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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ Campus Soane Nazaré de Andrade 21 a 23 de Maio de 2012 A representação de práticas de leitura feminina através das personagens Helena e D. Úrsula 1 Cátia Oliveira dos Santos Maria Cristina Freitas Mendes Resumo: O presente trabalho investiga a representação de práticas de leitura feminina através das personagens Helena e D. Úrsula. Dessa forma, o romance estudado será Helena (1876), autoria do escritor Machado de Assis. Fundamentado em estudos de Beauvoir (2009), Lajolo e Zilberman (1999), Mary Del Priore (2001), Pina (2002), entre outros pesquisadores, este artigo revela também a posição social da mulher do século XIX e o comportamento das leitoras em uma sociedade patriarcal. Assim, será analisado até que ponto a ideologia de que a mulher oitocentista era um ser inferior pôde influenciar em suas práticas de leitura. Além disso, para melhor entendimento dessa proposta de trabalho, serão definidos termos como leitor, leitura e práticas de leitura. Palavras- chave: Práticas de leitura; Século XIX; Helena; D. Úrsula. 1 Introdução Este trabalho apresenta uma investigação acerca da representação de práticas de leitura feminina, através das personagens machadianas Helena e D. Úrsula. O romance estudado será Helena, obra essa ambientada no século XIX e de autoria do escritor Machado de Assis. Escolhemos esse autor e a obra indicada, por acreditarmos que seus livros ambientam de forma significativa as características culturais do século XIX e o perfil do leitorado feminino. As práticas de leitura de um determinado grupo representam seu modo de conceber a vida. Lajolo afirma que a literatura na atualidade oferece gêneros e estilos para todos os gostos, como por exemplo, “romances de amor para quem curte histórias cheias de beijos intermináveis e quentes, e romances sem amor para quem se amarra em histórias de tráfico, bandidagem e

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A representação de práticas de leitura

feminina através das personagens Helena e D.

Úrsula1

Cátia Oliveira dos Santos Maria Cristina Freitas Mendes

Resumo: O presente trabalho investiga a representação de práticas de leitura feminina através das

personagens Helena e D. Úrsula. Dessa forma, o romance estudado será Helena (1876), autoria do

escritor Machado de Assis. Fundamentado em estudos de Beauvoir (2009), Lajolo e Zilberman (1999),

Mary Del Priore (2001), Pina (2002), entre outros pesquisadores, este artigo revela também a posição

social da mulher do século XIX e o comportamento das leitoras em uma sociedade patriarcal. Assim,

será analisado até que ponto a ideologia de que a mulher oitocentista era um ser inferior pôde

influenciar em suas práticas de leitura. Além disso, para melhor entendimento dessa proposta de

trabalho, serão definidos termos como leitor, leitura e práticas de leitura. Palavras- chave: Práticas de leitura; Século XIX; Helena; D. Úrsula.

1 Introdução

Este trabalho apresenta uma investigação acerca da representação de práticas de leitura

feminina, através das personagens machadianas Helena e D. Úrsula. O romance estudado será

Helena, obra essa ambientada no século XIX e de autoria do escritor Machado de Assis.

Escolhemos esse autor e a obra indicada, por acreditarmos que seus livros ambientam de forma

significativa as características culturais do século XIX e o perfil do leitorado feminino.

As práticas de leitura de um determinado grupo representam seu modo de conceber a vida.

Lajolo afirma que a literatura na atualidade oferece gêneros e estilos para todos os gostos, como

por exemplo, “romances de amor para quem curte histórias cheias de beijos intermináveis e

quentes, e romances sem amor para quem se amarra em histórias de tráfico, bandidagem e

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armamento pesado [...]” (LAJOLO, 2001, p. 09).

Assim, é cultural que uma mulher romântica, por exemplo, prefira ler romances em que

encontre histórias de amor com um final feliz. Em contrapartida, é possível que uma pessoa que

1Artigo apresentado ao curso de Letras (2011) pelas discentes Cátia Oliveira dos Santos e Maria Cristina Freitas Mendes,

como um dos pré-requisitos para aprovação na disciplina Prática de Pesquisa em Língua Portuguesa e Literatura, sob a orientação das professoras Glória de Fátima Lima dos Santos e Patrícia Kátia da Costa Pina.

