a natureza da doutrina da eleição, doutrina eleição, cap. 6 arthur walkignton pink

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Traduzido do original em InglêsThe Doctrine of Election

By A. W. Pink

A presente tradução consiste somente no Capítulo 6, Its Nature, da obra supracitada

Via: PBMinistries.org(Providence Baptist Ministries)

Tradução por Camila almeidaRevisão e Capa por William Teixeira

1ª Edição: Dezembro de 2014

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão AlmeidaCorrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida permissãodo ministério Providence Baptist Ministries, sob a licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdonem o utilize para quaisquer fins comerciais.

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A Natureza da Doutrina da EleiçãoPor Arthur Walkington Pink

[Capítulo 6 do livro The Doctrine of Election • Editado]

Foi bem dito que: “A razão por que qualquer um acredita na eleição é que ele a encontra

na Bíblia. Nenhum homem jamais poderia imaginar tal doutrina, pois ela é, em si mesma,contrária ao pensamento e aos desejos do coração humano. Cada um, a princípio, se opõea esta doutrina, e é só depois de muitas lutas, sob a ação do Espírito de Deus, que somoslevados a recebê-la. A aquiescência perfeita a esta doutrina, descansar, maravilhar-se emadoração, no estrado da soberania de Deus, é a última realização da alma santificada nestavida, como é o início do Céu. A razão pela qual qualquer um acredita na eleição é apenasisso, e só isso: que Deus a tornou conhecida. Fosse a Bíblia uma falsificação ela nunca po-deria ter contido a doutrina da eleição, pois oshomens são muito avessos a tal pensamentopara dar-lhe expressão, e muito mais para dar-lhe destaque” (G. S. Bishop).

Até agora, em nossa exposição desta bendita verdade, nós mostramos que a fonte de elei-ção é a vontade de Deus, pois nada existe ou pode existir fora disso. Em seguida, vimos,que a grandiosa origem da eleição é o homem Cristo Jesus, que foi ordenado para a uniãocom a segunda pessoa na Divindade. Então, a fim de abrir o caminho para um exame maisdetalhado dessa verdade assim como ela é apresentada a nós, demonstramos a verdadee, em seguida, a justiça dela, visando remover das mentes dos leitores Cristãos a profana-ção e efeitos perturbadores da principal objeção que é feita contra a eleição Divina por seusinimigos. E agora buscaremos apontar os principais elementos que adentram na eleição.

Em primeiro lugar, a eleição é um ato de Deus. É verdade que chega um dia em que cadaum dos eleitos escolhe a Deus como seu absoluto e sumo Bem, mas este é o efeito, e emnenhum sentido a causa da escolha de Deus. Nossa escolha dEle é no tempo, mas Seuescolher-nos foi antes dos tempos eternos; e certo é que a menos que Ele nos escolhesse

em primeiro lugar, nós jamais O escolheríamos de modo algum. Deus — que é um Sersoberano, faz tudo o que Lhe agrada, tanto no céu e na terra —, tem um direito absoluto defazer o que quiser com Suas próprias criaturas e, portanto, Ele escolheu um certo númerode seres humanos para ser Seu povo, Seus filhos, Seu tesouro peculiar. Tendo feito isso,

este ato foi chamado de “eleição de Deus” (1 Tessalonicenses 1:4). Pois Ele é a causa efi-caz dela; e as pessoas escolhidas são denominadas “seus escolhidos” (Lucas 18:7; cf.

Romanos 8:33).

Esta escolha de Deus é absoluta, sendo inteiramente gratuita, não dependendo de abso-

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lutamente nada fora de Si mesmo. Deus elegeu aqueles que Ele quis, simplesmente por-que Ele escolheu fazê-lo, não partir de alguma bondade, mérito ou atrativo na criatura, nema partir de qualquer mérito ou atrativo previsto na criatura. Deus é absolutamente autossufi-ciente e, portanto, Ele nunca irá para fora de Si mesmo para encontrar uma razão paraqualquer coisa que Ele faz. Ele não pode ser influenciado pelas obras de Suas própriasmãos. Não, Ele é Aquele que os move, da mesma forma que somente Ele é foi Aquele quelhes deu existência. “Nele vivemos, e nos movemos, e existimos” [Atos 17:28]. Foi, então,simplesmente a partir da espontânea bondade de Sua própria vontade que Deus destacou,a partir da massa daqueles que Ele se propôs a criar, um povo que expressará os Seuslouvores por toda a eternidade, para a glória de Sua soberana graça para todo o sempre.

Esta escolha de Deus é uma questão imutável. Necessariamente assim, pois não é funda-mentada sobre qualquer coisa na criatura, ou estabelecida sobre qualquer coisa fora de Si

mesmo. Ela é antes de tudo, antes mesmo de Sua “presciência”, porque embora Ele conhe-

ça de antemão, contudo, Ele conhece de antemão porque Ele infalível e irrevogavelmenteo fixou, caso contrário, Ele meramente a adivinharia. Mas visto que Ele a conhece de ante-mão, então Ele não supõe, Ele assegura; e sendo a previsão dos acontecimentos futurosalgo seguro, então Ele deve tê-la fixado. A eleição, sendo o ato de Deus, é para sempre,pois seja o que for que Ele faça emuma forma de graça especial, é irreversível e inalterável.Os homens podem escolher alguns para serem seus favoritos e amigos por um tempo, edepois mudam de ideia e escolhem outros em seu lugar. Mas Deus não age de tal maneira;Ele é de uma mente, e ninguém pode mudá-lO; Seu propósito, segundo a eleição permane-ce firme, seguro, inalterável (Romanos 9:11; 2 Timóteo 2:19).

