a terra da fé -...

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A Terra da Fé Título original: Fé”s Standing-Ground Por J. C. Philpot (1802-1869) Traduzido, Adaptado e Editado por Silvio Dutra Dez/2016

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A Terra da Fé

Título original: Fé”s Standing-Ground

Por J. C. Philpot (1802-1869)

Traduzido, Adaptado e

Editado por Silvio Dutra

Dez/2016

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P571

Philpot, J. C. – 1802-1869

A terra da fé / J. C. Philpot Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – Rio de Janeiro, 2016. 52p.; 14,8 x 21cm Título original: Fé”s Standing-Ground 1. Teologia. 2. Vida Cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves, Silvio Dutra I. Título CDD 230

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“Se Deus é por nós, quem pode ser contra nós,

quem não poupou seu próprio Filho, mas o

entregou por todos nós, como não nos dará

também com ele todas as coisas?" (Romanos

8:31, 32)

Neste capítulo glorioso e nobre (Romanos 8),

o apóstolo, como um mordomo fiel dos

mistérios de Deus, propaga diante de nós a

herança das propriedades do herdeiro do céu.

Por conseguinte, passarei brevemente por

algumas das amplas posses aqui atribuídas ao

herdeiro de Deus e co-herdeiro com Cristo,

asseguradas como estão com a certeza da

bondade de seu título e uma segurança de seu

prazer eterno e ininterrupto de sua condição.

O primeiro é a não condenação, por se estar em

Cristo Jesus.

O segundo é a liberdade da lei do pecado e da

morte.

O terceiro é o cumprimento da justiça da lei no

crente, por andar não segundo a carne, mas

segundo o Espírito.

O quarto é a habitação do Espírito de Deus.

O quinto é o ser conduzido pelo Espírito.

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O sexto é o recebimento do Espírito de adoção,

para clamar "Abba, Pai".

O sétimo é o Espírito testificando com seu

espírito que ele é filho de Deus.

O oitavo é a intercessão interior do Espírito,

intercedendo por ele com gemidos que não

podem ser proferidos.

O nono é o conhecimento de que todas as coisas

cooperam para o bem daqueles que amam a

Deus.

E então todo um conjunto de belas

propriedades, todas, por assim dizer, numa

corrente de elos:

Ser chamado de acordo com o propósito de

Deus;

Ser emancipado;

Ser predestinado;

Ser justificado; e

ser glorificado.

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5

Até que termine o catálogo abençoado pela

afirmação de que está sem separação do amor

de Deus que está em Cristo Jesus.

Herdeiro de Deus, leia a sua herança! Faça com

este capítulo o que Abraão fez quando Deus lhe

ordenou que andasse "por toda a terra, na sua

extensão e na sua largura" (Gênesis 13:17); pois

Deus certamente deu a vocês toda a boa terra da

Canaã celestial, aqui traçada pela pena do

apóstolo, como deu a Abraão a Canaã literal;

"Porque o Senhor teu Deus te está introduzindo

numa boa terra, terra de ribeiros de águas, de

fontes e de nascentes, que brotam nos vales e

nos outeiros; terra de trigo e cevada; de vides,

figueiras e romeiras; terra de oliveiras, de azeite

e de mel;" (Deuteronômio 8: 7, 8). Então, andem

para cima e para baixo neste capítulo glorioso, e

vejam e notem bem as fontes e profundezas de

amor e misericórdia que nele brotam, quão

gordo o trigo, quão bom é o vinho, quão rica é a

terra em óleo, quão cheio é o bosque de mel. Não

é uma terra em que você possa comer pão sem

escassez, e não falta nada nela que a sua alma

possa ter fome?

Mas, tendo enumerado estas amplas

propriedades e dando-nos um catálogo tão

completo das posses do herdeiro da promessa, o

apóstolo, como se em um transporte de alegria

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celestial, irrompe com a indagação: "O que

diremos então, se Deus é por nós, quem pode ser

contra nós?" E então cheio, por assim dizer, de

uma visão gloriosa da graça superabundante de

Deus no dom de seu querido Filho, ele coloca

para si mesmo e para nós aquela pergunta

decisiva e satisfatória: "Aquele que não poupou

seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós,

como não nos dará também com ele todas as

coisas?"

Ao abrir as verdades divinas constantes destas

palavras, eu, como o Senhor permitir,

examinarei:

Primeiro, a força da indagação da fé; "Que

diremos, pois, a estas coisas?"

Em segundo lugar, a firme posição da fé; "Se

Deus é por nós, quem pode ser contra nós?"

Em terceiro lugar, o sólido argumento da fé;

"Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas

o entregou por todos nós, como não nos dará

também com ele todas as coisas?"

I. A força da indagação da fé: "Que diremos, pois,

a estas coisas?" Você observará que quando o

apóstolo nos deu esta lista de bênçãos celestiais,

e especialmente aquela gloriosa aglomeração,

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tão ricamente amontoada, como as plêiades no

céu, da eterna onisciência, da predestinação, do

chamado, da justificação e da glorificação, ele

então faz a pergunta, a qual eu chamei de força

de indagação da fé: "O que diremos então a estas

coisas?"

A. Posso não insistir com a mesma pergunta

sobre nós mesmos? O que diremos a estas

coisas, ou melhor, o que a fé em nosso peito nos

dirá?

1. Primeiro, diremos que elas não são

verdadeiras? Mas, esta pergunta pode ser

necessária? Certamente não se pensaria,

quando elas são tão claramente reveladas em

cada parte do volume inspirado; e ainda

sabemos que em todas as épocas as verdades

gloriosas da eleição, da predestinação, do prévio

conhecimento de Deus, do chamado efetivo e da

certeza da salvação para o povo eleito de Deus

não só foram negadas, mas combatidas com

inimizade amarga e implacável. Mas, diremos

que estas coisas não são verdadeiras, porque

foram assim negadas e feita oposição a elas,

quando elas brilham como um raio de luz, não

somente através de toda a Palavra de Deus, mas

especialmente atendem ao nosso olho de crente

neste capítulo, como se estivessem iluminadas

com a própria Luz da face de Deus irradiando

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sobre elas? Não podemos dizer que elas brilham

tão intensamente como as estrelas no céu da

meia-noite, de modo que lê-lo na fé é como

olhar para o próprio rosto do céu todo radiante

com a refulgência celestial de mil constelações!

Cegos certamente devem ser aqueles que

podem ler este capítulo e não ver nenhuma

beleza ou glória nele! E piores do que os cegos

devem ser aqueles que veem as verdades

contidas nele, e as odeiam.

Mas, espero que alguns presentes aqui as

tenham visto tão claramente quanto Abraão viu

as estrelas no céu naquela noite memorável,

quando o Senhor o trouxe para fora e disse:

"Olhe agora para o céu e conte as estrelas, se

você é capaz de enumerá-las ". Não, creram no

seu divino doador com a mesma fé que Abraão,

então "creu no Senhor, e ele contou isto para a

sua justiça" (Gn 15: 5, 6).

2. Mas, diremos que, embora verdadeiras,

devem ser retidas; que são verdades que podem

ser cridas no nosso quarto, mas nunca devem

ser proclamadas no púlpito, para que crentes

fracos não tropecem, ou que ofendam muitos

professantes da religião que são muito sinceros,

esfrie a seriedade dos inquiridores, ou

acrescente melancolia ao espírito perturbado

dos filhos de Deus deprimidos? Devemos ouvir

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tais objeções, vendo essas verdades celestiais

como mistérios profundos que nunca devem

ser examinados ou procurados, como estando

entre as coisas secretas que pertencem a Deus?

Podemos, digo, dar ouvidos a argumentos tão

sutis que os homens tão frequentemente

empregaram para reter o que não podem negar,

e lançar um véu sobre o que seu coração

aborrece interiormente?

Não! A fé não pode agir como uma parte

traiçoeira. Pelo contrário, a fé diz que estas

coisas são reveladas na Palavra de Deus com o

propósito expresso de que elas possam ser

cridas, e sendo cridas que elas possam ser

faladas, como se proclamado de cima dos

telhados. Não é isto tanto a fé como a expressão

do apóstolo? "Ora, temos o mesmo espírito de fé,

conforme está escrito: Cri, por isso falei;

também nós cremos, por isso também falamos"

(2 Cor 4:13). Que fé, então, interiormente crê que

a boca fala exteriormente; porque "pois é com o

coração que se crê para a justiça, e com a boca se

faz confissão para a salvação" (Romanos 10:10).

