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A Logística da 1FND/MINUSCA na RCA: Testemunho do Oficial de Recursos
1 Escola dos Serviços, Boletim nº 5 de 04 de julho de 2018
A LOGÍSTICA DA 1FND/MINUSCA NA REPÚBLICA CENTRO AFRICANA:
TESTEMUNHO DO OFICIAL DE RECURSOS
Cap AdMil Horácio José Portela Ferreira
1. Introdução
A Logística desde cedo adquiriu um lugar de extrema importância em todas as vertentes da sociedade. O
facto de se recuar na evolução da humanidade e se constatar a presença do conceito de Logística na antiguidade
clássica como um raciocínio
lógico baseado em fórmulas
matemáticas e algoritmos, e
que posteriormente foi
transposto para os campos de
batalha, permitiu conferir um
estatuto de intemporalidade e
de atualidade a este termo.
Já Sun Tzu dizia que “a
linha entre a desordem e a
ordem está na Logística”, uma perspetiva muito simplista, que refletia, já naquela altura, a importância da atividade
de gestão e distribuição de bens e serviços. Na história podemos reparar em diversos esforços, militares e civis,
sempre alinhados com o estudo e aplicação da melhor forma de rentabilizar os recursos das sociedades em prol das
guerras. Contudo, a instituição militar “foi (…) quem mais contribuiu para o desenvolvimento da logística, ou seja a
aplicação prática da arte de movimentar os exércitos”1. Naturalmente que para colocar uma força pronta para o
combate pressupunha-se “um planeamento, organização e execução de tarefas logísticas, que envolviam a
definição de uma rota, (…), pois era necessário ter uma fonte de água potável próxima, transporte, armazenagem e
distribuição de equipamentos e suprimentos” (Dias, 2005).
No pensamento militar, Logística “é a ciência do planeamento e da execução de movimentos e sustentação
de forças”, estando relacionada com os seguintes “aspetos das operações militares: Conceção e desenvolvimento,
obtenção, receção, armazenagem, movimentos, distribuição, manutenção, evacuação e alienação de materiais,
1 Moura, B. (2006). Logística. Conceitos e Tendências, Famalicão, Centro Atlântico.
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equipamentos e abastecimentos; Transporte de pessoal e material; Construção, conservação, operação e
distribuição de instalações; Sustentação e fornecimento de serviços; e Apoio sanitário” (PDE 4-00, 2013).
A evolução da guerra e
dos seus sistemas de armas
tem permitido que a Logística,
preocupada com o rápido
desenvolvimento destas áreas,
esteja atualmente mais focada
em duas grandes vertentes: a
económica e a tecnológica.
Estas duas dimensões
permitem perceber a
multidisciplinariedade da
logística, na medida em que
para fazer face às abruptas
necessidades de recursos para os vários Teatros de Operações (TO) é necessária uma estreita sinergia entre a
logística militar, civil e a humanitária, com o intuito final de manter o nível de prontidão e potencial de combate das
forças durante o período necessário ao cumprimento das missões (Serrano, 2014).
A participação do Exército Português na Multidimensional Integrated Stabilization Mission in the Central
African Republic (MINUSCA) foi materializada através da Quick Reaction Force, constituída por 160 militares. O
objetivo deste artigo é descrever como foi efetuada a projeção da 1ª Força Nacional Destacada (1FND), como foi a
sua sustentação e como foi o apoio de serviços no suporte das operações.
2. Projeção para a República Centro Africana
Genericamente falando, o processo de projetar uma força, no inglês force deployment, refere-se ao
conjunto de atividades que é necessário desenvolver para movimentar forças e meios militares de um
aquartelamento para um TO.
A projeção de uma força para um TO consiste nas operações de transporte de pessoal e material e
normalmente obedece a dois planeamentos distintos. O pessoal é projetado, regra geral, por via aérea. O material e
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o equipamento normalmente seguem pela via que apresente uma relação custo/eficácia mais favorável. A projeção
termina com o “casamento” da força com os materiais e equipamentos no TO (Loureiro, 2010).
Por norma, para a projeção das forças para os vários TO, dadas as grandes distâncias do solo pátrio, são
utilizados vários meios de transporte - terrestre, aéreo e/ou marítimo. No caso da 1FND/MINUSCA, todo o pessoal
e material foram projetados por via aérea, algo inédito nas projeções de FND’s. Existiram vários fatores que
determinaram que a força fosse toda projetada por meios aéreos, sendo esta a primeira força portuguesa a ser
toda projetada nestes moldes. Foi uma solução com um maior custo, mas mais eficaz, e que possibilitou que
rapidamente se pudessem estar a desenrolar operações no TO da República Centro Africana (RCA).
