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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES - A VEZ DO MESTRE
A RELAÇÃO DO PROFESSOR E DO GESTOR NO PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR
RENATA SOARES DA COSTA SEMEDO
Rio de Janeiro
2013.1
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RENATA SOARES DA COSTA SEMEDO
A RELAÇÃO DO PROFESSOR E DO GESTOR NO PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR
Orientador: Vilson Sérgio de Carvalho
Rio de Janeiro
2013.1
Trabalho de Conclusão de Curso da Universidade Cândido Mendes – A vez do Mestre – como requisito parcial à obtenção do grau pós-graduação lato-sensu em Gestão Escolar.
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DEDICATÓRIA
Dedico à Deus esse momento especial e pela permissão de mais uma vitória em minha vida. Dedico esse trabalho aos meus pais, meus familiares, meus amigos que fazem parte da minha vida e tiveram influências imprescindíveis para minha especialização.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus por essa vitória.
Agradeço a todos os envolvidos dessa universidade pelos conhecimentos e
experiências que trocamos.
Tenho a honra de citar meus pais, meus familiares, meus amigos, meus pacientes,
meus professores, enfim, todos que sabem que me apoiaram e merecem muito mais que
agradecimentos.
E para contemplar essa alegria, nada como louvar a graça permitida pelo Grande
Doutor desse momento, Meu Deus, que sem Suas benções, eu não seria uma especialista e
nem teria a humildade de reconhecer as pessoas que merecem meus agradecimentos!
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" Mais do que nunca, torna-se clara a necessidade de uma educação voltada para os valores humanos, uma educação que permita a transformação da sociedade, uma escola que acredite nas diferentes possibilidades e nos diferentes caminhos que cada um traça para a sua aprendizagem, que possibilite a convivência e o reconhecimento do outro em todas as suas dimensões."
Mara Sartoretto
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RESUMO
Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) objetiva analisar a relação do professor e
do gestor no processo de inclusão educacional. Esse trabalho divide-se em quatro etapas:
a primeira aborda o histórico e os conceitos do processo de inclusão escolar, desenvolvendo o
papel da escola na inclusão. A segunda etapa tem foco no professor. Destacando seu papel,
suas dificuldades, condutas e habilidades na inclusão. Destacando as contribuições de
Vygotsky neste contexto. A terceira etapa tem foco no gestor escolar. Conceituando esse
profissional e sinalizando sua importância frente ao processo de inclusão. Sua influência nas
transformações organizacionais, no pedagógico e no tipo de gestão. A quarta e última etapa é
a defesa propriamente dita, relacionando as questões que envolvem a inclusão, o professor, o
gestor e o aluno incluído. Tratando da relação dos dois profissionais ilustrados
respectivamente: o professor e o gestor escolar. Nas considerações finais haverá um
fechamento de idéias que conclui a importância do professor e do gestor no processo de
inclusão escolar. Havendo mudanças de atitudes e sistemas, os incluídos desfrutaram de seus
direitos numa sociedade muito melhor.
Palavras-chaves: Inclusão. Professores. Gestor. Relações. Escola.
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:
O estudo será desenvolvido através da bibliografia dos autores: Mantoan (1988),
Sartoretto (2009), Oliveira (2009), Pereira (2008), Toledo;Martins (2009), Valle (2010),
Michels (2006) e Vioto;Vitaliano (2012). Eles ilustrarão os principais conceitos do trabalho:
Processo de inclusão, papel do professor e relação entre professor e aluno incluído.
No capítulo I haverá as contribuições de Mantoan e Sartoretto, abordando o histórico
da inclusão e o papel da escola neste processo.
No capítulo II o destaque é dos autores Oliveira, Mantoan e Toledo;Martins, tratando
do papel do professor e como este profissional lida com a inclusão escolar.
No capítulo III será indicado por Marta Josiane Vioto (2012) e Maria Helena Michels
(2006) abordando o papel da gestão pedagógica frente ao processo de inclusão escolar.
No capítulo IV, a grande defesa do trabalho, destacando diversas relações do professor
e gestor no processo de inclusão. Para o professor haverá contribuição de Pereira (2008) e
Valle (2010), pautando seis considerações importantes que relacionam o professor da
inclusão. E para o gestor, será destacada três relações, segundo Vioto;Vialiano (2012), Beyer
(2006) e Michels (2006).
O trabalho apresentará três objetos de estudos:
1) Os alunos com necessidades especiais no processo de inclusão
2) O professor
3) O gestor escolar
O estudo para o assunto será delimitado através da bibliografia de livros, artigos e sites
oficiais.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 09
1. CAPÍTULO I : INCLUSÃO ESCOLAR ............................................................. 11
1.1 Histórico da inclusão ................................................................................................. 12
1.2 O papel da escola na inclusão ..................................................................................... 13
2. CAPÍTULO II : O PROFESSOR NA INCLUSÃO ............................................. 17
2.1 Papel do professor ........................................................................................................ 17
2.2 Lidando com a inclusão escolar ................................................................................. 19
3. CAPÍTULO III : O GESTOR ESCOLAR NA INCLUSÃO ............................. 23
3.1 As principais contribuições do gestor escolar .......................................................... 24
4. CAPÍTULO IV: AS PRINCIPAIS RELAÇÕES DOS PROFISSIONAIS NA
INCLUSÃO ESCOLAR ................................................................................................ 28
4.1 As relações do professor .......................................................................................... 28
4.2 As relações do gestor ................................................................................................ 31
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 33
BIBLIOGRAFIAS E WEBGRAFIAS ......................................................................... 35
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INTRODUÇÃO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) tratará da relação do professor e do
gestor na educação inclusiva.
O procedimento metodológico será a técnica de pesquisa bibliográfica como fontes de
livros, artigos e consultas em sites oficiais.
Os autores foram escolhidos para conceituar e sinalizar como o professor e o gestor
podem influênciar na relação com o aluno, pais, escola e sociedade.
A justificativa para esse assunto é apresentar a importância desse assunto que requer
mudanças no sistema educacional, onde todos precisam ter ciência e aplicar a inclusão na
sociedade e não apenas na esfera escolar.
Objetivo geral é conscientizar a sociedade para os incluídos desfrutarem de uma
sociedade melhor.
O objetivo específico é relacionar a importância do professor e do gestor no processo
de inclusão educacional.
Para especificar os objetivos, serão mapeados em quatro capítulos:
O primeiro capítulo abordará a inclusão educacional. Destacando um breve histórico
sobre a inclusão, sinalizando a visão do mundo neste contexto, em ambientes educacionais.
Depois abordará o papel da escola brasileira no processo de inclusão.
