a voz do meu amado, por robert murray m'cheyne
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Traduzido do original em Inglês
The Voice of My Beloved
By R. M. M'Cheyne
Este Sermão foi pregado por M’Cheyne em 14 de Agosto de 1836,
em St. Peter, Dundee. Ele, nesta época, era candidato ao ministério,
e posteriormente tornou-se ministro de St. Peter.
Via: Reformation-Scotland.org.uk
Tradução por Camila Almeida
Revisão e Capa por William Teixeira
1ª Edição: Dezembro de 2014
Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida
Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.
Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, sob a licença Creative
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A Voz do Meu Amado Por R. M. M’Cheyne
“Esta é a voz do meu amado; ei-lo aí, que já vem saltando sobre os montes,
pulando sobre os outeiros. O meu amado é semelhante ao gamo, ou ao filho do
veado; eis que está detrás da nossa parede, olhando pelas janelas, espreitando
pelas grades. O meu amado fala e me diz: Levanta-te, meu amor, formosa minha, e
vem. Porque eis que passou o inverno; a chuva cessou, e se foi; aparecem as flores
na terra, o tempo de cantar chega, e a voz da rola ouve-se em nossa terra.
A figueira já deu os seus figos verdes, e as vides em flor exalam o seu aroma;
levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem. Pomba minha, que andas pelas fendas
das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me a tua face, faze-me ouvir a tua voz,
porque a tua voz é doce, e a tua face graciosa. Apanhai-nos as raposas, as
raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor. O
meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios.
Até que refresque o dia, e fujam as sombras, volta, amado meu; faze-te semelhante
ao gamo ou ao filho dos veados sobre os montes de Beter.” (Cânticos 2:8-17)
Não há nenhum livro da Bíblia que proporcione um melhor teste da profundidade do Cristia-
nismo de um homem do que o Cântico dos Cânticos. (1) Se a religião de um homem estiver
toda em sua cabeça, uma estrutura bem definida de doutrinas, construída como trabalho
de pedreiro, pedra sobre pedra, mas não exercer nenhuma influência sobre o seu coração,
este livro não pode deixar de ofendê-lo; pois, nele não há declarações rígidas de doutrina
sobre as quais a sua religião sem coração possa ser construída. (2) Ou, se a religião de um
homem for toda em sua imaginação; se, como Flexível em O Peregrino, ele seja levado
pela beleza exterior do Cristianismo; se, como a semente lançada sobre o solo rochoso, a
sua religião é estabelecida apenas nas faculdades superficiais da mente, enquanto o
coração permanece rochoso e impassível; embora ele desfrute deste Livro, mais do que o
primeiro homem, ainda assim, há um ar misterioso de íntima comoção nele, em que não
pode senão fazê-lo tropeçar e ofender-se. (3) Mas se a religião de um homem for a religião
do coração; se ele não tem não apenas doutrinas em sua cabeça, mas o amor de Jesus
em seu coração; se ele não tem somente ouvido e lido do Senhor Jesus, mas tem sentido
a sua necessidade dEle, e foi levado a apegar-se a Ele, como o primeiro entre dez mil, e
totalmente desejável, então este livro será inestimavelmente precioso para sua alma; pois
contém os mais ternos suspiros do coração do crente pelo Salvador, e os mais ternos
desejos do coração do Salvador em direção ao crente.
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“O seu assunto é totalmente sublime, espiritual e místico; e as formas de sua composi-
ção, universalmente alegóricas” — John Owen.
Há uma concordância entre os melhores intérpretes deste Livro — (1) Que ele consiste não
de um cântico, mas de muitas canções; (2) que esses cânticos estão em uma forma
dramática; e (3) que, como as parábolas de Cristo, elas contêm um significado espiritual,
sob a veste e ornamentos de alguns episódios poéticos.
A passagem que eu li compõe um destes cânticos dramáticos, e o tema deste é uma visita
repentina que uma noiva oriental recebe de seu senhor ausente. A noiva é representada
para nós como sentada sozinha e desolada em um quiosque, ou bosque oriental — um
lugar seguro e de retraimento nos jardins do Oriente — descrito por viajantes modernos
como “um bosque cercado por um muro verde, coberto por videiras e jasmins, com janelas
de gelosias”.