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conceba a vida como uma sequência de acontecimentos inesperados, opte por uma obra de

suspense. Há também aqueles que gostam de se sentirem bem informados, preferindo ler

revistas, jornais e outros gêneros informativos que abordem questões de seu interesse. Dessa

forma, a escolha da leitura acompanha o perfil do leitor. Em outras palavras, o leitor procura o

texto que mais se adéqua à sua situação (CHARTIER, 2002, p. 24).

A leitura faz com que o ser humano conheça novas formas de viver, e, dessa forma,

reinvente a sua própria história. É por isso que muitos livros eram considerados impróprios para

a mulher “ideal”, no período do oitocentos brasileiro. A definição de mulher “ideal” para a

sociedade do século XIX está associada ao perfil de mulher submissa ao homem, que fosse

preocupada com as tarefas domésticas, com a educação dos filhos e que se ocupasse com

estratégias para agradar ao marido.

2 O lugar da mulher na sociedade patriarcal brasileira

A sociedade oitocentista era tradicionalmente patriarcal, ou seja, a família estava sob o

controle do homem. Dessa forma, a mulher não tinha um lugar privilegiado, seu papel era saber

cuidar bem do marido e filhos, para tanto, sua educação era voltada para os trabalhos

domésticos.

Além disso, de acordo com Lajolo e Zilberman, depoimentos do século XIX assinalam

acerca das mulheres oitocentistas, que “predominava entre elas a ignorância, má aparência,

frivolidade e violência sobre os escravos” (LAJOLO; ZILBERMAN, 1999, p. 240).

Observe esse depoimento feito por John Luccock, que segundo as autoras viveu no Brasil,

com pequenas interrupções entre 1808 e 1818, em que ele denuncia como era tratada a mulher no

século XIX:

É preciso que se lembre que as mulheres das classes altas e médias, e especialmente as mais moças, vivem muito mais reclusas que em nossa própria terra. O pouco contacto que os costumes com elas permitem, dentro em breve, põe a nu a sua falta de educação e instrução. [...] A ignorância que entre elas predomina, ao tempo em que vieram o Regente com seu séquito, era enorme, de todos reconhecida e muito lamentada pelos recém-vindos; transcorridos poucos anos, talvez que a coisa estivesse de algum modo remediada, mas a melhora não foi substancial (LUCCOCK apud LAJOLO; ZILBERMAN, 1999, p. 240).

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É revelado com esses depoimentos que pertencer ao sexo feminino era sinônimo de

ignorância e exclusão. A mulher brasileira da sociedade oitocentista era proibida de sair sozinha

pelas ruas, mesmo acompanhada aparecia poucas vezes em público. Dessa forma, não é de se

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estranhar que a falta de contato com as pessoas, revelassem uma mulher que não sabia conversar

adequadamente com uma visita, por exemplo. Sendo, dessa forma, alvo de críticas de quem

conhecia culturas em que a mulher era tratada de forma diferente.

Ser mulher no século XIX significava ser submissa ao homem: quando moça devia

obediência ao pai; quando casada, era o marido quem exercia todo o poder sobre ela. Em outras

palavras, pertencer ao sexo feminino na sociedade oitocentista era ser inferior ao homem e a ele

pertencer:

[...] A liberdade de espírito, herdada no século XVIII, não fere a moral familiar; esta permanece tal qual a definem, no início do século XIX, os pensadores reacionários como Joseph de Maistre e Bonald. Estes assentam na vontade divina o valor da ordem e reclamam uma sociedade rigorosamente hierarquizada: a família, célula social indissolúvel, será o microcosmo da sociedade. “O homem está para a mulher como a mulher para a criança; ou o poder para o ministro como o ministro para o súdito”, escreve Bonald. Assim, o marido governa, a mulher administra, os filhos obedecem. O divórcio é naturalmente proibido e a mulher é confinada ao lar. “As mulheres pertencem à família e não à sociedade política, e a natureza as fez para as tarefas domésticas e não para as funções públicas” afirma ainda Bonald [...] (BEAUVOIR, 2009, p. 167).

