abordagem sobre saÚde nos textos de dois jornais impressos da baixada santista

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1 VINÍCIUS MAURICIO DE LIMA ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA: Uma análise Pragmática entre junho e julho de 2011 Santos, 2011

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Diante da importância dos textos de Jornalismo impresso sobre Saúde - já que, de acordo com pesquisa do Ministério de Ciência e Tecnologia, de 2010, é o assunto mais procurado pelos brasileiros, dentro dos assuntos de C&T, e com a ideia de que eles têm de ser bem redigidos e apurados (até serem tratados como reportagens e não matérias), de maneira a não alienar o público, pelo contrário, formá-lo e informá-lo, estruturamos este trabalho. Analisamos, neste Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo, textos sobre o assunto em dois jornais da Baixada Santista, que têm públicos diferentes, durante dois meses, verificamos problemas, propusemos soluções e tivemos a intenção de contribuir com a produção de textos na área.

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Page 1: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

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VINÍCIUS MAURICIO DE LIMA

ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS

JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA:

Uma análise Pragmática entre junho e julho de 2011

Santos, 2011

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VINÍCIUS MAURICIO DE LIMA

ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS

JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA:

Uma análise Pragmática entre junho e julho de 2011

Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo, do Centro

de Ciências da Comunicação e Artes, da Universidade

Católica de Santos, categoria monografia, sob orientação

do professor Mestre Paulo Roberto Börnsen Vibiam.

Santos, 2011

Page 3: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

3

Assinaturas

As pessoas listadas abaixo reconhecem o conteúdo deste documento e os resultados

obtidos com este Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo.

______________________________________________

Prof. Mestre Paulo Roberto Börnsen Vibiam - orientador

______________________________________________

Profª Mestre Lidia Maria de Melo

______________________________________________

Prof. Doutor Sérgio Olavo Pinto da Costa

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4

Este trabalho é dedicado a todas as pessoas que, assim como eu,

acreditam que, para o progresso de uma Nação, é necessária, além

de uma educação forte, a produção constante do conhecimento

científico. E esse conhecimento e suas implicações precisam ser

democratizados, chegando a todos os cidadãos. Para isso, se faz

necessária a atuação de divulgadores científicos.

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5

Queremos notícia mais séria

Sobre a descoberta da antimatéria

E suas implicações

Na emancipação do homem

Das grandes populações

Homens pobres das cidades

Das estepes dos sertões

[...]

Queremos Saber – composição Gilberto Gil

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Resumo

Diante da importância dos textos de Jornalismo impresso sobre Saúde - já que, de

acordo com pesquisa do Ministério de Ciência e Tecnologia, de 2010, é o assunto mais

procurado pelos brasileiros, dentro dos assuntos de C&T, e com a ideia de que eles têm

de ser bem redigidos e apurados (até serem tratados como reportagens e não matérias),

de maneira a não alienar o público, pelo contrário, formá-lo e informá-lo, estruturamos

este trabalho. Analisamos, neste Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo, textos

sobre o assunto em dois jornais da Baixada Santista, que têm públicos diferentes,

durante dois meses, verificamos problemas, propusemos soluções e tivemos a intenção

de contribuir com a produção de textos na área.

Palavras-chave: Jornalismo, Impresso, Divulgação, Ciência, Saúde.

Page 7: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 9

1 - JORNALISMO: JUNÇÃO DA TÉCNICA E DA PERCEPÇÃO SOCIAL ........ 14

1.1 FONTES ...................................................................................................... 19

1.1.1 A Identificação das Fontes ..................................................................... 20 1.2 ENTREVISTA ................................................................................................. 21

1.3 ÉTICA .............................................................................................................. 21

2 - JORNALISMO CIENTÍFICO: A MEDIAÇÃO ENTRE CIÊNCIA E LEITOR .. 23 2.1 HISTÓRIA DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NO BRASIL .......................... 29

2.1.1 Escola Brasil de Jornalismo Científico .................................................. 31

2.2 O PROFISSIONAL DE DIVULGAÇÃO ........................................................ 32

2.3 TEXTO IDEAL DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA ......................................... 36 2.3.1 Exemplos de lides para textos de Divulgação Científica .................... 40

2.4 A COBERTURA DE C&T E AS SÍNDROMES ............................................ 42

2.4.1 Prêmio Nobel ........................................................................................... 42 2.4.2 Zoom ou Olhar Vesgo ............................................................................ 42

2.4.3 Muro Alto.................................................................................................. 43

2.4.4 Lattes........................................................................................................ 43

2.4.5 Baleia Encalhada .................................................................................... 44 2.4.6 Mariposa Encantada ............................................................................... 44

2.4.7 Salto Alto.................................................................................................. 44

2.4.8 Boi-Mate ................................................................................................... 44 2.5 COBERTURA JORNALÍSTICA EM SAÚDE ............................................... 45

2.6 OS DEZ MANDAMENTOS DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA .................... 48

3 - SAÚDE: O ASSUNTO SOBRE CIÊNCIA MAIS VISTO PELOS BRASILEIROS .......................................................................................................... 50

3.1 BREVE HISTÓRIA DA SAÚDE .................................................................... 50

3.2 CULTURA CIENTÍFICA ................................................................................ 54 3.3 POLÍTICA CIENTÍFICA BRASILEIRA ......................................................... 56

3.4 CONSTITUIÇÃO CIDADÃ E CIÊNCIA ........................................................ 58

3.5 O QUE O BRASILEIRO PENSA DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA? ........... 59

3.5.1 Avaliação do Interesse e Consumo de Informação em C&T.............. 60 3.5.2 Atitudes e Visões sobre C&T ................................................................. 63

3.5.3 Avaliação e Conhecimento sobre Ciência e Tecnologia no Brasil..... 66

3.5.4 Conclusões Gerais da Pesquisa do MCT ............................................ 67

4 - PRAGMÁTICA: UMA ANÁLISE DA REPORTAGEM ANTES E APÓS A SUA PRODUÇÃO ............................................................................................................. 69

4.1 EXEMPLO DE ANÁLISE PRAGMÁTICA .................................................... 75 4.2 MACROPRAGMÁTICA DO JORNALISMO ................................................ 76

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5 - ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA: A REPORTAGEM DA REPORTAGEM ................................................................................................................................... 78

5.1 O CASO DA ALA PEDIÁTRICA DO HOSPITAL GUILHERME ÁLVARO 84 5.1.1 O Jornalismo investigativo e a visita ao Hospital Guilherme Álvaro .. 91

6 - CONSIDERAÇÕES ............................................................................................ 96

7 - REFERÊNCIAS E OBRAS CONSULTADAS ................................................ 100

SÍTIOS CONSULTADOS................................................................................... 102 8 - ANEXOS ............................................................................................................ 104

8.1 CÓDIGO DE ÉTICA DOS JORNALISTAS BRASILEIROS ..................... 104

8.2 TABELA DE ANÁLISE DE JUNHO ............................................................ 107 8.3 TABELA DE ANÁLISE DE JULHO ............................................................ 115

8.4 REPORTAGENS ANALISADAS ................................................................ 127

8.4.1 ................................................................................................................. 127

8.4.2 ................................................................................................................. 128 8.4.3 ................................................................................................................. 130

8.4.4 ................................................................................................................. 131

8.5 NOTAS DA ASSESSORIA DE IMPRENSA DA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO ........................................................... 132

8.5.1 Nota 1 ..................................................................................................... 132

8.5.2 Nota 2 ..................................................................................................... 132 8.5.3 Nota 3 ..................................................................................................... 133

8.5.4 Nota 4 ..................................................................................................... 134

8.5.5 Nota 5 ..................................................................................................... 135 8.5.6 Nota 6 ..................................................................................................... 135

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9

INTRODUÇÃO

Este trabalho analisa a abordagem do assunto, dentro de Ciência e

Tecnologia (C&T), mais visto nos jornais, revistas, TV e rádio pelo povo

brasileiro: Saúde. De acordo com pesquisa de percepção pública do brasileiro

da C&T, de 2010, o assunto se mostra no topo das atenções da população do

País e, por isso, se faz justa uma análise de como está sendo divulgado.

Foram estudados dois jornais de circulação regional na Baixada Santista

(Santos, São Vicente, Cubatão, Guarujá, Bertioga, Peruíbe, Itanhaém e

Mongaguá), A Tribuna e Expresso Popular. Ambos os jornais pertencem à

mesma empresa, o Sistema A Tribuna de Comunicação. E têm públicos

diferentes, o primeiro com uma linguagem menos popular, e o segundo, com

uma linguagem mais popular.

Durante dois meses, de 1º de junho a 30 de julho, foram avaliados os

conteúdos dos textos ou reportagens de Saúde, de forma a prestar um

esclarecimento sobre o conteúdo aos leitores; aos profissionais, de forma a

provocar uma discutível melhora na apuração e no conteúdo das notícias.

Além disso, deixar como um suporte para os responsáveis pelos jornais,

como os editores, na cobrança de uma preocupação de cobertura digna do

assunto, e para a academia, buscando atrair novos interessados em exercer o

Jornalismo na área de Saúde.

Na prática e desvinculado das normas rígidas dos manuais, da

academia e da redação, o Jornalismo é uma luta diária do profissional da

Comunicação Social para ganhar credibilidade e respeito do público1. Como

afirma Rossi (1980, p. 7),

Jornalismo, independente de qualquer definição acadêmica, é uma fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de seus alvos: leitores, telespectadores ou ouvintes. Uma batalha geralmente sutil e que usa uma arma de aparência extremamente inofensiva: a palavra, acrescida, no caso da televisão, de imagens.

1 Conjunto de indivíduos aos quais se destina uma determinada mensagem (artística, jornalística,

publicitária etc.) Dicionário de Comunicação.

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Já a Saúde, de acordo com o filósofo alemão Arthur Schopenhauer,

representa nove décimos da nossa felicidade. Justifica esta posição porque

com Saúde a vida se transforma em sinônimo de prazer. No Jornalismo, o

relato sobre Saúde faz parte da vertente do Jornalismo Científico, transmitindo

para as pessoas, de forma compreensível, assuntos complexos ou não

relacionados às diferentes ciências. Para Burkett (1990, p. 5), entre estes

assuntos estão os relacionados às

Ciências físicas, tais como física e química, e as ciências naturais, biologia e zoologia, por exemplo, e todas as ramificações. Redigir ciência também abrange temas como a aplicação da ciência através da engenharia e tecnologia e, especialmente as ciências-arte da medicina e cuidados com a saúde. As ciências, social e de comportamento também são temas que competem ao redator científico.

Além dos temas relacionados a estas ciências referidas por Burkett, há

questões recentes sobre o Meio Ambiente, área que alguns autores

consideram separada do Jornalismo Científico, colocando em novo campo,

denominado Jornalismo Ambiental. Também o Jornalismo Científico contempla,

entre diversos assuntos possíveis, as questões relacionadas à astronomia e os

estudos de corpos que estão fora do Sistema Solar.

Na relação entre Ciência, Tecnologia e o papel da mídia, Hernando2

(2003) esclarece, em seu blog, devidamente o papel do Jornalismo Científico

na atualidade:

(…) Se a ciência e a tecnologia têm uma influência crescente e decisiva na nossa vida cotidiana, e se os meios de comunicação devem refletir e informar sobre esta vida cotidiana parece que a conclusão é clara: o Jornalismo Científico é chamado para ser uma das estrelas informativas do nosso tempo mais carregadas de conteúdo e...de emoção, porque comunicam a todos os descobrimentos que estão mudando as vidas e a estrutura social de uma parte da humanidade. Graças aos avanços do conhecimento, muitos milhões de pessoas vivem em níveis de saúde e bem estar que somente poderiam ser alcançados pelos poderosos da Terra (...).

No Brasil, o Jornalismo Científico ainda é um campo novo, visto que o

primeiro doutorado na área é da década de 80, do século XX, segundo dados

2 http://www.manuelcalvohernando.es/

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da Secretaria da Ciência Tecnológica e Desenvolvimento Econômico do

Paraná, de 1989. Quase 30 anos depois, no século XXI, com o grande público

das revistas especializadas, como Galileu Galilei, SuperInteressante, Scientific

American, Saúde!, entre outras, além da Internet, observa-se o crescimento do

Jornalismo Científico, na divulgação de Ciência e da pseudo-Ciência (não

resulta da aplicação de métodos científicos).

Sendo assim, algumas universidades passaram a oferecer disciplinas

específicas e cursos de especialização sobre essa área do conhecimento,

devido ao número crescente de profissionais interessados em atuar nesse

campo do Jornalismo. Mas, como diz Burkett (1990, p. 115), no caso da Saúde,

“os redatores de ciência precisam compreender a cultura da saúde e da

medicina para escreverem de maneira eficiente nessa área”.

Erbolato (1981, p. 43) aconselha o jornalista que cobre Saúde a

amenizar a aridez dos assuntos técnicos, adequando o jargão médico às

palavras que sejam compreensíveis ao público não iniciado na área, de

maneira a produzir o texto com clareza, sem desviar-se do assunto tratado

pelos profissionais da Saúde.

E o público, como entende e interpreta as notícias sobre Saúde?

Questiona a falta ou o excesso de informações? Em análise do jornal A

Tribuna, por exemplo, durante os anos de 2008, 2009 e 2010, pudemos notar

erros de conceituação científica em matérias e até em editoriais. “Amazônia, o

pulmão do mundo”, em editorial. Ora, sabe-se que a Amazônia não é o pulmão

do mundo, já que as algas marinhas produzem 80% do oxigênio do planeta. E,

na área da Saúde, “coronárias do coração”, em reportagem. De fato, existem

artérias coronárias somente no coração.

Mais recentemente, na edição de 6 de junho de 2011, página A-9, em

reportagem publicada sobre um surto de varicela (catapora) ocorrido na

Baixada Santista, o jornalista não atentou em esclarecer ao público, por

exemplo, o que é varicela, por que ocorreu o surto, por que é mais frequente

nas crianças e quais as formas de prevenção.

Em parte, esses erros ocorrem devido ao tratamento dado aos textos

sobre Saúde, que deveriam ser reportagens, do gênero interpretativo, ao invés

de notícias com tratamento corriqueiro, contendo características básicas da

notícia, como impacto, novidade, interesse humano e proximidade. Entretanto,

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o ideal seria a publicação de notícias mais trabalhadas, com textos mais

complexos, descritivos e explicativos, por exemplo. Apesar de que sabemos da

disponibilidade de espaço no jornal diário, mas também sabemos das

possibilidades, como os desdobramentos da matéria no dia seguinte e até a

matéria mais aprofundada num blog.

Pretendeu-se, com este trabalho acadêmico, identificar as reais causas

dos problemas expostos, como a falta de apuração e a maneira como foram

tratados os textos de Saúde nos jornais estudados, levando em consideração o

papel social do jornalista: de formar, além de informar seu público. E propor

soluções baseadas nesses contextos, ou, pelo menos, trazer à baila essa

problemática, discutir com os repórteres que estão à frente da Saúde nos

jornais analisados.

Gerald (1963, p. 202) considera que “nenhum serviço público é mais

importante que o serviço de Comunicação.” Para ele (p. 9), os veículos

populares de comunicação são instituições sociais que servem à sociedade, ao

reunir, escrever e distribuir as notícias do dia.

A problemática que pesquisamos em nosso Trabalho de Conclusão de

Curso (TCC) diz respeito à possível dificuldade do jornalista para escrever

sobre Saúde nos meios de Comunicação Social. Como o jornalista que cobre a

área da Saúde trabalha os jargões dos profissionais da área médica? De que

forma transforma os termos técnicos da área para a linguagem jornalística?

Quais as dificuldades encontradas por esses profissionais? Entre outros

questionamentos.

Outro ponto importante que investigamos é a importância das matérias

sobre Saúde no Jornalismo, já que, se são as mais vistas pelos brasileiros,

qual tratamento elas recebem pelos jornalistas. Se um erro médico pode matar

uma pessoa, um texto sobre Saúde mal redigido, em um jornal, por sua vez,

pode informar e formar de maneira errônea os leitores e, ao invés de esclarecer

sobre os assuntos, alienar o público.

Este trabalho se justifica pela importância que o Jornalismo e a Saúde

têm para a população. De acordo com Hernando, (In: ERBOLATO, 1981, p.

41), “a ciência e o jornalismo são as duas grandes forças do mundo moderno”.

Como dito, um profissional da saúde, se cumpre mal suas funções, pode matar

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pessoas, e um jornalista, como formador de opinião, também pode matar

pessoas, no sentido conotativo da palavra.

Para a academia, com o trabalho, pretendeu-se colocar na roda das

discussões acadêmicas a junção Jornalismo e Saúde, que, se não tratados

com cuidado, podem ser uma combinação explosiva. Este TCC pode ser um

olhar para jornalistas que estão no mercado e estudantes prestes a entrar no

mercado de trabalho, interessados no assunto.

A ideia para o trabalho de pesquisa não parte de um insight qualquer

sobre o assunto, mas de anos de dedicação ao estudo das Ciências Biológicas,

desde o Ensino Fundamental, além de cursos realizados na área de Jornalismo

Científico, em 2009, e acompanhamento das aulas de Comunicação e Saúde,

no curso de Nutrição, da Universidade Católica de Santos, durante o primeiro

semestre de 2010, ministradas pela professora-doutora Benalva da Silva

Vitorio, o que justifica nosso envolvimento com o assunto.

A passagem pela primeira turma da Escola Brasil de Jornalismo

Científico, em julho de 2011, certificou o gosto pela Divulgação da Ciência e

ajudou no esclarecimento de conceitos e práticas, além de ter oferecido rico

material de pesquisas, informações, conhecimentos, entrevistas e conceitos.

A metodologia utilizada foi de análise das notícias e reportagens sobre

Saúde, durante dois meses, com recortes diários, durante esse período. Os

jornais utilizados para análise foram A Tribuna e Expresso Popular, de Santos.

Para isso, partimos de referências bibliográficas, como as que explicam os

métodos para escrever sobre Jornalismo Científico, bem como entrevistas com

profissionais da área, médicos enquanto leitores, além de professores e

pesquisadores de pós-graduação.

A primeira etapa do trabalho consistiu em esmiuçar, em quatro capítulos,

a sustentação teórica do Trabalho, os quais abordam conceitos de Jornalismo,

Jornalismo Científico, Ciência e Saúde e Pragmática (método de análise).

A segunda parte consistiu em fazer as entrevistas com o editor-chefe e

os editores-executivos dos jornais A Tribuna e Expresso Popular, para definir

quais são os seus públicos, e outros elementos pertinentes aos objetivos do

trabalho. E entrevistas com profissionais de suma importância para o trabalho,

como os repórteres, professores e pesquisadores da área.

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Concomitante, a terceira etapa é a análise pragmática das reportagens

de Saúde nos jornais referidos, que ocorreu até julho de 2011, enquanto a

quarta etapa já se desdobrava: as considerações sobre o material.

1 - JORNALISMO: JUNÇÃO DA TÉCNICA E DA PERCEPÇÃO SOCIAL

Jornalismo, como parte da Comunicação Social3, é o exercício de

mostrar à população os fatos que ocorrem no mundo. A profissão é a junção da

técnica e da percepção social, em que o jornalista tem por objetivo, de maneira

ética, levar à comunidade informações noticiosas, com ou sem sua opinião

enquanto profissional da área. O que reafirma Charaudeau (2007, p. 135),

quando diz que “as mídias têm por tarefa reportar os acontecimentos do mundo

que ocorreram em locais próximos ou afastados daquele em que se encontra a

instância de recepção”.

O Jornalismo é uma expressão da imprensa, que se desenvolveu a partir

do século XV, criada pelo alemão João Gutenberg, que inventou os tipos

móveis. Os tipos móveis possibilitaram a impressão em série e diminuíram, por

exemplo, a busca pelos monges copistas, os quais, manualmente, faziam

cópias de livros e manuscritos. Provocando o retorno às obras clássicas,

facilitadas pela moderna impressão de livros, além de empreender a busca por

novos manuscritos, recrutando novos escritores e, consequentemente,

multiplicando o número de obras até então publicadas. A imprensa é, portanto,

a divulgação e a socialização do saber e, por isso, o Jornalismo se

desenvolveu depois dessa invenção.

Em uma definição mais subjetiva do Jornalismo, Rossi (1980, p. 9) o

define como “uma fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de

seus alvos: leitores, telespectadores ou ouvintes.” E acrescenta ter a ciência

importância política e social.

3 A comunicação foi o canal pelo qual os padrões de vida de sua cultura foram-lhe transmitidos, pelo qual

aprendeu a ser “membro” de sua sociedade – de sua família, de seu grupo de amigos, de sua vizinhança,

de sua nação. – BORDENAVE (2003, p.17)

Page 15: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

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Enquanto que no Dicionário de Comunicação (1987, p. 346), Jornalismo

é, numa definição mais técnica:

Atividade profissional que tem por objeto a apuração, o processamento e a transmissão periódica de informações da atualidade, para o grande público ou para determinados segmentos desse público, através de veículos de difusão coletiva (jornal, revista, rádio, televisão, cinema etc.)

Para o exercício do Jornalismo, no Brasil, segundo decisão do Supremo

Tribunal Federal, de 17 de junho de 2009, não é necessário o profissional ter

mais diploma. O que, para alguns, é uma afronta, e para outros, uma

expressão da democracia, já que profissionais sem diploma, que atuam há

mais de cinco anos na área, podem adquirir o registro profissional (Mtb). Os

cursos de Jornalismo continuam existindo no País e as instituições com maior

credibilidade perante o público só contratam jornalistas com formação

universitária.

Acreditamos que a formação profissional se faz necessária, pois

possibilita os estudos para a formação de um profissional crítico,

especialmente, ao cotidiano social. Afinal, na faculdade, é que se tem, ou

deveria existir, acesso à Sociologia, Antropologia, Realidade Regional, entre

outras disciplinas importantes, que, um profissional sem formação acadêmica,

possivelmente não teria.

E o título deste capítulo justifica nossa opinião acerca disso, pois, para

nós, a técnica e a instigação para a percepção social são aprendidas em um

curso universitário, importantes para uma atividade jornalística crítica, como

defende Houaiss, na Revista de Comunicação e Política (p. 23-33):

Uma comunicação que aceita o processo social acriticamente, põem-se a serviço do processo social. E tem que aceitar, inclusive, como da corresponsabilidade sua, as características patológicas que o processo social oferecer.

Segundo Charaudeau (2007, p. 263), a atividade do jornalista está

vinculada a um princípio ético, como citado acima. O que se junta ao fato de a

verdade não estar ligada à ação humana, mas é nela que tem origem.

Ela [a verdade] resulta de um julgamento coletivo que não pertence a ninguém em particular e representa idealmente a opinião da maioria. Assim sendo, o dever de

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informar das mídias seria a contrapartida “natural” do direito de todo cidadão de construir uma verdade: a verdade civil – o que confere legitimidade às mídias.

Para construir essa verdade, Charaudeau (2007, p. 264) explica que o

cidadão tem parte no contexto, pois precisa compreender o mundo em que vive

e que seja livre para decidir nesse processo de compreensão. E a mídia, por

sua vez, tem responsabilidade nos fatos.

A objetividade é um dos assuntos mais discutidos dentro do Jornalismo.

Pois, segundo algumas vertentes, não há como o profissional que exerce esse

cargo se abster totalmente do fruto de seu exercício, seja ele um texto, uma

reportagem para televisão, para o rádio ou para a internet. De forma que,

mesmo que queira ser o mais objetivo possível, seu trabalho sempre

apresentará traços de sua formação pessoal, escolar e profissional. Além do

contexto em que esse profissional vive e foi criado. Charaudeau diz que

trabalhar a verdade não é simples (2007, p. 88),

Tratar a verdade não é uma tarefa simples. (...) “Dizer o exato” significa que há coincidência entre o que é dito e os fatos do mundo exterior à linguagem. Além disso, essa coincidência deve poder ser verificada, seja pela percepção humana (o olho como prova do visto) no mesmo instante da ocorrência do fato (coexistência do dito e do fato que cria a ilusão de um saber universal, seja por um saber que pode ser sustentado com o auxílio de experiências (a gravitação), de instrumentos exteriores ao homem (o microscópio) ou de certo modo de calcular (quando se diz de uma operação matemática que ela está correta ou exata, e não verdadeira).

O que Gerald (1963, p. 172) explica bem, quando diz que

Os princípios éticos estão intimamente ligados ao conceito de objetividade na composição de notícias, conceito esse que tem tido maior preeminência à medida que as afirmações éticas mais antigas tendem a receber menos ênfase. Existe, entretanto, grande confusão quanto ao que significa e ao que deve significar e como o jornalista com ele deve tratar.

Por exemplo, mesmo em textos puramente informativos, em que o

jornalista só tem de colocar os fatos do jeito que realmente são, sempre

haverá, nesses relatos, um pouco do que ele é e entende de mundo. Como

exemplo, fantasioso que criamos para facilitar o entendimento, numa

Page 17: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

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reportagem sobre um acidente que aconteceu no bar Independência, em

Santos. Um gás de cozinha explodiu, destruiu completamente o local e feriu

alguns clientes.

O jornalista que fará um texto melhor é aquele que sabe que o bar é um

dos mais antigos da cidade, frequentado por pessoas ilustres, portanto, o

jornalista que tem uma bagagem histórica, cultural, de conhecimentos e

informações previamente adquiridas durante a vida. Os outros podem fazer um

texto de igual riqueza de detalhes, mas terão de investigar bem mais. Rossi

não concorda totalmente, pois atesta ser possível a objetividade em um

acidente desse tipo, senão do repórter estar envolvido de alguma maneira com

o dono ou uma vítima, por exemplo. O que complementa Charaudeau (2007, p.

96):

(...) no mundo existem ou aparecem coisas, estas se configuram em estados, produzem-se modificações nos estados das coisas, mas tais fenômenos só adquirem existência significante através da percepção-captura-sistematização-estruturação que deles faz um sujeito linguageiro (...)

Para ele, a objetividade é um mito, trazido pelos jornalistas brasileiros do

Jornalismo estadunidense. E justifica que a posição ideológica dos veículos de

comunicação e do jornalista teriam de ser neutras, de forma a deixar o leitor a

tirar suas próprias conclusões. Fato que se acredita ser possível, apesar de o

jornalista também ser um mediador entre a notícia e o público.

O jornalista, a não ser que seja independente e produza textos que

sejam publicados em seu próprio blog ou jornal, é atingido pelo poder dos filtros

do local onde trabalha. Entre eles, a própria ideologia do meio, a do editor e a

dos anunciantes publicitários. Um jornal de ideologia política socialista, por

exemplo, dificilmente publicaria uma reportagem criticando o governo cubano.

Ou até o faria, de um jeito talvez menos ácido que um jornal de ideologia

política capitalista.

A ideologia pode ser observada desde a pauta, que é o “projeto” e

caminho a ser seguido para se fazer uma reportagem. Pois a pauta pode não

ser necessariamente uma ideia do jornalista que a fará, mas de seu editor, de

um pauteiro e até de um anunciante ou leitor. De forma que, mesmo assim, o

jornalista colocará em sua reportagem sua visão de mundo, justificando

Page 18: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

18

também o Jornalismo ser uma ciência humana, o que possibilita que uma pauta

seja vista com um sem-número de olhares.

O que pode acontecer é a reportagem passar por filtros e precisar ser

adequada para o meio em que será publicada ou até negada sua publicação.

Na história fictícia, criada por nós, para o melhor entendimento, a empresa

Radioatividade Pesada é a principal anunciante do jornal Direto das Ruas,

sendo a responsável pela circulação do impresso na cidade de Itabinha. Mas a

Radioatividade Pesada começou a soltar no principal rio da cidade um

composto radioativo muito forte, que matou os peixes e transformou, com uma

de suas funções químicas, as águas em um arco-íris de cores.

As pessoas que utilizavam a água do rio até para beber começaram a

ficar doentes, apresentando casos de tosse e alguns até morreram. Os bebês

começaram a nascer com sérios problemas genéticos, vindo ao mundo, às

vezes, com falta de órgãos como o rim e até sem dedos ou apresentando

surdez.

Porém, o jornal se viu no impasse de que não poderia noticiar esse

grave caso ou perderia seu principal anunciante e, como resultado disso,

pararia de circular. O jornalista Raimundo Trindade tomou coragem e decidiu

brigar com seu editor para que noticiassem o grave problema. Mas acabou

sendo despedido. O caso fictício, mas comum no dia a dia da profissão, explica

a influência ideológica dos meios de comunicação e como os filtros funcionam

no Jornalismo.

E aí é que os leitores também se adéquam aos meios que têm maior

simpatia e, consequentemente, costumam ler, ver ou ouvir o que lhes agrada,

evitando jornais que são, ideologicamente, divergentes de sua opinião (o que

pode explicar também, cruamente, um dos pontos da Teoria Comunicacional

da Recepção4). Para Charaudeau (2007, p. 72), aí estão as duas instâncias do

processo comunicacional: o produtor (no nosso caso, o jornalista) e o receptor

(o leitor).

Preso à ideologia do meio em que trabalha e a sua própria, a pauta

supõe que o jornalista explique à população o que aconteceu ou acontecerá. O

lide foi a maneira técnica de dizer, resumidamente, ao leitor a notícia. Lide, ou

4 Ler MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos Meios às Mediações: comunicação, cultura e hegemonia.

Tradução Ronald e Pólito Sérgio Alcides. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997.

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19

lead, do inglês, conduzir, pois tem por intenção levar o leitor a ler o resto da

notícia, se bem escrito.

Rossi (p.18) explica que são seis as perguntas do lide: O Que? Quem?

Quando? Onde? Por quê? Como? Por exemplo, na nossa notícia do gás de

cozinha que explodiu no bar Independência, O Que? é “o gás de cozinha que

explodiu”, o Quem?, neste caso, “o gás”. Quando? Semana passada, hoje, às

15 horas ou qualquer tempo. Por quê? “supostamente porque um vazamento

entrou em contato com o fogo da chapa de fazer lanches, segundo explicou o

Corpo de Bombeiros.” Onde? “em um dos bares mais antigos de Santos, o

Independência.” Como? Aqui, o Como tem a mesma explicação do Por quê?

Há, ainda, o que alguns autores chamam de a sétima pergunta, o “E

Daí?”, que seria, pensamos para a nossa história fictícia acima: “o que

aconteceu? Como estão as vítimas? Afetou a vida de leitor que todo final de

semana está ali para tomar um chope?”

O lide, nas reportagens informativas, costuma ser o primeiro parágrafo.

Já em textos interpretativos, em que claramente se observa uma

contextualização da notícia com quem a escreveu e sua vivência social, as

perguntas do lide podem ser diluídas no desenrolar do texto.

Em nosso projeto de pesquisa, levamos em consideração tanto notícias

objetivas como interpretativas, mesmo que nos jornais a serem estudados (A

Tribuna e Expresso Popular) as objetivas sejam quase que a maioria.

1.1 FONTES

Já na apuração dos fatos, para a produção da reportagem, o jornalista

se depara com informações precisas ou não, as quais deve averiguar para

saber se são verídicas ou não, sempre trabalhando com ética. Rossi (2000,

p.33) comenta que o jornalista, mesmo tendo que entrevistar, no caso do nosso

acidente no bar Independência, o dono do estabelecimento, as vítimas, as

testemunhas e o bombeiro que atendeu o chamado, deve conversar com

fontes conhecedoras do tema, como um professor de química explicando por

que o botijão explodiu ao seu gás de conteúdo entrar em contato com o fogo da

chapa de fazer lanches, até para dar deixar o leitor ciente que isso pode

acontecer em casa também.

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20

E deve cultivar essas fontes, pois sempre terá de conversar com

especialistas nos mais variados temas. Para Charaudeau (2007, p. 147), “A

instância midiática não pode, evidentemente, inventar as notícias. Ela deve

utilizar fontes ou exteriores ao organismo de informação ou internas”. Há, para

ele, um processo pelo qual essas fontes podem ser identificadas:

As fontes podem ser identificadas, primeiramente, por sua relação com o mundo das mídias: internas (“int. mídias”) ou externas (“ext. mídias”). As fontes internas às mídias são classificadas em relação aos organismos de informação: internas aos organismos de informação (int. org. info) ou externas (ext. orf. Info) a eles. As fontes externas às mídias, enfim, são classificadas segundo seu caráter institucional ou não.