Os montes de Beter (ou, como estão no limiar, os montes da divisão), os montes que a
separam de seu amado, parecem quase intransponíveis. Eles parecem tão íngremes e
escarpados, que ela teme que ele nunca mais consiga vir por sobre eles para visitá-la. Seu
jardim não possui nenhuma beleza que a atraia a seguir adiante. Toda a natureza parece
participar de sua tristeza; o inverno reina por fora e por dentro; nenhuma flor aparece na
terra; todos os pássaros canoros parecem estar tristes e silenciosos sobre as árvores; e a
voz de amor da rola não é ouvida na terra.
É enquanto ela está sentada, assim, solitária e desolada que a voz de seu amado alcança
o seu ouvido. O amor é rápido em ouvir a voz que é amada; e, portanto, ela ouve mais rápi-
do do que todas as suas donzelas, e o cântico inicia com a sua exclamação impetuosa:
“Esta é a voz do meu amado!”. Quando ela sentou-se em sua solidão, as montanhas entre
ela e seu senhor pareciam quase intransponíveis, elas eram tão elevadas e íngremes; mas
agora ela vê com que rapidez e facilidade ele salta estes montes, de forma que ela pode
compará-lo a nada além de um gamo, ou ao jovem cervo, as criaturas mais formosas e
mais rápidas das montanhas. “O meu amado é semelhante ao gamo, ou ao filho do veado”.
Sim, enquanto ela está falando, ele já chegou ao muro do jardim; e agora, eis que “ele olha
pelas janelas, espreitando pelas grades”. A noiva, a seguir, nos relata o convite suave, que
parece ter sido o cântico de seu amado vindo tão rapidamente sobre os montes. Enquanto
ela se sentava solitária, toda a natureza parecia morta, o inverno reinava; mas agora ele diz
a ela que ele trouxe o tempo da primavera, juntamente consigo. “Levanta-te, meu amor,
formosa minha, e vem. Porque eis que passou o inverno; a chuva cessou, e se foi;
aparecem as flores na terra, o tempo de cantar chega, e a voz da rola ouve-se em nossa
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terra. A figueira já deu os seus figos verdes, e as vides em flor exalam o seu aroma; levanta-
te, meu amor, formosa minha, e vem”.
Movida por este convite premente, ela sai de seu lugar de retraimento para a presença de
seu senhor, e se apega a ele como uma temerosa pomba das fendas das rochas; e, em
seguida, ele se dirige a ela com estas palavras da mais terna e delicada afeição: “Pomba
minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me a tua face,
faze-me ouvir a tua voz, porque a tua voz é doce, e a tua face graciosa”. Alegremente
concordando em ir adiante com seu senhor, ela ainda lembra que esta é a época de maior
perigo para as vinhas, devido as raposas que mordiscam a casca das vinhas; e, portanto,
ela não sairá sem deixar o comando de cautela para as suas donzelas: “Apanhai-nos as
raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor”.
Ela, então, renova a aliança de seu casamento com o seu amado, com estas palavras de
pertinente afeição: “O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre
os lírios”. E por fim, por ela saber que esta temporada de comunhão íntima não durará, já
que o seu amado deve sair novamente sobre os montes, ela não suportará que ele vá, sem
rogar-lhe que frequentemente renove estas visitas de amor, até que amanheça aquele dia
feliz em que eles não mais precisaram estar separados: “Até que refresque o dia, e fujam
as sombras, volta, amado meu; faze-te semelhante ao gamo ou ao filho dos veados sobre
os montes de Beter”.
Podemos muito bem desafiar o mundo inteiro de gênios para produzirem em qualquer
idioma um poema como este — tão pequeno, tão abrangente, tão delicadamente bonito.
Porém, o que é muito mais para o nosso atual propósito, não há nenhuma parte da Bíblia
que desvele mais lindamente um pouco da experiência mais íntima do coração do crente.
Olhemos, então, agora para a parábola como uma descrição de uma dessas visitas que o
Salvador muitas vezes faz às almas crentes, quando Ele manifesta-se a eles de forma
diferente do que o faz ao mundo.
I. QUANDO O CRENTE ESTÁ SOZINHO.
Quando Cristo está longe da alma do crente, ele se sente solitário.
