a irrradiacao do neoclassico pelo mundo

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A IRRADIAÇÃO DO NEOCLÁSSICO PELO MUNDO Caso dos EUA e Brasil “(...) a arquitectura greco-romana é intrinsecamente cívica e democrática.” Thomas Jefferson “(...) o ideal, a meta para todo jo- vem estudante de arte, tornar-se um grande artista.”

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A IRRADIAÇÃO DO NEOCLÁSSICO PELO MUNDOCaso dos EUA e Brasil

“(...) a arquitectura greco-romana é intrinsecamente cívica e democrática.”

Thomas Jefferson

“(...) o ideal, a meta para todo jo-vem estudante de arte, tornar-se um grande artista.”

Universidade Eduardo Mondlane

A IRRADIAÇÃO DO NEOCLÁSSICO PELO MUNDOCaso dos EUA e Brasil

Faculdade de Arquitectura e Planeamento FísicoMaputo, Março De 2013

ALVES, Layner, MAMUDO, Nazir & MULA, Ezio

Docente: Andre Paulino Pires

Indice

EUA - Contextualização.................................................................................. 5

EUA - Pre-Neoclassico...................................................................................... 6

O Neoclassicismo nos EUA............................................................................. 6Motivos Para Adopcao do NeoclassicismoCaraceristicas GeraisVariantes da Arquitectura Neoclassica nos EUA

Edifícios Notáveis................................................................................................ 10

Urbanismo................................................................................................................................17Caso de Washington

Prólogo.................................................................................................................... 2

Movimentos Antecessores............................................................................. 3

Surgimento e espansao do Neoclssico........................................................ 4

Brasil - Contextualização.................................................................................. 19

Brasil Pré-Neoclássico....................................................................................... 20

O Neoclassicismo no Brasil............................................................................... 21

Infl uências – Missão Francesa........................................................................ 22

Pintura Neoclássica no Brasil............................................................................ 23

Vertentes da Arquitectura Neoclássica no Brasil..................................... 24Arquitectura UrbanaEdifícios Notáveis na Arquitectura urbanaArquitectura ruralEdifícios Notáveis na Arquitectura rural

Conclusão............................................................................................................. 29

Bibliografi a............................................................................................................ 30

Prólogo

“Entre a morte de Luís XIV e a tomada de poder de seu neto Luís XV, a França foi governada por regentes do trono. Neste período de tempo, a corte perdeu o interesse na vida real e as cerimónias tornavam-se cada vez mais monótonas. Assim, a aristocracia começou a ganhar mais interesse na vida pessoal, pas-sando mais tempo nas mansões privadas e nos palacetes, tentando atingir o nível de conforto da corte.” (CARVALHO, 2008)

A Irradiação do Neoclássico pelo mundo

Objectivos geraisFazer perceber a qualquer leitor do que se trata o neoclassicismo e sua expansão pelo mundo.Cumprir para o cumprimento do programa da cadeira e servir como base de dados para elaboração dos testes e exames.

Objectivos específi cosEspera-se que com o trabalho o leitor possa:Identifi car alguns edifícios neoclássicos pelo mundo;Perceber um pouco mais sobre o neoclassicismo e características;Perceber como este movimento expandiu-se pelo mundo.

Espera-se também que o trabalho possa servir como referência para outros trabalhos de qualquer área e que envolvam o tema tratado.

Metodologia de trabalhoFoi feito com base em:Pesquisas feitas em websites;Procura em livros que abordam do tema;Pesquisas feitas em trabalhos passados, que abordam o tema;Conversa com individualidades conhecedoras da área.

Pompéia, séc II d.C.)

Neste mesmo período, a sociedade política se torna uma classe social individualista e intimista criando condições para o surgi-mento de formas mais ligadas a uma arte natural e privada. Aliado a agitação do iluminismo (impulsionado por avanços científi cos e tecnológicos), começa a haver maior interesse em coisas menos vulgares, dando-se mais importância à intelectualidade, trazendo grandes personalidades do campo das artes e ciências a esses saraus tornando-se os salões nos centros da vida social, cultural e artística desempenhando o papel de divulgar as novidades intelec-tuais e politicas.

O triunfo da Revolução industrial, os progressos da urbanização, o desenvolvimento científi co e técnico no campo cultural, o registo de brilhantes descobertas (monumentos, utensílios, e escritos do ex-Império Romano, ruínas das cidades de Pompeia e Herculano) nas áreas de História e Arqueologia despertam uma curiosidade pelo passado por parte da sociedade.

É nesse cenário de mudanças políticas, socioeconómicas, cientí-fi cas, tecnológicas e culturais em que se desenvolve o neoclas-sicismo (1750-1850), um movimento artístico que, a partir do fi nal do século XVIII, reagiu ao barroco e ao rococó e reviveu os princípios estéticos da antiguidade clássica, atingindo sua máxima expressão por volta de 1830. Não foi apenas um movimento artísti-co, mas cultural, refl ectindo as mudanças que ocorrem no período, marcada pela ascensão da burguesia. Essas mudanças estão rela-cionadas ao racionalismo de origem iluminista, a formação de uma cultura cosmopolita e profana.No presente trabalho far-se-á uma abordagem resumida sobre o neoclassicismo e sua irradiação pelo mundo, focando-se no caso dos EUA, Brasil.

Eugène Delacroix“A Liberdade Lidertando o Povo”

(Óleo s/ tela -1830)

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Movimentos Antecessores

Iluminismo

“Iluminismo ou Era da Razão refere-se a um movimento cultural de elite de intelectuais do séc. XVIII na Europa que procurou mobilizar o poder da razão, a fi m de reformar a sociedade e o conhecimento prévio.”

(WIKIPEDIA)

Características:• É racionalista – Acredita em Deus, na natureza, no homem e no seu entendimento através da razão.• É anticlerical – nega a necessidade de intermediação da igreja entre o homem e Deus e prega a separação entre a igreja e o estado.• As relações sociais, como os fenómenos da natureza, são reguladas por leis naturais.

Os fi lósofos iluministas acreditavam que a razão era a única forma de atingir o conhecimento, as informações colectadas pelos sentidos eram a matéria-prima a ser trabalhada pela razão.

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Barroco

“Barroco é o nome dado ao estilo artístico que fl oresceu entre o fi nal do século XVI e meados do século XVIII, inicialmente na Itália, difundindo-se em seguida pelos países católicos da Europa e da América, antes de atingir, em uma forma modifi -cada, as áreas protestantes e alguns pontos do Oriente.Considerado como o estilo correspondente ao absolutismo e à Contra-Reforma, distingue-se pelo esplendor exuberante. De certo modo o Barroco foi uma continuação natural do Renas-cimento, porque ambos os movimentos compartilharam de um profundo interesse pela arte da Antiguidade clássica, embora interpretando-a diferentemente, o que teria resultado em difer-enças na expressão artística de cada período. Enquanto no Renascimento as qualidades de moderação, economia formal, austeridade, equilíbrio e harmonia eram as mais buscadas (…)”

(WIKIPEDIA)

Características do barroco:• Dinamismo• Contrastes fortes• Dramaticidade• Exuberância, realismo e tendência ao decorativo• Manifesta uma tensão entre o gosto pela materialidade opulenta e as demandas de uma vida espiritual.