Elas devem então ser proclamadas por todos os

embaixadores de Deus como uma mensagem

celestial; e certamente são dignas de serem

pregadas, como com a voz dos querubins e dos

serafins, até os confins da terra, para que sejam

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soadas tão longe e largamente quanto como a

trombeta de Deus.

3. Mas, não são perigosas? Será que elas não

levam à presunção? Que não inspirem uma

confiança vã? Que elas não endureçam o

coração, e nos tornem descuidados quanto a

trabalharmos nossa salvação com temor e

tremor? Sim, elas podem, a menos que o

Espírito de Deus as revele à alma. Elas podem, se

tomadas por uma mão presunçosa; se levadas

por dedos não santificados pelo Espírito Santo,

podem tornar-se muito prejudiciais; como sem

dúvida tem ocorrido em muitos casos. Mas, o

abuso de uma coisa não refuta seu uso. Não são

os melhores dons de Deus na providência

abusados por homens ímpios? Se então as

doutrinas da graça são abusadas até à

licenciosidade, isso não refuta nem a verdade

nem a influência delas, se usadas corretamente.

Mas, a questão talvez possa ser melhor resolvida

por sua própria experiência, se de fato você as

recebeu em um coração crente sob o ensino e o

testemunho de Deus, o Espírito Santo. Você as

encontrou perigosas; você que as recebeu da

boca de Deus, e sentiu o sabor e a doçura de seu

Espírito que as envolveu em sua alma íntima?

Elas lhe fizeram presumir? Elas inspiraram a vã

confiança em seu peito? Endureceram a sua

consciência, tornaram o pecado menos

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pecaminoso, o atraíram para o mal ou o fizeram

se apressar, em ousada rebelião, sobre o escudo

de Deus? "Não", você diz: "Eu senti que elas

produzem em mim apenas os efeitos contrários.

Eu descobri que, como elas foram feitas espírito

e vida para minha alma, elas suavizaram meu

coração, fizeram minha consciência terna,

deram-me uma santa reverência do nome de

Deus e temor de pecar contra ele, e, na medida

em que senti seu poder, elas me humilharam,

derreteram e me derrubaram em amor e

tristeza aos seus queridos pés". Então, como

podemos dizer que são perigosas como

tendendo à presunção, se sentimos alguma

coisa de sua eficácia e poder, e sabemos, por

experiência, que elas produzem

autodesconfiança, humildade, quebrantamento

e temor divino?

4. Mas, elas não podem levar ao pecado? Se

cremos que somos eleitos, não podemos viver

como desejamos, e andar em toda a maneira de

impiedade e maldade, como estando certos de

nossa salvação, seja lá o que fizermos ou o que

quer que deixemos de fazer? Aqui, novamente,

devemos chegar à experiência espiritual. Será

que o filho da graça acha que elas têm essa

tendência licenciosa, quando uma poderosa

impressão de sua verdade e bem-aventurança

repousa sobre sua alma como uma nuvem de

graça e glória? Quando ele vê o Cordeiro

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sangrando na cruz; quando vê pelo olho da fé o

suor sangrento cair em grandes gotas da testa

do Redentor querido no jardim sombrio; quando

o amor e a misericórdia revelam seus tesouros

através dos gemidos, dos suspiros e das agonias

do Filho sofredor de Deus; pois este é o canal

pelo qual essas misericórdias vêm; é ao pé da

cruz que essas bênçãos são aprendidas; eu

pergunto, quando o filho de Deus tem uma visão

dessas preciosas verdades, como seladas pelo

sangue de um Salvador e testificadas pelo

testemunho do Espírito, ele descobre que o

encorajam a viver pecaminosamente e, assim,

atropelam o sangue da cruz, e crucificam o Filho

de Deus de novo, e o expõem ao vitupério? Essas

verdades vivas endurecem seu coração, tornam

o pecado menos odioso e a santidade menos

desejável? Não; pelo contrário, cada filho da

graça que alguma vez sentiu a presença e o

poder de Deus em sua alma, pode dizer com

verdade e sinceridade que essas preciosas

verdades têm uma influência santificadora,

uma tendência santa, que removem o pecado

em vez de conduzir ao pecado; e que quanto

mais ele vê e sente do amor moribundo de um

Salvador, mais ele odeia o pecado e mais ele se

odeia como um pecador.

Que diremos, pois, a estas coisas? Não ousamos

dizer que elas não são verdadeiras; não ousamos

dizer que não devem ser proclamadas; não

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ousamos dizer que são perigosas; não ousamos

dizer que são licenciosas. Mas, o que diremos?

Eu mostrei o lado negativo; eu não tenho nada a

dizer sobre o positivo? Devemos nos colocar

inteiramente na defensiva? Deixe-nos ver.

B. Dizemos então que elas são abençoadamente

verdadeiras. Mas, como sabemos que elas são

abençoadamente a verdade? Será porque as

vemos, as lemos, as estudamos como escritas

pela caneta do Espírito Santo na Palavra de

Deus? Essa é uma razão que eu admito

livremente. Lá elas são reveladas como com um

raio de luz; lá elas brilham em toda a sua própria

refulgência, irradiando com uma clareza com a

qual nenhuma pena humana poderia ter

conseguido. Mas, isso será suficiente? Eu não

quero mais nenhuma evidência melhor? Estou

contente, até agora, disso; eu recomendo-o

altamente, e sou frequentemente obrigado a

cair para trás nele como um suporte firme de

encontro à incredulidade ou à infidelidade.

Mas, isso me satisfaz, satisfaz-me

completamente? Não vai. Quero algo mais forte,

mais poderoso, mais convincente, mais

confirmador do que isso. Então o que eu quero?

Quero saber que elas são as verdades de Deus de

uma maneira peculiar; uma maneira muito

peculiar, tão peculiar que ninguém pode

conhecê-lo senão pelo poder do Espírito. Quero,

então, saber que elas são as verdades de Deus

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por uma dessas três maneiras peculiares. Eu as

chamo de maneiras peculiares, porque diferem

umas das outras; Não na natureza, mas em grau,

e, portanto, são tão distintas.

1. O mais alto, o melhor e o mais abençoado

modo de conhecê-las é pelo TESTEMUNHO

INTERNO do Espírito ao meu espírito que elas

são as próprias verdades de Deus e que eu, eu

mesmo, tenho um interesse pessoal, eterno e

incontestável nelas. Se, então, o Senhor, o

Espírito, fala graciosamente no meu coração, e

as revela com poder, unção e deleite à minha

alma, que é o próprio testemunho de Deus à sua

realidade e bem-aventurança; e este é o mais

alto testemunho que podemos ter da verdade

como está em Jesus, pois é o ensino, o

testemunho e o selo interior do Espírito; como

lemos: "O próprio Espírito testemunha com

nosso espírito que somos filhos de Deus"

(Romanos 8:16); e, outra vez, "no qual também

vós, tendo ouvido a palavra da verdade, o

evangelho da vossa salvação, e tendo nele

também crido, fostes selados com o Espírito

Santo da promessa, o qual é o penhor da nossa

herança, para redenção da possessão de Deus,

para o louvor da sua glória." (Efésios 1:13, 14).

Mas, não há outro conhecimento da verdade,

além disso? Podem todos se levantar para esta

firme segurança e total certeza? Todos recebem

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o testemunho completo do Espírito? Todos são

favorecidos com a doce certeza da fé? Todos

conhecem o testemunho selador do Espírito de

Deus? Certamente não. Há muitos que

realmente temem a Deus que não podem e não

se levantam na doce certeza da fé, nem têm o

testemunho de selamento do Espírito em seu

peito, e ainda conhecem a verdade até onde o

Senhor lhes mostrou. Como, então, eles sabem

disso? Existem dois tipos de conhecimento?

Não; não em espécie, mas há em grau, como o

apóstolo fala disto: "E há diversidade de

ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há

diversidade de operações, mas é o mesmo Deus

que opera tudo em todos." (1 Cor 12: 5, 6). Eles

podem conhecê-lo, então, por uma ou ambas as

coisas, que sempre atendem à verdade de Deus,

como foi dado à alma por poder divino.

