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NELSON LUIS VIDOTTO
A PRÁTICA DA ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO NASMÉDIAS E GRANDES INDÚSTRIAS DA REGIÃO DE LONDRINA–PR
Dissertação de Mestrado apresentada aoPrograma de Pós-Graduação em Administraçãoda Universidade Estadual de Londrina emparceria com a Universidade Estadual deMaringá, para obtenção do Grau de Mestre emAdministração.
Orientador: Prof. Dr. Paulo da Costa Lopes
Londrina - Paraná2004
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NELSON LUIS VIDOTTO
A PRÁTICA DA ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO NASMÉDIAS E GRANDES INDÚSTRIAS DA REGIÃO DE LONDRINA–PR
Dissertação aprovada como requisito paraobtenção do grau de Mestre no Programa dePós-Graduação em Administração daUniversidade Estadual de Londrina emparceria com a Universidade Estadual deMaringá, pela seguinte banca examinadora:
Em 30 de setembro de 2004
_______________________________________Prof. Dr. Paulo da Costa Lopes (PPA-UEL)
_______________________________________Prof. Dr. José Carlos Dalmas (UEL/CCE)
______________________________________Prof. Dr. Luiz Antonio Felix (PPA/UEL)
AGRADECIMENTOS
À minha esposa Sandra e aos meus filhos Leonardo e
Lais pela compreensão nos muitos momentos em que
faltei.
Ao Prof. Dr. Paulo da Costa Lopes por acreditar no meu
projeto e pela imprescindível orientação e idéias sem as
quais este trabalho não teria a sua magnitude. Quero
aqui manifestar a minha admiração pela sua inteligência
e profissionalismo. Muito obrigado!
Ao Prof. Dr. Luiz Antonio Félix pela participação na
banca e as importantes contribuições para
engrandecimento deste trabalho. Gostaria que você
soubesse que me sinto um privilegiado por ter sido seu
aluno.
Ao Prof. Doutor José Carlos Dalmas pela participação
na banca e, principalmente, pela contribuição direta nos
tratamento dos dados estatísticos. A sua sabedoria,
paciência e fino trato torna-o uma pessoa que todos
querem como amigo.
RESUMO
O objetivo principal deste trabalho é definir e caracterizar os conceitos e técnicas relacionadasà administração do capital de giro, identificando o domínio, a utilização e o impacto no ciclofinanceiro nas médias e grandes indústrias da região de Londrina-Pr. Buscou-se analisardiversas relações entre as variáveis de propriedade, comportamento e resultado, através dolevantamento de algumas hipóteses. Dentro de um processo descritivo realizou-se um estudode campo com o envio de questionários estruturados a cento e duas indústrias, obtendo-se oretorno de sessenta e um, cerca de 59,80% do total enviado. Os dados coletados foramanalisados, primeiramente, apenas de forma descritiva onde foi possível caracterizar asempresas e os seus gestores, as práticas de gestão adotadas e os resultados obtidos. Numsegundo momento testou-se as hipóteses levantadas com a finalidade de analisar as relaçõesentre as características de propriedade das empresas; dos gestores; as práticas utilizadasagrupadas como variáveis de comportamento e os resultados verificados em termos deimpactos no ciclo financeiro. Quanto ao domínio conceitual tem-se índices percentuaisbastante elevados de desconhecimento das diversas técnicas apresentadas. Se por um lado ateoria disponibiliza todo um ferramental teórico que poderia ser utilizado para ogerenciamento de diversos ativos que compõem o capital de giro como o caixa, os valores areceber e os estoques, de outro as empresas parecem ignorar a existência deles. Mesmo emgrandes empresas ou naquelas que possuem gestores com maior nível de formação não seencontra uma maior utilização das técnicas abordadas. O principal indicador de eficiência nagestão do capital de giro, que é o Ciclo Financeiro, não está sendo afetado pela não utilizaçãoou desconhecimento das técnicas de gestão, o que leva a concluir que as indústrias da amostravem sendo administradas de forma empírica na questão do capital de giro.
PALAVRAS-CHAVE: administração financeira, capital de giro, ciclo financeiro
ABSTRACT
The main goal of this paper is to define and to characterize the concepts and techniquesrelated to administration of working capital identifying the control, the use and the impact ofthe financial cycle of medium-sized and large industries around Londrina-Pr. We decided toanalyze several connections among variables of propriety, behavior and result, according toour hypothesis . Within a descriptive process there was a field study throughout structuredquestionnaires sent to one hundred and two industries which sixty-one of them were givenback, reaching a number of 59,80% of the whole. The data collected were, at the beginning,analyzed only in a descriptive way making possible to characterize the companies and theiradministrators, the practices of the administration adopted and their results. After that, thehypotheses were tested trying to analyze the connections among the characteristics ofpropriety of the companies, the administrators; the practices gathered as behavior variablesand the results found related to impacts in the financial cycle. As for the conceptualdominium, the rates are quite low concerning the knowledge on techniques here presented. Ifthe theory offers all the theoretical tools that could be used for management of assets thatcompose the working capital as the cash, the receivable value and the inventory, on the otherhand, companies seem to ignore their existence. Even large companies or in those where wefound administrators with high level of graduation, the techniques in focus are not found. Thatthe main indicator of the efficiency of working capital administration, which is the FinancialCycle, is not being affected by the non using or misunderstanding of the techniques inadministration. These facts help to conclude that the industries have been administrating in anempirical way concerning working capital.
KEY-WORDS: financial administration, working capital, financial cycle
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Estrutura Legal .................................................................................................. ...... 90
Tabela 2 – Atividade Principal Conforme Classificação da FIEP....................................... ...... 91
Tabela 3 – Número de Funcionários ................................................................................... ...... 91
Tabela 4 – Local da Contabilidade ...................................................................................... ...... 91
Tabela 5 – Responsáveis pelas Políticas de Capital de Giro ............................................... ...... 92
Tabela 6 – Nível de Escolaridade ........................................................................................ ...... 92
Tabela 7 – Tempo de Permanência na Função .................................................................... ...... 93
Tabela 8 – Freqüência em Cursos e/ou Treinamento na Área Financeira........................... ...... 93
Tabela 9 – Existência de Política Para Administração de Capital de Giro.......................... ...... 94
Tabela 10 – Contas Patrimoniais que exercem maior Controle Gerencial.......................... ...... 96
Tabela 11– Periodicidade do Fluxo de Caixa...................................................................... ...... 96
Tabela 12– Itens Considerados Importantes para Realização do Fluxo de Caixa............... ...... 98
Tabela 13 – Estratégias Utilizadas para Agilizar as Entradas de Recursos......................... ...... 99
Tabela 14 – Tipo de Política de Concessão de Crédito e Cobrança .................................... ..... 100
Tabela 15 – Critérios Utilizados para Avaliar Mudanças na Política de Crédito................ ..... 100
Tabela 16 – Critérios Utilizados para Determinação das Quantidades de Compra............. ..... 101
Tabela 17 – Critérios Utilizados para Avaliar Políticas de Manutenção de Estoque .......... ..... 101
Tabela 18 – Posicionamento da Empresa Quanto a Descontos Oferecidos pelos Fornecedorespara Pagamento Antecipado ................................................................................................ ..... 102
Tabela 19 – Política de Capital de Giro............................................................................... ..... 102
Tabela 20 – Técnicas de Administração de Caixa............................................................... ..... 103
Tabela 21– Técnicas para Determinação das Políticas de Concessão de Crédito ............... ..... 104
Tabela 22 – Técnicas para Concessão de Crédito ............................................................... ..... 105
Tabela 23 – Técnicas para Administração de Estoques ...................................................... ..... 106
Tabela 24 – Compreensão do termo “Administração do Capital de Giro” ......................... ..... 107
12
Tabela 25 – Volume de Dinheiro em Caixa e/ou Aplicações Financeiras .......................... ..... 107
Tabela 26 – Prazo Médio de Recebimento das Duplicatas ................................................ ..... 108
Tabela 27 – Prazo Médio de Estocagem ............................................................................ ..... 108
Tabela 28 – Desempenho do Ciclo Financeiro.................................................................... ..... 108
Tabela 29 – Cruzamento do Nível de Caixa com Técnicas de Administração de Caixa .... ..... 110
Tabela 30 – Cruzamento do Prazo Médio de Recebimento com Técnicas de Concessão deCrédito ................................................................................................................................. ..... 111
Tabela 31 – Cruzamento do Prazo Médio de Estocagem com Técnicas de Administração deEstoques............................................................................................................................... ..... 112
Tabela 32 – Cruzamento do Número de Práticas Adotadas com o Desempenho do CicloFinanceiro ............................................................................................................................ ..... 113
Tabela 33 – Cruzamento do Nível de Escolaridade com o Desempenho do Ciclo Financeiro. 114
Tabela 34 – Cruzamento do Porte da Empresa com o Desempenho do Ciclo Financeiro .. ..... 115
Tabela 35 – Cruzamento da Atividade Principal com o Desempenho do Ciclo Financeiro ..... 116
Tabela 36 - Cruzamento do Nível de Escolaridade com o Número de Práticas Adotadas.. ..... 117
Tabela 37 - Cruzamento do Número de Práticas Adotadas com o Porte da Empresa......... ..... 118
Tabela 38 – Cruzamento do Entendimento do Termo Capital de Giro com o Nível deEscolaridade ........................................................................................................................ ..... 119
Tabela 39 – Cruzamento do Entendimento do Termo Capital de Giro com Porte da Empresa 120
Tabela 40 – Cruzamento do Nível de Escolaridade dos Gestores com o Porte da Empresa..... 121
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Estrutura Patrimonial com CCL Positivo........................................................... ...... 26
Figura 2 – Estrutura Patrimonial com CCL Igual a Zero .................................................... ...... 27
Figura 3 – Estrutura Patrimonial com CCL Negativo ......................................................... ...... 27
Figura 4 – Necessidades de recursos projetadas.................................................................. ...... 33
Figura 5 - Alternativas para o financiamento dos ativos circulantes................................... ...... 35
Figura 6 – Modelo de Baumol............................................................................................. ...... 44
Figura 7 – Modelo de Miler-Orr – Exemplo ....................................................................... ...... 48
Figura 8 – Representação do Ciclo de Caixa ou Ciclo Financeiro...................................... ...... 50
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Conflitos Decorrentes da Não-Observância da Interrelação entre Estratégia,Crescimento e Capital de Giro ............................................................................................ ...... 21
Quadro 2 - Organização da Dissertação .............................................................................. ...... 23
Quadro 3 – Relação entre medidas de crédito e elementos de uma política de crédito.............. 56
Quadro 4 – Modelos de Gestão das Contas que Compõem o Capital de Giro.................... ...... 77
Quadro 5 – Relação dos Objetivos Específicos com as Questões do Instrumento de Coleta deDados ................................................................................................................................... ...... 88
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 111.1 DEFININDO O PROBLEMA DE ADMINISTRAÇÃO .................................... 121.2 DEFININDO A QUESTÃO DE ADMINISTRAÇÃO ....................................... 151.3 DEFININDO A QUESTÃO DE PESQUISA ..................................................... 161.4 OBJETIVOS DA PESQUISA ............................................................................. 161.5 HIPÓTESES DA PESQUISA ............................................................................. 171.6 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA .................................................................. 201.7 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .................................................................. 23
2 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E O CAPITAL DE GIRO .................. 242.1 CAPITAL DE GIRO ........................................................................................... 242.1.1 Capital Circulante Líquido ............................................................................... 262.1.2 Características do Capital de Giro ................................................................... 282.1.3 Importância da Administração do Capital de Giro ....................................... 302.1.4 Financiamento do Ativo e Risco Envolvido ..................................................... 332.2 ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA ........................................................................ 362.2.1 Saldos de Caixa Desejáveis ............................................................................... 422.2.1.1 Modelo de Caixa Mínimo Operacional ............................................................... 422.2.1.2 Modelo de Baumol .............................................................................................. 432.2.1.3 Modelo de Miller e Orr ........................................................................................ 462.2.2 Incerteza na Previsão de Caixa ........................................................................ 482.2.3 O Ciclo Operacional e o Ciclo de Caixa .......................................................... 492.3 ADMINISTRAÇÃO DAS CONTAS A RECEBER ........................................... 522.3.1 Políticas de Crédito ............................................................................................ 532.3.2 Efeitos das Alterações nas Políticas de Crédito .............................................. 552.3.3 Concessão de Crédito......................................................................................... 562.3.4 Modelos de Análise e Concessão de Crédito ................................................... 572.3.4.1 Abordagem Qualitativa de Análise ...................................................................... 572.3.4.2 Modelo de Buckley .............................................................................................. 592.3.4.3 Árvore de Decisão ............................................................................................... 602.3.4.4 Credit Scoring ...................................................................................................... 602.3.5 Gestão dos Recursos Investidos em Duplicatas a Receber ............................ 612.4 ADMINISTRAÇÃO DOS ESTOQUES ............................................................. 632.4.1 Custos e Riscos de Estocagem ........................................................................... 652.4.2 A Relação entre o Estoque e as Duplicatas a Receber .................................... 652.4.3 Gestão dos Recursos Investidos em Estoques ................................................. 662.4.4 Técnicas de Administração dos Estoques ........................................................ 672.5 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL ........................................... 722.6 CONCEITOS ABORDADOS ............................................................................. 76
3 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................. 793.1 TIPOLOGIA DE ESTUDO ................................................................................. 793.2 UNIVERSO E AMOSTRA DA PESQUISA ...................................................... 803.3 COLETA DE DADOS ........................................................................................ 823.4 MENSURAÇÃO ................................................................................................. 843.5 DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS ........................................................................... 853.6 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS .................................................... 87
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA .......................................... 894.1 ANÁLISE DESCRITIVA ................................................................................... 894.1.1 Caracterização das Empresas e dos Gestores da Área Financeira ............... 904.1.2 Práticas de Gestão Adotadas ............................................................................ 944.1.3 Resultados obtidos ............................................................................................. 1074.2 ANÁLISE DAS HIPÓTESES ............................................................................. 1094.2.1 Análise das hipóteses do Grupo 1 ..................................................................... 1094.2.2 Análise das hipóteses do Grupo 2 ..................................................................... 1134.2.3 Análise das hipóteses do Grupo 3 ..................................................................... 1164.2.4 Análise das hipóteses do Grupo 4 ..................................................................... 118
5 CONCLUSÕES .................................................................................................. 122
5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 131
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 133
APÊNDICES....................................................................................................... 137
1 INTRODUÇÃO
No ambiente econômico inflacionário, o planejamento das empresas tornava-se tarefa
difícil para o administrador financeiro. Os períodos de previsão não poderiam exceder a
alguns meses sob pena de perder totalmente sua validade. Nesse contexto, administrava-se
mais com a intuição do que com a razão, mais com a prática do que com o que preconizava a
teoria. Além das incertezas que o planejamento financeiro oferece no tocante ao volume de
venda, a imprevisibilidade da moeda tornava o resultado ainda mais incerto.
Naquele momento era comum encontrar nas organizações, profissionais de finanças
com forte tendência para tesouraria cujas funções se resumiam em um bom relacionamento
com gerentes de agências bancárias buscando boas taxas de aplicações de overnight e de
captação de recursos de curto prazo. A ênfase do seu trabalho poderia ser resumida em
receber do cliente o mais rápido possível, pagar fornecedores o mais tarde possível e aplicar
recursos no mercado financeiro pelas melhores taxas possíveis.
Conforme enfatiza Tavares (2002, p. 12), se antes a economia brasileira “favorecia
aqueles que tinham habilidade em negociação, hoje, com a estabilidade econômica e a
abertura dos mercados, saber comprar e vender tornou-se insuficiente para garantir o sucesso
de um empreendimento”.
Numa situação de competição em economias estabilizadas, na qual o consumidor
pode, ao mesmo tempo, avaliar a qualidade e o preço de produtos e serviços, as empresas
“devem dedicar atenção crescente a alguns fatores que afetam seus resultados, como receitas e
custos de produtos e serviços, bem como uso de recursos necessários à manutenção de
atividades” (PELEIAS, 2002, p.3).
12
Com o advento do Plano Real e a conseqüente estabilização da moeda, viabilizou-se a
elaboração de planos financeiros com um grau de incerteza menor, porém exige-se do
profissional de finanças um maior preparo e uma visão mais de longo prazo. Um fluxo de
caixa bem estudado e elaborado pode propiciar a aplicação dos recursos excedentes por um
prazo maior, evitando os prejuízos da aplicação de curto prazo ocasionados pelos impostos e
Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira – CPMF que absorvem quase a
totalidade dos rendimentos. A questão da formulação de uma boa política de crédito fornecido
aos clientes torna-se, também, imperativo para garantir os recebimentos em dia. A
manutenção de estoques de qualquer natureza faz com que a empresa desvie recursos que
poderiam estar disponíveis em forma de moeda para saldar obrigações ou financiar novos
investimentos. Também a questão do prazo de pagamento aos fornecedores precisa ser
administrado de forma a se buscar um ponto em comum que atenda os interesses de ambas as
partes (FREZATTI, 1999; FUSCO, 1996; PELEIAS, 2002; SCHMIDT, 2002).
Assim, a administração eficiente dos ativos circulantes: caixa/bancos, contas a receber
e estoques, mais a administração de passivos: financiamentos e contas a pagar, de um modo
geral, constitui a essência da Administração do Capital Giro, fundamental para redução do
tamanho do Ciclo de Caixa ou Ciclo Financeiro que hoje afeta significativamente a saúde
financeira da empresa (DACOL, 2002).
1.1 DEFININDO O PROBLEMA DE ADMINISTRAÇÃO
Para se efetivar o controle financeiro a curto prazo torna-se inevitável uma
administração eficiente das contas patrimoniais que representam o Capital de Giro da
empresa. A administração do capital de giro acopla o domínio dos ativos circulantes (caixa,
títulos negociáveis, duplicatas a receber, estoques) e dos passivos circulantes (salários e
13
empréstimos a pagar, fornecedores), os quais são recursos que giram várias vezes durante um
determinado período.
Entretanto, não é tarefa fácil para as empresas conseguir um controle financeiro que
apresente resultados convincentes. Com base no argumento de Ribeiro (1996, p.4):
as empresas brasileiras, em sua grande maioria, não estariam preparadas para reagirrapidamente frente às mutações políticas, sociais, econômicas e tecnológicas queocorrem constantemente. Este fato se deve, basicamente, a diversos fatores, comopor exemplo, a instabilidade da demanda interna, o baixo poder aquisitivo dapopulação, a aversão ao risco por parte dos proprietários das empresas, e a um fatoum pouco mais distante, os planos econômicos. Ao mesmo tempo, grandesprodutores internacionais estão despontando no mercado, extrapolando as barreirasinternas de seus nichos, na busca de novos clientes, novas oportunidades,oferecendo produtos de alta qualidade a preços baixos.
Neste contexto, Assaf Neto & Silva (1995, p.11) também argumentam que:
a administração do capital de giro vem sendo cada vez mais reconhecida como umaárea importante para o equilíbrio financeiro das empresas, tendo participaçãodecisiva no sucesso dos negócios. Efetivamente, a qualidade das decisões queenvolvem capital de giro é dependente da capacidade analítica do administradorpara compreender o problema em toda sua extensão, e do conhecimento técnicopara definir a melhor solução.
A importância e o volume do capital de giro para uma empresa são determinados,
principalmente, pelos seguinte fatores: volume de vendas, o qual é lastreado pelo estoque,
valores a receber e caixa; sazonalidades dos negócios, que determina variações nas
necessidades de recursos ao longo do tempo; fatores cíclicos da economia, como recessão e
comportamento do mercado; tecnologia, principalmente aplicada aos custos e tempo de
produção; e políticas de negócios, centradas em alterações nas condições de venda, de crédito,
produção, etc.
Administrar capital de giro diz respeito à administração das contas que compõem os
ativos e passivos circulantes da empresa, bem como as inter-relações existentes entre eles.
14
Assim, são estudados fundamentalmente o nível adequado de estoques que a empresa deve
manter, seus investimentos em créditos a clientes, critérios de gerenciamento do caixa e a
estrutura dos passivos correntes, de forma consistente com os objetivos enunciados pela
empresa e tendo por base a manutenção de determinado nível de rentabilidade e liquidez
(FUSCO, 1996; SOUSA, 1996; SOUSA, 1997).
Numa exploração inicial sobre o tema como, por exemplo, em Dacol (2002); Ribeiro
(1996); Tavares (2002) e Zanchin (2002), nota-se que as conclusões de diversos trabalhos
acadêmicos apontam para uma desconsideração do campo teórico, por parte das empresas,
quando da tomada de decisões estratégicas que podem comprometer a saúde financeira da
organização.
Ribeiro (1996, p.147) expõe que há uma desestruturação financeira a curto prazo e
que, os reflexos desta, denotam uma incapacidade das empresas no estabelecimento de seu
planejamento financeiro a longo prazo, visto que nem ao menos os planos a curto prazo são
formalmente estabelecidos.
Também a partir de evidências constatadas com a experiência como docente nos
cursos de pós-graduação em Administração e Ciências Contábeis, em disciplinas lecionadas
pelo autor do presente trabalho nos últimos anos, com a participação de profissionais
responsáveis pela área financeira das empresas, bem como na orientação de estágios de
graduação e monografias de pós-graduação, observa-se que o ferramental teórico-técnico
existente sobre a gestão do capital de giro não é comumente utilizado na prática cotidiana das
empresas.
Considerando, portanto, as evidências de problemas de inadequação teoria-prática e a
importância do tema para o desempenho das organizações e, como conseqüência da economia
como um todo, define-se como objeto de estudo o uso dos instrumentos teóricos da
15
administração do capital de giro nas médias e grandes indústrias da região de Londrina-Pr.,
através de uma pesquisa de campo onde se pretendeu buscar a identificação e caracterização
da utilização de instrumentos de planejamento e controle de curto prazo, no processo de
tomada de decisões financeiras, bem como o impacto no ciclo financeiro da empresa.
Assim, surge a necessidade de se verificar como efetivamente são as práticas de gestão
financeira, tais como as políticas de concessão de crédito e cobrança; as políticas de
manutenção de estoques; a administração do fluxo de caixa/bancos e a administração das
relações com o fornecedor, cujas ferramentas para boa gerência são apresentadas pela teoria
financeira.
1.2 DEFININDO A QUESTÃO DE ADMINISTRAÇÃO
A identificação correta, clara, objetiva e precisa do problema de pesquisa é um passo
decisivo para o sucesso da mesma. A partir da formulação do tópico a ser pesquisado é que
surge a possibilidade de se desenvolver a investigação científica.
Além de formular adequadamente o problema, faz-se necessário considerar as
influências que afetam o processo decisório das organizações, com relação à administração do
Capital de Giro. Como influências externas pode-se considerar, basicamente, o mercado
consumidor em potencial e a capacidade das empresas em entregar o seu produto; a
habilidade de aplicar os recursos financeiros a curto prazo, e a conjuntura econômica, política
e social do país (RIBEIRO, 1996, p.8).
De acordo com o exposto sobre a importância de se formular adequadamente o
problema de pesquisa, este trabalho terá o propósito de investigar e responder especificamente
16
algumas questões relacionadas à Administração do Capital de Giro nas médias e grandes
empresas industriais da região de Londrina-Pr.
Assim, em razão das evidências já ressaltadas, de que nem sempre a prática se revela
como a literatura recomendada, pretende-se levantar informações sobre a ação administrativa
de algumas empresas, no tocante a Administração do Capital de Giro, formulando-se para
investigação algumas questões de pesquisa.
1.3 DEFININDO A QUESTÃO DE PESQUISA
Segundo Cooper & Schindler (2003, p.74), uma questão de pesquisa é a hipótese de
escolha que melhor informa o objetivo do estudo de pesquisa. É uma questão de
administração mais específica que deve ser respondida.
Assim, define-se como questão de pesquisa para o presente trabalho o que se segue:
O ferramental teórico-técnico relativo ao Capital de Giro é conhecido e utilizado
pelos responsáveis pela administração financeira das médias e grandes indústrias da região
de Londrina-Pr?
1.4 OBJETIVOS DA PESQUISA
Em função do que foi exposto na definição do problema de administração e na questão
de pesquisa a ser estudada, a definição do objetivo principal deste trabalho pode ser
apresentada da seguinte forma:
⇒ Definir e caracterizar os conceitos e técnicas relacionadas à
administração do capital de giro, identificando o domínio, a utilização e
17
o impacto no ciclo financeiro nas médias e grandes indústrias da região
de Londrina-Pr.
Em função desse objetivo principal, alguns objetivos específicos também podem ser
identificados:
⇒ Identificar e definir as principais técnicas e conceitos relacionados à
administração do capital de giro.
⇒ Caracterizar as empresas, o perfil dos gestores responsáveis pela
administração financeira e o domínio conceitual a respeito do capital de
giro.
⇒ Verificar indicadores e práticas de gestão do capital de giro utilizadas
nas empresas.
⇒ Descrever as relações entre características das empresas, dos seus
gestores, das práticas utilizadas e dos impactos no ciclo financeiro.
