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F ERNANDA M ARIA G UEDES DE C AMPOS A ORDEM DAS ORDENS RELIGIOSAS Roteiro Identitário de Portugal (S ÉCULOS XII - XVIII)

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Page 1: A Ordem das Ordens Religiosas - v06.8 · Lisboa, depois alargando a observação a Alcobaça e Santarém, no Antigo Regime. Tal necessidade básica, para retomar a sua expressão,

FERNANDA MARIA GUEDES DE CAMPOS

A ORDEM DAS ORDENS

RELIGIOSAS

Roteiro Identitário de Portugal (SÉCULOS XII - XVIII)

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APOIO INSTITUCIONAL

TÍTULO

A ordem das Ordens Religiosas: roteiro identitário de Portugal (séculos XII - XVIII)

AUTORA

Fernanda Maria Guedes de Campos

BASE DE DADOS E DESIGN Manuel Campos

IMAGEM DA CAPA

[Livro dos uzos da Ordem de Cister]. - [Alcobaça], 1444. BNP ALC. 278 purl.pt/24125, f. 8

Setembro, 2017

ISBN: 978-989-658-475-7 Dep. Legal n.º 430087/17

DOI: 10.19262/978-989-658-475-7

EDIÇÃO CALEIDOSCÓPIO – EDIÇÃO E ARTES GRÁFICAS, SA Rua de Estrasburgo, 26 – r/c dto. 2605-756 Casal de Cambra. PORTUGAL Telef.: (+351) 21 981 79 60 | Fax: (+351) 21 981 79 55 [email protected] | www.caleidoscopio.pt

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“Numa época em que as referências cristãs deixaram progressivamente de fazer parte da cultura normal, torna-se cada vez mais necessário oferecer instrumentos de orientação susceptíveis de resolver as dificuldades com que todos os historiadores deparam na interpretação e aproveitamento de documentos acerca dos religiosos anteriores aos meados do século XX e na compreensão dos acontecimentos históricos em que desempenharam algum papel.”

José Mattoso, Prefácio, in Ordens religiosas em Portugal: das origens a Trento, 2016, p. 9

“… on acorde trop de poids à l’influence des religions sur les peuples, et pas assez à l’influence des peuples sur les religions.”

Amin Maalouf, Le dérèglement du monde, 2009, p. 233-234

“Quem vive no convento é que sabe o que se passa lá dentro.”

Provérbio popular

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PREFÁCIO

O significativo incremento que tem conhecido, entre nós, o estudo da História Religiosa tem-se concretizado em inúmeros estudos que, em geral, se desenvolvem no meio universitário, através de teses de mestrado ou de doutoramento cuja divulgação nem sempre ultrapassa o âmbito académico. Mas o grande interesse pelos temas da História Religiosa, nas suas múltiplas vertentes, tem promovido o esforço e a necessidade de verter em obras de síntese ou em guias de estudo o que vai sendo possível sistematizar como resultado dos progressos verificados na investigação erudita.

Este livro, A Ordem das Ordens Religiosas: Roteiro Identitário de Portugal (Séculos XII-XVIII), exprime de forma exemplar essa tendência. Como diz a Autora, a obra que agora vem a público surgiu de uma necessidade básica verificada aquando da elaboração do seu doutoramento, em 2013. Neste, parcialmente editado no circuito comercial com o título Para se Achar Facilmente o que se Busca. Bibliotecas, Catálogos e Leitores no Ambiente Religioso (Séc. XVIII) (Caleidoscópio, 2015), Fernanda Maria Guedes de Campos estudou as bibliotecas de casas religiosas, primeiro da região de Lisboa, depois alargando a observação a Alcobaça e Santarém, no Antigo Regime. Tal necessidade básica, para retomar a sua expressão, prendia-se com a importância de proceder ao levantamento, o mais exaustivo possível, dos estabelecimentos das ordens religiosas então existentes. Uma necessidade tão elementar quanto difícil de concretizar. O que não impediu que Fernanda Campos se lançasse no cumprimento de tal tarefa, agora à escala de todo o país.

Presta, assim, um inestimável serviço à historiografia sobre as Ordens Religiosas e a um universo de públicos muito diversificados. De facto, estamos perante um precioso instrumento de trabalho, da maior utilidade para os estudiosos dedicados à investigação sobre esta temática, mas também para aqueles que em termos profissionais estão ligados à área do património histórico e cultural, seja na Administração Central, seja nas Autarquias Locais, e, ainda, para todos os que por gosto e curiosidade se interessam pela História na sua dimensão mais ampla.