Em segundo lugar, o ato de eleição de Deus é feito em Cristo: “Como também nos elegeunele” (Efésios 1:4). A eleição não encontra homens em Cristo, mas os enxerta nEle. Ela

concede a eles o estar emCristo e união com Ele, que é o fundamento de sua manifestaçãocomo estando nEle por ocasião de conversão. Na mente infinita de Deus, Ele quis amaruma companhia da posteridade de Adão com um amor imutável, e do amor com que Eleos ama, Ele os escolheu em Cristo. Por meio deste ato de Sua mente infinita, Deus lhesconcedeu serem participantes da bem-aventurança em Cristo desde a eternidade. Todavia,ao mesmo tempo, todos caíramemAdão, ainda assim, todos não caíramsemelhantemente.Os não-eleitos caíram, de modo a serem condenados, sendo eles deixados a perecer emseus pecados, porque não tinham nenhuma relação com Cristo, Ele não relacionou-se comeles como o Mediador da união com Deus.

Os não-eleitos tiveram seu tudo em Adão, sua cabeça natural. Mas os eleitos tiveram todasorte de bênçãos espirituais concedida a eles em Cristo, sua graciosa e gloriosa Cabeça(Efésios 1:3). Eles não podiam perder estas, porque eles foram assegurados delas em

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Cristo. Deus os havia escolhido como Seus próprios: Ele seria o seu Deus, eles o Seu povo;Ele, seu Pai e eles, Seus filhos. Ele os deu a Cristo para serem Seus irmãos, Seus compa-nheiros, Sua noiva, Seus consortes em toda a Sua graça comunicável e glória. Na previsãoda sua Queda em Adão, e quais seriam os seus efeitos, o Pai propôs erguê-los das ruínasda Queda, mediante a consideração do compromisso de Seu Filho realizando toda a justiçapor eles, e como seu Fiador, suportando todos os seus pecados em Seu próprio corpo nomadeiro, oferecendo Sua alma como oferta pelo pecado. Para executar tudo isso, o amadoFilho encarnou.

Foi a isso que o Senhor Jesus se referiu em Sua oração sacerdotal, quando disse ao Pai:“Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste”

(João 17:6). Ele estava se referindo a todos os sujeitos da eleição da graça. Eles eram osobjetos de prazer do Pai: Suas joias, Sua porção; e aos olhos de Cristo eles eram o que oPai viu que eles seriam. Quão grandemente, então, o Pai estima o Mediador, ou Ele nuncateria concedido Seus eleitos a Ele e os entregado todos ao Seu cuidado e governo! E quãoaltamente Cristo valorizou esta dádiva de amor do Pai, ou Ele não teria realizado a salvaçãodeles em tal enorme custo para Si mesmo! Agora, a entrega dos eleitos a Cristo foi um atodiferente, um ato distinto do ato da eleição deles. Os eleitos foram primeiramente do Paipor meio da eleição, que escolheu as pessoas; e, em seguida, Ele as deu a Cristo, como oSeu amor e dom: “eram teus [por eleição], e tu mos deste”, da mesma forma, esta graça édita ser dada a nós em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos (2 Timóteo 1:9).

Em terceiro lugar, este ato de Deus foi independentemente de e anterior a qualquer previ-são da entrada do pecado. Antecipamos um pouco este ramo de nosso assunto, aindaassim, como é um assunto sobre o qual pouquíssimos hoje são seguros, e algo que consi-deramos de importância considerável, nos propomos conceder-lhes uma consideraçãoseparada. O ponto específico que devemos ponderar agora é, quanto a saber se o Seupovo era visto por Deus, em Seu ato de eleição, como caídos ou não-caídos; como namassa corrupta através de sua deserção em Adão, ou na massa pura da criação, aindapara ser criada. Aqueles que consideram o primeiro ponto de vista são conhecidos comoinfralapsarianos; aqueles que tomaram o último são conhecidos como supralapsarianos, eno passado esta questão foi debatida consideravelmente entre os altos e baixos Calvinistas.Este escritor sem hesitação (após estudo prolongado) assume a posição supralapsariana,embora ele saiba muito bem que poucos de fato estarão dispostos a segui-lo.

O pecado, tendo posto um véu sobre o maior de todos os Divinos mistérios da graça,excetuado somente aquele da encarnação Divina, torna a nossa tarefa presente a maisdifícil. É muito mais fácil para nós aprendermos sobre a nossa miséria, e sobre a nossa

redenção dela — pela encarnação, obediência e sacrifício do Filho de Deus — do que é

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para nós concebermos a original glória, excelência, pureza e dignidade da Igreja de Cristo,como o eterno objeto dos pensamentos, conselhos e propósito de Deus. No entanto, se nosapegarmos firmemente às Sagradas Escrituras, é evidente (ao escritor, pelo menos) que opovo de Deus tinha uma criação de qualidade superior e união espiritual com Cristo antesmesmo que eles tivessem uma criação e união natural com Adão; de forma que eles foramabençoados com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo (Efésios1:3), antes que eles caíssem em Adão e se tornassem sujeitos a todos os males da mal-dição. Em primeiro lugar, vamos resumir as razões dadas por John Gill em apoio a isso.