Neste sentido, o trabalho será desenvolvido na busca de se responder o problema e
analisar as questões de pesquisa, bem como conseguir atingir o objetivo geral e os objetivos
específicos, anteriormente listados.
A definição operacional das variáveis envolvidas no estudo estará descrita no capítulo
que apresenta a metodologia da pesquisa.
1.5 HIPÓTESES DA PESQUISA
Segundo Vergara (1997, p.28) a formulação das hipóteses servem de guia para
antecipar a resposta ao problema levantado. A investigação é realizada de modo que se possa
confirmar ou, ao contrário, refutar a hipótese.
18
Cooper e Schindler (2003, p.59) salientam que uma hipótese tem a função de orientar
a direção do estudo, identificar fatos relevantes e não-relevantes e fornecer uma estrutura para
organizar as conclusões resultantes.
No presente trabalho, considerando o conjunto de variáveis definidas e o objetivo de
compreender adequadamente o fenômeno estudado, buscou-se analisar diversas relações entre
as variáveis de propriedade, comportamento e resultado, através de hipóteses que são
agrupadas em 4 grupos:
Grupo 1 – Neste grupo as hipóteses explanatórias buscam analisar relações causais
assimétricas entre variáveis de comportamento e de resultado:
Hipótese 1: O nível de caixa das indústrias está relacionado com a utilização das
técnicas teóricas para administração de caixa.
Hipótese 2: O prazo médio de recebimento das indústrias está relacionado com a
utilização de técnicas de concessão de crédito.
Hipótese 3: O prazo médio de estocagem das indústrias está relacionado com a
utilização de técnicas de gerenciamento de estoques.
Hipótese 4: O desempenho do ciclo financeiro está relacionado com a adoção das
práticas de gestão teoricamente consolidadas.
19
Grupo 2 – Neste grupo as hipóteses explanatórias buscam analisar relações causais
assimétricas entre variáveis de propriedade e de resultado:
Hipótese 5: O desempenho do ciclo financeiro está relacionado com nível de formação
dos gestores de capital de giro.
Hipótese 6: O desempenho do ciclo financeiro está relacionado com o porte das
indústrias.
Hipótese 7: O desempenho do ciclo financeiro está relacionado com o segmento
industrial ao qual a empresa pertence.
Grupo 3 – Neste grupo as hipóteses explanatórias buscam analisar relações causais
assimétricas entre variáveis de propriedade e de comportamento:
Hipótese 8: A adoção das práticas de gestão teoricamente consolidadas está
relacionada com o nível de formação dos gestores de capital de giro.
Hipótese 9: A adoção das práticas de gestão teoricamente consolidadas está
relacionado com o porte das indústrias.
Grupo 4 – Neste grupo as hipóteses correlacionais buscam analisar correlações
simétricas entre variáveis de propriedade:
Hipótese 10: A compreensão conceitual das práticas de gestão teoricamente
consolidadas está relacionada com o nível de formação dos gestores de capital de giro.
20
Hipótese 11: A compreensão conceitual das práticas de gestão teoricamente
consolidadas está relacionada com o porte das indústrias.
Hipótese 12: O porte das indústrias está relacionado com o nível de formação dos
gestores de capital de giro.
1.6 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
O principal fator do sucesso de uma empresa é a capacidade de sua administração no
sentido de planejar e controlar as suas atividades. Algumas empresas tomam decisões
reativas, ou seja, interpretam o significado dos eventos correntes e reagem a eles. Outras
empresas prevêem os eventos futuros e preparam planos condizentes. Em um contexto
econômico onde impera uma certa estabilidade, com um processo de globalização acelerado,
não se poderiam admitir empresas reativas no tocante à questão do capital de giro, se estas
desejarem ser competitivas (WELSCH, 1996, p.27).
Neste sentido, a principal função de quem toma decisões relativas à administração do
capital de giro é administrar as várias contas que o compõem, equacionando assim, o seu ciclo
operacional. O ciclo operacional de uma empresa pode ser definido como o fluxo de recursos
que sai da empresa para pagar fornecedores e transformam-se em estoques e valores a receber.
Conforme Marques e Braga (1995, p.57), em uma empresa industrial o ciclo
operacional “está ligado ao intervalo de tempo ocorrido entre a chegada de matérias-primas à
fábrica e o momento do recebimento das duplicatas provenientes de vendas a prazo de
produtos acabados”. Assim, fica evidente que um dos objetivos da empresa é compatibilizar o
tempo de entrada e saída de recursos.
21
Outra questão relevante diz respeito ao modo como se relacionam estratégias
institucionais e a administração do capital de giro. As decisões tomadas em qualquer nível da
organização é reflexo das estratégias formuladas pelas suas lideranças. Quanto da decisão
sobre o volume de vendas da empresa para um determinado período, todas as demais decisões
que envolvem o nível de capital de giro devem ser aderentes às definições estratégicas ao
nível institucional.
Sousa e Menezes (1997, p.34) destacam que:
a interrelação entre estratégia, crescimento e administração do capital de giro existena medida que a estratégia define se o crescimento é objetivo a ser perseguido edefine como ele poderá ser conseguido; por sua vez a definição do crescimentocomo objetivo empresarial traz conseqüências diretas na administração do capitalde giro sob todos os aspectos, particularmente se esse capital de giro forautofinanciado.
Os autores apresentam alguns aspectos relativos a conflitos quando esta interrelação
não é observada, conforme mostra o Quadro 1:
Quadro 1 – Conflitos Decorrentes da Não-Observância da Interrelação entre Estratégia,Crescimento e Capital de Giro
Situações Conseqüências
A empresa cobra aumento de vendas de modooportunista.
Endividamento progressivo pela falta de recursos parafinanciamento da expansão caso se atendam àspressões por maiores vendas
A empresa define estratégias conflitantes como crescer,pagar dividendos e manter as contas em dia.
O administrador do capital de giro terá dificuldadespara conciliar objetivos potencialmente conflitantes.
A empresa opta por uma estratégia de crescimento masnão confere autoridade ao gestor da administração docaixa
As diversas área funcionais pressionam por recursos,atrasam a entrega das informações gerando um floatinformacional que dificulta a gestão eficiente de caixa.
Fonte: Sousa e Menezes (1997, p.34)
Diante do exposto, ao estudar-se como as médias e grandes indústrias da região de
Londrina-Pr administram seu capital de giro, e se estão utilizando modelos teóricos sugeridos
pela literatura administrativa, estar-se-á contribuindo para a identificação das possíveis
22
contradições entre a teoria e a prática financeira nessas empresas, bem como para uma maior
conscientização do empresariado na profissionalização de seus dirigentes, e até mesmo para
uma reordenação dos esforços das escolas de Administração da região na melhor qualificação
de seu alunado.
As empresas pesquisadas, por sua vez, terão uma quantidade relevante de informações
sobre a situação do setor em que estão inseridas no tocante a administração do capital de giro,
e poderão nortear suas ações para rever processos administrativos de que necessitam para
executar seus planejamentos.
Também será possível evidenciar os impactos que as estratégias utilizadas para gestão
dos recursos investidos nas atividades operacionais causam no ciclo financeiro das empresas.
Assim sendo, a proposta de trabalho tem por objetivo responder ao problema
levantado e contribuir para vários segmentos interessados com as seguintes informações:
a) conhecimento de um arcabouço teórico eclético da administração do
capital de giro;
b) conhecimento da forma como é administrado o capital de giro em
empresas de uma importante região econômica brasileira;
c) conhecimento, por parte da comunidade acadêmica e empresarial, de
como essas empresas utilizam os conceitos de administração do
capital de giro.
23
1.7 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
No Quadro 2 está demonstrado como a dissertação está organizada, visando uma
melhor compreensão sobre o conteúdo e a distribuição dos assuntos.
Quadro 2 - Organização da Dissertação
Capítulos e Título Descrição do Conteúdo1. Introdução Definindo o problema de administração, a questão de administração e a
questão de pesquisa; objetivos, hipóteses, justificativa e relevância dapesquisa.
2. Administração Financeira e Capitalde Giro
Levantamento da literatura sobre capital de giro; o capital de giro comoindicador de saúde financeira; a questão do risco e retorno; aadministração do caixa, dos valores a receber e dos estoques; asrelações com fornecedores.
3. Metodologia da Pesquisa Apresentação do tipo de estudo; do universo e da amostra de pesquisa;do instrumento e da coleta de dados.
4. Análise dos Resultados Apresentação dos resultados obtidos pela pesquisa sobre oconhecimento e forma de gestão do capital de giro nas empresas, bemcomo o impacto que causam no ciclo financeiro.
5. Conclusões e recomendações Apresentação dos resultados finais do trabalho relacionando-os com osobjetivos gerais e específicos, bem como com as hipóteses de pesquisa.Também aponta sugestões e propostas para futuros trabalhos.
24
2 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E O CAPITAL DE GIRO
Um passo importante a ser dado, antes de se desenvolver a pesquisa prática, é o
estabelecimento de um arcabouço teórico-conceitual que forneça subsídios para a estruturação
de tal estudo, extraindo os principais conceitos e as fundamentações teóricas do tema em
questão, como ferramental básico para uma pesquisa de caráter descritiva, com vistas a
verificar a aplicação dos conceitos abordados pelas empresas previamente escolhidas.
2.1 CAPITAL DE GIRO
O processo de tomada de decisões financeiras, principalmente dentro das organizações
de negócios, é mais seguro quando se utiliza conceitos e ferramentas que o campo de estudo
nesta área oferece. O trabalho do dia-a-dia dos gestores financeiros pode-se resumir em
administrar ativos permanentes; administrar a estrutura de capital (próprio ou de terceiros) e
administrar os recursos de ativos e passivos circulantes. Esta última tarefa, em outras
palavras, administrar o capital de giro da empresa.
O sucesso nos negócios depende muito do equilíbrio financeiro, e a administração do
capital de giro vem sendo cada vez mais reconhecida como uma área de conhecimento
imprescindível no estudo e ensino de Finanças. Quanto maior for a capacidade do gestor em
compreender o problema, e do conhecimento técnico para propor a solução, melhor será a
qualidade das decisões que envolvem capital de giro.
A administração do capital de giro está relacionada com a administração das contas
dos ativos e passivos chamados circulantes, ou seja, sua movimentação se dá,
invariavelmente, dentro de 1 ano.
25
Segundo Come (1999, p.15), “sob a ótica contábil e financeira, o termo ‘Giro’ refere-
se aos recursos correntes da empresa, que deverão se converter em caixa no prazo máximo de
um ano. Refere-se, portanto, aos elementos envolvidos na administração a curto prazo da
empresa”.
Para atender a necessidade de esclarecer o conceito principal relativamente ao tema,
objeto deste estudo, apresenta-se algumas definições de Capital de Giro:
Expondo o termo com uma certa amplitude, considerando não só o ativo mas também
o passivo, Ross (2000, p.40) ressalta que o termo capital de giro:
refere-se aos ativos de curto prazo da empresa, tais como caixa, bancos, estoques econtas a receber, e aos passivos a curto prazo, tais como contas a pagar afornecedores e enfatiza que: “A administração do capital de giro é uma atividadecotidiana que assegura que os recursos sejam suficientes para continuar a operação,visando evitar interrupções dispendiosas. Isso envolve diversas atividadesrelacionadas aos recebimentos e desembolsos da empresa.
Assaf Neto & Silva (1995, p.15) colocam que a administração do capital de giro:
diz respeito a administração das contas dos elementos de giro, ou seja, dos ativos epassivos correntes (circulantes), e às inter-relações existentes entre eles. Nesteconceito, são estudados fundamentalmente o nível adequado de estoques que aempresa deve manter, seus investimentos em créditos a clientes, critérios degerenciamento do caixa e a estrutura dos passivos correntes, de forma consistentecom os objetivos enunciados pela empresa e tendo por base a manutenção dedeterminado nível de rentabilidade e liquidez.
Estas definições permitem ampliar o conceito de capital de giro que não seja apenas
numerário disponível em caixa e/ou banco. Assim, capital de giro também é duplicatas a
receber, estoques e fornecedores.
Procura-se também compreender a questão da liquidez envolvida no capital de giro
para assegurar à empresa a sua capacidade de pagamento.
26
2.1.1 Capital Circulante Líquido – CCL
É importante compreender que o foco da administração de capital de giro não está
apenas em administrar o caixa, as contas a receber e os estoques, mas também algumas fontes
de recursos oriundas do passivo, como os fornecedores e as contas a pagar. Assim o termo
Capital Circulante Líquido (CCL), pode ser definido como a diferença entre ativo circulante e
passivo circulante, conforme Figura 1 a seguir:
Figura 1 – Estrutura Patrimonial com CCL Positivo
Ativo Circulante Passivo Circulante
Exigível a Longo Prazo
Ativo Permanente Patrimônio Líquido
Alguns autores procuram dar definições de Capital Circulante Líquido (CCL). Para
Groppelli (1998, p.381) o capital circulante líquido é a “quantia de dinheiro que sobra após os
passivos circulantes serem subtraídos dos ativos correntes”.
Procurando mostrar que o mesmo conceito pode ser definido a partir de diferentes
perspectivas, Gitman (2001, p. 459) apresenta o capital circulante líquido como sendo “a
diferença entre os ativos circulantes e os passivos circulantes da empresa. Se os ativos
circulantes excederem os passivos circulantes, a empresa tem capital circulante líquido”.
Também apresenta-o como sendo a porção dos ativos circulantes de uma empresa financiada
com fundos a longo prazo.
CCL
27
O conceito de capital circulante líquido revela o volume de recursos demandados no
longo prazo para o gerenciamento dos passivos correntes. O ideal para a manutenção de um
nível de liquidez compatível, é que a diferença entre o ativo e o passivo circulantes seja
positiva, conforme figura 1. Um capital circulante líquido igual a zero submete a estrutura
financeira da empresa a um certo grau de risco, conforme Figura 2. Por outro lado, na figura 3
mostra-se que um capital de giro líquido negativo submete a empresa a um grau de risco
elevado e diretamente à magnitude desta insuficiência.
Figura 2 – Estrutura Patrimonial com CCL Igual a Zero
Ativo Circulante Passivo Circulante
Exigível a Longo Prazo
Ativo Permanente
Patrimônio Líquido
Figura 3 – Estrutura Patrimonial com CCL Negativo
Ativo Circulante Passivo Circulante
CCL
Exigível a Longo PrazoAtivo Permanente
Patrimônio Líquido
28
O gerenciamento de capital de giro envolve a otimização de inter-relação de seus
elementos constitutivos. A busca do equilíbrio financeiro é o objetivo maior da administração
de capital de giro. Isso pode se dar, principalmente, pela obtenção de um nível de estoque
compatível com as necessidades da empresa, investimentos proporcionais em créditos a
clientes, critérios de gestão de caixa e de passivos circulantes, coerentes com um nível de
rentabilidade ótima e liquidez segura.
Assim, considerando estas definições, os gestores financeiros deparam-se com
situações de decisões que podem ditar o futuro da empresa. Dentre as mais comuns tem-se as
decisões sobre quais os volumes adequados de caixa e de estoque que minimizam os seus
custos e evitam os riscos. A decisão de venda a prazo por parte da empresa pode influenciar o
nível de vendas, bem como o de inadimplência e de estoques e a adoção de uma política de
concessão de crédito mais rigorosa ou liberal. Uma outra questão diz respeito às fontes de
financiamentos de curto prazo que a empresa estará optando para sustentar os investimentos
em ativos circulantes.
Estas são decisões vitais que realçam a importância de compreender o conceito de
Capital de Giro e poder utilizá-lo adequadamente na gestão das empresas.
Entretanto, compreender também algumas características fundamentais do Capital de
Giro poderá facilitar essa tarefa.
2.1.2 Características do Capital de Giro
Pela abrangência de diversas contas patrimoniais envolvidas na administração do
capital de giro, existem algumas características inerentes que Assaf Neto & Silva (1995 p.18)
destacam:
29
o capital de giro convive com duas importantes características: curta duração erápida conversão de seus elementos em outros do mesmo grupo. É nítido nos ativoscorrentes a presença de um fluxo contínuo e permanente de recursos entre seusvários elementos, estabelecendo forte inter-relação no grupo e tornando seus valoresbastante mutáveis. Por exemplo, o disponível é reduzido por compras de estoques;os estoques por sua vez, são transformados em vendas; se as vendas forem à vista,ocorre uma elevação do disponível; se as vendas forem realizadas a prazo, a conta devalores a receber é alterada, transformando-se em disponível quando dorecebimento, e assim por diante.
Uma boa administração do capital de giro envolve imprimir alta rotação (giro) ao
circulante, tornando mais dinâmico seu fluxo de operações. Este incremento de atividade no
capital de giro proporciona, de forma favorável à empresa, menor necessidade de
imobilização de capital no ativo circulante e conseqüente incentivo ao aumento da
rentabilidade.
É no entendimento deste processo que se identifica, de forma natural e repetitiva, o
Ciclo Operacional da empresa, que se inicia na aquisição da matéria-prima para produção –
no caso de uma empresa industrial – e se finaliza no recebimento pela venda do produto final.
Em outras palavras, o ciclo operacional incorpora seqüencialmente todas as fases operacionais
presentes no processo empresarial de produção-venda-recebimento (BRAGA, 1989).
Gerir com eficácia o capital de giro requer a implementação de alto grau de giro de
seus elementos constitutivos, dinamizando o processo de conversão e reconversão desses
elementos, dinamizando-se, assim, o fluxo de operações.
Quanto maior for o giro dos itens do ativo circulante, menor será a necessidade de
investimentos nesses itens de giro, e, conseqüentemente, haverá uma sobrecarga menor em
relação aos custos gerados por esses itens e conseqüente aumento de rentabilidade (ASSAF &
NETO, 1995).
30
Como visto, o administrador financeiro deve entender que esta característica de
conversibilidade dos elementos que compõem o capital de giro é que vão influenciar a
necessidade de maiores imobilizações de recursos.
Dentre os tópicos que compõem o estudo da administração financeira, o capital de giro
destaca-se pela sua importância e relevância para maximização da riqueza dos
proprietários/acionistas das empresas. Assim, discute-se esta importância no tópico seguinte.
2.1.3 Importância da Administração do Capital de Giro
O nível de capital de giro depende da natureza das operações da empresa, mas
independentemente do volume, administrar eficientemente o capital de giro acarreta uma
situação confortável de rentabilidade e liquidez, a qualquer tipo de organização.
A administração do capital de giro é uma área de extrema importância no contexto da
administração da empresa, em razão de a administração desses ativos envolver parte
significativa dos ativos totais da empresa. Sob a ótica da relevância desses ativos, dois
aspectos são importantes ao discutir-se sua administração:
As decisões relativas à administração do capital de giro são freqüentes e repetitivas,podendo ocasionar um envolvimento excessivamente operacional do administradorfinanceiro. A existência de regras inequívocas para a tomada de decisões rotineiras,compatíveis com objetivos mais amplos previamente estabelecidos, pode tornar aadministração do capital de giro mais eficiente e racional.Existe uma inter-relação significativa entre os vários componentes do capital degiro, portanto, supõe-se que a administração eficiente de um desses ativos não podeocorrer sem a análise simultânea dos reflexos e implicações na administração dosdemais ativos. (COME, 1999, p.19)
A saúde financeira da empresa e a determinação de um nível adequado de ativos
circulantes, considerados suficientes para cobrir os passivos circulantes e, assim, garantir uma
certa margem de segurança, está diretamente relacionado com a administração do capital de
giro.
31
Brealey e Myers (1998, p.822) destacam que a gestão do capital de giro é um dos
temas centrais da administração financeira, uma vez que, não havendo solidez na condução
dos recursos de curto prazo, a possibilidade de dificuldades no longo prazo é maior. Assim,
para que se possa planejar a longo prazo, é fundamental que seja definida a política de curto
prazo da empresa.
Copeland e Weston apud Ribeiro (1996, p.19) consideram uma série de aspectos que
tornam este tópico muito importante para ser estudado:
Pesquisas indicam que a maior parte do tempo do administrador financeiro é voltadopara as operações internas do dia-a-dia da empresa, que podem apropriadamenteserem subassumidas sob o título de administração do capital de giro.Caracteristicamente, ativos circulantes representam mais que a metade dos ativostotais de uma empresa de negócios. Porque eles representam investimentos grandese porque estes investimentos tendem a ser relativamente voláteis, ativos circulantessão dignos da atenção cuidadosa dos administradores financeiros.A administração do capital de giro é particularmente importante para empresaspequenas. Embora tais empresas possam minimizar seus investimentos em ativospor alugar ou arrendar fábricas e equipamentos, elas não podem evitar investir emcaixa, contas a receber e estoques. Portanto, ativos circulantes são particularmentesignificantes para o administrador financeiro de uma empresa pequena. Além domais, porque uma empresa pequena tem acesso relativamente limitado aos mercadosde capital a longo-prazo, esta deve necessariamente depender intensamente docrédito comercial e empréstimos bancários a curto prazo, ambos afetando o capitalde giro por aumentar passivos circulantes.O relacionamento entre o crescimento das vendas e a necessidade de financiar ativoscirculantes é próximo e direto. O crescimento nas vendas produz necessidadessimilares imediatas para estoques adicionais e, talvez, para saldos de caixa. Taisnecessidades devem ser financiadas, e visto que elas estão tão intimamenterelacionadas ao volume de vendas, é imperativo que o administrador financeirotenha consciência dos desenvolvimentos no segmento do capital de giro da empresa.
Uma outra questão importante na administração do capital de giro refere-se a um dos
princípios básicos de finanças que é a maximização da riqueza dos proprietários e/ou
acionistas da empresa.
Gitman (2001, p. 44) ressalta que
a meta da empresa, e, por conseguinte, de todos os gerentes e empregados, émaximizar a riqueza dos proprietários da empresa. A riqueza dos proprietários desociedade anônimas é mensurada pelo preço das ações, que por sua vez é baseado
32
no tempo de retorno dos resultados (fluxo de caixa), na sua magnitude e no seurisco.
Para se efetivar o princípio da maximização da riqueza do acionista, ou seja, o valor
do preço comercial de suas ações, faz-se necessário compreender como o mercado de capital
valoriza essas ações. Na verdade, o mercado reflete a informação pública quanto aos fluxos de
caixa das empresas. Os ganhos contábeis são informações valiosas somente quando eles
refletem o fluxo de caixa, e este fluxo de caixa deve ser atualizado ao valor presente.
Brealey e Myers (1998, p.24) justificam que, para o gestor financeiro maximizar o
valor atual dos fluxos de caixa deve atuar no interesse dos acionistas da empresa, e que cada
acionista deseja três coisas:
ser tão rico quanto possível, ou seja, maximizar a riqueza atual; transformar essariqueza no padrão temporal de consumo que mais deseje e escolher as característicasde risco deste plano de consumo. Mas os acionistas não precisam da ajuda do gestorfinanceiro para alcançar o melhor padrão temporal de consumo. Podem fazê-lo porsi próprios desde que tenham livre acesso a mercados de capitais competitivos.Podem, também, escolher as características de risco do seu plano de consumo aoinvestir em títulos com maior ou menor risco. Assim, como pode, então, o gestorfinanceiro ajudar os acionistas da empresa? Aumentando o valor de mercado daparticipação de cada acionista na empresa. A forma de se alcançar é aproveitar todasas oportunidades de investimento que tenham um valor atual líquido positivo.
Pela exposição fica evidente a importância do capital de giro na questão financeira das
empresas. Cabe ao gestor financeiro atender os interesses da empresa conciliando-os com os
dos acionistas.
Considerando que alguns elementos que compõem o Capital de Giro fazem parte do
ativo circulante e este, por sua vez, precisa ser financiado pelo passivo, procura-se então
compreender, no tópico seguinte, as estratégias que podem ser utilizadas para financiar tais
ativos, bem como os riscos envolvidos.
33
2.1.4 Financiamento do Ativo e Risco Envolvido
O ativo circulante, como resumo das aplicações de recursos, precisa ser financiado
pelo passivo circulante, conforme dita a correspondência de recursos financeiros, ou seja, as
necessidades de fundos de curto prazo devem ser financiadas a partir de origens de fundos a
curto prazo, e as necessidades de fundos a longo prazo ou permanente devem ser financiadas
a partir de origens de fundos de longo prazo ou permanente.
Segundo Gitman (2001 p. 462), “existem duas estratégias básicas para se determinar
uma combinação aproximada de financiamentos a curto prazo (passivo circulante) e a longo
prazo – as estratégias agressiva e conservadora”. Também existem considerações que devem
ser feitas com relação ao custo e ao risco proveniente de cada estratégia, bem como a
determinação dos componentes permanentes e sazonais da necessidade de financiamento da
empresa, conforme Figura 4 a seguir:
Figura 4 – Necessidades de recursos projetadas
Meses J F M A M J J A S O N DFonte: Braga (1989, p.90)
Ativos Permanentes
Ativos Circulantes Permanentes
$
AtivosCirculantes
Temporários
NecessidadesTotais deRecursos
NecessidadesSazonais
NecessidadesPermanentes
34
A necessidade permanente, que consiste de ativos permanentes mais a porção
permanente dos ativos circulantes da empresa, permanece sem mudanças durante o ano. A
necessidade sazonal, que consiste da porção temporária dos ativos circulantes, varia durante o
ano.