Fernanda Campos apresenta-nos o percurso da sua investigação, descrito, explicado, justificado e fundamentado numa Introdução que constitui, também ela, um

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roteiro do trabalho desenvolvido e dos objectivos que perseguiu e que alcançou. Num tema tão amplo quanto complexo e cuja tradição historiográfica apresenta, por vezes, dados contraditórios, nem sempre se conseguem atingir certezas absolutas. Mas os elementos recolhidos para cada Ordem, a sistematização dos dados, a disponibilização de cronologias que vão do século XI ao XIX, a referência a fundos documentais, a extensa e actualizada bibliografia, tudo concorre para fazer deste livro uma ferramenta essencial. Essencial como “ponto de situação” acerca das Ordens Religiosas em Portugal, desde a Idade Média até à sua extinção na centúria de Oitocentos, e essencial também como ponto de partida para novos estudos alicerçados numa sólida base documental e orientados pela procura do rigor historiográfico.

Sendo uma obra de temática religiosa, não se trata de um livro confessional. A sua perspectiva é a da pesquisa cientificamente conduzida, a da maior aproximação possível à realidade objectiva, mesmo sabendo-se que a subjectividade é inerente à condição humana e, portanto, também do historiador ou da historiadora. É este aspecto, aliás, que confere ao investigador o entusiasmo com que se abalança para a realização de tarefas que, tantas vezes, se revelam tão pesadas quanto gratificantes. Como, sem dúvida, aqui transparece na escrita de Fernanda Guedes de Campos.

A investigação histórica vale pelo que revela acerca do passado (e do presente…), mas também pelas novas vias que desbrava para o aprofundar de tal conhecimento. Este livro coloca-se precisamente no entroncamento desses dois caminhos. Que não se opõem, antes se situam no prolongamento um do outro. Se mais virtudes não tivesse, só por isto o presente livro já cumpriria cabalmente a sua função. Reunindo e condensando conhecimentos, apresentando resultados de um trabalho profundo, difundindo saber; mas também definindo critérios, propondo métodos, disponibilizando elementos de apoio – em suma, constituindo um útil e generoso Roteiro para quem o quiser seguir, prosseguindo no estudo de uma realidade que vem de longe, de muitos séculos, e cuja completa compreensão continuamos a procurar atingir. Certos de que, na via do conhecimento, os caminhos nunca acabam.

Lisboa, Agosto de 2017. Bernardo Vasconcelos e Sousa Instituto de Estudos Medievais (FCSH-UNL)

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UMAS QUANTAS RAZÕES EM ORDEM A APRESENTAR ESTAS ORDENS

Fernanda Campos logo a partir de uma Introdução (p.1-14), em que se traçam as metodologias e pressupostos de investigação a empregar ao longo da investigação e se desenha uma arquitectura de contornos claros que deixam perceber o levantar do edificado que se vai estudar, transmite-nos a sensação de leitor satisfeito e desejoso de avançar, página a página, ao logo das mais de seiscentas que se sucedem. Não é a sua quantidade que nos preocupa ou nos agrada, pelo contrário, muitas vezes quanto menos melhor!, mas as possibilidades de investigação em aberto que, aquele sentir do gosto de ler, nos deixa antever.

A sensação, pouco a pouco, no passar de cada página, torna-se certeza e prazer.

Metodologias traçadas, objectivos definidos, escrevem-se as páginas que encerram a delimitação do objecto de estudo, as suas conceptualizações e cronologias em Formas de Vida Consagrada em Portugal: Linhas Contextuais e Marcas Identitárias (p.15-36). Por um lado, as caracterizações do entendimento sobre as diferentes “formas de vida consagrada” e o que isso encerra. Por outro, a síntese das estruturas diacrónicas, esse caudal de tempo a que nos tentamos aproximar e afeiçoar, subjectiva, mas compreensivelmente, no tratamento histórico. Tudo isto envolvido com as “marcas identitárias”!

Difícil, o entendimento daquela definição de vida, muito difícil, a síntese que se ensaia.

Querer com objectividade moldar a “vida” e, mais, a “vida consagrada”, a uma definição, conceptualização, paradigma de análise, como se lhe queira chamar, não é fácil. Porque sobre “vida” até filosofar é difícil, quanto mais determiná-la em contexto histórico. Porque “cansagrada” pressupõe um reflexo, a quem ou a quê, essa vida se disponibiliza. Ora bem, com um cuidado muito simples e amarrado a ideias, estudos e práticas de investigação que cruzam as Histórias da Igreja, Eclesiástica ou Religiosa, consideram as codificações do Direito Canónico, olham as Regras e os Estatutos dos Religiosos e as normativas régias, dos tempos medievais à desaceleração do Antigo

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Regime oitocentista, Fernanda Campos consegue um equilíbrio definitivo que balancea estes dados e que, é evidente na leitura da obra, se torna operacional.

Ao mesmo tempo que vai construindo a caracterização conceptual da “vida consagrada” percorre a História de Portugal, procurando as lógicas identitárias, em olhares a mosteiros, conventos, leigos, seculares, reformas mais ou menos profundas, alterações de ritmos e práticas sociais consequentes nos modelos de consagração, ou poderes de oposição àquela forma de vida.

Num e noutro caso triunfa a capacidade de síntese, não na procura de equidistâncias mas na construção de permanências e mudanças, diferenças e ortodoxias. Um trabalho de investigação com rumo definido e bases fiáveis.