O decreto eletivo de Deus deve ser dividido em duas partes ou níveis, ou seja, o Seu pro-pósito a respeito da finalidade e Seu propósito sobre os meios. A primeira parte relaciona-se com o propósito de Deus em Si mesmo, no qual Ele determinou ter um povo eleito eisso, para Sua própria glória. A segunda parte tem relação coma execução real da primeira,fixando os meios pelos quais a finalidade será realizada. Estas duas partes do decretoDivino não devem ser nem separadas nem confundidas, mas consideradas distintamente.O propósito de Deus sobre a finalidade significa que Ele ordenou certas pessoas paraserem os destinatários de Seu favor especial, para a glorificação de Sua soberana bondadee graça. Seu propósito sobre os meios significa que Ele determinou criar aquelas pessoas,permitir-lhes cair e resgatá-las com base na redenção de Cristo e na santificação doEspírito. Estes não devem ser considerados como decretos separados, mas como partescomponentes e níveis de um propósito. Há uma ordem nos conselhos Divinos, como reaise definidos, como Gênesis 1 mostra que houve em conexão com a criação.

Na medida em que o propósito da primeira extremidade está em vista (em ordem de natu-reza), antes da determinação dos meios, portanto, o que é o primeiro em intenção é últimoem execução. Agora, como a glória de Deus é última em execução, segue-se necessaria-mente que ela foi a primeira em intenção. Por isso os homens devem ser considerados nopropósito Divino, concernente à finalidade, nem como criados nem caídos, desde queambos, sua criação e permissão ao pecado, pertencem ao conselho de Deus sobre osmeios. Não é óbvio que, se Deus primeiro decretou criar homens e permitir-lhes cair, e, emseguida, a partir da massa caída escolheu alguns para a graça e glória, que Ele se propôsa criar os homens sem qualquer finalidade em vista? E não é esta a acusação de Deus, asaber, eu Ele fez algo que nem mesmo umhomem sábio jamais faria, poisquando o homemdetermina fazer uma coisa, ele propõe uma finalidade (como a construção de uma casa) edepois estabelece formas e meios para concluí-la. Pode ser pensado por um momento queo Onisciente agiria de outra forma?

A distinção acima, entre o propósito Divino a respeito da finalidade e indicação de meiospara assegurar este propósito de Deus, é claramente confirmada pela Escritura. Por exem-

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plo: “Porque convinha que aquele, para quem são todas as coisas, e mediante quem tudoexiste, trazendo muitos filhos à glória, consagrasse pelas aflições o príncipe da salvação

deles” (Hebreus 2:10). Aqui há primeiro o decreto relacionado à finalidade: Deus ordenouSeus muitos filhos “à glória”; em Seu propósito dos meios Deus ordenou que o príncipe dasalvação deles fosse consagrado “pelas aflições”. Da mesma forma foi em conexão com opróprio Cristo. “Disse o SENHOR ao meu Senhor” (Salmos 110:1). Deus decretou que oMediador tivesse esta alta honra conferida a Ele, mas com este objetivo foi ordenado: que

“Beberá do ribeiro no caminho” (v. 7), Deus, então, decretou que o Redentor deve beber da

plenitude desses prazeres que estão em sua mão direita eternamente (Salmos 16:11),contudo isto aconteceu antes que Ele devesse tomar o cálice amargo da angústia. Assim écom o Seu povo: Canaã é a sua porção designada, mas o deserto é apontado como aqueleatravés do qual eles passarão a caminho da mesma.

O fato de Deus ter predestinado seu povo à santidade e glória, anteriormente à Sua pres-ciência da Queda deles emAdão, se adequada muito melhor comos exemplos dados sobreJacó e Esaú em Romanos 9:11-12 do que faz o ponto de vista infralapsariano de que odecreto Divino os contemplou como criaturas pecadoras. Ali, lemos: “Porque, não tendoeles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo aeleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), foi-lhe dito aela: O maior servirá ao menor”. O apóstolo está mostrando que a preferência foi dada a

Jacó independente de toda o fundamento de mérito, porque foi feito antes de que ascrianças nascessem. Se for mantido em mente que o que Deus faz no tempo é apenas umamanifestação do que Ele secretamente decretou na eternidade, o ponto que estamos aquidefendendo será muitíssimo conclusivo. Os atos de Deus, tanto da eleição quanto dapreterição — escolha e rejeição — foram totalmente independentes de qualquer “bem oumal” previstos. Observe também que maneira como essa expressão é composta: “o pro-pósito de Deus, segundo a eleição” apoia a tese da existência de duas partes para o decreto

de Deus.

Também deve ser salientado que a predestinação de Deus de Seu povo para a bem-aven-turança eterna, antes que Ele os contemplasse como criaturas pecadoras concorda, muito

melhor do que a ideia infralapsariana, com o barro sem forma do Oleiro: “Ou não tem o olei-ro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para de-

sonra?” (Romanos 9:21). Sobre isso, Beza (co-pastor com Calvino na igreja em Genebra)observou que: “se o apóstolo tivesse considerado a humanidade como corrompida, ele nãoteria dito que alguns vasos foram feitos para honra e alguns para desonra, mas antes, quetodos os vasos eram aptos para desonra, alguns sendo deixados para desonra, e outros

transportados da desonra para a honra”.