1.1.1 A Identificação das Fontes

"INT. MÍDIAS EXT. MÍDIAS'

"int. org. info" "ext. org info" “institucional”

(oficiais/ oficiosas) "não institucional"

Correspondentes Agências e

indústrias de serviço Estado-governo Testemunhas

Enviados especiais Outras mídias Administrações Especialistas

Arquivos próprios

Org. sociais (partidos, sindicatos)

Representantes (corpos profissionais)

Políticos (representantes

sociais)

A identificação das fontes CHARAUDEAU (2007, p.148)

No caso de nossa pesquisa, os jornalistas que escrevem sobre Saúde

costumam ter como fontes médicos, enfermeiros, farmacêuticos, cientistas e

profissionais que têm alguma relação com assuntos dessa temática. Entre

esses assuntos, doenças, epidemias, medicamentos etc.

Além disso, há as fontes oficiais, sempre ligadas a órgãos públicos,

como as do Município, Estado e do Governo Federal. Cabendo ao jornalista

saber qual será a ideologia dessas fontes e sempre questioná-las sobre tudo,

mesmo porque, na avassaladora maioria das vezes, não contarão informações

negativas das instituições em que trabalham.

Page 21: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

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1.2 ENTREVISTA

Pois bem, não basta que essas fontes existam, é preciso conversar com

elas, para que elas contem suas versões dos fatos e a reportagem seja, então,

produzida pelo jornalista, até mesmo confrontando essas versões. Charaudeau

(2007, p. 214) conta que há um contrato-midiático entre entrevistador,

entrevistado e o leitor, formando um triângulo.

O primeiro [entrevistador] tira sua legitimidade de um “Procurar fazer falar seu convidado para revelar uma verdade oculta”, pelo fato de que seu papel consiste em fazer surgir opiniões; o segundo [entrevistado] de um “Tenho algo a dizer que concerne ao bem comum” (...); o terceiro [leitor] de um “Estou aqui para ouvir [ler] alguma coisa de interesse geral que me seja dada como uma revelação”, pelo fato de que ele está ali para saber.

Para Charaudeau (2007, p. 214), existe a entrevista política, na qual o

entrevistado representa um grupo que participa da vida política ou cidadã; a

entrevista de especialista, no nosso caso, com um médico ou cientista; a

entrevista cultural, como a própria intitulação coloca, a entrevista literária,

cinematográfica, entre outras e a entrevista das estrelas, com celebridades e

personalidades.

Em relação às especializações, o jornalista ou entrevistador pode ser

conhecedor de várias áreas, como Política, Economia, Esportes, Meio

Ambiente, Cultura e Ciência, da qual falaremos mais adiante, no próximo

capítulo, já que abordaremos o Jornalismo Científico. Além de explicar como os

jornalistas generalistas trabalham assuntos específicos, como Saúde, em seus

cotidianos.

1.3 ÉTICA

Segundo Christofoletti (2008, p. 11), no Jornalismo, a ética é mais que

um assessório. Porque no exercício da profissão é ela quem garante a

qualidade do trabalho técnico. O autor, no livro Ética no Jornalismo, nega mitos

da profissão, em relação à ética. Por exemplo, o de que cada um tem sua ética.

Para ele, há parte de verdade nisso, já que existe o lado individual na ética.

Porém, a ética passa pelo campo da moral, que é o conjunto de valores que

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orientam a conduta, as ações e os julgamentos humanos. Entre os valores, ele

cita bondade, liberdade, justiça, igualdade e respeito à vida.

Esses valores são imprescindíveis para o exercício da profissão. Como

dito, o Jornalismo é uma ciência humana. Então, não deve haver algo humano

que não viesse com boa carga de valores. Não que as outras áreas não devam

existir humanismo. Na realidade, os melhores profissionais das outras áreas

são os humanistas. E, mesmo que não o sejam, são os humanistas que mais

deixam boas referências. O bom profissional de Jornalismo é, antes, para nós,

um grande perceptivo da sociedade humana.

Outro mito, segundo o autor, seria o de que a ética se aprende na

escola. Mesmo afirmando que o bom profissional precisa da parte técnica

aprendida na Universidade, acreditamos, assim como Christofoletti, que a ética

aprendemos em nossas relações sociais. Primeiramente, em casa, depois na

escola, nos círculos de amizade e até na religião que frequentamos.

Não há como falar em ética sem entrar no campo do humanismo. Em

subcapítulo de seu livro, Christofoletti explica a diferença entre fazer bem e

fazer o bem. Por exemplo, mesmo que o profissional, às vezes, aja com

doçura, faça o bem, poderia não conseguir exercer seu trabalho, o de coletar

informações de algumas fontes, fazer bem, no caso.

Seria mais considerável dizer, por exemplo, comenta o escritor, que o

jornalista tivesse prudência, tolerância e boa fé, ao invés de doçura. E, assim,

sendo prudente, tolerante e tendo boa fé, não deixaria de ser humano e de ter

ética.

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2 - JORNALISMO CIENTÍFICO: A MEDIAÇÃO ENTRE CIÊNCIA E LEITOR

“A ciência e o jornalismo são as duas grandes forças do mundo moderno”.

Manuel Calvo Hernando (In. ERBOLATO 1981, p. 41)

Apesar de a prática diária do Jornalismo na área da Saúde estar restrita

a profissionais não especializados, no caso dos jornais A Tribuna e Expresso

Popular - o que não significa que eles não acabem se tornando especialistas, já

que são os responsáveis pela editoria, este capítulo se dedica a esclarecer

conceitos e práticas do Jornalismo Científico, como o ideal para essa prática

diária.

Segundo defende o divulgador científico espanhol e um dos fundadores

da Associação Ibero-americana de Jornalismo Científico Manuel Calvo

Hernando (2005, p. 18), “se queremos realmente uma sociedade democrática,

é preciso que todos entendam a ciência”.

Não que os jornalistas de um jornal diário, como são os casos a serem

estudados por nós, tenham que se dedicar a uma especialização na área. Mas

acreditamos que os conceitos do Jornalismo Científico possam ajudá-los a

trabalhar melhor as notícias de Saúde e passá-las melhor aos públicos desses

jornais.

Segundo o professor e pesquisador Wilson Bueno (1989, p. 3),

“certamente cobrir um evento científico ou de política científica e tecnológica é

diferente do que cobrir um acidente de trânsito, um jogo de futebol, um crime

etc.” Justifica, desta forma, a necessidade de uma preocupação maior.

O médico e jornalista científico Júlio Abramczyk (In. PARANÁ, Secretaria

da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico 1989, p. 25) comenta

que se deve tomar cuidado para não popularizar a pseudo-Ciência, no lugar da

Ciência em si. Já que a primeira, tem caráter sensacionalista. Então, sabe-se

que é de suma importância a divulgação da Ciência para a massa, mas com

seriedade e comprometimento com o público, antes de qualquer coisa.

A Saúde é um dos afluentes do Jornalismo Científico, entre os outros

braços, estão, por exemplo, as Ciências Exatas, as Ciências Biológicas e suas

ramificações (Engenharia Genética, Engenharia de Alimentos etc.), bem como

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a Medicina, a Biomedicina, a Biologia com seus derivados (Botânica, Zoologia

etc.), além da Arqueologia, das Ciências Sociais, Econômicas, entre muitos

outros, a lembrar, claro, do Meio Ambiente, que, de tão importante e com a

demanda crescente de público, acabou originando um novo campo de estudo

no Jornalismo, o Jornalismo Ambiental.

Mas, sobre a nomeação da editoria, como já vimos o que é Jornalismo,

no primeiro capítulo, o que é Jornalismo Científico? Pois bem, aí vai a resposta:

Científico porque cabe ao profissional especialista nessa área divulgar os

progressos, descobertas e estudos da Ciência, ou ainda, acontecimentos que

envolvem os que estão a cargo dela, os cientistas e pesquisadores.

Entretanto não se restringe apenas aos cientistas, mas outras fontes,

como médicos, pessoas acometidas de doenças, entre outros, desde uma

matéria sobre gripe comum, em que é necessário investigar o ciclo do vírus no

corpo humano, como ele atua, quais os métodos de prevenção e

contaminação, qual é a cura, se há estudos avançados para descobrir como

evitar definitivamente que o vírus da gripe se manifeste no organismo, tudo é

Jornalismo Científico.

Vieira (2006, p. 9) diz que, entre as razões para divulgar Ciência, estão:

o interesse que pode ter para o próprio cientista, que adquire visibilidade social

e pode obter mais recursos para suas pesquisas; a exposição do trabalho junto

ao público interessado; a prestação de contas à sociedade, mostrando de que

forma as verbas públicas são usadas (e no Brasil as pesquisas são, em sua

maioria, patrocinadas com dinheiro público).

Além de a pesquisa servir como base para professores do Ensino

Fundamental, Médio e Universitário e desmistificar o uso indevido da Ciência,

pois há um avanço na crença por bioenergética, quiromancia, cristais, duendes,

anjos, entre outros, considerados pseudociência ou relacionados à

espiritualidade e religião.

Bem como a explicação da Ciência para os próprios cientistas, que,

devido à superespecialização da Ciência, ocorrida principalmente depois da

Segunda Guerra Mundial, passaram a deter o conhecimento apenas de suas

áreas específicas, por exemplo, o físico que entende de Astronomia pouco tem

tempo ou se aprofunda em Mecânica. E também serve como motivação para

carreiras científicas e tecnológicas.

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25

Se fosse no século XVII, por exemplo, ao jornalista científico caberia

conversar com Galileu Galilei a fim de saber mais sobre o Heliocentrismo

(teoria que diz que a Terra gira em torno do sol, e não ao contrário), pelo qual

ele quase foi condenado pela Inquisição da Igreja Católica, que punia quem

tinha ideias muito fora dos padrões cristãos da época. Se possível, entrevistá-lo

no auge da crítica da Igreja Católica contra a sua pessoa.

Mas o jornalista científico, atualmente, não vai ser queimado, a não ser

que desempenhe um mau trabalho. Afinal, assim como um médico, ele pode

até matar pessoas (se ele divulga um procedimento médico errado, por

exemplo, ele pode induzir seus leitores a tomarem um remédio e,

consequentemente, morrerem). O trabalho desse jornalista deve ser

supervalorizado.

O jornalista cientifico é, antes de tudo, jornalista, que vai ter a mesma

responsabilidade dos profissionais da área, sejam eles especializados e/ou

especialistas ou não. Porém, deve estar muito atento às fontes falaciosas e que

querem apenas promover seu trabalho, que pode não ser um trabalho tão

notório para ser divulgado. Para Wilson da Costa Bueno (2011),

O Jornalismo Científico compreende a captação, produção e circulação de informações em Ciência, Tecnologia e Inovação pelos meios de comunicação de massa, obedecidas as características do sistema de produção jornalística.

Krieghbaum (In. ERBOLATO 1981, p. 46) acredita, por sua vez, que,

para um trabalho realmente competente, é necessário mais que faro

jornalístico. Para ele, o jornalista científico tem de estar suficientemente alerta e

ter conhecimento nas bases da Ciência “pura”, de modo a fazer perguntas

inteligentes e compreender as ideias em debate.

Entre as funções e papeis do Jornalismo Científico, enumera Bueno

(2011), estão a função sociocultural, de democratização do conhecimento e

valorização da cultura local; a função econômica; a de favorecer a divulgação

de informações, conhecimentos e processos que possam ser incorporados ao

setor produtivo. Além da função político-ideológico, de comprometer-se com a

liberdade de expressão e a defesa dos interesses da maioria - caráter de

militância cívica e, por último, a função pedagógica, de auxiliar no processo de

alfabetização científica.

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Segundo Bueno, em seu artigo Jornalismo Científico: resgate de uma

trajetória, essa área do Jornalismo tem pelo menos quatro vertentes. A primeira

delas diz que a inspiração para essa área vem da Pragmática, já que visa à

identificação de problemas concretos, que dificultam a prática da Divulgação

Científica. (justificando também nossa escolha pela análise Pragmática dos

jornais)

E aqui paramos para explicar o que é Divulgação Científica. Ao nosso

entender, a Divulgação Científica é o método que se utiliza para transmitir uma

mensagem científica a alguém. O método pode ser pelo texto jornalístico

(Jornalismo Científico) ou por poesia, teatro, quadrinhos e outras formas. A

mensagem pode ser uma teoria, um postulado, uma explicação científica, a

obra e vida de uma cientista etc. Ou seja, o Jornalismo Científico é uma

ramificação da Divulgação Científica que utiliza a mídia como meio para fazer

essa Divulgação.

A Divulgação pode ser feita por alguém da área, de forma que as

pessoas entendam o que esse alguém anda pesquisando ou descobriu, por

exemplo, ou por um divulgador científico, no Brasil, um especialista, um pós-

graduado na área.

Há um grupo paulista de teatro que desenvolve, desde 1998, o projeto

Arte e Ciência no Palco, que se propõe a encenar peças com temáticas

científicas, a partir de Einstein, Copenhague e Júlio Verne. Isso é Divulgação.

Cecília Meireles, dizia o cientista brasileiro descobridor da subpartícula atômica

méson pi (partículas que possuem rotação atômica nula) César Lattes, era uma

divulgadora científica. Segundo ele, era possível perceber, lendo as poesias

dela, que ela estudava ou sabia Física. Ela explicava, contava ele, Física

através de poesia. Isso é Divulgação Científica também.

“O Jornalismo Científico e a Divulgação Científica não são a mera

tradução do discurso científico, mas outro discurso, com suas peculiaridades,

objetivos e compromissos”, afirma Bueno (2011).

Zamboni (2001, p. XVII) compactua da mesma teoria. Para ela, a

Divulgação Científica é muito mais que um trabalho de formulação de um novo

discurso, articulado com o campo científico, e que não existe como produto de

uma mera reformulação da linguagem. É um gênero discursivo particular,

distinto do discurso científico, autônomo, envolvente e cativante.

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Mas voltando ao Jornalismo Científico, uma possibilidade na divulgação

de Ciência, o método que se restringe à prática jornalística de transmitir à

Ciência ao leitor, através da mídia. Bueno, no mesmo artigo citado acima, fala

da relação do jornalista com o cientista, que é recheada de dificuldades. A

começar pelos processos em que Jornalismo e Ciência são produzidos.

A Ciência tem um tempo de gestação longo, há estudos que demoram

anos para serem concluídos, outros nem chegam lá. Enquanto que o

Jornalismo é rápido, mesmo em revistas especializadas, o tempo máximo entre

uma publicação e a outra não passa de um semestre.

Esse tempo de trabalho, diferente entre os profissionais, acaba gerando

conflitos. Já que o cientista acredita que o jornalista é, na maioria das vezes,

superficial com o que publica e até sensacionalista. Enquanto que o jornalista

tende a encontrar pelo caminho cientistas arrogantes e desconfiados, que

dificultam o processo de Comunicação.

Para a professora e pesquisadora do Laboratório de Estudos Avançados

em Jornalismo – Labjor, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas),

Maria das Graças Conde Caldas, deve haver uma cooperação profissional

entre cientistas e jornalistas, cientistas e sociedade, e cientistas e empresários,

de forma a divulgar o conhecimento científico.

O cientista também tem medo de que o jornalista o interprete mal e as

informações que lhe competem, o que, em nossa concepção, não é difícil de

acontecer, pois o universo científico tem jargões bastante dificultosos para

interpretação. Por exemplo, o cientista DuFay atestou existir duas forças

elétricas, uma de atração e outra de repulsão, o que justifica a fato de cargas

iguais não se atraíram. Mas o que isso tem de prático? Só o nome do cientista

assusta, não é? E como o jornalista ou divulgador explicaria isso tudo?

Esse é o princípio básico das pilhas comuns, usadas em aparelhos

eletrônicos. A pilha possui dois pólos, um negativo e um positivo, os quais se

atraem. Caso um negativo seja colocado em contato com outro negativo, de

outra pilha, não há atração e, em consequência disso, não passa a corrente

elétrica.

E como um jornalista usaria isso em uma reportagem? Quem sabe se

precisasse explicar, por exemplo, exagerando, por que motivo os brinquedos

de uma grande empresa não funcionam, já que a fábrica produziu espaço para

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se colocar duas pilhas na mesma posição, não passando corrente elétrica e,

consequentemente, não ligando o brinquedo. Desdobrando na situação de a

empresa ter de fazer o recall.

E o divulgador, se precisasse explicar isso, como o faria? Talvez através

de versos, de nossa autoria:

DuFay mal sabia que ia ficar usado por ai Se o soubesse, talvez tivesse falado coisa alguma

Agora, tão usado está, que precisa ser trocado De tempos em tempos, para funcionar.

Pois bem, a segunda vertente, ainda segundo Bueno, é o fato de, no

Brasil, na época em que ele escreveu o artigo, existirem poucos meios de

Divulgação Científica, como jornais a revistas especializadas. O que,

atualmente, para nós, modificou, positivamente: é só olhar uma banca de

revistas e observar os inúmeros títulos, que vão de Ciência Hoje,

SuperInteressante (algumas vezes divulga a pseudociência) às mais

herméticas, como Scientific American e Nature.

A terceira vertente faz referência à noção de definição de Ciência e

Tecnologia (C&T) moderna, que está muito ligada ao conceito de mercadoria.

Afinal, a C&T estão, atualmente, além de ligadas ao bem estar da humanidade,

comprometidas com grandes interesses, sejam eles públicos ou privados. Por

exemplo, a prática do Jornalismo Científico pode estar ligada a vantagens

oferecidas por empresas, que influenciam financeiramente aos jornalistas a

publicarem matérias sobre certos “produtos.” O que a revista Galileu Galilei

soube aproveitar de uma maneira até divertida. A revista tem uma editoria que

mostra a história de vários “produtos” conhecidos do grande público, como

nasceram e evoluíram em seu tempo de existência, o que não deixa de ser, em

partes, Divulgação Científica.

Bueno (1989, p. 4) diz que o bom profissional do Jornalismo Científico é

aquele que se baseia em boas fontes e num preparo sobre o assunto que

abordará e conhece os temas em voga para escrever sobre eles.

Para ele (1989, p. 4), em relação ao público-alvo, o jornalista científico

deve escrever para o cidadão comum, o leigo, o não especialista.

É possível comunicar-se com o leigo sem lançar mão do Jornalismo Científico: palestras, fascículos,

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29

livros, espetáculos teatrais, literatura de cordel, quadrinhos etc.

2.1 HISTÓRIA DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NO BRASIL

De acordo com José Marques de Melo, em sua publicação Trajetória

Acadêmica do Jornalismo Científico no Brasil: Iniciativas Paradigmáticas do

Século XX, o Jornalismo Científico nasceu, em terras brasileiras, com o próprio

Jornalismo, no século XIX. Quando, em sua primeira publicação periódica,

Hipólito José da Costa (considerado por muitos o fundador do primeiro jornal

brasileiro, o Correio Braziliense) registrava acontecimentos de C&T,

relacionados à geografia, flora e fauna locais.

Melo explica que coube, efetivamente, a João Ribeiro, no início do

século XIX, tornar o Jornalismo Científico uma atividade regular na imprensa da

capital do Império, o que foi defendido pelo grande mestre da

Divulgação/Jornalismo Científico no País, José Reis, quem dá nome a Cátedra

que forma divulgadores científicos, na Universidade de São Paulo (USP).

Mas foi somente na década de 1960 que surgiu uma consciência pública

em torno da divulgação de fatos relacionados à C&T. Essa consciência foi

estimulada, em partes, pela corrida ao espaço travada entre Estados Unidos e

a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a URSS, e os

transplantes de coração ocorridos na África do Sul, que davam início a uma

nova era na medicina.

Em 1966, a USP cria o curso de Jornalismo e seus alunos são

estimulados a produzirem artigos sobre a C&T. E, em 1970, Manuel Calvo

Hernando realiza o primeiro curso de extensão na área, no Brasil. Daí em

diante, o Jornalismo Científico só evolui: em 1981, a defesa da primeira

dissertação (de Mestrado) na área, por Vera Lúcia Salles de Oliveira Santos;

em 84, o primeiro doutorado, defendido por Wilson da Costa Bueno, orientado

pelo professor José Marques de Melo.

E, em 1992, é criado o Núcleo José Reis de Divulgação Científica, citado

acima, na USP. Para Manuel Calvo Hernando (2005, p. 20), seria ideal que os

cientistas tivessem formação em jornalismo e os jornalistas em Ciência, como é

o trabalho da Associação Espanhola de Jornalismo Científico, que passa pelas

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30

universidades da Espanha palestrando sobre o assunto. Os jornalistas

científicos, para ele, deveriam fazer uma disciplina obrigatória de História da

Ciência, além de escolher quatro ou cinco disciplinas para estudar a fundo,

como, no caso dele: Física, Latim, Filosofia e Matemática, as quais podem

servir como base para todo o resto. Sabe-se, entretanto, que as demandas

atuais sugerem estudos em outras disciplinas, como Genética, Física

astronômica, entre outras.

Em 80, com a migração de alguns professores da USP para a

Universidade Metodista de São Paulo, em São Bernardo do Campo, surge o

programa de Pós-graduação da UMESP, onde uma das vertentes de estudo é

Processos de Comunicação Científica e Tecnológica, com grande trabalho na

área de Saúde. E, em 1999, a Unicamp, inaugura seu curso de pós lato e

stricto sensu na área, o Labjor.

Hernando (2005, p. 20) explica que, nas décadas de 1960 e 1970,

países como Colômbia, Peru e a começar pelo Chile começaram com

programas de Jornalismo Científico. O Brasil, em 1977, criou a Associação

Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC). Enquanto que o México tem uma

tradição de Divulgação, no país existe a Sociedade Mexicana para a

Divulgação da Ciência e da Tecnologia (Somedicyt), que realiza congressos

anualmente. Outros países, como Argentina e Uruguai tinham, até a data que

Hernando concedera a entrevista para a revista Ciência e Cultura, em 2005,

tímidas expressões da Divulgação.

Segundo Bueno (1989, p. 2), a criação do Ministério de Ciência e

Tecnologia e das secretarias estaduais ajudou no crescimento do Jornalismo e

da Divulgação Científicos, já que os mediadores passaram a contar com fontes

oficiais na área.

Para Bueno (1989, p. 2), embora esse crescimento continue em nosso

País, “o Jornalismo Científico e a Divulgação Científica ainda se ressentem de

uma política pública consistente, da conscientização de empresários de

Comunicação e editores, da adesão de pesquisadores e cientistas e mesmo da

vontade política de dirigentes dos centros produtores de conhecimento

(institutos de pesquisa, universidades, empresas de pesquisa etc.)”

De acordo com Bueno (1989, p. 2), inúmeras iniciativas permitem

enxergar melhoras no cenário presente e no futuro da Divulgação Científica no

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País. As Faps (Fundações de Amparo à Pesquisa), como as de São Paulo,

Minas Gerais, Rio de Janeiro e as mais novas, como Maranhão e Amazonas,

têm ajudado na formação de divulgadores e difusão da área.

Os cursos de especialização e mestrados também crescem a cada dia,

como da Universidade Vale do Paraíba e do Museu da Vida/Fiocruz, cita

Bueno. Além da abertura de linhas de pesquisa nos programas de Pós-

graduação em Comunicação Social, bem como o aumento no número de

Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) de graduação na área. Também

destacamos a existência da Associação Brasileira de Jornalismo Científico

(ABJC), criada em 1977, que colabora no fortalecimento da profissão.

Bueno (1989, p. 2) conta, ainda, que houve crescimento do número de

bolsas de pesquisa para trabalhos individuais e coletivos nessa área. E a

literatura sobre Jornalismo Científico e Divulgação Científica cresceu, embora,

na concepção do professor e pesquisador, faltem mais títulos nacionais que

contemplem a realidade brasileira.

Na internet, houve uma impulsão de assuntos de Ciência, Tecnologia e

Inovação (CT&I), e os jornais também dão cada vez mais espaço, com pautas

sobre temas da área. Bueno (2011) destaca ainda o início da profissionalização

das estruturas de comunicação dos centros produtores de conhecimento

(universidades, empresas e institutos de pesquisa). Bueno (2011) ressalta:

Está acontecendo uma valorização da parceria entre jornalistas e divulgadores com pesquisadores e cientistas. Precisamos convergir os interesses e competências num compromisso comum, o de incrementar o processo de alfabetização científica e democratização do acesso à informação de Ciência e Tecnologia.

2.1.1 Escola Brasil de Jornalismo Científico

Aqui, é importante abrir um parêntese para o desenvolvimento deste

Trabalho, pois se abordará da primeira turma da Escola Brasil de Jornalismo

Científico (EBJC), da qual o autor deste trabalho fez parte, como aluno, em

julho 2011.

A EBJC é um projeto de iniciativa da empresa privada da área de

Ciência, a Cohen Comunicação, Eventos e Projetos, idealizado pela jornalista

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32

científica, formada pelo Labjor, Adriana de Lima Barbosa, com apoio do Labjor,

da Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC), da Sociedade

Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), do Conselho Nacional das

Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), entre outras entidades

científicas e culturais.

A Escola é um curso de extensão e imersão que tem por objetivo

selecionar estudantes dos últimos anos de Comunicação Social, a fim de

capacitá-los, durante 13 dias ou mais, para a atuação na cobertura de CT&I.

A primeira turma selecionou nove estudantes, sendo pelo menos um de

cada região do País - São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Piauí, Amazonas, Goiás

(2), Distrito Federal e Rio Grande do Sul, e ofereceu bolsas parciais ou

integrais, para o curso, que aconteceu de 9 a 16 de julho, em Goiânia (Goiás).

No curso, teve aulas teóricas com os mais renomados acadêmicos e

profissionais da Divulgação Científica, inclusive referenciados neste trabalho,

como Maria das Graças Caldas e Wilson da Costa Bueno, além das doutoras

em Comunicação Social, especialistas em Comunicação Científica, Heloiza

Dias da Silva (da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e

Audre Cristina Alberguini (professora e coordenadora da Faculdade de

Jornalismo de Limeira-SP), entre outros.

A EBJC é itinerante e acompanha as Reuniões Anuais da SBPC, onde

são realizadas pelos alunos as partes práticas, na cobertura da Reunião, que é

a maior de Ciência e Sociedade da América Latina e uma das maiores do

mundo. Em 2011, foi realizada na capital goiana. Tanto a parte teórica quanto a

prática deram uma maior sustentação para este Trabalho, com dados,

informações, conhecimento e entrevistas, que serão acrescentados durante o

memorial.

2.2 O PROFISSIONAL DE DIVULGAÇÃO

Na opinião de Bueno (2011), o jornalista científico não é o ventríloquo ou

porta-voz do cientista. Ele explica que o Jornalismo Científico é um discurso

construído a partir das fontes de C&T, mas não deve se restringir a elas.

Então, o jornalista científico deve contextualizar as informações,

conceitos ou processos e fazer com que repercutam a partir de sua inserção na

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sociedade. Bueno (2011) afirma que pode haver uma contaminação do olhar

do repórter em geral, e de sua visão de mundo particular e idiossincrasias. A

contaminação ocorre devido à necessidade de se preocupar com os números

da audiência da mídia, já que o profissional precisa, normalmente, adaptar sua

pauta, sua linguagem e discurso, bem como sua matéria ou reportagem pode

incorporar condicionamentos referentes a essa audiência. Bueno (2011) diz

que,

Uma mesma pauta pode gerar distintas matérias, mais ou menos detalhadas, com mais ou menos termos técnicos, mais ou menos abrangentes, dependendo do tipo de mídia, seja ela impressa, eletrônica, especializada ou outra.

Também a contaminação acontece, continua Bueno (2011), pelos

interesses dos empresários da Comunicação e dos anunciantes. Havendo,

muitas vezes, conflitos entre pautas, focos, fontes e interesses comerciais, de

tal modo que alguns temas controversos e que envolvem grandes interesses

acabam sendo jogados para debaixo do tapete.

Há coberturas cosméticas de determinados temas que nunca se coloca o dedo na ferida ou se dá o nome aos bois, e outras que apenas permanecem na superfície.

Para Bueno (2011), é notório o caráter pouco investigativo do Jornalismo

Científico. E a contaminação tem sido mais evidente, na atualidade, pela

intervenção de doutrinas de igrejas que vêm se apropriando dos veículos e

buscando impor princípios e valores religiosos. O Jornalismo Científico se vê,

com isso, em meio ao embate entre as teorias criacionista (de que um ser

superior haveria criado o Universo, a partir de Adão e Eva) e da evolução

(proposta por Charles Darwin, que escreveu a obra A Origem das Espécies,

falando que o homem, bem como todos os seres vivos, deve existir devido a

diversas “mutações” genéticas).

E esses são apenas alguns dos problemas, pois o jornalista científico

também assiste à discussão entre vários outros assuntos, como a controvérsia

das células-tronco e do aborto e a tentativa de “sacralizar” a Ciência, tornando-

a parte da criação divina.

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Nesse contexto, Bueno (2011) sugere que o jornalista científico deva ter

compromisso com o interesse público (não confundir com o interesse do

público, que é um interesse específico de um grupo de pessoas), qualificando

as informações, confrontando as fontes e avaliando a sua própria dependência

(vínculo) em relação ao tema. Sem se esquecer de, com tudo isso para

resolver, não se deixar vender para o sensacionalismo.

O sensacionalismo pode ser explicado, falando-se em Ciência, com a

grande maioria das reportagens que são veiculadas na mídia sobre Ufologia

(estudo de seres extra-terrenos). De uma maneira geral, acreditamos que a

mídia costuma prostituir a Ufologia, fazendo grandes factoides (notícias criadas

com um interesse específico, que não é o interesse público), e mostrando um

lado até cômico da possível existência de outros seres vivendo fora do planeta

Terra.

Mas como o jornalista científico pode não sensacionalizar reportagens

desse porte? Uma das saídas é fugir das fontes e lugares comuns, pessoas

que dizem ter visto extra-terrestres em lugares como Varginha (Minas Gerais),

por exemplo. E conversar com astrônomos especialistas em biologia inter-

espacial, de forma a procurar novas pesquisas na área, novas observações

etc. Afinal, do tamanho que se supõe ser o Universo, seria pretensão demais o

jornalista científico se deter às fontes e lugares comuns e não dar espaço a

novas descobertas.

Bueno (2011) entra em uma das principais funções do Jornalismo, para

nós, quando diz que o jornalista científico não deve apenas informar ou formar

seu público, mas incluí-lo nos debates científicos, de forma que esse público

possa ter, a partir das informações na reportagem, o poder de decidir e opinar

com critérios.

Entre os assuntos estudados na EBJC, está a formação e prática do

divulgador científico. O divulgador, explica Caldas (2011), deve se preocupar

não só em informar à sociedade os resultados da pesquisa, mas o processo de

produção do conhecimento, os recursos envolvidos, analisar o contexto

histórico e político que giraram em torno dessa produção. Para isso, é

necessária uma compreensão das políticas públicas de C&T. “É importante

sempre se preocupar com os riscos, impactos e consequências dessas

pesquisas também”.

Page 35: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

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O papel e o compromisso social do jornalista em geral, na ideia de

Caldas (2011), está inserido num modelo de gestão capitalista, em que a

produtividade, a competitividade, o desemprego, a qualidade, a eficácia, a

privatização dos meios e instituições e a lucratividade vigoram. E, nesse

contexto, comentou a professora e pesquisadora (2011), em aula da EBJC, o

homem, enquanto ser social, é excluído e se transforma em produto,

consumidor e cliente.

A mídia, atuando como agente formador de mentalidades, e a internet,

agindo na transnacionalização da cultura, desenraizando, multipolarizando e

segmentando a sociedade, também são reflexos nesse modelo de gestão

capitalista, afirma Caldas (2011).