Nós vimos na parábola, que quando o seu senhor foi embora, a noiva estava sentada
sozinha e desolada. Ela não se importou com a juventude e alegria para animarem as suas
horas solitárias. Ela não solicitou a harpa do menestrel para acalmá-la em sua solidão. Não
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havia flauta, nem adufe, nem vinho em suas festas. Não, ela sentou-se sozinha. Os montes
pareciam quase intransponíveis. Toda a natureza participou de sua tristeza. Se ela não
podia estar feliz sem à luz da face do seu senhor, ela estava decidida a não alegrar-se com
mais nada. Ela sentou-se solitária e desolada. Exatamente assim é com o verdadeiro crente
em Jesus. Quaisquer que sejam os montes de Beter que estejam entre a sua alma e Cristo,
se ele foi seduzido por velhos pecados, de forma que as suas iniquidades fazem separação
entre ele e o seu Deus; e os seus pecados encobrem o Seu rosto dele, para que não lhe
ouça [Isaías 59:2]; ou se o Salvador retirou por um momento, a luz consoladora de Sua
presença para a simples prova da fé de Seu servo, para ver, se ele, quando anda em trevas,
e não tem luz nenhuma, confia no nome do Senhor, e firma-se sobre o seu Deus [Isaías
50:10].
Quaisquer que sejam os montes de separação, é a evidência segura de um crente que ele
se assentará desolado e sozinho. Ele não consegue rir, longe de seus intensos cuidados,
como os homens mundanos podem fazer. Ele não consegue mergulhar-se na taça da
intemperança, como os miseráveis homens cegos podem fazer. Mesmo o inocente vínculo
da amizade humana não traz nenhum bálsamo para a sua ferida, ou melhor, até mesmo a
comunhão com os filhos de Deus agora é desagradável para a sua alma. Ele não consegue
apreciar o que ele gostava antes, quando aqueles que temiam ao Senhor falavam um com
o outro. Os montes entre ele e o Salvador parecem tão vastos e intransponíveis, que teme
que Ele nunca mais o visitará. Toda a natureza participa de sua tristeza, o inverno reina por
fora e por dentro. Ele senta-se sozinho, e fica desolado. Estando aflito, ele ora; e o peso de
sua oração é o mesmo daquele de um velho crente: “Senhor, se eu não posso me contentar
com a luz de Tua face, que me concedas não ser feliz com nada mais; pois a alegria sem
Ti é morte”.
Ah! meus amigos, vocês conhecem algo sobre esse sofrimento? Vocês sabem que é, as-
sim, sentar-se sozinho e estar desolado, porque Jesus está fora da vista? Se vocês o
sabem, então se alegrem, se é possível, mesmo em meio a vossa tristeza! Pois, essa mes-
ma tristeza é uma das marcas que vocês são crentes, de forma que vocês encontram toda
a vossa paz e toda a vossa alegria na união com o Salvador.
Mas ah, quão oposto é o caminho da maioria de vocês! Vocês não conhecem nada dessa
tristeza. Sim, talvez vocês zombem disso. Vocês conseguem estar felizes e contentes com
o mundo, mas vocês nunca tiveram uma visão de Jesus. Vocês podem estar felizes com
seus companheiros, embora o sangue de Jesus nunca tenha sussurrado paz à tua alma.
Ah, quão evidente é que vocês estão se apressando para o lugar onde “não há paz para os
ímpios, diz o meu Deus” [Isaías 57:21].
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II. A VINDA DE CRISTO ATÉ O CRENTE.
A vinda de Cristo até o crente desolado é, muitas vezes, súbita e maravilhosa.
Nós vimos na parábola, que foi quando a noiva estava sentada sozinha e desolada que ela
ouviu, de repente, a voz do seu senhor. O amor é rápido em ouvir, e ela exclama: “A voz
do meu amado!”. Antes, achava as montanhas quase intransponíveis; mas agora ela pode
comparar a rapidez dele a nada, a não ser ao gamo, ou ao filho do veado. Sim, em-quanto
ela fala, ele está na parede, na janela, mostrando-se através da grade. Muitas vezes, exata-
mente assim ocorre com o crente. Enquanto ele se senta sozinho e desolado, os montes
da separação parecem uma barreira vasta e intransponível para o Salvador, e ele teme que
Cristo nunca volte. Os montes de provocações de um crente são frequentemente mui gran-
des. “Que eu tenha pecado novamente, eu que fui lavado no lavado no sangue de Jesus.