O papel da escola é construir cidadania através do acesso ao conhecimento, isto só será possível se dentro da escola tivermos uma verdadeira representação do grupo social que está fora da escola: pessoas com diferentes credos, de raças diferentes, com saberes diferentes, pessoas sem deficiência (existem?) e pessoas com deficiência. (SARTORETTO, 2013, p.2)
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O segundo capítulo tem foco no professor. Desenvolverá o papel do professor no
sentido de suas dificuldades e revalorizações, destacando algumas condutas e habilidades
neste papel. Depois a questão de como o ele lida com a inclusão na escola. Considerando as
contribuições de Vygotsky, a importância da formação continuada e a troca de experiências
com outros profissionais para lidar com as dificuldades do processo de inclusão. Oliveira
(2009, p116) ressalta a opinião de alguns professores quanto ao seu papel: “Há professores
que não querem mudar, acham que está tudo bem, que tem dado certo até agora”.
O terceiro capítulo tem foco no gestor da escola. Abordando seu papel e sua
importância frente ao processo de inclusão. Envolve-se com as transformações
organizacionais, com o pedagógico e com a gestão participativa.
O quarto capítulo direciona para a defesa deste trabalho. Tratando da relação dos dois
profissionais ilustrados respectivamente: o professor e o gestor escolar. Quanto ao professor
será sinalizada seis diferentes relações no processo de inclusão. E ao gestor destacará três
considerações para este contexto.
Em seguida, será a conclusão. Havendo o fechamento das idéias abordadas, com o
propósito de comprovar a seguinte hipótese: Há significativas relações do professor e do
gestor no processo de inclusão?
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1. CAPÍTULO I: INCLUSÃO ESCOLAR
Este capítulo tem o propósito de conceituar a inclusão. Autoras como Pereira (2008),
Sartoretto (2013) e Mantoan (1988) ilustram essa questão e abrangem o processo de
inclusão tanto no contexto educacional quanto social.
Mas o que é inclusão?
O dicionário informa que “incluir” significa compreender, abranger, fazer parte,
pertencer, processo que pressupõe grande respeito à diferença.
Segundo Pereira (2008, p.1): "A inclusão é um movimento mundial de luta das
pessoas com deficiências e seus familiares na busca dos seus direitos e lugar na sociedade".
A autora ressalta que o termo inclusão já trás implícito a idéia de exclusão, pois só é possível
incluir alguém que já foi excluído.
Segundo Kunc (1992), citado no artigo de Pereira (2008, p.1), inclusão é: "o princípio
fundamental da educação inclusiva é a valorização da diversidade e da comunidade humana".
Ele defende que quando a educação inclusiva é totalmente abraçada, abandona-se a idéia de
que as crianças devem se tornar normais para contribuir para o mundo.
Segundo Mantoan (1988) a inclusão é uma inovação, mas muito polêmico em
diversos segmentos. Por isso apoai-se nas defesas legais como a Constituição Federal e Lei
de Diretrizes e Bases para garantir práticas de inclusão seguras e não como movimentos
distorcidos. Ela (1988, p.1) sinaliza: "No entanto, inserir alunos com déficits de toda ordem,
permanentes ou temporários, mais graves ou menos severos no ensino regular nada mais é do
que garantir o direito de todos à educação - e assim diz a Constituição."
Mara Sartoretto conceitua de forma clara sobre a inclusão, que significa a
possibilidade de ver, de refletir, de analisar a escola sob todos os aspectos.
A primeira evidência que surge desse tipo de análise, desse modo de ver a escola, é o fato de que a escola não esgota sua tarefa na mera transmissão de informações. Sua missão vai muito além. Mais do que nunca, torna-se clara a necessidade de uma educação voltada para os valores humanos, uma educação que permita a transformação da sociedade, uma escola que acredite nas diferentes possibilidades e nos diferentes caminhos que cada um traça para a sua aprendizagem, que possibilite a convivência e o reconhecimento do outro em todas as suas dimensões. (SARTORETTO, 2013, p.1)
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É poder analisar a inclusão sob todos os ângulos. A inclusão em uma escola é adotar
práticas pedagógicas onde pessoas com deficiência possam aprender e produzir aquilo que são
capazes, segundo seu ritmo e suas medidas de possibilidades. Ou seja, não é inclusão
qualquer procedimento pedagógico que não tenha o respeito à diferença e a valorização de
todas as possibilidades de pessoas com necessidades especiais.
1.1 Histórico da inclusão
Pereira sinalizou alguns marco históricos no mundo que apoiam a inclusão em
qualquer aspecto. Destacou documentos nacionais e internacionais que abordam a inclusão
no ambiente educacional.
Em 14 de dezembro de 1991 foi assinada uma resolução da ONU (45/91) que solicitou
ao mundo uma mudança no foco do programa das nações unidas sobre deficiência passando
da conscientização para a ação, com o compromisso de se concluir com êxito uma sociedade
global para todos por volta de 2010. A ONU estabeleceu quase uma década para que o
mundo se movimentasse pelos "direitos humanos de todos os humanos."
O marco histórico da inclusão foi em junho de 1994, com a Declaração da Salamanca
Espanha, assinado por 92 países, numa conferência realizada pela UNESCO, que tem como
princípio fundamental que todos os alunos devem aprender juntos, sempre que possível,
independente das dificuldades e diferenças que apresentem.
Em 1996, o Brasil promulga a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que refere-se a palavra
"preferencialmente" incluída. Que haverá inclusão juntamente com os serviços de apoio
especializado na escola regular para atender as pecularidades. O atendimento educacional será
feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre em função das condições
específicas do aluno e se não for possível sua integração nas classes comuns do ensino
regular.
Em 2001, esse "preferêncialmente" que a LDB especifica foi superada pela Resolução
n.2/2001, que institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica,
exigindo obrigatoriamente a matrícula do aluno em escolas regulares, independente da
condição específica de sua necessidade. Pereira (2008, p.2) cita a Resolução: "Os sistemas
de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o
atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as
condições necessárias para a educação de qualidade para todos."
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Em 2002, a Declaração de Madri define o parâmetro conceitual para a construção de
uma sociedade inclusiva, focalizando os direitos das pessoas com deficiências, as medidas
legais, a vida independente, entre outros.
Neste mesmo ano, o Japão aprova a declaração Sopporo, assinada por 109 países, que
defende a educação inclusiva onde a participação plena começa desde a infância nas salas de
aulas, nas áreas de recreio e em programas e serviços.