“Se não saiu na TV, rádio, jornal ou internet, não aconteceu”, ironizou

Caldas (2011), em aula da EBJC. Para ela, a mídia descreve, interpreta,

fotografa e divulga o mundo. Entretanto, faz, normalmente, um recorte frágil e

distorcido da realidade, pois destrói a temporalidade. Segundo a professora e

pesquisadora, a mídia condiciona não pelo que informa, mas pela maneira

como informa.

Bueno (2011) comenta que a formação de profissionais para atuação

nessas áreas é também deficiente e as universidades e cursos de Jornalismo

têm culpa nisso. Já que menos de 10% dos cursos de Jornalismo dedica algum

espaço na grade curricular para o Jornalismo Científico, segundo pesquisa que

a ABJC, da qual Bueno faz parte e desenvolveu.

Na concepção de Caldas (2011), o jornalista em geral é um historiador

do cotidiano: em seu compromisso com a informação, deve analisar e

contextualizar os fatos, tendo consciência crítica e social. Enquanto que Bueno

(2011) comenta que o jornalista científico deve ter a necessidade de desvendar

termos, conceitos, processos e teorias.

Além disso, para se ter ética social, validou Caldas (2011), em aula da

EBJC, o divulgador necessita compreender o processo formativo da mídia,

buscar novos hábitos, ter novas atitudes, ter conhecimento da estrutura social,

buscar sensibilidade para romper com o consenso e ter competência

comunicacional.

Segundo Bueno (2011), é necessário também reconhecer o avanço

obtido na esfera federal com a criação de um grupo específico e a

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disponibilização de investimentos focados no processo de popularização da

Ciência, o esforço é tímido e tem privilegiado os grandes centros. Ao mesmo

tempo, tem relegado o Jornalismo Científico a um plano secundário no

momento de concessão de apoios, avaliando-o a partir de critérios estritamente

acadêmico-científicos.

Além disso, estas iniciativas têm estado, na ideia de Bueno (2011),

dependentes de ações isoladas de determinados governos (estaduais ou

federais) e não têm continuidade ao longo do tempo.

Precisa ser institucionalizado um esforço permanente de capacitação e apoio à Divulgação Científica e ao Jornalismo Científico. Os empresários de Comunicação e editores, com raras exceções, contemplam a Ciência e Tecnologia com preconceito, imaginando, equivocadamente, que elas não atraem o interesse do público.

Para Bueno (2011), a maioria dos veículos jornalísticos no País ainda

não dispõe de cobertura regular de CT&I ou mesmo espaços específicos e

permanentes para essa divulgação (cadernos ou editorias). O ideal, sugere

Bueno (2011), seria adotar uma perspectiva transversal, trazendo a C&T para o

universo geral da cobertura.

2.3 TEXTO IDEAL DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

De acordo com o professor e pesquisador Wilson da Costa Bueno

(2011), o interesse público deve sempre ser levado em consideração, desde a

concepção da pauta até a feitoria das matérias ou reportagens de divulgação

da Ciência:

A quase totalidade dos cidadãos só tem a mídia, durante a maior parte da sua vida, como fonte de informações sobre Ciência, Tecnologia e Inovação e, por isso, não podemos abrir mão do compromisso de informar com qualidade, buscando enxergar os interesses além da notícia. No Jornalismo Científico, assim como na cobertura jornalística em geral, a neutralidade não existe porque todas as fontes estão em tese comprometidas com seus vínculos, compromissos e interesses.

Para isso, é importante, explica Bueno (2011), valer-se de fontes

independentes, desvinculadas de interesses empresariais, políticos, de grupos

existentes na comunidade científica ou pessoais.

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Bueno (2011) diz que a produção científica está comprometida com um

problema ou tema de pesquisa, com a trajetória particular do pesquisador ou

do grupo de pesquisa ao qual ele se filia, com os agentes, Estado ou empresa,

que financiam o projeto de pesquisa e inclusive com o momento histórico, que

é determinado pela convergência de fatores econômicos, políticos,

socioculturais etc.

Mas o divulgador deve fazer perguntas básicas para saber se as

informações e conhecimentos produzidos por pesquisadores e cientistas são

de interesse público: Os compromissos falseiam ou manipulam os resultados

da pesquisa? Quem lucra com esta produção científica em particular? O

interesse público está sendo privilegiado? O que significa efetivamente

interesse público?

Na concepção de Bueno (2011), em algumas áreas de pesquisa fica

evidente a ação dos lobbies e estratégias de intervenção e manipulação e os

resultados de pesquisa costumam, em determinadas situações, estar sob

suspeita. Entre elas, a indústria da Saúde, a indústria agroquímica e de

biotecnologia, a indústria de papel e celulose, a indústria da mineração, a

indústria da alimentação etc.

Sobre a prática da Divulgação, Vieira (2006, p. 18 a 38), no Pequeno

Manual de Divulgação Científica, do Instituto Ciência Hoje, conta que, como

exercício jornalístico, a divulgação de Ciência tem critérios iguais: títulos

funcionam como cartões de visita, parágrafos longos dificultam a leitura,

legendas devem ser autossuficientes, deve ter créditos e ilustrações

(fotografias, mapas, desenhos e esquemas simples, evitando gráficos, tabelas

complicadas, pois, em geral, o público tem dificuldade para interpretá-las). A

pirâmide invertida (as informações mais importantes antes e as menos

relevantes por último), mas sem a falsa objetividade da notícia factual.

Para a professora e pesquisadora Maria das Graças Conde Caldas

(2011), a qualidade do texto jornalístico em geral vai depender do material que

se coleta durante a entrevista, da observação atenta dos fatos, quando for o

caso, ou com pesquisas paralelas. Caldas (2011) revela que “a arte do bom

Jornalismo e do Científico, em particular, está na qualidade da apuração”.

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Na concepção de Caldas (2011), o bom senso na escolha da abertura

do texto deve prevalecer. Não se esquecendo que a intenção é levar o leitor à

última linha de seu texto. “Tudo depende da criatividade”.

Caldas (2011) diz que, nessa hora, vale a organização de dados. Pois a

arte da redação depende da lógica de produção de cada um, sendo não

recomendável copiar modelos dos outros. Para Caldas (2011), é possível ser

criativo, não fazendo ficção.

Já Vieira (2006, p. 18 a 38) fala que a linguagem dos textos da área

deve ser leve, clara, rica em analogias, para comparar o que se quer explicar

com palavras e termos de conhecimento popular, do senso comum. Com isso,

evitando espantar o leitor, logo no primeiro parágrafo, com nomes e

explicações técnicas muito profundas.

Vieira (2006, p. 18 a 38) lembra que a popularização da Ciência não é

incompatível com a precisão científica. “Ninguém quer ler um texto com um

dicionário de ciências na mão, por isso, é bom evitar jargões, fórmulas

matemáticas e abreviaturas”.

Segundo Caldas (2011), é preciso decodificar a fala do cientista e das

fontes, suas informações e transformá-las em algo claro, preciso e de interesse

da opinião pública. “O Jornalismo Científico não pode prescindir da precisão

das informações relatadas, contextualizadas e uma discussão sobre suas

implicações sociais, políticas e econômicas”.

Entrando no campo da Saúde, Vieira (2006, p. 18 a 38) explica que os

textos de Divulgação Científica devem distinguir as especulações dos

resultados já comprovados. Para Vieira, é importante ter atenção com os

resultados de pesquisas médicas, para não dar falsas esperanças aos leitores.

As matérias ou reportagens também devem ser descontraídas,

possibilitando a leitura como um bom passatempo: sem linguagem rebuscada,

com textos enxutos, favorecendo o espaço para informação (ao invés de usar

“a respeito de”, usar “sobre” e ao invés de usar “com o objetivo de”, usar

“para”). Evitando os jargões técnicos, como Cloreto de sódio (usando sal de

cozinha), Hipoclorito de Sódio (usando água sanitária), etc. “Não existem

modelos para um texto elegante de divulgação científica”, afirma Caldas

(2011).

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Para isso, é imprescindível tomar cuidado com o excesso de didatismo,

de forma a não ofender o leitor. É bom buscar saber quem é o leitor,

recomenda Vieira (2006, p. 18 a 38), para se por no lugar dele, sempre

explicando conceitos básicos, o que não significa se por em primeira pessoa.

Tentar saber antecipadamente o tamanho de seu texto também se faz

relevante.

Boxes, ou caixas de informações complementares, e retrancas são

importantes nos textos de Divulgação Científica. É importante usá-los para

deixar o texto mais acessível e favorecer em um lugar separado do texto o

mais complicado, sugere Vieira (2006, p. 18 a 38).

Sobre as entrevistas, para Vieira (2006, p. 42 a 46), devem seguir as

mesmas instruções do Jornalismo em geral: é bom ir a uma entrevista sabendo

alguma coisa do assunto, quais foram às últimas coisas que o cientista ou

pesquisador disse na mídia, o que também certifica Caldas (2011).

Na hora de escrever, especificar, no caso de cientistas, o nome e

prenome, atividade (físico, químico etc.), nacionalidade e, se for necessário,

ano de nascimento e morte, bem como descrição de um trabalho importante e

explicar siglas.

Por sua vez, o cientista ou pesquisador, ou mesmo a fonte comum,

recomenda Vieira (2006, p. 42 a 46), deve deixar seu contato disponível para o

divulgador, em caso de dúvidas; separar um material para a entrevista, como

fotos, gráficos, artigos científicos, recortes de revistas e jornais, tabelas,

diagramas e esquemas; não se ofender com perguntas básicas, “afinal o

jornalista não é um Doutor Honoris Causa em todos os ramos do

conhecimento, e, para explicar ao leitor, ele precisa entender”.

Se solicitado, explica Vieira (2006, p. 42 a 46), a fonte pode dar

entrevista por telefone, haja vista, normalmente, não haver muito tempo para

finalizar textos em jornais, às vezes, e, se isso ocorrer, é bom pedir ao repórter

para repetir, em linhas gerais, a notícia a ser publicada.

A fonte precavida pergunta o deadline, ou horário de entrega do texto, e

o tamanho do texto, afinal pode fazer um comentário curto, em caso de notas,

e ressaltar comentários, se for preciso, procurando dar uma visão geral de

como está a área de pesquisa em questão no Brasil. E, se não for especialista

da área, deve indicar outro especialista.

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40

O cientista e pesquisador conscientes também podem vender o seu

peixe, ligar para os editores de C&T ou para os pauteiros (quem fica

responsável por sugerir as matérias e reportagens a serem feitas no dia, no

caso do jornal diário) e contar sobre o desenvolvimento de pesquisas. De

repente, até podem mandar um comunicado à imprensa (release), contando a

importância da pesquisa e informações básicas, se preciso, com glossário junto

e material complementar. É bom saber que, nesse caso, os jornalistas têm

pouco tempo, então, é bom, no release, se preocupar com informações básicas

somente.

Vieira (2006, p. 42 a 46) comenta uma questão importante para o

Jornalismo em geral, e que também ocorre na Divulgação: normalmente, a

fonte não pode ver o texto final. Pois atrapalha o fechamento da publicação,

elimina a isenção do jornalista, já que o pesquisador é parte interessada, e a

confiabilidade de uma publicação deriva de os jornalistas terem a palavra final

sobre o texto. No caso de textos muito técnicos, como acontece em C&T,

alguns editores até recomendam que seus repórteres deixem a fonte dar uma

olhada na parte técnica somente.

Já Bueno (2011) ressalta que o jornalista deve pressupor a peculiaridade

de suas fontes, que estão inseridas na chamada “cultura e comunidade

científicas”. E observar que essas fontes podem (costumam) ter compromissos

e vínculos, muitas vezes conflitantes com o interesse público.

2.3.1 Exemplos de lides para textos de Divulgação Científica

Aqui elencamos dois lides bem escritos, que chamam a atenção do

leitor para o assunto científico. Lide, ou lead, em Jornalismo, é o parágrafo em

que constam as perguntas básicas sobre a informação (Qual a informação?

Quem está envolvido com ela? Quando ocorreu? Como ocorreu? Onde

ocorreu? E qual suas implicações?):

“As práticas sexuais durante o período de gravidez de mulher costumam

sofrer uma redução que varia de 40% a 60%. Essa redução é geralmente

atribuída a causas de ordem psicológica, física ou emocional, somando-se a

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isso alguns velhos tabus e mitos, principalmente o religioso, que inibem o

desejo sexual feminino.” In Jornal da Unicamp, maio de 2003.

“Ele é um vírus inteiramente novo, de origem desconhecida, que mata

de 3% a 10% de suas vítimas e se propaga com uma rapidez assustadora.

Essa é a parte ruim da história. A boa é que o causador da pneumonia asiática

pode ser contido com eficiência. E a busca de uma vacina já começou”. In

Folha de S. Paulo, 4/05/2003.

2.3.1 Imagens: aliadas dos textos

Pensar nas imagens (fotos, gráficos, ilustrações etc.) durante a

entrevista ou na construção do texto é essencial para o entendimento da

matéria. Para Vieira (2006, p. 42 a 46), a imagem não deve, porém, ser usada

para repetir o que está no texto, mas de maneira a ilustrar o conteúdo da

narrativa. Ela não substitui o texto explicativo, porém o complementa.

A necessidade de imagens para a divulgação da Ciência e para a o

melhor entendimento do público dos assuntos relacionados à temática se faz

necessária, principalmente, em jornais, haja vista ser sabido que, devido ao

tempo, as pessoas têm pouco tempo para ler um jornal todo, atualmente. Esse

foi um dos motivos para Kreinz escrever uma obra toda, intitulada Divulgação

Científica na Sociedade Performática, em 2004.

Para Kreinz (2004, p. 7 e 32), passam-se horas diante do computador,

da televisão e mesmo discussões acadêmicas giram em torno do desempenho

do mundo constituído por imagens, criando uma sociedade alimentada por este

universo imagético. Professora e pesquisadora da Cátedra José Reis de

Divulgação Científica da USP, Kreinz (2004, p. 7 e 32) revela que, na era da

televisão e da internet, o verbo cede lugar ao domínio performático, sendo que

Ciência, Universidade, Igreja, Forças Armadas e demais instituições, que

tinham força no passado, não são mais protagonistas da situação.

Daí se vê a importância das imagens na sociedade mundial e como é

preciso buscar o entendimento do leitor também através de imagens, nas

reportagens de Divulgação Científica. No caso das matérias de Saúde, por

exemplo, emoldurar como um vírus atinge o sistema imunológico ou apenas

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localizar o pulmão, quando de uma reportagem sobre tuberculose, se faz

interessante.

2.4 A COBERTURA DE C&T E AS SÍNDROMES

Segundo o professor e pesquisador Wilson da Costa Bueno (2011), a

Ciência e Tecnologia (C&T) aparecem na mídia em função de fatos ou

descobertas espetaculares –como citamos as reportagens sobre Ufologia - e,

com isso, contribuem para uma visão distorcida, fragmentada do processo de

produção científica. “A mídia costuma insinuar que a Ciência ocorre aos saltos

e depende de espasmos de genialidade”.

Então, Bueno criou síndromes da cobertura de C&T pela mídia, para

emoldurar essas visões distorcidas da cobertura científica, com as quais os

divulgadores devem prestar atenção:

2.4.1 Prêmio Nobel

A primeira relaciona a C&T à genialidade de determinadas pessoas,

contribuindo para a sustentação do que ainda caracteriza o ensino formal de

ciências. Para Bueno (2011), existem figuras proeminentes na C&T, mas

mesmo elas “beberam em outras fontes” e devem os seus “insights” geniais ao

trabalho de um grupo significativo de pesquisadores anônimos.

Essa síndrome descarta a construção coletiva da C&T e o papel

fundamental das equipes ou redes de pesquisa. Muitas vezes, destaca os

burocratas em detrimentos dos verdadeiros pesquisadores e cientistas.

2.4.2 Zoom ou Olhar Vesgo

A segunda das síndromes de Bueno (2011) descontextualiza a produção

e mesmo a comercialização e a divulgação da C&T, contemplando-as apenas

como uma instância meramente técnica. Não incorporando as vertentes

econômica, sociocultural, ideológica. O que Bueno acredita que é fortalecido

por editorias específicas de C&T, com olhares unilaterais.

Então, Bueno (2011) diz que, graças a essa segunda síndrome, é

possível se ver com frequência expressões que afrontam conceitos básicos,

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como os de “florestas de eucaliptos”, que ignoram a relação indissolúvel entre

florestas e biodiversidade e aceitam a tese de que as boas florestas são

aquelas que devem ser derrubadas para gerar lucros imediatos, como a

produção de madeira, móveis, papel e celulose etc.

2.4.3 Muro Alto

A terceira síndrome tem a característica de despolitizar o processo de

produção de C&T, não conseguindo enxergar os interesses que estão a ele

subjacentes, como os comerciais, políticos, militares, pessoais etc.

Por esse motivo, acredita Bueno (2011), veículos, jornalistas ou

divulgadores não se dão conta de que há fontes comprometidas, ainda que

travestidas de pesquisadores ou cientistas.

Esquecem-se de que o diretor de P&D da Monsanto ou da Novartis é antes de tudo funcionário de uma corporação e atende prioritariamente aos seus interesses. Há que se separar o joio do trigo, buscando fontes efetivamente independentes, o que tem sido cada vez mais difícil, particularmente em algumas áreas.

2.4.4 Lattes

A quarta síndrome leva o nome do físico brasileiro Cesar Lattes, pois faz

referência à ideia de que apenas os pesquisadores com currículo Lattes

refinado (plataforma virtual em que pesquisadores, professores, mestres,

doutores, graduados e outros podem fazer um currículo, comumente utilizado

nos meios acadêmicos) podem contribuir para o desenvolvimento da C&T,

ignorando o próprio percurso Histórico da Ciência e da Tecnologia e a

contribuição dos mais jovens, cita Bueno (2011).

Para Bueno (2011), a síndrome legitima a “república dos doutores” nas

universidades, confunde titulação com competência e, sobretudo, exclui do

debate grupos sociais que têm muito a dizer, em particular sobre o impacto da

C&T na sociedade. “O debate sobre Ciência e Tecnologia não deve reduzir-se

apenas à comunidade científica, editoriais do Estadão, por exemplo, têm a

intervenção de pesquisadores em edição do ComCiência”.

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2.4.5 Baleia Encalhada

A quinta síndrome proposta por Bueno (2011) fala da prática de incluir a

C&T como objeto de cobertura apenas quando há potencialmente algo

sensacional, mesmo que necessariamente não comprovado cientificamente. A

“baleia encalhada”, explica o professor e pesquisador, é personagem

emblemática na cobertura da temática ambiental e, afirma ele, que a C&T têm

também suas “baleias encalhadas”.

2.4.6 Mariposa Encantada

A sexta síndrome fala dos veículos e jornalistas que acabam sendo

seduzidos por alguns temas e suas respectivas versões, sem confrontar as

informações, sem enxergar além da notícia: Os transgênicos vão matar a fome

do mundo, As descobertas na área do genoma vão eliminar as doenças, A

nanotecnologia promoverá milagres, O talento humano (a C&T) salvará o

homem e a humanidade de uma catástrofe (fé irrestrita no progresso técnico).

O que, na opinião de Bueno (2011), não deve ocorrer.

2.4.7 Salto Alto

Muitos jornalistas e divulgadores científicos se encaixam na sétima

síndrome, a do salto alto, que, devido ao contato regular com fontes

especializadas, acabam passando para o “outro lado do balcão”, comenta

Bueno (2011), esquecendo-se de que são fundamentalmente mediadores no

processo de relacionamento entre a informação especializada e o público leigo.

Então, continua Bueno (2011), começam a escrever para os

especialistas, mais interessados em explicitar seu conhecimento recém-

adquirido, em evidenciar erudição do que em efetivamente comunicar-se com o

cidadão comum. Por isso, estabelecem ruídos na Comunicação, elitizam o

processo de Divulgação e se distanciam de sua função original de mediadores.

2.4.8 Boi-Mate

A oitava e última síndrome de Bueno (2011) fala da explosão de

informações; da necessidade de veiculá-las com rapidez, que se acelerou com

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o Jornalismo online e a web de maneira geral; do compromisso com a

espetacularização da notícia e a ausência de um Jornalismo efetivamente

investigativo. Isso, na opinião de Bueno (2011), tem contribuído decisivamente

para a desqualificação da cobertura.

Por isso, os casos “boi mates” se multiplicam, com clones por todo o

lado (factoides criados pela mídia ou pela sociedade, que a mídia divulgou,

como mico-leão prateado, armadura quântica, mamografia por satélite etc.). A

expressão tem a ver com a ingenuidade e o analfabetismo científico e faz

referência a um termo utilizado na cidade natal de Bueno, para históricas

absurdas. Bueno (2011) afirma, ressaltando a importância de o divulgador

prestar atenção a essas síndromes:

O Jornalismo Científico e a Divulgação Científica contribuem decisivamente para os processos de alfabetização científica e de democratização do conhecimento. Eles ajudam também a despertar novas vocações e a promover o debate crítico sobre o impacto da Ciência e da Tecnologia na sociedade. Chamam a atenção para a necessidade de investimento público e privado nessas áreas.

2.5 COBERTURA JORNALÍSTICA EM SAÚDE

Burkett (1990, p. 155) diz que os redatores de ciência precisam

compreender a cultura da Saúde e da medicina, de forma a escrever com

eficiência. Burkett comenta que, a partir do século XX, a medicina saiu do

campo da incerteza e se aproximou da Ciência, devido, principalmente, na

opinião de Burkett, à descoberta dos antibióticos. Após isso, muitas pessoas

sobrevivem a doenças antes consideradas fatais.

Para Burkett (p. 156 e 157) “medicina é dinheiro”. Prova disso, são os

altos investimentos da indústria em Saúde. Nos Estados Unidos, durante as

décadas de 70 e 80, a inflação foi alta devido ao custo da Saúde que cresceu.

Com isso, o investimento do PIB (Produto Interno Bruto), a soma de todas as

riquezas produzidas pelo país, em Saúde também subiu. “A medicina absorve

muito o uso dos meios de Comunicação e emprega a maior parte dos redatores

de Ciência e medicina”.

Page 46: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

46

Além da grande mídia, Burkett (p. 158) conta que hospitais, centros de

pesquisa e outros lugares da área médica e de Saúde empregam jornalistas

especializados ou especialistas, para produzirem materiais que circulam dentro

e fora desses lugares, para públicos que vão de pacientes a outros médicos e

pesquisadores. Bem como suplementos e até revistas científicas, que são

revisadas por esses profissionais de Jornalismo. Além disso, o autor fala do dia

a dia de trabalho junto aos médicos (p. 160):

Cultivar a amizade profissional com esses médicos paga muitos dividendos. Como a comunidade médica é tão apertadamente tecida, a sua reputação por acurácia, conhecimento e consideração irá se espalhar rapidamente. Se for boa, você poderá encontrar um fluxo crescente de sugestões de matérias em sua direção. Isso pode aumentar a sua lista pessoal de contatos para informação e avaliação de histórias potenciais.

Assim como as demais fontes, para Burkett (p. 161 e 162), os médicos

apreciam quando o repórter chega com informações básicas para a entrevista,

devido ao tempo dos profissionais de Saúde ser, costumeiramente, escasso. O

profissional de Jornalismo deve estar sempre preocupado com a produção por

parte dos doutores em medicina, que escrevem artigos importantes sobre

estudos de casos de doenças, avanços médicos etc.

Os repórteres de Saúde também precisam prestar atenção na hora de

distinguir o que é dirigido já para a própria doença e o que é para aliviar os

sintomas, nos procedimentos médicos. E moderar o entusiasmo por novos

tratamentos e drogas, discutindo com a comunidade médica antes de publicá-

los.

Os jornalistas científicos especializados ou especialistas em Saúde irão

escrever sobre política pública para a área em diversos níveis, afirma Burkett

(p. 166 e 167), da contaminação da água que circula na torneira às clínicas de

Saúde pública. Para isso, acreditamos, além de ser imprescindível a presença

desse profissional de Jornalismo nesses locais, um bom contato com as

potenciais fontes, para que entendam que o trabalho jornalístico é uma maneira

de denunciar e pedir que seja prestada mais atenção em situações precárias e

perigosas na Saúde.

Page 47: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

47

Na concepção do médico oncologista e doutor em Semiótica Antonio

André Magoulas Perdicaris (2011), um dos grandes problemas da

Comunicação é transformar a informação em conhecimento e o conhecimento

em atitude. Para Perdicaris (2011), a informação envolve, entre outras coisas,

os assuntos pertinentes, a linguagem com que essa informação será

transmitida, para quem será transmitida e, principalmente, qual a intenção do

profissional de Comunicação e da instituição para que ele trabalha em passar

aquela informação.

Já com base no conhecimento, segundo Perdicaris (2011), deve haver

uma avaliação por parte do profissional de Comunicação, a fim de saber se, a

partir da informação, houve mudanças tanto biológicas quanto sociais. E se

elas se concretizaram em atitudes.

Nesse processo, é necessário que exista uma linha de ação dessa

instituição, e do próprio comunicólogo, para buscar resultados. Levando em

consideração o papel de cada ator social. “Como esse profissional convive com

sua realidade e sua história? É importante pensar que o leitor, muitas vezes,

sabe ler e escrever, entretanto, não sabe interpretar” (2011).

De acordo com Perdicaris (2011), pensar a Comunicação não se

restringe às matérias e reportagens. Mas consiste em pensar desde a página

em que elas vão ser colocadas, de qual lado vão estar, as cores, entre outros.

Porque a Comunicação, explica o médico oncologista especialista em

Semiótica (2011), tem como função tornar comum, e isso envolve neurociência,

as diferentes formas de chegar ao público-alvo.

Em relação à Saúde, Perdicaris (2011) afirma que a definição, para o

século XXI, tem a ver com equilíbrio de cada indivíduo consigo, com os outros

e com a natureza. Nesse processo de “estrangulamento” da Saúde, reflete

Perdicaris (2011), as faculdades têm papéis importantes na formação dos

profissionais da Saúde, afinal, estimulam para que os estudantes façam a

pergunta errada “Por que as pessoas adoecem?” ao invés de questionarem

“Por que as pessoas são relativamente sadias?”

A Saúde, como aborda a Constituição, não é apenas um direito do cidadão. Mas também uma conquista. O Ministério da Saúde, atualmente, está mais para Ministério da Doença, e isso precisa ser pensado, melhor gerenciado e planejado. Porque a Saúde foi

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pulverizada ao longo de várias áreas. Quando se fala em Saúde, também se precisa pensar em estradas, segurança, etc. (PERDICARIS, 2011).

O professor e pesquisador Isaac Epstein, sabendo da importância da

divulgação de Saúde, criou o Projeto Radix, um arquivo virtual

(www.projetoradix.com.br) onde se encontram armazenados artigos, textos,

notícias, pesquisas, monografias, dissertações e teses relacionadas ao

assunto. Para jornalistas interessados e atuantes na área da Saúde, dar uma

olhada no site do Projeto se faz imprescindível.

2.6 OS DEZ MANDAMENTOS DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

No Pequeno Manual de Divulgação Científica, Vieira (2006, p. 39) elenca

dez dicas básicas para o profissional de Jornalismo que vai divulgar alguma

notícia científica:

1. A simplicidade da linguagem não é incompatível com a riqueza de

conteúdo.

2. É fundamental adequar forma e linguagem ao seu público.

3. Tente agarrar o leitor já no primeiro parágrafo.

4. Os textos de divulgação científica devem distinguir especulações de

resultados comprovados. Atenção com os resultados de pesquisas médicas.

Não dê falsas esperanças aos leitores.

5. Cuidado com o excesso de didática. Não trate seu leitor como um

“descerebrado”. Não ofenda sua capacidade de entendimento.

6. Tenha sempre em mente um leitor padrão. Ponha-se no papel dele.

Pergunte ao editor qual o público para o qual você está escrevendo. Não

escreva para seus pares.

7. A popularização da ciência não é incompatível com a precisão científica.

8. Artigos de divulgação científica devem ser agradáveis de ler, proporcionar

um momento de descontração. Ninguém quer ler um texto com um dicionário

de ciências na mão.

9. Evite jargões, fórmulas matemáticas e abreviaturas. Sempre sugira ou

envie ilustrações. Elas são essenciais em um texto de divulgação científica.

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49

10. Tente saber antecipadamente o tamanho de seu texto.

E sobre Saúde? Bem, como diz Burkett (1929, p. 155), os redatores de

ciência escrevem sobre medicina, na maior parte do tempo. Mesmo porque a

medicina envolve diversos assuntos, como doenças e epidemias, drogas e até

políticas públicas. Por isso, nosso próximo capítulo se dedica a uma

compreensão do que é Saúde e sobre a percepção de C&T do brasileiro.

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50

3 - SAÚDE: O ASSUNTO SOBRE CIÊNCIA MAIS VISTO PELOS BRASILEIROS

Em artigo Ciência, Sociedade e os Desafios do Novo Século, Pavan

(2002, p 61-68), um dos decanos da Divulgação Científica no Brasil, fala do

vírus da AIDS e do estrago que fez no mundo. Para ele, correr o risco de

contrair o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é muita irresponsabilidade

e, não divulgar o risco é antiético. Essas reflexões, comenta Pavan, são

essenciais para o futuro da espécie. Assim, pode-se concluir, por baixo, a

importância da divulgação de Saúde para a sociedade humana.

Saúde não é só um dos temas mais importantes, é o mais procurado

pelos brasileiros, segundo pesquisa do Ministério de Ciência e Tecnologia, de

2010.

3.1 BREVE HISTÓRIA DA SAÚDE

Segundo a professora e pesquisadora do programa de pós-graduação

em Divulgação Científica, o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo -

Labjor, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Maria das Graças

Conde Caldas (2011), foi a sociedade grega que primeiro se interessou sobre

Ciência, com estudos matemáticos, físicos e químicos. A filosofia também foi

amplamente utilizada, neste período, como método de reflexão sobre o

cotidiano e dos questionamentos humanos.

Em artigo no jornal Folha de S. Paulo o físico e astrônomo Marcelo

Gleiser (2008) conta que, nos últimos 400 anos, a Ciência progrediu

imensamente, revelando mundos antes desconhecidos e até inesperados.

Gleiser cita a descoberta de seres microscópicos, a observação dos átomos e

de estrelas, galáxias e buracos-negros longínquos. E os cientistas constroem o

conhecimento a partir de fenômenos naturais, excluindo os detalhes

irrelevantes. O físico e cientista pensa que não há barreira para o

conhecimento e, se houver, é mutável, de acordo com o tempo.

Mesmo assim, durante centenas de anos, a sociedade humana viu parte

de seu contingente ser dizimado por uma série de doenças. A partir do século

XVIII, as epidemias ficam cada vez mais raras e matam cada vez menos

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pessoas, consequentemente, a população do mundo cresce e a expectativa de

vida aumenta. (2001, p. 20)

De acordo com Adam e Herzlich (2001, p. 20), os fatores que

influenciaram para melhorias nas condições sanitárias são bastante complexos

e interativos. As epidemias teriam escasseado devido, principalmente, às

medidas tomadas contra o contágio, que se tornaram cada vez mais eficazes,

com o avanço da medicina.

Contudo, parece certo que o desenvolvimento da medicina,

rigorosamente falando, teve apenas um papel circunscrito: o desenvolvimento

da administração das cidades, da economia, o aperfeiçoamento das técnicas

agrícolas, dos transportes e do comércio que facilitam a luta contra a fome e a

pobreza são incomparavelmente mais importantes.

Dessa forma, a partir do século XVIII, a fome, a epidemia e o

desequilíbrio demográfico passam a ser mais controláveis, mostrando também

que Saúde pública tem a ver com diversos outros fatores. Já no século XIX, a

melhoria nas condições de higiene, com a criação dos cemitérios públicos, por

exemplo, que antes não existiam, sendo as pessoas enterradas nos mais

diversos lugares das cidades, colaborando para a disseminação das doenças,

e a universalização da educação (2001, p. 20) também ajudaram numa

projeção melhor da Saúde pública no mundo.

