problema
engendrada pelo jogo constitui um desafio ao pensamento, isto é,
uma perturbação que, ao ser compensada, resulta em progresso no
desenvolvimento do pensamento (BRENELLI, 1996, p.34)
Segundo Macedo, Petty e Passos, (2000) o jogo possibilita a produção de
uma experiência significativa para as crianças, tanto em termos de conteúdos
escolares como do desenvolvimento de competências e habilidades. A aplicação
dos conhecimentos adquiridos num contexto de jogos e as contribuições do jogar
podem ser analisadas sob diferentes perspectivas.
Estar atento, organizado e coordenar diferentes pontos de vista são
fundamentais para se obter um bom desempenho ao jogar e também podem
favorecer a aprendizagem na medida em que a criança passa a ser mais
participativa, cooperativa e melhor observadora. Além disso, a ação de jogar exige,
realizar interpretações, classificar e operar informações, aspectos que têm uma
relação direta com as demandas relativas às situações escolares.
Segundo Macedo (1992), Os jogos pedagógicos podem ser considerados
também uma situação privilegiada, tanto afetiva como socialmente. Afetivamente, o
educando tem contato com todo um universo de relações como o domínio do ciúme,
da inveja, a limitação através das regras, entre outros. Socialmente, sente a
necessidade da linguagem, dos códigos, das regras de comportamento social, da
cooperação, entre outros.
O jogo estimula o contato e o respeito aos colegas e professores na escola,
a criança aprende a ter paciência para esperar a sua vez de jogar, exercita a
diplomacia no contato com os outros e a concentração. Ao jogar é preciso prestar
atenção nas suas atitudes (ou estratégias) e nas atitudes (ou estratégias) dos
colegas. O jogo favorece o desenvolvimento do senso de responsabilidade, o
respeito às regras e o cuidado com o material utilizado. (PIAGEN apud Kishimoto,
1996)
Para Piaget, apud Kishimoto (1996), o jogo é a construção do
conhecimento, principalmente nos períodos sensório motor e préoperatório. Agindo
sobre os objetos, as crianças estruturam seu espaço e seu tempo, desenvolvendo a
noção de causalidade, o que faz com que cheguem à representação e, finalmente, à
lógica. O jogo, portanto, tem importantes elementos necessários à aprendizagem.
Em relação às crianças deficientes mentais, o jogo lhes dá a possibilidade de
aprender de acordo com o seu ritmo e suas capacidades. Para Macedo, Petty e Passos:
No jogo ganha-se ou perde-se. Nas brincadeiras, diverte-se passa-
se um tempo, faz-se de conta. No jogo as delimitações (tabuleiro,
peças, objetivos, regras, alternância entre jogadores, tempo, etc.)
são condições fundamentais para sua realização. Nas brincadeiras
tais condições não são necessárias. O jogar é uma brincadeira
organizada, convencional, com papéis e posições demarcadas. (...)
O jogo é uma brincadeira que evoluiu. (2005, p. 14)
Quando se pensa em desenvolvimento intelectual (aspecto cognitivo): o
objetivo da utilização dos jogos ou materiais pedagógicos é principalmente o
desenvolvimento das capacidades intelectivas, estruturas mentais e raciocínio
lógico: exploração, aquisição, memorização, classificação, seriação,
reconhecimento, representação, regras, planejamento, raciocínio lógico,
criatividade, imaginação, expressão. (ALMEIDA, 2003)
Almeida (2003, p.83) diz “os jogos devem possibilitar o aluno a pensar em
tudo que aprende, encontrando respostas para os porquês e soluções inteligentes
para solucionar os problemas relativos à escola e a sua vida”.
O desenvolvimento afetivo e social: o objetivo da utilização dos jogos,
brinquedos ou materiais pedagógicos prima pelo desenvolvimento da afetividade e
da socialização: identificação, auto-afirmação, sentimentos, emoções, valores (juízo
moral), comunicação.