Quando crianças com deficiência se sentam lado a lado com muitas outras crianças, as nossas comunidades são enriquecidas com a aceitação de todas as crianças. Devemos instar os governos em todo o mundo a erradicarem a educação segregada e estabelecer uma política de educação inclusiva. (PEREIRA, 2008, p.2) Em 2004 foi declarado o ano das pessoas com deficiência e suas famílias. Isso
começou porque em Caracas, no entre os dias 14 e 18 de outubro de 2002, houve a primeira
Conferência da Rede Ibero-Americana de Organizações Não Governamentais de Pessoas com
Deficiência e suas Família, que considera ser compromisso de todos elevar a qualidade de
vida de pessoas com necessidades especiais e suas famílias por meio de serviços de qualidade
em saúde, educação, moradia e trabalho.
De acordo com esse histórico percebe-se que há uma visão homogênea do mundo na
defesa da inclusão escolar. Logo, as escolas brasileiras tem um compromisso mundial nesse
sentido e deve efetivar a inclusão em todos os ambientes educacionais.
1.2 O papel da escola na inclusão
A escola torna-se inclusiva quando oferece condições para que todos possam aprender,
atendendo todos os alunos. Utilizar a diversidade humana como forma de organizar o ensino
e construções das aprendizagens.
Porém, o processo de transformações de uma escola é lento. Romper com os modelos
pedagógicos vigentes é complexo, mas quando se trata de inclusão, esse processo deve
construir habilidades e competências para a vida.
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Sartoretto destaca a valor de conviver com a diversidade, tão necessária para a vida.
Em ambiente educacional segregado não será possível aplicar a inclusão.
O papel da escola é construir cidadania através do acesso ao conhecimento, isto só será possível se dentro da escola tivermos uma verdadeira representação do grupo social que está fora da escola: pessoas com diferentes credos, de raças diferentes, com saberes diferentes, pessoas sem deficiência (existem?) e pessoas com deficiência. (SARTORETTO, 2013, p.2)
O papel da escola é formar cidadãos através do acesso ao conhecimento. O das
escolas especiais é oferecer atendimento educacional especializado, e não educação especial.
Esse tipo de atendimento garante aos alunos com deficiências especiais uma aprendizagem
diferente do ensino comum e desenvolve habilidades de que eles necessitam para superar as
barreiras impostas pela deficiência.
O objetivo do processo de inclusão é que as escolas regulares ao abrir suas portas aos
alunos com deficiências especiais faça com qualidade e respeito. É um desafio que exige
preparo, acolhimento em sala de aula, busca de novas respostas educacionais. A
responsabilidade é de todos os envolvidos: alunos, professores, diretores, pais, políticas
públicas etc.
Tanto Sartoretto quanto Mantoan ressaltam que a inclusão é um direito e não um
favor. A Constituição Federal Brasileira assegura que proponham alternativas para uma
sociedade melhor, baseada na educação, permeada pela riqueza das diferenças humanas.
Mantoan conceitua que a educação é para todos os alunos e não para alguns com
necessidades especiais. Logo, a inclusão exige da escola brasileira um ensino de qualidade e
novos posicionamentos como a modernização e aperfeiçoamento dos professores às suas
práticas.
O aluno não é para ser segregado em classes especiais e atendimentos à parte.
Algumas instituições disponibilizam o ensino especial, onde separa os alunos que não
atenderam as expectativas e exigências da escola regular.
A grande realidade da inclusão hoje é que o ensino especial está desvinculado do
regular e o ensino de baixa qualidade. É um desafio que atinge todo o sistema da educação e
os paradigmas sociais.
A educação básica está em foco, pois precisa superar esses desafios e interfere no
desenvolvimento econômico e social.
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Mesmo com leis educacionais que viabilizam alternativas para melhorias do ensino
nas escolas, não significa que se tornaram inclusivas, abertas a todos os alunos, indistinta e
incondicionalmente.
Uma constante é a inclusão parcial, que não chega a ocasionar mudanças na base das
escolas e o atendimento aos alunos com necessidades especiais são semi ou totalmente
segregados, com classes especiais, salas de recurso, turmas de aceleração, escolas especiais,
entre outros.
As escolas que não estão atendendo alunos com deficiência em suas turmas regulares se justificam, na maioria das vezes pelo despreparo dos seus professores para esse fim. Existem também as que não acreditam nos benefícios que esses alunos poderão tirar da nova situação, especialmente os casos mais graves, pois não teriam condições de acompanhar os avanços dos demais colegas e seriam ainda mais marginalizados e discriminados do que nas classes e escolas especiais. (MANTOAN, 1988, p.3)
Por isso a importância de redefinir e colocar novas alternativas e práticas pedagógicas
que favoreçam todos os alunos.
A perspectiva da escola é ser um lugar que torne cidadãos, com identidade social e
cultural. Ela proporciona aprender a valorizar a diversidade nas salas de aula.
A inclusão escolar exige da escola questões de estrutura e de funcionamento. Por isso,
mudanças nessa modalidade são ameaçadoras e contestadas.
O movimento inclusivo exige compromisso de transformar a escola para se adequar
aos novos tempos. Mantoan (1988, p. 12) afirma: "A escola é do povo, de todas as crianças,
de suas famílias, das comunidades em que se inserem."
O ambiente escolar é rico de trocas, intercâmbios intelectuais, sociais, culturais, enfim
trás a diversidade no meio social.
Havendo um aprimoramento na qualidade do ensino regular e adicionando princípios
educacionais para todos os alunos, resultará naturalmente a inclusão escolar dos deficientes.
Tornar da educação especial não um foco de grupo exclusivo de alunos, e sim, desenvolver
novas maneiras de ensinar, nos ideais democráticos de uma educação para todos.
Mantoan (1988, p.14) ressalta: "Assim sendo, instalar uma classe especial em uma
escola regular nada mais é do que uma justaposição de recursos, assim como o são outros, que
se dispõem do mesmo modo". Ela propõe a fusão do ensino regular com do especial. Mas
não é agregar uma modalidade à outra, é incorporar elementos distintos para criar uma nova
estrutura.
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A autora resume que inclusão é um tipo de inserção mais completa e sistemática. Seu
conceito engloba uma vida educativa e social. Acarreta mudanças de perspectivas. Refere-se
a todos os alunos incluídos nas escolas regulares.
Essa perspectiva prioriza o desenvolvimento de novas atitudes, formas de interação,
mudanças no relacionamento pessoal e social, e nesse contexto, efetivar processos de ensino e
aprendizagem.
Ela ressalta que a formação do pessoal envolvido com a educação e a assistência às
famílias são de fundamental importância para conscientizações e desenvolvimento humano.