Como resultado inevitável, a população passou a viver mais, devido à

baixa na mortalidade infantil e na idade adulta, devido à diminuição das

epidemias, exigindo um olhar voltado às doenças próprias da maturidade, que

tomam a dianteira, bem como as novas mazelas que passam a atingir a

sociedade humana do planeta. (2001, p. 21)

Além disso, passa a existir uma preocupação com consequências

decorrentes do envelhecimento da população, como o Estado previdenciário. E

a humanidade se vê frente a frente com doenças até o século XIX inexistentes,

como a AIDS, ou pouco conhecidas, como o câncer (2001, p. 47).

O avanço da Ciência e o advento das novas tecnologias passam a ser

fundamental na busca de cura para essas novas patologias e de outras formas

de combater as doenças existentes, que ganham força, devido à seleção

natural – o vírus da gripe, por exemplo, fica cada vez mais resistente. E a

divulgação dos avanços e adventos se faz necessário para a democratização

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da Ciência, que, até os séculos XVIII e XIX eram estritamente acessíveis às

pessoas de alto poder aquisitivo.

Para Neves (2008, p. 15 a 25) a partir da segunda metade do século XX

até os tempos atuais, o risco de chance ou risco médio de determinado evento

ocorrer na Saúde, que é medido por índices estatísticos ou indicadores, como

as próprias ocorrências de endemias (doenças que são esperadas

acontecerem, em determinadas regiões), torna-se imprescindível nos avanços

médicos-científicos, na área da epidemiologia. Para ela, o risco passa a ver à

frente de doenças, possibilitando o controle delas.

Entre as propriedades do risco, Neves (2008, p. 137 e 138) fala da

função comunicativa, que acontece para o domínio interno da Saúde e para

fora dele, abrangendo a sociedade. Segundo a autora, no cenário atual, a

disponibilidade de conhecimento é instrumento imprescindível para se garantir

a relevância social das disciplinas científicas. E, ainda, a difusão das ideias no

campo da Ciência, está “veiculada à tendência de divulgação e aquisição de

informações”.

Todos esses avanços e também as preocupações são reconhecidos

pela Declaração sobre a Ciência e o uso do conhecimento científico, da

Organização das Nações Unidas (ONU), de 1999. Escrito após a Conferência

Mundial sobre a Ciência para o século XXI, na Hungria. E orienta para que os

cientistas e pesquisadores busquem, à favor do desenvolvimento da sociedade

humana, recursos públicos e ajuda interdisciplinar.

Mas, no que diz respeito às discussões com a sociedade, Caldas (2011)

diz que o acesso ao conhecimento, pensando com foco no conhecimento

científico, é um direito de todo cidadão. Além disso, a educação científica,

explica ela, contribui com o desenvolvimento humano e é um pressuposto da

democracia. Caldas (2011) conta que, a partir do momento que se usa

politicamente o conhecimento, desenvolve-se uma cultura científica.

O conhecimento público da Ciência, detalha Caldas (2011), pode estar

no imaginário social, evidente no senso comum, quando, por exemplo, o

homem do campo, que não tem instrução acadêmica, consegue fazer com que

sua plantação dê certo e lhe seja uma fonte de renda. Para ela, indo contra

Bourdieu (1976), o campo da Ciência não precisa estar restrito ao monopólio

da autoridade científica.

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53

A Ciência tem suas peculiaridades. Caldas (2011) revela que a Ciência é

cumulativa, exigindo do pesquisador e cientista paciência, persistência e

continuidade; é social, de forma que são necessários inúmeros profissionais e

comunicação entre eles; e complicada e complexa, o que, na concepção dela,

não significa que não possa ser explicada e compreendida. Também é parte

indissociável do complexo cultural de uma nação.

Segundo informações do Banco Mundial, informados por Caldas (2011),

os 29 países que concentram 80% da riqueza mundial devem seu bem-estar à

distribuição de recursos nas seguintes áreas: 67% ao capital intelectual

(educação, pesquisa científica e tecnológica e sistemas de informação) e 16%

ao capital produtivo (equipamentos e infra-estrutura), mostrando a importância

da Ciência e Tecnologia (C&T). No Brasil, há cerca de 75 mil cientistas,

enquanto que, nos Estados Unidos, existem mais de 1 milhão de

pesquisadores. O que significa que, em países desenvolvidos, há cerca de 7

pesquisadores para cada mil habitantes, enquanto que, no Brasil, há 1.3 para

cada mil. A China, por sua vez, tem 1.7 pesquisadores a cada mil habitantes.

Para Caldas (2011), a Ciência não existe no vácuo, porque está inserida

num contexto social. O progresso precisa, nesse contexto, ocorrer em quatro

áreas de conhecimento: biológica (aumento do bem-estar), econômica

(industrialização e capital), política (liberdade, direitos humanos e políticos) e

cultural (difusão da educação e cultura).

Então, a Divulgação Científica entra com a função de informar sobre a

produção do conhecimento em Ciência, justifica Caldas (2011), já que é direito

do cidadão saber e participar de decisões que afetam sua qualidade de vida;

educar, como complemento da educação formal e social, atendendo o bem-

estar da sociedade. Além de ter função cultural, possibilitando a compreensão

das diversidades; econômica, fortalecendo o setor produtivo e o advento de

tecnologias; e político-ideológica, pois está ligada a interesses de pessoas,

grupos e instituições.

A mídia, nesse contexto, ajuda na formação do imaginário social,

oferecendo informações acerca dos conhecimentos gerados por intermédio de

pesquisas científicas.

Para trabalhar com a Divulgação Científica, é necessário se ater a

alguns critérios na pesquisa, produção e publicação de reportagens. Segundo

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Caldas (2011), o profissional da Divulgação não é um tradutor do conhecimento

científico. “O divulgador precisa saber transmitir a informação científica,

interpretando-a e adequando sua linguagem de acordo com seu público.

Sempre buscando, além dos argumentos, os contra-argumentos”.

3.2 CULTURA CIENTÍFICA

Mesmo assim, analisa Caldas (2011), e apesar de o panorama estar

mudando no campo da Divulgação no Brasil, ainda há profissionais acríticos,

que não se preocupam com o papel educativo que têm, não buscam a

experiência vivida, no cotidiano, as teorias e postulados formulados. E o

divulgador deve ter como parceiros agentes culturais, na concepção de Caldas,

como museus de ciência, escola, mídia e centros de Ciência.

É importante ver a Ciência como um processo e não um lugar de visão contemplativa, formulando questões e não oferecendo respostas incompletas.

Na opinião de Caldas (2011), cultura científica deve ser estimulada

desde cedo, com as crianças, ensinando ludicamente, usando da linguagem de

revistas em quadrinhos, por exemplo, e fugindo do método didático do quadro

negro. Outras opções, comenta Caldas (2011), são músicas, arte e teatro, que

funcionam como agentes disseminadores de conhecimento científico.

Cidadãos conscientes são juízes das promessas e ações dos governantes e participa nas decisões relevantes. Abrir mão da cidadania é ignorância. É preciso ser possuidor do conhecimento científico como forma de libertação social.

E investir na cultura científica se mostra importante no Brasil. Segundo

dados da última pesquisa Programa Internacional na Avaliação de Alunos

(Pisa), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

(OCDE), realizada em 2009, em 62 países do mundo, o Brasil encontra-se em

uma das últimas posições quando o assunto é o analfabetismo científico de

crianças. O País fica à frente apenas de Colômbia, Kazaquistão, Argentina,

Tunísia, Azerbaijão, Indonésia, Albânia, Catar, Panamá, Peru e Quirziquistão.

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55

Baseando-se na Prova Brasil, a Pesquisa aponta que 85% das crianças

brasileiras não são letradas cientificamente, o que significa que não são

capazes de aplicar o conhecimento adquirido em sala de aula em situações do

cotidiano. Diferente de quando se é alfabetizado, que é quando se descobre o

código escrito e já se é letrado – convive com indivíduos que falam a mesma

língua.

A Divulgação, no Brasil e no mundo, tem diversos assuntos e temas

importantes para tratar: do Código Florestal à preocupação com as usinas de

energia nuclear, passando por temas do cotidiano como as Doenças

Sexualmente Transmissíveis (DST’s) e a gripe comum, além das políticas

públicas para Ciência e das leis que são discutidas a todo instante nas diversas

circunferências do poder público.

E a área, a partir do século XXI, cresceu bastante, devido ao interesse

da própria população brasileira por C&T, seus avanços e promessas, afirma

Caldas (2011). “Há uma mobilização grande de cientistas, jornalistas e governo

pela formação de uma cultura científica no País”.

Apesar disso, segundo pesquisa divulgada no jornal Folha de S. Paulo,

em 2 de abril de 2010, 59% de 4.158 pessoas entrevistadas, com mais de 16

anos, acreditam que o ser humano é resultado de uma evolução guiada por

Deus. Os dados contrastam com os resultados obtidos nos Estados Unidos,

mas vão à direção dos resultados europeus. O que mostra que o brasileiro

tende à motivações religiosas quando pensa no surgimento da espécie

humana.

A Comunicação tem papel importante na mobilização social, comentou

Caldas (2011), na EBJC, e a participação da comunidade deve influenciar no

planejamento dos meios, oferecendo subsídios para formatos, conteúdos e

processos de divulgação. Um exemplo, cita Caldas, foi quando, em 2005, a

revista IstoÉ conseguiu interferir na votação da pesquisa com células-tronco

em humanos, mobilizando e levando diversos cadeirantes para a Brasília, no

dia da votação da lei, o que comoveu os políticos votantes, e influenciou a favor

da lei.

Para Hernando (2005, p. 19), para alfabetizar cientificamente uma

sociedade, é fundamental uma Divulgação para todos, seguida de uma

consciência pública sobre o valor da Ciência, o que, na opinião dele, as

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pessoas sabem pouquíssimo. Essa consciência, ao ver do divulgador, deveria

fazer parte da cultura popular, mas ainda quem se preocupa com Ciência é

minoria.

Bueno (2011) revela, curiosamente, que a maioria dos investimentos em

Ciência, Tecnologia e Inovação está direcionada para a indústria da guerra.

Além disso, a contrapartida do progresso técnico pode ser a tecnoexclusão, a

agressão ao meio ambiente, a hegemonia de determinados países etc. Então,

conclui ele, o contexto da produção científica precisa ser visto também sob

uma perspectiva política, econômica, sociocultural e não apenas em sua

vertente eminentemente técnica.

3.3 POLÍTICA CIENTÍFICA BRASILEIRA

Desde 1987, sete pesquisas de percepção pública da Ciência foram

realizadas no Brasil. A última, de 2010, pelo então Ministério de Ciência e

Tecnologia, aponta o interesse, consumo, atitudes, visões e conhecimento do

brasileiro em Ciência e Tecnologia.

O Ministério de Ciência e Tecnologia foi criado em 1985, no governo de

José Sarney, e já existe há quatro governos, e passaram por seu comando 15

ministros. No governo do atual ministro, Aloízio Mercadante, o Ministério

mudou de nome e passou a se chamar Ministério de Ciência, Tecnologia e

Inovação, em 2011.

Em 2005, houve ainda a criação do Conselho Nacional de Secretarias

Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti), que

tem como função representar as Secretarias Estaduais e do Distrito Federal.

Também o Confap, surgiu em 2007, com o objetivo de articular os interesses

das agências estaduais de fomento às pesquisas, hoje presente em 22 estados

do Brasil.

Além disso, a agenda pública tem favorecido bastante a Divulgação de

C&T, com o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) voltado à área, de

plano quadrienal. A popularização da Ciência tem se mostrado crescente, com

apoio à criação e ao desenvolvimento de centros e museus de Ciência e das

Olimpíadas de ciências. Mesmo assim, falta divulgação na grande mídia de

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assuntos relacionados às políticas de C&T e há raros editais para a pesquisa

em Divulgação Científica, revela Caldas (2011).

Após muito se lutar, comentou Caldas (2011), na EBJC, conseguiu-se a

inclusão de uma jornalista no Comitê Assessor de Divulgação Científica, do

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),

Isaltina Gomes, pesquisadora da Universidade Federal de Pernambuco

(UFPE), ainda que como suplente. O Conselho sempre foi composto por

membros das áreas de Exatas e Biológicas, entre seus seis membros titulares

e os suplentes.

Mas não é só haver órgãos públicos que favoreçam à CT&I e

profissionais de Comunicação engajados na Divulgação de CT&I à população.

A CT&I tem mão dupla e volta como desenvolvimento para o País. Justificativa

a isso é o último relatório da UNESCO sobre Ciência, que aponta como países

do mundo todo têm se preocupado com o financiamento de pesquisas.

Em artigo divulgado em seu blog, o ex-representante da Unesco no

Brasil e atual vice-presidente da Sangari Brasil, Jorge Werthein, comenta que o

gasto doméstico bruto em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) no Brasil

aumentou em 28% de 2000 para 2008. O País também é elogiado por seus

crescentes números de doutores, artigos científicos, empresas que investem

cada vez mais em C&T, como a Embrapa, e projetos importantes, como o

Genoma e o Programa Brasileiro de Álcool (Pró-Álcool) que estimulou o Brasil

a produzir os melhores carros com motores que funcionam com gasolina e

álcool do mundo.

Mas o relatório, relata Werthein, sugere que o País tem três principais

desafios ainda na área, são eles: intensificar a P&D empresarial para estimular

a inovação e a competitividade, desenvolver e internacionalizar as melhores

universidades brasileiras e disseminar a excelência científica além dos grandes

centros urbanos do país.

Entre as barreiras apontadas para o Brasil vencer esses desafios, estão

a dificuldade de acesso ao capital, devido às altas taxas de juros; problemas de

logística, pelo obstáculo às exportações; e a necessidade de se melhorar

significativamente a qualidade da educação, com impacto na formação de

pessoal qualificado para o mercado de trabalho.

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Werthein fala dos resultados preocupantes no Pisa (Ver sub-Capítulo

Cultura Científica). Para ele, um problema, já que a própria classe docente se

origina de um sistema educacional deficitário, e que encontra um panorama

diferente de C&T no País e no mundo. E sugere que seja estimulada a carreira

para a formação de professores de ciências.

3.4 CONSTITUIÇÃO CIDADÃ E CIÊNCIA

A Constituição Brasileira, de 1988, chamada Constituição Cidadã, tem

artigos específicos para Saúde e as políticas de Ciência e Tecnologia. No título

II, dos Direitos e Garantias Fundamentais, no capítulo II, dos Direitos Sociais,

fica assegurado o direito à Saúde (2002, p. 20):

“Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o

lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância,

a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”

Assim como, no título VIII, da Ordem Social, no capítulo II, da

Seguridade Social, em seção II, há artigos e incisos específicos para a Saúde

(p. 119 e 120):

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,

garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.

Já no título VIII, da Ordem Social, no capítulo IV, fala da Ciência e

Tecnologia (p. 127):

Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o

desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológica.

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59

§1º A pesquisa básica receberá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso das ciências. §2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional. §3º O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas de ciência, pesquisa e tecnologia e concederá aos que delas se ocupem meios e condições de trabalho. §4º A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao país, formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho. §5º É facultado aos estados e ao Distrito Federal vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica.

3.5 O QUE O BRASILEIRO PENSA DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA?

A última pesquisa sobre a Percepção Pública da Ciência e Tecnologia

no Brasil, de 2010, do então Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), revela

muita coisa importante sobre o tema dos nossos objetos de estudo neste

trabalho - a importância de Saúde para o povo brasileiro, em geral, já que é o

mais visto dentro dos assuntos de C&T.

A pesquisa, promovida pelo MCT com a colaboração de profissionais

de diversas instituições, como a UNESCO, o Labjor da Unicamp, entre outras,

e foi coordenada pelo Departamento de Popularização e Difusão da C&T e pelo

Museu da Vida, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). O responsável geral foi

o físico Ildeu de Castro Moreira. A execução foi da CP2 – Consultoria,

Pesquisa e Planejamento Ltda.

Segundo Moreira (2011), o objetivo principal foi levantar o interesse,

grau de informação, atitudes, visões e conhecimento que os brasileiros têm de

C&T. O público-alvo foi a população brasileira adulta, homens e mulheres, com

idade igual ou superior a 16 anos.

O questionário foi estruturado com questões abertas e fechados, e

aplicado de 23 de junho a 6 de julho de 2010. Na amostra, foram realizadas

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60

2016 entrevistas estratificadas quanto a sexo, idade, escolaridade, renda e

região de moradia. O que, de acordo com o responsável geral (2011), garante

uma margem de erro máxima de 2,18%, com um intervalo de confiança de

95%.

Dos entrevistados, 52,1% eram do sexo feminino e 47,9%, do

masculino. Da porcentagem por idade: 4,3% tinha de 16 ou 17 anos, 17% tinha

de 18 a 24 anos, 25% tinha de 25 a 34 anos, 19,8% tinha de 35 a 44 anos,

15,6% tinha de 45 a 54 anos e 18,3% tinha 55 anos ou mais.

Sobre o grau de escolaridade dos participantes, 18,5% era analfabeto

(ensino fundamental I, do 1º ao 5º ano, incompleto), 20,8% tinha o ensino

fundamental I completo ou o ensino fundamental II, do 6º ao 9º ano,

incompleto. Ou, ainda, 19,8% tinha ensino fundamental II completo ou ensino

médio incompleto, 30,7% tinha ensino médio completo ou superior incompleto

e 10,3% o superior completo.

Com a renda, os entrevistados ficaram assim caracterizados: 18,7%

tinha até 1 salário mínimo (SM) – sendo que 1 SM equivalia, na época, até R$

510 mensais; 31, 5% tinha mais de 1 SM a 2 SM; 33,7% de 2 a 5 SM; 13% de

5 a 10 SM; 2,8% de 10 a 20 SM e 0,3% tinha uma renda superior a 20 SM.

3.5.1 Avaliação do Interesse e Consumo de Informação em C&T

Dos temas de interesses dos entrevistados, havia as opções de

resposta Muito interesse, Interessado, Pouco interessado e Não tem interesse.

Somando-se os muito interessados e os interessados pelos temas sugeridos

(Política, Medicina e Saúde, Arte e Cultura, Meio Ambiente, Ciência e

Tecnologia, Esportes, Moda, Economia e Religião), 81% se disseram muito

interessados ou interessados em temas de Medicina e Saúde, que ficou atrás

apenas de Meio Ambiente (83%), o que, na opinião do físico Ildeu Moreira

(2011) revela o crescente entendimento do brasileiro por Meio Ambiente

também. E apareceu a frente, ainda, de Esportes, com 62%, Ciência e

Tecnologia, com 65%, e Religião, com 74%. Política teve índices altos de

desinteresse, somando-se as repostas Pouco Interesse e Não tem interesse, o

tema obteve 71% de reprovação dos brasileiros, ficando mais perto de Moda,

com 56%.

Page 61: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

61

Ciências da Saúde, dentro dos assuntos de Ciência e Tecnologia, foi o

mais marcado, com 30,3%, a frente de Informática e computação, com 22,6%,

e Agricultura, com 11,2%. Entre os sugeridos para os participantes: Ciências da

Saúde, Informática e computação, Agricultura, Engenharias, Ciências

biológicas, Ciências físicas e químicas, Matemática, Ciências da terra, Ciências

sociais, História, Astronomia e espaço, Outros e Não sei ou não respondeu.

Uma pergunta importante foi sobre as razões da falta de interesse em

C&T. E as respostas foram Não entende (36,7%), Nunca pensou sobre isso

(19,5%), Não tem tempo (17,8%), Não gosta (10,4%), Não liga (9,7%), Não

precisa saber sobre isso (3,6%), Não sei ou não respondeu e Outros

empatados, com 1,1%. Mostrando a importância do divulgador no

entendimento da população brasileira de temas da área.

Sobre os temas sobre os quais mais se informam, os brasileiros

entrevistados puderam responder Muito, Mais ou menos, Pouco, Nada ou Não

sei/ Não respondeu. E os resultados foram que, somando Muito e Mais ou

menos, Medicina e Saúde obteve 76%, atrás de Meio Ambiente, com 78%.

Importante destacar também resultados obtidos por Religião (73%), Esportes

(61%), Ciência e Tecnologia (59%) e, o desinteresse por Política, que ficou

com 62% de pouco ou nenhum interesse para informação.

A visitação a espaços científico-culturais e a participação a eventos

científicos, como a SBPC, puderam ser respondidas com Sim ou Não, e as

Bibliotecas foram os lugares respondidos com maior índice de visitação –

28,7%, com Jardim Zoológico e Parque Botânico ou ambiental tecnicamente

empatados, em segundo lugar, com 21,9% e 21,8%, respectivamente.

Mesmo assim, em relação à pesquisa de Percepção de C&T de 2006,

os índices cresceram. Já que as Bibliotecas, por exemplo, que ficaram em

primeiro lugar nas repostas da pesquisa de 2010, em 2006, tiveram uma

porcentagem de 25% e os Museus de Arte e as Feiras de Ciência e Olimpíadas

de Ciência tiveram um crescimento de até 3% na visitação.

Os brasileiros entrevistados puderam responder também sobre quais

meios usam para buscar informações, tendo como opções de marcação Com

muita frequência, Com pouco frequência ou Nunca. Programas de TV que

tratam de C&T ficaram com 71%, somando-se Com muita frequência e Com

pouca frequência e com 19% de Com muita frequência. No rádio, 21%

Page 62: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

62

somando-se as duas primeiras opções, em jornais, 51%, revistas com 41%, na

internet com 34% e em conversas com amigos 46%, todos, aqui, somando-se

as duas primeiras opções.

Se comparados aos dados de 2006, a opção Com muita frequência,

sobre a busca de informações na área, cresceram para TV, jornais, revistas,

internet e se mantiveram estáveis para rádio e conversa com amigos.

Uma pergunta bastante interessante foi “Você acha que os meios de

comunicação (TV, jornais/revistas) noticiam de maneira satisfatória as novas

descobertas científicas e tecnológicas?”, porque mostra a confiança dos

brasileiros nos meios em que busca informação. As respostas podiam ser Sim,

Não, Parcialmente e Não sei ou Não respondeu.

A TV ficou com 52,1% de Sim, 20,8% de Não, 16,9% de Parcialmente e

10,2% de Não sei ou Não respondeu. Enquanto que Jornais e revistas ficaram

com 46,3% de Sim, 20,3% de Não, 16,6% de Parcialmente e 16,9% de Não sei

ou Não respondeu, evidenciando que os brasileiros confiam mais nas

informações de C&T vistas na TV.

Um desdobramento dessa pergunta foi os motivos da satisfação, sendo

que as subperguntas foram se o número de matérias era suficiente, se são de

boa qualidade, se são entendíveis, se a cobertura é isenta e equilibrada e se

são discutidos os riscos e problemas que a aplicação da C&T pode causar.

As respostas mais interessantes foram TV ainda tem poucas matérias

do tema, apesar disso, as que são veiculadas têm, em sua maioria, boa

qualidade, são fáceis de entender, têm cobertura isenta e equilibrada e

discutem os riscos e problemas da aplicação de C&T no cotidiano das pessoas.

Enquanto que os jornais e revistas, na opinião dos entrevistados, não

noticiam muitas matérias com essa temática, na maior porcentagem de

respostas, porém produzem matérias de boa qualidade, entendíveis, com

cobertura isenta e equilibrada e com discussão dos riscos e problemas que a

aplicação da C&T podem originar. Ambos os resultados mostrando como os

brasileiros acreditam serem poucas as reportagens de C&T.

Page 63: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

63

3.5.2 Atitudes e Visões sobre C&T

Nessa parte da pesquisa, é importante observar a confiança do

brasileiro por dois profissionais, em destaque: o médico e o jornalista, mais

uma importante justificativa para o desenvolvimento deste trabalho.

Quando perguntados sobre quando vai ter informações sobre algum

assunto importante para si próprio e para a sociedade, quem inspira maior

confiança como fonte de informação, os entrevistados responderam, em

primeiro lugar os médicos, com 30,5%, e os jornalistas, com 27,4%. Sendo que

era possível citar duas opções, ainda assim, as respostas para o segundo e o

terceiro lugar foram os mesmos profissionais.

Em terceiro lugar na lista de porcentagens, aparecem os religiosos, com

13,2%, os cientistas de universidades ou institutos públicos de pesquisa, com

10,8%, em quarto, os representantes de organizações de defesa do meio

ambiente, em quinto, com 6,6%, os cientistas que trabalham para empresas,

com 3,2%, em sexto. Além de que os políticos ficaram na última colocação,

com apenas 0,6% na procura.

Na contramão, em segundo pergunta, sobre quem inspira menor

confiança, os políticos ficam disparados na primeira colocação, com 73,6%,

religiosos em segundo com 5,6%, militares com 4,4%, jornalistas com 4,1%,

médicos, em sexto, com 2,3%, e, por último, representantes de organizações

de defesa do meio ambiente, com apenas 0,8%.

Quando perguntados se a C&T trazem mais benefícios ou malefícios

para a humanidade, 42,3% responderam que trazem mais benefícios que

malefícios, 38,9% só benefícios, 14% tanto benefícios quanto malefícios, 2,5%

mais malefícios que benefícios, 0,7% só malefícios e não souberam ou não

responderam 1,6%.

Comparando com as pesquisas de percepção pública de 2006 e 1987,

a pesquisa de 2010 apontou que a confiança do brasileiro em C&T aumentou

bastante, saltando de 11% para 28%, de 1987 a 2006, e para 38,9% em 2010.

Também diminuíram as respostas de descrédito. Em relação a outros países,

81% dos brasileiros acreditam que C&T trazem mais benefícios que malefícios,

enquanto que, na Europa, 52% da população consideram que a Ciência traz

mais benefícios que malefícios, na Argentina, 64% pensam que a Tecnologia

Page 64: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

64

traz mais benefícios que malefícios, e, na China, o índice de aprovação é de

72%.

Quando perguntados sobre os motivos dos benefícios, 26,1% disseram

que é porque traz saúde e proteção contra doenças, 19,1% que é porque

melhora a qualidade de vida, 9,6% porque aumenta o grau de conhecimento e

a ajuda na evolução do saber, 8% porque ajuda na melhoria nos meios de

comunicação, 6,7% não souberam responder ou não respondeu, 6% porque

acreditam que traz a melhoria educacional. Além de que 5,2% pensam que traz

conforto e comodidade, 4,5% que trazem segurança e proteção e 4,1% que

colaboram para a maior produção e melhora na qualidade dos alimentos.

Já em relação aos malefícios, os entrevistados responderam que C&T

pode trazer malefícios para o meio ambiente (26,9%), não sabe ou não

quiseram responder (22,1%), redução de emprego (12,9%), surgimento de

novas doenças (12,6%), na produção de alimentos menos saudáveis (12,2%),

outras respostas (0,7%) e no aumento do aquecimento global (0,3%).

Sobre o comportamento em relação às informações disponíveis, os

brasileiros puderam responder que Com muita frequência, Com pouca

frequência ou Nunca buscam informações em bulas de remédio, embalagens

de alimentos, especificações técnicas dos eletrodomésticos ou dos manuais de

aparelhos, orientações médicas ao fazer um tratamento ou dieta, informações

quando ocorrem epidemias, como dengue, gripe, entre outras.

E as respostas foram surpreendentes para informações sobre

epidemias, com a busca com muita frequência de 89%, e 73% para orientações

médicas, quando da precisão de tratamento e dieta.

Outra pergunta importante foi sobre a concordância ou não sobre

alguns assuntos. Com opções de responder Concordo totalmente, Concordo

em parte, Discordo em parte, Discordo totalmente ou Não sei ou não

respondeu, 91% dos brasileiros entrevistados disseram confiar totalmente ou

em partes que a ciência vai ajudar na cura de doenças como a AIDS, o câncer

etc.

Também 71% pensam que os políticos deveriam confiar totalmente ou

em partes com os cientistas, 74% pensa que, por causa do conhecimento, os

cientistas têm poderes que os tornam perigosos, 81% acreditam que a maioria

das pessoas é capaz de entender o conhecimento científico se ele for bem

Page 65: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

65

explicado, 51% discordam totalmente que a pesquisa científica não é essencial

para o desenvolvimento da indústria, 87% afirma que é necessário que os

cientistas exponham publicamente os riscos decorrentes dos desenvolvimentos

científicos e tecnológicos.

Além disso, 40% discordam totalmente que, se uma nova tecnologia

oferece benefícios, ele deva ser usada mesmo que suas consequências não

sejam bem conhecidas, 86% pensa, total ou parcialmente, que as aplicações

tecnológicas de grande impacto podem gerar catástrofes no meio ambiente,

89% afirma, total ou parcialmente, que a população deve ser ouvida nas

grandes decisões sobre os rumos da C&T e 80%, total ou parcialmente, que

uma descoberta científica em si não é nem boa nem má, pois o que importa é a

forma como é usada.

Destaca-se a resposta sobre o dever de as autoridades obrigarem

legalmente os cientistas a seguirem padrões éticos (86% afirmam concordar

total ou parcialmente).

Quando perguntados da percepção sobre os cientistas, os

entrevistados responderam que são pessoas inteligentes que fazem coisas

úteis a humanidade (38,5%), pessoas comuns com treinamento especial

(12,5%), pessoas que trabalham muito sem querer ficar ricas (11,1%), pessoas

que se interessam por temas distantes da realidade da população (9,9%). Além

dessas opiniões, pessoas que servem a interesses econômicos e produzem

conhecimento em áreas nem sempre desejáveis (9,3%), pessoas excêntricas

de fala complicada (7,3%), pessoas que formam discípulos na sua atividade de

pesquisa (7%) e 4,4% não souberam responder ou não opinou.

Sobre as motivações dos cientistas, os brasileiros acreditam que, em

primeiro lugar está ajudar a humanidade (51,1%), contribuir para o avanço do

conhecimento (18,3%), contribuir para o avanço científico tecnológico do país

(5,6%), entre outras respostas.

Dos principais atores que definem os rumos da ciência, as respostas

foram a demanda do mercado econômico (16,8%), as grandes empresas

multinacionais (9,1%), as escolhas dos cientistas (7,5%), os governos dos

países ricos (9,7%), os organismos internacionais (2,2%), o funcionamento

interno da ciência (4%), não soube responder ou não respondeu (9,9%) e,

disparado na frente as necessidades tecnológicas, com 40,8%.

Page 66: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

66

3.5.3 Avaliação e Conhecimento sobre Ciência e Tecnologia no Brasil

Nessa parte, os brasileiros puderam dar suas opiniões sobre o patamar

em que o País se encontra em relação à C&T, mostrando muitas informações

relevantes para análise, como o conhecimento do brasileiro por cientistas e

profissionais de Ciência do próprio País.

Segundo 49,7% dos entrevistados, o Brasil ainda está numa posição

intermediária no campo das pesquisas em C&T, enquanto que para 26,7%

atrasado, para 19,7% adiantado e 3,9%, não souberam responder ou não

respondeu.

No desdobramento, perguntados sobre as razões para não haver um

desenvolvimento maior em C&T no País, os brasileiros responderam que por

falta de recursos (33,4%), laboratórios mal-equipados (19,6%), número de

cientistas, pesquisadores e inventores pequeno (16,3%), nível educacional da

população é baixo (6,8%), os cientistas não têm informação (6,1%), a

sociedade não se importa com o desenvolvimento científico (5,5%), não sabe

ou não respondeu (4,4%), o País depende de tecnologia estrangeira (4,2%),

ausência de cultura de inovação (2%) e as empresas privadas brasileiras

quase não fazem pesquisa (1,8%).