“Juduth degoando Holoferenes” por Caravagio

“Proserpina ubi” escultura por Bernini

Constitui-se como uma reacção aos excessos do barroco e do Rococó e uma tentativa de regresso à pureza e nobreza que, supostamente, se teria perdido na arquitectura. Daí o fascínio pela simplicidade das estruturas da arquitectura Grega.A arquitectura neoclássica é essencialmente, uma revalorização dos valores estéticos do classicismo grego e romano, em consequência das, então, mais recentes descobertas arqueológicas aliadas a mudanças fi losófi cas e culturais na sociedade.Floresceu na França e na Inglaterra, por volta de 1750 (meados do séc. XVIII), e estendeu-se para o resto dos países europeus, chegando ao seu apogeu em 1830 (inícios do séc. XIX) (…)

Surgimento e expansão do Neoclassico

(…) Estabeleceu uma nova retomada dos valores estéticos clássicos da antiguidade greco romana, que já haviam sido resgatados pelo renascimento nos séculos 15 e 16. Os artistas neoclássicos queriam substituir a trivialidade do barroco e rococó por um estilo lógico, de tom solene e austero. Quando os movimentos revolucionários estabeleceram repúblicas na França e América do Norte, os novos governos adoptaram o neoclassicismo como estilo ofi cial por relacionarem a democracia com a antiga Grécia e República Romana.

O neoclassicismo era um estilo que adequava-se aos ideais da época, em particular a democracia; por este motivo a sua expansao pelo mundo esteve Intrinsecamente ligada aos movimentos revolucion-arios da epoca.

Surgimento e expansão

Infl uências• Fontes impressas: Vitrúvio – Na França - (tratadista ro-mano, de escassa obra, mas de profunda infl uência no Renasci-mento e neste estilo que estudamos); Palladio - em Inglaterra e E.U.A - (arquitecto e tratadista maneirista); de assinalar a im-portância dos livros de gravuras, muito consultados.• Arqueologia (Escavações arqueológicas e monumentos antigos): o primeiro a publicar resultados foi Jean-Dénis Leroy, em 1758, com um inventário dos edifícios da Grécia Antiga (“Ruines dês Plus Beaux monuments de la Grèce”); também James Stuart e Nicholas Revett, com “The Antiquities of Athens”, 1762.

Apesar destas infl uências e da fi delidade aos modelos os arqui-tectos fi zeram uma escolha crítica dos MODELOS.

“O Neoclassicismo insere-se no período correspondente a parte fi nal da Idade Moderna e ao preliminar da Idade Contemporânea (séc. XVIII e inícios do séc. XIX).” (CARVALHO, 2008)

Foi um período marcado por:• Dinamização da produtividade principalmente na agricultura, reanimada por avanços tecnológi-cos e bons anos agrícolas;• Melhoria geral das condições de vida e no crescimento populacional resultante do crescimento económico.• Crescimento das classes populares, em especial da burguesia;• Construção de palacetes citadinos e castelos de campo, que eram o palco de um modo de vida requintado e confortável, impulsionados pela burguesia;• “Surgimento” do iluminismo e liberalismo, bases das revoluções liberais que fariam cair o absolut-ismo em prol de regimes democráticos;• Tensão e grandes alterações políticas no que diz respeito a transição de sistemas monárquicos ab-solutistas a repúblicas em alguns países como os EUA e França (independência americana e a revolução francesa).

Templo de Apolo (Pompéia, séc II d.C.)

La Rotonda por Palladio

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Contextualização

Os EUA são uma República Federal com 50 estados e um Distrito Federal.Conquistaram a sua independência a 4 de Julho de 1976 quando as treze colónias britânicas na América do norte declararam-se independentes rejeitando a política britânica a favor da autolib-eração.

EUA

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O Neoclassicismo nos EUA

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EUA Pré-Neoclassico

“A região que actualmente compõe os Estados Unidos era original-mente habitada por nativos americanos. A história escrita dos Esta-dos Unidos da América inicia-se, porém, a partir do início do século XVI, quando os primeiros exploradores europeus desembarcaram em diferentes regiões do actual Estados Unidos.” (WIKIPEDIA)

• “(…)os povos indígenas que habitavam o continente ameri-cano, já desenvolviam um método de construção de edifícios característico, adaptado a sua cultura, região, clima e aos recursos existentes.• (…) ao longo do Pacifi co, na costa noroeste e este do lago Ontario, os indígenas construíam as habitações no estilo Kwakiutl Plank House, que eram casas rectangulares feitas com ripas de madeira e possuíam decorações coloridas que variavam de família para família (…)• A descoberta do continente Americano despertou muito in-teresse das potencias europeias que disputaram para estabelecer-em suas colonias: Inglaterra na costa atlântica (1585), Espanha no novo México (1598), Franca, Suécia, Alemanha, os Países Baixos e outros países europeus em 1600.”(GRUPO 1, Irradiação do Neoclássico pelo mundo: Nos EUA (1775 – 1850), UEM-FAPF, 2012)

“Os colonos que vieram ao Novo Mundo não eram um grupo homogéneo, mas sim pertenciam à uma variedade de diferentes grupos sociais e religiosos, que instalaram-se em diferentes partes da costa leste dos Estados Unidos no Oceano Atlântico.Jamestown, foi o primeiro assentamento britânico fundado em carácter permanente no continente americano. Foi fundado em 14 de maio de 1607, no actual estado americano de Virgínia. James-town foi a capital da colónia durante 83 anos, de 1616 até 1699.

Apesar da liderança de John Smith, a fome, as relações hostis com os nativos, e a falta de rentabilidade das exportações, ameaçava a sobrevivência da Colónia nos primeiros anos, no entanto, o colono John Rolfe introduziu uma linhagem de tabaco, que foi exportado com sucesso em 1612, e as perspectivas fi nanceiras para a colónia logo se tornou muito mais favoráveis quando colonos desenvolver-am uma monocultura do tabaco. Dois anos depois, Rolfe casou-se com a jovem nativa Pocahontas, fi lha de Wahunsenacawh, chefe da Confederação Powhatan,Apos o sucesso de Jamestown, outros assentamentos surgiram e a medida que se consolidaram, deram lugar as colonias (Treze Colo-nias, o Sul e outras regiões).” (WIKIPEDIA)

• “Para a exploração das suas colonias, as potencia europeias ofereciam terras aos casais jovens que pretendiam recomeçar suas vidas (buscando melhores condições de vida) entretanto esta oferta só interessou apenas as famílias mais carenciadas e as pes-soas de ma conduta (…) Estes europeus transportaram consigo a arquitectura tradicional da sua terra natal, que mais ou menos cor-respondia ao período medieval.” (GRUPO 1, Irradiação do Neoclás-sico pelo mundo: Nos EUA (1775 – 1850), UEM-FAPF, 2012)

Habitações no estilo Kwakiutl Plank House

JamesTown

Cabanas Amerindias

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As cidades assim formadas (aglomerados populacionais) con-sistiam em construções (principalmente os serviços e equipa-mentos) organizadas ao longo de um eixo, geralmente a via de entrada e saída.