É pouco que os outros homens pequem contra Ele; eles nunca O conheceram, nunca O
amaram como eu amei. Certamente eu sou o maior dos pecadores, e pequei demais, meu
Salvador. Os montes de minhas provocações cresceram até o céu, e Ele nunca mais poderá
voltar para mim”. Assim é que o crente escreve coisas amargas contra si mesmo; e nessa
ocasião, é que muitas vezes ele ouve a voz de seu Amado. Algum texto da Palavra, ou
alguma palavra de um amigo Cristão, ou alguma parte de um sermão, mais uma vez revela
Jesus em toda a Sua plenitude, o Salvador dos pecadores, até mesmo do principal. Ou pode
ser que Ele se dá a conhecer à alma desconsolada no partir do pão, e quando Ele fala as
palavras gentis: “Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós... Tomou o cálice,
dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que
beberdes, em memória de mim” [1 Coríntios 11:24-25]; então, ele exclama: “A voz do meu
amado! Eis que vem saltando sobre os montes, pulando sobre os outeiros”.
Ah! meus amigos, vocês conhecem alguma coisa desta alegre surpresa? Se conhecem,
por que vocês sempre sentam-se em desespero, como se a mão do Senhor estivesse
encolhida de forma que Ele não possa salvar, ou como se Seus ouvidos estivessem
agravados de forma que Ele não possa ouvir? Na hora mais tenebrosa digam: “Por que
estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois
ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face, e o meu Deus” [Salmos 42:11]. Venham
com expectativa à Palavra. Não venham com essa indiferença apática, como se nada que
um verme companheiro possa dizer seja digno de sua audição. Esta não é a palavra do
homem, mas a Palavra do Deus vivo. Venham com grandes esperanças, e então vocês
encontrarão a promessa verdadeira, que Ele enche os famintos com coisas boas, embora
Ele despeça os ricos de mãos vazias.
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III. A VINDA DE CRISTO MUDA TODAS AS COISAS.
A Vinda de Cristo muda todas as coisas para o crente, e seu amor é mais suave do que
nunca.
Nós vimos na parábola que, quando a noiva estava desolada e sozinha, toda a natureza
estava mergulhada em tristeza. Seu jardim não possuía encantos para levá-la adiante, pois
o inverno reinava dentro e fora. Mas quando o seu senhor veio tão rapidamente sobre os
montes, ele trouxe a primavera junto com ele. Toda a natureza é alterada enquanto ele
avança, e seu convite é: “Levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem. Porque eis que
passou o inverno”. Exatamente assim é com o crente, quando Cristo está ausente: tudo é
inverno na alma. Mas, quando Ele vem novamente sobre os montes da provação; Ele traz
uma temporada de feliz primavera junto consigo. Quando esse sol da justiça surge de novo
na alma, não apenas os Seus raios alegrantes caem sobre a alma do crente, mas toda a
natureza se alegra com a sua alegria. As montanhas e colinas irrompem em cânticos diante
dEle, e todas as árvores do campo batem palmas. É como uma mudança de estação para
a alma. É como que a súbita mudança das chuvas torrenciais de inverno sombrio para a
plena primavera colorida, que é tão peculiar aos climas do sol.
O mundo natural é totalmente modificado. Em lugar do espinheiro surge a faia, e em lugar
da sarça surge a murta. Cada árvore e campo possuem uma beleza nova para a alma feliz.
O mundo da graça é totalmente transformado. Antes a Bíblia estava completamente seca
e sem sentido; agora, que inundação de luz é derramada sobre as suas páginas! Quão
plena, quão revigorante, quão rica em significado, como suas frases mais simples tocam o
coração! Antes a casa de oração estava completamente triste e melancólica antes, os seus
serviços eram áridos e insatisfatórios; mas agora, quando o crente vê o Salvador, como ele
O viu no interior do santo lugar, seu clamor é: “Quão amáveis são os teus tabernáculos,
SENHOR dos Exércitos! Porque vale mais um dia nos teus átrios do que mil” [Salmos 84:1,
10]. Antes o jardim do Senhor estava todo triste e desanimado; agora a ternura em direção
aos não-convertidos brota revigorada, e o amor ao povo de Deus arde no peito, aqueles
que temem ao Senhor falam-se frequentemente. O tempo de cantar os louvores de Jesus
chega, e a voz amorosa da rola a Jesus é mais uma vez ouvida na terra; a videira do Senhor
frutifica, e a romã floresce, e a voz de Cristo para a alma é: “Levanta-te, meu amor, formosa
minha, e vem”.