2. A primeira é que sempre que a verdade vem

com o poder divino no coração, ela LIBERTA.

"Conhecereis a verdade, e a verdade vos

libertará" (João 8:32). Assim, pode haver aqui

alguns que não receberam o Espírito como

selando a Palavra de Deus com o seu próprio

testemunho celestial sobre o seu peito, que

ainda assim pode ter recebido até agora o amor

da verdade em seus corações como para

experimentar algo de seu poder libertador doce.

Você nunca, no trono da graça, sentiu o poder da

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verdade de Deus em seu coração comunicando

a liberdade de acesso, encorajando você a

derramar sua alma diante do Senhor com algum

testemunho interior de que suas orações foram

aceitas? Isso era exatamente o que Ana sentia

quando uma palavra da boca de Eli caiu com

poder em seu coração. Libertou-a de sua tristeza

e deu-lhe um testemunho de que o Deus de

Israel lhe concederia a petição que ela lhe fizera.

Isso lhe deu descanso e paz.

De novo, você nunca se sentou sob o som do

evangelho, sentiu um testemunho interior de

que era verdade pela liberdade que lhe dava de

suas muitas dúvidas e medos prementes, seus

desencorajamentos e escravidão e apreensões

culpadas? O sentimento pode não ter durado

muito, mas enquanto durou, foi em você um

espírito de liberdade; pois "onde está o Espírito

do Senhor, aí há liberdade". E ainda que não se

levantem à plena certeza da fé, de modo a serem

cheios de toda a alegria e paz na crença, porém,

tendo experimentado uma medida da

influência libertadora da verdade de Deus sobre

o seu coração, poderão por o selo de que era a

verdade, e que você tinha recebido o amor dela

em sua alma.

3. Mas, há outra maneira também pela qual

podemos conhecer essas preciosas verdades em

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vitalidade e poder; e isto é, pela influência

SANTIFICANTE que produzem sobre a alma sob

a unção do Espírito Santo. "Santifica-os através

da tua verdade", disse o nosso bendito Senhor ao

seu Pai celeste, na sua oração de intercessão

pelos seus discípulos; "Sua palavra é a verdade"

(João 17:17). Sempre que a palavra da verdade

chega em casa com poder ao coração, ela

carrega consigo uma influência santificadora.

Ela atrai as afeições para cima; fixa o coração nas

coisas celestiais; Jesus é visto pelos olhos da fé à

direita de Deus, e todo desejo terno de um seio

amoroso flui para ele como "o capitão entre os

dez mil e totalmente amável". Esta visão de

Cristo, como o Rei em sua beleza, tem uma

influência santificadora sobre a alma,

comunicando sentimentos santos e celestiais,

subjugando o poder do pecado, separando-nos

do mundo e dos objetos mundanos, e trazendo

em cativeiro todo pensamento para a

obediência de Cristo.

Agora basta ver se você sabe alguma coisa sobre

o poder e a preciosidade da verdade celestial por

uma experiência com ela em qualquer uma

dessas três maneiras diferentes; o testemunho

do Espírito para o seu espírito em seu

testemunho selador; ou tendo sentido sua

influência libertadora; ou conhecendo seus

efeitos santificadores. Não é verdade que essas

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três evidências nunca podem ser separadas,

mas pode haver nelas diferentes graus, como

estágios do testemunho divino. Mas, se

encontrar estas três evidências, ou alguma

delas, no seu seio, o que você dirá a estas coisas?

Você responde: "Que elas são abençoadamente

verdade, pois senti seu poder em meu próprio

coração." O que quer que outros possam dizer a

elas, ou delas, que elas são falsas, ou devem ser

retidas, ou perigosas, ou perniciosas, você pode

levantar-se diante de Deus e do homem com

uma consciência honesta e destemida e

testemunhar a sua divina realidade.

C. Mas, mais uma vez, o que mais diremos a

essas coisas? Por que, diremos delas que são

extremamente adequadas às necessidades e

desgraças de um pecador carente; que neste

capítulo há tudo adaptado às necessidades de

alguém verdadeiramente convencido de seus

pecados e completamente sensível de sua

condição perdida e arruinada; que é atraído pelo

poder de Deus para o escabelo da misericórdia,

e chega ao trono da graça para obter

misericórdia e encontrar graça para ajudar em

tempo de necessidade. Quão apropriado para

um pecador culpado e condenado é a declaração

de que "não há condenação para os que estão em

Cristo Jesus". Quão adequado é o testemunho de

que a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus o

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libertou da lei do pecado e da morte. Como

adequado aos tais que, como muitos são guiados

pelo Espírito de Deus, que eles são os filhos de

Deus. Como é adequado a eles que o Espírito

ajuda as suas enfermidades, ensina-lhes como

orar, e ele mesmo intercede por eles e neles

com gemidos que não podem ser proferidos.

Quão adequado é para eles que todas as coisas

trabalham juntamente para o bem daqueles que

amam a Deus, e são chamados de acordo com

seu propósito. Não quero dizer que o pecador

pobre e convencido possa apoderar-se dessas

bênçãos até que sejam trazidas ao seu coração

pelo poder de Deus, mas eu estou mostrando-

lhe a sua adequação aos seus desejos e aflições;

e se sua fé não pode elevar-se para o gozo

espiritual delas, ele ainda pode acreditar em sua

conveniência excessiva para sua condição

desesperada e miserável.

D. Mas, a fé vai além de sua adequação quando

atraídos para o exercício vivo sobre elas, e é

capaz de, em certa medida, realizá-las e se

apropriar delas. A fé, então, os vê como ricos em

conforto e cheios de doce consolo. Pois quão

consolador é para uma alma abatida acreditar

que não há condenação para ela de uma lei

condenatória, da santidade de Deus, da sua

tremenda justiça e da sua terrível indignação,

como estando em Cristo Jesus a salvo de toda

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tempestade. Que consolo para o pobre e

desolado filho de Deus, é encontrar e sentir que

a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus o liberta

da lei do pecado e da morte em sua mente

carnal, que é sua praga constante e vexação

diária; como é reconfortante acreditar que ele

está sob as orientações do Espírito abençoado, e,

portanto, tem uma evidência de ser um filho de

Deus. Quão cheio de consolo é encontrar o

Espírito ajudando as suas fraquezas e

intercedendo por ele com gemidos que não

podem ser proferidos.

E não é isto também, repleto de consolação para

todo aquele que ama a Deus - acreditar que todas

as coisas, por mais dolorosas ou angustiantes

que sejam para com a carne, estão trabalhando

juntas para seu bem? Que consolo também

existe na crença de que, sendo chamado de

acordo com o propósito de Deus, tem um

interesse salvador em sua Onisciência eterna,

sua predestinação fixa e imutável, de modo que

nada pode mudar os propósitos de misericórdia

e graça que Deus tem para com ele! Quão

abençoado é o pensamento e a doce certeza de

que ele é justificado livremente pela imputação

da justiça de Cristo e, em certo sentido, já foi

glorificado por ter recebido no seu seio uma

medida da glória de Cristo!

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E. Mas, ainda, a fé diz: "Quão GLORIFICATIVAS

são essas verdades divinas para Deus!" Como

elas colocaram a coroa sobre a cabeça do

Mediador, a quem só pertence, e cuja glória

enche os céus. Visto corretamente, cada elo

nesta corrente celestial traz glória ao Deus e Pai

do Senhor Jesus Cristo. Quão glorioso é Deus por

libertar o pecador de toda condenação, em

Cristo Jesus. Como é glorioso Deus por dar-lhe o

Espírito para ajudar suas fraquezas e ensinar-

lhe como orar. Quão glorioso é Deus por fazer

todas as coisas trabalharem em conjunto para o

seu bem. Assim, eu poderia percorrer toda a

cadeia do começo ao fim e mostrar como a

glória de Deus é refletida, com um esplendor

celestial de todas as partes, mas não posso

deixar de mencionar o último elo que une a

Igreja de Deus com o trono da glória; por quão

glorioso que é, nem a morte, nem a vida, nem as

coisas presentes, nem as coisas vindouras, nem

a altura, nem a profundidade, nem qualquer

outra criatura poderá nos separar do amor de

Deus que está em Cristo Jesus nosso Senhor.