Foi-se construindo cidades deste modo até a inde-pendência, altura em que começou a haver mais in-tercâmbio cultural e económico com outras regiões do mundo (principalmente Europa) e introduziu-se o neoclássico nos EUA.

As construções em madeira eram cópias “rudimentares” das que se faziam nas vilas/cidades europeias.

“O primeiro edifício foi construído em 1858, foi baptizado por Timothy e Eliza Hersey a partir de uma passagem bíblica que signifi ca “Cidade dos Honestos”. Sendo a primeira terminal e posteriormente estacao de Butterfi eld Overland Stage Line, os Herseys estabeleceram um contracto com a companhia para servir os passageiros e empregados. O estabelecimento consis-tia em dois edifícios compridos, um estabulo e (…)

A estrutura construída a seguir foi uma residência conhecida como “O Hotel”, propriedade de C. H. Thomson, localizado na ala este de Mud Creek. Mais gente começou a chegar ao local e com eles um homem popularmente conhecido como “Old Man Jones” que ergueu uma casa comprida, que foi por ele transformada numa loja de venda de mantimentos, na sua maioria whiskey.

Vendo a vinda de gente para o território do Kansas, C. H. Thompson (…) apressadamente construindo algumas pensões para dar um ar de cidade (…)” (http://www.legendsofamerica.com/ks-abilene.html)

• “A ida para as colonias dos europeus mais cultos e ricos impulsionou o seu desenvolvimento. Por exemplo, nas colonias os arquitectos treinados eram raros. Os colonos ingleses mais ricos e cultos (gentlemen), com base nos livros de arquitectura corrente na Inglaterra, (estilo georgiano), tornaram-se auto-didactas e começaram a construir neste estilo.” (GRUPO 1, Irradiação do Neoclássico pelo mundo: Nos EUA (1775 – 1850), UEM-FAPF, 2012)

Construcoes dos colonos europeus

Cidade de Las Vegas

O neoclassicismo nos EUA foi adoptado nos fi nais do sec. XVIII e princípios do século XIX, associado princi-palmente ao ideal da democracia e liberdade.Adoptou o estilo palladiano – que varrera a Grã-Bretanha 50 anos antes, e era considerado chic na França – por motivos políticos, estéticos e intelectuais.Teve uma grande expressão na arquitectura pois foi incorporado na tentativa criar uma ligação entre os cidadãos a nova república através da arquitectura pelo Fundadores da Nação.Comparava-se a nova nação (EUA) ao Imperio Romano.

Motivos para a adopção do neoclassicismo

Motivos políticosNo império Romano o poder estava dividido em 3 (executivo, legislativo e judicial) tendo durado aproxi-madamente 482 anos.Devido ao sucesso (longa duração) estes princípios foram incorporados na Nação Americana (os três primeiros artigos da sua constituição são baseados nesse principio); os arquitectos e políticos procuraram refl ectir o sucesso da política romana, incorporando formas clássicas nos edifícios públicos pois, sugeriam valores democráticos que eram cruciais para o desenvolvimento da nação.

Motivos estéticosOrdem, simplicidade, claridade e grandeza forma princípios adoptados que baseiam-se na grandiosidade e simplicidade das formas geométricas dos edifícios romanos.

Motivos intelectuaisA arquitectura neoclássica sugere aprendizado e virtude moral, valores necessários para o crescimento da América como República.

O Neoclassicismo nos EUA

A Infl uência de Thomas Jefferson A fi delidade ao estilo neoclássico foi transplantada e cultivada na América pelo principal autor da declaração da independência dos Estados Unidos, Thomas Jefferson, que também era arquitecto, admirador da cultura artística europeia, tendo vivido durante 4 anos como embaixador dos EUA em Paris. Nessa altura viajou para conhecer pessoalmente a arquitectura de Palladio em Itália e também os jardins ingleses. Essa bagagem e ideias adquiridas, mais o aprendido nos tratados e livros de repertório, foram aplicadas por Jefferson para caracterizar a nova arquitectura do seu país.

Thomas Jefferson declarou que a arquitectura greco-romana era intrinsecamente cívica e democrática.

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Características gerais• Edifícios com frontões, colunatas e átrios; • Solidez e Poder; • Grande parte dos edifícios seguiam a morfologia dos templos clássicos; • Linhas horizontais são predominantes na volumetria; • Nitidez do contorno; • Plantas quadradas, rectangulares ou centralizadas; • Autonomia dos elementos decorativos; • Ausência de efeitos pictóricos e contrastes cromático; • Era direccionada para edifícios públicos e para a classe de elite.

Arquitectura neoclássica Idealista Tinha uma abordagem intelectual e moralista do classicismo. Era Simbólica e associativa, salientando valores com o objectivo de criar uma arquitectura expressiva. Melhor exemplo: Thomas Jefferson.

Arquitectura neoclássica RacionalistaEnfatizou a estrutura edifício e as técnicas do período clássico, tais como uma pedra, arquitraves e cúpulas.

Arquitectura neoclássica Revival-gregoPode se dizer que constituiu o primeiro estilo verdadeiramente nacional nos Estados Unidos. Tem fortes valores associativos. Permeava todos os níveis do edifício. Exemplo (Capitólio, em Columbus, em Ohio).

Variantes da arquitectura Neoclássico nos EUA

Arquitectura neoclássica FederalistaTinha uma abordagem tradicionalista para classicismo, for-temente infl uenciada pelo estilo georgiano (Charles Bulfi nch, Samuel MacIntyre) e palladiano (Palladio)

CaracterísticasA casa tem um estilo de janelas quadradas no segundo andar acima da porta da frente. A porta da frente tem geralmente uma borda e fanlight semicircular.Quando uma ordem clássica está presente (ou seja, dórico, jónicos ou coríntia), o capitel é diminuto e as colunas são delga-das.Interiores luminosos com grandes janelas e paredes brancas e tetos, e um aspecto decorativo ainda contido que enfatizava elementos racionais.

Alguns arquitectos do estilo federal são Benjamin Asher, Charles Bulfi nch, Samuel McIntire, Alexander Parris e William Thornton.

Arquitectura Federalista, fortemente infl uenciada pela casa Georgiana.