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Mas deixando de inferências e deduções, voltemo-nos agora para algo mais evidente e

definitivo. Em Efésios 1:11 lemos: “havendo sido predestinados, conforme o propósito da-quele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade”. Agora, um estudo cui-dadoso do que precede revela uma clara distinção em “todas as coisas” que Deus opera“segundo o conselho da sua vontade”, ou, para indicá-lo de outra maneira, as bênçãos

espirituais que Deus concede ao Seu povo são divididas em duas classes distintas, deacordo como Ele os contemplou pela primeira vez em um estado não-caído e, em seguida,em um estado caído. A primeira e mais elevada classe de bênçãos são enumerados nosversículos 4 a 6 e relaciona-se com o decreto de Deus sobre a finalidade; a segunda esubordinada classe de bênçãos são descritas nos versos 7 a 9 relaciona-se com o decretode Deus sobre os meios que Ele designou para a realização desse fim.

Estas duas partes do mistério da vontade de Deus para como Seu povo desde a eternidade

são claramente marcadas pela mudança de tempo que é usada: o passado de “tambémnos elegeu” (v. 4), “e nos predestinou para a adoção de filhos” (v. 5) e “nos fez agradáveisa si no Amado” (v. 6), torna-se em tempo presente, no versículo 7: “em quem temos aredenção pelo seu sangue”. Os benefícios mencionados nos versículos 4-6 não são, de

forma alguma, dependentes de uma consideração sobre a Queda, mas seguem o fato determos sido escolhidos em Cristo, sendo dados sobre fundamentos altos e distintos, a partirde Seu ser o nosso Redentor. Deus nos escolhe em Cristo, nosso Cabeça, para que seja-mos “santos”, porém isto se refere à santidade imperfeita que temos nesta vida, mas a uma

santidade perfeita e imutável, até mesmo como a que os anjos não tinham por natureza; ea nossa predestinação para adoção denota uma comunhão imediata com o próprio Deus,bênçãos que teriam sido nossas mesmo que o pecado jamais houvesse entrado no mundo.

Como Thomas Goodwin destacou em sua inigualável exposição de Efésios 1: “A primeirafonte de bênçãos — santidade perfeita, adoção, e etc. — foram ordenadas a nós sem levar

em consideração a Queda, embora não antes da consideração da Queda; pois todas ascoisas que Deus decreta existem ao mesmo tempo em Sua mente; elas estavam todas,tanto uma quanto a outra, ordenadas às nossas pessoas. Mas Deus, nos decretos sobreesta primeira sorte de bênçãos nos viu como criaturas que Ele poderia e gostaria de fazerassim gloriosos... entretanto a segunda sorte de bênçãos foi ordenada a nós apenas emconsideração à Queda, e às nossas pessoas consideradas como pecadoras e incrédulas.

A primeira sorte foi para “louvor da graça de Deus”, considerando a graça pela gratuidadedo amor; enquanto o segundo tipo é para “o louvor da glória da sua graça”, considerando agraça da livre misericórdia”.

As primeiras e maiores bênçãos devem ter a sua plena realização no Céu, sendo adequa-das para aquele estado em que estaremos estabelecidos, e como na principal intenção de

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Deus, elas estão diante da outra e são ditas terem sido “antes da fundação do mundo” (Efé-sios 1:4), então elas devem ser realizadas após este mundo estar terminado, a “adoção” aque estamos predestinados (Efésios1:5) ainda esperamos (Romanos 8:23); enquanto queas segundas são bênçãos derramadas sobre nós no mundo inferior, pois é aqui e agoraque recebemos a “remissão dos pecados” através do sangue de Cristo. Mais uma vez; as

primeiras bênçãos são fundadas unicamente sobre a nossa relação com a pessoa deCristo, como é evidente, “escolhidos nele... no Amado”; mas as bênçãos da segunda sorte

são baseadas em Sua obra, a redenção que advém do sacrifício de Cristo. Assim, asúltimas bênçãos são apenas a remoção daqueles obstáculos que por causa do pecado seinterpõem em nosso caminho de glória intencionada.

Mais uma vez; esta distinção das bênçãos que nós recebemos em Cristo, como criaturas,e por meio de Cristo como pecadores, é confirmada pelo duplo ofício que Ele sustenta emrelação a nós. Isto é claramente expresso em: “Porque o marido é a cabeça da mulher, co-mo também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo” (Efésios5:23). Observe cuidadosamente a ordem desses títulos: Cristo é primeiramente o nossoCabeça e marido, o que estabelece as bases dessa relação com Deus na qualidade deSeus filhos adotados, como pelo casamento com Seu Filho. Em segundo lugar, Ele é onosso “Salvador”, o que necessariamente relaciona-se ao pecado. Efésios 5:23 deve ser

comparado com Colossenses 1:18-20, onde a mesma ordem é estabelecida: nos versos 18e 19 aprendemos que Cristo é absolutamente ordenado e Sua igreja com Ele, através doque Ele é o fundador desse estado que nós entraremos após a ressurreição, e, em seguida,

no versículo 20 O vemos como redentor e reconciliador: primeiro a “Cabeça” da Sua Igreja,e, em seguida, o seu “Salvador”! A partir desta dupla relação de Cristo com os eleitos surgeuma dupla glória para a qual Ele é ordenado: a intrínseca, devida a Ele por ser o Filho deDeus que habita em natureza humana e sendo aí a cabeça de uma Igreja gloriosa (vejaJoão 17:5); e outra mais extrínseca, como adquirida pela Sua obra de redenção e compradacom a agonia de Sua alma (veja Filipenses 2:8-10)!

