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A Interpretação
das Escrituras
A. W. Pink
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Traduzido do original em Inglês
Interpretation of the Scriptures
By A. W. Pink
Este e-book consiste apenas no Cap. 19 da obra supracitada.
Via: PBMinistries.org
(Providence Baptist Ministries)
Tradução por Camila Rebeca Almeida
Revisão por William Teixeira
Capa por William Teixeira
1ª Edição: Fevereiro de 2017
Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida
Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.
Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida
permissão do ministério Providence Baptist Ministries, sob a licença Creative Commons Attribution-
NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.
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A Interpretação das Escrituras
Por A. W. Pink
Capítulo 19
________________________________________
26. A origem das palavras. Uma enorme quantidade de tempo, pesquisa e estudo tem
sido dedicado a isso, e os homens de grande erudição têm reunido os resultados de seu
trabalho em volumes que são enormes e caros. No entanto, na opinião do escritor, esses
estão longe de possuir aquele valor que tem sido muitas vezes atribuído a eles, ele também
não os considera quase indispensáveis para o pregador, como muitos têm afirmado. Sem
dúvida, eles contêm informações de considerável interesse para etimologistas, mas como
um meio para interpretar as Escrituras, os léxicos são muito superestimados. Um
conhecimento da derivação das palavras usadas nas Escrituras originais não pode ser
essencial, pois é inalcançável para a grande maioria do povo de Deus. Além disso, as
tentativas para chegar a essas derivações, muitas vezes não são de todo uniformes, pois
os melhores hebraístas estão longe de ser unânimes quanto às raízes particulares a partir
do qual são formadas várias palavras no Antigo Testamento. Para nós parece muito
insatisfatório, sim, profano, voltar-se para poetas e filósofos pagãos para descobrir como
certas palavras gregas eram usadas antes que fossem empregadas no Novo Testamento.
Porém, o que é ainda mais direto ao ponto, um tal método é arruinado diante do emprego
real que o Espírito Santo faz de vários termos.
Em vista do que foi dito na décima oitava regra de exegese, não me proponho a
escrever muito sobre esse ponto. Em vez disso, vamos nos limitar a um único exemplo, que
ilustra a frase final do parágrafo anterior, e que, ao mesmo tempo, refuta um erro que é
muito difundido atualmente. Muitos dos que negam que os ímpios serão punidos
eternamente apelam para o fato de que adjetivo grego aionios simplesmente significa
“tempo duradouro”, e que eis ton aiona (Judas 13) e eis aionas aionon (Apocalipse 14:11)
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significa “pela era” e “pelas eras das eras” e “para sempre” e “para todo o sempre”. A
simples resposta é dada; ainda assim, é insignificante para o ponto em questão. Verda-
deiramente, essas expressões gregas são apenas termos temporais, pela razão suficiente
de que as mentes dos antigos eram incapazes de compreender o conceito de eternidade.
Portanto, a linguagem empregada por aqueles que foram destituídos de uma revelação
escrita de Deus não é de proveito nenhum, quer a favor ou contra a respeito da imensidão
da bem-aventurança do redimido ou da miséria do perdido. Para verificar isso devemos
observar como os termos são usados na Sagrada Escritura.
As conexões em que o Espírito Santo usou a palavra aionios não deixa qualquer
espaço para qualquer incerteza sobre o seu significado na mente de um investigador
imparcial. Essa palavra não ocorre apenas em expressões como “destruição eterna”, “fogo
eterno”, “castigo eterno”, mas também em “vida eterna” (Mateus 25:46), “salvação eterna”
(Hebreus 5:9), “eterna glória” (1 Pedro 5:10); e com toda a certeza esses são atemporais.