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Edifícios Notáveis

Capitólio – Washington DC

Sede do congresso americano. Foi construído entre 1972 e 1830 pro-jectado por William Thornton, Benjamin Latrobe e Charles Bulfi nch.O exterior é feito de mármore, possui colunas de ordem corintiana. No centro existe uma cúpula metálica caracterizada por estarem nela representados deuses romanos e heróis Americanos.

O edifício é destacado por sua cúpula central e por suas duas alas, cada qual para uma das camaras do Congresso: na ala norte situa-se o Senado, enquanto na ala sul situa-se a Camara dos Rep-resentantes.

Acima destas camaras encontram-se galerias a partir das quais os visitantes podem assistir as sessões.A estátua sobre a cúpula é a Estatua da Liberdade.O projecto de Thornton é inspirado na fachada leste do Louvre e no Panteão.

A cúpula possui 88m de altura, construída em 1854 durante a refor-ma de Lincoln; foi infl uenciada pelas cúpulas do Panteão de Paris, Basílica de São Pedro e a Catedral de Santo Isaac; tendo sindo esboçada por Thomas Walter.

Panteao de Paris Fachada Este do LouvreCatedral de Santo IsaacBasilica de Sao Pedro

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Capitólio – Washington DC

A Cúpula

A cúpula é o elemento mais chamativo do complexo arqui-tectónico do Capitólio. Com cerca de 88 metros de altura (…) foi projectada por Thomas Walter, um dos responsáveis pelo restante do prédio, e construída entre 1855 e 1866, tendo custado mais de US$1 mil ao governo.A actual cúpula é a segunda a ser erguida sobre o prédio do congresso. O primeiro domo foi resultado de um concurso de projectos realizado por George Washington e Thomas Jefferson em 1792, sendo vencedor William Thornton. Thornton inspirou-se no Panteão de Roma.

(Washington Aphoteosis)

Em 1865 foi feito um afresco no interior da cúpula pelo pintor italiano Constantino Brumidi pelo valor de 40 000 USD – A Apote-ose de Washington (Washington Apotheosis).

A apoteose de Washington representa George Washington subindo ao céu e tornando-se um deus. Esta imagem refl ecte a visão que o público americano tinha de Washington após a sua morte.Serviu como um símbolo da sua imortalização como herói na-cional.

“A apoteose consiste em elevar alguém ao estatuto de divin-dade, ou seja, endeusar ou deifi car uma pessoa devido a al-guma circunstância excepcional. No mundo antigo esta circun-stância era geralmente considerada para os heróis (...)A apoteose na Roma Antiga era um rito funerário da religião romana, porventura o mais honorífi co, e que elevava o defunto à categoria dos deuses. A apoteose era marcada pelo voo de uma águia desde o leito fúnebre até à morada celeste dos de-uses. O defunto recebia o qualifi cativo de divinus (divino). Júlio César foi o primeiro a receber a apoteose segundo a decisão do senado. Mais tarde, o senado decidiu aplicar a apoteose para a maior parte dos seus sucessores, incluindo Constantino I e o seu fi lho Constâncio II.”

(WIKIPEDIA)

Estatua da Liberdade, representando a Deusa Americana Columbia

Interior do Capitolio - A Cupula Washington Apotheosis por Constantino Brumidi

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Jefferson Memorial – Washington DC

Um monumento dedicado a lembrança de Thomas Jefferson, terceiro presidente dos EUA, um dos funda-dores da Nação e o escritor da Declaração da Independência.Foi inspirado no Panteão de Roma.Possui ima cúpula, colunas de ordem corintiana. Possui um átrio onde se encontra a estátua de Thomas Jefferson.

Monumento de Washington – Washington, D.C.

“O Monumento de Washington (Washington Monument) é um obelisco localizado no centro do Constitution Gardens, em Wash-ington, D.C., Estados Unidos. Foi construído como um memorial a George Washington, entre 1848 a 1885.Possui 169,7 metros de altura e é a estrutura mais alta da cidade. Quando inaugurada, tornou-se a mais alta estrutura construída pelo homem, até 1889, quando a Torre Eiffel foi inaugurada.

É constituído de mármore, granito e arenito. Foi desenhado por Robert Mills. A própria construção do monumento foi iniciada em 1848, mas não foi concluída até 1885, quase 30 anos após a morte do arquitecto. Essa ruptura na construção foi devido a uma falta de fundos e a intervenção da Guerra Civil Americana. Uma diferença de sombreamento do mármore, visível a aproximadamente 150 pés (45 m) acima, claramente delineia a construção inicial de sua reabertura em 1876.”

(WIKIPEDIA)

Vista para o Monumento de Washing-ton a partir do Memorial aos Herois da

Guerra do Vietname

Vista para Monumento de Washington a partir do Capitolio

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Casa Branca – Washington, D.C.

“A Casa Branca (White House) é a residência ofi cial e principal local de trabalho do Presidente dos Estados Unidos, sendo, ao mesmo tempo, a sede ofi cial do poder executivo naquele país.

O edifício foi construído no período compreendido entre 1792 e 1800, pintado de arenito esbranquiçado no estilo georgiano e tem sido a residência executiva de todos os presidentes ameri-canos desde o mandato de John Adams (2o Presidente dos EUA). Foi expandido por Thomas Jefferson, que ali se instalou em 1801, com o auxílio do arquitecto Benjamin Henry Latrobe, através da criação de duas colunas, cada uma das quais desti-nada a dissimular estábulos e armazéns.

A Casa Branca foi construída depois da criação do Distrito de Columbia por um Acto do Congresso em Dezembro de 1790, que visava a criação de uma nova cidade.O arquitecto foi escolhido num concurso que recebeu nove propostas, incluindo uma submetida de forma anónima por Thomas Jefferson. A honra foi concedida a James Hoban, um irlandês, e a construção começou com a colocação da pedra angular em 13 de Outubro de 1792.O presidente George Washington ajudou a escolher o local, junto com o planeador urbano Pierre L’Enfant.A construção foi completada em 1 de Novembro de 1800. Foram gastos 232.371,83 dólares ao longo de um período de oito anos de construção. O que na actualidade, com os efeitos da infl ação, equivaleria a cerca de 2,4 milhões.(...) grande parte do edifício está abaixo do nível do solo ou oculto de outra forma pelo ajardinamento.

Infl uências no desenhoO edifício desenhado por Hoban foi claramente infl uenciado pelos, primeiro e segundo andares de Leinster House, um pa-lácio ducal de Dublin, República da Irlanda, o qual é, actual-mente, o lugar das duas câmaras do Oireachtas, o Parlamento irlandês.Actualmente recebe 5.000 visitantes diários.”

(WIKIPEDIA)

Leinster House13

Lincoln Memorial – Washington DC

É um monumento em honra ao 16o presidente norte america-na, Abraham Lincoln. O arquitecto foi Henry Bacon, o escultor foi Daniel Chester French e o pintor dos murais interiores foi Jules Guerin.