Assim, a Fé responde à indagação juntando a

seu peito estas verdades gloriosas e celestiais, e

diz: "Quão apropriadas são a todos os meus

pecados e tristezas, como destilam consolação

no meu espírito sobrecarregado, quão bem

adaptadas estão a cada estação das trevas e

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como caem no gemido do espírito no primeiro

grito de misericórdia, e como elas voam com a

mais doce certeza, como se levadas sobre as asas

das águias até a própria porta do céu! E se a fé

pode dizer isso, o que mais pode ou precisa a fé

dizer? Esta é, então, a resposta da fé à pergunta:

“O que diremos a estas coisas?” A fé tem falado,

se eu ouvi e interpretei corretamente a sua voz;

e que possa essa voz encontrar um eco

responsivo em cada coração crente aqui

presente.

II. Em seguida chegamos à firme posição da fé.

A fé encontrou nestas verdades celestiais um

terreno firme sobre o qual pode plantar o pé;

pois somente assim que a fé pode estar sobre

este terreno firme, que ela pode levantar sua

poderosa voz e enviar o desafio por toda a

criação, "se Deus é por nós, quem pode ser

contra nós?"

Que palavras são essas! Como o apóstolo aqui

parece lançar a luva para lançar um desafio

contra o pecado, Satanás e o mundo; para ficar

com o pé firme sobre a base do amor eterno de

Deus e, na confiança da fé, olhar

impiedosamente no rosto todos os inimigos e

todos os temores, e dizer com ousadia a todos,

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como se desafiando-os a fazer o seu pior: "Se

Deus é por nós, quem pode ser contra nós?"

A. Mas, a pergunta pode surgir em muitos

corações palpitantes: "Deus é por MIM? Sei que

Deus é por mim, ninguém pode ser contra mim,

mas eu também sei", acrescenta o coração

trêmulo "se Deus é contra mim, então ninguém

pode ser por mim." Você fala corretamente. Se

Deus é por você, nem todos os homens da Terra

nem todos os demônios do inferno podem

manter sua alma fora do céu. Mas, se Deus está

contra você, nem todos os homens da terra, nem

toda a absolvição dos sacerdotes podem manter

sua alma fora do inferno. Este é, portanto, o

ponto; o ponto restrito a ser decidido na

consciência de cada homem: "Se Deus é por nós,

quem pode ser contra nós?" Mas, se Deus está

contra nós, quem pode ser por nós? Pegue

ambos os lados; olhe cada face da moeda. Há

uma vitória e há uma derrota; há uma vitória da

coroa e há uma perda para sempre. Examine,

então, ambos os lados; veja em qual você está; e

antes que levante a sua voz e diga: "Se Deus é por

nós, quem será contra nós?" Obtenha um

fundamento firme para seus pés, para que

estejam sobre a rocha e não sobre a areia. Tenha

um claro testemunho de que Deus é por você; e

então você pode olhar um mundo franzido na

cara, lançar desafio a Satanás, e apelar para o

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evangelho contra a lei, e para o sangue da

aspersão contra uma má consciência. Eu, então,

como o Senhor possa permitir, olho para ambos

os lados e mostro no que é que Deus está contra

você e no que Deus é por você; e então será capaz

de ver até onde pode juntar mão na mão com a

fé como ela está em cima do terreno vantajoso

do texto, e erguer a sua voz alta em união com a

dela, "Se Deus é por nós, quem pode ser contra

nós!"

1. Você está no mundo? Então Deus não é por

você, pois você não é por Deus. Podemos

estabelecer isso como um princípio amplo, que

aqueles que são por Deus, Deus é por eles; e que

aqueles que são contra Deus, Deus é contra eles.

Esse é o princípio amplo, que é estabelecido na

Palavra infalível da verdade como um critério

rígido, do qual não há desvio. Mas, deixe-me

explicar-me um pouco mais claramente. Por

estar no mundo, não quero dizer estar envolvido

em negócios ou em qualquer chamado legal,

pois todos temos que estar, ou pelo menos a

maioria de nós, para ganhar o nosso pão de cada

dia, quer pelo suor da nossa testa ou o suor do

nosso cérebro. Podemos estar no mundo, mas

não ser do mundo; pois, como diz o apóstolo,

precisaríamos sair do mundo, se não temos

nada a ver com ele. Mas, eu quero dizer estar no

mundo com nosso coração e afeições de modo a

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amá-lo e senti-lo para ser o nosso próprio lar e

elemento. João não diz? "Se alguém ama o

mundo, o amor do Pai não está nele" (1 João 2:15);

e Tiago não declara na linguagem mais forte o

que é a amizade do mundo? "Infiéis, não sabeis

que a amizade do mundo é inimizade contra

Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo

do mundo constitui-se inimigo de Deus." (Tiago

4: 4). Se, então, você é um amigo do mundo, você

é um inimigo de Deus; e se é inimigo de Deus,

está contra Deus; e certamente, em seu estado

atual, Deus está contra você. Mas, o que você

fará no dia da visitação? Como será com você no

leito da morte? E como você estará diante do

tribunal do Altíssimo no dia grande e terrível, se

você viver e morrer inimigo de Deus?

2. Você está vivendo em pecado? Você é culpado

de práticas ímpias secretas ou abertamente? A

luxúria da carne, a luxúria dos olhos e o orgulho

da vida prevalecem, não só em seu peito, mas

em sua conduta? Então, certamente Deus não é

por você; porque você é contra Deus. Porque

todas estas coisas "não são do Pai, mas do

mundo, e o mundo passa, e a sua

concupiscência, mas aquele que faz a vontade

de Deus permanece para sempre".

3. Você está morto em delitos e pecados?

Nenhuma obra de graça jamais passou sobre

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seu coração? Então você é um inimigo e um

estrangeiro, e isso por obras perversas; e se é um

inimigo e um estrangeiro, Deus não é por você,

pois você não é por Deus. Você está em aliança

com os inimigos de Deus, pois o que é um

inimigo para Deus como o pecado; aquela coisa

má que ele odeia? Se, então, está com as mãos e

os pés ligados em carnalidade e morte, você está

caído em toda a culpa e ruína da queda de Adão,

Deus está contra você, e será sempre contra

você, a menos que ele tenha algum propósito

secreto de misericórdia para você ainda não

revelado em seu estado presente. Deus é

certamente contra você; porque que amizade ou

união pode haver entre um Deus vivo e uma

alma morta em pecado?

4. Você é um inimigo da verdade de Deus? Será

que as coisas que trago nesta noite são odiosas

para o seu coração? Acenderam inimizade,

aversão e rebelião em seu peito quando eu as

trouxe à sua consideração, e fizeram você quase

me odiar por ter soado em seus ouvidos? Como

então você pode acreditar que Deus é por você,

se você odeia a verdade de Deus, e é tão ousado

como realmente negar, o que você deve fazer

para se justificar, o que está escrito na Palavra de

Deus como com um raio de luz divina? Você não

está se manifestando como um inimigo de Deus

se você é um inimigo da verdade de Deus, e

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lutando com malícia em seu peito contra a sua

santa Palavra? Então Deus está contra você.

5. Você está mostrando alguma inimizade

contra o povo de Deus, os servos de Deus, ou os

caminhos de Deus? Então Deus está contra você,

porque todas estas coisas lhe são caras como a

menina dos seus olhos; e se Deus está contra

você, como pode sonhar por um momento que

ele será sempre por você, a menos que haja uma

mudança poderosa, tão poderosa que todas

estas coisas velhas passem, e todas as coisas se

tornem novas?

B. Mas, vou deixar esta parte do nosso assunto. É

uma parte, e uma parte muito necessária do

meu ministério, que eu deveria incitar essas

coisas sobre a consciência e, assim, dividir

corretamente a Palavra da verdade e "tirar o

precioso do vil", e assim ser como a boca de

Deus, se talvez o Senhor possa aplicar a palavra

de advertência com poder ao coração de algum

pobre pecador. Mas, deixe-me, antes, chegar a

uma parte mais agradável do assunto e mostrar

quem está do lado de Deus, por quem Deus é, e

que, assim favorecido e abençoado, pode estar

no firme fundamento da fé de que tenho falado.

Tomando, então, a ampla linha de verdade que

acabo de estabelecer, podemos extrair desta

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conclusão, que se você é por Deus, Deus é por

você.