Uma estratégia agressiva de financiamento, que pode ser observada na Figura 5 com a
letra A, faz com que a empresa financie todos os ativos permanentes e mais uma parcela dos
ativos circulantes permanentes com fundos de recursos a longo prazo. O restante necessário
seria financiado com fundos a curto prazo. Neste caso, o custo do financiamento seria
reduzido, porém o risco seria elevado. Esse risco associado à estratégia agressiva resulta do
fato de a empresa ter apenas um montante limitado de capacidade de financiamentos a curto
prazo. Quaisquer necessidades inesperadas podem ser difíceis de serem satisfeitas.
Uma estratégia de financiamento conservadora, como mostra a Figura 5 na letra C, faz
com que a empresa financie todas as necessidades projetadas de fundos, com fundos a longo
prazo, usando o financiamento de curto prazo somente para emergências. Neste caso o custo
do financiamento seria elevado, pois a empresa estaria pagando juros desnecessariamente. O
risco associado a esta estratégia seria diminuído porque a empresa teria garantido
financiamentos suficientes para cobrir necessidades inesperadas e evitar a insolvência técnica.
35
Figura 5 - Alternativas para o financiamento dos ativos circulantes
Meses J F M A M J J A S O N D
Fonte: Braga (1989, p.91)
Brealey e Myers (1998, p. 825) faz uma análise destas estratégias ressaltando que a
estratégia conservadora conduz a excedentes de tesouraria permanentes de curto prazo. A
estratégia agressiva conduz a necessidades permanentes de endividamento de curto prazo.
Uma estratégia mista, que é provavelmente a mais comum, faz com que a empresa tenha
excedentes de tesouraria de curto prazo durante uma parte do ano e recorre a empréstimos de
curto prazo durante a outra parte do ano.
Os autores afirmam que muitos administradores financeiros sentir-se-iam mais à
vontade com a estratégia conservadora do que com a estratégia agressiva, pois uma empresa
Ativos Permanentes
Ativos Circulantes Permanentes A
I
C
36
com um excedente de tesouraria procedente de financiamento a longo prazo nunca necessita
se preocupar com empréstimos para pagar as contas do mês seguinte. Mas será que o
administrador financeiro é pago para se sentir confortável?
A decisão de financiamento está intimamente relacionada com o risco e, a decisão do
gestor financeiro por uma das abordagens apresentadas, pode conciliar o risco e retorno nas
empresas.
Os conceitos introdutórios, suas características, importância e tipos de financiamentos
podem auxiliar o gestor na tarefa de administrar os principais elementos envolvidos no
Capital de Giro: a administração do caixa, das contas a receber e dos estoques.
2.2 ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA
A maximização do lucro das empresas depende, dentre outras variáveis, de uma
administração eficiente do caixa, ou seja, das disponibilidades. Um aspecto importante neste
sentido é que a administração do caixa é preponderante na questão da liquidez da empresa.
Assim, existe um dilema entre liquidez e rentabilidade que cabe ao administrador financeiro
gerenciar. Quanto maior a disponibilidade de caixa, mais prontamente pode-se saldar as
obrigações da empresa (JOHNSON, 1977).
No mesmo sentido, quanto maior a disponibilidade de caixa passível de aplicação na
empresa, maiores serão os lucros, até o ponto em que a perda de liquidez venha provocar
perda de descontos sobre pagamentos à vista como também afastar os fornecedores de melhor
reputação.
37
Por outro lado se for possível reduzir o saldo de caixa, haverá possibilidade de aplicar
esse dinheiro em qualquer outro setor da empresa ou, se tal fato não trouxer um retorno
adequado, deverá ser devolvido aos proprietários/acionistas da empresa este excesso de
recursos para o seu próprio uso.
Segundo Brigham & Houston (1999, p.564), um dos objetivos do administrador
financeiro é minimizar o nível de caixa, sem que, ao mesmo tempo, se ponha em risco a
capacidade da empresa de saldar suas contas no seu vencimento.
A incerteza associada aos fluxos de recebimentos e pagamentos faz com que a
empresa mantenha sempre um nível adequado de saldo de caixa. Caso a empresa tivesse total
certeza dos recebimentos nas datas previstas, não se justificaria a manutenção de saldo em
caixa.
No Brasil, até 1994, as altas taxas de inflação forçavam as empresas a uma eficiente
administração de caixa para se protegerem da enorme desvalorização do recurso investido
(HOJI, 1999).
As aplicações financeiras podiam suavizar o impacto que o processo inflacionário
exercia sobre os recursos investidos em caixa. Neste sentido, Hoji (1999, p.111) salienta que
“podem ser considerados como elementos de caixa, além dos recursos monetários
(numerários e depósitos bancários à vista), as aplicações financeiras de liquidez imediata”. Os
recursos monetários não produzem nenhum rendimento direto e, geralmente, as aplicações de
liquidez imediata produzem rendimentos menores do que aplicações de prazos mais longos.
Por essas razões, o saldo de caixa deve ser mantido o mais baixo possível.
Existem alguns motivos para se manter saldos em caixa e títulos negociáveis de
liquidez imediata. Estes motivos podem ser denominados: transação, segurança e especulação.
38
Cada motivo é baseado em duas questões fundamentais: (1) Qual é o grau apropriado de
liquidez que deve-se manter? (2) Qual é a distribuição de liquidez apropriada entre caixa e
títulos negociáveis?.
Neste sentido argumenta Gitman (2001, p.493):
Uma empresa mantém saldos de caixa para atender ao motivo das transações, que éfazer pagamentos planejados para itens como materiais e salários. Se fluxos deentrada e saída de caixa são bem próximos, os saldos de caixa transacionais podemser minimizados. Apesar de as empresas terem de satisfazer esse motivo, elasgeralmente tentam satisfazer também os dois motivos seguintes.Saldos mantidos para satisfazer o motivo de segurança são investidos em títulosnegociáveis altamente líquidos que podem ser imediatamente transferidos de títulospara caixa. Tais títulos protegem a empresa contra a possibilidade de não ser capazde satisfazer demandas inesperadas por caixa.Quando satisfazem seu motivo de segurança, as empresas podem investir seusfundos em excesso em títulos negociáveis, assim como em instrumentos a longoprazo. Uma empresa pode tomar essa atitude, pois ela, no momento, não tem outrouso para certos recursos ou porque ela quer ser capaz de tirar vantagem rapidamentede oportunidades que possam aparecer. Esses fundos satisfazem o motivoespeculativo, que é o menos comum dos três motivos.
Existem também alguns fatores que podem determinar o volume de recursos mantidos
em caixa por uma empresa. Segundo Johnson (1977, p.217) estes fatores podem ser assim
descritos:
• discrepâncias previsíveis entre a entrada e a saída de caixa, ou seja,
quando a empresa pode conhecer, antecipadamente, os volumes de
entradas e saídas de recursos, mesmo de grande monta e, assim, fazer as
devidas programações para a movimentação. Um instrumento chamado
Orçamento de Caixa pode ser utilizado pelo administrador financeiro
para prever estas discrepâncias entre os fluxos de caixa.
Convenientemente preparado, o orçamento de caixa deverá revelar o
escalonamento e a magnitude das saídas líquidas de caixa, bem como os
39
períodos durante os quais haverá um excedente de caixa disponível para
investimento temporário;
• discrepâncias imprevisíveis entre a entrada e saída de caixa, ou seja, a
empresa deve conservar uma determinada parcela de saldo de caixa para
atender eventos que afetam qualquer empresa, e que podem interromper
a entrada de caixa ou provocar uma saída repentina, tais como greves,
inundações, falências de clientes, etc...
• disponibilidades de outras fontes de recursos, ou seja, o volume do saldo
de caixa mantido para compensar tanto os fluxos previsíveis como os
imprevisíveis dependerão, em parte, da disponibilidade e outras fontes
de recursos, tais como: proprietários/acionistas com recursos sempre
disponíveis para integralização na empresa; facilidade de obtenção de
recursos junto às coligadas e/ou bancos, etc...
Um outro problema que o administrador financeiro pode encontrar na sua tarefa de
administrar o caixa da empresa é quanto ao controle das entradas e saídas de caixa. Assim,
Johnson (1977, p. 222) propõe o:
• controle das entradas de caixa, visto que os níveis de caixa planejados só
serão possíveis através da efetivas entradas de recursos e nos volumes
planejados. Desta maneira, é imperativo a existência de controles que
permitam acompanhar os volumes e prazos das entradas de caixa e, para
tanto, duas providências são recomendadas: evitar vazamentos (fraudes)
e acelerar o recebimento das cobranças;
40
• controle das saídas de caixa já que estas também influenciam
diretamente o nível de caixa planejado. Sabe-se que, normalmente as
empresas possuem poucas fontes de entradas de recursos em seus planos
de contas, porém possuem uma quantidade bem maior de contas para
registro de saídas de recursos, demandando controles adicionais. Cabe
então, ao administrador financeiro prevenir vazamentos (fraudes) e
analisar vantagens do atraso ou antecipação de pagamentos devidos,
levando em conta os custos de oportunidade.
Como levantado no início desta seção, esta-se discutindo sobre a administração de um
dos principais ativos das empresas e que podem maximizar a riqueza de seus
proprietários/acionistas ou, contrariamente, fazer com que seus patrimônios sejam
dilapidados.
Cabe, então, às empresas levantar indicadores para que possam avaliar se os
administradores financeiros estão gerenciando eficientemente os recursos investidos em caixa
e/ou títulos negociáveis.
Para tanto, Johnson (1977) sugere que seja efetuada uma comparação dos saldos atuais
de caixa da empresa com uma série histórica e com as do setor no qual a empresa pertence.
Assim, pode-se comparar os índices percentuais de caixa sobre vendas, de caixa sobre o ativo
circulante e de caixa sobre o passivo circulante.
Quanto mais as porcentagens relativas à empresa analisada se afastarem das que são
características do setor, maior deverá ser a suspeita de que a Administração do Caixa
necessita ser aperfeiçoada.
41
Em uma avaliação ampla, Gitman (2001) propõe que uma análise nos ciclos
operacionais e de caixa pode esclarecer como os saldos de caixa são influenciados pelas
políticas de produção e vendas da empresa, bem como pelos procedimentos e cobrança de
receitas de vendas e pagamento de fornecedores.
Segundo Assaf Neto & Silva (1995, p.78), tendo em vista que investimento em caixa
representa perda de rentabilidade, a empresa deve exercer controle sobre este item sem
aumentar, em nível indesejado, o risco. O fluxo de caixa é o principal instrumento deste
controle. O caixa mínimo exigido dependerá de uma série de fatores, sendo alguns destes:
a. falta de sincronização entre pagamentos e recebimentos de caixa
tende a elevar o caixa necessário;
b. grande possibilidade de ocorrência de eventos não previstos no
planejamento da empresa que representem desembolsos de caixa;
c. acesso facilitado às fontes de financiamento, seja capital próprio ou
de terceiros;
d. bom relacionamento com o sistema financeiro;
e. existência de prazo médio de recebimento de vendas acima do
necessário;
f. existência de prazo de pagamento reduzido;
g. existência de um modelo de administração de caixa claramente
definido e ajustado às operações da empresa;
42
h. regularidade nos recebimentos da empresa, inclusive os decorrentes
de operações à vista.
O gerenciamento eficiente de caixa pode propiciar à empresa uma posição interessante
de liquidez sem afetar a rentabilidade das operações. Para tanto, a literatura disponibiliza
algumas ferramentas gerenciais.
2.2.1 Saldos de Caixa Desejáveis
Existem abordagens subjetivas e modelos quantitativos para determinação de saldos
de caixa desejáveis. Na abordagem subjetiva, o administrador financeiro simplesmente
poderia estimar um percentual sobre as vendas para o período seguinte para determinar o
saldo de caixa necessário para bancar as transações.
Alguns modelos quantitativos que a literatura apresenta são: Modelo do Caixa Mínimo
Operacional; Modelo de Baumol e o Modelo de Miller e Orr.
2.2.1.1 Modelo do Caixa Mínimo Operacional
É um modelo bastante simples, mas que pode ser eficiente na determinação de um
montante de recursos investidos no caixa.
Segundo Assaf Neto & Silva (1995, p.80):
para obter o Caixa Mínimo Operacional, basta dividir os desembolsos totaisprevistos por seu giro de caixa. Por sua vez, para obter o giro de caixa, basta dividir360, se a base for em dias e o período de projeção for de um ano, pelo ciclo de caixa(ciclo financeiro). Lembrando que o ciclo de caixa de uma empresa corresponde aoperíodo compreendido entre o pagamento da compra de matéria-prima até omomento do recebimento das vendas.
43
Pode-se dizer que, quanto maior for o giro de caixa e, conseqüentemente, menor o
ciclo financeiro, mais reduzidas se apresentam quantidades exigidas para o caixa.
Para exemplificar o modelo, assume-se alguns valores para determinada empresa:
Prazo Médio de Estocagem – PME : 40 dias
Prazo Médio de Recebimento – PMR : 38 dias
Prazo Médio de Pagamento – PMP : 50 dias
Desembolsos Operacionais Anual – DOA : R$ 4.500.000
Assim, pode-se calcular o Ciclo de Caixa ou Ciclo Financeiro, o Giro de Caixa e o
Caixa Mínimo Operacional, conforme segue:
Ciclo de Caixa(CC) = [PME + PMR] – PMP → [40 + 38] – 50 → 28 dias
Giro de Caixa (GC) = 360/CC → 360/28 → 12,857 vezes
CMO = DOA/GC → 4.500.000/12,857 → R$ 350.000
Conclui-se que a empresa deveria manter, em média, R$ 350.000 em caixa para
atender suas necessidades de desembolsos operacionais no período.
Como visto, trata-se de um modelo bastante simples que determina o volume de
recursos a ser mantido em caixa, levando em consideração o custo de oportunidade da
empresa em manter-se ou não determinado montante de recurso.
2.2.1.2 Modelo de Baumol
De acordo com Assaf Neto & Silva (1995, p.81), “o Modelo de Baumol recebe o
nome do pesquisador que propôs utilizar o conceito de lote econômico de compra”. Tal
conceito será abordado mais adequadamente no item que trata de estoques.
44
Este modelo assume que a empresa possui um fluxo de caixa onde os recebimentos
ocorrem em períodos de tempo definidos, mas os pagamentos ocorrem continuamente e de
maneira regular ao longo desse período. Assim, a empresa poderia transformar um fluxo
regular de recebimentos de caixa em diversos fluxos. Para tanto, basta aplicar parte do
recebimento inicial no mercado financeiro e, com o tempo vai sacando o recurso em diversas
parcelas.
Na Figura 6, verifica-se que é possível transformar uma situação onde existe um
recebimento de diversos pagamentos, em uma situação com um único recebimento
transformando em três recebimentos.
Figura 6 – Modelo de Baumol
0 1 Tempo 0 1 Tempo
Fonte: Assaf Neto & Silva (1995, 82)
Assim, considerando que quando aplica-se um recurso no mercado financeiro tem-se
um ganho na forma de juros, mas também tem-se um custo na forma de impostos ou de
transação para resgate desta aplicação. Tem-se, então, a seguinte equação que procura
fornecer em quantos montantes iguais o recebimento original será dividido, de modo a
maximizar seu lucro, conforme segue:
45
N = bRi /]..5,0[Sendo:
i = taxa de juros da aplicação financeira
R = montante recebido periodicamente
b = custo de cada operação de investimento ou resgate
Para exemplificar, assume-se que determinada empresa de serviços recebe R$
4.800.000 pelo seu trabalho no início de cada mês. Considerando um mês com 20 dias úteis,
tem-se que o desembolsos médio diário seria de R$ 240.000. Sendo a taxa de juros de
mercado 1% a.m. e cada vez que é feita uma operação de investimento ou desinvestimento, a
empresa incorre com um custo de R$ 1.500, tem-se então que:
N = 1500/)]000.800.401,05,0[( xx → N = 4 operações
Assim, a empresa deveria efetuar 4 resgates de R$ 1.200.000 (R$ 4.800.000/4), sendo
que o primeiro valor aplicado seria de R$ 3.600.000, deixando o primeiro valor de R$
1.200.000 no caixa.
Ross (1995 p.557) argumenta que o presente modelo é o mais simples e despojado
para determinação da posição ótima de caixa, porém apresenta algumas limitações, conforme
segue:
a. O modelo supõe que a empresa tem um taxa constante de desembolso. Naprática, os desembolsos só podem ser administrados parcialmente, porque asdatas de vencimento variam e os custos não podem ser previstos com certezacompleta.
b. o modelo supõe que não há entradas de caixa durante o período projetado. Narealidade, as empresas possuem tanto entradas quanto saídas de caixa todos osdias.
c. Não se prevê qualquer saldo de segurança. As empresas provavelmentedesejarão manter um saldo de segurança destinado a reduzir a possibilidade defalta.
46
O Modelo de Baumol aqui apresentado é considerado um modelo de administração de
caixa denominado determinístico, pois é caracterizado pelo conhecimento do fluxo de caixa
futuro. Existem outros modelos, mais sofisticados, como o apresentado a seguir, com
características probabilísticas ou aleatórias.
2.2.1.3 Modelo de Miller e Orr
A previsão de entradas e saídas de caixa possui um certo grau de incerteza e, este grau
de incerteza sugere a aplicação de um modelo que possa solucionar esta subjetividade.
Ross (1995, p.557) relata que Merton Miller e Daniel Orr “desenvolveram um modelo
de otimização de saldos de caixa que lida com entradas e saídas que oscilam aleatoriamente
de um dia a outro. No modelo Miller-Orr, inclui-se tanto entradas quanto saídas de caixa”.
O modelo supõe que a distribuição dos fluxos líquidos diários (entradas menos saídas
de caixa) é normal. A cada dia, o fluxo líquido de caixa poderia ser o valor esperado ou algum
valor mais alto ou mais baixo.
O modelo de Miller-Orr é geralmente considerado mais realista e apropriado do que o
modelo de Baumol, apesar da sua maior dificuldade de aplicação, em face de existência de
incertezas, por parte da empresa, quanto aos fluxos de caixa futuros.
Segundo Come (1999, p.35) o modelo de Miller-Orr para administração do caixa é
basicamente uma aplicação da teoria de limites de controle à administração do nível de caixa
e investimentos. Os limites de controle são determinados utilizando-se uma fórmula
desenvolvida por Miller e Orr. Quando o caixa da empresa ultrapassa o limite superior, são
realizados investimentos para trazê-lo ao ponto de retorno, evitando-se o excesso de liquidez.
Quando o nível de caixa cai abaixo de limite inferior, são efetuados resgates das aplicações
47
(desinvestimentos) também para trazê-lo de volta ao ponto de retorno, restabelecendo-se a
liquidez da empresa.
Assaf Neto & Silva (1995, p.85), apresenta um exemplo de aplicação deste modelo.
Para tanto, a equação abaixo determina o ponto de retorno z*:
( )3 2* ..75,0 idbmz +=Sendo:
m = o menor valor que pode assumir o caixa, determinado pela empresa.
b = custo de cada transação de investimento ou resgate.
i = taxa de juros diária.
d2 = variância diária do caixa.
Também se faz necessário estabelecer o limite máximo que o fluxo de caixa não pode
ultrapassar, o qual é dado pela equação h*:
h* = m + 3z*
Supondo-se uma taxa de juros de 1% ao dia, um custo de R$ 2,85 por transação, um
limite inferior de R$ 50 e uma variância diária de caixa de R$ 62.900, tem-se o seguinte
resultado:
Z* = $ 50 + 01,0/)6290085,275,0( xx → $ 287
h* = $ 50 + 3 x 287 → $ 911
Graficamente pode-se visualizar esta situação através da Figura 7, onde no 13º dia, o
saldo de caixa ultrapassa o limite superior (R$ 911). Nesta situação, deve-se reduzir o volume
de recursos existente no caixa através de um investimento. O montante da transferência de
48
recursos deve ser o suficiente para que o caixa final seja igual ao ponto de retorno, ou seja, R$
287. No 18º dia, ocorre o inverso, ou seja, o saldo de caixa é menor que o limite inferior (R$
50). Nesta situação, a empresa resgata investimentos de tal forma que o caixa final atinja o
ponto de retorno, ou seja, R$ 287.
Figura 7 – Modelo de Miler-Orr – Exemplo
13º 18º Tempo
Fonte: Assaf Neto & Silva (1995, p.88)
A aplicação do modelo está condicionada à incerteza nos recebimentos e pagamentos
efetuados pela empresa, e esta questão de incerteza é tratada no tópico seguinte.
2.2.2 Incerteza na Previsão de Caixa
Segundo Gitman (2001, p.205), o risco é a chance de perda financeira. O gestor
financeiro, quando da elaboração do planejamento de caixa, deve trabalhar com a incerteza.
Segundo Ribeiro (1996, p.54), “as fontes de incerteza são numerosas: incerteza quanto à
previsão de vendas; incerteza quanto aos recebimentos; incertezas quanto aos custos de
h* $ 911
z* $ 287
m $ 50
49
produção; incertezas quanto ao mercado em si e diversas outras fontes de incertezas que
afetam o processo de decisão”. Além de muito cuidado no preparo da programação e da
previsão de caixa, existem dois modos de se reduzir a incerteza.
O primeiro seria preparar diversos planos, um baseado em uma projeção pessimista,
outro com base de ocorrência mais provável, e um terceiro baseado em projeções otimistas. A
este método, segundo Ribeiro (1996, p.55), dá-se o nome de análise de sensitividade. A
execução de diversos planos permite ao administrador financeiro ter em mãos diversos
quadros, possibilitando diversas tomadas de decisões.
O segundo modo é através da análise de simulação, a qual permite simular a
ocorrência de várias variáveis, como vendas, recebimentos, custos de produção, e assim por
diante. Esse método estatístico desenvolve uma distribuição probabilística dos fluxos de caixa
para um período de tempo pré-determinado, capacitando o administrador financeiro a
determinar as estratégias necessárias com relação aos excedentes e déficits de caixa.
Deste modo, as empresas devem estar preparadas para reagir rapidamente neste
ambiente de incertezas. Para isso, o planejamento de caixa a curto prazo forma um valioso
instrumento, indispensável no processo de tomada de decisões.
Os indicadores a seguir facilitam o entendimento das inter-relações entre os elementos
que compõem o Capital de Giro e como influenciam o nível de investimento em caixa.
2.2.3 O Ciclo Operacional e o Ciclo de Caixa
Ao gerenciar de forma eficiente estes ciclos, o administrador financeiro pode manter
um nível baixo de investimento em caixa e, dessa forma, contribuir para a maximização da
50
riqueza do proprietário/acionista da empresa. A Figura 8 demonstra, para melhor
compreensão, o ciclo operacional e o ciclo de caixa ou ciclo financeiro:
Figura 8 – Representação do Ciclo de Caixa ou Ciclo Financeiro
Fonte: Adaptado de Gitman (2001, p.495)
Sendo:PMP – prazo médio de pagamento
PME – prazo médio de estocagem
PMR – prazo médio de recebimento das duplicatas
Na representação da Figura 8 tem-se que o Ciclo Operacional inicia-se quando a
empresa compra mercadorias a prazo para revenda ou matérias-primas a serem aplicadas na
produção e vai até o momento em que a empresa recebe as duplicatas oriundas da venda a
prazo das mercadorias ou do produto acabado. Este ciclo é um tempo, normalmente em média
de dias, composto pelo prazo médio de estocagem (PME) e pelo prazo médio de recebimento
(PMR), os quais somados apresentam o Ciclo Operacional, assim tem-se que:
Compra de Venda a PrazoRecebimento da Mat.Prima a Prazo do Produtos
da Duplicata
P. M. E. P. M. R.
P.M.P.
Pagto aosFornecedores
Ciclo Operacional (CO) = PME + PMR
51
Trata-se, portanto, de um período médio em que são investidos recursos nas operações
sem que ocorram as entradas e caixa correspondentes. Parte desse capital de giro é financiada
pelos fornecedores que concederam prazo para pagamento
O Ciclo de Caixa ou Ciclo Financeiro (CF) inicia-se com o pagamento aos
fornecedores de mercadorias ou de matérias-primas e encerra-se com o recebimento das
duplicatas originadas pelas vendas a prazo, ou seja, é o período durante o qual a empresa
financia suas operações sem a participação dos fornecedores, conforme esquema a seguir:
Segundo Braga (1989, p.127) “quanto maior o ciclo financeiro, mais recursos próprios
e de terceiros (exceto fornecedores) estarão temporariamente aplicados nas operações,
provocando custos financeiros e afetando a rentabilidade da empresa”.