Ainda mais decisivamente, essa palavra está ligada com a subsistência da Divindade:
“Deus eterno” (Romanos 16:26). Novamente, a força e o alcance da palavra são claramente
vistos no fato de que ela é a antítese daquilo que é de duração limitada: “as [coisas] que se
veem são temporais, e as que se não veem são eternas” (2 Coríntios 4:18). Agora, é óbvio
que se as coisas temporais durassem para sempre, não poderia haver contraste entre elas
e as coisas que são eternas. Igualmente certo é que se as coisas eternas fossem somente
“duradouras”, elas não seriam diferentes das coisas temporais. O contraste entre o temporal
e o eterno é tão real e tão grande como entre as coisas “visíveis e invisíveis”. Mais uma
vez, em Filemon, verso 15, aionios (traduzido como “para sempre”) é colocado em oposição
a “por algum tempo”, mostrando que um é o oposto do outro — “o retivesses para sempre”
manifestamente significa nunca o expulsar ou mandá-lo embora.
Antes de deixar esse assunto deve ser salientado que o desespero absoluto da
condição dos perdidos encontra-se não somente no fato de que sua punição é dita ser
eterna, mas em outras considerações colaterais que são igualmente definitivas. Não há um
único caso registrado na Escritura de um pecador sendo salvo após a morte, nem qualquer
passagem estendendo qualquer promessa para tal. Por outro lado, há muito do contrário.
“O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem
que haja remédio” (Provérbios 29:1), o que não seria o caso se, depois de “eras” em fogo
purificador, ele fosse finalmente admitido no Céu. Aos seus inimigos, Cristo disse:
“...morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, não podeis vós vir” (João 8:21); pelo fato
da morte haver selado o seu destino. Este fato é igualmente certo a partir daquelas terríveis
palavras de Cristo: “a ressurreição da condenação” (João 5:29), o que exclui todo vislumbre
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de esperança quanto à sua recuperação na próxima vida. Para o apóstata “já não resta
mais sacrifício pelos pecados” (Hebreus 10:26). “Porque o juízo será sem misericórdia
sobre aquele que não fez misericórdia” (Tiago 2:13). “Cujo fim é a destruição” (Filipenses
3:19). Por isso é que está escrito no fim da Escritura: “Aquele que é injusto, faça injustiça
ainda: e quem está sujo, suje-se ainda” (Apocalipse 22:11) — assim como a árvore cai,
assim também permanecerá ali para sempre.
27. A regra da comparação e contraste. Embora esta regra seja muito menos
importante para o expositor do que muitas das outras, é de profundo interesse; e, embora
pouco seja conhecido, ainda assim, esse princípio tem um lugar de destaque na Palavra.
E, considerando o que foi denominado “o par de opostos”, que nos confrontam em todas
as esferas, não deveria nos causar nenhuma surpresa encontrar que essa regra recebe tal
frequente ilustração e exemplificação nas Escrituras, e isso de várias maneiras. Deus e o
Diabo, o tempo e a eternidade, dia e noite, homem e mulher, bem e mal, Céu e Inferno, são
estabelecidos em oposição um ao outro. No princípio criou Deus os Céus e a Terra, e a
Terra tem os seus dois hemisférios, norte e sul. Assim também no Antigo e Novo
Testamentos há judeus e gentios, e após os dias de Salomão os israelitas foram divididos
em dois reinos; enquanto por toda a cristandade, encontramos o possuidor genuíno da
graça e o aquele que é meramente professo, mas não possui a graça. Seja qual for a
explicação, somos confrontados em todos os lugares com essa misteriosa dualidade: o
visível e o invisível, espírito e matéria, terra e mar, forças de ação centrífuga e centrípeta,
vida e morte.