Temos chamado a atenção para o fato de que a única razão para que qualquer alma te-mente a Deus creia na doutrina da eleição é porque ela a encontra revelada em destaquena Palavra de Deus e, portanto, segue-se que a nossa única fonte de informação sobre amesma é a Palavra em si. No entanto, o que acaba de ser dito é demasiado geral para serde ajuda específica para o investigador sério. Quando nos voltamos para as Escrituras porluz sobre o mistério da eleição, é mui essencial que tenhamos em mente que Cristo é a

chave para todas as partes delas: “no rolo do livro de mim está escrito” [Salmos 40:7],declara Ele, e, portanto, se tentarmos estudar este assunto à parte dEle, certamenteerraremos. Em capítulos anteriores nós evidenciamos que Cristo é a grandiosa origem da

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eleição, e é a partir desse ponto de partida que devemos proceder, se quisermos fazer qual-quer avanço correto.

O que acaba de ser sinalizado é válido não apenas no geral, mas em particular: por exem-plo, em relação a esse ramo especial de nosso assunto que foi discutido, nós agora segui-remos a partir deste ponto de vista particular. Se formos corretamente de volta para o iníciopropriamente dito, então, aparecerá que Deus Se agradou, e assim resolveu, vir à comu-nhão com a criatura, o que significa que Ele determinou trazer à existência criaturas quedeveriam gozar de comunhão com Ele mesmo. Sua própria glória era unicamente o fimsupremo desta determinação, pois “o Senhor fez todas as coisas para atender aos seuspróprios desígnios” (Provérbios 16:4). Nós repetimos, que a Sua própria glória foi o motivoúnico e suficiente que levou Deus a criar a todos: “Ou quem lhe deu primeiro a ele, para

que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória,pois, a ele eternamente. Amém” (Romanos 11:35-36).

A principal glória que Deus projetou para Si mesmo na eleição foi a manifestação da glóriade Sua graça. Isto é irrefutavelmente estabelecido por: “E nos predestinou para filhos de

adoção por [através, no Grego] Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de suavontade, para louvor da glória de sua graça” (Efésios 1:5-6). A graça é uma daquelas per-

feições ilustres no caráter Divino, que é gloriosa em si mesma, e sempre teria permanecidoassim embora nenhuma criatura fosse formada; mas Deus mostrou este atributo na eleiçãode tal forma que o Seu povo ainda a louvará e glorificará para todo o sempre. Deus mostroua Sua santidade ao entregar a Lei, o Seu poder na criação do mundo, a Sua justiça em lan-çar os ímpios no inferno, mas a Sua graça resplandece especialmente na predestinação e

a que Seus eleitos são predestinados. Assim, também, quando se diz que Deus deu a “co-nhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes pre-

parou” (Romanos 9:23), a primeira referência é à Sua graça, como Efésios 1:7 demonstra.

A segunda pessoa da Trindade foi predestinada para ser Deus-homem, sendo primeiro de-cretado, pois somos “escolhidos nele” (Efésios1:4), o que pressupõe que Ele seja escolhidoem primeiro lugar, como o fundamento em que nós somos estabelecidos. Somos predesti-nados para a adoção de filhos, no entanto, é “por Jesus Cristo” (Efésios 1:5). Assim lemos:“O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo,mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós” (1 Pedro 1:20); como veremosmais tarde que a expressão “antes da fundação do mundo” não é apenas uma observaçãode tempo, mas, principalmente, uma indicação de eminência ou preferência, que Deus tinhade Cristo emSua visão antes de Sua intenção de criar o mundo para Ele e Seu povo. Agora,temos mostrado que Cristo foi ordenado para ser Deus-homem para fins muito maiselevados do que a nossa salvação, a saber, para que o próprio Deus Se delei-tasse; para

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contemplar a imagem perfeita de Si mesmo em uma criatura, e por essa união, comunicar-Se com aquele homem de uma maneira e nível que não é possível a qualquer mera criaturacomo tal.

Juntamente com o Filho sendo predestinado a ser Deus-homem, ali repousa a Sua gloriosapessoa, como Sua herança, para ser o fim soberano de todas as outras coisas que Deusfaria e a finalidade de quaisquer de suas criaturas racionais que Ele se agradaria em esco-lher para a glória. Isso fica claro em: “por que tudo é vosso, e vós de Cristo, e Cristo deDeus” (1 Coríntios 3:21-23), que é falado em referência à consumação. Como vocês, ossantos, são o fim para o qual todas as coisas foram ordenadas, assim Cristo é o fim devocês, e Cristo é o propósito de Deus ou o propósito em ação. Nós dizemos que Cristo é

“o fim soberano”, e não o fim supremo, pois o próprio Deus está acima e sobre tudo; masCristo é o fim soberano de toda a criação, tendo co-autoridade com Deus, abaixo de Deus.

Assim, declara-se que “por ele” e “para ele” foram criadas todas as coisas (Colossenses1:16), como se diz de Deus emRomanos 11:36. Assim, este fimsoberano na criação repou-sa nEle como a herança do Mediador: “O Pai ama o Filho, e todas as coisas entregou nassuas mãos” (João 3:35).