Sobre os posicionamentos em relação a alguns assuntos, podendo

responder Concordo plenamente, Concordo em parte, Discordo em parte,

Discordo totalmente ou não responder, os entrevistados disseram, nas

perguntas e respostas mais consideráveis, com concordâncias totais, que o

governo e as empresas estatais são os principais financiadores da pesquisa

científica e tecnológica no Brasil (43%), o desenvolvimento científico e

tecnológico levará a uma diminuição das desigualdades sociais do País (30%)

e o dinheiro usado na pesquisa científica e tecnológica deve ser destinado para

outras finalidades sociais (28%).

Além dessas, as empresas privadas brasileiras devem investir mais na

pesquisa científica e tecnológica (72%) e os governos devem aumentar os

recursos que destinam à pesquisa científica tecnológica (68%).

Quando perguntados sobre as áreas de importância para o

desenvolvimento do País, os brasileiros responderam Medicamentos e

Page 67: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

67

tecnologias médicas (32,1%), agricultura (15%), mudanças climáticas (14,8%),

entre outros.

Importante pergunta foi se conheciam algum cientista brasileiro

conhecido. Assustadoramente, 87,6% disseram que não conheciam, 12,2%

disse que conhecia (entre os nomes citados 40,3% Oswaldo Cruz, 29% Carlos

Chagas, 3,8% Vital Brasil, 1,4% Cesar Lattes, entre outros) e 0,1% não

respondeu. O conhecimento de algum cientista brasileiro fica maior conforme

sobem a classe socioeconômica, a renda familiar e o grau de instrução.

Sobre instituições que se dedicam a fazer pesquisa científica no País,

81,9% desconhecem alguma, 17,9% conhecem e 0,2% não responderam.

Entre as citadas pelos que sabem de pelo menos uma, 23,5% falou do Butantã,

12,1% do Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz, 8,8% da Petrobrás, 6,9% da

Universidade de São Paulo (USP), entre outras.

3.5.4 Conclusões Gerais da Pesquisa do MCT

Para o coordenador geral da pesquisa, Moreira (2011), o interesse

sobre C&T dos brasileiros é relativamente grande e crescente, com destaque

para o meio ambiente. Apesar de haver um consumo pequeno de C&T nos

diversos meios de comunicação, na internet cresce a cada dia. A avaliação da

qualidade da cobertura da mídia, para os brasileiros entrevistados, é positiva.

Além do que, a visitação a museus e a participação em eventos

científicos é baixa, mas com crescimento significativo, também devido à

exclusão social. Os cientistas do Brasil têm grande credibilidade, e também os

médicos e jornalistas, e, apesar de os cientistas terem motivações “nobres”, na

concepção de Moreira (2011), ainda têm limitações éticas. Para ele, é

importante observar o estágio intermediário em que o País se encontra, na

visão dos brasileiros, em C&T, e em dois fatores críticos para o

desenvolvimento de C&T no País: recursos e educação. Para Moreira (2011), a

ciência não é neutra, pois, normalmente, envolve política, daí a importância da

participação popular nas decisões de C&T.

A partir daqui, vista a técnica do Jornalismo e a prática da Divulgação

Científica, estudar-se-á o método pelo qual fizemos a análise das matérias

Page 68: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

68

sobre Saúde nos textos de jornalismo impresso, dos jornais A Tribuna e

Expresso Popular, vamos adentrar na Pragmática.

Page 69: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

69

4 - PRAGMÁTICA: UMA ANÁLISE DA REPORTAGEM ANTES E APÓS A SUA PRODUÇÃO

A Pragmática foi utilizada neste trabalho como método de análise dos

textos de saúde, nos jornais A Tribuna de Santos e Expresso Popular. Ela deu

a diretriz para que verificássemos, por exemplo, se o jornalista cumpriu a pauta

ou desviou o caminho, escreveu corretamente as informações que coletou das

fontes, se, no caso da Saúde, soube transmitir as informações corretas e não

se perdeu em meio aos jargões da medicina e das áreas afins, bem como se

tudo o que escreveu pode ser considerado verídico, não usando, por exemplo,

de má-fé.

A Pragmática trabalha com a verdade, portanto, é baseada no

pressuposto de que o Jornalismo precisa estar o máximo possível perto dos

fatos que são reais. Embora essa verdade, comenta Marcondes (2000, p. 41),

para a Pragmática, não seja imutável e concreta. Marcondes afirma que,

segundo alguns autores, a Pragmática inviabiliza a Ciência, já que esta produz

“conhecimento definitivo”. O que não acreditamos ser verdade, uma vez que a

Ciência, tendo em vista os cientistas, não se satisfaz com teorias formuladas.

Ou, caso contrário, Einstein, de certa forma, não teria negado Newton.

Para estar perto da verdade, a Pragmática entra no campo da ética do

profissional de Jornalismo e investiga seu contexto, quando da produção das

reportagens. Chaparro (1994, p.13) afirma que a análise Pragmática é a

combinação equilibrada entre três eixos: ética, técnica e estética. E, no

Jornalismo diário, a Pragmática se reflete segundo “três inquietações”:

Como se manifestam, se escondem ou se simulam os propósitos que motivam e as intenções que controlam as mensagens jornalísticas, na imprensa diária brasileira? Que interesses estão conectados a tais propósitos e que princípios éticos inspiram as intenções ordenadoras da ação jornalística? Que influência a explicitação ou não explicitação das intenções exerce na vontade do leitor, no que se refere à decisão de ler ou não ler, aceitar ou rejeitar a mensagem?

Para Chaparro (p. 14), o caminho a ser seguido à procura das respostas

a essas perguntas é o da observação, que permita a obtenção de dados e

indícios que permitam ao profissional bem desenvolver as práticas de sua

Page 70: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

70

profissão, já que esses modos de fazer revelam os “propósitos e intenções do

fazer”.

E isso se dá pela análise dos jornais, delimitando, dissecando,

reconstituindo e rastreando reportagens. Bem como pela busca de

conhecimento teórico para entender e explicar o que foi observado e para a

sustentação da proposta final do trabalho. Aí se encontra a Pragmática em si.

A Pragmática é um dos três afluentes que, juntos, constituem a

Semiologia, ou Semiótica, corrente de pensamento europeia. Na composição

final desse rio, estão, ainda, a Sintática e a Semântica. Maigret (2010, p. 165 e

166) afirma que a Pragmática surge para levar em conta os atores da

Comunicação, na tentativa de resultar em uma Ciência geral da Comunicação,

como uma atividade de diálogo entre esses atores e não somente de

transmissão. Chaparro (1994, p.14) define a Pragmática como:

O ramo da ciência que se dedica à ‘analise das funções dos enunciados linguísticos e de suas características nos processos sociais’, na síntese de van Djik, ou ‘o fenômeno das relações dos elementos discursivos com os usuários, produtor e interpretador do enunciado’, na explicação de Lamiquiz – importando dizer que, para qualquer das propriedades pragmáticas dependem das experiências anteriores de emissor e receptor, e de suas circunstâncias atuais.

Para Chaparro (1994, p.14), o Jornalismo tem, na Pragmática, o canal

que o conecta com o saber e a erudição da linguística, e que, ao lado da

Sociologia, pode ser considerada a Ciência-mãe da Comunicação, haja vista o

Jornalismo ser uma vertente da Comunicação. E, ainda, busca uma luz nessas

raízes, colaborando para “dar a consistência científica ao entendimento e ao

desenvolvimento do jornalismo enquanto narração da atualidade para alimentar

processos sociais”. (p.14)

Chaparro (1994, p. 14) diz também que o Jornalismo, enquanto parte do

processo de Comunicação, situa-se no campo da Pragmática. E é na

Pragmática que encontra fundamentos teóricos imprescindíveis, para ser

“pensado, realizado, compreendido e aperfeiçoado”, na prática. Já segundo

Maigret (2010, p. 179), a Pragmática estuda as relações entre a linguagem e

seus usuários, os discursos e seus contextos, sendo pensada como o além do

estudo da Sintaxe e da Semântica, mas, ainda assim, fazendo parte do

Page 71: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

71

contexto da Semiologia, sendo importante entender a Semiologia para

entender a Pragmática.

De acordo com Maigret (2010, p. 165 e 166), até 1960, a Semiótica se

preocupou apenas com o estudo da linguagem, o que muda a partir dessa

data, com a volta do estudo da ideologia na mensagem. Devido à dificuldade

encontrada no estudo dessas duas vertentes, a Pragmática surge para levar

em conta não só apenas a mensagem e a ideologia de quem a produz, mas

também os receptores e os contextos sociais de todos esses lados da

Comunicação.

Maigret (2010, p. 168) explica que a linguística de Ferdinand de

Saussure, formulada início século XX, é “ponto partida para rica tradição de

pesquisa sobre o funcionamento da linguagem verbal”. A linguística se orienta

pela teoria do signo. Essa teoria diz que o signo é constituído pelo conjunto

significante (palavra ou frase em si) e o significado, ou sema, que é o significa

real do significante. Por exemplo, verde-amarelo pode ser apenas a

composição de duas palavras representando duas cores – significante, mas

também podem representar um país, o Brasil – significado.

Então, Jakobson, continua analisando Maigret (2010, p. 168-169), cria

um modelo de Comunicação baseado nos termos linguísticos apresentados por

Saussure.

Ele alarga o alcance de inicio puramente cognitivo para elementos tradicionalmente excluídos, tais como a emoção ou a poesia. A comunicação necessita de outros elementos além de um emissor, uma mensagem e um destinatário: o estabelecimento de um contato entre os homens, a presença de um código comum (o da língua), a consideração de um contexto.

O modelo proposto por Jakobson (In. MAIGRET 2010, p. 169) pondera

um emissor, uma mensagem que ele cria, dentro de um contexto, com um

código específico e com a suposição de um suporte que ligue todos esses

elementos a um receptor. Mesmo assim, as críticas surgem, no sentido de

questionar por que não há mais elementos representando todas as formas de

interações sociais. As críticas vêm de todos os lados, até o expoente da

Antropologia no mundo, Claude Lévi-Strauss sugere uma versão, segundo ele,

Page 72: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

72

mais ampla da Comunicação. Nesse contexto tumultuado, a Pragmática toma

forma.

Etimologicamente, o termo Pragmática vem do grego pragmatikós, e se

refere aos atos que devem ser feitos, a prática. Como Ciência, deriva do

pragmatismo, doutrina filosófica criada por Charles Sanders Peirce (1839-1914)

também considerado o pai da Semiologia ou Semiótica (1994, p. 14). Peirce

(2010, p. 179) utiliza o termo no início do século XX.

Feita Ciência, a Pragmática se desenvolveu a partir da década de 60, e

ganhou características interdisciplinares, mesmo porque foi estimulado seu uso

em áreas como Psicologia, Sociologia, Antropologia e Linguística, as quais

aderiram ao método pragmático para analisar os fenômenos da Comunicação

humana, pelas diferentes perspectivas analisadas.

No meio das abordagens disciplinares no estudo da linguagem,

encontram-se as classificações vindas da linguística, as quais estabelecem

uma divisão de áreas de estudo nos três afluentes, citados acima: a Sintática

(relações entre os signos), a Semântica (relações entre signos, seus objetos,

materiais e abstratos) e a Pragmática (relações entre signos e seus usuários).

Chaparro (1994, p. 18) comenta que, só a partir dos anos 60, a

Pragmática “foi incorporada ao ferramental teórico da gramática linguística,

como componente da descrição dos contextos, relacionada com o ato social

cumprido, ao se utilizar determinada asserção em uma situação específica”.

A conexão teórica entre Jornalismo e Pragmática se traduz no fato de

que a utilização da língua não se reduz a produzir um enunciado, senão que

esse enunciado seja a execução de uma ação social. Aí se encontra a

definição da Pragmática moderna (1994, p. 18) Partindo desse principio,

escreve van Djik (In. CHAPARRO 1994, p. 18):

Assim como na semântica, as orações (ou os textos) podem ser ‘verdadeiras’ ou ‘falsas’, também na Pragmática os atos de fala podem ‘ter êxito’ ou ‘fracassar’ em um contexto concreto. A Pragmática se ocupa, entre outras coisas, da formulação de tais condições para o êxito dos atos de fala (...) estas considerações estão relacionadas com os conhecimentos, os desejos e as obrigações dos falantes.

Page 73: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

73

A teoria consiste na junção entre ação e sucesso, explica Chaparro.

Para van Dijk (In. CHAPARRO 1994, p. 18), o sucesso é a modificação,

quando o estado inicial passa para outros estados (o que pode acontecer

infinitamente), que permitem que objetos sejam agregados ou retirados, ou até

mesmo se relacionem entre si de outra forma, diferente da inicial. Já o tempo

entre um estado e outro é chamado de processo. (p. 18 e 19).

Chaparro traz a lume a ideia de que a mudança dessa teoria da ação

para o Jornalismo leva à afirmação de que o “acontecimento (do qual o relato

informativo faz parte) é uma forma de processo, com capacidade maior ou

menor de desorganização e reorganização social”. A intervenção do relato

jornalístico em acontecimentos complexos pode assumir dimensão de sucesso

dentro do processo e até ocasionar outros processos. Como exemplo ele cita o

estado do nosso corpo (1994, p. 19):

Movemos os braços, as mãos e a boca para comer, por exemplo. Na maioria dos casos, as modificações externas são visíveis e controláveis, isto é, podemos dominar seu começo, sua continuidade e seu término – e isso, na definição com que van Dijk trabalha, é fazer. No fazer se incluem aquelas modificações do corpo que, mesmo acontecidas inconscientemente – um piscar de olhos, ou o movimento involuntário dos dedos dos pés, por exemplo – são controláveis.

O fazer, portanto, concluindo o raciocínio de van Dijk (In. CHAPARRO

1994, p.19), empregado à prática do Jornalismo, está ligado à cognição e ao

contexto do profissional de Comunicação, que realiza a ação controladamente.

Tem ele, então um propósito ou intenção em fazer a ação.

Em busca da etimologia das palavras intenção e propósito, vemos que

são coisas diferentes. Propósito é do latim, propositus (pro + positus =

colocado para frente), e é a visualização ideal ou imaginativa de um plano ou o

fim de uma ação.

Enquanto que intenção tem a mesma origem, mas vem da palavra

intentio, que, por sua vez, vem do grego in e tendo, tendo o valor de

desenvolver-se ou dirigir-se para algo, sendo largamente usado, este último, na

Filosofia. Intenção e fazer resultam em ação, que tem como objetivo o

propósito. Por exemplo,

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74

A ação de ligar a ignição de um carro se realiza para iniciar uma viagem (propósito), direcionada aos resultados. Propósito pode gerar intenção, mas o inverso não ocorre, porque intenção é o elemento de consciência que controla o fazer. Esgota-se na ação, enquanto o propósito procura os efeitos.

Não se pode esquecer de ética e moral, quando se fala em Pragmática,

pois as “ações têm razões, significados e características sociais”. Em

Comunicação Social, a intenção e o fazer originam a ação, mas é a primeira

que controla a ação propriamente dita, impondo-a um caráter moral, o qual está

ligado à ética (ética e moral têm a ver com costume. Porém Aristóteles

considerou a ética a Ciência da moral. A ética muda, enquanto a moral, não

muda. Por exemplo, matar não é moral em qualquer parte do mundo. Mas é

ético, de acordo com a religião islã, que defende o morrer pela fé.).

Para Marques de Melo (In. CHAPARRO 1994, p. 21 e 22), informação

de atualidade é Jornalismo, e tem como objetivo a difusão de fatos, através de

informação e interpretação dos acontecimentos que são notícia5, atendo-se ao

real. De acordo com Kinkaid Jr. (In. CHAPARRO 1994, P. 21 E 22), bordando a

última vertente da Pragmática, a estética, a ética e o valor moral dão o aval

para que as técnicas do fazer sejam administradas de forma criativa e se

tornem agradáveis. Resumidamente, Jornalismo, então, seria:

O processo social de ações conscientes, controladas ou controláveis – portanto, fazeres combinados com intenções; ações conscientes, controláveis e intencionadas, sendo cada jornalista responsável moral pelos seus fazeres; se uma intenção se refere unicamente à execução de um fazer, então as intenções dos fazeres jornalísticos estão necessariamente vinculadas aos motivos éticos próprios do jornalismo.

O Jornalismo garante o direito à informação, e o profissional da área,

para fazer isso, através de sua profissão, deve estar de acordo com um

“princípio ético universal” e assumir a responsabilidade consciente pela prática.

5 É um fato ou uma ideia precisos que interessam a um amplo número de leitores. Entre duas notícias, a

melhor é a que interessa a um número maior de pessoas. (Lyle Spencer, 1917). Além do critério de

abrangência, segundo Warren, ainda podemos ter como critérios de notícia: atualidade, proximidade,

proeminência, curiosidade, conflito, suspense, emoção e conseqüências e outras, que podem surgir de

acordo com circunstancias temporais, culturais e regionais, não previsíveis.

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75

Para analisarmos os textos de Saúde, segundo a Pragmática, tivemos

que decompô-los, reconstituí-los e comparar o que foi coletado com o que foi

publicado. Isso acontece, se possível, presenciando reuniões de pauta,

acompanhando os repórteres e anotando para depois comparar o produto final

com o que foi coletado. Pois, como vimos, a Pragmática afirma que o que move

a atividade jornalística são a verdade e a ética.

Omissão (ausência de informação, devido a problemas como tempo),

sonegação (mesmo tendo a informação, ela não aparece na reportagem por

algum motivo) e submissão (mesmo aparecendo, a informação fica

incompreensível para o leitor, devido a problemas de espaço, critérios de

notícia etc.) são as razões que, explica Serva (2001, p. 65), formam as lacunas

de informação. Para a Pragmática, elas são importantes e não devem constar

em um texto jornalístico, quando não consta, segundo Serva, acontece a

desinformação.

4.1 EXEMPLO DE ANÁLISE PRAGMÁTICA

Chaparro (1994, 37 a 39) conta a história da socióloga uruguaia Cristina

Grela, coordenadora latino-america do movimento Católicas pelo Direito de

Decidir, como um exemplo da análise Pragmática de reportagem. Ela concedeu

uma entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, quando participou de um debate

promovido pela Secretaria Municipal de Cultura, em comemoração ao Dia

Internacional da Mulher, em 1990.

Na época, a editora de Nacional, do jornal, pautou entrevista, a qual foi

realizada dois dias antes da data comemorativa. Saiu, na página 16, como uma

matéria secundária. No alto da página, o cabeçalho dizia “Comportamento”. A

matéria principal da mesma página veio com tom irônico, com o título

“Feminismo festeja nos gabinetes”, referindo-se a perda de território dos

movimentos feministas para gabinetes oficiais.

A entrevista de Cristina, mãe de quatro filhos, tinha um título que

provocava: Católica defende aborto. Mas o que a médica e líder religiosa falou

não foi isso. Segundo Chaparro (1994, 37 a 39), que, depois da reportagem, foi

conversar com Cristina, houve declarações distorcidas declarações,

Page 76: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

76

principalmente em temas polêmicos. Além disso, algumas informações e

declarações importantes não foram usadas.

A primeira declaração polêmica e distorcida está no título. Já que nem

Cristina e nem o grupo defendia o aborto. A posição que sustentavam é da livre

escolha, a possibilidade legal do aborto, o que, segundo ela, não era obrigar a

fazer o aborto, “pois a mulher pobre sabe muito pouco de método

contraceptivos. Essas mulheres são as que morrem com o aborto clandestino.

Legalizar é oferecer às mulheres um caminho de resolução.”

A segunda está no quarto parágrafo do texto, “esses dogmas, segundo a

líder católica, criaram na mulher um sentimento de culpa, utilizado pela igreja

para manter o seu domínio”. Na realidade, Cristina falou que essas questões

não são dogmas, mas existem porque a igreja está apoiada em estruturas

hierárquicas rígidas, explica Chaparro (1994, 37 a 39). O que ela disse foi “a

proibição do aborto não é um dogma, nem se trata de questão ligada à

infalibilidade papal; é o papa opinando sobre o aborto. A partir de 1869, a igreja

decide que desde a concepção o embrião já é dotado de alma, e com este

argumento o papo opina sobre a questão”.

Então, vem uma das grandes questões, relacionada à ética, da

Pragmática: até que ponto pode-se dar significados que não têm na fala do

entrevistado? Resumidamente, Chaparro (1994, 37 a 39) chama isso de

macropragmática do Jornalismo. Com este capítulo sobre a Pragmática, em

que explicamos a maneira como fizemos a análise dos textos de Saúde dos

jornais A Tribuna e Expresso Popular, e com um conhecimento teórico do

Jornalismo, da Divulgação Científica e da importância da Divulgação de Saúde

com base na pesquisa de percepção pública da Ciência, do Ministério de

Ciência e Tecnologia, de 2010, partimos para a pesquisa de campo. A prática

da abordagem de Saúde no dia a dia desses jornais.

4.2 MACROPRAGMÁTICA DO JORNALISMO

Neste fluxograma, Chaparro (1994, p. 115) demonstra o pensamento de

van Dijk, associando os comportamentos da sociedade, com os princípios

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77

éticos e as razões morais existentes, sua intenção, com as ações sociais

atuais. E sintetiza-os em uma recepção ativa, dessa sociedade:

Macropragmática do Jornalismo – CHAPARRO (1994, p.115)

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5 - ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA: A REPORTAGEM DA REPORTAGEM

Neste capítulo, exporemos a análise Pragmática que foi feita dos jornais

A Tribuna de Santos e Expresso Popular, durante os meses de junho e julho de

2011, ou seja, mais de 15% dos meses deste ano. De início, fizemos uma

tabela mensal, onde colocamos o título da matéria ou reportagem, seu feitor,

em que página, editorial e/ou caderno foi publicada e as observações sobre o

texto em questão.

A partir daí, foi possível constatar os casos mais relevantes, que pediam

uma análise mais apurada. Textos selecionados, fomos atrás dos repórteres,

perguntar como chegaram àquele texto, da pauta, ao desenvolvimento, às

implicações, problemas até o pós-matéria. Também conversamos com os

editores e tentamos falar com as fontes. Como a Pragmática exige, fizemos,

com esses textos, a reportagem da reportagem. Dissecamos o assunto, a fim

de checar informações divulgadas e se o que as fontes disseram foi realmente

o que foi publicado.

O jornal Expresso Popular não demandou esforço, visto que o impresso,

apesar de ter uma coluna diária de Saúde, a Viva Melhor, comumente assinada

pela mesma repórter, Nathalia Costeira, é feita, normalmente, com pautas frias.

Isso significa que as reportagens são inspiradas em assuntos constantes do dia

a dia, como gripe, que não necessitam de grandes investigações, como uma

matéria quente, como a queda inesperada de um secretário municipal de

Saúde, demandaria.

Como disse o próprio editor-executivo do Expresso, Mário Evangelista

(2011), em entrevista concedida no dia 17 de agosto de 2011, as pautas de

Saúde costumam surgir por um critério de oportunidade: "Agora com a doença

do ator Reynaldo Gianecchini, por exemplo, fizemos uma matéria sobre o

linfoma [câncer no órgãos linfáticos, vasos que, entre outras funções, ajudam

na ‘limpeza’ sanguínea]".

Evangelista (2011) explicou que o impresso circula de segunda-feira a

sábado, e distribui aproximadamente 20 mil exemplares, diariamente. Para ele,

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79

que está na direção do jornal desde 2008, Saúde é um tema muito importante,

tanto que é o único, junto com matérias que utilizam jargões técnico-científicos,

que ele libera para que os repórteres enviem as matérias para as fontes

olharem se a parte técnica está escrita ou citada de maneira correta, antes da

publicação. Além disso, Evangelista disse (2011) cobrar com mais afinco,

constantemente, a apuração de reportagens da área.

E mesmo que as pautas sejam frias, para A Tribuna, devem ser

diferentes das pautas frias do Expresso. Contando que têm, ou podem ter,

dependendo da publicidade, mais espaço que teriam no Expresso Popular,

porque a publicidade pode matar boa parte do texto, na edição dele.

A editoria Comunidade em Ação é um bom exemplo de que essas

pautas frias podem funcionar muito bem num meio que requer maior

contextualização. “GAPA, amor na luta contra a AIDS” (20 de julho, página A8)

e “Contra as hepatites, Grupo Esperança” (27 de julho, página A8), ambas de

César Miranda, servem para demonstrar como uma pauta fria deve ser feita

para um jornal como A Tribuna.

Nessas reportagens de A Tribuna, de uma página de jornal formato

standard (cerca de 55 centímetros de comprimento), o repórter pode trabalhar

uma linguagem de texto mais leve, próxima ao texto de revista até, buscar

personagens e contar suas histórias de vida e utilizar de recursos como fotos

maiores. Ao passo que, no caso do Expresso, que tem formato tabloide (33 por

28 centímetros aproximadamente), os textos devem ser mais contidos, por um

critério de espaço. Ainda mais se entra uma publicidade que toma conta da

página.

Viviane Pereira (2011), editora de Local de A Tribuna, em que se inclui

o setor de Saúde, que trabalha há um ano e meio no jornal e há dois meses

como editora, em entrevista concedida em 20 de outubro, contou sobre o dia a

dia de A Tribuna, para que pudéssemos entender melhor a sub-editoria.

A editora de pauta chega às 6h30 ao jornal e dá uma olhada nos

releases e em algumas informações, para fazer a primeira pauta do jornal. Às 8

horas, os repórteres chegam e discutem essa pauta e, na sequência, começam

o trabalho de reportagem. Trabalham até às 16 horas.

Já os repórteres da tarde entram às 13 horas e têm reunião de pauta às

13h30. Segundo Pereira, se houver uma matéria complexa, o repórter da tarde

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80

dá continuidade ao trabalho começado pelo repórter da manhã. As duas

editoras-executivas (uma da manhã/tarde e outra da tarde/noite) sempre

acompanham o trabalho. Pereira entra às 14h30.

Às 16h30 tem reunião de editores, para definir algumas prioridades para

a capa da edição. A edição vai para a gráfica entre 23 horas e meia-noite.

Pereira (2011) explica o processo da reunião de editores:

Trabalhamos, conceitualmente, da capa às páginas mais leves, enfim, a composição do jornal. Temos, na editoria Local, dois subeditores, que não participam da reunião de editores, mas ficam correndo atrás, nesse tempo, do que precisa ser feito, como artes, entre outras coisas.

Os editores revisam tudo antes de mandar para a gráfica. Pereira (2011)

explica que sempre procuram explicar entre parênteses termos técnicos e até

ligam para o repórter, se não entendem algumas coisas. A preocupação é com

o leitor médio. Entretanto, sempre entendem que o leitor do Expresso pode,

ocasionalmente, também ler A Tribuna.

Pereira (2011) conta, ainda, que, em Saúde, é natural haver muita

denúncia. Para ela, Saúde é fundamental e o retorno é muito bom. Pereira

também libera, se o repórter não estiver seguro, para que a fonte dê uma

olhada nas informações técnicas.

Teve uma vez que ligaram 22h30 reclamando que o Pronto Socorro estava atrasando as consultas. Já havíamos feito matéria pela manhã. Mas seguramos a edição e fomos averiguar.

Para Pereira (2011), Saúde é fundamental, e tem um retorno muito bom

para o jornal. Por sua importância, detém um dos dois únicos setoristas do

jornal (há outro que cobre Segurança e Polícia).

O que pode acontecer e é interessante que ocorra, em nossa

concepção, é que o editor do tabloide Expresso dê oportunidade para os

repórteres desenvolverem uma reportagem em duas páginas de jornal. Como

aconteceu na reportagem “Pra comer não tem tempo ruim” (20 de julho, Geral,

p. 8), de Nathália de Alcântara, que tem continuação na página 9:

“Trabalhadores esvaziam o prato”, em que a jornalista aborda a questão dos

hábitos alimentares dos cidadãos da região.

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81

Também a reportagem sobre os 30 anos de descoberta do vírus da

AIDS (HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana), de Alcione Herzog (19 de

junho, página A6), em A Tribuna, foi bem-sucedida para o formato do jornal e o

espaço que ocupou. A repórter contextualizou a data com dados recentes e

personagens muito interessantes, que abriram suas vidas depois que foram

contaminados com o HIV de forma até a deixar uma mensagem importante ao

leitor: apesar de, hoje, poder se viver com o vírus, é infinitamente melhor viver

sem ele. Para isso, é importante se prevenir.

Já Nathália de Alcântara dá um tom ainda mais informal à reportagem

“30 anos após ser descoberta, AIDS contamina como nunca”, para o Expresso

Popular (10 de junho, Geral, p. 8. A repórter, inclusive, sugere algumas fontes

para o leitor do Expresso buscar outras informações, como filmes). E, o mais

importante, faz de maneira interessante e diferente de Alcione, de A Tribuna, o

texto para seu público do Expresso.

No caso da análise Pragmática, as matérias do Expresso Popular

serviram como diretriz, para que as matérias e reportagens de A Tribuna

fossem mais bem-analisadas. Por exemplo, há textos em A Tribuna que

parecem ter sido feitos para o Expresso Popular, os quais, nas observações da

planilha, citamos “Jeito de Expresso Popular”, já que pelo próprio tamanho do

jornal A Tribuna, a exigência de reportagens deve ser maior.

O repórter deve trabalhar mais com pautas quentes, investigações,

circular nos principais locais públicos de Saúde da região, como hospitais. E,

mesmo que as pautas sejam as mesmas para ambos os jornais, como no caso

dos 30 anos da AIDS, devem ser feitas reportagens diferentes para os públicos

de A Tribuna, classe A e B, e do Expresso Popular, classe C.

A reportagem “Acredite: botox também é para enxaqueca”, de Sandro

Thadeu, para A Tribuna (28 de junho, A6) tem a linguagem de Expresso

Popular. Apesar de o botox ainda não ser acessível à população de classe C, o

texto do jornal deve ser direcionado ao público de A Tribuna, com uma

linguagem mais trabalhada. Deve-se salientar o problema do espaço. Mas

deixou a impressão que o jornalista tenha tido que diminuir sua reportagem,

pois parte da página foi vendida para publicidade.

E, então, fazemos uma primeira grande crítica: apesar de os repórteres

de A Tribuna serem extremamente competentes, de acordo com as matérias e

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reportagens analisadas e até mesmo de conversa que tivemos com alguns

deles, precisam estar mais onde a notícia está, buscando saber o que a

população precisa, principalmente. O que, para Burkett (1990, p. 158) é

importante os jornalistas que cobrem Ciência estarem em hospitais, centros de

pesquisa, entre outros.

Diferente do exemplo dado no capítulo da Pragmática, sobre o problema

com a reportagem da Folha de S. Paulo, em que, devido, além da falta de

atenção do repórter, a pressão do jornal para vender mais, já que a

concorrência na capital paulista é grande, os repórteres de A Tribuna não

encontram tanta pressão. O jornal não tem um grande concorrente na região.

Então, não precisa apelar tanto quanto a reportagem citada por Chaparro

(1994, 37 a 39) apelou. E os repórteres podem exercer normalmente suas

funções.

Também, mesmo que o público seja classe A e B, são os repórteres de

A Tribuna que têm mais espaço e linguagem para investigar, estar em lugares

como hospitais e até cidades mais afastadas.

Um bom exemplo desse tipo de atuação é a excelente reportagem de

Marcos Mojica, no dia 22 de julho, na página A3, intitulada “Há problemas, e

muitos. Mas o P.S Central terá reparos”. Nessa reportagem, Mojica foi até o

principal pronto-socorro de Santos averiguar como está a situação do local e

constatou diversos problemas, como paredes por pintar, médicos fazendo o

atendimento em pé por falta de cadeira etc. O fotógrafo, por sua vez, registrou

em imagens. Com isso, o repórter teve suporte para cobrar o poder público,

que não teve como negar a situação.

Apesar disso, faltam repórteres que façam jus A Tribuna ser um jornal

regional, que estejam em cidades da Baixada Santista como Peruíbe para

investigar como anda a Saúde por aqueles lados. No dia 19 de junho, na

página A12, um texto não assinado, chamado “Câmara de Peruíbe cobra a

Saúde”, e, no dia 30 do mesmo mês, na página A12, o texto, também não

assinado, “Câmara de Peruíbe quer mais explicações da Saúde” mostram essa

realidade e necessidade. Apesar de terem saído duas reportagens sobre o

assunto, A Tribuna não mandou um repórter investigar a situação da Saúde

nessa cidade.