Como apontado em uma ocasião anterior, a própria verdade é sempre dupla, e,
portanto, a própria Palavra de Deus é comparada a uma espada de dois gumes. Não
somente é, em primeiro lugar, uma revelação de Deus, e, em segundo lugar, dirigida à
responsabilidade humana; mas um grande número de passagens nela tem uma força e
significado duplos, um literal e espiritual; muitas de suas profecias possuem um
cumprimento duplo, um maior e um menor; uma vez que a promessa e o preceito, ou o
privilégio e a obrigação correspondente, são sempre combinados. Casos de pares são
numerosos. Os dois grandes luminares (Gênesis 1:16); dois de cada espécie entrando na
arca (6:19). As duas tábuas em que a lei foi escrita. As duas aves (Levíticos 14:4-7); os dois
bodes (16:7); as duas décimas de flor de farinha e os dois pães (23:13,17). O milagre
repetido da água a partir da rocha ferida (Êxodo 17; Números 20), como também Cristo
alimentando por duas vezes uma grande multidão com alguns pães e peixes. Os dois sinais
a Gideão (Juízes 6). As duas oliveiras (Zacarias 4). Os dois mestres (Mateus 6:24); as duas
fundações (7:24-27). Os dois devedores (Lucas 7:41); os dois filhos (15:11); os dois homens
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que foram ao templo para orar (18:10). As duas testemunhas falsas contra Cristo (Mateus
26:60); e os dois ladrões crucificados com Ele. Os dois anjos (Atos 1:10). As duas “coisas
imutáveis” de Hebreus (6:18). As duas bestas (Apocalipse 13).
Como Cristo enviou os Seus apóstolos em pares, assim por toda a Bíblia dois
indivíduos são mais ou menos intimamente associados: em alguns casos, um complementa
o outro, mas na maioria há um contraste marcante entre eles. Assim, temos Caim e Abel,
Enoque e Noé, Abraão e Ló, Sara e Agar, Isaque e Ismael, Esaú e Jacó, Moisés e Arão,
Calebe e Josué, Noemi e Rute, Samuel e Saul, Davi e Jônatas, Elias e Eliseu, Neemias e
Esdras, Marta e Maria, os fariseus e os saduceus, Anás e Caifás, Pilatos e Herodes, Paulo
e Barnabé. Às vezes, uma série de antíteses notáveis reúnem-se na vida de um único
indivíduo. Notavelmente esse foi o caso de Moisés. “Ele era o filho de uma escrava, e o
filho de uma princesa. Ele nasceu de uma escrava, mas viveu em um palácio. Ele foi
educado na corte, e habitou no deserto. Ele foi o mais poderoso dos guerreiros, e o mais
manso dos homens. Ele tinha a sabedoria do Egito, e a fé de uma criança. Ele não era
eloquente, e falava com Deus. Ele tinha a vara do pastor, e o poder do infinito. Ele foi o
doador da lei, e o precursor da graça. Ele morreu sozinho no monte Nebo, e apareceu com
Cristo na Judéia. Nenhum homem compareceu a seu funeral, mas Deus o sepultou” (I. M.
Haldeman).
A. T. Pierson indicou que outra série de paradoxos marcantes é encontrada naquela
notável profecia sobre o Messias em Isaías 53. Embora fosse o Filho de Deus, contudo a
sua pregação não foi crida. Ele era tido por Deus como “renovo”, mas pelos homens como
“a raiz de uma terra seca”. Servo de Yahwéh, em Quem a Sua alma se deleita, mas na
estima dos judeus Ele não possuía nenhuma formosura ou beleza. Nomeado pelo Pai e
ungido pelo Espírito, ainda assim foi desprezado e rejeitado pelos homens. Gravemente
ferido e castigado pelos pecadores, mas os pecadores crentes foram curados pelas Suas
pisaduras. Nenhuma iniquidade foi achada nEle, mas as iniquidades de muitos estavam
sobre Ele. Embora Ele mesmo era o Juiz de todos, foi levado diante do tribunal de criaturas
humanas. Sem geração, mas possuiu uma numerosa descendência. Cortado da terra dos
viventes, ainda assim, vivo para sempre. Ele teve a sua sepultura com os ímpios, no
entanto, Ele estava com o rico na sua morte. Embora contado com os injustos, Ele justifica
a muitos. Ele foi atacado pelo valente, mas Ele saqueou o valente, libertando uma multidão
de cativos da sua mão. Ele foi contado com e ridicularizado pelos transgressores, mas fez
intercessão por eles.