Dessa forma, Bonald deixa claro que a mulher, assim como os filhos, era governada pelo

marido e a sua função se restringe somente ao ambiente doméstico, ou seja, cuidar da casa, dos

filhos e do marido, respeitando-o como seu chefe natural. Questões sociais não diziam respeito à

mulher, era papel do homem se preocupar com questões públicas. Sendo que a maternidade era o

compromisso máximo da mulher exigido pela sociedade de seu tempo. A mulher pertencia ao homem como se fosse uma mercadoria, pois ela dependia do

homem para ter uma representação na sociedade, mesmo que esta representação significasse

ajudar ao homem a ostentar sozinho seu status. Além disso, a mulher dessa época vivia presa ao

ciclo: preparação para o casamento, esperar um marido arranjado pelo pai, casar e viver em

função de cuidar do marido e dos filhos. O casamento era uma exigência social nesse período.

Sendo assim, desde criança a menina era educada para o casamento. Aprender a cozinhar,

organizar o lar, bordar, bem como ser compreensiva, não irritar o marido, ser apaziguadora do

lar, entres outras lições, faziam parte da educação das meninas e moças da sociedade

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oitocentista. Algumas dessas características podem ser observadas no romance Helena, em que o

narrador descreve as qualidades da protagonista:

Era pianista distinta, sabia desenho, falava correntemente a língua francesa, um pouco a inglesa e a italiana. Entendia de costura e bordados e toda a sorte de trabalhos feminis. Conversava com graça e lia admiravelmente. Mediante os seus recursos, e muita paciência, arte e

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resignação, — não humilde, mas digna, — conseguia polir os ásperos, atrair os indiferentes e domar os hostis (ASSIS, s.d, p. 13).

Helena é descrita como uma criatura afável, dotada de conhecimentos artísticos, e como

não poderia faltar na moça do século XIX, possuía também os conhecimentos dos trabalhos

domésticos, indispensáveis para conseguir um bom marido (economicamente falando). Belman

apud Lajolo e Zilberman (1999), descreve a moça brasileira prendada semelhante à Helena: “No Brasil, a moça bem educada, de boa formação (uma moça muito prendada) é aquela que com um

pouco de música e de francês, sabe dançar um solo inglês, sabe bordar, fazer crochê e conhece a

difícil arte de descascar, com gosto, uma laranja” (BELMAN apud LAJOLO; ZILBERMAN,

1999, p. 242).

Nessa época, caso uma moça não conseguisse casamento, era considerada como a grande

vergonha da família, e vista como um perigo aos “bons costumes”, pois acreditava-se que uma

mulher não tendo um homem que lhe ofereça sexo para equilibrar seus hormônios, podia não

conseguir viver sem sexo e transar com qualquer homem por necessidade biológica. Isso leva a

desonra da família, pois dessa forma a mulher irá fugir dos padrões sociais que lhe são exigidos:

O casamento e a maternidade eram a salvação feminina; honesta era a esposa-mãe de família; desonrada era a mulher transgressora que desse livre curso a sexualidade ou tivesse comportamento em desacordo com a moral cristã. (ALMEIDA, 2007, p. 66).

Almeida (2007) faz uma relação entre o lugar social feminino e a maternidade. O papel da

mulher, como já fora afirmado, no século XIX se restringia em casar e ter filhos, pois a

maternidade era uma função biológica e social. Uma mulher estéril não tinha valor social, visto

que ela não conseguiria cumprir o papel que a sociedade tinha determinado.

Dessa forma, podemos observar que ao seguir os padrões estabelecidos pela sociedade, a

mulher fica sendo marginalizada, sempre servindo de suporte para a ascensão do seu marido, e

cuidando do bem estar da sua família, seus desejos e vontades peculiares não tem nenhuma

importância. Do mesmo modo, como não se casando, a mulher perde o respeito de todos,

inclusive da própria família, pois fica vulnerável às questões hormonais e conseqüentemente ao

sexo sem o casamento, e isto também implica uma coerção por parte da sociedade.

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Além disso, o casamento era uma forma de ascensão social ou manutenção do status. As

mulheres casadas deviam contribuir para a mobilidade social de sua família, através de seus

comportamentos em salões como anfitriãs, e também na vida cotidiana. A mulher devia passar a

ideia de que era uma mãe dedicada e atenciosa. Os homens eram bastante dependentes da

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imagem que as mulheres passavam para a sociedade, assim as mulheres (esposas, tias, filhas, irmãs, sobrinhas) tinham a função, também, de cuidar da imagem do homem público (PRIORE, 2001, p. 229).