Como a pomba temerosa perseguida pela águia, e quase feita uma presa, com asa vibrante
e ansiosa, esconde-se mais profundamente do que nunca nas fendas das rochas, e nos
lugares secretos do precipício, assim o crente caído, a quem Satanás desejou capturar,
para que pudesse peneirá-lo como trigo, quando ele é restaurado mais uma vez com a
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presença toda-graciosa do seu Salvador, apega-se a Ele com fé vibrante, desejosa, e
esconde-se mais profundamente do que nunca nas feridas de seu Salvador. Foi assim com
Pedro ao cair, quando ele tão gravemente negou o seu Senhor, ainda assim, quando trazido
novamente à visão de seu Salvador, de pé sobre a terra, foi o único dos discípulos que se
cingiu com sua capa de pescador, e lançou-se ao mar para nadar até Jesus; e assim como
aquele apóstolo caído, quando mais uma vez ele se escondeu na Rocha Eterna, descobriu
que o amor de Jesus era mais terno em relação a ele do que nunca, quando ele começou
aquela conversa, que, mais do que todas as outras na Bíblia, combina a mais amável das
reprovações com o mais amável dos incentivos: “Simão, filho de Jonas, amas-me mais do
que estes?” [João 21:15]. Exatamente assim cada crente caído encontra que quando
novamente ele está escondido nas feridas recém-abertas do seu Senhor, a fonte de Seu
amor começa a fluir renovada, e o ribeiro de bondade e afeição é mais pleno e transbor-
dante do que nunca, porque a Sua palavra é: “Pomba minha, que andas pelas fendas das
penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me a tua face, faze-me ouvir a tua voz, porque a tua
voz é doce, e a tua face graciosa”.
Ah, meus amigos, vocês conhecem alguma coisa disto? Vocês já experimentaram essa vin-
da de Jesus sobre o monte de vossas provocações, enquanto fez uma mudança de estação
em vossa alma? E você, crente caído, encontrado, quando se escondeu nova e mais pro-
fundamente do que nunca nas fendas das rochas — como Pedro cingindo sua capa de
pescador, e lançando-se ao mar — você encontrou o Seu amor mais terno do que nunca
em sua alma? Então, isto não deveria ensinar-lhe o arrependimento rápido quando você
cai? Por que manter-se por um momento sequer longe do Salvador? Você está esperando
até que você mesmo limpe as manchas de sua veste? Ai! o que a purificará, senão o sangue
que você está desprezando? Você está esperando até que torne a si mesmo digno da graça
do Salvador? Ai! Embora você espere por toda a eternidade, você nunca poderá tornar-se
mais digno. O seu pecado e miséria são sua única súplica. Venha, e você encontrará com
que ternura Ele curará as suas rebeliões, e o amará voluntariamente, e dirá: “Pomba minha”
e etc.
IV. CRISTO DESPERTA TEMOR, AMOR E ESPERANÇA.
Eu observo a tríplice disposição de temor, amor e esperança, que esta visita do Salvador
desperta no seio do crente. Estes três formam, por assim dizer, um cordão no coração do
crente restaurado, e um cordão de três dobras não se quebra facilmente.
1. Temor Filial.
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Em primeiro lugar, há temor. Como a noiva na parábola não sairia para desfrutar a comu-
nhão com seu senhor, sem deixar a ordem para que suas donzelas apanhassem as rapo-
sas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, assim cada crente sabe e sente que o tempo
da íntima comunhão é também o momento de maior perigo. Quando o Salvador foi batizado,
e o Espírito Santo, como uma pomba, desceu sobre Ele, e uma voz, disse: “Este é o meu
Filho amado, em quem me comprazo” [Mateus 3:17], foi, então, que Ele foi conduzido ao
deserto, para ser tentado pelo Diabo; e exatamente assim é quando a alma está recebendo
seus maiores privilégios e consolos, que Satanás e seus ministros estão mais próximos,
estes são as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas.
(1) O orgulho espiritual está próximo. Quando a alma está se escondendo nas feridas do
Salvador, e recebe grandes sinais de Seu amor, então o coração começa a dizer: Certa-
mente eu sou alguém, o quão acima eu estou da média crentes! Esta é uma das raposi-
nhas que comem a vida da piedade vital.