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É de fato notável encontrar a dualidade das coisas que nos confrontam com tanta
frequência em conexão com o plano da redenção. Com base na obra dos grandes cabeças
federais, o primeiro Adão e o último Adão, com os pactos fundamentais ligados a eles: o
Pacto das Obras e o Pacto da Graça. O último Adão com as Suas duas naturezas distintas,
constituindo-o Mediador Deus-homem. Duas genealogias diferentes são dadas a Ele, em
Mateus 1 e Lucas 3. Há Seus dois adventos distintos: o primeiro em profunda humilhação,
o segundo em grande glória. A salvação que Ele operou para o Seu povo é dupla: objetiva
e subjetiva ou coletiva e vital, a que Ele efetuou por eles, e outra que Ele opera neles —
uma justiça imputada a eles, e uma justiça comunicada. A vida Cristã é uma estranha
dualidade: os princípios do pecado e da graça sempre se opõem um ao outro. As duas
ordenanças que Cristo deu às Suas igrejas: o Batismo e a Ceia do Senhor.
Há muitos pontos de contraste entre os dois primeiros livros da Bíblia. No primeiro,
temos a história de uma família; no último a história de uma nação. No primeiro os
descendentes de Abraão são apenas poucos em número; no outro eles aumentaram a
centenas de milhares. Em Gênesis os hebreus são bem-vindos e honrados no Egito,
enquanto que em Êxodo eles são odiados e evitados. No primeiro, lemos de um faraó que
diz a José: “Deus te fez saber tudo isto” (41:39), mas no último, outro Faraó diz a Moisés:
“Não conheço o Senhor” (5:2). Em Gênesis ouvimos falar sobre um “cordeiro” prometido
(22:8), em Êxodo sobre o “Cordeiro” morto e seu sangue aspergido. No primeiro, temos
registrada a entrada de Israel no Egito; no último é descrita a saída deles. No primeiro
vemos os patriarcas peregrinando na terra que mana leite e mel; no outro os seus
descendentes estão errantes no deserto. Gênesis termina com José em um caixão,
enquanto Êxodo termina com a glória do Senhor enchendo o tabernáculo.
É interessante e instrutivo comparar as passagens sobrenaturais de Israel
atravessando o Mar Vermelho e o Jordão. Há pelo menos doze detalhes de semelhança
entre elas, o que deixaremos que o leitor verifique por si mesmo. Aqui, vamos considerar
os seus pontos de divergência. Em primeiro lugar, um conclui a saída de Israel da casa da
servidão, o outro iniciou a sua entrada na terra da promessa. Em segundo lugar, o primeiro
milagre foi operado no fim para que pudessem escapar dos egípcios, este último lhes
permitiu se aproximarem e conquistarem os cananeus. Em terceiro lugar, em conexão com
um o Senhor fez o mar se abrir por um forte vento oriental (Êxodo 14:21), mas com relação
ao outro, nenhum meio sequer foi usado — para demonstrar que Ele não está vinculado a
meios, mas que os emprega ou dispensa como Lhe agrada. Em quarto lugar, o milagre
anterior foi realizado à noite (14:21), este último em plena luz do dia. Em quinto lugar, as
multidões do Mar Vermelho foram mortas porque o Senhor fez com que as águas tornassem
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sobre os egípcios de modo que “cobriram os carros e os cavaleiros de todo o exército de
Faraó, que os haviam seguido no mar; nenhum deles ficou” (14:28), enquanto que no
Jordão nenhuma única alma pereceu. Em sexto lugar, um foi operado para pessoas que
um pouco antes estavam cheias de incredulidade e murmuração (Êxodo 14:11), o outro
para um povo que era fiel e obediente (Josué 2:24, 3:1). Em sétimo lugar, com a única
exceção de Calebe e Josué, todos os adultos que se beneficiaram do primeiro milagre
morreram no deserto; enquanto a grande maioria daqueles que foram favorecidos por