Conclui-se que a inclusão teve uma construção histórica através de Declarações e
legislações aprovadas em diversos países do mundo. Uma visão homogênea na defesa da
inclusão dos excluídos de toda ordem. E o ambiente escolar é a oportunidade para a aplicação
prática com esse grupo. Ainda que envolva transformações em todo o sistema educacional e
principalmente no corpo envolvido que lida diretamente com essa questão, é direito de todos a
inserção no ambiente escolar, principalmente nas classes regulares de ensino. Quanto ao
pessoal envolvido, o professor é o profissional direto a esse contexto e sua formação é a base
de suas práticas. Esse assunto terá destaque no próximo capítulo.
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2. CAPÍTULO II: O PROFESSOR NA INCLUSÃO
Este capítulo tem o propósito de sinalizar as questões do professor na inclusão escolar,
baseado nos autores Oliveira (2009), Mantoan (1988) e Toledo,Martins (2009).
Como professor é o profissional que lida diretamente e maior parte do tempo com o
aluno com necessidades especiais, é importante abordar os desenvolvimentos e dificuldades
dessa relação.
Num primeiro momento será destacado o papel do professor no sentido de suas
dificuldades e revalorização. No outro, abordará as questões de como o professor lida com a
inclusão escolar na prática e suas expectativas nos cursos de formação continuada.
2.1 Papel do Professor
Oliveira (2009) identifica algumas dificuldades que os professores têm de cumprir
com seu papel.
O primeiro é que alguns programas de governo não valorizam este profissional, no
qual considera que qualquer pessoa poderia dá aula. Que ser professor é dinheiro extra e não
uma profissão que carrega uma grande responsabilidade social.
Bom, esse é um dos pontos que eu queria levantar, porque a gente vê que, por alguns programas, inclusive do governo, parece que qualquer um pode dá aula. Então, é muito triste. A minha luta, durante tantos anos, é em defesa da profissão do professor, do professor como um profissional do ensino e não como aquele que quebra galho, que faz bico dentro da educação ou algo assim. (OLIVEIRA, 2009, p.112)
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Mas a valorização tão desejada de qualquer profissional depende também da postura
do mesmo. É costume do uso da "autoridade" do professor quando este não consegue lidar
ou se relacionar com os alunos. É quando professores ficam do lado de fora e os alunos
dentro da classe. Cria-se um muro na relação professor-aluno.
O professor deve-se assumir como um profissional de ensino. E isso requer tempo e
experiências. Não acontece no dia seguinte da formatura. Não depende apenas da vontade de
assumir seu papel, mas também das condições objetivas, institucionais, recursos estruturais da
escola, entre outras que possibilitam para exercer a profissão.
Algumas dessas condições são autorizadas ou não pela direção. Oliveira (2009, p.115)
exemplifica: "No momento em que se colocava em prática aquilo que tinha sido planejado, na
escola, o diretor não deixava: ´Aqui não pode ser´."
Ela (2009, p.115) seleciona seis condutas e habilidades principais ao papel do
professor:
1) Habilidade técnico-pedagógica: Conhecer, aplicar e avaliar seus objetivos em sala de aula.
2) Habilidades psicopedagógicas: Conhecer o perfil dos alunos para interagir com gerações
que não são a do professor.
3) Ter responsabilidade social: não é apenas ensinar um certo conteúdo, e sim formar
cidadãos.
4) Ter compromisso político: defender transformações sociais que levam a superar as
desigualdades.
5) Ser engajado na rotina institucional: sendo disciplinar às normas, facilita aos alunos a
apresentarem igualmente posturas disciplinares.
6) Investir na própria formação: não se pode estagnar porque a educação não pára no tempo.
Nas pesquisas, a autora tem muitos professores que não querem mudar, se aperfeiçoar,
não enxergando as causas que contribuem para o fracasso. Afirma (2009, p.116): "Há
professores que não querem mudar, acham que está tudo bem, que tem dado certo até agora."
É em cursos e especializações que conhecemos diversas teorias e elas são fundamentais para
enxergar melhor a sala de aula.
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A identidade profissional também é uma conquista coletiva. Quando o professor
conversa com outros colegas, trocam experiências, acarretam identificações e ajudam a
esclarecer problemas. Oliveira (2009, p.117) esclarece: "O professor tem que lidar com suas
próprias contribuições também de um modo coletivo, e vocês veem, quando conversam uns
com os outros, parece que existe certo alívio". A cooperação entre os professores são sempre
bem vindas dentro da escola.
O papel do professor é influenciado pela desvalorização da categoria. Antigamente
tinha-se uma posição de honra, de muito respeito. Hoje, há muitos estudos para a
revalorização da classe.
O primeiro passo é o próprio profissional se valorizar. Ser pró-ativo, porém dá limites
a certas atribuições que não são da alçada do professor. Oliveira (2009, p. 118) afirma:
"Então, eu acho que as coisas precisam mudar e, para mudar, para a revalorização do nosso
papel, da nossa profissão, isso depende em grande parte de nós mesmos. De nos recusarmos a
aceitar atribuições que nos são dadas, certas tarefas."
2.2 Lidando com a inclusão escolar
Toledo e Martins (2009) abordam as contribuições de Vygotsky na atuação do
professor diante do processo de inclusão.
Na prática, muitos professores temem receber alunos com necessidades educacionais
especiais em suas salas. Porém, eles devem ter atitudes mais pró-ativas pois são responsáveis
por atuar junto a essas crianças.
Neste contexto, Vygotsky deixou um importante legado quanto as formas de como as
aprendizagens ocorrem, principalmente pelas relações sociais que são fundamentais para o
desenvolvimento do pensamento e da linguagem.
Uma de suas obras, a Defectologia, defende a não segregação dos alunos com
necessidades especiais. Toledo e Martins (2009, p. 4131) citam Vygotsky: “Todo o defeito
cria um estímulo para elaborar uma compreensão. [ ...] Junto com as deficiências, estão as
forças, as tendências, as aspirações a superá-lo ou nivelá-lo.”
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Novas possibilidades se abrem ao professor quando percebe que a deficiência não é
uma limitação, uma debilidade, mas sim uma potência, uma grande força e atitudes.
Por isso, os professores ao lidar com a inclusão, devem ter muita compreensão,
oferecer recursos para uma nova aprendizagem. Ele é o facilitador para que seus alunos
percebam suas capacidades. Porém, quando as crianças são expostas às experiências de
fracasso, acabam acreditando na sua incapacidade.