Este trabalho, uma capacidade evidente de tecitura de dados na sua compaginação e, sempre, com vista a um discurso de clareza, concisão e síntese, capaz de motivar o alargamento dos campos da informação, da interpretação e da possibilidade de comparação é a tónica do grande corpo do trabalho, o Roteiro das Ordens e Congregações (p.37-469), da origem de cada uma delas em Portugal até à sua extinção em 1834.

Reproduções de rostos de obras impressas, escolhidas pelo seu significado dentro de cada instituto, antecedem o roteiro das Ordens Monásticas (p.42-108), Canónicas (p.109-144), Mendicantes (p.145-410), Sociedades de Vida Apostólica e Congregações (p.411-448), Ordens Militares (p.449-466) e Outros Institutos (p.467-469). Cada um destes grandes corpos tipológicos é subdividido (ressalve-se que as designações podem variar) em Províncias, Assistências, Custódias, Casas, Eremitérios, Ermidas, Hospícios, Oratórios, Recolhimentos, Seminários, Colégios, Hospitais ... de acordo com as suas organizações estatutárias e pragmáticas de governo geral e local, e as necessidades de cumprimento de tão variadas missões fundacionais.

Para qualquer das Ordens foi escrita um Nota Histórica detalhada. Elaborada uma excelente Cronologia, apresentada em quadro, onde se podem ler e visualizar temporalidades, oragos, localidades e a relação masculino/feminino. Num gráfico figuram-se os Perfis Fundacionais o que permite verificar em cada século o número total das Casas, assim como variação entre as masculinas e as femininas. Do maior interesse para a história social e antropologia dos poderes é o campo das Estratégias Fundacionais. Aqui vemos ladearem-se, quando não oporem-se, o Rei e a Rainha, as gentes da Casa Real, os Grandes, os nobres e as elites das governanças locais, os casais e as viúvas, os mercadores, as instituições locais, as Províncias e as Dioceses ... um complexo imenso e por estudar de sistemas e comunição, de representação e de poder, que conduz a votos pessoais, mais ou menos interceiros, que quantas vezes condiciona a Tipologia Institucional que se menciona na sequência. O percurso interno a cada Ordem fica bem concluído com a apresentação cartografada, século por século, da sua Implantação Territorial pelo Reino, deixando muito clara a espacialidade das ocupações, as suas marcas mais a Norte ou no litoral, os vazios do Sul, a proximidade urbana.

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Uma Bibliografia Geral precisa e valida estas indicações. A listagem de todas as obras citadas ou para as quais há remissão consta da Bibliografia (p.523-584).

Cada uma das Ordens, simplificando, é cuidadosa e pacientemente analisada: inscrita na cronologia, localizada no Reino e remetida para recursos de aferição e alargamento dos conteúdos num sentido que vai do geral para o muito particular, queremos dizer, para cada umas das mais pequenas células de organização, função e vida consagrada, as Casas (mosteiros, conventos e suas derivações).

Nascem, depois desta incursão, arrolamentos de micro-análise, Casa por Casa. Mantendo a lógica roteirística cada uma dessas Instituições merece a atenção do levantamento da sua Designação, Designação Alternativa (se existe), Localização, Cronologia, Ordem, Género (masculino ou feminino). Numa riqueza que merece ser destacada juntam-se Referências bibliográficas quando existem, e remissão para corpos documentais dísponíveis em linha não se esquecendo as dimensões patrimoniais edificadas.

Um Roteiro imenso na organização interna, nas análises informativas qualitativas e quantitativas e na sua comunicação gráfica e cartográfica.

Mas o prazer de ler o investigado não terminou, ...

Debaixo da designação Cronologia, Estratégias e Geografia das Ordens (p.471-522), está disponível, organizado e metodologicamente controlado um baralhar da imensa informação anteriormente coleccionada. Estuda-se a informação, caracterizam-se as estruturas e as tendências afirmativas ou de recuo, correlacionam-se poderes.

Traça-se uma Cronologia das Ordens (p.473-485) do século XI ao XIX, por ramos masculino e feminino e por totalidade; por reinado, atende-se e fixam-se as fundações e extinções, mas uma vez por ramos; analisam-se e tiram-se conclusões desta sistematização não esquecendo as leituras conjunturais do Reino e da Europa.

As Estratégias Fundacionais (p.486-513), que já valorizámos, merecem aqui um acrescento complementar no título, Construção da Identidade. Não é dispicienda esta indicação, dá conta dos ritmos, momentâneos e de fundo, que validam aquelas Estratégias! Assim o constatou Fernanda Campos, deixando-o claro neste texto conclusivo, e bem evidente nos sub-temas que usou para o seu desenvolvimento sob o designativo genérico de Protecção e Padroado. A Acção Régia, que lhe permite estudar a interligação Rei/Ordens; a Protecção das Famílias, sejam as dos Grandes ou muitas outras; a Acção da Burguesia, todo o movediço campo social dos não-nobres, mercadores ou não; o que expressivamente chamou Patrocínio Local e que a leva a perceber estratégias de grupos de moradores ou de poderes locais; os casos de Piedade Individual e de Estabelecimento de Vínculos, nas suas implicações de crença, de benefício social e na economia da salvação.