Na predestinação do Filho do homemquanto à união como Filho de Deus, e na constituiçãodEle através dessa união para ser o nosso fim soberano e de todas as coisas, foi conferidoao homem Cristo Jesus, assim, exaltado ao favor mais alto possível, incomensuravelmentetranscendendo toda a graça mostrada para os eleitos, de qualquer forma considerada, demodo que se a nossa eleição é para o louvor da glória da graça de Deus, a Sua muito mais.Mais honra foi conferida “ao santo ser” que nasceu da virgem do que a todos os membros

do Seu corpo místico juntos; e isso foi a graça pura e simples, graça soberana, que aconcedeu. O que havia em Sua humanidade, simplesmente considerada, o que lhe conce-deu direito a tal exaltação? nem poderia haver qualquer mérito previsto que o exigia, por

isso deve ser dito sobre o homem Jesus Cristo, como sobre todas as outras criaturas: “Por-que, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido?” (1 Coríntios 4:7).

Que não seja esquecido que ao decretar a união do Filho do homemcoma segunda pessoada Trindade, comtoda a honra e glória envolvidas nisso, Deus era perfeitamente livre, comoem todo o restante, para tê-lO decretado ou não, como Ele quisesse; sim, tivesse Ele seagradado, Ele poderia ter nomeado o arcanjo ao invés da semente da mulher, para talinestimável privilégio. Foi, portanto, a livre graça de Deus, que fez esse decreto, e quantomais elevada foi a dignidade conferida a Cristo acima de Seus companheiros, tanto maiorfoi a graça. A predestinação do homem Jesus, então, é o maior exemplo de graça e,portanto, o maior propósito de Deus na predestinação para manifestar a Sua graça (de ondetem o seu título denominado “a eleição da graça” — Romanos 11:5) foi realizado nEle sobre

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Seus irmãos, para que Ele seja para o louvor da glória da graça de Deus, muito acima doque nós somos.

Desde que no caso de Cristo nós temos tanto o padrão quanto o exemplo da eleição, agrandiosa origem, é bastante evidente que a graça não deve ser limitada ou entendidaapenas como o favor Divino em direção às criaturas que estão caídas e estão entregues àruína e miséria. A graça não necessariamente supõe pecado nos objetos em que é mostra-da, pois a mais alta instância de todas, esta da graça concedida ao homem Cristo Jesus,foi conferida Àquele que não teve pecado e era incapaz disso. Graça é favor mostrado aquem não merece, pois a natureza humana no Deus-homem não mereceu a distinção quelhe foi conferida. Quando estendida às criaturas caídas, é favor demonstrado a merecedo-res do mal e merecedores do Inferno, mas isso não está implícito no termo em si, comopode ainda ser visto no caso da graça Divina sendo estendida aos anjos não-caídos. Assim,como Cristo é o padrão em quem Deus predestinou Seu povo para ser conforme, Suaeleição deles para a glória eterna estava sob Sua visão deles como criaturas não-caídas enão como criaturas corrompidas.

Deus, tendo, assim, absolutamente escolhido o Filho do homem, com isso dotou-O de talrealeza como a ser o fim soberano de todos a quem Ele criaria ou elegeria para a glória,segue-se, portanto, que aqueles de nós que foram escolhidos, foram destinados pela pró-pria ordenação de Deus em nossa escolha de existirmos para a glória de Cristo como afinalidade de nossa eleição, bem como para a própria glória de Deus. Nós não fomosabsolutamente ordenados — como Cristo em Sua predestinação única foi no primeiropropósito dEle — senão a partir do primeiro de nós, a intenção de Deus a nosso respeito éque sejamos de Cristo e tenhamos a nossa glória a partir dAquele que é “o Senhor da glória”

(1 Coríntios 2:8). Aqui, como em toda parte, Cristo tem a preeminência, pois a pessoa deCristo, Deus-homem, foi predestinada para a dignidade de Si mesmo, mas nós para a glóriade Deus e de Cristo. Embora Deus o Pai, primeiro e unicamente, designou quem os favore-cidos seriam, ainda assim, qualquer eleição que houve deveria ser por causa de Cristo,bem como a Sua própria.

Em nossa eleição Deus tinha o Seu Filho em vista como Deus-homem, e em Seu propósitosobre Ele como a nossa finalidade, Ele nos escolheu por amor dEle, para que fôssemosSeus “companheiros” ou companhias (Salmos 45:7), assim como Ele era o deleite de Deus(Isaías 42:1), de modo que nós pudéssemos ser o Seu deleite (Provérbios 8:31). Assim,nós fomos dados a Cristo em primeiro lugar, não como pecadores a serem salvos por Ele,mas como membros sem pecado a uma Cabeça sem pecado, como um dom soberano deSua pessoa, para Sua honra e deleite, e para participar da glória sobrenatural com Ele e

dEle. “‘E eu dei-lhes a glória que a mim [como Deus-homem] me deste’, em conformidade

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com Tua eleição deles e Teu entregar-lhes a Mim para serem Meus. Tu os tens amadocomo Tu Me tens amado a Mim [ou seja, com um amor eterno na eleição], sim, Tu lhesdeste a Mim, para a Minha glória como a finalidade deles, e pelo que, principalmente, Tu

lhes amaste” (João 17:22-23).