Esta verdade primária tendo sido estabelecida

como um princípio amplo, tenho agora de

trabalhá-la em harmonia com as Escrituras e

com a experiência dos santos, pois de outra

forma poderemos cair em alguns erros

perigosos. Muitos acreditam que são por Deus, e

no entanto, seus princípios e prática não

contradizem cada parte da Palavra de Deus? O

bendito Senhor mesmo disse a seus discípulos

que chegaria o tempo em que quem os matasse

pensaria que fazia o serviço de Deus. Quando os

zifeus vieram a Saul prometendo entregar Davi

na mão do rei, ele os abençoou em nome do

Senhor (1 Samuel 23:21). E o seu homônimo

perseguidor não pensou em si mesmo que

deveria fazer muitas coisas contrárias ao nome

de Jesus de Nazaré? (Atos 26: 9).

Assim, os pensamentos dos homens não são um

guia seguro e o zelo dos homens não garante

que eles estão fazendo a obra do Senhor ou que

são por Deus, pois quando chegamos a resolver

o problema e a manifestar em todos os seus

diferentes rumos, logo veremos que há para isso

autoengano, ilusão religiosa e zelo

supersticioso, nenhum dos quais se colocam

diante da luz da verdade ou do ensinamento de

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Deus no coração. Vejamos, pois, este importante

assunto à luz do testemunho da Palavra e do

Espírito no nosso interior. Posso quase usar as

palavras de Jeú aqui, quando ele veio como o

servo vingador do Senhor, e, levantando a

minha voz, dizer: "Quem está do lado do

Senhor?” ou, para falar em linguagem mais

simples: "Quem dentre vocês é por Deus?"

Deixe-me dar-lhe algumas marcas pelas quais

você pode saber o estado do caso.

1. O Senhor sempre por seus próprios lábios deu-

lhe um testemunho de que ele é por você? Mas,

olhe para a conexão do nosso texto; "Se Deus é

por nós, quem pode ser contra nós?" Você vai

observar que ele está falando não geralmente e

universalmente, mas de um certo número, a

quem ele chama de "nós". Agora, se você

rastrear a conexão, você verá que por "nós" ele se

refere àqueles que amam a Deus; àqueles que

foram conhecidos de Deus em presciência

eterna, predestinados por decreto eterno,

chamados pelo despertar da graça, justificados

pela imputação da obediência de Cristo, e

glorificados pelo recebimento de seu Espírito.

Estes são o "nós" por quem Deus é.

Então, olhe estas coisas à luz do testemunho,

como Deus as revelou aqui, e tome o seguinte

como sua primeira marca e evidência: "E

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sabemos que todas as coisas cooperam para o

bem daqueles que amam a Deus". Amar a Deus

é, então, uma grande e essencial evidência de

que ele é por nós. Agora olhe e veja se, à luz deste

testemunho exterior, você pode encontrar

qualquer evidência em seu seio à luz do

testemunho interior de que você ama a Deus.

Você diz, talvez, "Eu espero que eu ame", ou "Eu

ficaria muito triste se eu não amasse", ou "em

que você me leva a pensar que eu não amo a

Deus?" Mas, isso pode ser apenas esgrima com a

questão e fugir do ponto da espada.

Permitam-me ainda mais perguntar: Seu amor

foi derramado em seu coração? Jesus foi sempre

precioso para a sua alma? Pode dizer, com

Pedro; pode dizer com um coração trêmulo e

sincero; "Senhor, você sabe todas as coisas, você

sabe que eu te amo?" Seu nome foi para você

como o unguento derramado? As suas afeições

estavam sempre fixadas nele como o chefe

entre dez mil e o totalmente amável? E embora

isso possa ter sido mais profunda e

poderosamente sentido anos atrás, e você pode

ter deixado seu primeiro amor, ainda têm as

impressões de sua beleza e bem-aventurança

sido tão forjadas na própria substância de sua

alma, que você sente de vez em quando o fluir de

afeição para com ele sob aqueles graciosos

avivamentos com os quais o Senhor se agrada de

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lhe favorecer? Se você pode colocar sua mão

sobre essa evidência, Deus é por você.

2. Mas, nem todos podem colocar a mão com a

mesma firmeza sobre esta grande evidência

distintiva. Pegue outra, então, em conexão com

nosso texto; "Chamado de acordo com o

propósito de Deus." Você tem algum

testemunho de que Deus lhe chamou pela sua

graça, vivificou a sua alma na vida divina, lhe

resgatou da maldição de uma lei condenatória,

lhe deu o arrependimento pelos seus pecados,

levantou um suspiro e um clamor no seu peito

para um sentido de seu amor perdoador, lhe

trouxe ao escabelo da misericórdia, dando-lhe

fé para crer em seu querido Filho, com alguma

doce esperança de que ele começou uma obra

de graça em seu coração? Você pode olhar para

trás em algum período para nunca ser

esquecido quando o Senhor, por sua graça

especial e onipotente, vivificou sua alma na vida

divina? Pois creio que nunca podemos esquecer

as primeiras sensações do Espírito de Deus em

seus movimentos vivificantes sobre a alma;

quando ele, usando a figura de Moisés, flutua

sobre ela como uma águia que agita seu ninho,

infundindo e comunicando uma vida nova e

celestial, como quando na criação ele se moveu

sobre a face das águas, comunicando a vida e a

energia ao caos.

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Certamente, se alguma vez sentimos a poderosa

mão do Senhor sobre nós, nunca poderemos

esquecer o momento memorável em que ele

primeiro se propôs a comunicar luz e vida

divinas às nossas almas mortas, derramar sobre

nós o Espírito de graça e de súplicas, para nos

separar do mundo, para nos levar a seus pés

com confissões e súplicas, abrindo e revelando

realidades eternas com um peso e um poder que

elas entraram em nossos mais profundos e mais

íntimos pensamentos e sentimentos. Você pode

olhar para trás para esse tempo? Espero poder

agora, mais de trinta e cinco anos atrás. Então

Deus é por você; e se Deus é por você, então você

pode, como ele é feliz para fortalecer a sua fé,

olhar diretamente através dessa cadeia

abençoada com todos os seus elos celestiais, e

ver como ele antes de conhecê-lo antes da

fundação do mundo, escreveu o seu nome no

Livro da Vida.

3. Mas, na medida em que você pode ver

claramente o seu chamado pela graça, você

também pode ver a sua justificação, pois "aos

que chamou a estes também justificou", o que

nos leva a outra evidência para apontar aqueles

por quem Deus é. Este é um ponto que precisa de

algum exame, pois dele depende o seu título

para o céu. Porventura, vocês já viram a Cristo

pelos olhos da fé como lhes justificando de todas

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as coisas "das quais não podiam ser justificados

pela lei de Moisés?" Quais são as suas opiniões e

sentimentos sobre este ponto importante? Você

já acreditou na justiça de Cristo e a vê pelos

olhos da fé como a obediência ativa e passiva do

Filho encarnado de Deus? Alguma vez você o

recebeu como sua vestimenta justificativa; e

lançando de lado e renunciando a seus próprios

trapos imundos de justiça própria, alguma vez

estendeu a mão direita da sua fé e a lançou, por

assim dizer, sobre o Seu manto de cobertura?

Você já sentiu a sentença de justificação em seu

peito, de modo a ver-se completo em Cristo sem

mancha ou rugas, ou qualquer coisa

semelhante? Então Deus é por você.

4. Você já sentiu alguma medida de

glorificação? Pois isso se segue à justificação: "A

quem ele justificou, a estes também glorificou".

Mas, você talvez diga: "Eu pensei que isso era

somente para o futuro, e que agora devemos

sofrer com Cristo para que possamos ser

glorificados juntamente". Isso é verdade; e

ainda, em certo sentido, Deus glorifica seu povo

aqui embaixo. O Senhor não disse de seus

discípulos a seu Pai celestial? "E a glória que me

deste, eu lhes dei;" Não "Eu lhes darei", mas "Eu

dei", já tenho dado. Pedro também não diz? "Se

pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-

aventurados sois, porque sobre vós repousa o

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Espírito da glória, o Espírito de Deus." (1 Pedro

4:14). Nós também não lemos? "O Senhor dará

graça e glória" (Salmo 84:11); como se estivessem

tão ligados que são dados juntos; como bem se

disse: "A graça é a glória iniciada e a glória é a

graça terminada".