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Por fim, o território. Não um contínuo, que os diferentes poderes assim não o

desenhavam e os itinerários de circulação de homens e mercadorias não o reconheciam. O mesmo com as diferentes Casas das diferentes Ordens. Importante, era a Escolha do Local (p.503-508), ou por decisão ou por oportunidade, ou por existências de sítios ou práticas devocionais anteriores. A essa escolha se prende a Escolha da Invocação (p.509-513) que tão interessante se torna analisar de forma serial, como aqui é feito, deixando perceber não só um universo reduzido de oragos como um sistema de repetição, validado localmente mas, muitas vezes, cruzado com as intenções catequético-hagiográficas das diferentes Ordens e, sempre, numa afirmação mariana. Com o Roteiro Geográfico (p.514-522), uma recapitulação cartográfica, por Distritos, por séculos e por géneros, da inscrição destas 931 fundações no Reino termina o estudo.

Escrevemos mal. Deveriamos ter escrito, termina o Roteiro e a sua análise, porque o estudo continua nas páginas seguintes.

Seria impensável, depois de toda esta recolha e tratamento de informação, e também impensável pela metodologia analítica a que nos vem habituando Fernanda Campos, que o encerrar do estudo não fossem exaustivos e preciosos índices. As Siglas (p.585-587), o Índice Alfabético de Ordens e Congregações (p.588-591), um Quadro Sumário de Ordens e Instituições (p.592), um Índice alfabético de instituições (p.593-616) e um Índice cronológico de instituições (p.617-636), são o encerramento natural e de qualidade deste estudo, que também é um Roteiro!

Para terminar.

Entre Ordens nas suas tão diferentes, distanciadas e identitárias Casas; entre espaços de território e de paisagens humanas, mais rurais, mais urbanas; entre poderes simbólicos e poderes do Rei, dos Grandes, de todos os outros; entre as colheitas, as fomes, as viagens, os cataclismos naturais e as pestes; por entre a riqueza que permite construir e acolher, a salvação em vida e para além da morte que a tanto obriga; entre homens e mulheres.... dos séculos XI ao XIX, houve escolhas de carismas e práticas devocionais, de cultos sacramentais, marianos ou hagiográficos, e foi entre todas estas desordens que se escolheram, fixaram e deixaram viver Ordens numa ordem que historiadores como Fernanda Campos procuram compreender e explicar.

Aldeia da Mata / Lisboa, no dia 18 de Agosto de 2017. António Camões Gouveia CHAM-FCSH/NOVA-UAc; CEHR-UCP

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INTRODUÇÃO

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O objectivo deste estudo é, em primeiro lugar, contribuir para o conhecimento da presença das ordens religiosas e outras formas de vida consagrada em Portugal, entre os séculos XII e XVIII e resulta de uma necessidade básica que sentimos quando elaborámos a tese de doutoramento em 2013. A escolha do tema versava, genericamente falando, as bibliotecas de instituições religiosas regulares, situadas em Lisboa e seu termo e, mais em concreto, dos livros de História que possuíam e que fora possível encontrar, nomeadamente, nas colecções da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP). Uma das primeiras tarefas que empreendemos, até para conhecer o universo com que nos deparávamos na investigação, foi o levantamento sistemático dos estabelecimentos religiosos que se situavam no âmbito geográfico e cronológico (finais do século XVIII) que tínhamos escolhido. Revelou-se, desde logo, tarefa difícil de concretizar pois o compulsar de distintas fontes, antigas e modernas foi, em alguns casos, pouco satisfatório quando se pretendiam apurar factos concretos, como a data de fundação, a localização e a data de extinção e, por vezes, até a própria ordem a que pertenciam. Também a natureza das instituições oferecia um campo instável que carecia de normalização: convento, hospício, recolhimento, casa, mosteiro… eram atributos que variavam de fonte para fonte, já para não falar do orago que, por homonímia, induzia em erros sistemáticos ou, sempre que se verificavam invocações alternativas, suscitava dúvidas no momento da escolha do nome.

Na verdade, se para as instituições mais conhecidas existe bibliografia relevante, o mesmo não sucede para as que pouco se destacaram. Acresce que esta matéria suscita mais estudos relativos à Idade Média enquanto para os estabelecimentos e ordens que surgem a partir dos finais do século XVI e se constituem até ao início do XIX, há, notoriamente menos investigação. Estas considerações são válidas para Lisboa e, aliás, para todo o país. Ficou-nos, portanto, motivação suficiente para intentar um estudo que fosse mais abrangente e onde se pudesse apresentar a informação necessária para dar a conhecer a presença das instituições de vida consagrada em Portugal e o percurso das ordens religiosas, no espaço e no tempo. Não se trata de mais uma história religiosa das ordens nem de uma história monográfica de instituições nem tão pouco de uma história prosopográfica de homens e mulheres que, de algum modo, se distinguiram na sua vida e missão religiosas. Existem, felizmente, estudos que permitem abordar estas matérias em diversos contextos e com distintos objectivos, como se vê na abundante bibliografia que incluímos e citamos.