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83

Poderia haver, por exemplo, um revezamento de repórteres nas cidades

mais afastadas, ou até mesmo que frequentassem as Câmaras, onde as

discussões também acontecem, como no caso de Peruíbe, para mostrar que a

Saúde não é apenas Santos e, ocasionalmente, Guarujá, São Vicente, Cubatão

e Praia Grande.

Pereira (2011) explica que, em Local, há, aproximadamente 12

repórteres, alguns de licença. E A Tribuna mantém repórteres nas cidades de

São Vicente, Cubatão, Guarujá e Praia Grande. Apesar de haver muita coisa

para ser noticiada nessas cidades e nas cidades vizinhas, esses repórteres

poderiam se preocupar também com assuntos importantes de Saúde pública,

por exemplo, em nossa opinião. Vivenciar o dia a dia de hospitais desses

municípios já seria uma grande ação.

Faltam também reportagens que chamamos de inter-editoriais. E isso os

próprios editores podem cobrar nas reuniões de pauta e edição. Falou-se tanto,

por exemplo, na editoria de Esportes, do caso do doping de César Cielo e do

problema do jogador Adriano, do Corinthians, com o rendimento físico e seu

costume de beber bastante. Porém, não houve nenhuma reportagem que

envolvesse a editoria de Saúde, para explicar para o leitor por que o

rendimento físico diminui quando a pessoa bebe em excesso ou quais

substâncias resultam na liberação da dopamina pelo cérebro, no caso de Cielo,

e que, de repente, o leitor pode estar consumindo.

Portanto, há a necessidade de reportagens inter-editoriais, em que os

editores e repórteres conversem entre si para o desenvolvimento de textos

nesse sentido. Afinal, o jornal, apesar de ter editorias supostamente isoladas,

com a encadernação já separada, é um único jornal.

Pereira (2011) revela que o que acontece é a preocupação em sempre

regionalizar notícias dadas nas editorias de Brasil e de Mundo. Por exemplo,

sai uma nota sobre a proibição de alguns remédios para emagrecimento e,

depois, eles abrem em uma reportagem sobre aquele assunto, com fontes da

região.

Também A Tribuna possui, atualmente, oito cadernos temáticos, sendo

um deles Ciência e Tecnologia, que sai as segundas-feiras. O objetivo deste

trabalho não era analisar esse caderno, mesmo porque abrange outros

assuntos além de Saúde. Mas, se havia matérias e reportagens de Saúde

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dentro do caderno, foram analisadas. Porém, nos preocupamos em sempre

nos atentar para o caderno em questão, já que Saúde é um tema dentro da

grande área que é a Ciência e Tecnologia.

O caderno abordou Saúde em três ocasiões: 27 de junho, 4 de julho e

18 de julho. O que pudemos perceber é que, normalmente, Ciência e

Tecnologia vem com bastantes releases. No que se propõe a fazer, o caderno

faz bem: abordando um assunto, notas curtas de diversas pesquisas, levando a

Ciência e Tecnologia de maneira leve ao leitor. O lado negativo é que, quando

há diversas notas dentro de um mesmo caderno, não se abre para a feitoria de

uma reportagem. E falta tempo, mesmo levando em consideração uma

semana, para buscar as fontes de tantas notas, a fim de saber se houve

mudanças na pesquisa.

A sugestão é aproveitar o espaço do caderno – normalmente, duas

páginas, para fazer reportagens complexas sobre assuntos, como Saúde, e

outros assuntos dentro de Ciência e Tecnologia. Afinal, a região tem diversos

pesquisadores atuantes, produzindo conhecimento nos centros de pesquisa,

nas universidades, tem história, arquitetura, arqueologia e outros temas ricos a

serem explorados.

5.1 O CASO DA ALA PEDIÁTRICA DO HOSPITAL GUILHERME ÁLVARO

O principal caso que foi analisado, pragmaticamente, no jornal

Expresso Popular e, principalmente, em A Tribuna é o da reforma/fechamento

da ala pediátrica de terapia intensiva do Hospital Guilherme Álvaro, em Santos.

O caso mostra até mesmo a importância dos jornalistas que estão envolvidos

com Saúde estarem em lugares como esses.

A primeira reportagem do caso a ser divulgada saiu em A Tribuna (p.

A3) como “Existe algo ainda pior que ter filho na UTI” e no Expresso Popular (p.

8), inclusive como manchete neste, como “UTI pediátrica do Guilherme Álvaro

vai fechar”, ambas produzidas por Armanda Barbieri, e divulgadas no dia 10 de

junho dos dois jornais. O título da reportagem do Expresso mostra bem o

conteúdo das reportagens: mostrar que a UTI pediátrica ia fechar.

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Vale destacar que, tanto no Expresso quanto em A Tribuna, a

reportagem é a mesma, de Amanda Barbieri, apenas com o título diferente. O

que, ao nosso ver, não pode acontecer, já que os impressos têm públicos

diferentes que esperam linguagens próprias e não apenas títulos próprios. A

ressalva é que a reportagem de Amanda não tem maiores complicações,

termos técnicos, e questões políticas envolvidas, por exemplo, o que ameniza,

ainda que pouco, esse fato.

Para A Tribuna, o espaço, que deveria ser maior, no caso dessa

reportagem, ¾ da página são ocupados por publicidade das Casas Bahia.

Privando, assim, de uma reportagem mais completa, ainda que fosse uma

reportagem inicial sobre o assunto em questão. Fator que não anula a

responsabilidade de A Tribuna de buscar, na quantidade, mais que o Expresso.

No dia 12 de junho, A Tribuna fez um de seus dois editoriais menores

sobre o caso “UTI pediátrica do Guilherme Álvaro”. No dia 14 do mesmo mês,

“Desativação de UTI preocupa Câmara” sai sem autoria definida. Por fim, no

período de análise (junho e julho), só no dia 5 de julho, na Coluna Livre (A2), o

vereador Antônio Carlos Banha Joaquim contesta o caso, em “Saúde para

nossas crianças”. Os jornais assumiram a opinião, até desesperadas, às vezes,

dos pais das crianças que eram atendidas na UTI, deram voz ao povo.

A partir da primeira reportagem, de Amanda Barbieri, quem ficou a cargo

dos textos sobre o assunto foi Sandro Thadeu, que é o setorista de Saúde de A

Tribuna, responsável pelas pautas quentes, como as que envolvem Saúde

pública. Analisando seu trabalho e entrevistando-o, pudemos perceber que o

jornalista é bastante envolvido e comprometido, dentro dos limites de espaço e

tempo que lhe são impostos. Repórter de A Tribuna desde 2008, fez estágio no

Expresso Popular um ano e meio, até se formar, em 2006.

Em 2009, quando o jornalista Wilson Marini foi editor-chefe de A

Tribuna, sentiu a necessidade de designar repórteres para os setores de

Educação e Saúde. No começo, a repórter Suzana Fonseca, que, atualmente,

trabalha na sucursal de Praia Grande e cobre todo o litoral sul, ficou como

setorista de Saúde. Depois, Carlos Conde assumiu como editor-chefe e Sandro

Thadeu, em 2010, passou a ocupar o lugar de Suzana, que vai para Praia

Grande.

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86

Ao assumir o setor, o primeiro grande problema enfrentado por Sandro:

a Baixada Santista começa diagnosticar inúmeros casos de pessoas

contaminadas com a dengue. Segundo Thadeu (2011), Guarujá “pagou o pato”,

porque foi a primeira que assumiu o problema de frente. Mas, depois,

verificaram que o problema era na região toda.

Thadeu ganhou tanta credibilidade como setorista de Saúde que,

quando outro repórter da editoria Local, em que Saúde se insere, fica

incumbido de cobrir algum assunto de Saúde, ainda conversa com ele, para

ouvir sugestões. Mesmo assim, os temas mais quentes ainda ficam a cargo do

setorista da área. Thadeu (2011) conta uma de suas experiências:

Às vezes, às sextas-feiras, estou produzindo alguma reportagem especial para o final de semana e não posso pegar uma pauta de Saúde que surge. Por exemplo, quando o governo do Estado de São Paulo lançou o Plano de Combate à Dengue, o jornal já havia divulgado algumas informações. Então, mandaram outra repórter para cobrir o lançamento, na capital. Ela escreveu o texto e fez uma retranca falando que o governador anunciou uma vacina, com prazo, para o tipo IV da dengue. Então, conversamos, ela, a editora e eu e eu sugeri que a matéria principal fosse a nova vacina anunciada, não o Plano. E nem os sites da internet, nem os jornais mais lidos, deram esse enfoque, foi nosso diferencial. E esse é o compromisso com o nosso leitor.

Thadeu (2011) contou que as 12 equipes em A Tribuna conversam

apenas informalmente sobre suas editorias, durante o dia. Há uma reunião, às

16h30, entre editores, para definir as prioridades da capa do jornal do dia

seguinte. Mesmo assim, os repórteres, muitas vezes, não têm acesso ao que

os outros estão produzindo, a não ser que vá buscar no sistema de informática,

que é em rede.

Para Thadeu (2011), falta uma maior conversação formal entre os

repórteres das editorias, porque, com isso, juntos, poderão ter uma visão

diferente de determinados temas:

Importante conhecer o material para melhorar a qualidade do jornal. Outro dia um defensor público me ligou sugerindo uma pauta que envolvia esporte e que, se fosse feita na minha editoria, não teria tanta atenção. Então, passei para o editor de

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Esportes e a pauta rendeu na editoria dele. Às vezes, uma pauta que não rende nada em uma editoria pode ser um caderno especial da outra.

Thadeu (2011) disse que costuma ir a Prontos-Socorros públicos e

privados, mas que encontra uma dificuldade natural para entrar no Guilherme

Álvaro, por exemplo, que é público, administrado pelo governo Estadual. O

repórter usa a estratégia que vai doar sangue para conseguir entrar. Mesmo

assim, dentro do Hospital, Thadeu (2011) contou que o complexo é muito

grande e, lá dentro, é complicado se localizar. Ele explica que é difícil pegar

alguma coisa, porque as coisas não são muito diferentes da realidade.

Também há dificuldade em fazer imagens.

O dia a dia no hospital acaba sendo normal para quem frequenta o serviço, o que não deveria acontecer. Geralmente, em casos graves, recebemos as denúncias por e-mail e telefone.

Com a Assessoria de Comunicação do Estado, Thadeu (2011) revelou

que a relação é muito ruim e pensa que o Estado é até negligente com a

informação. Em 2010, quando aconteceu a problemática da dengue na região,

Thadeu (2011) disse ter encontrado dificuldade enorme para falar com algum

porta-voz do Estado na Baixada Santista:

Estava acontecendo um grande estrago e ninguém falava nada. Até hoje acontece isso. O que se espera é o mínimo de transparência, alguém que dê a cara a tapa para justificar as situações.

No caso do Hospital, o Sindicato dos Médicos e alguns profissionais do

Hospital disseram, revelou Thadeu (2011), que o motivo para o “fechamento”

da UTI pediátrica era a falta de profissionais, devido, entre outros problemas,

ao salário baixo desses profissionais. E essas pessoas contaram temer que o

Hospital fosse administrado por uma Organização de Saúde (OS).

O Estado alegou, primeiro, que a reforma terminaria em agosto, e,

depois, prorrogou para novembro, e, por fim, até o final do ano, sem data

prevista, já que, segundo a assessoria de imprensa (2011), houve alteração no

projeto da obra. A UTI está interditada. Segundo Thadeu (2011), funcionários

informaram para o jornal que uma menina de Cananeia, de dois anos, teria

morrido em decorrência da falta de UTI.

Page 88: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

88

Depois disso, contou Thadeu (2011), a reportagem obteve informações

de que alguns médicos foram ao Conselho Regional de Medicina (CRM) e

disseram que não operariam crianças com até 20 kg e até cinco anos, para não

comprometerem a saúde dessas crianças. O que foi associado ao

fechamento/reforma da UTI. Thadeu (2011) revelou ter se comovido bastante

com o caso:

Uma das matérias que mais mexeram comigo, pela indignação. Eu ouvia os funcionários falarem e os pais reclamarem. A gente via os médicos e funcionários se esforçando e eles faziam desabafos, e isso me deixava angustiado. Às 19h30, de uma quinta-feira, ligaram, perguntando se a gente não conseguia fazer nada em relação ao caso da menina de Cananeia. E, no dia seguinte, a justificativa da Assessoria foi que de que estava tudo normal. Então, a menina morreu. No dia seguinte da morte, alguns funcionários ligaram para agradecer por termos dado voz a eles e contaram que estavam com medo de sofrer represálias, por conta dessas informações que não poderiam vazar.

Na concepção de Pereira (2011), no caso do Hospital Guilherme Álvaro,

jornalisticamente, foi feito o que era preciso, porque a notícia foi mais isenta o

possível.

Para contrabalancearmos, vamos entender como funciona a assessoria

de imprensa do Estado, principalmente a ligada à Saúde, e quem é o jornalista

responsável por atender as demandas da Baixada Santista.

Em respostas via e-mail, nos enviadas pela assessoria dia 31 de

novembro de 2011, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da

Saúde (2011) respondeu ter 10 jornalistas, um coordenador e seis estagiários.

Além disso, há assessorias externas no Hospital das Clínicas da FMUSP,

Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), Instituto Emílio Ribas,

programa estadual de DST/AIDS, Hospital de Transplantes do Estado,

Fundação para o Remédio Popular (Furp), Hospital das Clínicas de Botucatu e

Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde funciona

dentro de um órgão maior - a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado

de São Paulo, que, segundo a própria assessoria (2011), destaca seus

assessores para atender às diferentes regiões do estado.

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89

Cada assessor é responsável por duas ou mais regiões, conforme o

número de veículos de Comunicação existentes em cada uma delas e o

volume de solicitações. Atualmente, a Baixada Santista é atendida pela

jornalista Helia Araújo.

Então, a partir de uma demanda, a assessoria entra em contato com o

órgão responsável e apura as informações, que depois são repassadas aos

jornalistas por telefone ou em forma de notas oficiais, respostas a perguntas

feitas por e-mail e, quando possível, por meio de entrevistas presenciais ou por

telefone.

Em relação à qualidade da mídia regional, a assessoria do Estado

(2011) acredita que tanto a imprensa paulista quanto a nacional possuem um

papel fundamental na divulgação de informações de interesse público, de

forma crítica e responsável:

Na Baixada Santista, particularmente, temos observado um bom nível de qualidade nas reportagens veiculadas e na cobertura das ações do poder público. A cobrança de ações e políticas eficazes dos governos é uma atribuição essencial da imprensa. E os veículos da Baixada têm, cada vez mais, exercido este papel em benefício da população local.

Sobre o fato de o repórter de A Tribuna Sandro Thadeu ter comentado

sobre a dificuldade em, principalmente, conseguir entrevistas com

representantes do Estado na Baixada Santista, na área da Saúde, a assessoria

(2011) respondeu que a regra número um do órgão é não deixar ninguém sem

resposta. “Mesmo que seja para dizer, excepcionalmente, não conseguimos

esta informação”:

Em 2011, com a criação da Agência da Saúde da Baixada Santista, o médico David Uip, coordenador da Agência, foi escolhido pela assessoria como principal interlocutor da pasta na região, e, frequentemente, vem concedendo entrevistas aos jornais, rádios e emissoras de TV da região, incluindo o jornal A Tribuna. Algumas solicitações são intermediadas pela assessoria de imprensa da Secretaria, outras pela assessoria do Instituto Emílio Ribas e há pedidos atendidos diretamente pelo Dr. David Uip, especialmente nas ocasiões em que ele vai até os municípios da região para reuniões com

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90

os gestores de Saúde locais. Outros porta-vozes da pasta são acionados sempre que possível para entrevistas. Ocorre que, por vezes, em razão de compromissos agendados, como reuniões importantes, nem sempre é possível a realização de uma entrevista. Nesses casos, o papel da assessoria de imprensa é apurar e dar a resposta, seja por nota oficial, respostas a emails ou mesmo por telefone.

A assessoria do Estado (2011) disse ainda que divulga informações

importantes sobre a área da Saúde estadual, no blog

www.saudeemacao.blogspot.com e no site www.saude.sp.gov.br.

Sobre o caso da UTI pediátrica do Hospital Guilherme Álvaro, a

assessoria (2011) alega ter prestado esclarecimentos aos veículos de

Comunicação sobre o fato, todo o tempo. E disse ter questionado a matéria

“Uma cirurgia, nenhuma UTI e muita tristeza para a família”, de A Tribuna, de

14 de setembro. Segundo a assessoria (2011), a morte da criança de Cananeia

não tem relação com a “ausência temporária de leitos de UTI pediátrica no

Hospital Guilherme Álvaro”:

A paciente em questão estava internada na unidade de terapia semi-intensiva do Hospital Guilherme Álvaro, com todos os recursos necessários para o seu quadro clínico e sob cuidados de pediatras intensivistas. O jornalista que assinou esta matéria, infelizmente, não fez nenhum questionamento específico sobre este caso no e-mail que enviou à assessoria de imprensa, no dia anterior. O e-mail questionava apenas o prazo para a entrega da reforma da UTI pediátrica. No dia seguinte, ao verificar o conteúdo da reportagem, imediatamente a assessoria produziu e publicou uma nota de esclarecimento, encaminhada ao jornal, informando que de maneira nenhuma era possível ligar o óbito da paciente à ausência temporária de leitos de UTI no hospital. Até porque os pacientes pediátricos que necessitam de leitos de UTI estão sendo transferidos a outros hospitais da região, ou eventualmente para a capital e Grande São Paulo, até a conclusão da obra no Guilherme Álvaro.

De acordo com Thadeu (2011), ter um setorista em Saúde é

fundamental, pois resulta em matérias com maior qualidade e esse fator dá a

oportunidade para o aprofundamento necessário aos assuntos. Além de fugir

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91

de matérias baseadas no senso comum, o que, para Thadeu (2011),

representa um avanço para o jornal.

Saúde, retomando Schopenhauer, é o maior motivo para nossa

felicidade. Então, a cobertura jornalística da área não poderia ter menor

importância. Thadeu (2011) disse que Saúde é importante porque sentimos a

necessidade de cuidarmos da nossa própria. Já Pereira (2011) contou que se

emociona lendo reportagens da área:

Esses dias, chorei bastante com a história do menino que precisou amputar o pé. E, como leitora, também fico indignada ao pensar que, em pleno século XXI, isso ainda aconteça. E é o ser humano em nós e no nosso leitor que impulsiona para que o jornal não deixe essas coisas acontecerem. E eu me preocupo muito, enquanto jornalista, em dormir com a consciência tranquila.

5.1.1 O Jornalismo investigativo e a visita ao Hospital Guilherme Álvaro

Diante da problemática da reforma da UTI pediátrica, e tendo em vista a

metodologia de análise dessa problemática - a Pragmática, fomos ao Hospital

Guilherme Álvaro, em Santos, no dia 8 de novembro de 2011. O objetivo era

investigar o que conseguíssemos, dentro dos limites livres do Hospital. Em uma

das entradas, pela Rua Osvaldo Cruz, por onde entram pessoas e carros,

observamos quatro seguranças, e fomos direto à recepção.

Na recepção, seguimos a estratégia do repórter de A Tribuna, Sandro

Thadeu: dizer que íamos doar sangue. Tendo em vista a ética, acreditamos

que não é uma maldade, mas sim um mentir pelo bem. Os hospitais públicos,

geralmente, são de difícil acesso, e o jornalista precisa adentrar de alguma

maneira, para observar o que se passa, escutar as pessoas que esperam nas

filas etc. Isso não constitui uma prática banal do trabalho jornalístico, usada

sem critérios, e, sempre, se faz com o aval de seu editor. Se o jornalista não

consegue as informações pelas vias convencionais, pensamos que deve

recorrer, principalmente no caso de instituições públicas, a esse recurso.

No Hospital Guilherme Álvaro, eles pedem, para doadores de sangue,

apenas um documento com foto, e deixam entrar, sem maiores problemas.

Para o próprio recepcionista, dissemos que era a primeira vez que íamos doar

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92

sangue ali e pedimos explicações de como chegaríamos ao Hemonúcleo, onde

se doa sangue. E o recepcionista explicou que o Hemonúcleo ficava perto da

portaria. Seguimos até lá e perguntamos para duas profissionais de Saúde do

local como faríamos para chegar à ala da pediatria, nosso alvo.

Também não difícil, chegamos à ala, onde há, antes, uma pequena sala

de espera, com umas 40 cadeiras, ao lado, uma pequena lanchonete, e três

corredores: o primeiro liga a ala ao Pronto-Socorro, no segundo, existem

algumas salas de atendimento médico, e o terceiro, liga à maternidade e a

lugares restritos da pediatria, onde queríamos adentrar.

Logo na entrada dos lugares restritos da pediatria, há uma secretária,

que pergunta o que se deseja fazer. Se disséssemos que íamos averiguar a

reforma da UTI, provavelmente, não teríamos acesso, ela ligaria para a direção

ou para a segurança do Hospital. Se disséssemos que íamos fazer alguma

visita, sabíamos que, como qualquer hospital, iriam pedir o crachá de visitante

e o nome de quem iria receber a visita. Arriscamos a segunda opção. E ela

realmente pediu o crachá. Então, dissemos que não havíamos recebido,

porque aproveitamos que fomos doar sangue para visitar a suposta mulher de

um amigo que tinha ganhado bebê, no dia anterior.

A recepcionista, simpática, pediu que voltássemos à portaria para dizer

o nome da mulher do suposto amigo, e a resposta foi que não sabíamos.

Então, ela pediu que ligássemos para o amigo e solicitássemos o nome da

mulher dele. Falamos que íamos ligar e retornaríamos.

Cremos ser importante toda essa preocupação com a segurança dos

hospitais, principalmente, da ala pediátrica, já que sabemos haver tantas

pessoas mal-intencionadas, até ladrões de bebês, como a própria mídia noticia.

Ficamos um tempo circulando pela sala de espera, escutando algumas

conversas, a fim de saber se alguém tinha alguma conhecida internada na

maternidade. Mas, depois de algum tempo, não escutamos nada disso. E

decidimos dar uma volta ao redor da ala pediátrica, ver se havia alguma

movimentação de reforma.

E, realmente, há, já em frente à ala pediátrica, separada pelo corredor

que dá acesso ao Pronto-Socorro, um prédio antigo, que tem em volta

tapumes, pois está em reforma. Não perguntamos o que era ali, porque, a partir

da conversa com a recepcionista, ela ficou um pouco preocupada.

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93

Mas ali não parecia ser a UTI pediátrica, porque uma UTI, geralmente, é

dentro da própria pediatria, e não em prédio anexo, mesmo para facilitar a

logística médica. Também a estrutura desse prédio em reforma não

caracterizava uma UTI, parecia mais uma ala comum de atendimentos. Então,

resolvemos sair do Hospital.

Em outro momento, conversando com a enfermeira do Pronto-Socorro

do Hospital, mãe de um amigo de faculdade, que preferiu não se identificar, ela

nos revelou que a reforma está em andamento e tem como intenção também

aumentar o número de leitos. Confirmando sobre a reforma do prédio anexo

que havíamos observado, a enfermeira disse que, realmente, não é a UTI

pediátrica, mas um espaço para melhorar “o fluxo” nas dependências do

Hospital.

Tendo em vista essa visita estratégica e a conversa com a enfermeira,

solicitamos, ainda, à assessoria de imprensa da Secretária de Saúde do

Estado uma visita monitorada ao setor que passa por reforma. Mas, até o

fechamento deste trabalho, não obtivemos resposta.

Outro assunto que refletimos, quando nos vimos dentro do Hospital para

inspecionar a situação, foi a questão do Jornalismo investigativo. Ramo do

Jornalismo por intermédio do qual os profissionais da imprensa se lançam para

descobrir grandes esquemas, como os políticos, problemas diários, por

exemplo, as filas de espera para o atendimento médico e as condições

higiênicas de restaurantes e hotéis de luxo, entre infinitas possibilidades.

Mas será que os fins justificam os meios, como disse o filósofo Nicolau

Maquiavel, em sua obra O Príncipe? É o que questiona Fortes (2007, p. 53):

Até onde é permitido ao repórter dissimular atitudes, usar gravadores escondidos, microcâmeras, passar-se por outra pessoa, adotar outra identidade e, de fato, violar leis?

Na opinião de Fortes (2007, p. 53), deve-se levar em conta, em

reportagens investigativas, o princípio da honestidade de quem faz, das

circunstâncias da reportagem, da intenção da pauta e dos limites do bom senso

e da ética. Como já abordamos neste trabalho a questão da ética jornalística,

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94

vamos nos deter a formular questões e respostas para elas sobre a

investigação na profissão em questão.

Para engrossar o coro dos questionamentos, Noblat (In FORTES 2007,

p. 53 e 54) admite já ter se passado por um major da Polícia Militar, ao

telefone, para arrancar informações de um gerente de hotel e conclui:

Porque sou jornalista e porque vivemos em uma democracia estou liberado para valer-me de qualquer recurso que assegure à sociedade o direito de tudo saber? Posso roubar documentos, mentir, gravar conversas sem autorização, violar leis? Onde está escrito que disponho de tais prerrogativas? Quem me deu imunidade para rasgar códigos que regulam o comportamento das demais pessoas?

Em nossa concepção, mediante ao Código de Ética da profissão, e com

a ideia de Christofoletti (2008, p. 11), é mais importante, no Jornalismo, fazer

bem a fazer o bem. Porque, às vezes, se o profissional age com doçura, ou

seja, faça o bem, pode não conseguir exercer seu trabalho, fator que não

invalida a necessidade de o jornalista ser prudente, tolerante e ter boa-fé,

pensamos que há duas situações, no caso de investigações jornalísticas que

envolvem instituições e informações públicas: usar ou não usar de artifícios

para conseguir essas informações valiosas?

Acreditamos que essas informações podem até custar vidas, no caso da

Saúde pública. Então, cabe ao jornalista, eticamente, buscá-las. Para isso,

como demonstramos no caso do Hospital Guilherme Álvaro, não é preciso

colocar o revólver na cabeça dos seguranças. E, dentro do Hospital, em menos

de 45 minutos, pudemos observar tantas coisas.

Depois, o jornalista pode até mesmo, depois de ter ido a um hospital, por

exemplo, solicitar informações da assessoria e compará-las às informações

coletadas no hospital, para saber se a assessoria diz a verdade. Lembramos

que a mídia brasileira, em 2011, descobriu informações importantíssimas sobre

o esquema que funcionava em hospitais do interior de São Paulo, em que

médicos e outros funcionários públicos da Saúde não cumpriam os horários de

trabalho que lhes eram pagos. E isso funcionou por anos. Milhões de reais do

povo brasileiro foram dados aos profissionais, sem que eles trabalhassem.

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Então, o jornalista deve-se calar mediante essas possibilidades?

Pensamos que não. Como diz Fortes (2007, p. 70): “O jornalismo não é,

definitivamente, uma profissão para preguiçosos, muito menos para covardes”.

E lembra o caso do jornalista da Rede Globo Tim Lopes, que investigava o

crime organizado e os abusos sexuais a crianças em bailes funks, no Rio de

Janeiro, e foi morto por traficantes, em 2001.

Noblat (In FORTES 2007, p. 74) usa as palavras do escritor colombiano

Gabriel García Márquez para definir o compromisso de Tim Lopes com o

Jornalismo – “uma paixão insaciável”. Concluímos, portanto, que o profissional

do Jornalismo precisa estar nesses lugares e, frente às barreiras, deve,

eticamente, ultrapassá-las, às vezes, apenas para averiguar se há algo errado,

outras para constatar que há, realmente, algo errado e exercer seu papel

social.

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6 - CONSIDERAÇÕES

"Cada dia adquire mais força a convicção de que os jornalistas têm um

papel essencial na comunicação ao público dos avanços da ciência.” Assim, o

espanhol Manuel Calvo Hernando, um dos precursores da Divulgação

Científica na América Latina e na Espanha, define o jornalismo científico.

Então, a função dos profissionais da área é informar à população acerca dos

conhecimentos científicos que podem atingi-la em curto ou longo prazo.

Tendo em vista esse fator, acreditamos que o trabalho tem suma

relevância aos profissionais dessas áreas, inclusive a estudantes de

Comunicação e mesmo ao público que anseia por notícia mais séria sobre as

descobertas e informações sobre Saúde e suas implicações, parafraseando

Gilberto Gil. Pois, no Jornalismo Científico, mesmo por ser uma área

relativamente nova, ainda há poucos profissionais capacitados e que têm como

responsabilidade o respeito pelo público.

Este trabalho acadêmico tem quatro capítulos, fora as análises e

considerações, além de anexos. No primeiro capítulo, buscamos conclusões

teóricas e práticas sobre o que é Jornalismo, o que foi relativamente fácil,

devido à vivência que temos da profissão, pois estamos no último ano do curso

universitário e, no mercado de trabalho, desde o segundo ano.

Por isso, o capítulo sobre Jornalismo foi, em sua maioria, escrito sem

muitas referências, diferente de como foram escritos os outros capítulos. Para

nós, o Jornalismo, assim como define o título do capítulo, é a junção entre a

teoria, aprendida na universidade, por intermédio da prática jornalística

aplicada diretamente nos textos, apresentados através de critérios de notícias,

como as perguntas básicas que servem para escrever um lide (parágrafo inicial

das reportagens informativas), entre outras coisas.

E da percepção social: a observação do cotidiano e dos meios sociais

que nos cercam, enquanto cidadãos, e que cerceiam um profissional jornalista,

o que, a nosso ver, só é estimulado conforme as vivências na profissão

aumentam. Essas vivências e esse cotidiano servem para fortalecer a técnica,

nas pautas, por exemplo, que são as propostas iniciais de reportagens.

Page 97: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

97

No segundo capítulo, estudamos a história do Jornalismo Científico e

como escrever sobre temas científicos, como é a Saúde, abordada em nossa

monografia. Além de questões relativas a temas e assuntos que são

transversais à C&T, por exemplo, políticas públicas e interesse do público (de

empresas, instituições e pessoas específicas).

O trabalho, como um todo, procurou analisar a problemática que diz

respeito à dificuldade do jornalista para escrever sobre Saúde para os jornais,

ainda mais com públicos como a classe C, que exige um maior cuidado que

escrever para a classe A, por exemplo, já que o nível de entendimento desta é,

supostamente, maior que o daquela. E como o profissional constrói pontes para

vencer esse precipício que é o entendimento do público e os problemas que

pode encontrar na construção dessa ponte: Como o jornalista que cobre a área

da Saúde trabalha os jargões dos profissionais da área médica? De que forma

transforma os termos técnicos da área para a linguagem jornalística? Como ele

trabalha com os conceitos da área científica?

Erbolato (1981, p. 43) aconselha o jornalista que cobre Ciência amenizar

a aridez dos assuntos técnicos, por exemplo, adequando o jargão médico às

palavras que sejam compreensíveis ao público não iniciado na área, de

maneira a produzir o texto com clareza, sem desviar-se do assunto tratado

pelos profissionais da Saúde.

O terceiro capítulo contemplou um pouco da História da Saúde, tendo

em a vista ser tão importante para a sociedade humana, por que os avanços da

medicina são de interesse público. E como o brasileiro enxerga a Ciência.

No quarto capítulo, pudemos esclarecer o que é Pragmática, assunto

ainda mais escasso de material, e percebemos que o trabalho iria contra a

corrente, já que a maioria dos acadêmicos de Comunicação prefere estudar a

Análise de Discurso a Pragmática. Um dos poucos pesquisadores da área,

Manuel Carlos Chaparro, tem apenas um livro sobre o assunto: Pragmática do

Jornalismo, em que visita autores como van Dijk. Mas o ponto positivo do

trabalho é que se ele for bem desenvolvido, por ter poucas referências, pode se

tornar uma delas.