Para Vygotsky o desenvolvimento se apresenta em dois níveis: o real e o
potencial; o primeiro representa aquilo que a criança pode realizar sozinha, e
o segundo o que ela só conseguirá com a ajuda de outra pessoa mais
capacitada ou realizará através da imitação. Desse modo, aprender ou não
aprender na escola está relacionado com as interações entre os sujeitos que
compõem este cenário. (Toledo, Martins, 2009, p. 4132)
Por isso o professor é o agente facilitador dos processos de aprendizagem. Perceber
seu aluno como sujeito singular e que constrói aprendizagem através das relações sociais
existentes no contexto social. Considerar que além do limite aparente, há possibilidades de
desenvolvimento, que dependerá em boa parte da sua atuação.
Neste contexto, Mantoan deixa sua contribuição ao abordar a importância da formação
continuada dos professores e as dificuldades do seu papel na inclusão escolar.
Ela afirma que parte dos professores são resistentes às inovações educacionais de
qualquer ordem, e a inclusão é uma delas.
Os professores consideram a educação para todos válida, porém, utópica para ser
concretizada com muitos alunos nas circunstâncias que se trabalha, principalmente nas redes
públicas de ensino.
Na visão funcional, incluir um aluno com necessidades especiais rompe com o
trabalho prático que aplica na sala de aula.
As inovações educacionais abalam a identidade profissional e o lugar conquistado
pelos professores em um sistema de ensino; atentando contra a experiência e o esforço que
fizeram para adquiri-los.
Qualquer ser humano, inclusive os professores tendem a adaptar uma situação nova às
anteriores.
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Na formação de professores estão habituados a aprender de maneira instrucional e
incompleta. E na formação continuada, eles esperam aprender uma prática inclusiva, aplicar
esquemas de trabalho pré-definidos às suas salas de aulas. Espera-se garantir soluções dos
problemas que presumem encontrar nas escolas inclusivas.
O curso de formação continuada ou de extensão representa para alguns professores um
certificado que lhes convalida a capacidade de efetivar a inclusão escolar, dando sentido de
terminalidade. A expectativa é que lhes ensinem o que é preciso fazer para trabalhar com
níveis diferentes de desempenho escolar, conduzindo as aulas da mesma maneira de antes.
Acreditamos que os conhecimentos que lhes faltam para ensinar as crianças com deficiências ou dificuldades de aprender por outras incontáveis causar referem-se primordialmente à conceituação, etiologia, prognósticos das deficiências e que precisam conhecer e saber aplicar métodos e técnicas específicas para a aprendizagem escolar desses alunos. (MANTOAN, 1988, p.7)
Os modos de como os professores aprendem para se profissionalizar e aperfeiçoar seus
conhecimentos pedagógicos influência significativamente como reagirá às novidades
educacionais.
Formar professores para uma escola inclusiva direciona várias propostas de
metodologia.
Mantoan defende os princípios educacionais construtivistas para incentivar a
aprendizagem através da cooperação, autonomia intelectual e social, tudo que propicie um
desenvolvimento global dos alunos.
Refere-se ao professor de não ser um mero instrutor e aplicar seu papel para formação
de atitudes e valores dos futuros cidadãos.
É fundamental que os professores compartilhem idéias, sentimentos e ações entre os
professores e diretores da escola. As experiências concretas e as situações do dia-a-dia são a
matéria-prima das mudanças. Mantoan (1988, p. 8) afirma: "O questionamento da própria
prática, as comparações, a análise das circunstâncias e dos fatos que provocam perturbações
e/ou respondem pelo sucesso vão definindo, pouco a pouco, aos professores as suas ´teorias
pedagógicas´."
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Por isso a necessidade de formar grupos de estudos na escola, para compreensão dos
problemas educacionais. Quando se compartilha sucessos e erros, facilitam as relações em
geral. Mantoan (1988, p. 10) identifica: "As relações entre as crianças, pais, professores,
diretores e toda a comunidade escolar se estreitaram, nos laços da cooperação, do diálogo,
fruto de um exercício diário de compartilhamento de seus deveres, problemas e sucessos."
Neste contexto é importante considerar que o papel do professor não se limita em
avaliar o aproveitamento dos alunos com necessidades nas classes regulares. Abrange na
questão se o professor evoluiu na maneira de ensinar em sala de aula; se houveram
transformações na escola; se as crianças são respeitadas nas suas possibilidades de avançar; e
se constroem conhecimentos no coletivo e na solidariedade.
Conclui-se que apesar dos impasses do professor concretizar o seu papel, Oliveira
defende que isso vai depender da postura do profissional. E que apesar das grandes
resistências as mudanças que o ser humano já tem naturalmente, a resistência à inclusão é
muito complexa, pois exige mudanças estruturais no sistema educacional. As contribuições de
Vygostky defende o professor sendo facilitador da aprendizagem através das relações sociais.
E ele não deve ficar aguardando uma "receita de bolo" para lidar com os "incluídos" em sua
sala, este deve ter atitudes construtivas para proporcionar as potencialidades e o melhor bem
estar de todos os alunos.
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3. CAPÍTULO III: O GESTOR ESCOLAR NA INCLUSÃO
Este capítulo tem o objetivo de destacar a importância do gestor escolar frente
ao processo de inclusão na escola. Terá contribuições do artigo das autoras Josiane
Vioto e Célia Vitaliano, do artigo de 2012: "O papel da gestão pedagógica frente ao
processo de inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais".
Maria Helena Michels (2006, p.407) define o gestor escolar como o
profissional que tem funções administrativas, financeiras e pedagógicas, sendo
responsabilizado pelo sucesso ou fracasso dessa política.
Sobre o gestor escolar, as Vioto e Vitaliano (2012, p.1) destacam que é ele
quem promove as transformações organizacionais da escola. É o mediador, eliminador de
barreiras, agregador da comunidade escolar e construtor de práticas inclusivas, por meio de
reflexões e ações. Uma de suas funções é fazer da escola um ambiente acolhedor e prazeroso.
Deve proporcionar a todos os alunos o acesso a permanência, ao aprendizado, tudo com
qualidade independente de características físicas, cognitivas, sociais e culturais.
As autoras (2012, p.6) citam Luck (2009, p.95) ao definir a gestão pedagógica
como a ramificação mais importante na gestão escolar.
Constitui-se como a dimensão para a qual todas as demais convergem, uma vez que esta se refere ao foco principal do ensino que é a atuação sistemática e intencional de promover a formação e a aprendizagem dos alunos, como condição para que desenvolvam as competências sociais e pessoais necessárias para a sua inserção proveitosa na sociedade e no mundo do trabalho, numa relação de benefícios recíproco. Também para que se realizem como seres humanos e tenham qualidade de vida. (VIOTO, VITALIANO, 2012, p.8)
Concretizar com ideias de ensino de qualidade e educação para todos é uma realidade
ainda não concretizada, porém, que pelo menos, os mecanismos legais possam efetivar os
direitos das crianças em conviverem e aprenderem juntas em espaços regulares de ensino.