Quando Cristo, então, é revelado à alma, uma

medida de sua glória desce ao peito, como o

apóstolo fala lindamente; "Mas todos nós, com

rosto descoberto, refletindo como um espelho a

glória do Senhor, somos transformados de

glória em glória na mesma imagem, como pelo

Espírito do Senhor." (2 Coríntios 3:18). Então,

você já sentiu uma medida daquela glória

celestial descendo em seu seio, como "Deus que

ordenou que a luz brilhasse das trevas brilhasse

em seu coração, para dar a luz do conhecimento

da glória de Deus na face de Jesus Cristo”? Se

você pode olhar para trás sobre qualquer

visitação dessa natureza de Deus, então você

pode levantar um testemunho abençoado que

Deus é por você.

Chamada, justificação e glorificação são as três

grandes evidências da posse da vida eterna; e na

falta destas evidências o filho da graça nunca

pode realmente descansar. Ele pode ter suas

esperanças e expectativas, estar olhando para

dias melhores, e às vezes se sentir quase seguro

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de sua eterna segurança, mas sem uma

evidência completa e clara de seu chamado

celestial, sua plena justificação e sua eterna

glorificação, ele nunca pode descansar

satisfeito nem ter certeza de que Deus é por ele.

Mas, agora vem o abençoado terreno da fé: "Se

Deus é por nós, quem pode ser contra nós?" O

apóstolo quer dizer aqui que ninguém é contra

os santos de Deus? Que todos os homens e todas

as coisas estão a seu favor? Que eles velejam

para o céu com uma maré fluida e um vento

próspero, e chegam à costa celeste com apenas

um vendaval adverso? Não; ele não pode, ele não

quer dizer isso; pois tal visão contradiria todo o

testemunho de Deus. Mas, quando ele faz este

desafio triunfante, o que ele quer dizer é: Quem

pode estar contra eles para lhes causar algum

dano real permanente? Quem pode estar contra

eles para arrancá-los da mão de Deus? Quem

pode ser contra eles para derrotar os propósitos

de Deus, e desatar o nó da predestinação que os

prendeu tão firmemente, tão

indissoluvelmente ao trono eterno? Quem pode

ser contra eles para que sua vocação, sua

justificação e sua glorificação sejam todos

desfeitos e anulados, e que eles devem perecer

em seus pecados? Esta é a essência de seu

desafio; não que nenhum deles seja contra eles,

mas que nenhum terá sucesso em seus projetos

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maliciosos. Vamos, então, correr sobre algumas

das coisas que estão contra eles, e ainda

nenhuma das quais, eventualmente, possa

prejudicá-los.

1. O mundo está contra eles, mas isso não pode

machucá-los, pois já é um inimigo batido. "No

mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo,

eu venci o mundo." (João 16:33). E nós também o

venceremos no Senhor e por ele. "Porque todo

aquele que é nascido de Deus vence o mundo; e

esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé" (1

João 5: 4). Se nós saímos do mundo, entregamo-

nos a Cristo e manifestamos nossa fé por uma

vida piedosa, o mundo não pode ser nosso

amigo. E por que? Porque o condenamos. Esta

foi a vitória de Noé, que, "movido com temor,

preparou uma arca para a salvação de sua casa,

pela qual condenou o mundo" (Hb 11: 7); pois

cada prego que ele dirigia para dentro da arca

testemunhava sua separação e condenação do

mundo, como estando sob a ira de Deus. Se

então, como Noé, se moveu com temor a Deus,

estamos preparando uma arca; a arca de Cristo;

para salvar a nossa alma, condenaremos assim o

mundo; e como esta é uma ofensa que o mundo

não pode suportar, ele se levantará em armas

contra nós, e no máximo de seu poder,

caluniará, perseguirá e, se pudesse, nos

destruiria. Não devemos esperar melhor

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tratamento do que nosso Senhor e Mestre. "Se

chamaram o senhor da casa de Belzebu, quanto

mais chamarão os de sua casa?"

2. Mas são todos os professantes filhos de Deus

por nós? Ora, sabemos que alguns dos inimigos

mais amargos que tivemos de encontrar foram

aqueles que professam estar do lado do Senhor.

Os professantes de religião sempre foram os

inimigos mais mortíferos dos filhos de Deus.

Quem eram tão contrários ao Senhor bendito

quanto os escribas e fariseus? Não era o povo em

geral, mas seus professantes religiosos e líderes

que crucificaram o Senhor da glória. E assim,

em todas as épocas, os religiosos da época foram

os perseguidores mais ardentes e amargos da

Igreja de Cristo. Nem o caso é alterado agora.

Quanto mais os filhos de Deus são firmes na

verdade, quanto mais desfrutam de seu poder,

mais vivem sob sua influência, e quanto mais

terna e conscienciosamente caminham com

temor piedoso, mais a geração professante do

dia os odeia com um ódio mortal.

Não pensemos que podemos desarmá-los por

uma vida piedosa; porque quanto mais

andarmos no doce gozo da verdade celestial e

deixarmos a nossa luz brilhar diante dos

homens como tendo estado com Jesus, mais isso

aumentará seu ódio e desprezo.

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3. Mas o que é muito mais difícil de suportar, até

os próprios santos de Deus às vezes podem ser

contra nós; e contra nós às vezes justa e

corretamente, às vezes injusta e erradamente.

Nós podemos ser deixados em um momento

mau para dizer ou fazer coisas que podem trazer

o franzir de olhos dos santos de Deus sobre nós,

e seu franzir é também justo. De uma

caminhada inconsistente, de uma conduta

imprópria, devemos justamente incorrer no

descontentamento e desaprovação dos santos

de Deus; e assim a própria família de Deus pode

ser justamente contra nós, e não agir fielmente

a Deus ou fielmente à sua própria consciência,

se eles fossem por nós.

A religião não é coisa de festa. Seu próprio

caráter, como sendo "de cima", é ser "sem

parcialidade e sem hipocrisia". Não devemos

esperar, portanto, que os santos de Deus

aprovem nossos maus feitos e se unam a nós

contra o Senhor; eles têm reivindicações mais

elevadas do que nossa amizade ou favor, e só

podem estar do nosso lado quando estamos do

lado do Senhor. Se a nossa consciência for

sensível, sentiremos isso com agudeza; e

embora a nossa carne possa se encolher de suas

repreensões, contudo acharemos no final uma

bondade e "isso será como óleo sobre a nossa

cabeça" (Salmo 141: 5), para amaciar nosso

coração em contrição e confissão .

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Mas, às vezes os santos estão injustamente

contra nós. O preconceito, o orgulho, a inveja, o

ciúme, a desconfiança infundada, a má vontade

e a miserável inimizade da mente carnal podem

funcionar no peito do santo de Deus e exalar-se

em atos de maldade ou palavras que

profundamente cortam e ferem nosso espírito .

Pois, como Deer diz: "Do pecador e do santo, ele

encontra muitos golpes". Ainda assim, a fé ainda

pode assumir a palavra, "Se Deus é por nós quem

pode ser contra nós?"

4. Mas, ainda, a lei de Deus não é contra nós? Ela

não requer perfeita obediência? Não amaldiçoa

e condena não só toda palavra e ação ímpias,

mas também todo pensamento ímpio, pois "O

desígnio do insensato é pecado" (Provérbios 24:

9). Mas, ela será tão contrária ao santo de Deus

como para condená-lo ao inferno? Se o nosso

bendito Senhor cumpriu a lei, suportou a

maldição, obedeceu-a em todas as suas

exigências e é "o fim da lei para a justiça de todo

aquele que crê" (Rm 10: 4), que acusações por

sustentar contra o santo de Deus para sua

condenação eterna? Pode-se exigir uma dívida

já paga, "Primeiro com as mãos de meu

Sangrento Fiador, e depois com as minhas?"

Qual é o primeiro som da trombeta do

evangelho que discursa tão doce música

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durante todo este capítulo? "Portanto, agora

nenhuma condenação há para os que estão em

Cristo Jesus". E se é "nenhuma condenação", a lei

não pode ser ouvida quando falaria contra ele no

tribunal da Justiça diante da Majestade

Soberana do céu.