A 1FND/MINUSCA foi projetada num espaço temporal de 16 dias, entre os dias 7 e 23 do mês de janeiro de
2017, utilizando 10 voos para projeção de todo o pessoal e material. As Nações Unidas colocaram em Território
Nacional (TN) um elemento com a função de Movcon Officer2, que ajudou no planeamento e execução de toda a
projeção para o TO.
As operações de projeção de material foram realizadas com recurso à aeronave de carga ANTONOV 124,
com capacidade de carga (de catalogo) de 120 toneladas, 70 metros lineares e 1000 metros cúbicos. A
1FND/MINUSCA projetou 576 toneladas de carga e os 160 militares que constituíram a força, nos moldes descritos
no quadro que se segue:
DATA TIPO DE VOO MATERIAL PESSOAL
07/01/2017 CARGA 72 Ton 64 m 9
09/01/2017 CARGA 72 Ton 56 m 6
11/01/2017 CARGA 70 Ton 59 m 6
13/01/2017 CARGA 71 Ton 62 m 6
15/01/2017 CARGA 73 Ton 59 m 6
17/01/2017 PASSAGEIROS 1 Ton - 116
17/01/2017 CARGA 69 Ton 70 m 6
19/01/2017 CARGA 48 Ton 64 m 2
21/01/2017 CARGA 55 Ton 55 m 2
23/01/2017 CARGA 45 Ton 49 m 1
TOTAL 576 Ton 538 m 160
Para o sucesso de uma projeção é essencial que o processo de planeamento da operação seja
pormenorizado e rigoroso e que haja uma ação de comando assertiva. O planeamento, peça fundamental de todo
este processo, deve começar tão cedo quanto possível. Na projeção da 1FND/MINUSCA pudemos constatar que a
força teve nas suas “mãos” todo o processo da projeção estratégica. Embora a responsabilidade da projeção seja
2 Oficial de Movimentos da Organização das Nações Unidas (ONU) em TN responsável pela projeção estratégica e pela ligação com o Exército Português.
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atribuída às Nações Unidas (NU) e tenha estado um elemento seu em permanência com a 1FND/MINUSCA. Em
futuras projeções julga-se que seria conveniente e uma mais valia para aquisição do know-how na realização destas
tarefas, o seu acompanhamento por parte do Comando da Logística, uma vez que é a Entidade responsável por
coordenar todos os meios nacionais em apoio à projeção.
3. Sustentação
A sustentação de forças em missões internacionais é garantida com o recurso às estruturas e
procedimentos normalmente utilizados pelo Exército, de forma a garantir a maximização dos recursos disponíveis,
em particular os já existentes nas Unidades, Estabelecimentos e Órgãos (U/E/O) do Exército, a par de um rigoroso
controlo dos processos administrativo-logísticos (Ramalho, 2009).
De uma forma geral, no âmbito das missões das NU, o princípio geral que enquadra e define o apoio
logístico da força é o da responsabilidade mista, ou seja, existem determinados artigos/serviços que são garantidos
pelas NU e outros que são da responsabilidade nacional. Contudo, a sustentação da força foi feita com base no
Sistema Logístico Nacional, complementado através do Memorando de Entendimento (MOU3) com as Nações
Unidas e com o estabelecimento de possíveis protocolos e contratos específicos, sob a forma de MOU ou Acordos
Técnicos (TA4) com outros países/entidades que poderão vir a existir (neste momento ainda não existem).
Em termos de reabastecimento, é definido como dado de planeamento para todas as missões a existência
de um nível mínimo de 7 dias de abastecimentos (DOS5) de todas as classes de abastecimento no TO, e de 23 DOS
em Território Nacional. Por ser uma missão das NU, estes limites mudam consideravelmente na medida que existe
responsabilidade desta organização em relação a alguns artigos, que vou passar a explicitar.
Na Classe I, o reabastecimento de todos os géneros é da responsabilidade das NU. Existe um contrato com
uma empresa internacional (ECOLOG) que procede ao reabastecimento desta classe no TO. A requisição dos
géneros é efetuada com 90 dias de antecedência à Ration Unit6 que efetua a ligação com a empresa para que
durante este tempo se proceda ao processo de aquisição e transporte para a RCA das quantidades requisitadas.
Após esses 90 dias, os géneros estão prontos para ser distribuídos, sendo que o sistema de consumo é semanal e,
consequentemente, a distribuição é de 7DOS. Relativamente à Classe IW, está previsto no MOU com as NU que a
força é autossustentada, pois possui meios de tratamento e purificação de água. Relativamente a este aspeto, a
3 MOU - Memorandum of Understanding. 4 TA - Technical Agreement. 5 DOS - Days of Supply. 6 Célula das Nações Unidas responsável por todo o processo de reabastecimento da Classe I.