Na prática, o principal foco deste estudo consiste na proposta de uma leitura diferente, estabelecida a partir de um percurso diacrónico das ordens, congregações e sociedades de vida consagrada. Esse caminho foi, por sua vez, construído, essencialmente, pelas distintas manifestações institucionais de qualquer tipo e género, apresentando-as cronologicamente e analisando-as, sumariamente, nas suas vertentes estratégicas, geográficas, tipológicas e contextuais. As balizas cronológicas que escolhemos caracterizam, de certo modo, o que se convenciona designar por Antigo Regime, abrangendo o período que vai do século XII até ao final do XVIII. Com este leque temporal procuramos cumprir um outro objectivo que é dar a conhecer a ordem das Ordens em Portugal, independentemente da maior ou menor notoriedade que alcançaram,

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4 INTRODUÇÃO

antes procurando, em todas elas o sentido da sua existência e a marca da sua identidade no território português.

Por conseguinte, intentamos construir, neste estudo, uma contextualização dilatada no tempo (e também no espaço) que, em nosso entender, é essencial para a percepção holística da função e missão das instituições regulares na vida do país. Na prática, ao estabelecer a ordem das Ordens em Portugal, do século XII ao XVIII, procura-se fazer uma leitura interpretativa de cada uma delas, plasmada no elenco das respectivas fundações e um referencial onde se podem identificar e conhecer quantas foram, de que género e tipo, em que circunstâncias surgiram, onde se implantaram e entre que datas estiveram activas.

A listagem de instituições dentro de cada ordem, apresentada segundo o modelo que estruturalmente se definiu, e que adiante explicaremos com mais detalhe, não é o único objectivo que pretendemos alcançar. Com efeito, os dados que resultam da recolha feita em bibliografia e fontes consultadas (muitas já disponíveis em formato electrónico) são também objecto de outras leituras sugeridas pelos indicadores estratégicos, geográficos, tipológicos e cronológicos. É, portanto, deste estudo serial que podemos percepcionar um roteiro identitário das ordens que ora se perspectiva no acentuar de traços e marcas específicas de um determinado instituto ora se representa em indicadores que configuram tendências e modas por épocas, zonas geográficas, género ou invocação. Adoptamos as ideias e conceitos postulados por David Martín Marcos, José María Iñurritegui e Pedro Cardim, na obra que coordenaram1:

“Nas últimas três décadas as questões identitárias têm estado no centro das atenções quer entre os que trabalham na área das ciências sociais e das humanidades quer nos mais variados âmbitos do discurso público. Como consequência, o vocábulo “identidades” assumiu um vasto leque de significados, remetendo, por exemplo, para as afinidades, para as filiações e para as formas de pertença de um determinado grupo [mas também ao modo como um grupo de actores atribui significado] ao que partilhavam com os demais, e ainda, ao modo como se diferenciavam uns dos outros, tanto individual quanto colectivamente.”

No limite, o que pretendemos não é tanto uma obra acabada mas uma obra “em curso” que seja possível actualizar com novos dados, corrigir aqueles que disso necessitem e, mais do que tudo, uma obra de referência e consulta para auxiliar outros trabalhos de investigação.

Em todos os momentos do nosso trabalho tivemos presentes as sábias palavras de José Mattoso (1997, p. 36):

“Embora a natureza diacrónica da História imponha a preferência por comparações que privilegiem a diferença (a diferença no espaço, no tempo ou no grupo humano que a produz) e na qual se baseia a verificação das alterações, dos conflitos e mesmo dos significados, é evidente que só é possível quando resulta do conhecimento prévio da norma, da regra ou do sistema.”

1 Repensar a identidade: o mundo ibérico nas margens da crise da consciência europeia. Lisboa:

CHAM, 2015, p. 13.

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INTRODUÇÃO 5

PARADIGMA E METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO Apresentados os objectivos principais nas suas linhas gerais, falaremos agora do

paradigma de investigação ou seja o conjunto de técnicas, conhecimentos e valores que que nos orientaram no planeamento e execução do estudo. Tipicamente, o paradigma comporta três dimensões diferentes: a ontológica, que diz respeito à própria natureza da realidade que se pretende estudar, a epistemológica, que tem a ver com o modo como conhecemos essa realidade e a metodologia que integra os aspectos práticos de como conhecemos a realidade2.