5. Mas nem mesmo sua própria consciência está

contra ele? Eu livre e honestamente confesso

que muitas vezes tenho uma consciência

culpada; e eu sei que quando este é o caso é mais

contra mim do que qualquer um no mundo. Sua

voz interior fala mais alto do que qualquer

exterior. Poucos ministros, em nossos dias pelo

menos, tiveram mais coisas ruins ditas e

escritas contra eles do que eu; e, no entanto,

nenhum de seus discursos difíceis se

preocupou, embora pudessem ter-me irritado,

quando a minha própria consciência não

acrescentou seu testemunho silencioso. E a

razão é, porque quando a consciência está

contra mim eu não posso acreditar que Deus é

por mim. Admiro muito o que o Espírito Santo

fala pela caneta de João. Ele assume dois casos;

um onde a consciência nos condena, e o outro

onde não nos condena; e ele faz uma provisão

graciosa para cada caso: "porque se o coração

nos condena, maior é Deus do que o nosso

coração, e conhece todas as coisas. Amados, se o

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coração não nos condena, temos confiança para

com Deus" (1 João 3:20, 21).

Agora, considere o primeiro caso como

aplicável ao nosso ponto atual; uma consciência

condenatória. Que graciosa provisão existe para

isso? "Deus é maior do que o nosso coração, e

sabe todas as coisas." Seu amor no dom de seu

querido Filho; seu livre perdão de todos os

nossos pecados, embora seu sangue expiatório,

e plena justificação de nossas pessoas por meio

de sua justiça; sua aceitação de nós no Amado; e

seu propósito irreversível de salvar; em todas

essas indizíveis misericórdias "Deus é maior do

que nosso coração", que, pela culpa, afunda na

dúvida e no medo; e "ele sabe todas as coisas", de

modo a purificar uma consciência culpada pela

aplicação do sangue expiatório e do amor do

perdão. E ele sabe também quais são os desejos

reais de nosso coração para com ele mesmo, em

meio e sob toda a condenação de uma

consciência culpada, e que ainda lhe soa

verdadeiro abaixo de tudo. No outro caso mais

feliz em que o coração não condena não posso

entrar agora.

O que, então, permanece, se nem o mundo, nem

o professante, nem mesmo o santo, nem uma lei

condenatória, nem uma consciência culpada; se

nenhum deles individualmente, nem todos eles

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coletivamente são ou podem ser contra nós,

quem ou o que permanece que devemos temer?

Não devemos nós, se sabemos alguma coisa

dessas verdades pelo ensinamento divino e pelo

testemunho divino, permanecer com fé em

nossa própria posição firme; e não em

presunção arrojada, mas em santa, humilde

confiança, mansamente e em silêncio dizer: "Se

Deus é por nós, quem pode ser contra nós?"

Quanto à minha própria experiência, desde que

fui chamado para o campo de ação para

combater o bom combate da fé, não tenho muito

medo do homem. Espero no Senhor, pelo menos

em certa medida, tenha lutado arduamente pela

fé que uma vez foi entregue aos santos,

libertando-me do medo do homem que traz um

laço. Mas, francamente, confesso que por um só

temor; muitas vezes tenho tido muito medo de

Deus. Espero que tenha plantado no meu

coração um medo filial de seu grande nome,

mas, misturado com isso, muitas vezes

encontrei e senti muito medo servil; esse

miserável medo do qual João realmente diz que

"tem tormento"; pois creio que atormenta mais

ou menos toda a família de Deus. Mas, há

também um remédio abençoado para isso; o

amor de Deus que o elimina; não para nunca

voltar, mas de seu lugar de influência e poder

prevalecentes. À vista, então, de todos os

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inimigos subjugados ou silenciados, não

digamos: "Se o Senhor é por nós, quem, na terra

ou no inferno, pode ser contra nós?"

III. Mas, agora chegamos ao ARGUMENTO

SÓLIDO DA FÉ; pois a fé pode argumentar; na

verdade não de acordo com a lógica das escolas;

não de acordo com o sistema de Aristóteles que

aprendi em Oxford, nem de acordo com as

demonstrações matemáticas estudadas em

Cambridge, mas com aquela lógica celestial de

que Jó fala quando diz: "Ah, se eu soubesse onde

encontrá-lo, e pudesse chegar ao seu tribunal!

Exporia ante ele a minha causa, e encheria a

minha boca de argumentos” (Jó 23: 3, 4). Aqui

está o argumento da fé: "Aquele que não poupou

seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós,

como não nos dará também com ele todas as

coisas?"

A. Vamos ver se não podemos, com a ajuda de

Deus e sua bênção, reunir a substância do

argumento convincente da fé aqui. Qual é a sua

base firme! O dom do próprio Filho de Deus.

Mas, observem comigo a maneira pela qual o

Espírito Santo, pela caneta do apóstolo, expressa

este dom e marca a sua linguagem; "Aquele que

não poupou o seu próprio Filho". Não quero me

debruçar sobre estas palavras no espírito da

controvérsia, mas no espírito da verdade;

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contudo, não posso deixar de chamar a sua

atenção para a forma surpreendente em que o

nosso bendito Senhor está aqui descrito; e

quem, eu peço, que lê essas palavras com um

olho imparcial pode negar que o Senhor Jesus é

mencionado aqui como o próprio Filho de Deus?

Marca a beleza, a força, o caminho requintado

que alcança o coração mesmo nas palavras "seu

próprio filho!" Negar que nosso bendito Senhor

é o próprio Filho de Deus; dizer que ele não é o

seu próprio peculiar, como literalmente

significa a palavra, seu próprio Filho e

unigênito, e onde está a força e a beleza do

argumento? Que cai, como o orvalho do céu, em

um peito de fé, "Aquele que não poupou seu

próprio Filho?"

Como esta palavra de graça e verdade parece

levar nossos pensamentos crentes nos próprios

tribunais de bem-aventurança antes que o

tempo se fosse, ou os dias conhecessem seu

lugar! Como nos dá uma visão do Filho de Deus

que repousa no seio de seu Pai desde a fundação

do mundo! E como nos dá a ver, se assim posso

dizer, a luta no seio do Pai entre segurar o seu

próprio Filho no seu seio e abandoná-lo. "Aquele

que não poupou a seu próprio Filho"; como se,

por assim dizer, existisse no seio de Deus que o

teria poupado, se pudesse ter feito isso. Se

houvesse outro caminho pelo qual a Igreja

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pudesse ter sido salva, o pecado perdoado, a lei

engrandecida e a justiça de Deus glorificada,

esse Filho teria sido poupado. Mas, não havia

outro caminho possível senão dar o seu Filho; e

portanto, mais cedo do que a lei devesse ser

violada, seus atributos violados, e a Igreja

eternamente perdida, "Ele não poupou seu

próprio Filho".

Ó, criaturas descontentes e descrentes,

miseráveis, posso quase chamá-los, cavalheiros

que disputam e negam o mais sublime mistério

de piedade que sempre Deus revelou ou o

homem crê, o que vos digo? Ó vocês que viram e

conheceram a beleza e a bem-aventurança, a

graça e a glória do unigênito do Pai, vocês que

acreditam, amam e adoram-no, em vez de

procurar roubá-lo de seu direito eterno e de seu

nome mais querido. Mas, se o próprio

testemunho de Deus não pode convencê-lo,

como será o meu? Admito que é um mistério

mas, "grande é o mistério da piedade, Deus

manifestado na carne"; e que Jesus deve ser o

próprio Filho de Deus não é um mistério maior

do que o de que Deus tenha encarnado. Este

mistério, com todos os seus resultados

abençoados e consequências, levará uma

eternidade para ser desdobrado, mas podemos

simplesmente deixar cair alguns pensamentos

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sobre o assunto, movendo-nos com espírito

reverente, e andando nos passos da revelação.

Olhe para as consequências que a queda

introduziu na criação de Deus. Veja como ela

invadiu seu caráter justo; como manchou, por

assim dizer, a Majestade do céu em sua

supremacia soberana. Não é a desobediência a

um mandamento, especialmente se voluntário

e intencional, um desprezo lançado sobre ele?

Quando um pai oferece um filho, ou um mestre,

ou um servo, faz uma coisa, e o filho ou o servo

se recusam a obedecer ou faz exatamente o

contrário; não é este ato de desobediência

inegável desprezo, se não um insulto decidido à

autoridade legítima ? Assim, a desobediência de

Adão, da qual a culpa e as consequências se

estendem até nós, foi um insulto à autoridade

suprema do Legislador do Céu. Se isso não foi

expiado e, como foi vingado e remediado, como

poderia a supremacia de Deus ser vindicada?