Os jogos irão favorecer as descontrações, coordenações de ponto de vista,
construções de relações, porém não deve ser o único instrumento utilizado pelo
professor, mais um recurso a mais no processo ensino aprendizagem, são capazes
de fornecer um contexto rico para que a criança supere seus limites. Necessário se
faz salientar que não é o jogo por si mesmo que possibilita a aprendizagem, mas o
ato de jogar, que depende de uma compreensão, mesmo que mínima, das regras
que compõe o jogo. (ALMEIDA, 2003) O jogo é considerado como um responsável pelo desenvolvimento das estruturas intelectuais, pois a criança, ao jogar depara-se com problemas a serem resolvidos e, para alcançar seu objetivo cria e organiza procedimentos estratégias. (BRENELLI, 1996, p.141)
O autor afirma, ainda, que o jogo é um momento sério na vida da criança.
Ao jogar ela expressa sua forma de pensar e utiliza todo o seu potencial para tentar
resolver o desafio. Existem inúmeros jogos pedagógicos que podem ser construídos
em escalas industriais, artesanais ou em simples encadernações, que estimulam o
desenvolvimento das habilidades cognitivas.
Estes apresentam a evidência dos mesmos aspectos do comportamento e
características semelhantes aos jogos intelectivos ou jogos de raciocínio são os
jogos didáticos, por exemplo: quebra-cabeças, dobraduras, entre outros. No
entanto, mesmo com tantas classificações e diversas possibilidades de jogos o
educando deve entendê-lo como um fator de desenvolvimento para estimulá-lo no
exercício do pensamento e nas suas tomadas de decisões
Ximenes (2000) define os jogos de tabuleiro como uma “peça de madeira,
plástico, alumínio e etc., com rebordos; bandeja; Quadro subdividido em 64 casas
quadradas, e sobre o qual se joga xadrez, damas, etc”. (p.76) Utilizados
individualmente, duplos e coletivos.
O professor, por meio de observações feitas durante o jogo, pode identificar
as formas de pensamento da criança, os caminhos que ela percorreu, os erros mais
comuns, as tentativas de acertos, levantamento de hipóteses, etc. e, desta forma,
desenvolver uma prática educativa que considere essas informações visando o
desenvolvimento pleno do educando.
Relato de experiência
O atendimento educacional especializado deve integrar a proposta
pedagógica da escola, envolver a participação da família e ser realizado em
articulação com as demais políticas públicas.
O jogo é para a criança um fim em si mesmo, ele deve ser para nós um
meio de educar, de onde seu nome jogo educativo que toma cada vez mais lugar na
linguagem da pedagogia maternal (Girard, 1908, p 199). É preciso tentar buscar
novos horizontes, buscar a coragem dos educandos para dentro da sala de aula. E
que a criança possa se sentir querida e privilegiada. O lúdico é uma excelente
alternativa.
Negrine (2000) afirma que a capacidade lúdica está diretamente relacionada
a sua pré-história de vida. Acredita ser, antes de mais nada, um estado de espírito e
um saber que progressivamente vai se instalando na conduta do ser devido ao seu
modo de vida.
O lúdico refere-se a uma dimensão humana que evoca os sentimentos de
liberdade e espontaneidade de ação. Abrange atividades despretenciosas,
descontraídas e desobrigadas de toda e qualquer espécie de intencionalidade ou
vontade alheia.
Caillois (1986) afirma que o caráter gratuito presente na atividade lúdica é a
característica que mais a deixa desacreditada diante da sociedade moderna.
Entretanto, enfatiza que é graças a essa característica que permite que o sujeito se
entregue à atividade despreocupadamente.
Assim, o jogo, a brincadeira, o lazer enquanto atividades livres, gratuitas são
protótipos daquilo que representa a atividade lúdica e longe estão de se reduzirem
apenas a atividades infantis.
Para desenvolver atividades educativas, os professores devem mergulhar
no universo das crianças e descobrir o que elas realmente gostam fazer. A
brincadeira tem se revelado um dos melhores veículos no processo de uma
aprendizagem criativa, isso porque os pequenos se sentem familiarizados a
diversão e não se desgastam com a velha teoria da “obrigação de saber. Com os
jogos educativos na escola, as crianças adquirem conhecimentos brincando e nem
percebem essa evolução.
Foi aplicado diversos jogos onde estes foram confeccionados pelos próprios
alunos como o jogo de xadrez, dama, bingo, dado, caça palavras, quebra cabeça,
dominó de frase e de tabuada.
Estes jogos tem por objetivo tornar mais rápido o raciocino dos alunos,
estimulando o pensamento independente, a criatividade, podendo ainda aumentar a
motivação para a aprendizagem, desenvolver a autoconfiança, raciocino lógico-
dedutivo, concentração e a interação dos alunos em sala de aula.