Levando em consideração critérios técnicos deste trabalho, o tempo de

análise, dois meses, foi importante para termos um panorama interessante,

ainda que, em nossa opinião, insuficiente, pois não pudemos, por exemplo,

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98

acompanhar mais casos, que começaram em datas dentro desse espaço de

tempo e se estenderam pelos meses seguintes. De qualquer forma, mais que

dois meses de análise daria mais trabalho, levando em consideração ser o

trabalho pragmático bastante árduo.

A Pragmática, por sua vez, demanda esforço extra, afinal, quando se faz

a reportagem da reportagem, pode haver dificuldades em dobro, ou seja, se o

repórter encontra dificuldade para entrevistar algumas fontes, como as ligadas

ao poder público, encontramos a mesma dificuldade, com o acréscimo do fato

de termos esclarecido o motivo da entrevista – a análise do trabalho

profissional e as implicações envolvidas.

Na prática, a Pragmática fica, até certo ponto, impossibilitada, afinal, os

editores, geralmente, não liberam para acompanhar as reuniões de pauta e

acompanhar o jornalista necessitaria de disposição integral de tempo, e

adequação do pesquisador segundo o tempo do jornalista. Mesmo assim, a

análise não ficou defasada, já que, além de conversarmos com os repórteres,

tivemos acesso a algumas fontes, e pudemos fazer conclusões interessantes.

As entrevistas, decidimos fazer depois da análise dos jornais, porque

somente ai teríamos condições de maiores questionamentos sobre o que já

estava pronto. Mesmo assim, gostaríamos de ter feito mais entrevistas, além

do planejado, com mais jornalistas e suas fontes, por exemplo.

Não apenas nesse caso da UTI pediátrica do Hospital Guilherme Álvaro,

a relação imprensa e assessoria de Comunicação se mostra ser complicada,

principalmente para a imprensa. De um lado, jornalistas querendo saber

informações de interesse público e, do outro, assessores com informações

privilegiadas sob controle, guardadas para não manchar a imagem de seu

assessorado.

Quando se fala em assessoria de Comunicação Pública, o problema

tende a ser maior, por que passa a fazer parte dessa relação um quesito

delicado: a Política. Apesar de a Declaração Universal dos Direitos Humanos,

em seu artigo 19, salientar que toda pessoa tem direito a receber informações,

e o Brasil, após um longo período de regime militar, continuar lutando pelo

direito ao acesso à informação pública, a imagem de políticos, seus partidos e

governos tende, ainda, a ficar em primeiro plano.

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Já estivemos, durante o curso universitário, estagiando em assessorias

e na imprensa. Portanto, acompanhamos de perto essa problemática.

Sabemos que a imprensa apenas quer, na maioria das vezes, cumprir sua

função social, enquanto que os assessores se veem num impasse: preservar a

imagem de seus assessorados ou repassar informações públicas importantes à

população. Para Caldas (In DUARTE 2002, p. 307), “não existem receitas de

bolo”:

Os manuais com abordagens teóricas e dicas de comportamento ajudam, e muito, mas não resolvem na hora “H”, em que um conflito se estabelece e é necessário administrar crises, idiossincrasias, personalismos e pressões de toda a natureza. Nesses momentos, que não são poucos, é necessário usar de bom-senso, estudar bem cada situação e adotar condutas próprias a cada uso. Obviamente, mantendo sempre a maior transparência possível e a ética indispensável.

Caldas (In DUARTE 2002, p. 312) comenta, ainda, que se pode estar,

momentaneamente, em diferentes “lados do balcão”, enquanto repórter, atrás

da informação pública, ou enquanto assessor, com a informação pública e

procurando preservar a imagem do assessorado. Mas que, no fim, deve-se

prestar atenção, pois todos têm a mesma profissão: são jornalistas.

Page 100: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

100

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científico na era do risco. São Luís: EDUFMA, 2008.

PARANÁ, Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico.

Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia. Jornalismo Científico. Curitiba,

1988.

PERDICARIS, Antonio André Magoulas. Abordagem sobre Saúde nos Textos

de Jornalismo Impresso. Sede do Instituto Santista de Oncologia, Santos (São

Paulo). 9 de novembro de 2011, quarta-feira, das 12h30 às 13h10. Entrevista

cedida a Vinícius Mauricio de Lima para o Trabalho de Conclusão de Curso de

Jornalismo Abordagem sobre Saúde nos Textos de Jornalismo Impresso.

PEREIRA, Viviane. Abordagem sobre Saúde nos Textos de Jornalismo

Impresso. Sede de A Tribuna, Santos (São Paulo). 20 de outubro de 2011,

Page 102: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

102

quinta-feira, das 17h30 às 18 horas. Entrevista cedida a Vinícius Mauricio de

Lima para o Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo Abordagem sobre

Saúde nos Textos de Jornalismo Impresso.

RABAÇA, Carlos Alberto. BARBOSA, Gustavo Guimarães. Dicionário de

Comunicação. São Paulo: Ática, 1987.

ROSSI, Clóvis. O que é Jornalismo. Coleção primeiros passos, 15. São Paulo:

Brasiliense, 2000.

SÃO PAULO, Assessoria de Imprensa do Estado de. Abordagem sobre Saúde

nos Textos de Jornalismo Impresso. Via e-mail. 31 de outubro de 2011,

segunda-feira. Perguntas feitas por Vinícius Mauricio de Lima à Assessoria de

Imprensa do Estado de São Paulo e respondidas por e-mail, para o Trabalho

de Conclusão de Curso de Jornalismo Abordagem sobre Saúde nos Textos de

Jornalismo Impresso.

SERVA, Leão. Jornalismo e Desinformação. São Paulo: Senac, 2001.

THADEU, Sandro. Abordagem sobre Saúde nos Textos de Jornalismo

Impresso. Sede do Sindicato dos Trabalhadores Urbanitários da Baixada

Santista e do Vale do Ribeira, Santos (São Paulo). 18 de outubro de 2011,

terça-feira, das 9 horas às 10h30. Entrevista cedida a Vinícius Mauricio de Lima

para o Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo Abordagem sobre

Saúde nos Textos de Jornalismo Impresso.

VIEIRA, Cássio Leite. Pequeno Manual de Divulgação Científica: dicas para

cientistas e divulgadores da Ciência. 3ª ed. Rio de Janeiro: Instituto Ciência

Hoje, 2006.

ZAMBONI, Lilian Márcia Simões. Cientistas, jornalistas e a divulgação

científica: subjetividade e heterogeneidade no discurso da divulgação científica.

Campinas, SP: Autores Associados, 2001.

SÍTIOS CONSULTADOS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPRENSA. Código de Ética dos Jornalistas

Brasileiros. Disponível em: http://www.abi.org.br/paginaindividual.asp?id=450,

Acesso em 31 de outubro de 2011, 19h07.

BUENO, Wilson. Jornalismo Científico: resgate de uma trajetória. Disponível

em http://editora.metodista.br/COM30/cap_10.pdf, Acesso em 10 de junho de

2011, 12h34.

Page 103: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

103

GLEISER, Marcelo. O 'porquê' e o 'como'. Folha de São Paulo, São Paulo,

[2008].

HERNANDO, Manuel Calvo – Periodista Científico

www.manuelcalvohernando.es

MARCONDES, Danilo. Desfazendo Mitos sobre a Pragmática. Disponível em:

http://publique.rdc.puc-rio.br/revistaalceu/media/alceu_n1_Danilo.pdf Acesso

em: 26 de outubro de 2011, 22h37.

MARQUES DE MELO, José. Trajetória Acadêmica do Jornalismo Científico no

Brasil: Iniciativas Paradigmáticas do Século XX. Disponível em

http://revcom2.portcom.intercom.org.br/index.php/anuariolusofono/article/viewFi

le/1141/889. Acesso em: 31 de agosto de 2011, 20h42.

RADIX, Projeto - www.projetoradix.com.br , 10/06/2011, 12h34

SCHOPENHAUER, Arthur. O Mundo como Vontade e Representação.

Disponível em: http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/representacao4.html,

Acesso em: 10 de junho de 2011, 12h37.

WERTHEIN, Jorge. Mudança essencial. Disponível em:

http://jorgewerthein.blogspot.com/2010/12/mudanca-essencial.html. Acesso em

31 de agosto de 2011, 19h15.

UNESCO. Declaração sobre a ciência e o uso do conhecimento científico.

Disponível em: http://www.mail-archive.com/direitos-

[email protected]/msg00060.html Acesso em: 31 de agosto de 2011.

19h45.

USP. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em:

http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Declara%C3%A7%C3%A3o-

Universal-dos-Direitos-Humanos/declaracao-universal-dos-direitos-

humanos.html Acesso em: 24 de outubro de 2011, às 17h27.

Page 104: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

104

8 - ANEXOS

8.1 CÓDIGO DE ÉTICA DOS JORNALISTAS BRASILEIROS

O Congresso Nacional dos Jornalistas Profissionais aprova o presente CÓDIGO DE ÉTICA:

O Código de Ética dos Jornalistas que fixa as normas a que deverá subordinar-se a atuação do profissional nas suas relações com a comunidade, com as fontes de informação e entre jornalistas. Do Direito à informação Art. 1° - O acesso à informação pública é um direito inerente à condição de vida em sociedade, que não pode ser impedido por nenhum tipo de interesse. Art. 2° - A divulgação da informação, precisa e correta, é dever dos meios de

divulgação pública, independente da natureza de sua propriedade. Art. 3° - A informação divulgada pelos meios de comunicação pública se pautará pela real ocorrência dos fatos e terá por finalidade o interesse social e coletivo. Art. 4° - A apresentação de informações pelas instituições públicas, privadas e particulares, cujas atividades produzam efeito na vida em sociedade, é uma obrigação social.

Art. 5° - A obstrução direta ou indireta à livre divulgação da informação e a

aplicação de censura ou autocensura são um delito contra a sociedade. Da Conduta Profissional do Jornalista

Art. 6° - O exercício da profissão de jornalista é uma atividade de natureza social e de finalidade pública, subordinado ao presente Código de Ética. Art. 7° - O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade dos fatos,

e seu trabalho se pauta pela precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação.

Art. 8° - Sempre que considerar correto e necessário, o jornalista resguardará

a origem e a identidade de suas fontes de informação.

Art. 9° - É dever do jornalista:

- Divulgar todos os fatos que sejam de interesse público;

- Lutar pela liberdade de pensamento e expressão;

Page 105: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

105

- Defender o livre exercício da profissão;

- Valorizar, honrar e dignificar a profissão;

- Opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos do Homem;

- Combater e denunciar todas as formas de corrupção, em especial quando exercida com o objetivo de controlar a informação;

- Respeitar o direito à privacidade do cidadão; - Prestigiar as entidades representativas e democráticas da categoria;

Art. 10 - O jornalista não pode:

- Aceitar oferta de trabalho remunerado em desacordo com o piso salarial da categoria ou com tabela fixada pela sua entidade de classe; - Submeter-se a diretrizes contrárias à divulgação correta da informação; - Frustrar a manifestação de opiniões divergentes ou impedir o livre debate; - Concordar com a prática de perseguição ou discriminação por motivos sociais, políticos, religiosos, raciais, de sexo e de orientação sexual; - Exercer cobertura jornalística, pelo órgão em que trabalha, em instituições públicas e privadas onde seja funcionário, assessor ou empregado. Da Responsabilidade Profissional do Jornalista

Art. 11 – O jornalista é responsável por toda a informação que divulga, desde

que seu trabalho não tenha sido alterado por terceiros.

Art. 12 – Em todos os seus direitos e responsabilidades, o jornalista terá apoio

e respaldo das entidades representativas da categoria. Art. 13 – O jornalista deve evitar a divulgação dos fatos: - Com interesse de favorecimento pessoal ou vantagens econômicas; - De caráter mórbido e contrário aos valores humanos.

Art. 14 – O jornalista deve: - Ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos,

todas as pessoas objeto de acusações não comprovadas, feitas por terceiros e não suficientemente demonstradas ou verificadas; - Tratar com respeito todas as pessoas mencionadas nas informações que divulgar.

Art. 15 – O Jornalista deve permitir o direito de resposta às pessoas

envolvidas ou mencionadas em sua matéria, quando ficar demonstrada a existência de equívocos ou incorreções.

Art. 16 – O jornalista deve pugnar pelo exercício da soberania nacional, em

seus aspectos político, econômico e social, e pela prevalência da vontade da maioria da sociedade, respeitados os direitos das minorias.

Art. 17 – O jornalista deve preservar a língua e a cultura nacionais. Aplicação

Page 106: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

106

do Código de Ética

Art. 18 – As transgressões ao presente Código de Ética serão apuradas e

apreciadas pela Comissão de Ética.

1° - A Comissão de Ética será eleita em Assembléia Geral da categoria, por voto secreto, especialmente convocada para este fim.

2° - A Comissão de Ética terá cinco membros com mandato coincidente com o da diretoria do Sindicato.

Art. 19 – Os jornalistas que descumprirem o presente Código de Ética ficam

sujeitos gradativamente às seguintes penalidades, a serem aplicadas pela Comissão de Ética:

- Aos associados do Sindicato, de observação, advertência, suspensão e exclusão do quadro social do sindicato;

- Aos não associados, de observação pública, impedimento temporário e impedimento definitivo de ingresso no quadro social do Sindicato. Parágrafo Único – As penas máximas (exclusão do quadro social, para os sindicalizados, e impedimento definitivo de ingresso no quadro social para os não sindicalizados), só poderão ser aplicadas após referendo da Assembléia Geral especialmente convocada para este fim.

Art. 20 – Por iniciativa de qualquer cidadão, jornalista ou não, ou instituição atingida, poderá ser dirigida representação escrita e identificada à Comissão de Ética, para que seja apurada a existência de transgressão cometida por jornalista. Art. 21 – Recebida a representação, a Comissão de Ética decidirá sua

aceitação fundamentada ou, se notadamente incabível, determinará seu arquivamento, tornando pública sua decisão, se necessário.

Art. 22 – A aplicação da penalidade deve ser precedida de prévia audiência do jornalista, objeto de representação, sob pena de nulidade.

1° - A audiência deve ser convocada por escrito, pela Comissão de Ética, mediante sistema que comprove o recebimento da respectiva notificação, e realizar-se-á no prazo de dez dias a contar da data de vencimento do mesmo.

2 ° - O jornalista poderá apresentar resposta escrita no prazo do parágrafo anterior ou apresentar suas razões oralmente, no ato da audiência.

3° - A não observância, pelo jornalista, dos prazos neste artigo, implicará a aceitação dos termos da representação.

Art. 23 – Havendo ou não resposta, a Comissão de Ética encaminhará sua

decisão às partes envolvidas, no prazo mínimo de dez dias, contados da data marcada para a audiência.

Page 107: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

107

Art. 24 – Os jornalistas atingidos pelas penas de advertência e suspensão

podem recorrer à Assembléia Geral, no prazo máximo de dez dias corridos, a contar do recebimento da notificação. Parágrafo Único – fica assegurado ao autor da representação o direito de recorrer à Assembléia Geral, no prazo de dez dias, a contar do recebimento da notificação, caso não concorde com a decisão da Comissão de Ética.

Art. 25 – A notória intenção de prejudicar o jornalista, manifesta no caso de

representação sem o necessário fundamento, será objeto de censura pública contra o seu autor.

Art. 26 – O presente Código de Ética entrará em vigor após homologação em Assembléia Geral de jornalistas, especialmente convocada para este fim. Art. 27 – Qualquer modificação deste Código somente poderá ser feita em

Congresso Nacional de Jornalista, mediante proposição subscrita no mínimo por 10 delegações representantes de Sindicatos de Jornalistas.

Rio de Janeiro, setembro de 1985.

8.2 TABELA DE ANÁLISE DE JUNHO

ANÁLISE PRAGMÁTICA JORNAIS A TRIBUNA E EXPRESSO POPULAR

período: de 1º a 30 de JUNHO

Dia Jornal Reportagem

Editoria/

página (s) obs.

1

A

Tribuna

Lançada frente de

combate ao crack -

Sandro Thadeu A7

Senat (Seção Núcleo de Atenção

ao Tóxico dependente)

A

Tribuna

Consultório de rua já

está sendo

implementado - Sandro

Thadeu A7 - retranca

A

Tribuna

Peruíbe investiga a

morte de bebê -

Redação A12

o que é ascite? Acúmulo de fluído

protéico na cavidade peritoneal,

que ocorre principalmente devido a

infecções?

A

Tribuna

Celular pode causar

câncer, diz OMS;

fabricantes negam -

Agência Estado C4 - CAPA glioma?

A

Tribuna

OMS diz que surto na

Alemanha é grave C8 Bactéria E. coli

2

A

Tribuna

Atendimento à Saúde

será ampliado -

Alcione Herzog A6

Conjunto Habitacional Cruzeiro do

Sul, morro Nova Cintra

Page 108: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

108

A

Tribuna

Risco de câncer usando

celular divide opiniões

- Sandro Thadeu A7 explica glioma

A

Tribuna

Tratamento é bem

aceito por Itamar leucemia

3

A

Tribuna

Acima do peso e com a

vaga ameaçada -

Alcione Herzog A8 - CAPA pesquisas, bulimia e anorexia.

A

Tribuna

Vigilância lacra quase

2 estabelecimentos ao

mês - Redação A12 como reconhecer?

A

Tribuna

Rússia irrita

exportadores de carne C-4

A

Tribuna

Estado quer reduzir a

poluição do ar -

Manuel Alves

Fernandes E1 Cubatão

4

A

Tribuna

Dano ambiental em

mangue: firma é

multada A14 - CAPA

A

Tribuna

Remédios a preço de

custo para aposentados

- Redação CAPA

A

Tribuna

Aposte nas maravilhas

do óleo de coco -

Redação A6 ácido graxo?

A

Tribuna

Bertioga cria quartel-

general para enfrentar

dor crônica A16

título estranho. Reportagem

distante, sem fontes que tenham

alguma dor crônica

A

Tribuna

OMS alerta que E. Coli

pode passar de pessoa

para pessoas - Nota C8

5

A

Tribuna Atenção à bactéria A2 - editorial

A

Tribuna

Vai ao cinema? Exija

óculos limpos para 3

dimensões - Redação A10

Foi aprovado projeto em São

Vicente?

6

A

Tribuna

Assédio moral,

violência que pode

levar à morte - Rafael

Motta A3 - CAPA

7

A

Tribuna

Odílio deixa área da

Saúde. Maria Lígia é a

nova Secretária -

Sandro Thadeu A4 - CAPA Compra HCN.

A

Tribuna

Alemanha não acha

origem de surto C10 E. coli

Page 109: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

109

8

A

Tribuna

Estudiosos afastam

risco com bactéria -

Sandro Thadeu A7 - CAPA Boa reportagem

A

Tribuna

Está quase tudo certo

para o hospital. Só

falta a verba - Redação A6

A

Tribuna

Vacinação contra pólio

e sarampo começa dia

18 - Sandro Thadeu A6 segunda fase agosto

A

Tribuna

Anvisa: ração humana

não substitui comida -

Ronaldo Abreu Vaio A7

A

Tribuna

Quiosqueiros de

Guarujá fazem curso

do Sebrae - Redação A11

A

Tribuna

Ganso pretende jogar

as finais, mas médico

praticamente veta -

Marcelo Hazan B2

9

A

Tribuna

Preços dos remédios

têm diferença de 656%

na região - Bruno Rios A3 - CAPA

A

Tribuna

Ex-sede do Naps III

está doente, mas quem

sofre são os vizinhos -

Redação A8

A

Tribuna

Adriano diz que

baladas não afetam

recuperação - Agência

Estado B5

10

A

Tribuna

Existe algo ainda pior

que ter filho na UTI -

Amanda Barbieri A3

11

A

Tribuna

Asma, uma doença que

afeta a todos Coluna - CAPA

A

Tribuna

Tuberculose: índice da

doença em alguns

bairros é assustador -

Sandro Thadeu A8

A

Tribuna

Jaleco, agora, só no

ambiente de trabalho -

Marcelo Luis A11

12

A

Tribuna

Saúde fortalecerá o

quadro funcional -

Sandro Thadeu

A6 -

MANCHETE

A

Tribuna

UTI pediátrica do

HGA A2 - editorial

13 A Com células-trono A2 - editorial

Page 110: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

110

Tribuna

14

A

Tribuna

Desativação de UTI

preocupa Câmara -

Redação A4

15

A

Tribuna Prioridades na Saúde A2 - editorial

A

Tribuna

Tem 16 anos? Já pode

doar sangue - Sandro

Thadeu A7

A

Tribuna

Sinal amarelo' volta a

acender com a dengue

- Sandro Thadeu A7

16

A

Tribuna

Novo modelo de

perícia médica vai ser

implantado em 2012 -

Redação C5 - CAPA

A

Tribuna

Agendamento na

região está moroso -

Manuel Alves

Fernandes C5 INSS

17

A

Tribuna

Começa amanhã

vacinação contra a

Poliomielite - Redação A7 - CAPA

18

A

Tribuna

Anemia atinge 56% de

alunos - Simone

Queiróz A11 - CAPA Bom: desdobramentos pesquisa

A

Tribuna Mais auxílios-doença A2 - editorial

A

Tribuna

Quando faz cirurgia ou

tratamento estético?

Agora é uma boa hora

- Sandro Thadeu A6 Jabá? Paciente?

19

A

Tribuna

A vida sexual após 30

anos de AIDS -

Alcione Herzog A6 - CAPA Muito bom

A

Tribuna

Emagrecedores sob a

mira A2 - editorial

A

Tribuna

Parece que foi ontem...

- Beto Volpe Coluna

A

Tribuna

Câmara de Peruíbe

cobra a Saúde -

Redação A12

20

A

Tribuna

Procuram-se técnicos

de enfermagem em

Santos - Sandro

Thadeu A3 - CAPA Muito bom

Page 111: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

111

A

Tribuna

Inevitável. Mas pode

ser sem trauma -

Ronaldo Abreu Vaio A8

Entrevista médica-presidente da

Academia Nacional de Cuidados

Paliativos

A

Tribuna

Vicentinos escolhem

áreas que precisam de

melhorias - Victor

Miranda A9

A

Tribuna

Saúde precisa de mais

atenção - Victor

Miranda A9 - retranca

A

Tribuna

Guarujá pretende

afinar sistema de

Saúde em 4 meses -

Simone Queiróz A14

UPAs Jardim Boa Esperança, Pae

Cará, PAM, Usafas Jardim

Progresso e Las Palmas

21

A

Tribuna

Papa anuncia compra

do Hospital dos

Estivadores - Victor

Miranda

A8 -

MANCHETE

A

Tribuna

Consulta terá que ser

em 7 dias - Bruno Rios A7 - CAPA

A

Tribuna

Prevenção pode dar

desconto em plano -

Sandro Thadeu A7 - retranca

A

Tribuna

Energético e cafeína

podem causar vício -

Sandro Thadeu A8

A

Tribuna

Prefeitos da região

criticam Estado e

cobram agilidade -

Victor Miranda A9 - retranca

A

Tribuna

Praia Grande ameaça

fechar leitos - Victor

Miranda A9 - retranca

A

Tribuna

Alckmin anuncia

auditoria nos hospitais

de São Paulo - de São

Paulo

23

A

Tribuna

Os indispensáveis

apoios ao hospital

A

Tribuna

São Vicente começa a

captar córneas para

doação - Victor

Miranda A9

A

Tribuna

Bebê morre em

hospital de Praia

Grande - Suzana

Fonseca A9

Page 112: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

112

24

A

Tribuna

Fraudes em hospital de

SP ocorria desde 2005

- de Sorocaba C7

25

A

Tribuna

Cuidado: queimaduras

em alta - Sandro

Thadeu A6 como agir. Bom

26

A

Tribuna

Alerta vermelho -

Flávia Saad

Campus - p. 6 e

7 - CAPA

27

A

Tribuna

Região ganha 67 mil

idosos na década -

Sandro Thadeu

A5 -

MANCHETE

A

Tribuna

Exercitar a mente,

chave para evitar a

degeneração - Sandro

Thadeu A5 - retranca

A

Tribuna Cabras voadoras

C4 e C5 -

CAPA

Ceará inicia criação de

caprinos transgênicos

C4 e C5 -

retranca

A

Tribuna

Indústria' do atestado

médico leva hospitais a

reagir contra as fraudes

- Alcione Herzog A3 - CAPA

A

Tribuna

No inverno, clima que

deixa doente - Redação A3

A

Tribuna

País reforça alerta

sobre bactéria letal -

Redação A3

28

A

Tribuna

Após 2 anos e R$120

mil, nova UBS na

Pompeia - César

Miranda A6

A

Tribuna

Acredite: botox

também é para

enxaqueca - Sandro

Thadeu A6 Cara de Expresso Popular

A

Tribuna

Itamar Franco piora e é

transferido para a UTI

de Brasília C7

29

A

Tribuna

Obesidade infantil: só

esporte não basta -

Sandro Thadeu

A

Tribuna

Alimentação saudável

desde cedo - Sandro

Thadeu retranca

30

A

Tribuna

Samu começa a atuar

até o início de agosto -

Sandro Thadeu A3 Começou?

Page 113: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

113

A

Tribuna

Câmara de Peruíbe

quer mais explicações

da Saúde - Redação A12

Por que não foram fazer uma

reportagem?

Dia Jornal Reportagem

Editoria/

página (s) obs.

1

Expresso

Popular

Não perca seu apetite

por isso - Daniela

Paulino

Viva Melhor -

p. 12

2

Expresso

Popular

Essas receitas dão uma

força - Daniela Paulino

Viva Melhor -

p. 12 Muito bom

3

Expresso

Popular

Seja limpinho e evite

problema - Rosana

Rife Geral - p. 4 infográfico

Expresso

Popular

Bactérias a solta -

Nathalia Costeira

Viva Melhor -

p. 12 imagem de vírus

4

Expresso

Popular

Será? - Nathalia

Costeira

Viva Melhor -

p. 12 Inca. Foto é só

5

Expresso

Popular

Será? - Nathalia

Costeira

Viva Melhor -

p. 12 Será? Inca e só

6

Expresso

Popular

No frio, cuide bem

para não ficar sem -

Nathalia Costeira

Viva Melhor -

p. 12

7

Expresso

Popular

Inverno queima

calorias em dobro -

Nathalia Costeira

Viva Melhor -

p. 12

8

Expresso

Popular

Nada de Poliomielite

ou Sarampo por aqui -

Sandro Thadeu Geral - p. 10 Quadro

Expresso

Popular

O que Regina,

Beyoncé e Jennifer têm

em comum? - Nathalia

Costeira

Viva Melhor -

p. 12

9

Expresso

Popular

Preço de remédio na

Baixada varia até

656% - Nathália de

Alcântara

Geral - p. 8 e 9

- MANCHETE

Expresso

Popular

Pronto para encarar? -

Nathalia Costeira

Viva Melhor -

p. 12 Detox

10

Expresso

Popular

UTI pediátrica do

Guilherme Álvaro vai

fechar - Amanda

Barbieri

Geral - p. 8 -

MANCHETE

Expresso

Popular

30 anos após ser

descoberta, AIDS

contamina como nunca

- Nathália de Alcântara Geral - p. 6 e 7

Page 114: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

114

11

Expresso

Popular

Para muitas sexo não é

bom presente -

Nathalia Costeira

Viva Melhor -

p. 12

12

Expresso

Popular

Para muitas sexo não é

bom presente -

Nathalia Costeira

Viva Melhor -

p. 12

13

Expresso

Popular

Viver só de ração é

furada! - Nathalia

Costeira

Viva Melhor -

p. 12

14

Expresso

Popular

Tempo frio mexe até

com o seu coração -

Nathalia Costeira

Viva Melhor -

p. 12

15

Expresso

Popular

Milho pode, mas com

alguns cuidados -

Reportagem

Viva Melhor -

p. 12

16

Expresso

Popular

Situações novas podem

assustar - Reportagem

Viva Melhor -

p. 12

17

Expresso

Popular

Transtorno bipolar -

Nathalia Costeira

Viva Melhor -

p. 12 Bom

18

Expresso

Popular

Leve suas crianças

para vacinar - Nathalia

Costeira Geral - p. 3

Expresso

Popular

Estação das crises? Só

se você quiser! -

Nathalia Costeira

Viva Melhor -

p. 12

19

Expresso

Popular

Leve suas crianças

para vacinar -

Reportagem Geral - p. 3

Expresso

Popular

Estação das crises? Só

se você quiser! --

Nathalia Costeira

Viva Melhor -

p. 12

20

Expresso

Popular

Manter os pés quentes

tem preço - Nathalia

Costeira

Viva Melhor -

p. 12

21

Expresso

Popular

Você sabe o que fazer

com eles? - Nathalia

Costeira

Viva Melhor -

p. 12

22

Expresso

Popular

Nova regra para planos

de saúde: consultas em

7 dias - Bruno Rios Geral - p. 5

23

Expresso

Popular

Guenta coraçãooooo! -

Nathália de Alcântara Geral - p. 9 Fotos?

24

Expresso

Popular

Cabelos também

envelhecem - Nathalia

Costeira

Viva Melhor -

p. 12

25

Expresso

Popular

Leite é gostoso demais

- Nathalia Costeira

Viva Melhor -

p. 12 Onde encontram as pesquisas?

Page 115: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

115

26

Expresso

Popular

Locais fechados? Nem

pensar - Nathalia

Costeira

Viva Melhor -

p. 12

27

Expresso

Popular

Escolha alimentos

certos - Nathalia

Costeira

Viva Melhor -

p. 12 Não explica o que é diet

28

Expresso

Popular

Aliadas número 1 de

quem quer perder peso

- Nathalia Costeira

Viva Melhor -

p. 12 foto não ajudou. Tabela ajudaria

Expresso

Popular

Onde encontrá-las? -

Nathalia Costeira

Viva Melhor -

p. 12

29

Expresso

Popular

Os olhos caçaram?

Fuja do pó - Nathalia

Costeira

Variedades - p.

27 licopeno só no tomate?

Expresso

Popular

Na Cozinha, essa dupla

é imbatível -

Reportagem

Viva Melhor -

p. 12

Amido? Imagem legal. Publicidade

Clínica Odontológica

30

Expresso

Popular

Boca seca não é só

sede. Pode ser doença -

Nathalia Costeira

8.3 TABELA DE ANÁLISE DE JULHO

ANÁLISE PRAGMÁTICA JORNAIS A TRIBUNA E EXPRESSO POPULAR

período: de 1º a 31 DE JULHO

Dia Jornal Reportagem

Editoria/

página (s) obs.