3 O perfil de leitora do século XIX

Antes de abordar o perfil da leitora do oitocentos brasileiro, vamos traçar conceitos que

consideramos importante para o entendimento desse capítulo. Assim, vamos definir o os

conceitos de leitor, leitura, e práticas de leitura.

O perfil de leitor de acordo com Aguiar, não é sinônimo de decodificador, bem como o ato da leitura não tem como objetivo principal decifrar apenas os códigos lingüísticos:

O ato de ler é, por definição, solitário, envolvendo o mergulho do leitor na decifração do código, na compreensão da significação expressa e no preenchimento dos não-ditos, que são passíveis de virem à luz no diálogo com as idéias expostas. A partir daí, a atividade pode se socializar, quando o leitor traz para o seu mundo os sentidos percebidos e coletiviza a leitura no debate com o grupo e na criação de outras formas expressivas (AGUIAR, 1994, p. 102).

Em outras palavras, ser leitor é dar significado ao que ler. É saber usar sua experiência de mundo para estabelecer um diálogo com o autor. Para isso é necessário que se tenha conhecimento dos códigos, mas esse conhecimento não é garantia de uma boa leitura.

Ainda falando acerca de leitores, Iser afirma que:

Pues el texto de ficción, como sistema de signos no-denotadores, en primer término está abierto, y esto significa que no se agota en la relación de los datos empíricos previamente encontrables. Consecuentemente, se ofrece al lector como una oferta de estructuración, mediante la que algo puede ser constituido y que en el mundo empírico de los objetos ciertamente no ha sido dado. Pero para este proceso de constitución

deben reclamarse los mismos presupuestos que los que en general son válidos para los actos de comprensión: la constitución de la consistencia. Ésta tiene lugar como consecuencia permanente de las figuras que hay que cerrar. Así, la constitución de la figura discurre en oposición a la

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apertura del texto, y la parte de ilusión se corresponde con el grado en que está cerrado (ISER, 1976, p. 201).

Nesse contexto, leitura não pode mais ser definida como ‘decodificação dos símbolos linguísticos’, pois isso não garante a compreensão do texto. Ler é compreender, é dar

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significação para aquilo que decodificou. Assim, nessa perspectiva o objetivo da leitura não é ler

para procurar o que o ‘autor quis dizer’, e sim quais os significados que o leitor consegue retirar

do texto.

Quanto às práticas de leitura, de acordo com Bortolanza (2009) é descrito da seguinte

forma:

[...] a aparente liberdade dos leitores se inscreve no espaço de reescrita do texto no ato da leitura. Os leitores se movem no espaço determinado historicamente em que se dão as relações sociais, ou seja, suas leituras são controladas, condicionadas e/ou reprimidas por estratégias que obedecem a um código de censura que direciona as práticas e determina os modos de leitura (BORTOLANZA, 2009, p. 03)

Complementando esta ideia, Chartier (2002) declara:

Por um lado, a leitura é prática criadora, actividade produtora de sentidos singulares, de significações de modo nenhum redutíveis as intenções dos autores de textos ou dos fazedores de livros: ela é uma «caça furtiva», no dizer de Michel de Certeau. Por outro lado, o leitor é sempre pensado pelo autor, pelo comentador e pelo editor como devendo ficar sujeito a um sentido único, a uma compreensão correcta; a. uma leitura autorizada. Abordar a leitura é, portanto, considerar, conjuntamente, a irredutível liberdade dos leitores e os condicionamentos que pretendem refreá-la (CHARTIER, 2002, p. 123).

Assim, as práticas de leitura de um determinado grupo estão condicionadas ao momento

histórico e a sociedade em que este grupo está inserido. É por isso que livros que insinuassem

momentos íntimos entre os personagens eram considerados um grande mal que deveria ser

evitado pelas mulheres de ‘boa família’, pois, acreditava-se que ao ler tais livros, a mulher

desejaria imitar as ações ‘pecaminosas’ de tais personagens. Essas situações consideradas

pecaminosas poderia ser uma pequena mentira, ou até mesmo, o adultério.