Ainda, segundo o autor, os prazos de estocagem e de cobrança afetam
significativamente as necessidades de recursos para financiar o giro das operações. Os prazos
para pagamento concedidos pelos fornecedores suprem parte dessas necessidades. A parcela
remanescente deverá ser coberta por outras fontes de recursos, durante um período
correspondente ao ciclo financeiro. Estes recursos deverão gerar custos para a empresa, que
podem ser custos de oportunidade, caso utilize aportes de capital próprio ou custos
financeiros, caso sejam provenientes de capital de terceiros.
Diante do exposto, cabe ao administrador financeiro reduzir o Ciclo Financeiro para
otimizar o uso dos recursos necessários para bancar suas operações e reduzir os custos
correspondentes.
Ciclo Financeiro (CF) = CO - PMP
52
Neste sentido, Braga (1989, p.129) propõe as seguintes estratégias para reduzir o Ciclo
Financeiro da empresa:
a) Retardar os pagamentos aos fornecedores, sem comprometer o conceito creditícioque a empresa possui junto aos mesmos.b) Acelerar o recebimento das duplicatas, sem afastar os clientes por excesso derigor na cobrança, e, desde que sejam economicamente justificáveis, oferecerdescontos financeiros para estimular a antecipação de pagamento que facilitarãoalcançar os objetivos desta estratégia.c) Elevar o giro dos estoques, reduzindo o prazo médio de estocagem, até um pontoa partir do qual haveria riscos de paralisação do processo produtivo por falta demateriais e de perda de vendas por falta de mercadorias.
Cada uma das estratégias mencionada produz um efeito positivo para os resultados da
empresa. Ou seja, fazem com que o Ciclo Financeiro possa ser reduzido, aumentando o Giro
de Caixa e reduzindo a necessidade de Caixa Operacional. Assim, para um dado nível de
operações, quanto menor for a necessidade de Caixa Operacional, mais eficientemente
estarão sendo administrados os recursos da empresa.
A compreensão da influência do Ciclo Operacional e do Ciclo de Caixa nos resultados
da empresa induz à discussão de questões quanto à administração dos valores a receber da
empresa, as suas políticas e os modelos de análise de concessão de crédito.
2.3 ADMINISTRAÇÃO DAS CONTAS A RECEBER
Um dos ativos de grande importância para a manutenção da saúde financeira da
empresa está alocado em valores a receber, representados por duplicatas a receber, créditos a
receber e, principalmente, nos dias de hoje cheques a receber. É evidente que se a empresa
pudesse optar pela venda de suas mercadorias, produtos ou serviços à vista ou vendê-los a
prazo, a escolha recairia sobre a primeira opção (BRIGHAM & HOUSTON, 1999, p.581).
53
No entanto, sabe-se que uma empresa tem valores a receber porque ela vendeu a prazo
e, assim o fez porque o mercado como um todo exige. É um argumento de venda, bem como
uma facilidade para o consumidor que deseja o produto e/ou serviço, mas que não tem
condições de adquiri-lo a vista.
Assim, não se concebe que uma empresa venda a prazo e, portanto, em alguns casos,
tenha uma carteira volumosa de valores a receber e não administre corretamente estes
recursos ou tampouco tenha uma política, formalizada ou não, de concessão de crédito e de
cobrança.
Braga (1989, p.114) destaca que conceder crédito aos clientes representa assumir
custos e riscos que não existem nas vendas à vista, tais como:
• despesas com a análise do potencial de crédito dos clientes;
• despesas com a cobrança das duplicatas;
• risco de perdas com os créditos incobráveis;
• custo dos recursos aplicados nas contas a receber;
• perda de poder aquisitivo do valor dos créditos em decorrência do
processo inflacionário.
Considerando tais custos e riscos, fica evidente a necessidade de se estabelecer
políticas de concessão de crédito para minimizar tais eventos, conforme será tratado no tópico
a seguir.
2.3.1 Políticas de Crédito
Considerando a importância deste ativo, o gestor deve estar seguro quanto à
conversibilidade dos créditos da empresa. O recebimento ou não, das duplicatas ou cheques,
54
nas datas estipuladas quando da realização da venda a prazo, dependerá da forma como e para
quem foi efetuada a venda.
Segundo Braga (1989, p.116) “a política de crédito de uma empresa fornece os
parâmetros que determinam se deve ser ou não concedido crédito a um cliente e, em caso
afirmativo, qual o valor do limite de crédito a ser atribuído”.
Assim, a concessão de crédito demandará:
• análise dos demonstrativos financeiros do cliente, inclusive das
demais empresas do grupo;
• consulta às fontes de referência cadastral, tais como: fornecedores,
bancos, agências especializadas, etc.;
• visita às instalações da empresa e entrevistas com seus principais
executivos para aferir o nível de organização, a capacidade gerencial,
etc..
Quanto ao tipo de política de crédito, tem-se situações em que aquele que concede o
crédito utiliza-se de um certo rigor para selecionar seus clientes. Neste caso, a empresa terá
menores despesas com os departamentos de crédito e de cobrança, menor índice de atrasos e
de perdas com duplicatas incobráveis, mas também terá um menor volume de vendas. Alguns
clientes que costumam liquidar suas duplicatas com atraso seriam rejeitados e provavelmente
iriam comprar dos concorrentes. Por outro lado, uma política de crédito mais liberal
provocaria um maior volume de vendas, mas aumentaria as despesas com a administração da
carteira, bem como os atrasos e a inadimplência.
Em uma situação real, as empresas podem alterar o seu tipo de política de crédito de
liberal para mais rigorosa e vice-versa. Estas alterações e seus efeitos resultam em variações
no volume de vendas e despesas.
55
2.3.2 Efeitos das Alterações nas Políticas de Crédito
Conforme citado no final do tópico anterior, quando a empresa altera seu padrão de
concessão de crédito, algumas variáveis financeiras influenciam o recebimento sobre as
vendas, o investimento sobre os estoques, a inadimplência e as despesas de cobrança.
Scherr apud Ribeiro (1996, p.66) ressalta vários fatores que sofrem impactos de
acordo com as mudanças nas políticas de crédito, tais como:
Recebimento sobre vendas. Todas as vezes que a firma institui uma nova política de
crédito poderá resultar em mudanças no volume e no tempo de recebimento das vendas.
Se por exemplo, a empresa diminui os seus prazos de vendas, fatalmente os clientes
terão que efetuar pagamentos mais rápidos, e na maioria das vezes, devido as exigências
maiores quanto ao prazo, o volume de vendas cairá e conseqüentemente, também o lucro da
empresa.
Investimento em estoque. Muitas decisões de políticas de crédito resultam em um
aumento ou decréscimo no volume de vendas. Essas mudanças no volume de vendas requer
um aumento ou uma diminuição nos estoques.
Os estoques das empresas estão diretamente ligados com as necessidades da demanda.
Se, por exemplo, a empresa toma a decisão de aumentar as suas vendas, primeiramente ela
deverá analisar a sua capacidade produtiva e o tempo necessário para se ajustar à nova
situação.
Desconto e despesas com devedores duvidosos. Essas despesas são deduções do nível
esperado de entradas de caixa de vendas futuras. A alteração na política de crédito no sentido
de facilitar as condições para compra, seja maior prazo de pagamento ou maior limite de
56
crédito, provoca um aumento nas vendas aos clientes já existentes e a novos clientes. Ambas
as situações poderão provocar um aumento das despesas com devedores duvidosos.
Tempo de despesas de capital. Quando uma mudança na política de crédito afetando o
volume de vendas é feita, essa mudança pode também afetar o tempo e o montante de
despesas de capital.
No Quadro 3 demonstra-se os efeitos da relação entre os elementos de uma política de
crédito sobre o comportamento do volume de vendas, despesas gerais de crédito e
investimento em valores a receber.
Quadro 3 – Relação entre medidas de crédito e elementos de uma política de crédito
Padrões de Crédito Prazo deCrédito
DescontosFinanceiros
Política de Cobrança
Liberal Rígida Amplo Menor Elevado Baixo Liberal Rígida
Volume de Vendas + - + - + - + -
Despesas de
Crédito
+ - + - - + + -
Investimentos em
Contas a Receber + - + - - + + -
Fonte: Assaf Neto & Silva (1995, p.109)
2.3.3 Concessão de Crédito
Antes de efetivar a venda para um novo cliente, o gestor deve efetuar uma análise
minuciosa e criteriosa de seus dados cadastrais. Venda a prazo efetuada sem os devidos
cuidados tem grande possibilidade de se tornar um valor não recebível. A concessão de
crédito é uma resposta individual da empresa a cada cliente. Se o cliente satisfizer as
57
condições mínimas preestabelecidas pela empresa, poderá existir financiamento por parte da
empresa para sua compra.
2.3.4 Modelos de Análise e Concessão de Crédito
Quando a empresa tem uma clientela pequena e regular, o gestor de crédito poderá
facilmente tratar o processo de investigação de um modo informal. Mas, quando a empresa
vende diretamente a consumidores finais ou tem um grande numero de pequenos clientes, é
essencial alguma sistematização (BREALEY e MYERS,1998).
O gestor, quando do processo de analisar e conceder crédito, conta com algumas
técnicas e modelos qualitativos e quantitativos que podem facilitar e dar maior segurança ao
seu trabalho.
2.3.4.1 Abordagem Qualitativa de Análise
Segundo Ribeiro (1996), uma análise qualitativa relacionando o histórico do negócio
do comprador à sua potencialidade e forma de gerenciamento, é considerada uma abordagem
tradicional, e que pode ser utilizada para verificar o merecimento do crédito por parte do
interessado.
Gitman (2001, p.518) apresenta algumas dimensões que podem ser levadas em
consideração pelo analista de crédito para fundamentar sua decisão. Estas dimensões,
chamadas os 5 C’s do Crédito são: Caráter, Capacidade, Capital, Colateral e Condições,
conforme descritos a seguir:
58
• Caráter – o registro histórico do requerente em cumprir obrigações
passadas – financeiras, contratuais e morais. A história de
pagamentos passados, assim como quaisquer processos legais em
andamento ou já julgados contra o requerente, serão usados.
• Capacidade – a capacidade do requerente de ressarcir o crédito
pedido. Análises de demonstrações financeiras, com particular
ênfase na liquidez e no endividamento, são usadas para avaliar a
capacidade do requerente.
• Capital – a força financeira do requerente, como refletida por sua
posição patrimonial. Uma análise da dívida do requerente,
relativamente à sua liquidez e às suas taxas de lucratividade, são
freqüentemente usadas para avaliar seu capital.
• Colateral – o montante de ativos que o requerente tem disponíveis
para o uso em dar garantia ao crédito. Quanto maior for o montante
de ativos disponíveis, maior a chance que uma empresa tem de
reaver seus recursos se o requerente faltar com sua obrigação. Uma
análise de balanço e avaliações do valor dos ativos do requerente,
assim como quaisquer demandas legais levantadas contra os ativos
do requerente, podem ser usadas para avaliar sua garantia real.
• Condições – o cenário econômico empresarial atual, assim como
quaisquer circunstâncias específicas afetando qualquer uma das
partes com relação à transação de crédito.
59
Percebe-se, nesta abordagem, um certo grau de subjetividade, exigindo analistas de
crédito com uma certa experiência, evitando-se assim decisões equivocadas. Para suprir esta
subjetividade, tem-se modelos que tratam de variáveis quantitativas.
2.3.4.2 Modelo de Buckley
O Modelo de Buckley, também conhecido como Modelo de Crédito Sistemático, é o
resultado do inter-relacionamento de três outros modelos: Modelo de Marketing; Modelo
Estatístico e Modelo Contábil.
Segundo Come (1999, p.65)
a função do Modelo de Marketing é diferenciar o risco de crédito em termosquantitativos. Mesmo fatores subjetivos relativos ao crédito, como o Caráter e aCapacidade do solicitante, são tratados através de métodos analíticos, de forma a seestabelecer pesos e formas de medição que possam ser demonstrados em termosquantitativos.
Para se estabelecer um elo entre as pontuações e os possíveis grupos que constituem
fatores de risco para a empresa, faz-se necessário o uso de um modelo estatístico. Esse
modelo fornece o conhecimento necessário sobre as características da população, que precisa
ser conhecida para desenvolvimento do modelo de crédito. Os modelos estatísticos mais
usados são: o modelo uniforme (utilizado com grandes populações onde as características são
conhecidas); o modelo de Gauss (utilizado com grandes populações onde as características
não são conhecidas, mas são presumidos) e o modelo de Poisson (utilizado para pequenas
populações com baixo risco de crédito).
O modelo contábil segue as relações definidas na análise custo-volume-lucro. Ele
serve para determinar a taxa mínima de rentabilidade aceita em investimentos nos grupos de
60
crédito, ou seja, com quais riscos deve-se aceitar ou rejeitar um cliente, e até que ponto as
informações de crédito são necessárias. Assim, assume-se que os custos fixos não variam em
nenhum momento em relação ao volume de vendas e que os custos variáveis variam de forma
direta e proporcional às mudanças no volume vendido (COME,1999; RIBEIRO,1996).
Ressalta-se que, o sucesso do modelo depende de que as variáveis de análise sejam
consideradas simultaneamente e que haja uma cooperação entre vários grupos de especialistas
para solução de problemas complexos.
2.3.4.3 Árvore de Decisão
O modelo da Árvore de Decisão assemelha-se à planta, pois sugere ramificações que o
analista de crédito pode seguir para tomar sua decisão. Neste sentido Come (1999, p.61)
argumenta que:
árvore de decisão pode ser descrita como um diagrama de decisão. Conformedefinições existentes, um diagrama de decisão consiste de ramos interconectados,cada um dos quais representa um ato que o tomador de decisões deve escolher ouum evento sobre o qual o tomador de decisões deve aprender. Pode-se definir aindacomo um diagrama de um problema decisório seqüencial, com ramos individuaisassociados a decisões potenciais e sobre os quais os resultados seqüenciais doscálculos de valores esperados podem ser exibidos.
2.3.4.4 Credit Scoring
Este modelo utilizado para análise da concessão de crédito, segundo Silva (2002,
p.72), é analítico e automatizável, e consiste em estabelecer pontos para cada item
considerado relevante no processo de crédito. Alguns exemplos de itens a serem pontuados
são os seguintes:
61
• pessoa física: sexo, idade, renda, tempo de serviço, nível de
escolaridade, bens móveis e imóveis em nome do solicitante do
crédito, cartões de crédito, tempo de residência no imóvel, etc;
• pessoa jurídica: nível de faturamento, índices de liquidez, nível de
endividamento, imóveis próprios, etc.
É comum a utilização deste modelo em empresas que necessitam de rápida decisão da
liberação ou não do crédito visto a sua grande facilidade de operacionalização. A
desvantagem do modelo está em não levar em conta perspectivas futuras favoráveis ou não do
cliente.
2.3.5 Gestão dos Recursos Investidos em Duplicatas a Receber
Tratando-se de ativos que representam grande parte dos ativos totais de algumas
empresas, a gestão dos valores a receber pode ser avaliada por alguns indicadores contábeis e
financeiros.
Segundo Braga (1989, p.114), “ao mesmo tempo em que se preocupa em alcançar um
nível adequado de receitas de vendas, a administração financeira tenta minimizar os recursos
aplicados em duplicatas a receber, objetivando maximizar a taxa de retorno global”.
Assim, tem-se dois indicadores de eficiência na gestão dos recursos investidos em
duplicatas a receber: o giro das duplicatas a receber e o prazo médio de cobrança.
Um giro elevado representa maior eficiência na gestão dos fundos aplicados no
financiamento das vendas a prazo e, por sua vez, um giro baixo demonstra uma menor
eficiência na gestão destes recursos.
62
O prazo médio de cobrança, como o próprio nome traduz, apresenta um tempo médio,
normalmente em dias, em que a empresa demora para receber suas duplicatas. Quanto maior
for o giro das duplicatas a receber, menor será o tempo de recebimento. As fórmulas são
apresentadas abaixo:
Fonte: Adaptado Braga (1989)
Segundo Assaf Neto & Silva (1995, p.132), uma medida largamente adotada no
controle da carteira de valores a receber é o DVR – Dias de Vendas a Receber. Este indicador
mostra o montante de contas a receber em número de dias de vendas, conforme fórmula a
seguir:
Fonte: Adaptado Braga (1989)
Os autores exemplificam que caso o DVR de um determinado mês for igual a 18, isto
indica que 18 dias das vendas efetuadas pela empresa ainda não foram recebidas, constando
da carteira de realizáveis.
Giro da Duplicatas a Receber = Receita Bruta de Vendas a Prazo Saldo Médio das Duplicatas a Receber
Prazo Médio de Cobrança = Saldo Médio Dupl a Receber x Nº dias Período Receita Bruta de Vendas a Prazo
DVR = Valores a Receber no Período Vendas do Período / Nº de dias do Período
63
A administração eficiente dos valores a receber pode ser amparada pelo
estabelecimento de políticas de crédito e cobrança e de adoção de modelos qualitativos e
quantitativos de análise de concessão de crédito.
No entanto, tem-se outro grupo de ativos, também circulantes, mas que podem ter um
grau de conversibilidade em menor escala que os recebíveis e, portanto, precisam de um
tratamento cuidadoso para evitar maiores investimentos e custos em estoques, principalmente
em empresas industriais, cujo ciclo de atividades que vai da compra de matéria-prima até o
recebimento das duplicatas oriundas das vendas seja elevado.
2.4 ADMINISTRAÇÃO DOS ESTOQUES
Os estoques representam um importante item do ativo circulante e provocam custos
financeiros e despesas operacionais. Do ponto de vista operacional, os estoques permitem
certas economias na produção e também regulam as diferenças de ritmo entre os fluxos
principais de uma empresa. Se ela for do ramo industrial, os estoques regulam o fluxo de
entrega de matérias-primas e componentes, o fluxo de produção e o fluxo com que os
produtos são entregues para a distribuição ou o consumo.
Com freqüência, a produção não consegue responder rapidamente a aumentos bruscos
da demanda, havendo necessidade de estoques de produtos acabados para atender a esses
aumentos. Em outras ocasiões, a entrega de matérias-primas não acompanha as necessidades
da produção, pelo que também se justificam os seus estoques.
Do ponto de vista financeiro, basta lembrar que estoque é investimento e conta como
parte do capital da empresa. Quanto maiores os estoques, maior é o capital total. Como taxa
de retorno é computada como o quociente dos lucros brutos (antes da dedução do imposto de
64
renda) pelo capital, é claro que, quanto maiores os estoques, sendo as outras condições
idênticas, menor será a taxa de retorno, que é o indicador mais usado de eficiência de gestão.
Também sob ótica financeira, outro conceito básico é o índice de rotação dos estoques,
definido como o quociente do valor da produção anual pelo valor médio empatado em
estoques de matérias-primas, componentes e material em processo, conforme será tratado em
item posterior.
Nas indústrias, os estoques permitem separar as etapas do processo de fabricação e
favorecem a otimização das operações realizadas pelas áreas de suprimentos, produção e
vendas. Em curto intervalo de tempo, os níveis de estoques de matérias-primas, de produtos
em elaboração e acabados podem elevar-se significativamente, mas a eliminação deste
excesso pode levar muito mais tempo, afetando a situação financeira da empresa, bem como
prejudicando a sua rentabilidade.
Cabe ao administrador financeiro gerenciar este recurso de forma a minimizá-lo. Este
fato, porém, pode trazer alguns conflitos de interesses entre as demais áreas funcionais que
compõem a empresa. A área de vendas tem interesse que haja o maior nível de estoques
possível de produtos acabados para atender a demanda do mercado, pois a existência de
disponibilidades nos estoques torna-se um argumento de vendas. A área de suprimentos e de
produção tem interesse que haja o maior volume possível de estoque de matérias-primas e de
produtos em elaboração ou acabados para atender a área de vendas.
Assim, a administração financeira deve buscar mecanismos para tomar decisões
integradas, conjuntas e não parciais e solitárias. Essa integração tem permitido o surgimento
de novas estratégias para a administração dos estoques, tais como os métodos JIT-just-in-time,
MRP-Material Requirements Planning, OPT-Optimized Production Technology, além dos
tradicionais Sistema ABC, Lote Econômico (LE) e Ponto de Pedido.
65
Antes da apresentação dos modelos de gerenciamento de estoques, é importante
discutir os custos e riscos envolvidos na estocagem, a relação entre o nível de estoques e de
duplicatas a receber e a eficiência na gestão dos recursos investidos em tais ativos.
2.4.1 Custos e Riscos da Estocagem
A manutenção de itens em estoque, seja de matéria-prima ou de produtos acabados,
implica em assumir custos e riscos que podem variar de acordo com o volume estocado.
Braga (1989, p.102) apresenta alguns deles:
Custos de Capital: correspondem aos recursos investidos nos materiais e produtosestocados, nas instalações e nos equipamentos utilizados na movimentação física earmazenagem.Custos das Instalações: envolvem o valor de locação de galpões, preditos einstalações utilizadas, imposto predial e taxas de serviços públicos, despesas demanutenção, limpeza, iluminação, refrigeração ou calefação, serviços auxiliares,seguro e depreciação das instalações e equipamentos.Custos dos Serviços: compreendem dispêndios com a mão-de-obra utilizada narecepção, armazenagem, deslocamentos internos e expedição; custos dos registros econtroles administrativos; seguro dos estoques.Riscos da Estocagem: relativos a furtos, deterioração, obsolescência, queda nospreços de mercado, etc.
2.4.2 A Relação entre o Estoque e as Duplicatas a Receber
Dependendo da política de concessão de crédito que a empresa adotar para realização
de suas vendas a prazo, haverá uma maior necessidade, ou não de itens em estoque. Caso a
empresa faça opção de flexibilizar seu padrão de concessão de crédito, ela pode levar seus
clientes a comprar em quantidades maiores, reduzindo seus estoques médios e aumentando a
média de investimentos em duplicatas a receber. Neste caso, ela estará convertendo o
investimento em estoque para duplicatas a receber que, por sua natureza, é mais econômico.
Com relação a este fato, Gitman (2001, p.534) apresenta que:
66
o nível e a administração de estoque e as duplicatas a receber se relacionamestreitamente. Geralmente, em empresas industriais, quando um item é vendido, elevai do estoque para duplicatas a receber e ao final para o caixa. Devido à relaçãoestreita entre o estoque e as duplicatas a receber, seu gerenciamento não deveria servisto de forma independente. Por exemplo, a decisão de conceder crédito para umcliente pode resultar em um aumento nas vendas, que podem ser apoiadas apenaspor níveis maiores de estoque e duplicatas a receber. Os prazos de crédito maisdilatados vão também afetar o investimento em estoque e as duplicatas a receber,pois permitem que a empresa mova itens do estoque para duplicatas a receber.Geralmente, tal estratégia é vantajosa, pois o custo de manter um item no estoque émaior do que o custo de se manter uma duplicata a receber.
2.4.3 Gestão dos Recursos Investidos em Estoques
Uma medida de eficiência na administração dos recursos imobilizados em estoques é
dada pelo prazo médio de estocagem e pelo giro dos estoques.
Segundo Braga (1989, p.102), em face dos padrões observados em cada ramo de
negócios, estoques com baixa rotação representam fundos ociosos, enquanto um giro alto
significa otimização dos recursos investidos. Portanto, tem-se as seguintes expressões:
Ainda segundo o autor, deve ser ressaltado que o giro encontrado corresponde a uma
média global dos valores dos estoques e que determinados itens certamente apresentam
rotações muito diferentes do giro global. Neste caso, deve-se calcular o giro para cada linha
de produtos ou grupo de mercadorias e atuar sobre os itens que acusaram baixa rotação. Se os
Giro dos Estoques = Custo das Vendas Saldo Médio dos Estoques
Prazo Médio de Estocagem = Saldo Médio dos Estoques x Nº dias período Custo das Vendas
67
referidos itens não apresentarem grande expressão no valor total dos estoques, o giro global
não estará distorcido e fornecerá uma medida adequada para fins de gestão financeira, quando
comparados com uma série histórica da própria empresa ou ao setor de atividade a que
pertence.
2.4.4 Técnicas de Administração dos Estoques
Existem algumas técnicas de gerenciamento dos estoques que podem ajudar o
administrador financeiro a cumprir o seu papel de maximizar a riqueza do
proprietário/acionista da empresa.
• Sistema ABC
Tem-se nas empresas itens em estoque que exigem um grande investimento em
valores monetários, mas que, porém, possuem um pequeno número de itens, chamados de
Grupo A. Por outro lado, existem itens que possuem uma grande quantidade, mas que
representam uma pequena expressão no valor total dos estoques, chamados de Grupo C. E,
finalmente, existem os itens chamados de Grupo B, pois possuem quantidades e valores
intermediários.
Segundo Braga (1989, p.106), constituídos por bens de elevado valor unitário, os itens
do Grupo A, devem ser administrados de acordo com as suas características específicas
mantendo-se um rigoroso controle. Os itens do Grupo C são formados por bens de pequeno
valor unitário e geralmente de fácil obtenção, podendo ser tratados com menor rigor e
controlados de forma mecânica e simples. Para os itens do Grupo B, compostos de bens de
valor unitário médio, devem ser calculados os respectivos lotes econômicos e pontos de
pedido.