(2) Aqui há um valer-se de Cristo pelos seus consolos — olhando para seus consolos, e
não para Cristo — inclinando-se sobre eles, e não sobre o seu amado. Esta é outra das
raposinhas.
(3) Existe a falsa noção de que agora certamente você deve estar livre do pecado, e aci-
ma do poder da tentação, agora você pode resistir a todos os inimigos. Este é o orgulho
que vem antes da queda e é outra das raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas.
Nunca esqueçam, eu vos suplico, que o temor é uma evidência da segurança de um crente.
Mesmo quando vocês sentirem que é Deus quem opera em vocês, ainda assim, a Palavra
diz: “operai a vossa salvação com temor e tremor” [Filipenses 2:12]. Mesmo quando a vossa
alegria for transbordante lembrem-se do que está escrito: “alegrai-vos com tremor” [Salmos
2:11], e lembrem-se também do cuidado da noiva, e digam: “Apanhai-nos as raposas, as
raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor”.
2. Apropriando-se do Amor.
Mas se o temor cauteloso é uma marca de um crente em tal período, ainda mais é o
apropriar-se do amor. Quando Cristo vem novamente dos montes da provação, e revela-
Se à alma livre e plenamente como sempre, de uma forma diferente do que o faz ao mundo,
então, a alma pode dizer: “O meu amado é meu, e eu sou dele”. Eu não digo que o crente
pode usar essas palavras em todas as estações. Em tempos de escuridão e em tempos de
pecado a realidade da fé de um crente deve ser medida antes por sua tristeza do que por
sua confiança. Mas eu digo, que nas temporadas em que Cristo revela-Se de novo à alma,
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brilhando como o sol atrás de uma nuvem, com os raios do amor soberano, imerecido,
então nenhuma outra palavra satisfará o verdadeiro crente, senão estas: “O meu amado é
meu, e eu sou dele”. A alma vê Jesus como um Salvador tão gratuito, que tanto anseia que
todos venham a Ele e tenham vida, estendendo Suas mãos o dia todo, não tendo nenhum
prazer na morte do ímpio, clamando a os homens: “Convertei-vos, convertei-vos, por que
morrereis?”.
A alma vê Jesus como um Salvador tão apropriado, a própria cobertura que a alma neces-
sita. Quando ela primeiramente escondeu-se em Jesus, O encontrou adequado para todas
as suas necessidades, a sombra de uma grande rocha em terra sedenta. Mas, agora, ele
descobre uma nova adequação no Salvador, como Pedro, quando ele se cingiu com sua
capa de pescador, e lançou-se ao mar. Ela encontra que Ele é um Salvador adequado para
um crente caído; que Seu sangue pode apagar até mesmo as manchas daquele que, depois
de ter comido pão com Ele, ainda levantou o calcanhar contra Ele.
A alma vê Jesus como um Salvador pleno, concedendo ao pecador não apenas perdão,
mas transbordando perdões imensuráveis, concedendo não somente a justiça, porém a
justiça que é mais do que mortal, pois ela é totalmente Divina; concedendo não somente o
Espírito, mas derramando água sobre o sedento, e rios sobre a terra seca. A alma vê tudo
isso em Jesus, e não pode deixar de escolhê-lO e deleitar-se nEle com amor renovado e
apropriado, dizendo: “O meu amado é meu”. E, se alguém perguntar, Como podes tu, verme
pecaminoso, chamar tal Divino Salvador de teu? A resposta está aqui: Porque eu sou dEle.
Ele me escolheu desde a eternidade, senão eu nunca O teria escolhido. Ele derramou Seu
sangue por mim, senão eu nunca teria derramado uma lágrima por Ele. Ele chorou por mim,
mas eu nunca teria suspirado por Ele. Ele procurou por mim, mais eu nunca O teria pro-
curado. Ele me amou, portanto, eu O amo. Ele me escolheu, por isso eu sempre O escolho.
“O meu amado é meu, e eu sou dele”.
3. Esperança Orante.
Mas, por fim, se o amor é uma marca do verdadeiro crente em tal temporada, assim também
é esperança em oração. Foi a palavra de um verdadeiro crente, em uma hora de comunhão
elevada e maravilhosa com Jesus: “Senhor, bom é estarmos aqui” [Mateus 17:4].