Considerando a vertente ontológica podemos dizer que as ordens religiosas constituem um fenómeno de longa duração que transcende a própria entidade criadora que é o fenómeno religioso e que se impõe como uma realidade política, social e cultural qualquer que seja a sociedade em que as encontremos implantadas. A natureza desta realidade altera-se, naturalmente, ao longo dos tempos, pela convergência de interacções com o meio em que se insere. Os factores de adaptação e de reacção concorrem para um maior sucesso ou, pelo contrário, para um declínio. A perspectiva identitária que pretendemos introduzir neste estudo comporta, por um lado, a interpretação da vivência das instituições regulares em Portugal no Antigo Regime, vistas na sua dinâmica dentro da ordem a que pertencem, considerando a época (ou épocas) que atravessaram, a localização geográfica em que se encontravam e o impacto social que alcançaram. Se por estes elementos é possível avançar os traços para um perfil identitário é preciso, por outro lado, acrescentar aquele que decorre de uma visão globalizante que analisa as ordens, em comparação, cronológica e geograficamente quer nas suas origens quer nos seus desenvolvimentos, num processo histórico a que se imprime uma visão diacrónica.

A dimensão epistemológica, ou seja, o modo como conhecemos esta realidade convoca, à partida, a existência de um campo de investigação que se caracteriza por posições extremadas na forma de abordar o fenómeno das ordens religiosas. Não nos reportamos apenas às histórias e crónicas antigas ou às obras apologéticas mais modernas em que se enaltece tal ou tal ordem (convento, mosteiro ou outro estabelecimento) mas também às leituras que, numa visão contrária, referem os aspectos negativos da repercussão das ordens religiosas na sociedade. É uma área de investigação onde ainda persistem muitos “silêncios” nuns casos porque não surgiram documentos que os possam esclarecer, noutros porque se trata, precisamente, de uma realidade que foi (e muitas vezes ainda é) abordada de forma, claramente, antagónica e dicotómica.

Metodologicamente procuramos dar neste estudo uma interpretação prática sobre as ordens e congregações em Portugal assente em parâmetros tão exactos quanto os dados o permitem. Para além da posição crítica que é necessário adoptar, a verdade é que, no que respeita às ordens religiosas e suas instituições, o campo bibliográfico existente apresenta hoje, felizmente, um enquadramento e um contexto com a qualidade suficiente para dispensar o recurso sistemático a fontes primárias, na medida em que as manifestações mais recentes, incorporam já a leitura e o contributo da documentação arquivística e das fontes impressas mais antigas, apresentando-as de forma analítica e

2 Cf. PICKARD, Alison Jane - Research methods in information. Reprint. London: Facet

Publishing, 2008, p. 5-6.

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INTRODUÇÃO 13

analisados individualmente no Capítulo II, sob forma de reflexões e nalguns casos mais precisos, de conclusões do estudo serial que nos propusemos fazer. Começamos na Cronologia das ordens por uma análise diacrónica plasmada em gráficos, onde se vêem as curvas de evolução e os diagramas das fundações e extinções das ordens religiosas no seu total e nas vertentes masculina e feminina. É constituido como um somatório dos gráficos que, para as diversas ordens, fomos apresentando no capítulo anterior.

De seguida analisamos, agregadamente, primeiro as ordens monásticas, canónicas e militares, em segundo o grupo das ordens mendicantes e finalmente as ordens e congregações do século XVI e seguintes, usando o princípio de não explicitar aquelas que tiveram pouca expressão numérica. O conjunto total está, no entanto, presente por cumulação, nos gráficos onde se estabelece a Análise diacrónica global.

A terminar esta alínea, incluímos e analisamos cronologicamente todo o movimento fundacional distribuido pelos grandes períodos históricos que foram determinantes na evolução das ordens religiosas em Portugal.

Na segunda alínea, abordamos as Estratégias fundacionais, numa perspectiva de construção da identidade das ordens. Os dados que recolhemos e apresentámos individualmente no Capítulo II, permitiram identificar alguns tópicos que nos pareceram relevantes, enquanto linhas de força que se manifestaram em todo o processo fundacional, independentemente da época e da ordem: a protecção e o padroado, a escolha do local e a escolha da invocação.

Finalmente, um Roteiro geográfico onde sobressaem as fundações por distrito, completa a análise genérica que procurámos fazer.

A Bibliografia comporta ainda algumas obras publicadas em 2016 mas apenas de forma pontual pois o esforço do levantamento bibliográfico foi desenvolvido até 20155. Segue-se uma Lista alfabética de siglas utilizadas no decurso do texto. Num estudo desta natureza não podiam faltar índices para ajudar à compreensão da organização dos dados e à sua localização. Incluímos um Índice alfabético de ordens e congregações que enuncia as formas utilizadas mas remete também de outras mais coloquiais como, por exemplo Beneditinos, Clarissas ou Brunos para o nome institucional e/ou de outras formas alternativas como Congregação de São Bento de Portugal, Ordem de São Camilo ou Ordem de Nossa Senhora do Monte do Carmo, para as designações que se consideraram ser preferenciais. O Índice alfabético de instituições contém, para além do nome, a sigla da ordem a que pertence, não esquecendo as entradas remissivas dos nomes alternativos pelos quais as instituições também são muitas vezes conhecidas. Este índice remete para a página onde consta a informação principal sobre o estabelecimento. Por fim figura um Índice cronológico de instituições que as agrupa ordenadas por data de fundação.