68
• Lote Econômico de Compra - LEC
Esta técnica leva em conta vários custos operacionais e financeiros, assim como
determina a quantidade de pedidos que minimizam o custo total do estoque. Neste sentido
Assaf Neto & Silva (1995, p.146) argumentam que:
o lote econômico procura a melhor estratégia para determinar qual será a quantidadeque deverá ser mantida em estoque e de quanto em quanto tempo deverá fazer novopedido. Para tanto, o LEC ajuda a encontrar a quantidade ótima de cada pedido, demodo que os custos totais, compreendidos pelo custo do pedido e o custo deestocagem, sejam os menores possíveis. Como a demanda por período é conhecida,ao encontrar a quantidade por pedido que minimiza os custos da empresa pode-seobter a quantidade de pedidos do período relacionado com a demanda.
No entanto, antes de aplicar o LEC-Lote Econômico de Compra, os autores
apresentam algumas premissas básicas para o modelo, conforme segue:
o demanda constante: a demanda pelo produto é constante por unidade de
tempo (dia, quinzena, mês);
o recebimento instantâneo do estoque: o recebimento das unidades de
estoques pedidas são recebidas imediatamente;
o não existe desconto: o fornecedor não oferece desconto por compras em
volumes maiores;
o os preços não se alteram: não haverá mudanças nos preços durante o
período analisado;
o não existe risco: o LEC considera somente a variável rentabilidade no
modelo, relegando, assim, a questão do risco;
o existem dois tipos de custo: o custo de estocagem e o custo do pedido;
69
o cada estoque é analisado independentemente: o LEC considera que a
administração de estoques é independente para cada produto. A gestão
de um item do estoque não afeta a gestão de outros itens.
• Sistema Just-in-Time – JIT
As técnicas de gestão de estoques apresentadas anteriormente (Sistema ABC e Lote
Econômico) são consideradas técnicas tradicionais. O Sistema JIT é considerado, pela
bibliografia, uma técnica mais moderna e atualizada. Ela foi concebida por empresas
japonesas e é utilizada por grandes empresas no mundo todo (RIBEIRO, 1996).
O sistema JIT consiste em substituir a gestão de estoques baseados na demanda por
um método de produção flexível, bem delimitada (com pequenos lotes) e com produtos de alta
qualidade. Os bens são produzidos e entregues assim que eles são necessários.
Segundo Silva (2002, p.86), o sistema JIT foi desenvolvido com o objetivo de ser
utilizado em fábricas onde os empregados possuem motivação e mobilização, com grande
liberdade de ação. É um sistema que “puxa” a produção da fábrica, inclusive até o nível de
compras, pelas necessidades geradas na montagem final. Com o JIT, a produção só começa
quando existir um produto demandado pelo cliente, ou seja, o processo depende da existência
da demanda.
Um dos objetivos da formação de estoques nas empresas é com o intuito de estabilizar
o processo produtivo, ou seja, formam-se estoques para que o fluxo de produção seja
contínuo. Em sentido contrário, conforme ressalta Gitman (2001, p.539), a filosofia JIT prega
que os materiais devem chegar exatamente no tempo em que eles são necessários para a
produção. A empresa teria apenas estoque de produtos em processo. O sistema não usa, ou
70
usa muito pouco, os estoques de segurança. Uma ampla coordenação deve existir entre a
empresa e seus fornecedores para assegurar que os insumos de material cheguem a tempo.
• O Sistema MRP
O MRP – sigla para Material Requirements Planning, ou Planejamento das
Necessidades de Material –, segundo Assaf Neto & Silva (1995, p.166), é uma técnica para
converter a previsão de demanda, de um item de demanda independente, em uma
programação das necessidades das partes componentes do item. Dos itens de uma indústria,
alguns têm demanda que depende da demanda de outros, e somente uma pequena parcela tem
uma demanda que depende tão somente do mercado.
Assim, um item utilizado na fabricação de um produto final depende não do mercado,
mas do produto final. Como conseqüência da definição de produtos com demanda dependente
e independente é que a demanda do primeiro deve ser feita com base na demanda do segundo,
e não de acordo com o lote econômico.
A partir da data e da quantidade em que um produto final é necessário, obtém-se as
datas e as quantidades em que suas partes componentes são necessárias. A essa desagregação
do produto em suas partes componentes, dá-se o nome de explosão. (MOREIRA, 1993, p.
529).
Ainda segundo Moreira, o MRP pode ser visto como um sistema de controle de
estoques de itens de demanda dependente. Neste sentido, ele é um sistema proativo, dado que
evita a manutenção de estoques, a não ser aqueles destinados a eventualidades (estoques de
reserva). As quantidades dos itens, que serão necessárias à produção, são adquiridas
71
(compradas, montadas ou fabricadas) apenas numa data tal que estejam disponíveis no
momento certo de serem usadas na produção.
O sistema pode operar em base semanal, com diversas fórmulas para cálculo dos lotes
de compras, fabricação e montagem, operando ainda com diversos estoques de material em
processo, como estoque de matérias-primas, partes, sub-montagem e produtos acabados.
Come (1999, p.78) destaca que a maior vantagem do MRP consiste em utilizar
programas de computadores complexos, levando em consideração todos os fatores relevantes
para conseguir o melhor cumprimento de prazos de entrega, com estoques baixos, mesmo que
a fábrica tenha muitos produtos produzidos em quantidade, de uma semana para outra.
• OPT – Optimized Production Technology
Segundo Assaf Neto & Silva (1995, p.170), o sistema OPT é uma abordagem de
administração de empresas baseada no conceito de gargalo. Assim, afirma-se que existem
dois tipos de recursos na empresa: o recurso gargalo e o recurso não-gargalo. Se uma
empresa tem excesso de capacidade em todos os seus recursos, ainda assim existirá o mercado
como um fator restritivo.
O OPT considera que a empresa deve dar importância aos recursos gargalos, pois são
eles que determinam a gestão da empresa, inclusive a gestão de estoques.
O gestor deve dar atenção aos recursos gargalo, pois obter uma capacidade adicional
neste tipo de recurso significa obter capacidade adicional para toda a empresa. Por outro lado,
economizar ou aumentar a capacidade de recursos não-gargalo não influi em nada no
resultado como um todo da empresa.
72
Conclui-se que o OPT defende a formação de estoques somente de recursos gargalo
que podem paralisar as atividades da empresa. A existência destes estoques objetiva evitar
que a falta de insumo paralise um recurso gargalo e, por conseqüência, a empresa perca
capacidade de produção.
2.5 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL
Diversos são os interessados nas medidas de desempenho empresarial. As próprias
empresas necessitam de indicadores que mostrem o comportamento de seus resultados para
avaliar estratégias e estabelecer metas. Também o mercado, representado pelos investidores,
procura informações para subsidiar decisões de investimentos. Uma questão importante é
definir qual o melhor critério para a medida do desempenho empresarial. Neste sentido, tem-
se indicadores tradicionais de desempenho e algumas novas ferramentas de avaliação.
• Indicadores tradicionais
Segundo Tavares (2002, p.85), a utilização de indicadores de desempenho favorece a
obtenção de informações que não são facilmente identificados numa análise direta das
demonstrações financeiras publicadas. Nesse sentido, o índice fornece a idéia quantitativa das
relações estabelecidas entre duas ou mais variáveis. A partir dessa idéia quantitativa, o
analista, dependendo de seu conhecimento teórico, experiência prática, conhecimento do ramo
de atividade analisado, sensibilidade e intuição, poderá construir diagnósticos e conclusões
diferentes da análise.
73
O acompanhamento da evolução dos índices é, portanto, um orientador do
comportamento da empresa, auxiliando verificar se as estratégias adotadas estão surtindo os
efeitos esperados.
A teoria financeira apresenta alguns indicadores dispostos em grupos de análises:
o Índices de Liquidez – avaliam por meio de um quociente, os ativos e
passivos de curto prazo, com a finalidade de avaliar a capacidade da
empresa saldar seus compromissos.
o Índices de Rentabilidade – medem o sucesso empresarial, relacionando o
lucro gerado com outros itens, como o capital investido, as vendas, etc.
o Índices de Estrutura – analisam o grau de dependência da empresa em
relação a capital de terceiros e o nível de imobilização de capital.
o Índices de Eficiência Operacional – mostram o grau de renovação das
contas patrimoniais.
Segundo Braga (1989), para avaliação da eficiência da gestão do capital de giro, a que
se propõe um dos objetivos deste trabalho, existem dois indicadores muito importantes que
auxiliam o analista nesta tarefa: O Ciclo Operacional e o Ciclo Financeiro (ou Ciclo de
Caixa), cujas fórmulas viu-se anteriormente no ítem 2.2.3 e que se repete abaixo:
Ciclo Operacional(CO) = PME + PMR
Ciclo Financeiro(CF) = CO - PMP
74
Assim, a empresa pode avaliar o impacto de suas estratégias e/ou políticas de
cobrança, estocagem e de pagamentos aos fornecedores diretamente na gestão do capital de
giro, ou seja, quanto maiores forem os prazos de estocagem e de recebimento (PME e PMR),
e menor for o prazo de pagamento aos fornecedores (PMP), maior será o seu Ciclo
Operacional e o seu Ciclo Financeiro e, conseqüentemente, mais recursos próprios e de
terceiros (exceto fornecedores) estarão temporariamente aplicados nas operações, provocando
custos financeiros e afetando a rentabilidade.
• Novas ferramentas de avaliação
As empresas vêm buscando desenvolver novos instrumentos que orientam o
comportamento da empresa, de forma mais ampla, mesmo que o principal foco de análise de
desempenho se baseie na já tradicional e usual área financeira. Alguns autores destacam
dentre os vários indicadores, o valor presente líquido, a taxa de retorno sobre investimento,
taxa de crescimento das vendas e lucratividade. (BRAGA,1989; GITMAN,2001; HOJI,
1999).
Outros indicadores permitem, segundo Tavares (2002, p.87), maior amplitude de
análise e são destacados abaixo:
o EBITDA – leia-se em português: lucro antes de juros, impostos,
depreciação e amortização. É uma medida que procura avaliar o
desempenho da área operacional da empresa, uma vez que não leva em
consideração outros efeitos como juros e impostos.
75
o EVA – leia-se em português: valor econômico agregado. Pode ser
entendido como sendo a relação entre a rentabilidade da empresa frente
ao capital que ela aplicou para gerar essa rentabilidade.
o MVA – market value added - é uma medida de valor que uma empresa
cria para seus investidores, ou seja, considerando o valor investido,
quanto poderá ser posteriormente retirado.
• Trabalhos realizados na área
Uma característica da maioria dos estudos desenvolvidos sobre finanças de curto prazo
é a utilização de informações extraídas dos demonstrativos contábeis das empresas. As
análises de desempenho feitas com base nestes demonstrativos são insuficientes por não
considerarem informações que não podem ser contabilizadas. Outra característica importante
é o fato de que estudos realizados, cujo tema central era o capital de giro, tinham como
referência as grandes empresas brasileiras, normalmente de capital aberto, fato que, de certa
forma, facilita o desenvolvimento das pesquisas, pois tem sua base de dados disponíveis em
aplicativos como o Economática, Macrométrica e outros. Maiores detalhamentos dos
trabalhos realizados na área por ser obtido em Tavares (2002), Sousa (1996), Sousa (1997) e
Fusco (1996).
Os trabalhos procuraram construir conhecimento sobre a gestão do capital de giro e,
alguns deles, buscavam relacionar o tema com uma segunda variável como o crescimento da
empresa, o nível de vendas, a estratégia adotada para o financiamento, a liquidez, ou o retorno
obtido.
76
Assim, procura-se contribuir para a melhoria do entendimento do assunto, através de
um dos objetivos da pesquisa, que é avaliar o impacto das estratégias adotadas na
administração do capital de giro pelas médias e grandes indústrias, relacionando-as com o
seus desempenho quanto ao Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro, bem como com o nível de
inadimplência, volume de estoques e recursos em caixa/bancos.
2.6 CONCEITOS ABORDADOS
Considerando o propósito básico desta pesquisa que é o de identificar e caracterizar os
conceitos e técnicas relacionadas à administração do capital de giro, bem como verificar o
grau de domínio e utilização pelos administradores das médias e grandes indústrias da Região
de Londrina, levantou-se junto à literatura diversas técnicas e modelos, apresentadas por
diferentes autores e resumidas no quadro 4.
77
Quadro 4 – Modelos de Gestão das Contas que Compõem o Capital de Giro
Modelos Autores Citados Desenvolvimento TeóricoPolítica de Capital deGiro:- Conservadora- Intermediária- Agressiva
Brealey &Myers(1998);Gitman (2001)Braga (1989)
As estratégias conservadora e agressiva de financiamento doativo, estão interligadas com o risco e o retorno. Cada qualapresenta diferentes componentes permanentes e sazonais denecessidade de financiamento da empresa.
Técnicas deAdministração deCaixa:- Caixa MínimoOperacional- Modelo de Baumol- Modelo Miller-Orr
Hoji (1999)Gitman (2001)Johnson (1977)
Assaf Neto & Silva(1995)
Ross (1995)Come (1999)Sousa (1997)
O CMO apresenta um nível mínimo de recursos colocados adisposição para bancar os desembolsos operacionais. Baumolconsidera que na empresa existem entradas periódicas de caixa esaídas constantes de recursos. Miller-Orr estabelecem limites decontrole com saldos mínimos e máximos de caixa. Quandoultrapassados estes limites, ocorrem resgate ou aplicaçõesfinanceiras.
Política de ConcessãoCrédito:- Análise cadastral- Análise contábil efinanceira- Parecer vendas- Análise custobenefício
Braga (1989)Ribeiro (1996)
Assaf Neto & Silva(1995)
Ribeiro (1996)Gitman (2001)Sousa(1996)
A política de concessão de crédito é um guia para a decisão decrédito, porém não é a decisão; rege a concessão de crédito,porém não concede o crédito; orienta a concessão de crédito parao objetivo desejado, mas não é o objetivo em si. A política definea forma pela qual a empresa vai conduzir as suas operações, se deuma forma conservadora ou liberal.
Técnicas de Concessãode Crédito:- Os 5 C`s do Crédito- Modelo de Buckley- Árvore de Decisão- Credit Scoring
Ribeiro (1996)Gitman (2001)Come (1999)Silva (2002)Fusco (1996)
Os 5 C’s do crédito são fatores subjetivos que visam dar aoanalista condições de detectar situações além dos dadosnuméricos. Buckley procura considerar simultaneamente osmodelos de marketing, estatístico e contábil. O modelo de Árvorede Decisão consiste em um diagrama com ramificações que otomador de decisão deve escolher. O Credit Scoring estabelecepontos para cada item considerado relevante no processo deconcessão de crédito
Técnicas deAdministração deEstoques:- Sistema ABC- Modelo do LEC- Just-in-time- MRP- OPT
Braga (1989)Gitman (2001)
Assaf Neto & Silva(1995)
Moreira (1993)Come (1999)Fusco (1996)
O Sistema ABC classifica os estoques em três categorias, porordem de importância, quanto ao valor dos investimentos emcada uma. O modelo do LEC determina a quantidade ótima decompra de um item de estoque com o fim de minimizar os custostotais de estocagem. O sistema JIT descreve que os insumosdevem ser recebidos no exato momento em que são requeridos naprodução, levando à redução extrema, ou mesmo à eliminaçãodos estoques de segurança. O MRP é um sistema que fazsimulações e determina o que e quando encomendar, e quais asprioridades nas emissões de pedidos de materiais. No sistemaOPT as ordens de fabricação são vistas como tendo de passar porfilas de espera nos diversos postos de trabalho da fabrica e assim,determina-se prioridades de fabricação.
78
Particularmente, neste capítulo 2, buscou-se atender o primeiro objetivo específico da
pesquisa: Identificar e definir as principais técnicas e conceitos relacionados à administração
do capital de giro.
79
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
3.1 TIPOLOGIA DE ESTUDO
Em seu sentido mais geral, o método é a ordem que se deve chegar aos diferentes
processos necessários para atingir um fim dado ou um resultado desejado. Pode-se entender
por método o caminho lógico ou seqüência lógica de atividades, cujo objetivo é proporcionar
ao pesquisador uma orientação geral, que é estritamente necessária para a produção e
interpretação do conhecimento adquirido.
Os trabalhos científicos podem ser classificados de acordo com algumas categorias.
Uma destas categorias, segundo Cooper e Schindler (2003, p.129), é quanto ao grau em que as
questões de pesquisa foram cristalizadas, que remete a um estudo exploratório ou formal. O
estudo exploratório, normalmente, apenas desenvolve hipóteses ou questões para pesquisa
adicional. Os estudos formais começam onde terminam a exploração, ou seja, começa com
uma questão de pesquisa e envolve procedimentos precisos e especificações de fontes de
dados. O objetivo de um estudo formal de pesquisa é responder à questão de pesquisa.
Segundo Cooper e Schindler (2003, p.136) os estudos formais atendem a alguns
objetivos de pesquisa, a saber:
a) descrever características associadas com a população-alvo (o quem,
que, quando, onde e como de um tópico);
b) estimar proporções de uma população que tenha essas características;
c) descobrir associações entre as diferentes variáveis.
80
Assim, segundo o autor, estes objetivos de um estudo formal são normalmente
associados aos estudos descritivos.
Através de uma análise dos diferentes tipos de pesquisa, identifica-se como a mais
adequada, para o desenvolvimento do presente trabalho, o uso de um estudo descritivo.
Justifica-se a utilização deste instrumento, pelo fato de os objetivos do estudo já estarem bem
definidos. O pesquisador sabe exatamente o que pretende com a pesquisa, como buscar as
informações e como verificar a freqüência com que as mesmas ocorrem. O caráter descritivo
da pesquisa é evidente porque pretende expor as características da administração do capital de
giro nas médias e grandes indústrias da região de Londrina-Pr. Considerados os objetivos já
traçados, o estudo descritivo mostrará se essas empresas realizam a administração do capital
de giro, quem a executa, em que profundidade e quais os procedimentos administrativos
adotados para tanto.
Dentro do processo descritivo será realizado um estudo de campo. Com base em
Mattar (1993, p.89), os estudos de campo não estão muito direcionados a geração de grandes
amostras representativas de uma população e, sim, ao estudo medianamente profundo de
algumas situações. O estudo de campo é amplamente vantajoso quando existe um alto grau de
homogeneidade entre os elementos da população.
3.2 UNIVERSO E AMOSTRA DA PESQUISA
Em função das perguntas que esse estudo pretende responder, a população pesquisada
é composta por empresas industriais de médio e grande porte da região de Londrina-Pr,
conforme Cadastro das Indústrias da FIEP - Federação das Indústrias do estado do Paraná e
CIN – Centro Internacional de Negócios do Paraná, versão 2002 em CD-R.
81
Assim, definir-se-á o que pode ser entendido por médias e grandes empresas
industriais, para os fins deste trabalho.
Existem alguns órgãos e entidades que tentam definir uma classificação de tamanho
para as empresas brasileiras. Algumas entidades usam como critério de estudo o número de
empregados e outros usam o faturamento obtido. Neste estudo adotou-se a classificação do
Sebrae (1998, p.11), que utiliza a classificação pelo número de funcionários, conforme
critérios a seguir:
de 001 a 019 funcionários – Micro empresa;
de 020 a 099 funcionários – Pequena empresa;
de 100 a 499 funcionários – Média empresa
Acima de 500 funcionários – Grande empresa
Conforme relação fornecida pela Delegacia Regional da Federação das Indústrias do
Estado do Paraná-FIEP – Regional Londrina, existem na região de Londrina-Pr, cerca de 102
médias e grandes indústrias, ou seja, empresas que atendem o critério estabelecido de porte.
Nesse sentido, foram contatadas todas as médias e grandes empresas industriais, ou
seja, que possuem 100 (cem) ou mais funcionários.
A opção por realizar o presente estudo em empresas que possuem este delimitado
quadro de funcionários, deve-se ao fato de que, aparentemente, estas firmas possuem uma
estrutura administrativa funcional, o que caracteriza a distribuição das tarefas administrativas
por unidades funcionais mais especializadas: produção, comercial, suprimento, finanças,
pessoal e outros.
82
Os participantes do processo de investigação foram os administradores financeiros (ou
gerentes financeiros), constituindo, à primeira vista, um aspecto homogêneo em termos de
obtenção de resultados.
As questões importantes consideradas foram:
∗ o interesse dos indivíduos em participar do estudo;
∗ o envolvimento das pessoas com o problema em questão; e
∗ a motivação dos indivíduos em fornecer informações.
Em um primeiro momento pretendeu-se realizar um censo com a população. No
entanto, nem todas responderam o questionário enviado pelo Correio, mesmo após diversos
contatos telefônicos.
Do total de 102 (cento e dois) questionários enviado às empresas, obteve-se um
retorno de 61 (sessenta e um), o que representa um índice de devolução de 59,80 %. As
demais empresas alegaram que não poderiam prestar as informações solicitadas.
3.3 COLETA DE DADOS
Os dados primários, relacionados à pesquisa de campo, foram coletados junto aos
responsáveis pela administração financeira das empresas pesquisadas, através da realização de
uma survey auto-administrada, sendo enviado pelo correio um questionário com 28 perguntas
(ver apêndice 1) contendo questões que levaram o respondente a escolher uma resposta entre
várias possibilidades (escala de categoria simples ou escala de múltipla escolha com resposta
83
única), enquanto que outras o conduziram a ordenar as alternativas em termos de sua
importância relativa para a empresa (escala de ranqueamento forçada).
Uma etapa prévia fundamental para a realização da pesquisa é a execução de um pré-
teste. O pré-teste para levantamento de dados foi executado com o propósito de garantir uma
realização mais segura do mesmo. Isso porque, até em questionários cuidadosamente
estruturados, os erros só são detectados através de um estudo-piloto.
O pré-teste foi realizado em uma empresa industrial, do mesmo porte das pesquisadas,
na cidade de Arapongas-Pr, mas que não consta na relação da FIEP, e, portanto, não faz parte
da população, visto que seu número de funcionários passou de 100(cem) apenas neste ano,
segundo informações obtidas junto á própria empresa.
O primeiro contato foi com a Federação das Indústrias do Estado do Paraná-FIEP.
Neste primeiro momento, buscou-se o envolvimento desta entidade de classe como uma
forma de apoio para a realização das entrevistas, e como uma maneira de obter as informações
adequadas sobre quais empresas compõem o universo da pesquisa.
De posse do conhecimento das empresas que foram objetos de estudo, procurou-se
estabelecer contato com os profissionais de interesse para a pesquisa, colocando-os a par do
trabalho que estava sendo realizado, identificando o pesquisador como aluno do Programa de
Mestrado da UEL/UEM, como professor da Universidade Estadual de Londrina com o apoio
da FIEP. Através desse contato buscou-se, também, marcar as datas propícias para o envio do
questionário.
Em seguida, encaminhou-se o questionário, uma carta de apresentação da FIEP, uma
carta explicando os motivos da pesquisa e um envelope selado para retorno.
84
3.4 MENSURAÇÃO
Quanto à mensuração dos dados coletados, foram utilizados dados nominais e
ordinais. Justifica-se o uso dos dados nominais porque coletou-se informações sobre variáveis
que podem ser agrupadas em categorias, como por exemplo, se as empresas utilizam-se ou
não de técnicas de administração de estoques ou de caixa.
Justifica-se o uso de dados ordinais porque deve-se estar coletando informações de
acordo com escalas de preferências dos respondentes, ou seja, classificando as respostas de
acordo com uma ordem, como por exemplo, quais as técnicas que as empresas usam para
decidir sobre a concessão de crédito.
Quanto a escala de classificação das respostas, neste trabalho utilizaram-se a escala de
categoria simples, também chamada dicotômica, que oferece duas escolhas de resposta
mutuamente exclusivas (como por exemplo se as empresas fazem ou não seu planejamento
financeiro); a escala de múltipla escolha com resposta única, quando há opções múltiplas para
o respondente, mas apenas uma resposta é buscada (como por exemplo qual o intervalo de
previsão de caixa); e a escala de ranqueamento forçada que lista atributos que serão
classificados em relação aos outros (como por exemplo, quais seriam os principais princípios
financeiros que a empresa se utiliza para tomar decisões sobre o capital de giro).
Para análise dos dados coletados, em um primeiro momento, optou-se por uma análise
descritiva com exposição de tabelas originadas pela utilização do aplicativo SPSS. No
segundo momento, para rejeição ou não das hipóteses nulas listadas, aplicou-se o teste não-
paramétrico Exato de Fisher, com nível de significância de 5%.
85
3.5 DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS
Para a análise das hipóteses, procurou-se definir as variáveis utilizadas. Estas
definições procuram dar maior uniformidade sobre conceitos usados exclusivamente para
atender os objetivos do presente trabalho, não refletindo necessariamente situações externas a
ele.