24
Neste contexto, o profissional responsável para essa questão é o gestor escolar. O
professor também tem sua relevância no processo de inclusão, mas será o dirigente quem vai
oportunizar um ambiente de liberdade de trabalho de todos os profissionais para as práticas
inclusivas.
Sabemos que a figura do professor em uma escola que trabalha numa perspectiva de Educação Inclusiva é de essencial relevância, todavia, não podemos menosprezar o papel do gestor escolar frente ao este processo. Mesmo porque, a educação inclusiva traz à emergência de se prever uma escola que atenda a todos os alunos, sem nenhum tipo de discriminação, com o compromisso de toda comunidade escolar estar envolvida, de forma a contribuir com a transformação destes espaços educativos. (VIOTO, VITALIANO, 2012, P.2)
Eis o destaque do papel do gestor escolar, pois é ele quem contribuirá para a estrutura
organizacional das escolas, visando transformações. Principalmente no que diz respeito à
cultura da escola. Para uma escola regular atender alunos com necessidades especiais é
necessário que este profissional esteja comprometido e disposto a mobilizar toda a
comunidade escolar com a educação inclusiva.
3.1 As principais contribuições do gestor escolar
Vioto e Vitaliano dividem em três categorias quanto as contribuições do gestor escolar
frente ao processo de inclusão:
1) Transformações e conscientizações organizacionais da escola.
2) Seu papel nas práticas pedagógicas e no processo educacional inclusivo
3) Gestão participativa.
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1) Transformações e conscientizações organizacionais da escola:
As autoras (2012, p.8) citam Tesani (2004, p.44) ao considerar que o gestor
pedagógico tem o papel de promover transformações na organização escolar, junto com
outros profissionais do ensino, eliminando as barreiras que impeçam o processo de inclusão
de todos os alunos. Promove ressignificados e reconstruções culturais inclusivas.
O gestor prevê a articulação com o currículo em torno da avaliação, procedimentos metodológicos, conteúdo e aprendizagem, bem como, do fazer pedagógico, propriamente dito que operacionaliza a interação dos elementos escolares, na promoção do fazer coletivo a fim de construir e legitimar objetivos educacionais comuns, direcionados em práticas pedagógicas mais inclusivas. (VIOTO, VITALIANO, 2012, p.8)
Outra contribuição do gestor é o trabalho de conscientização da equipe organizacional
para as práticas inclusivas. Só após o trabalho de conscientização é que possibilita mudanças
educacionais, de forma a transformar as escolas, passando de uma cultura homogênea para
uma heterogênea/inclusiva. Que essa heterogeneidade seja percebida como princípio básico
para elaboração de todas as propostas pedagógicas.
É necessário considerarmos que somente a partir das transformações decorrentes nos sistemas organizacionais educacionais, é que a escola poderá criar novos valores, e consequentemente uma nova cultura escolar, partindo, dessa forma, da conscientização de todos os profissionais envolvidos nesse processo, em especial a gestão pedagógica. (VIOTO, VITALIANO, 2012, p. 9)
2) Seu papel nas práticas pedagógicas e no processo educacional inclusivo:
Para efetivar práticas pedagógicas inclusivas, o gestor deve analisar e identificar
possíveis barreiras, seja de ordem material ou humana, a fim de possibilitar o
desenvolvimento da aprendizagem de todos os alunos, principalmente os com necessidades
especiais. Por isso, ele deve "ir a campo" analisar o cotidiano do aluno, da sua história de
vida, compreender a fundo a realidade do aluno, e que os dados coletados contribuam
diretamente no seu desempenho.
A gestão terá uma participação significativa, estimulará a discussão contínua da prática pedagógica, clarificará a realidade, tratá à tona o processo de construção da própria escola, procurando contribuir, por meio da criatividade, com as formas mais abrangentes, mais específicas de que a escola necessita. (VIOTO, VITALIANO, 2012, P.10)
26
As autoras defendem que o gestor deve ir a campo, ele é um profissional atuante, é
agente neste processo de inclusão.
Também é citado Penaforte (2009) ao considerar que o gestor deve desenvolver
estratégias instrucionais e diagnosticar as necessidades dos professores perante ao processo de
inclusão. Encontrar alternativas viáveis para a prática inclusiva do professor e para o
aprendizado dos alunos.
O gestor pode promover importantes instruções:
ü Auxiliar professores na identificação das necessidades especiais dos alunos e nas
metodologias de ensino diferenciadas e adaptadas.
ü Elaborar currículos dinâmicos, flexíveis e adaptáveis.
ü Fazer adaptações físicas e sociais.
3) Gestão participativa:
A gestão participativa foi uma das formas mais viáveis de inserir a inclusão na
comunidade escolar.
Quando o gestor elabora planejamentos e estratégia em coletivo, com a participação de
todos os envolvidos do ambiente escolar, prepara a equipe para significativas e efetivas
práticas pedagógicas inclusivas.
Envolver o grupo significa proporcionar troca de idéias, de experiências, de
conhecimentos e ter comprometimento com a equipe.
Vioto e Vitaliano (2012, p.12) citam Azevedo e Cunha (2008, p.67) ao atribuir o
trabalho da gestão pedagógica:
Articular o processo de educação inclusiva, oportunizar a integração entre todos os envolvidos no processo educativo, estabelecer relações e interrelações entre toda comunidade escolar e contemplar todos os educandos, considerando suas diferenças individuais e ressaltando as suas potencialidade. (VIOTO, VITALIANO, 2012, p.12)
A gestão pedagógica, os professores e demais profissionais envolvidos devem
coletivamente discutir, analisar as problemáticas que vivenciam para juntos superar as
dificuldades.
As autoras ressaltam que não é apenas de responsabilidade do gestor e professor
analisar as questões de inclusão, e sim, todo o grupo que compõe a comunidade escolar.
27
Percebe-se que o desenvolvimento de um trabalho compartilhado contribui
significativamente para as reflexões e ações do processo de inclusão e aprendizagem.
Vioto e Vitaliano (2012, p.13) concluem que "é preciso que o gestor compreenda o seu
papel de articular e promotor de um espaço que oportunize a participação de todos os
envolvidos no processo ensino/aprendizagem".