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2552
10874
18085
9859
16691
955911099
1311
02000400060008000
100001200014000160001800020000
Reabastecimento da Classe III (L)
força optou por adquirir água engarrafada no mercado local que foi analisada em Portugal, e considerada boa para
consumo. No total foram confecionadas 101619 refeições quentes e consumidas 7137 rações de combate. Em
relação à Classe IW foram consumidas 80980 garrafas de água que correspondem a 121470L.
Nas Classes II, V e VII a 1FND/MINUSCA foi projetada com os níveis de abastecimentos quase completos,
sendo os recompletamentos uma responsabilidade nacional. Em relação à Classe II referir que: As Combat Shirts
que a força recebeu não foram as ideais para este TO, visto terem o padrão do camuflado francês, tendo associado
a força, várias vezes, com a Força Francesa da SANGARIS; As calças de camuflado têm pouca qualidade e são pouco
resistentes para a atividade operacional, não se adequando a este TO – deveriam ser reforçadas; E as redes
mosquiteiras fornecidas são adequadas ao TO e têm bastante qualidade. É de pensar para uma futura aquisição
desse artigo, um incremento para proteção superior, de modo a que se torne impermeável no caso de chuvas e de
a força ter de dormir ao ar livre, numa base de patrulhas, como aconteceu em projeções, que ocorreram com
alguma regularidade.
Na Classe III, a 1FND/MINUSCA
entrou em teatro com as
viaturas/equipamentos com 1/3 do depósito
cheio devido à projeção ter sido via aérea
(requisito no transporte), sendo que todos os
recompletamentos são da responsabilidade
das NU, mediante elaboração de toda a
parte burocrática. Foram consumimos cerca
de 80030 litros de gasóleo e 220 litros de
gasolina.
O reabastecimento das Classes IV, VI, VIII, IX, é da responsabilidade nacional. Deve ser privilegiada a
aquisição destas classes de abastecimentos no TO, com exceção da Classe VIII. As Listas de Níveis Orgânicos (LNO)
que vieram inicialmente para o TO foram muito reduzidas (2/3 HMMWV; 1/3 UNIMOG; 1/3 Land Rover), o que
condicionou em muito a reparação de viaturas que foram avariando ao longo de toda a missão.
Encontram-se igualmente definidos os procedimentos para o reabastecimento de artigos críticos (regulados
e controlados), artigos da cadeia de abastecimentos e para a aquisição de artigos no TO. Todo o material
encontrava-se à carga da Força, sendo controlado pelo Comando da Logística, através do Regimento de
Transportes, que para o efeito mantinha o registo de todo o material existente e do material fornecido.
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Como referido anteriormente, o transporte inicial para entrada e saída do TO de pessoal e material foi da
responsabilidade das Nações Unidas. No entanto, para a sustentação da força durante os meses de missão, foi da
responsabilidade nacional fazer chegar ao TO os artigos considerados essenciais. Foram efetuados dois voos de
sustentação com a aeronave C-130 da Força Aérea Portuguesa que trouxe diverso material que não foi projetado
inicialmente. A não existência de voos de sustentação regulares, condicionou a força em manter a operacionalidade
dos meios. Face às especificidades do teatro e ao empenhamento da Força, torna-se essencial o planeamento e
realização de voos de sustentação com periodicidade definida.
Relativamente ao transporte terrestre efetuado na República Centro Africana, a 1FND/MINUSCA efetuou
cerca de 175147 Km distribuídos por 55 viaturas.
A manutenção de equipamentos em TO pode ser executada até ao nível de Manutenção Intermédia de
Apoio Direto (A/D), devendo os trabalhos de maior vulto ser realizados após autorização do Comando da Logística.
As reparações em TO não devem exceder 14 dias podendo, se necessário, solicitar-se o reforço da capacidade de
manutenção através do apoio das unidades organizadoras e/ou de equipas de contacto especificamente enviadas
para o efeito. Caso se verificasse um prazo de reparação superior ao referido anteriormente, a 1FND/MINUSCA
propunha a sua evacuação para o TN. Em situações excecionais podia ser autorizada a troca controlada ou a
canibalização controlada para repor a operacionalidade do material. A 1FND/MINUSCA efetuou 264 Ordens de
Trabalho, tendo finalizadas 260.