Conforme exposto no capítulo introdutório, buscou-se analisar diversas relações entre
as variáveis de propriedade, comportamento e resultado, segundo definições de Cooper e
Schindler (2003, p.140).
As variáveis de propriedade são características mais estáveis de uma organização
que não dependem de circunstâncias para a sua ativação, sendo definidas neste trabalho como:
Segmento industrial – atividade principal da indústria, dentro da
classificação definida pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná –
FIEP.
Porte da Empresa – tamanho da indústria, por número de
funcionários, segundo classificação do Sebrae, sendo média empresa as que
possuem entre 100 e 499 funcionários e grande empresa as que possuem
mais de 500 funcionários.
Nível de Formação e Intensidade de Treinamento dos Gestores
– grau de escolaridade entre o ensino primário e pós-graduação, bem como a
freqüência em cursos e treinamentos por ano dos responsáveis pela
administração financeira das empresas.
Compreensão Conceitual das Práticas de Gestão Teoricamente
Consolidadas – optou-se por considerar a empresa que compreende que
administrar capital de giro é administrar os ativos e passivos circulantes
86
como um todo, como sendo aquela que conhece conceitualmente as práticas
de gestão que a teoria disponibiliza.
As variáveis de comportamento referem-se a uma ação ou uma prática, sendo
definidas neste trabalho como:
Utilização de Técnicas de Administração de Caixa – refere-se à
utilização ou não de técnicas de gerenciamento de caixa disponibilizadas
pela teoria, tais como: Caixa Mínimo Operacional, Modelo de Baumol e
Modelo de Miller-Orr.
Utilização de Técnicas e Políticas de Concessão de Crédito –
diz respeito à utilização ou não de técnicas para analisar e conceder crédito
aos clientes da empresas, tais como: Análise Cadastral, o 5 C’s do Crédito,
Árvore de Decisão e outros.
Utilização de Técnicas de Gerenciamento de Estoques – diz
respeito à utilização ou não técnicas de gestão dos estoques das empresas,
tais como: Sistema ABC, Modelo do LEC, JIT, MRP e OPT.
Adoção de Práticas de Gestão Teoricamente Consolidadas –
optou-se por considerar a empresa que adota pelo menos uma em cada
grupo de técnicas de gestão do caixa, estoques, crédito e valores a receber,
como sendo aquela que adota práticas de gestão teoricamente consolidadas.
As variáveis de resultado referem-se a uma reação ou desempenho resultante, sendo
definidas neste trabalho como:
87
Nível de Caixa – as empresas podem aumentar, diminuir ou
manter estável a quantidade de recursos disponíveis na forma de dinheiro
em caixa e/ou aplicações financeiras, em resposta à adoção de técnicas de
gerenciamento de caixa.
Prazo Médio de Recebimento – refere-se ao prazo médio de
recebimento das duplicatas originadas pelas vendas a prazo da empresa que
podem aumentar, diminuir ou manter-se estável, em resposta à adoção uma
política de concessão de crédito.
Prazo Médio de Estocagem – diz respeito ao prazo médio de
estocagem das matérias-primas, dos produtos em elaboração e dos produtos
acabados da empresa que podem aumentar, diminuir ou manter-se estável,
em resposta à adoção de uma técnica de gerenciamento de estoques.
Desempenho do Ciclo Financeiro – refere-se ao período médio
em que a empresa financia suas operações, sem a participação dos
fornecedores, e que provocam despesas financeiras, prejudicando o seu
resultado. Este período pode aumentar, diminuir ou manter-se estável, em
resposta à adoção de práticas consolidadas, formação dos gestores, porte da
empresa ou segmento a que pertence.
3.6 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
No Quadro 5 que se segue, interliga-se os objetivos específicos, anteriormente
mencionados, com as respectivas questões investigativas que constam no questionário,
conforme apêndice 1, a ser enviado aos administradores financeiros das empresas.
88
Quadro 5 – Relação dos Objetivos Específicos com as Questões do Instrumento deColeta de Dados
Objetivos Específicos Questões Investigativas
Caracterizar as empresas, o perfil dos gestores e o domínioconceitual
01, 02, 03, 04, 09, 10, 11, 12 e 20
Verificar indicadores e práticas de gestão do capital de giro 05, 06, 07, 08, 13, 14, 15, 16, 17, 18,19, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27 e 28
89
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA
A análise e interpretação dos resultados da pesquisa devem permitir descrever se os
responsáveis pela administração do capital de giro das empresas objeto do estudo conhecem e
como utilizam o ferramental teórico-técnico disponibilizado pela literatura. A partir da
tabulação das respostas obtidas, pode-se condensar os resultados, o que conduz à formação de
uma idéia geral sobre os aspectos pesquisados.
Neste sentido, as respostas foram analisadas de duas formas. Inicialmente efetuou-se
uma análise descritiva para caracterizar as empresas pesquisadas e suas práticas de gestão
bem como verificar o perfil e o domínio conceitual dos responsáveis pela administração
financeira.
Num segundo momento testou-se as hipóteses levantadas com a finalidade de
descrever as relações entre as características de propriedade das empresas; dos gestores; as
práticas utilizadas agrupadas como variáveis de comportamento e os resultados verificados
em termos de impactos no ciclo financeiro.
4.1 ANÁLISE DESCRITIVA
Na análise a seguir, procurou-se descrever as características das empresas pesquisadas
e dos seus gestores, bem como as suas práticas de gestão quanto ao controle de direitos e
obrigações à curto prazo, ou seja, quanto ao capital de giro e os resultados obtidos pelas
empresas.
90
4.1.1 Caracterização das Empresas e dos Gestores da Área Financeira
Neste tópico descreve-se características permanentes de propriedade das empresas e
de seus gestores, as quais não dependem de circunstâncias para a sua ativação.
Considerando-se a amostra estudada de 61 médias e grandes indústrias da região de
Londrina-Pr, observa-se na tabela 1 que quarenta e uma indústrias (67,2%) tem sua forma
jurídica constituída em quotas por responsabilidade limitada (Ltda); 17 indústrias (27,9%) são
sociedades anônimas (S/A) e que 3 são cooperativas (4,9%)
Tabela 1 – Estrutura Legal
Forma Jurídica Freqüência PorcentagemS/A 17 27,9Ltda 41 67,2Cooperativas 3 4,9Total 61 100,0
Quanto à atividade principal, foi utilizada a classificação por atividades da Federação
das Indústrias do Estado do Paraná – FIEP e, assim, tem-se que vinte e seis indústrias (42,6%)
estão enquadradas na fabricação de produtos alimentícios e bebidas; doze indústrias (19,7%)
estão enquadradas na fabricação de móveis; quatro indústrias (6,6%) fabricam artigos de
vestuários e acessórios; quatro indústrias (6,6%) fabricam produtos têxteis; quatro indústrias
(6,6%) na fabricação de artigos de couro; quatro indústrias (6,6%) na fabricação de produtos
de metal; três indústrias (4,9%) na fabricação de aparelhos e materiais elétricos; duas
indústrias (3,3%) na fabricação de máquinas e equipamentos e uma indústria cada (1,6%) na
fabricação de artigos de borracha e materiais eletrônicos, conforme tabela 2 a seguir:
91
Tabela 2 – Atividade Principal Conforme Classificação da FIEPAtividade Principal Freqüência Porcentagem
Fabricação de produtos alimentícios e bebidas 26 42,6Fabricação de produtos têxteis 4 6,6Fabricação de artigos de vestuário e acessórios 4 6,6Preparação de couro e fabricação de artigos de couro 4 6,6Fabricação de artigos de borracha e plástico 1 1,6Fabricação de produtos de metal 4 6,6Fabricação de máquinas e equipamentos 2 3,3Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos 3 4,9Fabricação de materiais eletrônicos 1 1,6Fabricação de móveis 12 19,7Total 61 100,0
Sendo a pesquisa direcionada às médias e grandes indústrias, encontrou-se quarenta e
seis indústrias (75,4%) possuindo entre 100 e 499 funcionários, sendo, portanto, consideradas
médias, e quinze indústrias (24,6%) com mais do que 500 funcionários, sendo consideradas
grandes, conforme tabela 3.
Tabela 3 – Número de FuncionáriosPorte da Empresa Freqüência PorcentagemMédia (100 a 499 funcionários) 46 75,4Grande (acima de 500 funcionários) 15 24,6Total 61 100,0
Quanto à atividade de contabilização das operações, observa-se na tabela 4 que
cinqüenta e uma indústrias (83,6%) o fazem dentro da própria empresa, e que apenas dez
indústrias (16,4%) contratam profissionais terceirizados.
Tabela 4 – Local da ContabilidadeLocal Freqüência PorcentagemDentro da própria empresa 51 83,6Por terceiros contratados 10 16,4Total 61 100,0
92
Quanto à identificação dos responsáveis por estabelecer as diversas políticas que
compõem o capital de giro, observa-se, na tabela 5, que trinta e uma indústrias (50,8%)
indicaram como sendo o Diretor/Gerente Financeiro; dezessete indústrias (27,9%) indicaram
um Grupo de Diretores; doze indústrias (19,7%) indicaram o Presidente/Diretor Geral e
apenas uma indústria (4%) indicou outros responsáveis.
Tabela 5 – Responsáveis pelas Políticas de Capital de GiroCargo Freqüência Porcentagem
Grupo de diretores 17 27,9Presidente/Gerente Geral 12 19,7Diretor/Gerente Financeiro 31 50,8Outros 1 1,6Total 61 100,0
Quanto ao nível de escolaridade dos responsáveis pela administração do capital de
giro, o nível primário foi apontado, conforme tabela 6, por oito indústrias (13,1%), o nível
superior foi apontado por vinte e seis indústrias (42,6%) e com pós-graduação, vinte e sete
indústrias (44,2%). Ressalta-se que dos respondentes com apenas nível superior, tem-se
quatorze graduados em Administração, três em Ciências Contábeis, dois em Matemática e
Direito e, em Enfermagem, Economia, Processamento de Dados, Agronomia e Engenharia
Civil tem-se um em cada indústria.
Tabela 6 – Nível de EscolaridadeNível de Escolaridade Freqüência PorcentagemPrimário/secundário 8 13,1Superior 26 42,6Pós-graduação – especialização 24 39,3Pós-graduação – Mestrado/Doutorado 3 4,9Total 61 100,0
93
No que diz respeito ao tempo de permanência na função de gerenciamento do capital
de giro, tem-se que em 52 indústrias (85,3%) os responsáveis estão na função há mais de
cinco anos, sendo que em 37 indústrias (60,7%) estão há mais de 10 anos, conforme tabela 7.
Tabela 7– Tempo de Permanência na FunçãoTempo na função Freqüência PorcentagemMenos de 1 ano 3 4,9De 1 a 3 anos 1 1,6De 3 a 5 anos 5 8,2De 5 a 10 anos 15 24,6Mais de 10 anos 37 60,7Total 61 100,0
Quanto a participação em cursos e/ou treinamento na área financeira, verifica-se na
tabela 8, que quarenta e dois gestores (68,9%) participam pelo menos uma vez por ano de
cursos e/ou treinamentos na área financeira. Também verifica-se que treze gestores (21,3%)
não participa de nenhum treinamento.
Tabela 8 – Freqüência em Cursos e/ou Treinamento na Área FinanceiraFreqüência de treinamento Freqüência PorcentagemMais de 3 vezes por ano 17 27,9Duas vezes por ano 9 14,8Uma vez por ano 16 26,2Uma vez a cada dois anos 6 9,8Não participa de treinamento 13 21,3Total 61 100,0
94
4.1.2 Práticas de Gestão Adotadas
Neste tópico descreve-se características de comportamento das empresas, que refletem
as suas ações ou práticas adotadas para gerenciamento do capital de giro.
Quando questionadas sobre a existência de uma política formalizada para a
administração do capital de giro, mostra-se na tabela 9 que trinta indústrias (49,2%)
afirmaram possuir uma política informal, enquanto que vinte três indústrias (37,7%)
afirmaram possuir uma política formal e, oito indústrias (13,1%) responderam que não
possuem política alguma.
Tabela 9 – Existência de Política para Administração de Capital de GiroPolítica Freqüência Porcentagem
Formal 23 37,7Informal 30 49,2Sem política 8 13,1Total 61 100,0
Quando perguntadas sobre qual conta patrimonial as indústrias exercem um maior
controle gerencial, pode-se verificar, na tabela 10, por ordem de importância (1º maior
controle do que o 2º, o 2º maior controle do que o 3º, e assim sucessivamente):
1º maior controle:
• trinta e nove indústrias (63,9%) consideram a conta caixa/bancos;
• doze indústrias (19,7%) consideram a conta estoques;
• nove indústrias (14,8%) consideram a conta duplicatas a receber;
• uma indústria (1,6%) considera a conta fornecedores.
95
2º maior controle:
• vinte e cinco indústrias (41%) consideram a conta duplicatas a
receber;
• quinze indústrias (24,6%) consideram a conta estoques;
• doze indústrias (19,7%) consideram a conta fornecedores;
• dez industrias (16,4%) consideram a conta caixa/bancos.
3º maior controle:
• vinte e duas indústrias (36,1%) consideram a conta duplicatas a
receber;
• dezessete indústrias (27,9%) consideram a conta estoques;
• quinze indústrias (24,6%) consideram a conta fornecedores.
4º maior controle:
• trinta e três indústrias (54,1%) consideram a conta fornecedores;
• dezessete indústrias (27,9%) consideram a conta estoques.
Assim, tem-se a seguinte ordem das contas que as empresas exercem um maior
controle gerencial:
1º - Caixa e Bancos
2º - Duplicatas a Receber
3º - Estoques
4º - Fornecedores
96
Tabela 10 – Contas Patrimoniais que exercem maior Controle Gerencial
Percentagem da ordem das contas assinaladasContas Patrimoniais Nº de
Empresas 1º 2º 3º 4ºCaixa/Bancos 61 63,9 16,4 11,5 8,2
Estoques 61 19,7 24,6 27,9 27,9
Duplicatas a Receber 61 14,8 41,0 36,1 8,2
Fornecedores 61 1,6 19,7 24,6 54,1
O intervalo de tempo utilizado para elaboração do fluxo de caixa, segundo dados
levantados pela pesquisa e mostrados na tabela 11, é: diário para vinte e sete indústrias
(44,3%), semanal para vinte e quatro indústrias (39,3%), mensal para sete indústrias (11,5%)
e trimestral para três indústrias (4,9%).
Tabela 11 – Periodicidade do Fluxo de CaixaFluxo de Caixa Freqüência Porcentagem
Diariamente 27 44,3Semanalmente 24 39,3Mensalmente 7 11,5Trimestralmente 3 4,9Total 61 100,0
Na questão que procura identificar quais os itens que as empresas consideram
importante conhecer ao realizar a previsão de caixa, pode-se verificar, na tabela 12, por ordem
de importância (1º mais importante do que o 2º, o 2º mais importante do que o 3º, e assim
sucessivamente):
97
1º mais importante:
• trinta e duas indústrias (52,5%) consideram as implicações de
diferentes simulações de previsão de vendas;
• quatorze indústrias (23%) consideram as sobras e as deficiências de
caixa;
• treze indústrias (21,3%) consideram as implicações das políticas
alternativas de estoque.
2º mais importante:
• vinte indústrias (32,6%) consideram as implicações das políticas
alternativas de estoques;
• dezenove indústrias (31,1%) consideram as sobras e deficiências de
caixa;
• treze indústrias (21,3%) consideram as implicações de diferentes
simulações de previsão de vendas.
3º mais importante:
• vinte e duas indústrias (36,1%) consideram as implicações das
políticas alternativas de estoques;
• dezesseis indústrias (26,2%) consideram as implicações resultantes
das diferentes políticas de crédito.
Assim, tem-se a seguinte ordem dos itens que as empresam consideram importantes
conhecer ao realizar a previsão de caixa:
1º - Implicações de diferentes simulações de previsão de vendas.
98
2º - Implicações nas políticas alternativas de estoques.
3º - Implicações nas políticas de crédito.
Tabela 12 – Itens Considerados Importantes para Realização do Fluxo de Caixa
Percentagem da ordem dos itens assinaladosItens Importantes Nº de
Empresas 1º 2º 3º 4ºImplicações na previsão de vendas 61 52,5 21,3 16,4 8,2Sobras e deficiências de caixa 61 23,0 31,1 21,3 24,6Implicações nas políticas deestoques
61 21,3 32,8 36,1 9,8
Implicações nas políticas decrédito
61 1,6 13,1 26,2 55,7
Ainda com relação à Administração de Caixa, a importância relativa das estratégias
que a empresa utiliza para agilizar as entradas de recursos, pode ser verificada na tabela 13 (1º
mais importante do que o 2º, o 2º mais importante do que o 3º, e assim sucessivamente):
1º mais importante:
• quarenta e uma indústrias (67,2%) procuram selecionar bancos mais
eficientes para acelerar a cobrança e compensação;
• oito indústrias (13,1%) oferecem descontos para pagamentos
antecipados;
• seis indústrias (9,8%) procuram receber antecipadamente os cheques
dos seus clientes.
99
2º mais importante:
• vinte e duas indústrias (36,1%) procuram receber antecipadamente
os cheques dos seus clientes e oferece descontos para pagamento
antecipados;
• doze indústrias (19,7%) oferecem seleciona bancos mais eficientes.
3º mais importante:
• vinte e nove indústrias (47,5%) procuram receber antecipadamente
os cheques dos seus clientes;
• vinte e três indústrias (37,7%) oferecem descontos para pagamentos
antecipados.
Assim, tem-se a seguinte ordem das estratégias utilizadas pelas empresas para agilizar
as entradas de recursos:
1ª - Seleção de bancos mais eficientes.
2ª - Recebe cheques antecipadamente e oferece descontos.
Tabela 13 – Estratégias Utilizadas Para Agilizar as Entradas de Recursos
Percentagem da ordem das estratégias assinaladasEstratégias Nº de
Empresas 1º 2º 3º 4ºSeleciona bancos eficientes 61 67,2 19,7 6,6 6,6Recebe cheques antecipadamente 61 9,8 36,1 47,5 4,9Oferece descontos 61 13,1 36,1 37,7 13,1Outros 61 9,8 8,2 8,2 72,1
Na questão que procurou definir qual o tipo de política de concessão de crédito e
cobrança das empresas pesquisadas, tem-se que quarenta e quatro indústrias (72,1%)
100
declararam possuir uma política rígida, enquanto que dezessete indústrias (27,9%) a
declararam como sendo liberal, conforme tabela 14.
Tabela 14 – Tipo de Política de Concessão de Crédito e CobrançaTipo de política de concessão de crédito Freqüência Porcentagem
Rígida 44 72,1Liberal 17 27,9Total 61 100,0
Com relação ao critério utilizado pelas empresas para avaliar possíveis mudanças na
sua política de concessão de crédito de uma forma rígida para liberal e vice-versa, tem-se que
vinte e uma indústrias (34,4%) levam em conta o efeito que esta mudança pode provocar nas
vendas; dezenove indústrias (31,1%) levam em conta o efeito que esta mudança pode
provocar no nível de lucros da empresa; quinze indústrias (24,6%) levam em conta o efeito
que esta mudança pode provocar no nível das duplicatas a receber; cinco indústrias (8,2%)
levam em conta o efeito no retorno do investimento, conforme tabela 15.
Tabela 15 – Critérios Utilizados Para Avaliar Mudanças na Política de CréditoCritérios Freqüência PorcentagemEfeito nas vendas da empresa 21 34,4Efeito no nível resultante das duplicatas/cheques a receber 15 24,6Efeito no nível dos lucros da empresa 19 31,1Efeito no retorno do investimento 5 8,2Outros 1 1,6Total 61 100,0
Quanto ao critério adotado para determinação das quantidades a serem adquiridas no
processo de compras de estoques, tem-se, na tabela 16, que trinta e nove indústrias (63,9%)
procuram comprar apenas a quantidade necessária para a produção do período; dezesseis
101
indústrias (26,2%) levam em conta a possibilidade de se obter descontos nas compras; três
indústrias (4,9%) consideram os reflexos que podem ocorrer nos saldos de caixa e três
indústrias (4,9%) consideram os prazos de créditos oferecidos pelos seus fornecedores.
Tabela 16 – Critérios Utilizados Para Determinação das Quantidades de ComprasCritérios de decisão sobre quantidade a adquirir Freqüência PorcentagemPossibilidade de se obter descontos nas compras 16 26,2Prazos de crédito oferecidos pelos seus fornecedores 3 4,9Reflexos que podem ocorrer nos saldos de caixa 3 4,9Compra apenas o necessário para a produção do período 39 63,9Total 61 100,0
Com relação a possíveis mudanças na política de manutenção de estoques, mostra-se
na tabela 17 que o critério mais utilizado em trinta indústrias (49,2%) é o efeito que a mesma
pode causar no nível de capital de giro, já em treze indústrias (21,3%), o critério mais
utilizado é o efeito nos custos e despesas de manutenção destes estoques e em dez indústrias
(16,4%) o critério é o efeito nos lucros da empresa.
Tabela 17 – Critérios Utilizados Para Avaliar Políticas de Manutenção de EstoqueCritério para a mudança na política de estoques Freqüência Porcentagem
Efeito no nível do capital de giro 30 49,2Efeito nos custos e despesas de manutenção destes estoques 13 21,3Efeito nos lucros da empresa 10 16,4Efeito sobre o retorno do investimento realizado 6 9,8Outros 2 3,3Total 61 100,0
Com relação ao posicionamento da empresa quanto à aceitação de possíveis descontos
oferecidos pelos fornecedores para pagamento antecipado das duplicatas, tem-se na tabela 18
que vinte e oito indústrias (45,9%) toma o desconto somente após uma análise financeira
102
prévia; vinte indústrias (32,8%) sempre toma o desconto; dez indústrias (16,4%) nunca toma o
desconto e três indústrias (4,9%) paga posteriormente a data do desconto, mas ainda assim
negocia um desconto por pagar antecipadamente.
Tabela 18 – Posicionamento da Empresa Quanto a Descontos Oferecidos pelosFornecedores para Pagamento AntecipadoPosicionamento Freqüência Porcentagem
Sempre toma o desconto por pagar na data do desconto. 20 32,8Dependendo da análise financeira prévia, toma o desconto. 28 45,9Paga posteriormente a data do desconto, mas ainda negocia um desconto. 3 4,9Nunca toma o desconto. 10 16,4Total 61 100,0
A pesquisa mostra que quarenta e uma indústrias (67,2%) alegam que possuem uma
política conservadora de capital de giro; cinco indústrias (8,2%) alegam possuir uma política
agressiva e quinze indústrias (24,6%) alegam ser intermediária, conforme tabela 19.
Tabela 19 – Política de Capital de GiroTipo Freqüência PorcentagemConservadora 41 67,2IntermediáriaAgressiva
155
24,68,2
Total 61 100,0
No tocante ao conhecimento das técnicas de administração de caixa, mostra-se na
tabela 20 que, enquanto doze indústrias (19,6%) responderam que não utiliza ou não
conhecem a técnica do Caixa Mínimo Operacional, quarenta e nove indústrias (80,4%)
alegam utilizar tal técnica.
O Modelo de Baumol não é utilizado por dez indústrias (16,4%) e é desconhecido por
cinqüenta indústrias (82%). Já o modelo de Miller-Orr não é utilizado por nove indústrias
(14,8%) e é desconhecido também por cinqüenta indústrias (82%).
103
Tabela 20 – Técnicas de Administração de CaixaModelo/Utilização Freqüência Percentual
Utiliza 49 80,4
Não Utiliza 1 1,6
Não Conhece 11 18,0Caixa Mínimo Operacional
Total 61 100,0
Utiliza 1 1,6
Não Utiliza 10 16,4
Não Conhece 50 82,0Modelo de Baumol
Total 61 100,0
Utiliza 2 3,3
Não Utiliza 9 14,7
Não Conhece 50 82,0Modelo de Miller-Orr
Total 61 100,0
Quanto ao conhecimento de técnicas para determinação de políticas de concessão de
crédito, verifica-se na tabela 21 que cinqüenta e seis indústrias (91,8%) utilizam a análise
cadastral para tanto. A análise contábil e financeira é utilizada por trinta e quatro indústrias
(55,7%). O parecer do setor de vendas para determinação das políticas de concessão de
crédito é utilizado por quarenta e uma indústrias (67,2%).
Enquanto trinta e duas indústrias (52,4%) alegam não utilizar ou não conhecer, vinte e
nove indústrias (47,6%) alegam utilizar a análise custo/benefício para determinar a política de
concessão de crédito.