Assim sendo, se torna relevante estudar as práticas de leituras das mulheres do século XIX,

época em que pertencer ao sexo feminino significava ser submissa ao sexo masculino. Além

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disso, as práticas sociais da classe feminina eram limitadas. À mulher cabia administrar bem o

lar, educar os filhos e agradar ao marido.

Dessa forma, pode ser afirmado que a vida particular dentro dos lares pertencia à mulher, e

a vida pública, como participação na política, cabia ao homem. Partindo desses pressupostos,

pode-se pensar que as práticas de leitura das personagens femininas estudadas favoreciam o

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papel determinado pela sociedade para a mulher, ou seja, ser boa gerenciadora do lar, boa mãe e

boa esposa.

Esse panorama desfavorece a construção da leitora crítica brasileira, uma vez que as

mulheres eram vistas como um ser à margem da cultura, e assim viviam afastadas da vida

pública para manter o perfil de mulher ideal para a sociedade oitocentista. Lajolo e Zilberman

comentam que a mulher brasileira demorou tanto para expandir o nível de suas leituras devido à

educação que recebiam:

Não é, pois, de estranhar que as mulheres demorem muito a integrar-se ao horizonte da cultura elevada, atraindo desta forma a crítica condescendente que lamenta a baixa qualidade de sua leitura, como ocorre em O Brasil e os brasileiros, obra lançada em 1857 nos Estados Unidos, onde os missionários metodistas Daniel Kidder (no Brasil na década de 30) e J. C. Fletcher (no Brasil entre 1851 e 1865) criticam a tendência de as moças lerem romances açucarados e folhetins tidos por tolos [...] (LAJOLO; ZILBERMAN, 1999, p. 243).

Em seguida as autoras completam:

O panorama decorrente dos depoimentos até aqui reproduzidos sugere que o universo de leitura da mulher brasileira é dos mais restritos, no que, aliás, se afina bastante à sociedade em que vive. Iletrada na maioria dos casos, a mulher brasileira faz parte de um mundo para o qual o livro, a leitura e a alta cultura não parecem ter maior significado [...] (LAJOLO; ZILBERMAN, 1999, p. 245 – 6).

É no século XIX, de acordo com Santos,

[...] que a leitura passa a ter a mulher como seu foco referencial, ainda que esta fosse tutelada pelos homens e pelo clero. Por ser o século influenciado por ideias Iluministas, era esperado que, através do progresso, os livros fossem capazes de auxiliar na reforma da cultura da sociedade, ainda que para isso estes tivessem que ser dispostos em forma de mercadoria (SANTOS, 2010, p. 02).

Diante do exposto, cabe examinar quem era a leitora do século XIX e o que lia. Os editores

de jornais e revistas dessa época estavam bastante preocupados em atrair o leitor/ouvinte. Para

tanto, investiam nas ilustrações, divisão de textos, seções, entre outros componentes estratégicos

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que influenciam e dirigem a leitura. Um exemplo dessas estratégias está presente no periódico

Espelho Fluminense ou Novo Gabinete de Leitura. Essa revista feminina publicava folhetins

(divididos entre várias edições), moldes e charadas. As narrativas

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eram quase sempre de caráter moralizante (PINA, 2002). Dessa forma, a leitora feminina da

época estudada, apresentava um perfil de leitor que exigia uma condução para as suas leituras,

em outras palavras de um guia. Esse guia era oferecido estrategicamente para influenciar a

leitura. Havia também a preocupação de fazer com que o suporte de leitura viesse ‘recheado de

presentinhos’, como por exemplo, molde da última moda européia, idéias de maquiagem e as

receitas culinárias, pois a leitora deveria aprender a preparar pratos deliciosos para agradar aos

filhos e principalmente ao marido. Havia também os tão esperados folhetins, divididos em várias

edições, como estratégia para seduzir a leitora. Quanto às temáticas abordadas, era comum que

tivessem um ‘tom’ moralizante, para educar as mulheres de acordo com os preceitos da

sociedade oitocentista Muitos desses folhetins não eram assinados ou apresentavam indicação de

autoria apenas na última página. Isso revela que a leitora oitocentista brasileira provavelmente

não estava preocupada com a autoria do que lia e ouvia (PINA, 2002).