Não queremos deixar de sublinhar, mais uma vez, que não é objectivo deste estudo fazer uma história das ordens religiosas em Portugal. Porém, ao constituirmos as fichas

5 Dado o elevado número de fontes e bibliografia disponíveis electronicamente, procedeu-se a

uma revisão dos links, em 2017, por forma a garantir a sua persistência, pois trata-se de um tipo de recursos com grande dinâmica e instabilidade. Houve necessidade de eliminar alguns que já não existiam mas também surgiram novos que ainda incluímos.

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14 INTRODUÇÃO

para as instituições e institutos religiosos pré e pós-tridentinos e ao estabelecermos uma narrativa em que todos e cada um protagonizam uma vivência que vai da fundação à extinção, há uma clara intenção de criar uma interpretação diferente. A abordagem dos vectores que contribuem para uma visão identitária da realidade social em que se integraram e onde interagiram, pretende, antes de mais, acrescentar valor ao conhecimento que já existe, apresentar um corpo referencial de informação que pode ajudar os que se interessam por esta matéria e, sobretudo, suscitar novos e mais profundos contributos.

A terminar, não podíamos deixar de agradecer aos colegas e amigos que nos acompanharam, com o seu interesse e incentivo, ao longo do trabalho, em especial a António Camões Gouveia e Bernardo Vasconcelos e Sousa cujos contributos muito honram este livro. Outros agradecimentos são devidos ao Jorge Ferreira, editor, pela grande confiança, amizade e paciência com que sempre nos acolhe, à Doutora Maria Inês Cordeiro, Directora-Geral da Biblioteca Nacional de Portugal e ao Coronel Mário Silva, Director da Biblioteca do Exército pela pronta disponibilidade e amável cedência das imagens.

Como os últimos são os primeiros, um agradecimento muito especial a meu marido Manuel Campos que considero, com justiça, um co-autor desta obra, pois sem o seu contributo na construção e constante aperfeiçoamento da base de dados, na incansável revisão de resultados procurando sempre melhorar o conteúdo e a forma, nos conselhos e críticas e no apoio seguro em bons e maus momentos, certamente, este estudo não teria sido completado.

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ORDEM DE SÃO BENTO 43

ORDEM DE SÃO BENTO

NOTA HISTÓRICA

A Regra de S. Bento data do século VI, como antes referimos, mas é a partir do século VIII que se pode falar, verdadeiramente, de vida monástica beneditina. O apogeu da Ordem dá-se na primeira metade do século XII, contando, por essa época cerca de 1200 instituições povoadas por cerca de 10.000 monges, espalhados por França, Itália, Inglaterra, Espanha e Portugal. Estima-se que, no nosso país, a Regra tenha sido observada entre 1080 e 1115 quer através das novas fundações que se iam constituindo quer em comunidades religiosas já existentes e ligadas a regras de matriz peninsular. Mais do que uma Regra, foi um projecto de vida religiosa comunitária que se iniciou, praticando uma forma de vida assente na oração, no afastamento do mundo e na ascese mas de forma regulamentada em que cada estabelecimento tinha a sua própria autonomia. Foi, sem dúvida, a Ordem mais representativa em Portugal até finais do século XII, no ramo masculino e no feminino, numa interpretação já matizada por Cluny, como se referiu no capítulo anterior.

Evidentemente, ao longo de uma vida de séculos implantada em Portugal, a Ordem de S. Bento foi conhecendo modificações, a principal das quais terá sido a deslocação progressiva para a cidade e a perca de importância das pequenas unidades comunitárias em ambiente rural que tinham proliferado no Norte de Portugal.

A sede da Ordem veio a ser o mosteiro de S. Martinho de Tibães. No âmbito das reformas quinhentistas, a constituição canónica da Congregação de S. Bento de Portugal efectiva-se em 1567 e nela foram incorporados os mosteiros que seguiam a Ordem. Tipicamente medieval, experimentou dificuldades na adaptação às novas condicionantes políticas e sociais, perdendo, a partir da entrada das ordens mendicantes nos inícios do século XIII, parte da sua influência e prestígio. Manteve-se, no entanto, sempre activa no respeitante à vida religiosa e intelectual.

A Congregação Beneditina Portuguesa, no seu segundo Capítulo Geral, realizado em Tibães no ano de 1575, decidiu enviar religiosos para as possessões portuguesas do ultramar, culminando em 1596 com a constituição da província do Brasil. Quando do rompimento da província brasileira com a congregação portuguesa em 1827, esta compreendia 11 mosteiros.

CRONOLOGIA

Considerámos na cronologia fundacional os vários estabelecimentos que, comprovadamente, existindo embora em período pré-Ordem de S. Bento, vieram a adoptar a Regra em época posterior, como atrás se indicou. O número de mosteiros que têm como data de passagem à Ordem os anos de 1080/1115 é elevado e foi assim considerado, à falta de data exacta para alguns, por ser a dos anos limite para a adopção da Regra. O total de 92 mosteiros distribui-se por 61 masculinos e 31 femininos.