“Tem a forma de um templo grego dórico, contem a estátua de Abraham Lincoln e a inscrição de dois dos seus discursos mais famosos. Foi lugar de muitos discursos famosos como o “I Have a Dream” de Martin Luther King em Agosto de 1963 aquando da marcha por emprego e liberdade em Washing-ton. A estrutura mede 57.8m de comprimento, 36.1m de largura e 30m de altura. Possui em volta um peristilo com 36 colunas Dóricas que representam os 36 estados da união (USA) aquan-do da morte de Lincoln. As colunas possuem 13m de altura com um diâmetro na base de 2.3m. Cada coluna é con-stituída por 12 tambores incluindo o capitel. Tanto as colunas como as paredes exteriores são ligeiramente inclinadas para o interior do edifício para compensar as distorções perspécticas que poderiam criar a sensação de que o topo do edifício é mais largo que a base (tecnologia importada da arquitectura grega).“

(WIKIPEDIA)

National Mall aquando da Marcha de Washing-ton em 1963 para o discurso de Martin Luther King Jr “I Have a Dream”

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Monticello (segunda versão) – Virgínia

Foi feito em duas fases:• 1ª fase (1768-1784) baseada no modelo inglês Palladiano • 2ª fase (1796-1809) baseada nas tendências neoclássicas da França.2ª fase – Após a estadia de Jefferson em França ele reconstruiu a sua casa com o objectivo de monumen-taliza-la, construída entre 1768-1809.

É considerada um dos exemplos mais claros dos primórdios do Revivalismo Clássico na Arquitectura dos EUA.Em 1987 foi designada como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO.

Universidade de VirgíniaDesenhada por Thomas Jefferson, foi designada por Vila Académica.Vista de cima parece-se com três lados de um rectângulo. Foi desenhada para proporcionar um espaço de partilha de conhecimento.Existe no campus um panteão onde funciona a biblioteca. O edifício representa a “iluminação da mente humana”.Jefferson queria que a universidade fosse baseada na “ilimitada liberdade da mente humana”. Este é um exemplo de como os ideais clássicos refl ectem-se numa única obra de arquitectura.

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Capitólio – OhioProjectado por Henry Walters e concluída em 1861 é caracteri-zado por uma fachada simples, cornija contínua e a ausência de uma cúpula que da a impressão de austeridade e grandeza ao edifício. Tem um design simétrico e abriga a Corte Suprema e uma biblioteca.

Outros edifícios

• Massachusetts State House (Boston, Massachusetts)• Tontine Crescent (Boston, Massachusetts)• Arco de Washington (New York, New York)• Beacon Hill Memorial Column (Boston, Massachusetts)• Second Bank of the United States (Philadelphia, Pensilvânia)• Bank of Pennsylvania (Philadelphia, Pensilvânia)• Philadelphia Stock Exchange (Philadelphia, Pensilvânia)• Monumental Church (Richmond, Virgínia)• Virginia State Penitentiary (Richmond, Virgínia)• Baltimore Basilica (Baltimore, Maryland)

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No séc. XIX, deu-se o crescimento das cidades. Apenas algumas foram estruturadas de raiz (onde destaca-se a cidade de Washington como um grande exemplo). Outras foram modifi cadas, no que se refere às suas áreas mais degradadas e sobrelotadas.

Características geraisRacionalização dos espaços• Grandes vias direitas que ligam as diversas praças (casos como na França e EUA);• Artérias principais que possibilitam a circulação. Ordenação e regularização de edifícios• Uniformização das fachadas:• Utilização da linha recta (casos como na França e EUA); • Fachadas planas;• Colunatas;• Arcadas;• Entablamentos rectos ou semicirculares;• Terraços. Geometrização da malha urbana• Utilização de uma malha justaposta (radiocêntrica e ortogonal).• Vias de circulação rectas.

Urbanismo

Nova cidade - Washington D.C. (exemplo)

O PlanoPrevia uma cidade centralizada no Capitólio dos E.U.A cruzada por avenidas diagonais com nomes dos Estados do país. Os cruza-mentos destas avenidas com ruas correndo num sentido norte-sul e este-oeste seriam efectuados mediante rotundas cujos nomes homenageariam grandes personalidades americanas.

Difi culdades• A relutância dos ricos proprietários de terra da região escolhida em vender suas terras. • O abandono de L'Enfant a meio da construção; • A intervenção de novos projectistas Andrew Bellicott e a Benjamin Banneker que fi nalizaram em 1800. • Adaptação do próprio plano ao terreno

Referências• Cidades francesas (Paris); • O traçado do jardim de Versalhes, Le Nôtre.

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Contextualização

“Brasil, ofi cialmente República Federativa do Brasil, é o maior país da América do Sul e o quinto maior do mundo em área territorial (equiva-lente a 47% do território sul-americano). É o único país falante da lín-gua portuguesa na América e o maior país lusófono do planeta, além de ser uma das nações mais multiculturais e etnicamente diversas, em decorrência da forte imigração oriunda de variados cantos do mundo.Foi descoberto pelos europeus em 1500, por uma expe-dição portuguesa liderada por Pedro Álvares Cabral.

Em 1815 tornou-se um reino unido com Portugal, vínculo quebrado em 1808, quando a capital do reino foi transferida de Lisboa para o Rio de Janeiro, depois de tropas francesas comandadas por Napoleão Bonaparte invadirem Portugal. A independência do país, proclamada por Dom Pedro I — o primeiro imperador do Brasil — se deu em 1822.

A sua constituição actual, formulada em 1988, defi ne o Bras-il como uma república federativa presidencialista, formada pela união do Distrito Federal, dos 26 estados e dos 5 570 municípios.”

WIKIPEDIA

Brasil

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Brasil Pré-Neoclássico“A terra agora chamada Brasil (nome cuja origem é contestada) foi reivindicada por Portugal em Abril de 1500, com a chegada da frota portuguesa comandada por Pedro Álvares Cabral.Os portugueses encontraram nativos divididos em várias tribos, a maioria das quais compartilhavam a mesma família linguística, o Tupi-Guarani.A população ameríndia era repartida em grandes nações indíge-nas compostas por vários grupos étnicos entre os quais se desta-cam os grandes grupos tupi-guarani, macro-jê e aruaque.

A colonização foi efectivamente iniciada em 1534, quando D. João III dividiu o território em doze capitanias hereditárias (…) Os por-tugueses assimilaram algumas das tribos nativas, enquanto outras foram escravizadas ou exterminadas em longas guerras ou por doenças europeias para as quais não tinham imunidade.

Em 1808, a família real portuguesa, e com ela a nobreza portugue-sa, fugindo das tropas do primeiro imperador francês, Napoleão Bonaparte, que estavam invadindo Portugal e a maior parte da Europa, estabeleceram-se na cidade do Rio de Janeiro, que assim se tornou a sede do império ultramarino português. Em 1815, Dom João Maria de Bragança (futuro Rei Dom João VI), mais conhecido no Brasil como Dom João, então Príncipe-regente de Portugal em nome de sua mãe incapacitada, a Rainha Dona Maria I, elevou o então Estado do Brasil, uma colónia portuguesa, a Reino Soberano Unido com Portugal.Em 1822 foi declarada a independência do Brasil.