Essas atividades exercem um papel extremamente importante para a
aquisição do conhecimento, conceitos e habilidades matemáticas. Entendemos
ainda que a análise dos resultados e a intervenção adequada do professor induzem
a construção e reconstrução dos conceitos relativos ao conteúdo proposto.
O jogo e a exploração de materiais concretos podem ser um caminho para a
aprendizagem, pois, permitem tornar as aulas mais interessantes, atrativas,
participativas e principalmente significativas para os alunos, porém para se trabalhar
com jogos em sala de aula é necessária uma preparação e reflexão por parte do
docente, pois o mesmo deve ter clareza e firmeza do conteúdo abordado.
Situações educacionais que permitiram a utilização de jogos,
desencadeando o processo de estruturação cognitiva foram favorecidas todas as
vezes em que o professor jogou, vivenciou a mediação, analisou os jogos e,
principalmente no circuito, quando interagiu com os alunos.
As habilidades desenvolvem-se por que, ao jogar, os alunos têm a
oportunidade de resolver problemas, investigar e descobrir a melhor jogada; refletir
e analisar as regras, estabelecendo relações entre os elementos do jogo e os
conceitos. Esses jogos foram utilizados como um recurso didático para facilitar a
compreensão e socialização dos alunos, porém ficou explicito que a aprendizagem
ocorra quando o jogo termina, pois os alunos fizeram vários questionamentos e
durante os mesmos foi possível esclarecer varias dúvidas, dentro da capacidade de
cada educando.
A vivência do circuito de jogos demonstrou que é possível oportunizar aos
alunos das salas de recursos condições favoráveis ao desenvolvimento das funções
cognitivas, quando se propõe aprender a pensar. Alunos e professores mediadores
tiveram uma experiência muito significativa que pode contribuir para mudanças na
escola.
Todos os professores coparticipantes perceberam que o comportamento do
aluno, numa situação de mediação, é diferente daquele apresentado quando a
preocupação consiste apenas em transmitir conhecimentos.
Diante da atividade aplicada os alunos interagiram bastante, algumas
duplas ajudaram outras que não estavam se saindo bem, fizeram silencio e se
concentraram o que foi uma surpresa, pois acreditávamos que seria um pouco
difícil, devido aos problemas ligado a concentração e intelecto dos educandos.
Acredito que foi muito proveitosa e gratificante a aplicação desta atividade, pois
ficou constatado que os alunos assimilaram bem o conteúdo abordado na atividade,
discutiram idéias, desenvolveram a produção de estratégias, fizeram estimativas
dentro de seus limites, encontrando possíveis imagens, discutindo domínios,
desenvolvendo assim o gosto pela descoberta.
CONCLUSÃO
A educação inclusiva preconiza um ensino em que aprender não é um ato
linear, continuo, mas fruto de uma rede de relações que vai sendo tecida pelos
aprendizes, em ambientes escolares que não discriminam, que não rotulam e que
oferecem chances de sucesso para todos, dentro dos interesses, habilidades e
possibilidades de cada um. Por isso, quando apenas avaliamos o produto e
desconsideramos o processo vivido pelos alunos para chegar ao resultado final
realizamos um corte totalmente artificial no processo de aprendizagem.
Ao contrário, quando optamos por avaliar aquilo que o educando é capaz de
produzir, a observação, a atenção às repostas que o mesmo dá às atividades que
estão sendo trabalhada, as análises das tarefas que ele é capaz de realizar fazem
parte das alternativas pedagógicas utilizadas para avaliar. O processo de avaliação
que é coerente com uma avaliação inclusiva acompanha o percurso de cada
educando, suas evoluções, competências e conhecimentos.
Partindo dessa premissa, com o presente trabalho, ressalto a experiência
pedagógica que buscou-se vivenciar em grupo e que já demonstra um novo olhar do
educador aos direitos da pessoa com deficiência, ao compromisso do professor em
primar por uma educação para todos.
Já percebe-se nova tomada de atitude de aluno para aluno, não mais
discriminando, mas respeitando. Já sentimos uma nova forma dos pais conceberem
o papel da escola, não somente o de repassar conhecimento, mas o de ser um
espaço para todos que dele necessitarem.
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