E o que se segue imediatamente em João 17? Isto: “Pai, aqueles que me deste quero que,onde eu estiver, tambémeles estejamcomigo, para que vejama minha glória que me deste;

porque tu me amaste antes da fundação do mundo” (v. 24). Cristo foi amado em Sua eleiçãodesde a eternidade, e a partir do amor de Deus por Ele, pessoas foram dadas a Ele — com

que propósito? Mesmo para contemplá-lO, admirá-lO e adorá-lO em Sua pessoa e glória,como sendo a própria coisa a que eles foram ordenados, mais do que para a própria glóriadeles, pois a glória deles surge a partir de contemplar a dEle (2 Coríntios 3:18). E o que éesta glória a que Cristo foi ordenado? A glória de Sua pessoa primeiro absolutamentedecretada a Ele é a elevação de Sua glória no céu, onde somos ordenados a contemplá-la. E observe como Ele aqui (João 17:24) revela o principal motivo de Deus nisso: “porquetu me amaste”, Cristo sendo escolhido em primeiro lugar na designação de Deus, os mem-bros foram escolhidos e dados a Ele para que eles redundassem em Sua glória.

Sendo nós escolhidos para a glória de Cristo como nossa finalidade, e por amor a Ele, bemcomo para a glória da graça de Deus para conosco, Deus ordenou uma dupla relação deCristo para conosco para a Sua glória, adicional àquela glória absoluta de Sua pessoa.Primeiro, a relação de uma “Cabeça”, onde nós fomos entregues a Ele como membros deSeu corpo, e como uma esposa ao seu marido para ser seu cabeça. Em segundo lugar, a

relação de um“Salvador” e Redentor, que é, em adição à sua liderança; e ambos para adici-onal glória de Cristo, e também para a manifestação da graça de Deus em relação a nós.

Estas duas relações são bastante distintas e não devem ser confundidas. “Porque o maridoé a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o

salvador do corpo” (Efésios 5:23), cada um desses ofícios foi nomeado a Ele pelo bene-plácito da vontade de Deus. Esta mesma dupla relação de Cristo em relação ao Seu povoé apresentada novamente em Colossenses 1:18-20, esta honra oficial dupla conferida a Eleestá além e acima das realezas absolutas de Sua pessoa como Deus-homem.

Agora vimos que a dupla relação de Cristo quanto ao Seu povo tem, adequadamente, umduplo e distinto aspecto e consideração quanto a nós e sobre nossa eleição por Deus, quenão foi absoluta como a de Cristo foi, mas em relação aos Seus dois ofícios principais. Oprimeiro diz respeito às nossas pessoas, sem a consideração de nossa Queda em Adão,pelo qual fomos contemplados na pura porção da criação como a ser criada, e nestaconsideração Deus nos ordenou para a glória final, sob relação com Cristo como “Cabeça”,seja como membros de Seu corpo ou como Sua noiva, ou melhor, tanto como sendo Ele a

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Cabeça da Igreja; como um ou como ambas, as nossas pessoas eram plenamente capazesanteriormente ou sem qualquer consideração de nossa Queda. Em segundo lugar, as nos-sas pessoas vistas como caídas, como corruptas e pecaminosas, e, portanto, como objetosa serem salvos e redimidos da escravidão do mesmo, sob a nossa relação com Ele como

um “Salvador”.

Cada uma dessas relações foi para a glória da graça de Deus. Primeiro, em Seu desígniode favorecer-nos, considerados puramente como criaturas, para uma maior glória por SeuCristo do que era atingível pela lei da criação. Ordenar-nos a esta glória foi pura graça, nãomenos do que redimir-nos do pecado e da miséria em que caímos; pois isso foi totalmenteindependente das obras ou mérito, assim como a eleição de Cristo (que é o padrão danossa) se deu além da consideração de obras de qualquer tipo, como Ele declarou: “a mi-nha bondade não chega à tua presença” (Salmo 16:2). “Embora o trabalho da vida e agoniada morte do Filho refletiu um brilho incomparável sobre cada atributo de Deus, contudo, oDeus mui bendito e infinitamente feliz não tinha nenhuma necessidade da obediência e damorte de Seu Filho, foi por nossa causa que a obra da redenção foi empreendida” (C. H.Spurgeon). É a esta graça original que 2 Timóteo 1:9 refere-se, foi a graça somente, quelevou Deus a nos resgatar e chamar, à parte das obras, mas “segundo” esta graça matriz

pela qual fomos ordenados para a glória desde o início.

Nessa graça original repousa o grandioso e último desígnio de Deus, pois ela terá suarealização última emtodos, e coma perfeição de todos. Deus poderia imediatamente, sobrea nossa primeira criação, ter nostomado nesta glória. Mas emsegundo lugar, para adicionalmagnificação de Cristo e demonstração mais ampla de Sua graça, para estendê-la ao seu

alcancemáximo;comoapalavraemHebraicoé:“Estendeatua benignidade” (Salmo 36:10).

Ele não quis conduzir-nos à plena posse da nossa herança em contemplar a glória pessoalde Cristo, nossa cabeça; mas permissivamente ordenou que cairíamos em pecado, e,portanto, decretou criar-nos em condições mutáveis (como a lei da criação requeria), o queabriu caminho para a abundância de Sua graça (Romanos 5:15). Isto é confirmado por:

“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia [um termo que denota nosso merecimento domal], pelo seu muito amor com que nos amou” (Efésios 2:4). Primeiro Deus nos amou,vistos como criaturas sem pecado; e isso se tornou a base da “misericórdia” para conosco,

quando considerados como pecadores.