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Arquitectura

Os nativos que habitavam o território brasileiro desenvolveram um estilo arquitectónico característico e adequado ao clima, as ocas.

Apos a chegado das potencias europeias, a arquitectura desenvolvida durante a colonização, foi directamente infl uenciada pelos diversos povos que formam o povo brasileiro e pelos diversos estilos arqui-tectónicos vindos do exterior (a arquitectura bandeirista e o barroco).Contudo, os estilos mais evidentes, a arquitectura bandeirista e o Bar-roco mineiro são considerados por muitos estudiosos como expressões de estilos europeus que encontraram no Brasil uma manifestação e lin-guagem próprios, destacando-se de suas contrapartes metropolitanas.

Chegando com certo atraso em relação aos desenvolvimentos es-téticos europeus, o barroco começou a ser notado no Brasil a partir do século XVII, nos centros de Salvador e São Paulo, gradualmente se disseminando para o resto do país, alcançando desde o Pará até o extremo sul, e penetrando pelo interior até Goiás e Mato Grosso

Criou um extenso acervo de arte e arquitectura no Brasil, de alta quali-dade, e tornou-se de certa forma típico de todo o período colonial, lev-ando a certos autores o nomearem de "a alma do Brasil". Sua infl uência se estenderia até o século XIX, como se pode constatar nas edifi cações perfeitamente barrocas de igrejas como a antiga Igreja de Nossa Sen-hora do Rosário, em Porto Alegre (1817), Igreja de Nossa Senhora da Conceição (1851), embora já com alguns traços neoclássicos, especial-mente na decoração interna.

Em fi ns do século XVIII, com a gradual introdução do Neoclassicismo no Brasil e em especial a partir da presença do arquitecto francês Grandjean de Montigny no início do século XIX, este novo estilo frutifi -cou e mais tarde levaria ao surgimento de uma escola ecléctica (…) ”

(WIKIPEDIA)

Arquitectura Brasileira Pré-Neoclássica

• Ocas - construções para habitação que podiam atingir até 30 m de extensão e 10 m de altura. Com uma estrutura de madeira coberta de palha ou folhas de palmeira, eram de uso colectivo e não possuíam divisões internas, e organizavam-se em povoados constituídos de uma praça central em cujo entorno se erguiam as palhoças, numa dis-tribuição circular.• A Arquitectura Bandeirista refere-se à produção realizada basicamente no que seria hoje o estado de São Paulo pelas famílias dos bandeirantes, inspirando-se em uma estética próxima, ainda que bastante alterada, do Maneirismo.• O Barroco Mineiro (ainda que muitos o considerem mais próxi-mo do Rococó) refere-se as construções barrocas construídas no Estado de Minas Gerais sendo representado especialmente pelas igrejas con-struídas.

Ocas

Arquitectura Bandeirista

Barroco Mineiro - Igreja de São Francisco de Assis

Barroco Mineiro - Igreja do Convento de São Francisco

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O Neoclassicismo no Brasil

O estilo Neoclássico foi introduzido no Brasil, durante o Império, principalmente na arquitectura e artes plás-ticas; com o intuito de mostrar a soberania da República recém nascida. Esta introdução é identifi cada com a contratação da missão cultural francesa, chefi ada por Joaquim Lebreton, para fundar e dirigir uma Escola de Artes e Ofícios – Academia Imperial de Belas Artes.

As linhas retas, sóbrias e equilibradas da arquitectura neoclassica conferiram a estabilidade e austeridade de que os edifícios necessitavam. Por estar tão associado ao Governo e ao poder, este estilo se fez mais presente nas cidades do Rio de Janeiro – capital do país – e São Paulo, devido à grande circulação fi nan-ceira em vista das lavouras de café.Na Literatura, os poetas que melhor representam o movimento são Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, autor de Marília de Dirceu. Ambos participaram da Inconfi dência Mineira, movimento político que visava a emancipação do Brasil em relação a Portugal.

Motivos para a adopção do neoclassicismo no Brasil

Motivos PolíticosIgualar o Brasil aos países Europeus e mostrar a soberania da República recém-nascida.

“O início do séc. XIX no Brasil é marcado com a chegada do príncipe regente e da corte portuguesa no ano de 1808, estabelecida no Rio de Janeiro, esse estado a partir de então, por ordens de D. João VI, começa a passar por suas mais profundas transformações políticas, económicas, culturais e sociais com o objectivo de igualar o Brasil aos países Europeus:Como o Rio de Janeiro era, desde 1808, a nova sede do Império, Dom João VI devia dotar a cidade de uma infra-estrutura que refl ectisse, substancial e simbolicamente, a grandeza da monarquia europeia. Dedicando o segundo decénio do século XIX á transformação da antiga colónia em reino, o regente toma certo número de medidas que permitem ao Brasil reduzir sua dependência de Portugal.”

(Albuquerque, A. C., 2008).

Motivos intelectuais

Difundir a instrução e conhecimentos indispensáveis aos homens de modo a promover o desenvolvimento da nação.

“Estabelecer no Brasil uma Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, em que se promova e difunda a in-strução e conhecimentos indispensáveis aos homens destinados não só aos empregos públicos da adminis-tração do Estado, mas também ao progresso da agricultura, mineralogia, indústria e comércio, fazendo-se portanto necessário aos habitantes o estudo das Belas Artes com aplicação referente aos ofícios mecânic-os cuja prática, perfeição e utilidade depende dos conhecimentos teóricos daquelas artes e difusivas luzes das ciências naturais, físicas e exactas”

(Decreto de 12 de agosto de 1816. Citado em TAUNAY, A.. A Missão Artística de 1816 - Publicação do SPHAN - Rio de Janeiro)

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Infl uências – Missão FrancesaMissão Francesa, refere-se a um grupo de renomados artistas, sob a liderança de Joachim Lebreton, que foi ao Brasil com o propósito de fundar uma Academia Imperial de Belas Artes e actualizar o cenário artístico brasileiro, que ainda se encontrava ligado à arte colonial de grande cunho religiosa. Efectivamente, esta academia seria inaugurada somente em 1826 mudando a concepção esté-tica do país, disseminando um ensino baseado nos ideais do neo-classicismo.

A arquitectura elaborada sob infl uência da Academia era carac-terizada pela clareza construtiva e simplicidade de formas.