compartilhar deste último “possuíram as suas possessões”. Em oitavo lugar, as águas do
Mar Vermelho foram “divididas” (Êxodo 14:21), as do Jordão que “vêm de cima, pararão
amontoadas” (Josué 3:13). Em nono lugar, no primeiro, a morte judicial do crente para o
pecado foi tipificada; neste último foi tipificada a sua unidade legal com Cristo na Sua
ressurreição, seguido por uma entrada prática em sua herança. Em décimo lugar,
consequentemente, não houve “santificai-vos”, antes do primeiro, mas essa convocação foi
uma exigência imperativa para o último (Josué 3:5). Em décimo primeiro lugar, a resposta
dos inimigos de Israel para a intervenção do Senhor por Seu povo no Mar Vermelho foi:
“Perseguirei, alcançarei, repartirei os despojos; fartar-se-á a minha alma deles...” (Êxodo
15:9); mas no segundo, “E sucedeu que, ouvindo todos os reis dos amorreus, que
habitavam deste lado do Jordão... desfaleceu-se-lhes o coração, e não houve mais ânimo
neles, por causa dos filhos de Israel” (Josué 5:1). Em décimo segundo lugar, após o
primeiro, “Israel viu os egípcios mortos na praia do mar” (Êxodo 14:30); após o último, um
monte de doze pedras celebrou o evento (Josué 4:20-22).
Muitos exemplos desse princípio são encontrados ao observarmos atentamente os
detalhes de diferentes exemplos que o Espírito Santo colocou lado a lado na Palavra. Por
exemplo, quão súbita e estranha é a transição que nos confronta enquanto lemos 1 Reis
18-19. É como se o sol estivesse resplandecendo brilhantemente no céu claro, e no
momento seguinte, sem qualquer aviso, nuvens negras agitassem os céus. Os contrastes
apresentados nesses capítulos são nítidos e surpreendentes. No primeiro capítulo vemos
o profeta de Gileade no seu melhor; no último podemos vê-lo no seu pior. No final de um “a
mão do Senhor estava sobre Elias”, enquanto ele corria adiante da carruagem de Acabe;
no início do outro, o temor do homem estava sobre ele, e ele receava por sua vida. Ali, ele
estava preocupado somente com a glória do Senhor, aqui está ele preocupado apenas
consigo mesmo. Ali, ele era fortalecido na fé e o ajudante do seu povo; aqui ele dá lugar à
incredulidade, e é o desertor de sua nação. Em um, ele corajosamente enfrenta os
quatrocentos profetas de Baal de forma destemida, aqui ele foge em pânico pelas ameaças
de uma única mulher. Do topo do monte, ele vai para o deserto, e de suplicar ao Senhor
para que Ele vindicasse o Seu grande nome, passou a implorar-Lhe que tirasse sua vida.
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Quem teria imaginado uma sequência tão trágica? Quão forte é a exposição e exem-
plificação do contraste da fragilidade e inconstância do coração humano, mesmo em um
santo!
O trabalho de Elias e Eliseu formou duas partes de um todo, um completando o outro,
e, embora existam semelhanças evidentes entre eles há também contrastes notáveis.
Ambos eram profetas, ambos habitavam em Samaria, ambos foram confrontados com
quase a mesma situação. A queda do manto de Elias sobre Eliseu indica que este último
era o sucessor do primeiro, e que ele foi chamado para continuar a sua missão. O primeiro
milagre realizado por Eliseu foi idêntico ao último realizado por seu mestre: ferir as águas
do Jordão com o manto, para que se dividissem para os dois lados (2 Reis 2:8,14). No início
do seu ministério Elias disse ao rei Acabe: “Vive o Senhor dos Exércitos, em cuja presença
estou” (2 Reis 3:14). Como Elias foi acolhido pela mulher de Sarepta, e a recompensou,
restaurando a vida de seu filho (1 Reis 17:23), assim Eliseu foi atendido por uma mulher
em Suném e a recompensou, restaurando a vida de seu filho (2 Reis 4).