O perfil de leitora, quanto às representações de leitura da mulher oitocentista, é

descrito por Poulain (1997) apud Bortolanza (2009):

As representações de leitura na pintura, de acordo com Poulain (1997) multiplicaram-se no século XX, solitárias ou acompanhadas, absortas ou mergulhadas na leitura, quase sempre as mulheres leitoras estabelecem com o escrito uma relação íntima, ainda mais presentes nos espaços privados, as leitoras são menos representadas em espaços públicos e lugares abertos. Em família, as mulheres aparecem lendo para os filhos ou entre elas; a figura masculina raramente está presente nessas leituras compartilhadas. Enfim, a leitura é representada como uma atividade feminina em meio à costura, bordado e afazeres domésticos (POULAIN, 1997 apud BORTOLANZA, 2009, p. 04).

Embora o perfil de leitora descrito acima seja da leitora do século XX, esta afirmação

também vai ao encontro da leitora do século XIX, já que ambas são representadas nas pinturas

realizando suas leituras em ambientes domésticos.

De acordo com Santos (2010, p. 04), “com o desenvolvimento das cidades e da vida

burguesa no Dezenove brasileiro, a mulher de elite passou a marcar presença em cafés, bailes,

teatros e certos acontecimentos da vida social” e a participar das rodas de leituras muito comuns

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nestes locais. Nesses locais as mulheres também comentavam acerca de suas leituras em

periódicos.

Sabe-se que as leituras que a mulher do século XIX realizava, estava condicionava com a

educação que recebiam. Mas como era educada a mulher no período do oitocentos? De acordo

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com Santos e Oliveira (2010), a sociedade do século XIX era patriarcal e por esse motivo, o ser

feminino tinha acesso limitado à educação:

Apenas algumas mulheres da elite conseguiam estudar através de professoras particulares contratadas pelos pais para dar aula em suas próprias casas. Elas sempre foram educadas para o serviço doméstico, não sendo permitido a mulher exercer outra função, o trabalho era sinônimo de homem, mulher não podia ou eles achavam que elas não eram capazes de desenvolver outra atividade a não ser cuidar da casa e dos filhos. A Educação das mulheres se restringia a atividades que fossem úteis ao ambiente doméstico, desprovidas de valor no mercado de trabalho da época, como costurar, aprender música ou desenvolver habilidades artísticas. O machismo perdurou por várias décadas, não permitindo o sexo feminino liberar seu lado profissional (SANTOS; OLIVEIRA, 2010, p. 02).

Dessa forma, percebemos que a educação feminina era sinônimo de educação para o lar.

A mulher era educada somente para os serviços domésticos.

Ainda de acordo com as autoras, com a criação das “escolas de primeiras letras” em 1827, havia professores para os meninos e professoras para as meninas. Enquanto os meninos

aprendiam geometria, por exemplo, as meninas aprendiam a costurar e bordar. A divisão das

disciplinas para os sexos era explicada pelos costumes da época: como a mulher oitocentista

tinha por obrigação moral o casamento, seus pais acreditavam que aprender geometria não a

ajudaria a arranjar um bom marido.

Segundo Louro (2004) apud Santos e Oliveira (2010),

Algumas órfãs eram educadas por ordens religiosas femininas, que tinham a intenção de preservá-las de qualquer vício e do mau caminho. As meninas filhas das elites privilegiadas tinham além das noções básicas da leitura e da escrita, aulas de piano e de francês que eram ministradas em suas próprias casas por professoras particulares ou em escolas religiosas. Eram acrescentadas também à sua educação as “habilidades com a agulha, os bordados, as rendas, as habilidades culinárias, bem como as habilidades de mando das criadas e serviçais (LOURO, 2004 apud SANTOS; OLIVEIRA, 2010, p. 04).

Pelo exposto, fica claro que os dotes artísticos também eram apreciados nas mulheres, e a

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educação religiosa fazia parte de suas vidas, especialmente das órfãs, pois acreditava-se que

estavam mais vulneráveis a seguir o “mau caminho”. Além disso, os dons artísticos era quase

sempre um privilégio das mulheres de elite, pois seus pais tinham dinheiro para pagar

professores de piano e francês.