104
Tabela 21 – Técnicas para Determinação das Políticas de Concessão de CréditoModelo/Utilização Freqüência Percentual
Utiliza 56 91,8
Não Utiliza 4 6,6
Não Conhece 1 1,6Análise Cadastral
Total 61 100,0
Utiliza 34 55,7
Não Utiliza 22 36,1
Não Conhece 5 8,2Análise Contábil e Financeira
Total 61 100,0
Utiliza 41 67,2
Não Utiliza 15 24,6
Não Conhece 5 8,2Parecer de Vendas
Total 61 100,0
Utiliza 29 47,6
Não Utiliza 26 42,6
Não Conhece 6 9,8Análise do custo/benefício
Total 61 100,0
Quanto ao conhecimento de técnicas para concessão de crédito, tem-se que quarenta e
duas indústrias (68,9%) não utiliza ou não conhece a técnica dos cinco C’s do Crédito. O
Modelo de Buckley não é conhecido ou não é utilizado por sessenta e uma indústrias (100%).
A técnica da Árvore de Decisão não é conhecida ou não é utilizada por cinqüenta e duas
indústrias (85,2%). O Credit Scoring não é conhecido ou não é utilizado por quarenta e seis
indústrias (75,4%), conforme tabela 22.
105
Tabela 22 – Técnicas para Concessão de CréditoModelo/Utilização Freqüência Percentual
Utiliza 19 31,1
Não Utiliza 2 3,3
Não Conhece 40 65,6Os 5 C’s do Crédito
Total 61 100,0
Utiliza 0 0
Não Utiliza 5 8,2
Não Conhece 56 91,8Modelo de Buckley
Total 61 100,0
Utiliza 9 14,8
Não Utiliza 4 6,6
Não Conhece 48 78,6Árvore de Decisão
Total 61 100,0
Utiliza 15 24,6
Não Utiliza 3 4,9
Não Conhece 43 70,5Credit Scoring
Total 61 100,0
Quanto ao conhecimento de técnicas para administração dos estoques, tem-se que
quarenta e duas indústrias (68,8%) não utilizam ou não conhece o Sistema ABC. Quanto ao
Modelo do LEC tem-se que cinqüenta e quatro indústrias (88,5%) não utiliza ou não conhece
tal técnica. Para o Sistema Just-in-time, tem-se trinta e seis indústrias (59%) que não utiliza ou
não o conhece. A técnica do MRP não é utilizada ou é desconhecida por cinqüenta indústrias
(82%). E, finalmente, a técnica do OPT não é conhecida ou não utilizada por sessenta
indústrias (98,4%), conforme tabela 23.
106
Tabela 23 – Técnicas para Administração de EstoquesModelo/Utilização Freqüência Percentual
Utiliza 19 31,1
Não Utiliza 6 9,8
Não Conhece 36 59,0Sistema ABC
Total 61 100,0
Utiliza 7 11,5
Não Utiliza 8 13,1
Não Conhece 46 75,4Modelo do LEC
Total 61 100,0
Utiliza 25 41,0
Não Utiliza 5 8,2
Não Conhece 31 50,8Just-in-time
Total 61 100,0
Utiliza 11 18,0
Não Utiliza 4 6,6
Não Conhece 46 75,4MRP
Total 61 100,0
Utiliza 1 1,6
Não Utiliza 7 11,5
Não Conhece 53 86,9OPT
Total 61 100,0
A expressão Administração do Capital de Giro é entendido por trinta e duas indústrias
(52,5%) como sendo o ato de administrar os ativos e passivos circulantes da empresa; quinze
indústrias (24,6%) entendem como sendo o ato de administrar dinheiro em caixa/banco,
estoques e valores a receber; cinco indústrias (8,2%) entendem como sendo o ato de
administrar apenas o dinheiro em caixa/banco a disposição da empresa e, finalmente, duas
indústrias (3,3%) entende como sendo o ato de administrar o passivo circulante da empresa,
conforme observa-se na tabela 24.
107
Tabela 24 – Compreensão do termo “Administração do Capital de Giro”Entendimento do termo Capital de Giro Freqüência Porcentagem
• Administrar o dinheiro em caixa e bancos a disposição da empresa 5 8,2• Administrar o dinheiro em caixa e bancos, estoques e valores a
receber a disposição da empresa 15 24,6• Administrar os ativos circulantes da empresa 7 11,5• Administrar os passivos circulantes da empresa (contas, salários e
duplicatas a pagar) 2 3,3• Administrar os ativos e passivos circulantes da empresa 32 52,5
Total 61 100,0
4.1.3 Resultados obtidos
Neste tópico descreve-se características de resposta que mostram os últimos resultados
das empresas componentes da amostra em termos de níveis de caixa, prazo médio de
recebimento das duplicatas, prazo médio de estoques e o desempenho do ciclo financeiro.
Observa-se na tabela 25 que em quatorze indústrias (23%), o volume de recursos em
caixa e/ou aplicações financeiras tem aumentado; em quinze industrias (24,6%) tem
diminuído e, em trinta e duas indústrias, tal volume permaneceu estável (52,5%).
Tabela 25 – Volume de Dinheiro em Caixa e/ou Aplicações FinanceirasDinheiro em Caixa e/ou Aplicações Financeiras
Freqüência Porcentagem
Aumentou 14 23,0Diminuiu 15 24,6Estável 32 52,5Total 61 100,0
Quanto ao prazo médio de recebimento das duplicatas, mostra-se na tabela 26 que em
dezessete indústrias (27,9%) houve uma diminuição, enquanto que em dezoito indústrias
(29,5%) houve um aumento e em vinte e seis indústrias (42,6%) tal prazo permaneceu-se
estável.
108
Tabela 26 – Prazo Médio de Recebimento das DuplicatasPrazo Médio de Recebimento Freqüência PorcentagemDiminuiu 17 27,9
Estável 26 42,6Aumentou 18 29,5Total 61 100,0
A pesquisa mostra que enquanto em quinze indústrias (24,6%) o prazo médio dos
estoques diminuiu e em 16 indústrias (26,2%) ele aumentou. Também observa-se que em
trinta indústrias (49,2%) este prazo permaneceu estável, conforme tabela 27.
Tabela 27 – Prazo Médio de EstocagemPrazo Médio de Estocagem Freqüência Porcentagem
Diminuiu 15 24,6Estável 30 49,2Aumentou 16 26,2Total 61 100,0
Considerando o resultado do ciclo financeiro, mostra-se na tabela 28 que em dezessete
indústrias (27,9%) tem diminuído o seu tamanho, e, em vinte indústrias (32,8%) ele
permaneceu estável. Porém em vinte e quatro indústrias (39,3%) ele tem aumentado.
Tabela 28 – Desempenho do Ciclo FinanceiroTamanho do Ciclo Financeiro Freqüência Porcentagem
Ciclo financeiro diminuiu 17 27,9Ciclo financeiro estável 20 32,8Ciclo financeiro aumentou 24 39,3Total 61 100,0
109
4.2 ANÁLISE DAS HIPÓTESES
Buscando proceder a análise das relações entre as variáveis estudadas, realizou-se os
testes das hipóteses formuladas. Para tanto, foram considerados os 4 grupos de hipóteses
conforme o relacionamento entre os diferentes conjuntos de variáveis, como apresentado na
introdução do estudo.
O método estatístico utilizado para analisar a maioria das relações causais presentes
nas hipóteses foi o Teste Exato de Fisher com um nível de significância de 5% (p = 0,05).
Conforme Rodrigues (2002, p.122), deve-se usar o teste Exato de Fisher nos casos onde
“existam tabelas de contingência com pequeno numero de observações e, conseqüentemente,
com freqüências observadas em cada casa muito baixas. Neste caso, estima-se, a partir da
menor freqüência contida na tabela, a probabilidade de ocorrência deste valor e de uma
freqüência menor ainda, fazendo-se então ∑=
=n
iipp
0, em que n é a menor freqüência
verificada na tabela”. A tabela contendo os valores calculados de (p-valor) consta do apêndice
2.
4.2.1 Análise das Hipóteses do Grupo 1
Para analisar as hipóteses explanatórias deste grupo, buscou-se testar as relações
causais assimétricas entre as variáveis de comportamento e resultados e obtiveram-se as
seguintes situações:
Hipótese 1
H0: O nível de caixa das indústrias não está relacionado com a utilização das
técnicas teóricas para administração de caixa.
110
H1: O nível de caixa das indústrias está relacionado com a utilização das técnicas
teóricas para administração de caixa.
Considerando os dados apresentados na tabela 29 e o teste realizado obtendo p =
0,7476, não é possível rejeitar H0.
Nas cinqüenta indústrias (82%) que alegaram utilizar alguma das técnicas listadas, não
se verifica nenhuma expressiva situação de aumento ou diminuição do volume de dinheiro em
caixa e/ou aplicações. Isso indica que não se pode admitir uma relação entre as variáveis
“nível de caixa” e “utilização de técnicas para administração de caixa”, na população das
médias e grandes indústrias da região de Londrina-Pr.
Tabela 29 – Cruzamento do Nível de Caixa com Técnicas de Administração de CaixaTécnicas de Administração
de CaixaDinheiro em CaixaUtiliza Não Conhece Total
12 2 14Aumentou 19,7% 3,3% 23,0%13 2 15Diminuiu 21,3% 3,3% 24,6%25 7 32Estável 41,0% 11,5% 52,5%50 11 61Total 82,0% 18,0% 100,0%
Hipótese 2
HO: O prazo médio de recebimento das indústrias não está relacionado com a
utilização de técnicas de concessão de crédito
H1: O prazo médio de recebimento das indústrias está relacionado com a utilização
de técnicas de concessão de crédito
111
Considerando os dados apresentados na tabela 30 e o teste realizado obtendo p =
0,6113, não é possível rejeitar H0.
Observa-se que trinta e quatro indústrias (55,7%) responderam que utilizam alguma
técnica para concessão de crédito e, dentre estas, não se pode verificar expressiva estabilidade
ou diminuição do prazo médio de recebimento. Isso indica que não se pode admitir uma
relação entre as variáveis “prazo médio de recebimento” e “técnicas de análise de concessão
de crédito”, na população das médias e grandes indústrias da região de Londrina-Pr.
Tabela 30 – Cruzamento do Prazo Médio de Recebimento com Técnicas de Concessão deCrédito
Técnicas de Concessão de CréditoPrazo Médio de Recebimento Utiliza Não conhece Total11 6 17Diminuiu 18,0% 9,8% 27,9%13 13 26Estável 21,3% 21,3% 42,6%10 8 18Aumentou 16,4% 13,1% 29,5%34 27 61Total 55,7% 44,3% 100,0%
Hipótese 3
H0: O prazo médio de estocagem das indústrias não está relacionado com a
utilização de técnicas de gerenciamento de estoques.
H1: O prazo médio de estocagem das indústrias está relacionado com a utilização de
técnicas de gerenciamento de estoques.
112
Considerando os dados apresentados na tabela 31 e o teste realizado obtendo p =
0,0797, não é possível rejeitar H0.
Observa-se que quarenta e duas indústrias (68,9%) responderam que utilizam alguma
técnica de administração de estoque, mas, no entanto, não se verificou, dentre elas, nenhuma
significativa diminuição no seu prazo médio de estocagem, não se pode admitir uma relação
entre as variáveis envolvidas.
Tabela 31 – Cruzamento do Prazo Médio de Estocagem com Técnicas de Administraçãode Estoques
Técnicas de Administraçãode EstoquesPrazo Médio de Estocagem
Utiliza Não Conhece Total13 2 15Diminuiu 21,3% 3,3% 24,6%21 9 30Estável 34,4% 14,8% 49,2%8 8 16Aumentou 13,1% 13,1% 26,2%
42 19 61Total 68,9% 31,1% 100,0%
Hipótese 4
H0: O desempenho do ciclo financeiro não está relacionado com a adoção das
práticas de gestão teoricamente consolidadas.
H1: O desempenho do ciclo financeiro está relacionado com a adoção das práticas de
gestão teoricamente consolidadas
Considerando os dados apresentados na tabela 32 e o teste realizado obtendo p =
0,5979, não é possível rejeitar H0.
113
Observa-se que a adoção de um maior número de práticas não garante uma diminuição
do ciclo financeiro das industrias, conforme tabela 33.
Tabela 32 - Cruzamento do Número de Práticas Adotadas com o Desempenho do CicloFinanceiro
Número de práticas adotadasDesempenho do Ciclo Financeiro1,00 2,00 3,00 4,00 Total
- 2 5 10 17Ciclo Financeiro Diminuiu - 3,3% 8,2% 16,4% 27,9%3 5 4 8 20Ciclo Financeiro Estável 4,9% 8,2% 6,6% 13,1% 32,8%3 6 5 10 24Ciclo Financeiro Aumentou 4,9% 9,8% 8,2% 16,5% 39,3%6 13 14 28 61Total 9,8% 21,3% 23,0% 45,9% 100,0%
Particularmente, neste tópico buscou-se atender o terceiro objetivo específico da
pesquisa: verificar indicadores e práticas de gestão de capital de giro.
4.2.2 Análise das Hipóteses do Grupo 2
Para analisar as hipóteses explanatórias deste grupo, buscou-se testar as relações
causais assimétricas entre as variáveis de propriedade e resultados e obtiveram-se as
seguintes situações:
Hipótese 5
H0: O desempenho do ciclo financeiro não está relacionado com nível de formação
dos gestores de capital de giro.
114
H1: O desempenho do ciclo financeiro está relacionado com nível de formação dos
gestores de capital de giro.
Considerando os dados apresentados na tabela 33 e o teste realizado obtendo p =
0,7124, não é possível rejeitar H0.
Verifica-se que, mesmo com gestores com maior nível de escolaridade, o ciclo
financeiro aumentou de um ano para outro, o que provoca custos financeiros e afeta a
rentabilidade das empresas. Assim, não se pode admitir uma relação entre as variáveis
envolvidas.
Tabela 33 – Cruzamento do Nível de Escolaridade com Desempenho do Ciclo FinanceiroTamanho do Ciclo Financeiro
Nível de Escolaridade CicloFinanceiroDiminuiu
CicloFinanceiro
Estável
CicloFinanceiroAumentou
Total
2 2 4 8Primário/Secundário 3,3% 3,3% 6,6% 13,1%10 8 8 26Superior 16,4% 13,1% 13,1% 42,6%4 9 11 24Pós-graduação/Especializ 6,6% 14,8% 18,0% 39,3%1 1 1 3Pós-graduação/Mestr/Doutor 1,6% 1,6% 1,6% 4,9%
17 20 24 61Total 27,9% 32,8% 39,3% 100,0%
Hipótese 6
H0: O desempenho do ciclo financeiro não está relacionado com o porte das
indústrias.
H1: O desempenho do ciclo financeiro está relacionado com o porte das indústrias.
115
Considerando os dados apresentados na tabela 34 e o teste realizado obtendo p =
0,758, não é possível rejeitar H0.
Observa-se que tanto nas médias como nas grandes indústrias, o ciclo financeiro
permaneceu estável ou mesmo aumentou de um ano para outro, evidenciando-se ausência de
relação entre as variáveis.
Tabela 34 – Cruzamento do Porte da Empresa com o Desempenho do Ciclo FinanceiroDesempenho do Ciclo Financeiro
Porte da Empresa Ciclo FinanceiroDiminuiu
Ciclo FinanceiroEstável
Ciclo FinanceiroAumentou Total
13 14 19 46Média 21,3% 23,0% 31,1% 75,4%4 6 5 15Grande 6,6% 9,8% 8,2% 24,6%
17 20 24 61Total 27,9% 32,8% 39,3% 100,0%
Hipótese 7
H0: O desempenho do ciclo financeiro não está relacionado com o segmento
industrial ao qual a empresa pertence.
H1 O desempenho do ciclo financeiro está relacionado com o segmento industrial ao
qual a empresa pertence.
Considerando os dados apresentados na tabela 35 e o teste realizado obtendo p =
0,2699, não é possível rejeitar H0.
Verifica-se que em todos os segmentos não há significativa posição de aumento ou
diminuição do ciclo financeiro de um ano para outro. Isso indica que não se pode admitir uma
relação entre as variáveis “desempenho do ciclo financeiro” e “segmento industrial ao qual a
empresa pertence” na população das médias e grandes indústrias da região de Londrina-Pr.
116
Tabela 35 – Cruzamento da Atividade Principal com o Desempenho do Ciclo Financeiro
Desempenho do Ciclo Financeiro
Atividade Principal CicloFinanceiroDiminuiu
CicloFinanceiro
Estável
CicloFinanceiroAumentou
Total
5 10 11 26Fabricação de produtos alimentíciose bebidas 8,2% 16,4% 18,0% 42,6%
- 3 1 4Fabricação de produtos têxteis - 4,9% 1,6% 6,6%3 - 1 4Fabricação de artigos de vestuário e
acessórios 4,9% - 1,6% 6,6%1 1 2 4Preparação de couro e fabricação de
artigos de couro 1,6% 1,6% 3,3% 6,6%- 1 - 1Fabricação de artigos de borracha e
plástico - 1,6% - 1,6%- 2 2 4Fabricação de produtos de metal - 3,3% 3,3% 6,6%- - 2 2Fabricação de máquinas e
equipamentos - - 3,3% 3,3%1 1 1 3Fabricação de máquinas, aparelhos e
materiais elétricos 1,6% 1,6% 1,6% 4,9%1 - - 1Fabricação de materiais eletrônicos 1,6% - - 1,6%6 2 4 12Fabricação de móveis 9,8% 3,3% 6,6% 19,7%
17 20 24 61Total 27,9% 32,8% 39,3% 100,0%
4.2.3 Análise das Hipóteses do Grupo 3
Para analisar as hipóteses explanatórias deste grupo, buscou-se testar as relações
causais assimétricas entre as variáveis de propriedade e comportamento e obtiveram-se os
seguintes resultados:
Hipótese 8
H0: A adoção das práticas de gestão teoricamente consolidadas não está relacionada
com o nível de formação dos gestores de capital de giro das indústrias.
H1: A adoção das práticas de gestão teoricamente consolidadas está relacionada com
o nível de formação dos gestores de capital de giro das indústrias.
117
Considerando os dados apresentados na tabela 36 e o teste realizado obtendo p =
0,207, não é possível rejeitar H0.
Sessenta e uma indústrias (100%) adotam pelo menos uma prática de gestão,
independentemente do nível de escolaridade de seus gestores. Percebe-se também que, o
aumento no nível de escolaridade não é garantia de aumento no número de práticas adotadas
para gestão do capital de giro, evidenciando-se nenhuma relação entre as variáveis
envolvidas.
Tabela 36 – Cruzamento do Nível de Escolaridade com Número de Práticas AdotadasNúmero de Práticas AdotadasNível de Escolaridade
1,00 2,00 3,00 4,00 Total
- 4 2 2 8Primário/secundário - 6,6% 3,3% 3,3% 13,1%2 3 9 12 26Superior 3,3% 4,9% 14,8% 19,7% 42,6%3 6 3 12 24Pós-graduação – especialização 4,9% 9,8% 4,9% 19,7% 39,3%1 - - 2 3Pós-graduação – Mestr/Doutor 1,6% - - 3,3% 4,9%6 13 14 28 61Total 9,8% 21,3% 23,0% 45,9% 100,0%
Hipótese 9
H0: A adoção das práticas de gestão teoricamente consolidadas não está relacionado
com o porte das indústrias
H1: A adoção das práticas de gestão teoricamente consolidadas está relacionado com
o porte das indústrias
Considerando os dados apresentados na tabela 37 e o teste realizado obtendo p =
0,3246, não é possível rejeitar H0.
118
Verifica-se que a adoção de um maior número de práticas ocorre tanto nas médias
quanto nas grandes empresas.
Tabela 37 - Cruzamento do Número de Práticas Adotadas com o Porte da EmpresaNúmero de práticas adotadasPorte da Empresa
1,00 2,00 3,00 4,00 Total
4 9 13 20 46Média Empresa 6,6% 14,8% 21,3% 32,8% 75,4%2 4 1 8 15Grande Empresa 3,3% 6,6% 1,6% 13,1% 24,6%6 13 14 28 61Total 9,8% 21,3% 23,0% 45,9% 100,0%
4.2.4 Análise das Hipóteses do Grupo 4
Para analisar as hipóteses correlacionais deste grupo, buscou-se testar as correlações
simétricas entre as variáveis de propriedade.
Hipótese 10
H0: A compreensão conceitual das práticas de gestão teoricamente consolidadas não
está relacionada com o nível de formação dos gestores de capital de giro das indústrias.
H1: A compreensão conceitual das práticas de gestão teoricamente consolidadas está
relacionada com o nível de formação dos gestores de capital de giro das indústrias.
Considerando os dados apresentados na tabela 38 e o teste realizado obtendo p =
0,032, pode-se rejeitar H0.
A dependência das variáveis é bastante significativa (p = 0,032). Verifica-se que trinta
e um respondentes que possuem o curso superior ou pós-graduação (50,8%) responderam
119
corretamente que administrar capital de giro é administrar os ativos e passivos circulantes da
empresa. Isso indica que pode-se admitir uma relação entre as variáveis “compreensão
conceitual das práticas de gestão teoricamente consolidadas” e “nível de formação dos
gestores de capital de giro” nas população das médias e grandes indústrias da região de
Londrina-Pr
Tabela 38 – Cruzamento do Entendimento do Termo Capital de Giro com Nível deEscolaridade
Hipótese 11
H0: A compreensão conceitual das práticas de gestão teoricamente consolidadas não
está relacionada com o porte das indústrias.
Nível de EscolaridadeEntendimento do TermoCapital de Giro Primário/
Secundário Superior Pós-graduação/especialização
Pós-graduação/Mestrado/Doutorado
Total
2 3 - - 5Administrar o dinheiro emcaixa e bancos a disposiçãoda empresa 3,3% 4,9% - - 8,2%
2 6 5 2 15Administrar o dinheiro emcaixa e bancos, estoques evalores a receber 3,3% 9,8% 8,2% 3,3% 24,6%
3 3 1 - 7Administrar os ativoscirculantes da empresa 4,9% 4,9% 1,6% - 11,5%
- - 2 - 2Administrar os passivoscirculantes da empresa - - 3,3% - 3,3%
1 14 16 1 32Administrar os ativos epassivos circulantes daempresa 1,6% 23,0% 26,2% 1,6% 52,5%
8 26 24 3 61Total
13,1% 42,6% 39,3% 4,9% 100,0%
120
H1: A compreensão conceitual das práticas de gestão teoricamente consolidadas está
relacionada com o porte das indústrias.
Considerando os dados apresentados na tabela 39 e o teste realizado obtendo p =
0,7114, não é possível rejeitar H0.
Verifica-se que, mesmo entre as grandes empresas, apenas oito delas, cerca de 13,1%
do total de respondentes, afirmaram que administrar capital de giro é administrar os ativos e
passivos circulantes da empresa, evidenciando-se nenhuma relação entre as variáveis
estudadas.
Tabela 39 – Cruzamento do Entendimento do Termo Capital de Giro com Porte daEmpresa
Hipótese 12
H0: O porte das indústrias não está relacionado com o nível de formação dos
gestores de capital de giro.
Porte da EmpresaEntendimento do Termo Capital de Giro Média Grande Total
5 - 5Administrar o dinheiro em caixa e bancos a disposiçãoda empresa. 8,2% - 8,2%
10 5 15Administrar o dinheiro em caixa e bancos, estoques e valores a receber. 16,4% 8,2% 24,6%5 2 7Administrar os ativos circulantes da empresa. 8,2% 3,3% 11,5%2 - 2Administrar os passivos circulantes da empresa. 3,3% - 3,3%
24 8 32Administrar os ativos e passivos circulantes da empresa. 39,3% 13,1% 52,5%46 15 61Total 75,4% 24,6% 100,0%
121
H1: O porte das indústrias está relacionado com o nível de formação dos gestores de
capital de giro.
Considerando os dados apresentados na tabela 40 e os testes realizados obtendo p =
0,9631, não é possível rejeitar H0.
Verifica-se que, no caso do nível de formação, as grandes indústrias não possuem,
necessariamente, maior número de gestores com maior grau de instrução. Isso indica que não
se pode admitir uma relação entre as variáveis “porte da empresa” e “nível de formação dos
gestores”, na população das médias e grandes indústrias da região de Londrina-Pr.
Tabela 40 – Cruzamento do Nível de Escolaridade dos Gestores com o Porte da EmpresaPorte da Empresa
Nível de EscolaridadeMédia Grande Total
6 2 8Primário/secundário 9,8% 3,3% 13,1%19 7 26Superior 31,1% 11,5% 42,6%18 6 24Pós-graduação/Especializ 29,5% 9,8% 39,3%3 - 3Pós-graduação/Mestr/Doutor 4,9% - 4,9%
46 15 61Total 75,4% 24,6% 100,0%
Particularmente, neste capítulo 4, buscou-se atender os seguintes objetivos específicos
da pesquisa:
Caracterizar as empresas, o perfil dos gestores responsáveis pela administração
financeira e o domínio conceitual a respeito de capital de giro.
Verificar indicadores e práticas de gestão do capital de giro utilizadas nas empresas.
Descrever as relações entre características das empresas, dos seus gestores, das
práticas utilizadas e dos impactos no ciclo financeiro.