As autoras consideram que quando o gestor promove um trabalho participativo e
democrático, oportuniza à equipe escolar a se sentirem autoras, responsáveis, comprometidas,
como parte orgânica da realidade e dos resultados; e não apenas meros instrumentos
submentidos. Elas (2012, p.14) concluem: "É imprescindível que o gestor pedagógico se
conscientize da importância de se prover uma escola inclusiva e de promover ações que
viabilize esta proposta, mesmo porque, todos que compõem a comunidade escolar, estarão se
espelhando em suas ações".
Logo, o gestor escolar basicamente desenvolve práticas para a educação inclusiva,
motiva e conscientiza sua equipe, contribui com práticas dos professores e promove a
democratização do ensino.
28
4 - CAPÍTULO IV: A RELAÇÃO DOS PROFISSIONAIS
NA INCLUSÃO
Este capítulo contempla a defesa do trabalho, destacando algumas relações tanto do
professor quanto do gestor no processo de inclusão escolar.
No primeiro momento abordará as relações do professor, com contribuições de
Pereira (2008) e Valle (2010), destacando seis considerações. Posteriormente, será a questão
do gestor escolar, onde Vioto;Vitaliano (2012) destacam três relações deste profissional com
a inclusão.
4.1 A relação do professor
A relação do professor no processo de inclusão está diretamente associada ao aluno com
necessidades especiais e sua atuação como profissional. Pereira (2008) especifica três
importantes considerações neste processo.
a) Pedagógico sobressaindo
b) Singularidade do aluno
c) Redefinição de papéis
a) O pedagógico sobressaindo, segundo Pereira, é quando este precisa ter maior foco
do que a questão biomédica que o aluno necessita. As questões pedagógicas
devem ser priorizadas e não as biológicas. O professor não pode ter a expectativa
de que tudo será resolvido pela saúde.
Ele não deve ficar dependendo da assessoria dos profissionais da saúde, aguardando
soluções imediatas, considerando a questão clínica como a única solucionadora da
problemática e ficar aguardando apenas o tratamento clínico especializado no seu aluno.
A relação pedagógica do professor tem significativas contribuições no aluno com
necessidades especiais.
Parece que o professor está esquecendo do seu papel, porém não se considera, o momento do professor, sua formação, as condições da própria escola em receber esses alunos, que entram nas escolas e continuam excluídos de todo o processo de ensino-aprendizagem e social, causando frustração e fracassos, dificultam assim a proposta de inclusão. (PEREIRA, 2008, p.2)
29
b) A questão da singularidade do aluno considera que o professor deve conhecer o
desenvolvimento humano e suas relações com o processo de ensino-aprendizagem,
levando em conta como este se dá em cada aluno.
Nesta relação, o professor deve focar na especificidade do sujeito e não nas suas
deficiências e limitações.
Pereira (2008, p.3) ressalta: “Utilizar currículos e metodologias flexíveis,
levando em conta a singularidade de cada aluno, respeitando seus interesses, suas
ideias e desafios para novas situações”.
c) A redefinição de papéis exige do professor uma mudança de postura para
favorecer o processo de inclusão. Uma dessas mudanças é no seu planejamento,
onde deve possibilitar um ambiente de construção do conhecimento, deixando de
existir a discriminação de idade e capacidade.
Todo o aluno, independente das dificuldades, poderá beneficiar-se dos planejamentos dos
professores e dos programas educacionais, desde que sejam dadas as oportunidades adequadas
para o desenvolvimento de suas potencialidades.
O papel do professor e da escola precisam está claro e colocados em prática. Não temos nenhuma proposta de inclusão que possa ser generalizada ou multiplicada, pois ainda é incipiente, no entanto, é de consenso que esse processo é de responsabilidade de toda a sociedade e por tanto é preciso que a escola esteja aberta para a ´escuta´, favorecendo assim, as trocas para a construção do processo de inclusão escolar. (PEREIRA, 2008, p.3)
Valle (2010) também sinaliza três considerações da relação professor-aluno incluído:
d) Análise do comportamento
e) Expectativa do professor
f) Currículo adaptado e flexível
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d) O professor é o maior observador da análise do comportamento do aluno. Através de
estímulos, ele vai analisar as reações expressas. Valle desenvolve explicações da
Psicologia e utiliza a expressão “prestar atenção”. Esta, muito solicitada pelos
professores, ela defende que eles também devem “prestar atenção” para análise de
comportamentos e controle de estímulos dos alunos, principalmente os com
necessidades especiais.
A Análise de Comportamento (AC), de B. F. Skinner, é uma perspectiva psicológica que rejeita explicações cognitivas como entidades iniciadoras do comportamento e, portanto, rejeita a noção de que o “prestar atenção” possa ser entendido como uma instância mental selecionadora de estímulos. (VALLE, 2010, p.177)
e) A expectativa do professor influencia no seu planejamento e nas suas intervenções; e
está relacionada com o desempenho e com o comportamento do aluno. Ele é um dos
profissionais mais significativos para a criança, logo, sua percepção, sua expectativa e
sua qualidade na interação podem influenciar o aproveitamento escolar. Os docentes
devem reconhecer a importância das relações humanas na escola.
No que se refere à escola, o professor é um dos adultos mais significativos para a criança, e a qualidade da interação estabelecida entre ambos, a percepção que o docente tem acerca do processo de ensino-aprendizagem, bem como a expectativa sobre o desempenho e o comportamento de seu aluno, podem influenciar o aproveitamento escolar. (VALLE, 2010, p.116)
f) O Currículo adaptado e flexível é fundamental no processo de inclusão escolar. Valle
diz ser um desafio praticar um currículo com conceitos de adaptação e flexibilização.
Esta é para todos, com ou sem deficiência; e a adaptação para alguns que necessitam
de apoio generalizado. Este é um dos caminhos para o atendimento às necessidades
específicas de aprendizagem dos alunos.
O desenvolvimento de ações flexíveis deve visar o acesso ao currículo. Com o propósito de que este seja desenvolvido de maneira efetiva em sala de aula, atendendo às necessidades individuais de todos os alunos, as ações flexíveis devem abranger, em termos de alcance, três níveis: o projeto pedagógico, o currículo desenvolvido na sala de aula e o nível individual. (VALLE, 2010, p.25)
31
4.2 A relação do gestor
Segundo Vioto e Vitaliano, a principal relação do gestor escolar na inclusão é a
responsabilidade de proporcionar uma nova cultura na escola, pautada nos direitos humanos,
em beneficiar os alunos a um ensino de qualidade, e administrar como princípio básico a
igualdade.
Essa responsabilidade inicia-se conscientizando e acolhendo a todos os envolvidos no
processo de inclusão. Esses envolvidos são principalmente: o gestor, a coordenação
pedagógica, o professor, a família e os órgãos governamentais.