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4 A representação de práticas de leitura feminina através das personagens

Helena e D. Úrsula

Helena e D. Úrsula são personagens femininas machadianas. Juntas fazem parte do grupo

das personagens femininas ambientadas no século XIX que mais se destacaram. Entretanto,

características tão comuns podem se diferenciar quando o assunto for práticas de leituras. Helena

é a suposta filha (de uma relação extraconjugal) do Conselheiro Aires, que após a morte de seu

pai, é revelada como filha legítima, e a pedido do falecido vai morar com a tia e o irmão. Helena

demonstra ser uma leitora ‘de carteirinha’:

- Pensa que gastei toda a tarde em fazer crochet? perguntou ela ao irmão, caminhando para a sala de jantar.

- Não?

- Não, senhor; fiz um furto.

- Um furto!

- Fui procurar um livro na sua estante.

- E que livro foi?

- Um romance.

- Paulo e Virgínia?

- Manon Lescaut.

- Oh! exclamou Estácio. Esse livro...

- Esquisito, não é? Quando percebi que o era, fechei-o e lá o pus outra vez.

- Não é livro para moças solteiras...

- Não creio mesmo que seja para moças casadas, replicou Helena rindo e sentando-se à mesa. Em todo o caso, li apenas algumas páginas. Depois abri um livro de geometria... (ASSIS, s.d, p.19).

Esse trecho mostra claramente que havia a leitura destinada ao público feminino e a

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leitura destinada aos homens. Helena não entende nada de geometria, isso é compreensível se

pensarmos que os escritores quando escreviam para as mulheres pensavam mais no lazer e na

boa educação dessas mulheres, ou seja, boas esposas, e boas mães, em outros termos na mulher

ideal do século XIX. Assim, leituras que exigissem reflexão não eram destinadas às frágeis e

românticas mulheres, pois não era necessário que uma mulher entendesse de geometria ou

economia, por exemplo, isso caberia ao seu marido. À mulher caberia saber administrar bem o

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lar, pois eram educadas para tal. Essa divisão entre a leitura particular (feminina) e a leitura

pública (masculina) é observável nas imagens de leitura da época em estudo – o homem

geralmente lia em público, em cafés, por exemplo, e a mulher geralmente lia sozinha em seu

quarto. Essa prática é observada por Maria Helena Werneck (1985) apud Santos (2010):

De acordo com Maria Helena Werneck, apenas o homem era capaz de fazer um julgamento exigente sobre o que lia. Assim, havia algumas distinções entre a leitura destinada aos homens e as mulheres. Os homens, em geral, liam em voz alta para um grupo de senhoras, enquanto elas o faziam no silêncio do quarto ou sentadas perto de uma janela. As leituras, quando realizadas em voz alta pelas mulheres, tinham o intuito de estreitar a intimidade entre os membros da família. Quando faziam a leitura silenciosa, as mulheres eram sempre supervisionadas pelos homens da casa, que escolhiam antecipadamente os romances considerados “ideais” e voltados ao publico feminino, pois a prática da leitura silenciosa feminina não era vista com bons olhos pelos homens. Com a imaginação exaltada e excitada pelas paixões mundanas, a mulher negligenciaria seus deveres domésticos, preferindo o mundo da fantasia (WERNECK, 1985, apud SANTOS, 2010, p. 4 – 5).

As afirmações acima vão ao encontro da atitude de Helena no momento de suas leituras:

Helena se dá conta que o livro que ela pegou na estante do irmão Estácio não é um livro indicado

nem mesmo para mulheres casadas, pois Manon Lescaut narra a história de um rapaz de uma

família respeitada que destrói a sua vida porque se apaixona por uma cortesã. Por conter este

teor, Manon Lescaut se torna um livro proibido para as mulheres. Contudo, fica uma dúvida no

ar, Helena realmente só leu algumas páginas do livro proibido? Ou já havia lido outras vezes?