Veja, então, a impossibilidade de o homem ser

salvo a menos que a justiça pudesse ser

amplamente satisfeita; a menos que a lei

pudesse ser totalmente obedecida; a menos que

toda perfeição da Divindade devesse ser

completamente harmonizada. Os anjos

testemunharam a queda de seus irmãos

apóstatas; eles haviam visto a "ira sem

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misericórdia" derramada sobre aqueles

espíritos, uma vez brilhantes e gloriosos, que

haviam sido ligados juntos na grande

transgressão. Agora, se os homens caídos

fossem poupados, a justiça desconsiderada e a

lei quebrada com impunidade, o que teria sido o

pensamento daqueles seres angélicos que se

levantaram quando seus irmãos caíram? Que

Deus era parcial; que ele sacrificou sua justiça à

sua misericórdia; que ele estava transbordando

de compaixão para o homem caído, embora não

para os anjos caídos, e não se importava se Seus

atributos, especialmente o de justiça, fossem

sacrificados ou não.

Para garantir, portanto, este ponto

indispensável que nenhum de seus atributos

eternos devesse sofrer perda, que a justiça

deveria ter o que lhe é devido, e ainda que a

misericórdia deve prevalecer contra o

julgamento, Deus desistiu do Filho do seu seio

para que ele pudesse assumir nossa natureza

em união com a sua própria Pessoa divina, e

assim harmonizar toda perfeição da Divindade,

cumprir uma lei condenatória, trazer uma

perfeita obediência, lavar a Igreja em seu

precioso sangue e salvá-la nas alturas do céu.

Para realizar esses maravilhosos propósitos de

sabedoria e graça, não havendo outra maneira

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de executá-los, Deus não poupou seu próprio

Filho.

B. Mas, algo mais é intimado em nosso texto

como parte também do argumento da fé. Ele

"entregou-o para todos nós". Que grande mundo

de significado está contido nessa expressão

"entregou-o"; pois quando Deus não poupou a

seu próprio Filho, não foi apenas que ele entrou

neste mundo inferior ou tomou nossa natureza

em união com sua própria Pessoa divina, que em

si teria sido um ato de infinita condescendência;

mas envolveu necessariamente todas as

consequências que dele resultaram, e que são

intimados pela expressão "entregou-o". Para o

que as palavras implicam?

1. Primeiro, que ele deve suportar a humilhação

profunda e dores amargas da cruz. Um sacrifício

deveria ser oferecido, sangue a ser derramado,

e ele deveria ser a vítima. Pense em um pai terno

entregando com suas próprias mãos um único

filho à morte. Não era menos para Deus entregar

Seu próprio Filho para carregar nossos pecados

em seu próprio corpo sobre o madeiro.

2. Ao sofrer isso, ele também foi entregue à

perseguição de homens ímpios, às zombarias,

provocações e comentários sarcásticos

daqueles que olhavam para ele sangrando na

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cruz e diziam: "Ele salvou os outros, mas a si

mesmo não pôde salvar." Isto, como

encontramos no Salmo 22, não foi uma pequena

parte dos sofrimentos do Redentor: "Mas eu sou

verme, e não homem; opróbrio dos homens e

desprezado do povo. Todos os que me veem

zombam de mim, arreganham os beiços e

meneiam a cabeça, dizendo: Confiou no Senhor;

que ele o livre; que ele o salve, pois que nele tem

prazer.” (Salmo 22: 6-8).

3. Ele também foi entregue para suportar as

tentações de Satanás, aquele arqui-demônio,

esse espírito maligno. Não posso ampliar aqui;

mas que cena isto abre para a nossa visão

surpresa que ao demônio imundo do inferno

deve ser permitido atirar seus dardos ardentes

contra o peito do Filho coigual de Deus!

4. Mas, há algo mais profundo e mais

maravilhoso ainda, o que excede todo o

pensamento humano para entrar no sagrado

mistério; ele deveria ser entregado para

suportar a tremenda ira de seu Pai, os

esconderijos de seu rosto e aquele amargo

abandono da luz de seu semblante que arrancou

de seu peito aquele grito doloroso que abalou os

próprios fundamentos da terra: "Meu Deus, meu

Deus, por que me desamparaste?" Agora,

quando olhamos esses mistérios solenes pelo

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olho da fé, e vemos que Deus, o Pai, entregou o

seu Filho, quando ele não o poupou, que vista

nos dá do eterno e infinito amor de Deus a uma

raça culpada, dar seu filho, assim livremente

para morrer por seus pecados e para conservá-

los nele mesmo com uma salvação eterna.

Isso, então, é o argumento da fé; se Deus fez tudo

isso, o que ele negará? Aquele que deu o maior,

ele vai reter menos? Como a fé nasce aqui, e,

chegando à sua plena estatura, fala em voz alta

para toda a família de Deus, e diz: "Que Deus, o

Pai, não poupou a seu próprio Filho, deu-o

livremente para morrer por nossos pecados?

"Será que, depois desta exibição de sua

superabundante graça e misericórdia infinita,

não nos devolverá algo que seja realmente para

o nosso bem, não nos dará também com ele

todas as coisas?" O que! "todas as coisas?" Sim;

todas as coisas que serão para o nosso bem e

para a sua glória; todas as coisas na providência,

que serão para o nosso bem, enquanto viajamos

por este vale; todas as coisas em graça que serão

para nosso lucro espiritual e consolação.

Precisamos de fé em maior medida? Ele nos

dará isso. Precisamos de esperança para ancorar

mais fortemente dentro do véu? Ele não nos

dará isso também? Queremos amar mais quem

nos amou primeiro? Ele vai reter isso?

Precisamos de apoio na aflição, libertação da

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tentação, consolação sob as dores da vida? Não

nos dará todas essas coisas? Será que ele não

estará conosco em um leito moribundo, quando

precisarmos de sua presença, e dar-nos então

ali o que nos levará no escuro vale? Assim a fé,

estando sobre este terreno elevado, pode olhar

o horizonte largo e dizer, "O que há que Deus nos

reterá quando ele não poupou seu próprio

Filho?"

Mas, nem sempre ou com frequência a fé pode

usar esses argumentos. A fé às vezes é muito

fraca e dificilmente pode levantar a voz para

usar uma linguagem como esta. Ainda assim, o

argumento da fé é o mesmo, embora ela possa

não ser capaz de usá-lo com igual força; porque

a base é ainda a mesma, se a fé é fraca ou forte,

que se Deus não poupou seu Filho, mas o

entregou por todos nós, certamente nos dará

todas as coisas livre, liberal, graciosamente, e

sem reservas.

Vamos, pois, juntar os fragmentos para que

nada se perca; reunir os fios deste discurso, e

ver como ele se sustenta sobre nossa

experiência e nossas esperanças. O grande

ponto é ter este testemunho selado em nosso

peito, de quem somos e a quem servimos; de

cujo lado estamos e quem é por nós. Se

conseguirmos isso claramente estabelecido em

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nosso seio pelo trabalho e testemunho do

Espírito Santo, então tudo se segue. Mas,

enquanto estamos em dúvida e temor de que

lado estamos e se Deus é contra nós ou por nós,

não podemos estar no fundamento da fé, nem

podemos usar o argumento da fé. Quão

desejável, então, é que cada santo de Deus tenha

algum testemunho interior de que Deus é por

ele. E como isso pode ser adquirido se não for

possuído pela oração e súplica; olhando para o

Senhor, lutando com ele, derramando o coração

diante dele, buscando seu rosto, e implorando

dele de vez em quando para deixar claro que

Deus o Espírito começou aquela obra sagrada

sobre a alma que ele nunca deixará nem

abandonará até que ele a tenha concluído.

Como, então, o filho da graça é favorecido com

uma doce evidência de que Deus é seu Pai e

amigo, ele pode assumir a primeira forte

indagação da fé, "O que diremos então a estas

coisas?" Então a firme posição da fé: "Se Deus é

por nós, quem pode estar contra nós?" E então o

sólido argumento da fé: "Aquele que não poupou

seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós,

como não nos dará também com ele todas as

coisas?"