O apoio sanitário de Nível 1 foi assegurado pela nossa força, enquanto que o Nível 2 foi assegurado pelo
Contingente Sérvio (Hospital no HQ da MINUSCA). O procedimento, após ultrapassar os cuidados médicos destes
dois níveis, é o Nível 5 Nacional, devendo a evacuação para TN ser em coordenação com o Medical Support da
MINUSCA, podendo ser utilizados meios das NU e/ou meios da Força Aérea Portuguesa.
No âmbito da função Logística Serviços, a 1FND/MINUSCA utilizou para aquartelamento as infraestruturas
cedidas pela NU no Campo M’POKO. Inicialmente existiu um trabalho extra na preparação de todas as
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto
Km 1578 22657 38692 19062 39664 20066 29682 3746
0
10000
20000
30000
40000
50000
Movimentos Terrestres (Km)
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infraestruturas, quer para alojamento, quer para locais de trabalho. De referir que as infraestruturas em BANGUI,
na sua generalidade são boas.
4. O Apoio de Serviços no apoio às operações em BAMBARI
É normal atribuir ao conjunto das atividades da Administração (Logística e administração em sentido
restrito7) a designação de "Apoio de Serviços", em especial quando se alude a situações de campanha.
A Logística ao nível tático inclui um conjunto de atividades relacionadas com a sustentação de unidades
táticas no cumprimento das suas missões, mais especificamente com um conjunto de atividades doutrinariamente
relacionadas com as diferentes funções logísticas. O sucesso da Logística ao nível tático, mede-se pela colocação de
recursos, na quantidade necessária, em tempo e no local designado e em condições de cumprirem a missão ou
serem utilizadas de imediato, tendo ainda como certo o necessário sucesso da Logística ao nível estratégico e
operacional.
O planeamento para a primeira projeção para Bambari foi extremamente complexo na medida em que foi a
primeira e não se conheciam as dificuldades que poderiam surgir. Começou-se por definir que pessoal iria ser
projetado para cobrir as necessidades da missão e o apoio nas diferentes áreas e especialidades, elaborando, para
tal, um plano de carregamento de pessoal. Além disso, foi desenvolvido o plano de carregamento de material por
forma a definir onde e em que viatura o material iria ser carregado, bem como que viaturas é que iriam levar
atrelados. Após isso, foi definido o plano de reabastecimento de classe I no sentido de se efetuarem as
coordenações necessárias para que pudéssemos ser reabastecidos em Bambari, de acordo com as colunas logísticas
de géneros que estavam planeadas para um determinado mês.
7 “a qual se ocupa dos problemas ligados ao militar como indivíduo e das atividades administrativas não incluídas na Logística” (PDE 4-00, 2013)
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Após isso, foi elaborado o plano de alimentação que contemplava, por exemplo, os dias em que a força iria
ser alimentada com ração de combate e ração quente durante toda a operação. O reabastecimento da classe III
também foi uma preocupação para o planeamento da projeção na medida que necessitávamos de ser
reabastecidos ao longo do percurso para que todas as viaturas chegassem ao destino. Foram efetuados todos os
cálculos tendo em conta os consumos das viaturas, e foram efetuadas todas as coordenações no sentido de haver
combustível necessário para reabastecer todas as viaturas durante todo o trajeto.
Ao longo do trajeto para Bambari, a grande dificuldade sentida foi a pouca qualidade das estradas
existentes, que complicou o movimento, provocou um cansaço extremo e alargou o tempo previsto de viagem. A
força não estava preparada para ter uma viagem com aquela duração e com tantas dificuldades no percurso. No
final pudemos tirar várias conclusões sobre os movimentos terrestres na RCA, as quais nos permitiram um melhor
planeamento da retração de Bambari para Bangui, bem como a 2ª/3ª projeção de Bangui para Bambari. Concluímos
também que os atrelados não são
adequados para esta tipologia de estradas.
Após a chegada a Bambari, o
grande esforço inicial foi na montagem da
Área de Apoio de Serviços (AApSvc). Foram
montadas todas as valências de uma Área
de Apoio de Serviços com enfase na área
de alojamentos, área da alimentação
(cozinha e refeitório) e área da
manutenção.
Durante a primeira projeção, como houve extensão do tempo de missão (inicialmente estava planeado para
2 semanas e acabamos por ficar 45 dias) foi necessário encontrar soluções para efetuar o reabastecimento de
alguns artigos, cuja falta se poderia revelar crítica para a força. Houve também necessidade de efetuar um
deslocamento de uma coluna logística a Bangui para efetuar o reabastecimento de alguns artigos que estava a
haver dificuldade em colocar em Bambari, por via aérea e/ou terrestre, principalmente 12000 garrafas de água e
artigos para a manutenção de viaturas (por exemplo pneus de HMMWV) entre outros (material de higiene e
limpeza, material de escritório).