Os pontos de concordância entre os dois profetas são impressionantes, mas os
contrastes em suas carreiras e trabalho também são vívidos. Um apareceu de repente e de
forma dramática no cenário da ação pública, nenhuma palavra nos é dita a respeito de sua
origem ou como ele tinha sido chamado anteriormente; mas sobre o outro, o nome de seu
pai é registrado, e um relato é feito a respeito de sua ocupação na época em que recebeu
o chamado para o serviço de Deus. O primeiro milagre de Elias foi cerrar os céus, para que
pelo espaço de três anos e meio não houvesse nem orvalho nem chuva de acordo com a
sua palavra; enquanto que o primeiro ato público de Eliseu foi curar as fontes de água (2
Reis 2:21-22) e proporcionar abundância de água para o povo (3:20). A principal diferença
entre eles é vista no caráter dos milagres operados por e conectado com eles: a maioria
daqueles milagres realizados pelo primeiro foram associados com morte e destruição, mas
a grande maioria daqueles atribuídos a Eliseu foram obras de cura e restauração. Elias era
mais profeta de julgamento, o outro de graça. O primeiro foi marcado pela solidão,
habitando longe das multidões apóstatas; este último parece ter passado a maior parte de
seu tempo na companhia dos profetas, presidindo suas escolas. Um foi levado ao Céu num
carro de fogo, o outro ficou doente na velhice e morreu de morte natural (22:9).
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10 Sermões — R. M. M’Cheyne
Adoração — A. W. Pink
Agonia de Cristo — J. Edwards
Batismo, O — John Gill
Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo
Neotestamentário e Batista — William R. Downing
Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon
Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse
Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a
Doutrina da Eleição
Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos
Cessaram — Peter Masters
Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da
Eleição — A. W. Pink
Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer
Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida
pelos Arminianos — J. Owen
Confissão de Fé Batista de 1689
Conversão — John Gill
Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs
Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel
Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon
Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards
Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins
Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink
Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne
Eleição Particular — C. H. Spurgeon
Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —
J. Owen
Evangelismo Moderno — A. W. Pink
Excelência de Cristo, A — J. Edwards
Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon
Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink
Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink
In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah
Spurgeon
Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —
Jeremiah Burroughs
Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação
dos Pecadores, A — A. W. Pink
Jesus! – C. H. Spurgeon
Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon
Livre Graça, A — C. H. Spurgeon
Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield
Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry
Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill
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— Sola Scriptura • Sola Fide • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —
Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —
John Flavel
Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston
Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.
Spurgeon
Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.
Pink
Oração — Thomas Watson
Pacto da Graça, O — Mike Renihan
Paixão de Cristo, A — Thomas Adams
Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards
Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —
Thomas Boston
Plenitude do Mediador, A — John Gill
Porção do Ímpios, A — J. Edwards
Pregação Chocante — Paul Washer
Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon
Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado
Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200
Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon
Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon
Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.
M'Cheyne
Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer
Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon
Sangue, O — C. H. Spurgeon
Semper Idem — Thomas Adams
Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,
Owen e Charnock
Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de
Deus) — C. H. Spurgeon
Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.
Edwards
Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina
é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen
Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos
Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.
Owen
Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink
Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.
Downing
Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan
Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de
Claraval
Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica
no Batismo de Crentes — Fred Malone
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2 Coríntios 4
1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;
2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está
encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória
de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo
Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,
que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,
para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,
este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;
10 Trazendo sempre
por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus
se manifeste também nos nossos corpos; 11
E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
nossa carne mortal. 12
De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13
E temos
portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,
por isso também falamos. 14
Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará
também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15
Porque tudo isto é por amor de vós, para
que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de
Deus. 16
Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
interior, contudo, se renova de dia em dia. 17
Porque a nossa leve e momentânea tribulação
produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18
Não atentando nós nas coisas
que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se
não veem são eternas.