“A Academia inaugurou no país o ensino artístico em moldes formais, em oposição ao aprendizado empírico dos séculos anteri-ores.” Pereira (2008:15)

“(…) os integrantes eram Joaquim Lebreton (chefe do empreendi-mento), seu auxiliar Pedro Dilon, os pintores Jean-Baptiste Debret e Nicolau Antonio Tauney, o escultor August Tauney, o arquitecto Grandjean de Montigny e outros.” (TAUNAY, Afonso E)

“O modelo de ensino da Academia Imperial seguia os cânones da Ecole des Beaux-Arts, de Paris. Seus primeiros professores traziam na sua formação os conceitos e fundamentos da tradição neoclássica francesa (...) e, as difundiram entre os alunos da academia, como o ideal, a meta para todo jovem estudante de arte, tornar-se um grande artista.” (XEXÉO, 2004; p 16, apud MESEU VICTOR MEIRELLES Dossiê Educativo, 2009; p. 13).

A AIBA (Academia Imperial de Belas Artes) baseava seu currículo metodológico em teorias e regras rigorosas de aprendizado, có-pia de obras originais dos grandes mestres da Europa, desenho de observação, memorização, modelo nu. Estava lançado o modelo de ensino que se disseminaria por todas as escolas do país e que caracterizaria o século XIX.

“No ensino, nessa orientação predominava basicamente o exercí-cio formal da produção de fi guras, do desenho do modelo vivo, do retrato, da cópia de estamparias, obedecendo a um conjunto de regras rígidas. No texto legal, o ensino da arte nos moldes neoclás-sico era caracterizado como acessório; um instrumento de mod-ernização de outros sectores, e não como uma actividade com importância em si mesmo.” (SILVA; ARAÚJO; TENDÊNCIAS E CON-CEPÇÕES NO ENSINO DE ARTE EDUCAÇÃO ESCOLAR BRASILEIRA: UM ESTUDO A PARTIR DA TRAJETÓRIA HISTÓRICA E SÓCIO-EPISTE-MOLÓGICA DA ARTE/EDUCAÇÃO).

Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil por Jean-Baptiste Debret.

Jean-Baptiste Debret nasceu em Paris em 1768, ele foi pintor e desenhista francês e integrante da Missão Artística Francesa que fundou no Rio de Janeiro a Academia de Artes e Ofícios.Publicou Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil onde revela sua profunda relação pes-soal e emocional com o país, adquirida nos 15 anos em que aqui viveu.

A obra é composta de 153 pranchas, acompanhadas de textos que elucidam cada retracto. É dividida em 3 tomos:1º: estão representados índios, aspectos da mata brasileira e da vegetação nativa em geral.2º: concentra-se na representação dos escravos negros, no pequeno trabalho urbano, nos trabalhadores e nas práticas agrícolas da época.3º: trata de cenas do cotidiano, das manifestações culturais, como as festas e as tradições populares.

Debret pode ser considerado um artista de transição entre o neoclassicismo e o romantismo:As representações dos índios – totalmente idealizados, fortes, com traços bem defi -nidos e em cenas heróicas – são aspectos claros do neoclassicismo, eram “espelhos” do que observava.Contudo, ao analisar os textos que acom-panham as imagens, são notados aspectos românticos em que Debret faz uma interpre-tação daquilo que observa.

Jean-Baptiste DebretGrandjean de Montigny

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No princípio (época imperial,1822 – 1889), o neoclassicismo apare-ceu no sentido reafi rmar (reorganizar) uma identidade nacional, difundir através da arte os grandes marcos e conquistas da nação, para fortalecer o sentimento de patriotismo, tendo em vista, a existência de uma grande quantidade de pessoas iletradas, a arte mais uma vez, assume um papel pedagógico. O neoclassicismo vai atingir seu ápice na segunda metade do século XIX, com a produção de telas de grandes dimensões descrevendo cenas históricas, além de alegorias e personagens brasileiros retratados como heróis.

Na pintura a infl uência neoclássica está submetida ao romantismo. A composição e o desenho seguem os padrões de sobriedade e e equilíbrio mas o colorido refl ecte a dramaticidade romântica.

Pintura Neoclássica no Brasil

A carioca, Pedro Americo óleo s/tela

Flagelação de Cristo por Victor Meireles (1832-1903).A composição e o desenho seguem os padrões de sobriedade e equilíbrio mas o colorido refl ecte a dramaticidade român-tica.

Características• Harmonia e equilíbrio dos objectos dentro do campo visual (todas as fi guras são dispostas de modo a nivelar o peso que ad-quirem nesse espaço);• O nu feminino volta a fazer parte do repertório artístico (remetendo à concepção estética dos antigos gregos);

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Literatura Neoclássica no Brasil

Na literatura a principal expressão é o arcadismo, caracterizado por um estilo simples e objectivo com a temática voltada para a natureza. Cláudio Manuel Costa (1729-1789), Tomas António Gonzaga (1744-1810), Silva Alvarenha (1749-1814).

Vertentes da Arquitectura Neoclássica no Brasil

Arquitectura urbanaFoi fortemente infl uenciada pela Academia Imperial de Belas Artes.

Características:• Clareza construtiva;• Simplicidade formal (com cornijas e platibandas como recurso formal).• As paredes, de pedra ou tijolo, eram revestidas e pintadas de cores suaves, como o branco, rosa, amarelo e azul-pastel.• Apresentavam corpo de entrada salientes, com escadarias, colunatas e frontões.• Grande valorização da decoração dos interiores com revestimentos e pinturas.• As residências utilizavam-se ainda das mesmas soluções de implantação dos tempos coloniais: so-bre o alinhamento das ruas e sobre os limites laterais dos lotes. A parte da frente das residências destinava-se aos salões e a área social da casa. Para dentro fi cam as alcovas, quartos e salas de jantar. Aos fundos, o serviço.• Porões, que aparecem sob o térreo, marcado pela fi leira de óculos alinhados sob as janelas dos salões (são utilizados ora como locais de serviço, ora como depósito de lenha, liberando o térreo para utili-zação com cómodos de permanência diurna).• Jardins ocupados com árvores e fl ores europeias, com excepção apenas das palmeiras imperiais.

As residências urbanas tinham uso temporário (festas, feriados, domingos, entre safras, etc.) pois, até aproximadamente 1875, os recursos e interesses dos proprietários rurais estavam concentrados nas fazen-das. A cultura do café, como factor de concentração de riqueza, contribuía para transformar as grandes residências rurais em centros de intensa vida social, recriando no interior das fazendas um esquema de vida urbana, com reuniões, festas e jantares.

Edifícios Notáveis na Arquitectura urbana

Academia Imperial de Belas Artes, Grandjean de Montigny – 1826

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Palácio Itamaraty – Rio de Janeiro

“A obra consta ofi cialmente como sendo de José Maria Jacinto Rebelo, discípulo de Grandjean de Mon-tigny, que teria sido chamado quando surgiu a necessidade de solucionar a fachada. Construído em estilo neoclássico, com um jardim interno onde há uma ala de palmeiras imperiais, o palácio, hoje Escritório de Representação do MRE na antiga capital, reúne um acervo fantástico, em especial no seu Museu Histórico e Diplomático, no Arquivo Histórico e na Mapoteca.”