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ÍNDICE GERAL

PREFÁCIO por Bernardo Vasconcelos e Sousa XI

UMAS QUANTAS RAZÕES EM ORDEM A APRESENTAR ESTAS ORDENS por António Camões Gouveia XIII

INTRODUÇÃO 1

Paradigma e metodologia de investigação 5

Planificação e organização do estudo 9

I FORMAS DE VIDA CONSAGRADA EM PORTUGAL: LINHAS CONTEXTUAIS E MARCAS IDENTITÁRIAS 15

Experiências e modelos de vida monástica 17

Do mosteiro ao convento: as ordens mendicantes na construção da nova sociedade 21

A difícil sobrevivência: o clero regular entre leigos e seculares 22

No caminho da reforma: antes e depois de Trento 24

O surgimento de novas ordens e modelos de vida consagrada 27

II ROTEIRO DAS ORDENS E CONGREGAÇÕES RELIGIOSAS 37

Considerações prévias 39

ORDENS MONÁSTICAS 42

Ordem de São Bento 43

Ordem de Cister 71

Ordem de São Paulo Primeiro Eremita 88

Ordem de São Jerónimo 101

ORDENS CANÓNICAS 109

Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho 110

Ordem dos Cónegos Regulares do Santo Sepulcro 129

Ordem dos Cónegos Regulares de Santo Antão 131

Ordem dos Cónegos Regulares Premonstratenses 133

Ordem dos Cónegos Regulares de Roncesvales 135

Congregação dos Cónegos Seculares de São João Evangelista 138

ORDENS MENDICANTES 145

Ordem dos Frades Menores 146

– Primeira Ordem – 152

– Províncias da Regular Observância – 153

Província de Portugal 153

Província dos Algarves 169

Custódia de São Tiago Menor da Ilha da Madeira 182

Província de São João Evangelista dos Açores 186

Custódia de Nossa Senhora da Conceição de São Miguel e Santa Maria 192

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638 ÍNDICE GERAL

– Províncias da Estrita Observância – 196

Província da Piedade 196

Província da Arrábida 209

Província de Santo António 221

Província da Imaculada Conceição do Brasil 231

Província da Soledade 232

Província da Conceição 240

– Outras Províncias – 248

Província dos Missionários Apostólicos 248

– Segunda Ordem – 252

Ordem de Santa Clara 253

– Terceira Ordem – 282

Ordem Terceira Regular 282

Congregação Portuguesa dos Irmãos da Terceira Ordem da Penitência 293

– Outras Ordens da Família Franciscana – 297

Ordem dos Frades Menores Capuchinhos 297

Ordem da Conceição de Maria 299

Congregação de Nossa Senhora da Oliveira 304

Ordem dos Pregadores 307

Ordem do Carmo 328

Ordem dos Carmelitas Descalços 340

Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho 354

Ordem dos Eremitas Descalços de Santo Agostinho 368

Ordem da Santíssima Trindade 379

Ordem dos Mercedários 387

Ordem da Cartuxa 390

Ordem de Santa Brígida 394

Ordem Hospitaleira de São João de Deus 397

Ordem de São Francisco de Paula 405

Ordem de Santa Úrsula 407

Ordem do Senhor Jesus Nazareno da Penitência 409

Ordem da Visitação de Santa Maria 410

SOCIEDADES DE VIDA APOSTÓLICA E CONGREGAÇÕES 411

Companhia de Jesus 412

Congregação dos Clérigos Regulares de São Caetano 424

Congregação do Oratório 427

Congregação da Missão 432

Congregação dos Cónegos de Monfurado 436

Congregação do Senhor Jesus da Boa Morte e Caridade 438

Congregação dos Clérigos Regulares Ministros dos Enfermos de Portugal e Algarves 441

Congregação dos Marianos Concepcionistas 445

Congregação dos Clérigos Regulares da Imaculada Conceição da Virgem Maria Sufragadores das Almas do Fogo do Purgatório 447

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ÍNDICE GERAL 639

ORDENS MILITARES 449

Ordem Militar dos Templários 450

Ordem Militar de São João do Hospital 453

Ordem Militar de Santiago 456

Ordem Militar de São Bento de Avis 460

Ordem Militar de Cristo 464

OUTROS INSTITUTOS 467

Monges dos Pegos Verdes 467

Oblatas do Menino Jesus 468

III CRONOLOGIA, ESTRATÉGIAS E GEOGRAFIA DAS ORDENS 471

Cronologia das Ordens 473

Estratégias Fundacionais: construção da identidade 486

Roteiro Geográfico 514

Bibliografia 523

Lista alfabética de siglas 585

Índice alfabético de ordens e congregações 588

Quadro sumário de ordens e instituições 592

Índice alfabético de instituições 593

Índice cronológico de instituições 617