Além disso efetuamos um plano de regeneração da força, para efetuar uma rotação de militares entre
Bangui e Bambari com a finalidade de manter o equilíbrio psicofísico de todos os militares em operações e
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contribuir para a manutenção do bem-estar da força. Esta rotação aconteceu por meios aéreos através dos voos
regulares das NU, num total de 126 militares a rodarem entre Bangui e Bambari.
Na 2ª/3ª projeção o planeamento foi mais fácil, na medida em que se constituiu uma repetição do primeiro,
com o incremento das lições identificadas e aprendidas na 1ª projeção. Foi possível efetuar um planeamento que
nos garantiu o seu cumprimento na execução, e assim facilitar a projeção da força. Na montagem da AApSvc
conseguimos melhorar a localização dos vários locais, fruto da experiencia adquirida das características do local, e
assim ter uma AApSvc mais organizada, que garantiu uma maior sanidade de todos os militares e também, não
menos importante, uma maior qualidade de vida para todos.
Podemos afirmar que a logística ao nível tático é um conjunto de atividades relacionadas com a sustentação
das unidades táticas (toda a 1FND/MINUSCA é considerada uma unidade tática), e cuja responsabilidade é
desenvolver e manter o máximo de potencial de combate a essas unidades.
5. Conclusões
Na atualidade, os elevados custos associados à sustentação das forças, quer seja nos TO ou em
aprontamento, ou mesmo em tempo de paz ou de guerra, é mais que um motivo dissuasor para que os Exércitos se
preocupem cada vez mais com esta vertente. A escalada exponencial da evolução do conceito de guerra e dos
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próprios TO, associada à flexibilidade do conceito de logística, permitiu encontrar soluções para as operações
militares cada vez mais eficazes e eficientes.
Paralelamente às necessidades militares de fazer movimentar as forças e os seus sistemas de armas, as
organizações civis, fruto também da acelerada evolução dos mercados, sentiram as mesmas necessidades de fazer
deslocar os recursos humanos e materiais para os mais diversos locais no mínimo de tempo possível e, assim, houve
uma melhoria significativa na logística.
Para que a 1FND/MINUSCA tivesse sido projetada para o TO da RCA teve que haver uma conjugação de
esforços entre as várias U/E/O do Exército e das Forças Armadas, com a ONU e até com algumas empresas civis. O
avanço tecnológico e a influência do poder da informação, permitiu que houvesse elevados ganhos de eficiência e
eficácia na gestão de todas as operações, desde a diminuição de desperdícios à redução dos prazos estabelecidos e
a um incremento significativo no desempenho da projeção estratégica propriamente dita. A supervisão de um
elemento das NU, ajudou num melhor planeamento e execução de todas as operações, que culminou com uma
projeção efetuada totalmente por meios aéreos (a primeira força portuguesa totalmente projetada nestes moldes).
A sustentação de qualquer força, e a 1FND/MINUSCA não é exceção, só se efetiva se possuir uma logística
sólida, capaz de operar numa ótica de economia de meios e custos, com um objetivo de proporcionar as melhores
condições a todos os militares que constituem a força. Pode afirmar-se que o bom funcionamento do apoio de
serviços é uma “face invisível” e que o seu sucesso muitas vezes passa despercebido, onde, por contrário, ao mais
pequeno sinal de falta, esta é amplamente manifestada e sentida, pudendo colocar em causa toda uma estrutura
logística, e por vezes, a própria cadeia de comando.
6. Referências bibliográficas
Dias, J. C. (2005). Logística global e Macrologística, 1ª Edição, Lisboa, Edições Sílabo.
Exercito Português (2013). PDE 4-00 Logística, Lisboa, EME.
Loureiro, J. C., 2010. O Exército Português e as operações de paz. In: Portugal e as operações de paz: Uma visão multidimensional. Lisboa: Fundação Mário Soares. pp. 165-192.
Moura, B. (2006). Logística. Conceitos e Tendências, Famalicão, Centro Atlântico.
Ramalho, J. (2009). O Aprontamento e Sustentação das Forças do Exército nas Missões Internacionais da NATO. Retirado: fevereiro, 11, 2014, de http://comum.rcaap.pt/bi-tstream/123456789/3614/1/NeD123_JosePintoRamalho.pdf.
Serrano, P. J. (2014). A Logística Multinacional em Teatros de Operações. O Caso da NATO, Proposta de Tema de Dissertação, [policopiado], Lisboa, UAL.