Foi sobre esta determinação Divina que os eleitos não entrariam imediatamente após a suacriação na glória a que foram ordenados, antes primeiro seriam permitidos cair em pecadoe miséria e, em seguida, seriam libertos do mesmo, de forma que Cristo tivesse Sua gran-diosa e maior glória do ofício de Redentor e Salvador acrescentada à Sua eleição de pree-minência. É nosso ser pecador e miserável que ocupa a nossa preocupação presente e

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imediata, como a que estamos mais solícitos quanto a deixar este mundo, e é por isso queas Escrituras, principalmente, apresentam a Cristo como Redentor e Salvador. Dizemos

“principalmente” pois como vimos elas não são, de forma alguma, silenciosas sobre a maior

glória advinda do fato dEle ser o Cabeça da Igreja; sim, suficiente é dito nelas para atrairos nossos pensamentos, afeições e esperanças para contemplá-lO em Sua grandiosaglória.

Ao concluir este esboço sobre a ordem Divina da eleição de Cristo, e nossa, como é repre-sentada nas Escrituras, que seja destacado que não supomos um intervalo de tempo entreDeus predestinar a Cristo, como Cabeça e O predestinar como Salvador, pois tudo foi simul-tâneo na mente de Deus; mas a distinção é da ordem de natureza, e para a nossa melhorcompreensão dos mesmos. Cristo não poderia ser o “Cabeça”, sem o correlato de Seu“corpo” místico, como Ele não poderia ser o nosso “Salvador”, a menos que houvéssemoscaído. “Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a minhaalma” (Isaías 42:1), Cristo foi primeiramente o eleito e deleite de Deus, e depois Seu servo— sustentado por Ele na obra da redenção. Absoluta e principalmente Cristo como Deus-homem foi ordenado para Ele mesmo, para Sua própria glória; relativa e, secundariamente,Ele foi escolhido para nós e para a nossa salvação.

A glória da pessoa do Deus-homem, absolutamente considerada, foi o desígnio primário deDeus, a que Ele determinou em Seu coração; próximo a isso foi a Sua ordenação de Cristopara ser um Cabeça para nós e de nós para sermos um corpo para Ele, isso por nossaunião com Ele como nossa Cabeça; Ele foi o autor suficiente e eficiente de tais bênçãos, àmedida que nos tornarmos imutavelmente santos; da filiação a partir de Sua Filiação; daaceitação graciosa de nossas pessoas nEle como o principal Amado, e herdeiros de umamesma glória com Ele, todas estas benções nos capacitam a sermos considerados porDeus como criaturas puras através da nossa união com Cristo, e não necessitados de Suamorte para comprá-las para nós, sendo bastante distintas da bênção da redenção comoEfésios 1:7 (seguido dos versos 3-6) mostra com suficiente clareza. Como fazer de Cristoa nossa cabeça foi o primeiro no plano de Deus, assim será o último a ser efetuado, sendo

esta a maior de todas as bênçãos da “salvação”, a coroa de tudo, quando nós estaremos“para sempre com o Senhor”.

Descendo a um nível muito mais baixo, que seja sinalizado que certamente os santos anjosnão podiam ser considerados na massa corrupta quando eles foram escolhidos, uma vezque nunca caíram; por isso, é mais razoável supor que eramconsiderados por Deus mesmoquando estavam na mesma pura massa da criação, quando Ele os elegeu. Assim foi coma natureza humana de Cristo, que é o objeto da eleição, pois nunca caiu em Adão, nemnunca entrou em um estado corrupto, mas foi “escolhido dentre o povo” (Salmos 89:19), e,

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consequentemente, as pessoas das quais Ele foi escolhido devem ser consideradas comoainda não-caídas. Isso por si só concorda com o tipo de Eva (a Igreja) que está sendo dadaa Adão (Cristo) antes do pecado entrar no mundo. Assim, a dupla ordenação dos eleitospara a glória e para a salvação (tendo em vista a Queda) de Deus concorda com a duplaordenação dos não-eleitos: preterição como criaturas e condenação como pecadores.

Nota: Por muito do que foi exposto acima, estamos em dívida com Thomas Goodwin. Em algunslugares temos sido propositadamente repetitivos neste capítulo, pois a maior parte do fundamentoexaminado é inteiramente nova para a maioria dos nossos leitores.

Sola Scriptura!Sola Gratia!Sola Fide!

Solus Christus!

Soli Deo Gloria!

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Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink Oração — Thomas Watson Pacto da Graça, O — Mike Renihan Paixão de Cristo, A — Thomas Adams Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston Plenitude do Mediador, A — John Gill Porção do Ímpios, A — J. Edwards Pregação Chocante — Paul Washer Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

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M'Cheyne Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon Sangue, O — C. H. Spurgeon Semper Idem — Thomas Adams Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

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Edwards Sobre aNossa Conversão a Deuse Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

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2 Coríntios 41

2Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,3

4

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória5

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus.6

Porque Deus,que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

7

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.8

Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.9

Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;10

Trazendo semprepor toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos;11

E assim nós, que vivemos, estamos sempreentregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal.12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida.13

E temosportanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos.14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitarátambém por Jesus, e nos apresentará convosco.

15Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória deDeus.

16Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia.17

Porque a nossa leve e momentânea tribulaçãoproduz para nós um peso eterno de glória mui excelente;

18Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que senão veem são eternas.