122
5 CONCLUSÕES
O sucesso de um negócio depende muito do equilíbrio financeiro e a administração do
capital de giro é uma tarefa do gestor financeiro que pode ajudá-lo neste equilíbrio. Quanto
maior for a capacidade do gestor em compreender o problema, e do conhecimento teórico
para propor a solução, melhor será a qualidade das decisões que envolvem capital de giro.
Neste trabalho apresentou-se, primeiramente, um corpo teórico bastante rico em
técnicas e ferramentas para gerenciamento dos diversos ativos que compõem a estrutura do
capital de giro.
Quanto ao gerenciamento do disponível, o administrador financeiro deve minimizar o
nível de caixa, sem que, ao mesmo tempo, se ponha em risco a capacidade da empresa de
saldar seus compromissos no vencimento.
No que se refere ao gerenciamento dos valores a receber, discutiu-se a necessidade
que a empresa tem de vender a prazo, pois é uma exigência do mercado. Portanto, ela não
deve prescindir de uma política de concessão de crédito e cobrança para, assim, ter um certo
grau de certeza em seus recebimentos.
Quanto ao gerenciamento dos estoques, por ser um dos ativos mais importantes na
estrutura de ativos de uma empresa industrial, já que ele apresenta-se na forma de matéria-
prima ou de produtos em elaboração ou de produtos acabados, discorreu-se sobre diversas
técnicas para o seu controle.
Ainda do ponto de vista teórico, mostrou-se que para avaliação da gestão dos recursos
envolvidos com o Capital de Giro, tem-se dois indicadores muito importantes: o ciclo
123
operacional e o ciclo financeiro. O Ciclo Operacional é o período médio que compreende
desde a compra a prazo das matérias-primas até o recebimento das duplicatas originadas pela
venda a prazo dos produtos fabricados. Já o Ciclo Financeiro é o período médio que inicia-se
com o pagamento das duplicatas aos fornecedores e vai até o recebimento das duplicatas,
coincidindo com o final do ciclo operacional.
Portanto, quanto menor for o Ciclo Financeiro, melhor será a rentabilidade dos
negócios, pois a empresa deixa de usar formas negociadas de financiamentos, passando a
beneficiar-se da principal forma de financiamento espontâneo que é o período médio de
pagamento. Ao gerenciar de forma eficiente o Ciclo Financeiro, o gestor do capital de giro
pode manter um nível baixo de investimento em caixa e, dessa forma, contribuir para a
maximização do valor da empresa.
Por outro lado, considerando os resultados obtidos com a pesquisa prática, bem como
o objetivo específico de caracterizar as empresas, o perfil dos gestores responsáveis pela
administração financeira e o domínio conceitual a respeito do capital de giro, pode-se concluir
que:
as empresas industriais estudadas são, na sua maioria, constituídas
em forma de responsabilidade limitada (67,2%), atuando na
fabricação de produtos alimentícios e bebidas (42,6%), de médio
porte (75,4%), realizando sua própria contabilidade (83,6%) e que
possuem uma política informal de gestão do capital de giro (49,2%);
em 50,8% das empresas industriais estudadas o Diretor/Gerente
Financeiro é o principal responsável pelo capital de giro e que 86,8%
possuem pelo menos curso superior, fato que permite constatar a
existência de elementos específicos dentro das empresas para a
124
gestão do capital de giro e que tais elementos possuem um certo grau
de profissionalização;
85,3% dos responsáveis pelo gerenciamento do capital de giro está
na função há pelo menos 5 anos e 68,9% participa de cursos e/ou
treinamento pelo menos uma vez por ano. Ressalta-se que 27,9%
alegaram que participa de cursos mais de 3 vezes por ano. Nota-se
que as empresas pesquisadas tem uma certa preocupação na
manutenção de um profissional no cargo por um bom período de
tempo e que também lhe proporciona condições de buscar novos
conhecimentos continuamente;
apenas 52,5% das empresas pesquisadas assinalaram, acertadamente,
a afirmação de que administrar capital de giro é administrar os ativos
e passivos circulantes da empresa, ou seja, a compreensão conceitual
por parte dos gestores de capital de giro é sofrível. Neste caso um
dos prováveis fatores desta falta de compreensão conceitual é
decorrente do senso comum de que administrar capital de giro é
administrar apenas o dinheiro a disposição da empresa. Muitos
gestores acabam gerenciando de forma mais contundente apenas o
fluxo de caixa da empresa. Estão mais preocupados em controlar as
entradas e saídas de recursos de curto prazo para garantir uma certa
liquidez do que planejar as diversas atividades que envolvem o
capital de giro no médio ou longo prazo e que podem afetar a
rentabilidade do negócio;
125
quanto ao domínio conceitual tem-se índices percentuais bastante
elevados de desconhecimento das diversas técnicas apresentadas. Na
verdade algumas empresas alegaram apenas não utilizar tais
técnicas, mas tudo leva a crer que talvez a não utilização deriva do
desconhecimento. A falta de domínio conceitual talvez seja
ocasionada pela baixa qualidade na formação profissional dos
gestores.
A pesquisa também procurou atender ao objetivo específico de verificar indicadores e
práticas de gestão do capital de giro utilizadas nas empresas e, assim, tem-se que:
63,9% das empresas atribuíram um maior grau de importância ao
controle de caixa e bancos, dentre as contas patrimoniais que
compõem o capital de giro. Na verdade este fato vem contribuir com
a idéia de que as empresas talvez estejam mais preocupadas com a
sua capacidade de pagamento do que com o envolvimento das
demais contas que compõem o capital de giro. Segundo Assaf Neto
& Silva (1995, p.13) é importante ter em mente que a administração
do capital de giro trata dos ativos e passivos correntes como decisões
interdependentes;
83,6% das empresas elaboram o seu fluxo de caixa diariamente ou
semanalmente. Apenas 4,9% das empresas o fazem trimestralmente,
o que evidencia uma preocupação apenas de curto prazo não se
estabelecendo planejamento de longo prazo. Assim, conforme
discutido na justificativa do presente trabalho, este fato pode
evidenciar que as empresas estariam em posição reativa em relação
126
ao mercado, não preparando planos condizentes para sustentar-se no
longo prazo, conforme discute Welsch (1996, p.27);
acertadamente 52,5% das empresas indicaram as implicações de
diferentes simulações na previsão de vendas como sendo o item mais
importante ao realizar-se a previsão de caixa. A venda é a principal
porta de entrada de recursos na empresa. Uma boa previsão de
vendas faz com que o fluxo de caixa de caixa projetado não sofra
grandes oscilações e garanta a capacidade de pagamento da empresa;
34,4% das empresas analisam o efeito nas vendas e 31,1% analisam
o efeito nos seus lucros, quando avaliam critérios para mudanças na
política de crédito. Apenas 24,6% das empresas levam em conta o
nível resultante no volume de duplicatas a receber para avaliar
mudanças. Neste caso, percebe-se que as empresas estão mais
preocupadas em vender do que receber.
apenas 4,9% das empresas analisam os reflexos que podem ocorrer
nos saldos de caixa quando determinam as quantidades a comprar.
Nota-se que sem esta prática a empresa pode “imobilizar” recursos
em estoques e comprometer suas capacidade de pagamento. As
empresas não estão considerando a inter-relação entre as estratégias
institucionais e a administração do capital de giro. As decisões
tomadas sobre a quantidade a comprar para um determinado período
influenciam a capacidade de pagamento da empresa;
quanto ao posicionamento da empresa referente aos descontos
oferecidos pelos fornecedores para pagamento antecipado, 54,1%
127
das empresas, nunca tomam o desconto ou tomam o desconto sem
qualquer análise prévia. Neste caso, as empresas podem estar
tomando decisões não acertadas quanto a este fato;
quanto às técnicas de administração de caixa, tem-se que 80,4%
utiliza o modelo do Caixa Mínimo Operacional, mas 82% alegaram
que não conhecem tanto o Modelo de Baumol como o Modelo de
Miller-Orr. Ou seja, a grande maioria das empresas utiliza pelo
menos uma técnica de gestão de caixa, ou seja, o modelo do Caixa
Mínimo Operacional. Um dos prováveis fatores que justificam o
conhecimento e a utilização apenas desta técnica é a simplicidade de
seu cálculo. Já no caso dos Modelos de Baumol e Miller-Orr, tratam-
se de modelos quantitativos e que envolvem equações matemáticas
um tanto quanto complexas;
quanto ao conhecimento e utilização das técnicas teóricas de
concessão de crédito, tem-se que a grande maioria não as utiliza ou
não as conhecem, ou seja, 68,9% para a técnica do 5 C’s do Crédito;
100% para o Modelo de Buckley; 85,2% para a Árvore de Decisão e
75,4% para o Credit Scoring. Mais uma vez estes números permitem
concluir que quando trata-se de modelo qualitativo com um certo
grau de simplicidade, as empresas até que possuem um certo
conhecimento, como é o caso da técnica do 5 C´s do crédito
(31,1%). No entanto, quando tratam-se de técnicas um pouco mais
sofisticadas que exigem maiores conhecimentos técnicos para a sua
aplicação, as empresas deixam de utilizá-las, talvez pela falta
pessoas habilitadas com tais conhecimentos;
128
a não utilização ou o desconhecimento também é bastante
significativo quando trata-se de técnicas para administração de
estoques. Para o Sistema ABC tem-se 68,8%; para o Modelo do LEC
tem-se 88,5%; para o Just-in-time 59%; para o MRP 82% e para o
OPT 98,4%. Talvez a mesma conclusão do tópico anterior cabe neste
caso, ou seja, falta de elemento humano habilitado com
conhecimento para desenvolver tais técnicas;
em 44 indústrias (72,1%) o ciclo financeiro aumentou ou no máximo
permaneceu estável no último exercício social, mesmo com as
práticas de gestão do capital de giro adotadas pelas empresas. Isto
não é um dado favorável às empresas. Então, pode-se concluir que as
práticas de gestão verificadas nas empresas são insuficientes para
melhora da eficiência na gestão dos recursos que implicam no
tamanho do ciclo financeiro.
Analisando as relações entre características das empresas, dos seus gestores, das
práticas utilizadas e dos impactos no ciclo financeiro, tem-se que:
a compreensão conceitual e a adoção das práticas de gestão
teoricamente consolidadas, bem como o nível de formação e
intensidade de treinamento dos gestores de capital de giro e, ainda, o
desempenho do ciclo financeiro não possui grande dependência com
o porte das indústrias pesquisadas;
a adoção das práticas de gestão teoricamente consolidadas não
possui significativa dependência do nível de formação dos gestores
de capital de giro das indústrias;
129
a compreensão conceitual das práticas de gestão teoricamente
consolidadas possui uma significativa dependência do nível de
formação dos gestores de capital de giro das indústrias. Neste caso,
tem-se p = 0,032 e uma grande concentração de um correto
entendimento do termo capital de giro com nível superior ou pós-
graduação;
o nível de recursos em caixa, o prazo médio de recebimento e o
prazo médio de estocagem das indústrias não possui dependência da
utilização de técnicas para administração de caixa, concessão de
crédito e estocagem, respectivamente;
o desempenho do ciclo financeiro das indústrias não está
relacionado com o nível de formação dos gestores de capital de giro,
nem ao segmento industrial a que a empresa pertence e, nem
tampouco, a adoção das práticas de gestão teoricamente
consolidadas.
Os resultados desta pesquisa procuraram responder a situação-problema: O
ferramental teórico-técnico relativo ao Capital de Giro é conhecido e utilizado pelos
responsáveis pela administração financeira das médias e grandes indústrias da região de
Londrina-Pr?
Se por um lado a teoria disponibiliza todo um ferramental teórico que poderia ser
utilizado para o gerenciamento de diversos ativos que compõem o capital de giro como o
caixa, os valores a receber e os estoques, de outro as empresas parecem ignorar a existência
deles.
130
Mesmo em grandes empresas ou naquelas que possuem gestores com maior nível de
formação não se encontra uma maior utilização das técnicas abordadas.
Considerando que o nível de formação dos gestores foi quase sempre indicado como
sendo o superior ou de pós-graduação, principalmente na área de Administração de Empresas
ou de Contabilidade, supõe-se que está havendo algum problema quanto ao ensino das
técnicas teóricas apresentadas e que futuros trabalhos poderão elucidar.
Ressalta-se, no entanto, que o principal indicador de eficiência na gestão do capital de
giro, que é o Ciclo Financeiro, não está sendo afetado pela não utilização ou desconhecimento
das técnicas de gestão.
Esses fatos permitem concluir que as indústrias vem sendo administradas de forma
empírica na questão do capital de giro, mas que vem dando certo por um motivo ou outro que
nesta pesquisa não foi possível descobrir.
Segundo Assaf Neto & Silva (1995, p.14), a área financeira promoveu nas últimas
décadas notável evolução teórica em seus conceitos, absorvendo o processo decisório das
empresas e promovendo significativa melhoria de qualidade técnica.
Talvez as empresas julgam desnecessário o uso das técnicas teóricas de gestão do
capital de giro. No entanto, não se pode administrar recursos financeiros de forma empírica.
Em um determinado momento problemas surgirão e a solução vai depender do grau de
conhecimento teórico e técnico do gestor.
131
5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Algumas limitações de ordem prática evidenciam-se neste trabalho, mas não
diminuem a sua importância e os seus resultados.
Na pesquisa de campo cuja população é composta por empresas localizadas em
diferentes cidades, existem grandes distâncias a serem percorridas. Para a realização deste
trabalho, tem-se empresas localizadas em cidades com distância de mais de 100 km. Algumas
empresas, apesar de serem locais, possuem dados estratégicos pertinentes a pesquisa em
outras cidades em outros estados.
Assim, optou-se por levantar os dados através de questionário enviado pelo Correios e
não por entrevista pessoal, o que diminui bastante o número de respostas obtidas em relação
ao número total enviado.
A opção por pesquisar apenas médias e grandes empresas do segmento industrial
vinculado à Federação das Indústrias do Estado do Paraná – FIEP – Regional Londrina, não
permite extrapolar as conclusões para todas as empresas, de um modo geral, da região de
Londrina-Pr.
Outra questão importante refere-se ao fato de tratar-se de pesquisa que envolve a
administração financeira das empresas e, assim, existe uma restrição natural por parte das
mesmas em não informar dados que envolvam números de seus demonstrativos.
Na administração de capital de giro seria importante levantar até que ponto e,
principalmente, em que volume os saldos de caixa, bancos, estoques, valores a receber e
fornecedores vem aumentando ou diminuindo ao longo de uma série histórica, para então
concluir-se quanto a eficiência na administração do capital de giro das empresas.
132
Alguns tópicos que não foram discutidos no presente trabalho podem sugerir trabalhos
futuros. As deficiências encontradas quanto ao domínio conceitual das técnicas de
gerenciamento do capital de giro é proveniente da má formação dos gestores? As escolas de
Administração da região estão ensinando aquilo que as empresas locais realmente precisam
em termos de administração financeira? A não utilização das técnicas teoricamente
consolidadas de gestão financeira realmente prejudicam os resultados das empresas?
As respostas destas questões e as conclusões do presente trabalho podem contribuir
com campo de estudo da Administração do Capital de Giro, beneficiando o processo decisório
de curto prazo das empresas.
133
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137
APÊNDICES
138
APÊNDICE 1
Questionário
Nome da Empresa: (opcional)__________________________________________________
01) Estrutura Legal:1. ( ) S/A2. ( ) Ltda.3. ( ) Soc. Civil4. ( ) Cooperativas5. ( ) Outras:________________________________________________
02) Atividade Principal: (descrever resumidamente):________________________________________________________________________
03) Número de Funcionários:_________
04) A contabilidade da empresa é efetuada:1. ( ) dentro da própria empresa 2. ( ) por terceiros contratados
05) Informe o valor do faturamento obtido pela empresa nos dois últimos exercícios sociais; o percentual domontante à vista e à prazo; o custo dos produtos vendidos e o valor das compras das matérias-primasefetuadas no ano.
Contas Penúltimo Exercício Ultimo ExercícioFaturamento (em Reais)
- à Vista ( em %)
- À Prazo ( em %)
Compra de matérias-primasefetuadas no anoCusto dos produtos vendidos
06) Informe os saldos das contas abaixo para os dois últimos exercícios sociais da empresa: (saldos no fim doexercício)
ContasAnte-penúltimo
Exercício(Em Reais)
Penúltimo Exercício(em Reais)
Último Exercício(em Reais)
Duplicatas a Receber
Duplicatas a Pagar
Estoques Totais
07) Informe o prazo médio (em dias) das contas abaixo para os dois últimos exercícios sociais da empresa:Contas Penúltimo Exercício
(em dias)Último Exercício
(em dias)7.1 Prazo Médio de Recebimento dasDuplicatas7.2 Prazo Médio de Pagamento aosFornecedores7.3 Prazo Médio de Estocagem
7.4 Ciclo Operacional
139
08) Assinale no quadro abaixo alguns eventos que tem ocorrido ultimamente na empresa:Evento Situação
8.1 Taxa de inadimplência dos clientes8.2 Volume de estoques da empresa8.3 Dinheiro em caixa e/ou aplicações8.4 Empréstimos e/ou financiamentos de curto prazo
( )aumentou ( )diminuiu ( )estável( )aumentou ( )diminuiu ( )estável( )aumentou ( )diminuiu ( )estável
( )aumentou ( )diminuiu ( )estável
09) Quem é responsável por estabelecer as diversas políticas dos recursos que compõem o capital de giro??1. ( ) Grupo de diretores2. ( ) Presidente/Gerente Geral3. ( ) Diretor/Gerente Financeiro4. ( ) Tesoureiro5. ( ) Outro(s) (favor especificar)_________________________________
10) Qual o nível de escolaridade do elemento responsável envolvido na Administração do Capital de Giro daempresa?
1. ( ) primário/secundário2. ( ) superior – curso________________3. ( ) pós-graduação – especialização4. ( ) pós graduação – Mestrado/Doutorado
11) Qual é o tempo que este elemento está envolvido nesta função?1. ( ) menos de 1 ano2. ( ) de 1 a 3 anos3. ( ) de 3 a 5 anos4. ( ) de 5 a 10 anos5. ( ) mais de 10 anos
12) Com que freqüência este elemento participa de cursos e/ou treinamento na área financeira?1. ( ) mais de 3 vezes por ano2. ( ) duas vezes por ano3. ( ) uma vez por ano4. ( ) uma vez a cada dois anos5. ( ) Não participa de treinamento.
13) Assinale no quadro abaixo as técnicas de gestão que a empresa se utiliza para administração de seu capitalde giro.
Políticas/Técnicas de Gestão A empresa utiliza?
13. Política de Capital de Giro:13.1 Conservadora13.2 Intermediária13.3 Agressiva
( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não
( ) não conhece( ) não conhece( ) não conhece
14. Técnicas de Adm/ção de Caixa:14.1 Caixa Mínimo Operacional14.2 Modelo Baumol14.3 Modelo Miller-Orr14.4 Outra:_________
( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não
( ) não conhece( ) não conhece( ) não conhece
140
15. Política de Concessão Crédito:15.1 Análise cadastral15.2 Análise contábil/finananceira15.3 Parecer de vendas15.4 Análise custo/benefício15.5 Outra:_________
( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não
( ) não conhece( ) não conhece( ) não conhece( ) não conhece
16. Técnicas de Concessão de Crédito:16.1 5 C`s do Crédito16.2 Modelo Buckley16.3 Árvore Decisão16.4 Credit Scoring16.5 Outra:_________
( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não
( ) não conhece( ) não conhece( ) não conhece( ) não conhece
17. Técnicas de Administração de Estoques:17.1 Sistema ABC17.2 Modelo do LEC17.3 Just-in-time17.4 MRP17.5 OPT17.6 Outra:________
( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não( ) Sim ( ) Não
( ) não conhece( ) não conhece( ) não conhece( ) não conhece( ) não conhece
18) A sua empresa possui uma política, em termos globais, para a Administração do Capital de Giro?1. ( ) Política formal2. ( ) Política informal3. ( ) Sem política
19) Qual conta patrimonial que a empresa efetua um maior controle gerencial. [Ordene dentro dos parênteses:(1) maior controle a (4) menor controle]
1. ( ) Caixa/bancos2. ( ) Estoques3. ( ) Duplicatas a receber4. ( ) Fornecedores/Contas a Pagar
20) Como a empresa entende o termo “Administração do Capital de Giro”?1. ( ) Administrar o dinheiro em caixa e bancos a disposição da empresa2. ( ) Administrar o dinheiro em caixa e bancos, estoques e valores a receber a disposição da
empresa3. ( ) Administrar os ativos circulantes da empresa4. ( ) Administrar os passivos circulantes da empresa (contas, salários e duplicatas a pagar)5. ( ) Administrar os ativos e passivos circulantes da empresa6. ( ) Outros:______________________________________________
21) Qual é o intervalo de tempo em que sua empresa realiza o orçamento (fluxo) de caixa?1. ( ) Diariamente2. ( ) Semanalmente3. ( ) Mensalmente4. ( ) Trimestralmente5. ( ) Outro(s) (favor especificar)_________________________________
141
22) Coloque dentro dos parênteses, (1)-mais importante a (5)-menos importante, nos itens que a empresaconsidera importante conhecer ao realizar a previsão de caixa.
1. ( ) as implicações das políticas alternativas de estoques2. ( ) as implicações de diferentes simulações de previsão de vendas3. ( ) as sobras e as deficiências de caixa4. ( ) as implicações resultantes das diferentes políticas de crédito5. ( ) outro(s) (favor especificar)_________________________________
23) Quanto a administração do caixa, quais as estratégias a empresa utiliza para agilizar as entradas de recursos?[Ordene dentro dos parênteses: (1) mais importante a (4) menos importante]
1. ( ) seleciona bancos mais eficientes para acelerar a cobrança e compensação2. ( ) oferece descontos para pagamentos antecipados3. ( ) recebe antecipadamente os cheques dos seus clientes4. ( ) outro(s) (favor especificar)_________________________________
24) Podemos definir a política de concessão de crédito e cobrança da empresa com sendo:1. ( ) Rígida2. ( ) Liberal
25) Qual critério é a empresa utiliza para avaliar possíveis mudanças na política de concessão de crédito ecobrança de uma forma rígida para liberal e vice-e-versa, se for o caso?
1. ( ) Efeito nas vendas da empresa2. ( ) Efeito no nível resultante das duplicatas/cheques a receber3. ( ) Efeito no nível dos lucros da empresa4. ( ) Efeito no retorno do investimento5. ( ) Outros:________________________________________________
26) Quando da compra de estoque (matérias-primas ou materiais para produção) que critérios a empresa seutiliza para decidir a quantidade a ser adquirida:
1. ( ) possibilidade de se obter descontos nas compras2. ( ) prazos de crédito oferecidos pelos seus fornecedores3. ( ) reflexos que podem ocorrer nos saldos de caixa4. ( ) compra apenas o necessário para a produção do período
27) Com relação aos níveis de estoques mantidos (alto e/ou baixo), qual critério a empresa utiliza para avaliaruma possível mudança na sua política?
1. ( ) Efeito no nível do capital de giro2. ( ) Efeito nos custos e despesas de manutenção destes estoques3. ( ) Efeito nos lucros da empresa4. ( ) Efeito sobre o retorno do investimento realizado5. ( ) Outros:________________________________________________
28) Qual é o posicionamento da empresa com relação a possíveis descontos oferecidos pelos fornecedores parapagamento antecipado de suas duplicatas? (escolha uma)
1. ( ) sempre toma o desconto por pagar na data do desconto2. ( ) dependendo da análise financeira prévia, toma o desconto por pagar na data do vencimento3. ( ) paga posteriormente a data do desconto, mas ainda negocia um desconto por pagar antecipado4. ( ) nunca toma o desconto
142
APÊNDICE 2
Teste Exato de Fisher para as Hipóteses
Grupos Hipóteses Variáveis Teste p-valor
Hipótese 1 Dinheiro em caixa e/ou aplicações *Técnicas de administração de caixa Fisher 0,7476
Hipótese 2 Prazo médio de recebimento * Técnicas deconcessão de crédito Fisher 0,6113
Hipótese 3 Prazo médio de estocagem * Técnicas deadministração de estoques Fisher 0,07971
Hipótese 4 Desempenho do Ciclo Financeiro * Númerode Práticas Adotadas Fisher 0,5979
Hipótese 5 Desempenho do Ciclo Financeiro * Nível deEscolaridade Fisher 0,7124
Hipótese 6 Desempenho do Ciclo Financeiro * Porte daEmpresa Fisher 0,7582
Hipótese 7 Desempenho do Ciclo Financeiro *Atividade Principal Fisher 0,2699
Hipótese 8 Número de Práticas Adotadas * Nível deEscolaridade Fisher 0,207
3 Hipótese 9 Número de Práticas Adotadas * Porte daEmpresa Fisher 0,3246
Hipótese 10 Entendimento do Termo Capital de Giro *Nível de Escolaridade Fisher 0,032
Hipótese 11 Entendimento do Termo Capital de Giro *Porte da Empresa Fisher 0,71144
Hipótese 12 Porte da Empresa * Nível de Escolaridade Fisher 0,9631
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