Outra cena de leitura aparece na obra, representada pela personagem D. Úrsula. Mas,

diferentemente de Helena, D. Úrsula lê um livro autorizado pelo sexo masculino para a leitura

das mulheres do século XIX:

Na seguinte manhã, Estácio levantou-se tarde e foi direto à sala de jantar, onde encontrou D. Úrsula, pachorrentamente sentada na poltrona de seu uso, ao pé de uma janela, a ler um tomo do Saint-Clair das ilhas, enternecida pela centésima vez com as tristezas dos desterrados da ilha da Barra; boa gente e moralíssimo livro, ainda que enfadonho e maçudo, como outros de seu tempo. Com ele matavam as matronas daquela quadra muitas horas compridas do inverno, com

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ele se encheu muito serão pacífico, com ele se desafogou o coração de muita lágrima sobressalente (ASSIS, s.d, p.09).

Saint-Clair das ilhas é uma novela escrita por Elizabeth Helme e impressa em 1803 na

Inglaterra. Preencheu o ócio de muitas mulheres da burguesia. Pode ser observado também pelo

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fragmento destacado que o livro era considerado moralíssimo, logo era uma leitura “permitida”

para as mulheres do século XIX. Essa autorização, as mulheres conseguiam dos homens, pois se

considerava que eles saberiam escolher e julgar as leituras das mulheres.

Havia também, o controle da Igreja Católica sobre as obras publicadas, pois a Igreja

estava preocupada a assegurar que a população seguisse a sua ideologia. Controlar o que a

população lia, significava exercer poder acerca da produção de conhecimento (SILVA, 2010).

Assim, saber o que os fiéis estavam lendo, possibilitava à Igreja saber exatamente como proceder

em seus discursos e assegurar a manutenção da ideologia católica. Dessa forma, controlar o

conhecimento de uma população denota garantir que esse grupo de pessoas reproduza aquilo que

seu controlador deseja, no caso, o controlador era a Igreja Católica.

Outra questão presente no fragmento e que julgamos importante ressaltar é o fato que D.

Úrsula lia e relia a novela Saint-Clair das ilhas várias vezes, esse fato pode ser explicado porque

é recente a concepção de que um bom leitor é aquele que lê vários textos:

Durante séculos a quantidade de impressos disponível era pequena. Seu preço, elevado, e o livro, muitas vezes, sacralizado – mesmo que não tratasse de tema religioso. O bom leitor era aquele que lia pouco, relia com freqüência e meditava muito sobre os escritos. Ler muito poderia ser visto como um problema – até mesmo para a saúde (ABREU, 2001 p. 02).

Percebemos assim, que as práticas de leituras das mulheres oitocentistas consistiam

também na repetição da leitura e no fenômeno catártico, pois, D. Úrsula, ficava “enternecida pela

centésima vez com as tristezas dos desterrados da ilha da Barra”. Aliás, D. Úrsula, bem como as

mulheres pertencentes à sociedade burguesa, podiam se dá esse privilégio, pois tinham uma

posição social elevada: tinham tempo para ler e de se comover com as tristezas alheias.

5 Considerações Finais

Por acreditar que a leitura acompanha o perfil do leitor, iniciamos essa pesquisa acerca da

representação de práticas de leitura feminina, através das personagens machadianas Helena e D.

Úrsula. Como a época de ambientação do romance estudado (Helena) é o século XIX, época em

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que a mulher era um ser submisso ao sexo masculino, podemos concluir diante das investigações

realizadas que, a mulher vivia em uma esfera muito limitada, e tão limitada como a autonomia

oferecida pela sociedade oitocentista, eram suas práticas de leitura. Livros que exigissem

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reflexão como política e economia eram negados às mulheres. Refletir, ter a autonomia da

escolha, só era permitido para eles, os homens, educados para ser o chefe ‘natural’ da família. Quanto a elas, as consideradas frágeis, suas leituras para preencher o ócio (para as mulheres da

elite) deviam ser açucaradas e até bobas (como exemplo da personagem D. Úrsula, que lê várias

vezes um livro considerado ‘ideal’ para a mulher oitocentista), pois a elas bastava saber

administrar bem o lar e educar os filhos, e para tais ações a sociedade do século XIX acreditava

que não era necessário saber mais que cozinhar, bordar, comandar as escravas, cumprir as

exigências do marido, entre outras funções domésticas.

Assim, as mulheres brasileiras passaram um bom tempo da história, lendo somente aquilo

que lhe eram oferecidos pelos homens (com algumas exceções, como a personagem Helena),

com o objetivo (acreditamos nós) de manter o status limitado do feminino na sociedade.

Referências

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