Meu amigo, você não é crente se Jesus nunca Se manifestou à sua alma em suas devoções
secretas, na casa de oração ou no partir do pão, em forma tão doce e avassaladora, que
você clamou: “Senhor, é bom para mim estar aqui!”. Contudo, embora isso seja bom e muito
agradável, como a luz solar para os olhos, ainda assim, o Senhor vê que não é mais sábio
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e melhor sempre estar ali. Pedro tem que descer novamente do monte da glória, e combater
o bom combate da fé em meio à vergonha e afronta de um mundo frio e desdenhoso.
E assim é com cada filho de Deus. Nós ainda não estamos no céu, o lugar da visão plena
e gozo eterno. Esta é a terra, o lugar da fé, da paciência e da esperança para o céu indicado.
Uma grande razão pela qual o júbilo próximo e íntimo do Salvador não pode ser constante-
mente efetuado no seio do crente é para dar espaço para a esperança, a terceira corda que
forma o cordão de três dobras. Até mesmo os crentes mais esclarecidos estão andando
aqui em uma noite tenebrosa, ou crepúsculo, no máximo. E as visitas de Jesus para a alma
apenas servem para fazer a escuridão ao redor mais visível. Mas a noite é passada, e o dia
é chegado. O dia da eternidade está rompendo no oriente. O sol da justiça está apressando-
se a subir sobre o nosso mundo, e as sombras estão se preparando para fugir. Até então,
o coração de cada crente verdadeiro, que conhece a preciosidade da estreita comunhão
com o Salvador, suspira em fervorosa oração, que Jesus frequentemente venha de novo,
assim, orvalhante e subitamente o ilumine em sua sombria peregrinação.
Ah! sim, meus amigos, que todo aquele que ama ao Senhor Jesus com sinceridade, junte-
se agora à bendita oração da noiva: “Até que refresque o dia, e fujam as sombras, volta,
amado meu; faze-te semelhante ao gamo ou ao filho dos veados sobre os montes de Beter”.
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“A Voz do Meu Amado” é extraído de Memórias e Lembranças do Reverendo Robert Murray
M´Cheyne, por Andrew Bonar. Primeiramente publicado em 1844, (reimpresso, Edimburg:
Oliphant, Anderson, & Ferrier), p. 431-440. Este Sermão foi pregado por M´Cheyne em 14
de Agosto de 1836, em St. Peter, Dundee. Ele, nesta época, era candidato ao ministério, e
posteriormente tornou-se ministro de St. Peter.
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Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon
Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards
Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins
Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink
Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne
Eleição Particular — C. H. Spurgeon
Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —
J. Owen
Evangelismo Moderno — A. W. Pink
Excelência de Cristo, A — J. Edwards
Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon
Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink
Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink
In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah
Spurgeon
Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —
Jeremiah Burroughs
Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação
dos Pecadores, A — A. W. Pink
Jesus! – C. H. Spurgeon
Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon
Livre Graça, A — C. H. Spurgeon
Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield
Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry
Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill
OUTRAS LEITURAS QUE RECOMENDAMOS Baixe estes e outros e-books gratuitamente no site oEstandarteDeCristo.com.
— Sola Fide • Sola Scriptura • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —
Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —
John Flavel
Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston
Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.
Spurgeon
Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.
Pink
Oração — Thomas Watson
Pacto da Graça, O — Mike Renihan
Paixão de Cristo, A — Thomas Adams
Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards
Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —
Thomas Boston
Plenitude do Mediador, A — John Gill
Porção do Ímpios, A — J. Edwards
Pregação Chocante — Paul Washer
Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon
Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado
Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200
Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon
Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon
Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.
M'Cheyne
Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer
Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon
Sangue, O — C. H. Spurgeon
Semper Idem — Thomas Adams
Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,
Owen e Charnock
Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de
Deus) — C. H. Spurgeon
Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.
Edwards
Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina
é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen
Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos
Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.
Owen
Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink
Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.
Downing
Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan
Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de
Claraval
Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica
no Batismo de Crentes — Fred Malone
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2 Coríntios 4
1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;
2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está
encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória
de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo
Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,
que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,
para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,
este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;
10 Trazendo sempre
por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus
se manifeste também nos nossos corpos; 11
E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
nossa carne mortal. 12
De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13
E temos
portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,
por isso também falamos. 14
Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará
também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15
Porque tudo isto é por amor de vós, para
que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de
Deus. 16
Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
interior, contudo, se renova de dia em dia. 17
Porque a nossa leve e momentânea tribulação
produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18
Não atentando nós nas coisas
que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se
não veem são eternas.