Beyer (2006) aborda que a nova cultura proporcionada pelo administrador escolar
direciona para um desenvolvimento pleno quando sua gestão participa todos os alunos em
todas as atividades da escola e da comunidade, independente de suas características
individuais.
O desafio é construir e por em prática no ambiente escolar uma pedagogia que consiga ser comum ou válida para todos os alunos da classe escolar, porém capaz de atender os alunos cujas situações pessoais e características de aprendizagem requeiram uma pedagogia diferenciada. Tudo isto sem demarcações, preconceitos ou atitudes nutridoras dos indesejados estigmas. Ao contrário pondo em andamento na comunidade escolar, uma conscientização crescente dos direitos de cada um. (BEYER, 2006, p.76)
Michels (2006) não aborda a cultura e sim a organização, usando a expressão nova
organização escolar ao considerar a relação do gestor na inclusão. E que essa nova
organização é atribuída em três eixos: gestão, formação de professores e inclusão.
O gestor deve organizar a escola para socialização de sabores sistematizados, sendo
um espaço social de transformações, já que a escolar tem o papel potencialmente de
transformar a sociedade. Por isso ele é responsável pelo sucesso e fracasso escolar.
A inclusão é um grande desafio, pois requer uma nova organização em todos os
sentidos e traz uma nova visão e adaptação da escola. Michels (2006, p.407) ressalta: "A
inclusão, então, aparece como propulsora de uma nova visão da escola. Agora sob a narrativa
do respeito às diferenças, oportuniza-se educação diferente para "compensar" as diferenças
sociais"
32
. A gestão não funciona apenas como uma organizadora da escola e sim de toda a
educação, uma vez que todas as escolas tenham a mesma meta de conscientizar, organizar e
proporcionar a cultura da inclusão. Os conceitos de novas culturas e organizações não se
limitam aos muros de uma escola, é uma reforma estrutural para a educação pública.
A lógica assumida pelas reformas estruturais que a educação pública vai viver no Brasil em todos os âmbitos (administrativo, financeiro, pedagógico) e níveis (básica e superior) tem um mesmo vetor. Os conceitos de produtividade, eficácia, excelência e eficiência serão importados das teorias administrativas para as teorias pedagógicas. (MICHELS, 2006, p.411)
Michels (2006, p. 411) ressalta que não é uma tarefa fácil aplicar mudanças,
principalmente culturais e organizacionais, pois altera todo o cotidiano da instituição. Por
isso, a proposta é que haja uma gestão descentralizada. O gestor deve delegar atribuições e
responsabilidades para seu grupo. Os profissionais da educação, principalmente os
professores, assumam a função de gestores da educação.
Conclui-se que há diversas relações do professor e do gestor no processo de inclusão.
A relação do professor no processo de inclusão é extensa sendo limitado para esse trabalho,
seis considerações, foram elas: pedagógico sobressaindo, singularidade do aluno, redefinição
de papéis, análise do comportamento, expectativa do professor e currículo adaptado e flexível.
Quanto a relação do gestor no processo de inclusão baseia-se em aplicar: uma nova
cultura escolar, uma nova organização institucional e uma gestão descentralizada. Para essas
três aplicações requer muito trabalho, experiências e comprometimentos.
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CONCLUSÃO
Conclui-se que o professor e o gestor escolar estão intimamente relacionados e
responsabilizados no processo de inclusão escolar. As atribuições e contribuições desses dois
cargos tem extrema influência nas transformações educacionais. Não limitados aos muros de
suas instituições, mas com fronteiras ilimitadas ao mundo da educação inclusiva.
Para essa conclusão, obteve-se a seguinte linha de raciocínio:
Conceituar sobre o que é educação inclusiva. A intenção de fazer um breve histórico
foi para destacar que além de ser uma questão legal, de direitos humanos, o mundo concorda e
defende a inclusão dos excluídos de toda a ordem.
Direcionar a inclusão na ordem educacional é sinalizar o papel da escola. Sendo um
ambiente que oportuniza práticas de inclusão, uma vez que coloca alunos com necessidades
especiais em classes regulares de ensino. Por isso o papel da escola em oferecer
oportunidades e transformações de novos cidadãos conscientizados.
E após abordar as contribuições da escola, esta é formada por diversas pessoas,
principalmente por alunos e funcionários. Destes, foi ressaltado dois: o professor e o gestor.
Principais profissionais no desenvolvimento deste processo.
A questão do professor destaca os diversos impasses para ele concretizar seu papel,
mas que a postura profissional de cada um resultará nas conquistas e benefícios dos seus
alunos. Um deles é a resistência às mudanças que o ser humano possui naturalmente e a
inclusão exige mudanças estruturais.
Outro ponto de vista a ser considerado são as atitudes do professor, que devem ser
construtivas e proporcionar as potencialidades dos alunos, principalmente aquele com
limitações especiais. Não deve aguardar resoluções da equipe de profissionais da saúde. E o
processo de ensino-aprendizagem deve está preparado para atender a especificidade de cada
aluno.
As responsabilidades do professor são extensas já que é um profissional que lida
diretamente com o aluno incluído e ele deve está sempre aprendendo para aplicar melhor seu
papel.
Abordar o gestor escolar foi fundamental nesta pesquisa, pois ele é o líder das práticas
de seus funcionários. É quem motiva, conscientiza, direciona a cultura da instituição que
administra, promove as práticas da equipe e a democratização do ensino.
34
Por isso, ao tratar das práticas de inclusão na escola, é significativo ressaltar esses dois
principais profissionais: professor e gestor.
O professor tem pelo menos seis responsabilidades com o processo de inclusão,
relacionado com o seu pedagógico, com a singularidade dos alunos, com a redefinição de
papéis, com a análise do comportamento, com sua expectativa e com o seu currículo adaptado
e flexível.
Quanto ao gestor, foi indicada três relações neste contexto: administrar uma nova
cultura, uma nova organização e uma gestão descentralizada.
Este trabalho limitou-se a essas relações abordadas pelos autores utilizados, porém há
muitas outras relações e outros profissionais que tem também significativas contribuições para
o bem estar dos alunos, principalmente aqueles com necessidades especiais.
A restrição em conceituar a inclusão escolar foi apenas para sinalizar uma pequena
amostra relacionada com práticas de igualdade, mas a inclusão precisa ser abrangente em
qualquer instituição, em qualquer pessoa, para qualquer sociedade. Pois desde sempre, o
mundo aprova, teoriza, legaliza, mas tem poucas práticas em sua realidade social.
Inclusão é uma questão de consciência; é uma aceitação das diferenças e
corresponsabilização para obviar às necessidades de outros.
35
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