Museu Imperial – PetrópolisO Museu Imperial, popularmente conhecido como Palácio Impe-rial, é um museu histórico-temático localizado no centro histórico da cidade de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, Brasil.Inicialmente projectado por Júlio Frederico Koeler superintendente da Fazenda Imperial, foi continuado pelos arquitectos Joaquim Cândido Guilhobel e José Maria Jacinto Rebelo.

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Palácio do Catete (Arq. José maria j. Rebello)

As frontarias são revestidas de mármore. O prédio, comcaráter neoclássico, apresenta-se à feição de solares doGran Canale de Veneza, conforme entendeu Paulo F.Santos. O edifício tem seqüência de vãos nas trêsfachadas.No topo, acima da platibanda, assentavam-se estátuasque foram substituídas por águias de bronze, com asasabertas, obra do escultor Rodolfo Bernardelli.O excesso da ornamentação dasguarnições das janelas e portas, a fortecimalha superior com uma série de mísulassobre a cornija, os balcões sacados queatendem aos vãos e que, no segundo piso,percorrem toda a frontaria, tudo issoconfere traço eclético ao neoclassicismoveneziano do palácio.Internamente, o vestíbulo se liga à escada nobre,de mármore e bronze, que dá acesso ao sobrado eque se desenvolve em amplo espaço de pé-direitoduplo, iluminado superiormente por clarabóia.

Casa da Marquesa de Santos – Rio de Janeiro (Arq. Pedro José Pezerat)

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Arquitectura rural

Características:• Áreas envolvidas por muro alto, com as residências dos proprietários em destaque’• Superfi cialidade dos detalhes;Cuidados maiores eram dedicados as entradas e interiores, onde a arquitectura mais se aproximava dos padrões a Corte.• As transformações arquitectónicas limitavam-se as superfícies, com papéis decorativos ou pinturas sobre as paredes de terra criando a ilusão de um espaço novo.Chegava-se ao absurdo de se pintarem motivos Greco Romanos (pilastras, colunatas, arquitraves e frisos) ou pinturas de janelas nas paredes com desenhos de vistas sobre ambientes idealizados (Rio de Janeiro, Europa), omitindo a realidade das senzalas e dos escravos.

A mão-de-obra disponível era rudimentar (mão-de-obra escrava) e as técnicas construtivas (taipa de pilão, adobe ou pau-a-pique) grosseiras o que não permitiu o uso de escadarias, colunatas ou frontões ou qualquer solução mais complexa.Características neoclássicas fi cam restritas a elementos de acabamento das fachadas (platibanda, arco pleno e vergas, etc.) ou elementos decorativos (papel de parede, gesso, etc.) nos interiores.

“As residências urbanas nas Províncias constituíam cópias imperfeitas da arquitetura dos grandes centros do Litoral, pois ainda que seus construtores e proprietários pretendessem estar realizando obras neoclás-sicas, na maioria dos exemplos esta vinculação com a temática e linguagem do neoclássico era muito superfi cial. (...) Mas as transformações arquitetônicas se limitavam à superfície; papéis decorativos impor-tados da Europa, pinturas aplicadas sobre as paredes de terra para assemelhar-se aos interiores europeus, onde muitas vezes se pintavam fi ngimentos, sugerindo uma ambientação neoclássica jamais realizável com as técnicas e matérias disponíveis no local.” (TRIANA, A; SILVA, E. M. ARQUITETURA NEOCLÁSSICA – ID-EIA, MÉTODO E LINGUAGEM. p, 41)

Edifícios Notáveis na Arquitectura rural

Fazenda Cachoeira do Mato Dentro – Vassouras

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Fazenda Pau’alho

Fazenda do Paraízo Rio das Flores

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EUADiferenças entre o Neoclássico na Europa e Neoclássico nos EUA: Neoclássico na Europa Surgimento: surgi para contrariar o movimento antecessor; Simbolizava: o Poder, a força e o conhecimento (Monarca ou Imperial) Fonte: Baseou-se nos conhecimento de desenho adquiridos no Renascimento para produzir uma arqui-tectura arqueologicamente mais correcta “até ao momento”.

Neoclássico nos EUA Surgimento: surgi não só para acompanhar a “moda europeia” mas também como busca de uma identi-dade. Simbolizava: a grandeza da nova nação emergente; Fonte: tanto as Fontes do Neoclássico europeu como os seus exemplos. A ideologia do Neoclássico nos EUA O Neoclássico nos EUA serviu não só para defi nição de uma identidade nacional e afi rmação dos EUA (nação em formação) como também para motivar, moralizar e sobretudo unir os diferentes povos (colonos europeus, nativos índios e escravos africanos) existentes nos Estados Unidos. O uso controlado dos ornamentos, equilíbrio e proporção dos volumes do período clássico tem sido usados para renovar os movimentos cujas virtudes ou esgotaram ou atingiram o seu extremo.

BrasilComo uma tendência comum a todo o Ocidente, também no Brasil, o Neoclassicismo representou o retorno as formas da Antiguidade Clássica Greco- Romana, difundindo o retorno as formas estáticas, de tratamento linear e em superfície, revelando uma arquitectura formalmente simples à sobriedade de gosto em respeito pelos cânones e gramáticas.

Infl uência Neoclássica no Brasil• Grandes centros litorâneos – Nível mais complexo de infl uência na arte e arquitectura• Províncias – Transformação de tipo superfi cial, como imitação da arquitectura dos grandes centros.

Conclusão

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Pesquisa feita aos:

• 26/02/13 entre as 18:00h as 19:00h.

http://www.coladaweb.com/artes/arte-e-arquitetura-dos-eua

http://textolivre.com.br/artigos/25381-arte-brasileira-do-seculo-xix-o-neoclassicismo

http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/neoclassicismo-a-arte-e-a-linguagem-da-republica-do-brasil-2062936.html

TRIANA, A; Silva, E. M. ARQUITECTURA NEOCLÁSSICA – IDEIA, MÉTODO E LINGUAGEM

CARVALHO, Gonçalo Vaz de, HISTÓRIA DA CULTURA E DAS ARTES, 2008

• 16/03/13

ALBUQUERQUE, A. C.; Duque, A. F.; Soares, R. A PINTURA EM FOCO: O NEOCLASSICISMO EM UMA ABORDAGEM HISTORIOGRÁFICA. Ano. II, N. 1, p. 5. 2008

TAUNAY, Afonso E., A MISSÃO ARTÍSTICA DE 1816

GRUPO 1, Irradiação do Neoclássico pelo mundo: Nos EUA (1775 – 1850), UEM-FAPF, 2012

• 27/03/13

http://www.templestudy.com/2009/06/27/apotheosis-washington/

Textos sobre os edifi cios e movimentos fi losofi cos (barroco, illuminismo, etc.) extraidos do WIKIPEDIA segundo citações no trabalho.

Bibliografi a

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