1

A

Tribuna

Veja que remédios

contra a gravidez são

permitidos - Redação A7

A

Tribuna

Presidente da Regional

Santos da Associação

de Obstetrícia e

Ginecologia de São

Paulo (Sogesp),

Ricardo Saez Ramirez

A7 - retranca -

entrevista

A

Tribuna

Ginecologistas: greve

em setembro - Redação A7

A

Tribuna

Acaba 1ª fase de

vacinação A7 - nota

2

A

Tribuna

Cielo é pego no

antidoping, mas

farmácia assume erro -

Agência Estado B7 - CAPA

A

Tribuna

Médicos não atenderão

a 10 planos - de São C4 - CAPA

Page 116: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

116

Paulo

A

Tribuna

Médico brasileiro

revoluciona as

cirurgias de coluna -

Redação A6

A

Tribuna

O oxi e o crack -

Drauzio Varella A6 - coluna

A

Tribuna

Estado de saúde do ex-

presidente Itamar é

grave C4 - nota

A

Tribuna

Chávez admite que

sofre de câncer - de

Caracas C8

3

A

Tribuna

Morre Itamar, o pai do

Plano Real - de São

Paulo C7 - CAPA

A

Tribuna

Nem hormônio do

crescimento pode

alterar a genética -

Redação A7

explica caso de família e outros

fatores

A

Tribuna

Puberdade precoce

desacelera ganho de

altura -Redação A7 - retranca

A

Tribuna

Saúde de Hugo Chávez

preocupa Cuba - de

Havana C8

4

A

Tribuna

Mais jovens e

mulheres estão em

risco - Sandro Thadeu A3 - CAPA cirurgia do coração

A

Tribuna

Busca por

especialização é baixa,

observa médico -

Sandro Thadeu A3 - retranca

A

Tribuna

O honroso legado de

Itamar Franco A2 - editorial

A

Tribuna

Técnica pode recuperar

movimento de

paraplégicos

C5 - Ciência e

Tecnologia

A

Tribuna

Remédio com veneno

de aranha C5 - nota

A

Tribuna Biojudocas C5 - nota

A

Tribuna

Própolis torna plástico

resistente a bactérias C5 - nota

Page 117: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

117

5

A

Tribuna

Saúde para as nossas

crianças - Antônio

Carlos Banha Joaquim

(PMDB), advogado e

administrador A2 - coluna

3 meses, Ricardo Hayden e Vera

Pinheiro, gestores

A

Tribuna

Desvio do uso de

analgésico preocupa -

Redação A6

A

Tribuna

Higienização em

óculos 3D ainda é fala

- Redação A8

A

Tribuna

Médico acusado de

molestar pacientes em

Peruíbe é preso -

Redação A11

A

Tribuna

Chávez retorna à

Venezuela, após tratar

câncer em Cuba - de

Caracas C8 - nota

6

A

Tribuna

Cubatão quer evitar

que P.S faça função de

posto de Saúde -

Redação A11 - CAPA

A

Tribuna

Conselho define nova

composição - Redação A11 - retranca

A

Tribuna

TCU vê falha em

controle da Saúde -

Agência Estado C9

A

Tribuna

Hepatite C: justiça

assegura tratamento

gratuito a paciente -

Sandro Thadeu A7

7

A

Tribuna

Saúde doente -

Maurício de Araújo

Zomignani - assistente

social A2 - coluna

A

Tribuna

Cai número de mortes

pela dengue C7 - nota

8

A

Tribuna

Último dia para a dose

contra o sarampo A7 - nota

9

A

Tribuna

Respire fundo: reajuste

dos planos de Saúde é

de 7,69% - Redação

A3 -

MANCHETE

A

Tribuna

Faringite por

estreptococos -

Drauzio Varella

A6 - coluna -

CAPA

Page 118: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

118

A

Tribuna

Novo regime para

gastos com Saúde A2 - editorial

A

Tribuna

Refrigerante diet: a

dieta fica apenas no

nome - Redação A6

A

Tribuna

Central online de UTIs

estreia sob crítica -

Michella Guijt A7

A

Tribuna

MP aponta

irregularidades no

Cemas - Suzana

Fonseca A14 Praia Grande

A

Tribuna

Sesap fica surpresa

com o caso A14 - retranca

10

A

Tribuna

Hepatite C terá semana

de prevenção -

Redação A4

11

A

Tribuna

Quando criar animais

vira um problema -

Sandro Thadeu A6 - CAPA

A

Tribuna

"Situação da casa era

desesperadora" -

Sandro Thadeu A6 - retranca

A

Tribuna Efeitos colaterais C5

A

Tribuna

Vacinação atinge

99.324 pessoas A2 - nota Guarujá

12

A

Tribuna

Estado fica sem vacina

antirrábica - Marcos

Mojica A6 - CAPA infográfico bom

A

Tribuna

Falta imunizar 266 mil

crianças contra gripe -

Redação A6

13

A

Tribuna

Mulheres e álcool:

relação delicada -

Fernanda Balbino A7 - CAPA

A

Tribuna

"Dediquei minha vida

ao álcool" - Fernanda

Balbino A4 - retranca

A

Tribuna

Planos terão que

ressarcir hospitais -

Sandro Thadeu A4

A

Tribuna

Para professor, OS é

uma forma de burlar lei A4 - retranca

Page 119: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

119

- Sandro Thadeu

A

Tribuna

Prevenção à hepatite

segue até sexta-feira -

Redação A5

14

A

Tribuna

Cielo: decisão na

véspera do Mundial -

de São Paulo B7

15

A

Tribuna

Autismo vira tema de

videoclipe - Victor

Miranda A12

16

A

Tribuna

Prefeitura recebe

chaves do Estivadores

em 15 dias - Redação A4 - CAPA

R$ 13 milhões, 250 leitos

anunciados

A

Tribuna Via Saúde - Redação A4 - retranca

0800-7700732

www.santos.sp.gov.br/saude

A

Tribuna

UBS estende

atendimento de

especialidades -

Redação A4 - retranca Pompeia

A

Tribuna

Médicos programam

paralisações - de

Brasília C4

A

Tribuna

Sono ao volante: fator

potencial para os

acidentes de trânsito -

Fernanda Balbino A7 - CAPA

A

Tribuna

Rebite, uma ameaça

ainda em uso nas

estradas - Fernanda

Balbino A7 - retranca

A

Tribuna

Confira suas vacinas

antes de fazer as malas

- Marcos Mojica A6

A

Tribuna

Clínicas têm 'cardápio'

variado - Marcos

Mojica A6 - retranca

A

Tribuna

O custo da vida -

Drauzio Varella A6 - coluna

17

A

Tribuna

Melhor idade, de bem

com a vida

AT Revista -

CAPA

A

Tribuna

Curso web atualiza

cirurgiões vasculares -

Redação A7

A

Tribuna

Hugo Chávez deixa

governo para

tratamento de câncer

em Cuba - de Caracas C8

Page 120: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

120

18

A

Tribuna

Via Saúde começa a

operar hoje, com a

missão de agilizar o

setor - Redação A5 - CAPA

30% das reclamações da Ouvidoria

Saúde

A

Tribuna

2ª dose da vacina será

aplicada até 6ª A4 - nota gripe

A

Tribuna

Morangos atenuam

diabetes tipo 1 C5

A

Tribuna

Agrotóxicos, o grande

problema C5 - retranca

19

A

Tribuna

Cubatão vai rever

ajuda a entidade -

Redação A9 - CAPA

A

Tribuna

Hospital incentiva a

humanização -

Redação A9 - CAPA

A

Tribuna

Vacinação contra

sarampo é prolongada

até esta sexta-feira -

Redação A4 - nota

20

A

Tribuna

Gapa, amor na luta

contra a AIDS - César

Miranda

A8 –

Comunidade

em ação-

CAPA

A

Tribuna

Mariana, a voluntária

mais antiga - César

Miranda A8

A

Tribuna

Estrangeiros vêm

conhecer a iniciativa -

César Miranda

A

Tribuna

Doação: ato que salva

vidas ganha nova força

- Sandro Thadeu A3 - CAPA dados, mitos

A

Tribuna

Captação deve

aumentar na região -

Sandro Thadeu A3

A

Tribuna

Cidade supera meta de

vacinação - Redação A3

21

A

Tribuna

Médicos da Baixada

confirmam suspensão a

planos de Saúde -

Redação A7 - CAPA

A

Tribuna

Grávidas: pintar

cabelo, nem pensar -

Sandro Thadeu A7

22

A

Tribuna

Há problemas, e

muitos. Mas o P. S

Central terá reparos -

Marcos Mojica CAPA Excelente

Page 121: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

121

23

A

Tribuna

Região vai erguer 13

UBSs com recursos do

Governo Federal -

Sandro Thadeu A13 - CAPA

A

Tribuna

Esclerose múltipla,

imprevisível e perigosa A6

A

Tribuna

Quando o nariz sangra

- Drauzio Varella A6 - coluna

24

A

Tribuna

Amy Winehouse,

morte anunciada -

Redação E1 - CAPA

A

Tribuna

Onda de assaltos

assusta a Baixada -

Redação A11- CAPA

25

A

Tribuna

Testes de hepatite C

até 6ª feira - Redação A5

26

A

Tribuna

Portabilidade chega

aos planos coletivos -

Redação A7- CAPA

A

Tribuna

Secretários cobram

agilidade na liberação

de recursos da Saúde -

César Miranda A5

A

Tribuna

Hospital dos

Estivadores terá 178,

ao invés de 260 leitos -

Redação A5 - retranca

27

A

Tribuna Questões da Saúde A2 - editorial

A

Tribuna

Em 11 anos, gravidez

na adolescência

diminui 37% - César

Miranda A6

A

Tribuna

Número de filhos cai

pela metade - César

Miranda A6 - retranca

A

Tribuna

Contra as hepatites,

Grupo Esperança -

César Miranda

A8 –

Comunidade

em ação

A

Tribuna

Ong orienta políticas

públicas na área -

César Miranda A8 - retranca

A

Tribuna

Kátia, a 'doutora' mais

dedicada A8 - retranca

28

A

Tribuna

Seringas são

descartadas em via de

São Vicente - Redação A12 - CAPA

Page 122: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

122

29

A

Tribuna

Hospital Irmã Dulce

promete só atender

moradores de Praia

Grande - Victor

Miranda A14 - CAPA Praia Grande

A

Tribuna

Entrevista David Uip -

Victor Miranda A14 -retranca

coordenador da Agência de Saúde

da Baixada Santista

30

A

Tribuna

Baixa umidade do ar

deixa Santos em estado

de alerta MANCHETE

A

Tribuna

Pouca fibra, mais

gordura A2 - editorial

A

Tribuna

O prato cheio, mas

pouco saudável do

brasileiro - Ronaldo

Abreu Vaio A6

A

Tribuna

O peso da adolescência

- Drauzio Varella A6 - coluna

31

A

Tribuna

"As cenas e o

sentimento de culpa

me perseguem" -

Nathália de Alcântara A6 - CAPA

A

Tribuna

Mutirão reforça

estoque de sangue de

hospitais- Redação A5

Dia Jornal Reportagem

Editoria/

página (s) obs.

1

Expresso

Popular

Não é bom abusar da

salsicha - Aléssio

Venturelli

Economia - p.

10

tabela de índice de carboidratos e

proteínas. Mas o que são essas

substâncias e o que significam para

a alimentação?

Veja como ter a casa

ideal - Nathalia

Costeira

Viva Melhor -

p. 12 muito bom o infográfico

2

Expresso

Popular

Decisão de médicos

terá grande impacto na

região - Nathália de

Alcântara Geral - p. 5 ostensiva?

Fuja do barbeiro! -

Nathalia Costeira

Viva melhor -

p. 12 infográfico legal

3

Expresso

Popular

Decisão de médicos

terá grande impacto na

região - Nathália de

Alcântara Geral - p. 5 ostensiva?

Page 123: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

123

Fuja do barbeiro! -

Nathalia Costeira

Viva melhor -

p. 12 infográfico legal

4

Expresso

Popular

Beba à vontade, sem

culpa - Nathalia

Costeira

Viva Melhor -

p. 12

boa, sobre sucos de laranja de

caixinha

5

Expresso

Popular

Médico é preso em

Peruíbe - Eduardo

Velozo Fuccia

Plantão policial

- p. 13 CAPA paciente teve furúnculo na vagina

6

Expresso

Popular

Friaca continua nas

madrugadas - Amanda

Barbieri Geral - p. 10

Pronto-socorros

bombando - Redação Geral - p. 10

Óculos 3D devem ser

lavados - Nathalia

Costeira

Viva Melhor -

p. 12

7

Expresso

Popular

Dengue mata menos

em 2011

Geral - p. 4

NOTA

Feiras livre. Bom para

o bolso e para sua

saúde - Marcelo Luis

Economia - p.

10

Prevenção por mais

tempo - Nathalia

Costeira

Viva Melhor -

p. 12

8

Expresso

Popular

Evite acidentes com os

filhos

Viva Melhor -

p. 13

9

Expresso

Popular

Reajustes serão de ate

7,69% - Eduardo

Brandão

Geral - p. 10

CAPA

7 razoes pra caminhar -

Sem assinatura

Viva Melhor -

p. 12

10

Expresso

Popular

Reajustes serão de ate

7,69% - Eduardo

Brandão

Geral - p. 10

CAPA

7 razoes pra caminhar -

Sem assinatura

Viva Melhor -

p. 12

11

Expresso

Popular

O que fazer com quem

usa drogas - Amanda

Barbieri Geral - p. 8

Luta pra sair da noia e

solitária - Amanda

Barbieri Geral - p. 9 muito bom

Saber escolher faz a

diferença - Sem

assinatura

Viva Melhor -

p. 12 sobre cremes hidratantes

Page 124: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

124

12

Expresso

Popular

Frio e vento gelado

castigam os idoso -

Agencia Estado

Viva Melhor -

p. 12

13

Expresso

Popular

Sabendo usar não vai

fazer mal - Nathalia

Costeira

Viva Melhor -

p. 12 bombinha para asma

14

Expresso

Popular

Jovem obesa de São

Vicente perde 4 kg

num mês - Amanda

Barbieri Geral - p. 3

Ele não quer saber sua

idade - Nathalia

Costeira

Viva Melhor -

p. 12

Cielo será réu no

próximo dia 20 -

Agencia Estado

15

Expresso

Popular

Eles precisam ainda

mais (e melhor) da

saúde! - Sem

assinatura

Viva Melhor -

p. 12

16

Expresso

Popular

Seis dicas pra você

cuidar das unhas -

Nathalia Costeira

Viva Melhor -

p. 12

17

Expresso

Popular

Seis dicas pra você

cuidar das unhas -

Nathalia Costeira

Viva Melhor -

p. 12

18

Expresso

Popular

Da pra dar um trato no

sorriso na faixa - Fabio

Lemos Lopes

Economia - p. 8

CAPA

Iogurte-se - Fernanda

Lopes

Variedades - p.

24

19

Expresso

Popular

Alimentação dos

jovens só piora - Sem

assinatura

Viva Melhor -

p. 12

Capa para bolsa de

água quente - Fernanda

Lopes

Variedades - p.

24

20

Expresso

Popular

Vacinação contra o

sarampo acaba sexta

Fique esperto -

p. 2 NOTA

Pra comer não tem

tempo ruim - Nathalia

de Alcântara Geral - p. 8

Trabalhadores

esvaziam o prato -

Nathalia de Alcântara Geral - p. 9

Ta com tosse? Melhor

falar com o medico -

Agencia Estado

Viva Melhor -

p. 12

Page 125: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

125

21

Expresso

Popular

Mosquito da dengue

mira nos novinhos -

Flavio Lemos Lopes Geral - p. 4

Você escuta bem?

Então, cuide-se! - Sem

assinatura

Viva Melhor -

p. 12

22

Expresso

Popular

Região terá cartão da

Saúde - Bruno Rios Geral - p. 10

Dieta pode reduzir

sintomas - Daniela

Paulino

Viva Melhor -

p. 12 artrite reumática

23

Expresso

Popular

Super dieta do arroz

integral promete… -

Nathalia Costeira

Viva Melhor -

p. 12

24

Expresso

Popular

Super dieta do arroz

integral promete… -

Nathalia Costeira

Viva Melhor -

p. 12

25

Expresso

Popular

Hepatite pode ser

diagnosticada Se liga - p. 2

Leitora do Embaré esta

brava com atendimento

no NAPs III

Palavra do

leitor - p. 6

Eles são loucos por

salada - Nathalia

Costeira

Viva Melhor -

p. 12

Xô, gripe! - Fernanda

Lopes

Variedades - p.

24

26

Expresso

Popular

Todo cuidado e pouco

para fugir delas -

Nathalia Costeira

Viva Melhor -

p. 12 hepatites

27

Expresso

Popular

Plano de Saúde da

Santa Casa deixa

leitora de cabelos em

Palavra do

leitor - p. 6

Aparelho acaba com

barulho - Nathalia

Costeira

Viva Melhor -

p. 12

28

Expresso

Popular

Nova regra de

portabilidade começa

hoje - Bruno Rios

Economia - p. 8

CAPA

Quem pode descobrir o

que esse garoto tem? -

Amanda Barbieri

Geral - p. 4

CAPA

De olho neles, meninos

- Nathalia Costeira

Viva Melhor -

p. 12 câncer de testículos

29

Expresso

Popular

A galera ta comendo

muito mal - Nathalia de Alcântara

Page 126: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

126

A grande vila das

mulheres - Nathalia

Costeira

Viva Melhor -

p. 12

30

Expresso

Popular

Irma Dulce atendera

sim gente de for a -

Sem assinatura Geral - p. 4

Procedimentos vão

aumentar - Cesar

Miranda Geral - p. 5 planos de saúde

31

Expresso

Popular

Melhor ficar bem

longe dos docinhos -

Nathalia Costeira

Viva Melhor -

p. 12

Ele e bom e faz bem

para o corpo -

Fernanda Lopes

Variedades - p.

24

Page 127: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

127

8.4 REPORTAGENS ANALISADAS

8.4.1

Page 128: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

128

8.4.2

Existe algo ainda pior que ter filho na UTI

Fechamento do setor no Guilherme Álvaro preocupa pais de pacientes Três crianças aguardam pela transferência para outras unidades

Amanda Barbieri – da Redação

(Publicado no jornal A Tribuna, 10 de junho de 2011, página A-3)

Existe algo pior do que ter um filho em uma Unidade de Terapia

Intensiva (UTI) Pediátrica? Infelizmente, para os pais de crianças internadas na

UTI do Hospital Guilherme Álvaro (HGA), em Santos, a resposta é sim. Desde

o início da semana, os pais dos pacientes foram informados que a UTI seria

fechada e que seus filhos seriam transferidos para outras unidades ou para a

pediatria do próprio hospital. O motivo? Segundo os pais dos pacientes, falta

de médicos, já que pelo menos três pediram demissão e não foram repostos.

Já de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, a causa é uma reforma

que terá início segunda-feira. O fato é que ontem, apenas três crianças

permaneciam na UTI aguardando um local para ficar. Além do medo de que

seus filhos fossem internados em outros municípios, os pais das crianças que

passaram da UTI para a pediatria temiam que elas ainda não estivessem bem

o suficiente para trocarem a terapia intensiva por leitos comuns.

O CAOS - Um pai, que não quis de identificar, contou que sete médicos

pediram demissão e que estão tentando abafar o caso com a história que de

haverá uma reforma. "É uma vergonha o que está acontecendo. Meu filho

entrou na UTI com um problema respiratório e querem mandar ele para um

hospital longe daqui". Segundo ele, a situação é precária. "Não tem nem luva

para os médicos. Está faltando tudo. Estamos perdendo um atendimento que

sempre foi muito bom". O mesmo medo tem outra mãe, que está com o filho de

10 anos, com paralisia cerebral, entubado. "Ele entrou para colocar uma sonda

no estômago porque não se alimenta direito. Piorou e desde o dia 14 do mês

passado está na UTI. Se mandarem ele para longe, vou junto. Não abandono

meu filho, mas não sei como vou fazer". Outra mãe diz que seu bebê foi

transferido da UTI para a pediatria, mas que tem recebido os cuidados

Page 129: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

129

necessários. "Meu filho vem apresentando melhora e continua com o oxigênio.

Somos leigos, mas acho que os médicos que ficaram estão fazendo tudo para

atender as crianças, inclusive, trabalhando em horário ampliado". Segundo ela,

três médicos pediram demissão e a maior preocupação agora é com os

pacientes que vão chegar.

Médico sai. Vaga não é preenchida

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Santos e

Região, Paulo Pimentel, confirma os pedidos de demissões dos médicos do

HGA e diz que essas vagas não foram repostas. "Nós confirmamos a

informação e a nossa diretoria está reunida (ontem à noite) com a diretoria do

hospital para definir o que será feito a respeito". Em nota, a Secretaria de

Estado da Saúde informa que a UTI Pediátrica será reformada e modernizada

a partir de segunda-feira. O investimento será de R$ 300 mil e a obra deve

durarcercade90dias. Dentro do projeto estão previstas trocas de pisos, pintura,

implantação de área específica para diálise e hemodiálise, manutenção e

ampliação da rede de ar condicionado central, manutenção geral da rede de

gases de ar comprimido e oxigênio, entre outras mudanças.

TRANSFERÊNCIA - Ainda segundo a assessoria, para que as crianças não

fiquem sem assistência, o hospital acertou com o Departamento Regional de

Saúde de Santos a transferência dos pacientes da UTI Pediátrica para

hospitais de Cubatão, Praia Grande e Itanhaém. Segundo o Estado, há três

crianças na terapia intensiva do Guilherme Álvaro, que deverão ser transferidas

até domingo, por intermédio de uma ambulância equipada com todos os

recursos de uma UTI. Os médicos plantonistas vão reforçar o atendimento na

ala semi-intensiva e na UTI Neonatal, para onde algumas crianças foram

levadas.

Page 130: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

130

8.4.3

UTI pediátrica do HGA

Editorial

(Publicado no jornal A Tribuna, 12 de junho de 2011, página A-2)

É das mais preocupantes a notícia de que a UTI pediátrica do Hospital

Guilherme Álvaro, em Santos, seria fechada nesta segunda-feira, e as crianças

ali internadas três, no final de semana transferidas ou para a ala infantil

convencional do mesmo estabelecimento, ou para alguma outra unidade do

gênero, na região. O temor é o de que se instale uma situação crítica, na qual

as famílias que dependem da rede pública de saúde fiquem sem um local

especializado para tratamento de seus pequenos pacientes que exijam maiores

cuidados. A Secretaria Estadual de Saúde nega, porém a hipótese, e informa

que a UTI será fechada apenas para uma ampla reforma, que deve durar três

meses. Por isso, as crianças vão mesmo ser removidas, mas em condições

adequadas, enquanto o setor de internação infantil semi-intensiva terá as

equipes reforçadas. Espera-se, então, que as coisas realmente aconteçam

dessa forma. Entretanto, há versões de que a falta de médicos é que está

prejudicando o normal funcionamento da UTI pediátrica. Segundo se apurou,

três profissionais pediram demissão, e as vagas não foram repostas. Se é

verdade, o que se cobradas autoridades estaduais são medidas rápidas para

recompor o quadro médico, a fim de que o atendimento no Guilherme Álvaro

não seja afetado, levando desassossego às camadas da população que não

podem prescindir dos seus serviços.

Page 131: ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA

131

8.4.4

Desativação de UTI preocupa Câmara Fechamento temporário da UTI Pediátrica no HGA gerou críticas e

questionamentos ao Governo do Estado

Da Redação

(Publicado no jornal A Tribuna, 14 de junho de 2011, página A-4)

A desativação temporária da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do

Hospital Guilherme Álvaro (HGA), ontem, originou preocupação e

questionamentos na Câmara de Santos. Um requerimento do vereador Antonio

Carlos Banha Joaquim (PMDB) solicita explicações sobre a alegada reforma do

local ao Governo do Estado. O documento será encaminhado também ao

Ministério Público (MP). "A Secretaria (de Estado da Saúde) informou que trata-

se de uma reforma, mas há informações de que o motivo real é a falta de

médicos na unidade", disse o parlamentar. O caso foi alvo de reportagem

publicada em A Tribuna, na sexta-feira. Em nota, a Secretaria de Estado da

Saúde informa que a unidade passará por uma reforma de modernização. O

hospital acertou com o Departamento Regional de Saúde de Santos a

transferência dos pacientes da UTI Pediátrica para hospitais de Cubatão, Praia

Grande e Itanhaém. É justamente isso que causou estranheza ao vereador.

"Como uma unidade de tamanha importância para o SUS é desativada, de uma

hora para outra, sem que haja uma outra disponibilizada para o atendimento na

própria Cidade?", questiona. "Não aceitamos ficar sem esse serviço essencial".

O autor da proposta elogiou o trabalho desenvolvido pela direção do hospital,

mas não poupou críticas à gestão da Secretaria de Estado da Saúde. "Temos

notícias de que os recursos não são suficientes para uma administração de

excelência". O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Santos e Região

confirmou que sete médicos pediram demissão do HGA e que essas vagas não

foram repostas. "Só de boa vontade as coisas não acontecem. É preciso

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direcionar recursos humanos e financeiros para que o status de referência seja

mantido no hospital", finaliza Banha.

8.5 NOTAS DA ASSESSORIA DE IMPRENSA DA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO

8.5.1 Nota 1

04/06/11 - Nota oficial - O Hospital Guilherme Álvaro esclarece que a UTI

pediátrica da unidade será reformada e modernizada a partir da próxima

segunda-feira, 13 de junho. O investimento será de R$ 300 mil.

Haverá trocas de pisos, pintura geral, readequação do espaço físico dos leitos,

implantação de área específica para diálise e hemodiálise, revisão da planta de

energia elétrica, manutenção e ampliação da rede de ar condicionado central.

Também será realizada a manutenção geral dos equipamentos de ventilação e

monitores e da rede de gases de ar comprimido e oxigênio, além de sinalização

das portas e dos quadros de aviso.

Para que as crianças não fiquem sem assistência, o hospital acertou com o

Departamento Regional de Saúde de Santos a transferência dos pacientes

internados na UTI pediátrica para hospitais da região. Neste momento há três

crianças na terapia intensiva do Guilherme Álvaro. Elas deverão ser

transferidas até domingo, por intermédio de uma ambulância equipada com

todos os recursos de uma UTI.

Os médicos plantonistas vão reforçar o atendimento na ala semi-intensiva e na

UTI Neonatal. A reforma deve durar cerca de 90 dias.

Hospital Guilherme Álvaro

Assessoria de Imprensa

Observação: a NOTA 1 foi divulgada duas vezes: a primeira, dia 04/06/11 e a

segunda, no dia 10/06/11

8.5.2 Nota 2

14/06/11 - Nota oficial - O Hospital Guilherme Álvaro esclarece que a UTI

pediátrica da unidade será reformada e modernizada a partir desta segunda-

feira, 13 de junho. O investimento será de R$ 300 mil.

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Haverá trocas de pisos, pintura geral, readequação do espaço físico dos leitos,

implantação de área específica para diálise e hemodiálise, revisão da planta de

energia elétrica, manutenção e ampliação da rede de ar condicionado central.

Também será realizada a manutenção geral dos equipamentos de ventilação e

monitores e da rede de gases de ar comprimido e oxigênio, além de sinalização

das portas e dos quadros de aviso.

Para que as crianças não fiquem sem assistência, o hospital acertou com o

Departamento Regional de Saúde de Santos a transferência dos pacientes

internados na UTI pediátrica para hospitais da região.

Os médicos plantonistas vão reforçar o atendimento na ala semi-intensiva e na

UTI Neonatal. A reforma deve durar cerca de 90 dias.

Não haverá cancelamento de cirurgias por conta da reforma.

Hospital Guilherme Álvaro

Assessoria de Imprensa

Observação: a NOTA 2 foi divulgada duas vezes: a primeira, dia 14/06/11 e a

segunda, no dia 05/07/11

8.5.3 Nota 3

15/09/11- NOTA OFICIAL - O Hospital Guilherme Álvaro esclarece que a morte

de menina E.L.V.S, de 2 anos, não tem nenhuma relação com o fechamento

temporário da UTI pediátrica do hospital, como sugere, erroneamente, a

reportagem “Uma cirurgia, nenhuma UTI e muita tristeza para a família”,

publicada em A Tribuna de 15/09/11. Em nenhum momento o jornal questionou

o hospital sobre este caso específico, limitando-se apenas a perguntar sobre o

atraso na reforma da UTI.

A criança, vítima de uma paralisia cerebral grave, foi internada no hospital no

dia 22 de agosto depois de passar por uma gastrostomia (colocação de sonda

no estômago para alimentação).

Durante todo o período a menina ficou internada num dos seis leitos da

unidade de terapia semi-intensiva e sob cuidado de médicos pediatras gerais,

intensivistas e da equipe intensivista da Unidade de Terapia Intensiva (UTI)

Neonatal. Mesmo nessa unidade a criança foi monitorada 24 horas e estava

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amparada com todos os equipamentos necessários de uma UTI Pediátrica,

incluindo respiradores e monitores.

A criança morreu na manhã desta terça-feira, 14 de setembro, devido a uma

infecção generalizada, uma vez que era imunologicamente deprimida e muito

suscetível a infecções.

Quanto à reforma da UTI pediátrica, o Hospital Guilherme Álvaro esclarece que

houve uma mudança no projeto da obra e que serão necessários mais 60 dias

para sua conclusão. Haverá trocas de pisos, pintura geral, readequação do

espaço físico dos leitos, implantação de área específica para diálise e

hemodiálise, revisão da planta de energia elétrica, manutenção e ampliação da

rede de ar condicionado central.

Também será realizada a manutenção geral dos equipamentos de ventilação e

monitores e da rede de gases de ar comprimido e oxigênio, além de sinalização

das portas e dos quadros de aviso.

Não haverá cancelamento de cirurgias por conta da reforma.

Pacientes que necessitam de UTI pediátrica estão sendo encaminhados a

outras unidades de saúde da Baixada Santista e, se necessário, para hospitais

da capital e região metropolitana.

Hospital Guilherme Álvaro

Assessoria de Imprensa

8.5.4 Nota 4

20/09/11 - Nota oficial - O Hospital Guilherme Álvaro esclarece que a UTI

pediátrica da unidade foi fechada provisoriamente em junho deste ano para ser

reformada e modernizada. Crianças que necessitarem de leitos de terapia

intensiva não estão sem assistência. Elas são encaminhadas a outros serviços

de saúde da Baixada Santista.

O investimento total da obra é de R$ 300 mil. Haverá troca de pisos, renovação

de pintura geral, readequação do espaço físico dos leitos, implantação de área

específica para diálise e hemodiálise, revisão da planta de energia elétrica,

manutenção e ampliação da rede de ar condicionado central.

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Também será realizada a manutenção geral dos equipamentos de ventilação e

monitores e da rede de gases de ar comprimido e oxigênio, além de sinalização

das portas e dos quadros de aviso.

A previsão é que a reforma seja concluída até o final desse ano.

Quanto à questão do valor dos plantões, a Secretaria de Estado da Saúde

criou uma mesa de negociação, com a participação do Conselho Regional de

Medicina, Associação Paulista de Medicina e Sindicato dos Médicos para

discutir o novo plano de cargos e salários da categoria, visando promover uma

ampla revisão da remuneração concedida não somente aos médicos que

atuam em toda a rede pública estadual. A expectativa é de que a proposta seja

formatada ao longo deste segundo semestre e submetida, posteriormente, a

votação pela Assembleia Legislativa.

Hospital Guilherme Álvaro

Assessoria de Imprensa

8.5.5 Nota 5

27/09/11 – Nota Oficial - O Hospital Guilherme Álvaro esclarece que as

cirurgias pediátricas eletivas (não urgentes) que precisam de retaguarda de UTI

estão sendo encaminhadas a outros serviços hospitalares da região, até que a

reforma da UTI Pediátrica do Guilherme Álvaro seja concluída.

Hospital Guilherme Álvaro

Assessoria de Imprensa

8.5.6 Nota 6

28/09/11 – Nota Oficial - O Hospital Guilherme Álvaro esclarece, que desde o

fechamento temporário da UTI Pediátrica, apenas cirurgias pediátricas eletivas

(não urgentes) que precisam de retaguarda de UTI estão sendo encaminhadas

a outros serviços hospitalares da região, até que a reforma seja concluída. Isto

significa que as crianças não estão sem assistência, mas apenas que estão

sendo submetidas temporariamente a cirurgias em outros hospitais. As demais

cirurgias pediátricas eletivas que não precisam da retaguarda de uma UTI

continuam acontecendo normalmente. A obra na UTI pediátrica vem sendo

realizada dentro do cronograma e deve ser finalizada em 60 dias. Quanto à

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questão dos salários dos médicos, a Secretaria de Estado da Saúde esclarece

que foi criada uma mesa de negociação, com a participação do Conselho

Regional de Medicina, Associação Paulista de Medicina e Sindicato dos

Médicos para discutir o novo plano de cargos e salários da categoria, visando

promover uma ampla revisão da remuneração concedida não somente aos

médicos que atuam em toda a rede pública estadual. A expectativa é de que a

proposta seja formatada ao longo deste segundo semestre e submetida,

posteriormente, a votação pela Assembleia Legislativa.

Hospital Guilherme Álvaro

Assessoria de Imprensa

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